• Nenhum resultado encontrado

VALORES ENCONTRADOS E PREDITOS PARA AS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "VALORES ENCONTRADOS E PREDITOS PARA AS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

2012; 22(2): 166-172 _____________________________________________________________ ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL RESEARCH

VALORES ENCONTRADOS E PREDITOS PARA AS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS

OBTAINED AND PREDICTED VALUES FOR MAXIMAL RESPIRATORY PRESSURES OF BRAZILIAN CHILDREN

Rafaela Andrade do Nascimento1, Tânia Fernandes Campos1,

Janiara Borges da Costa Melo1, Raíssa de Oliveira Borja1,Diana Amélia de Freitas1, Karla Morganna Pereira Pinto de Mendonça1*.

1 Departamento de Fisioterapia, Campus Universitário. Avenida Senador Salgado Filho, 3000.Lagoa Nova, Natal, RN, Brasil.

O presente estudo é parte de uma dissertação de mestrado denominada “Equações preditivas para as pressões respiratórias máximas de crianças brasileiras”, defendida em Natal na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Programa de Pós-graduação em Fisioterapia, em 2011.

* Correspondência para: kmorganna@ufrnet.br

Como citar este artigo: Nascimento RA, et al. Valores encontrados e preditos para as pressões respiratórias máximas de crianças brasileiras. J. Hum. Growth Dev. 2012; 22(1): 166-172.

Manuscript submitted Jan 08 2011, accepted for publication Aug 19 2012.

Abstract

Objective: to compare the values obtained from the evaluation of maximal inspiratory pressure and maximal expiratory pressure in a sample of Brazilian children with reference values for maximal respiratory pressures proposed by Szeinberg et al., Domènech-Clar et al., and with the predicted equations proposed by Wilson et al. Methods: observational, cross-sectional study. We assessed 40 female and male children from public schools, aged 7 to 10 years. Personal and anthropometric data were collected in addition to the measurement of maximal respiratory pressures by an MV150 analog manometer (Wika®). Results: mean maximal inspiratory pressure was -61,50 ± 18,14 cmH2O and -70,55 ± 17,94 cmH2O for girls and boys, respectively. Mean maximal expiratory pressure was 77,40 ± 19,00 cmH2O and 77,40 ± 19,04 cmH2O for girls and boys, respectively. Conclusion: the values of maximal respiratory pressures obtained by this study in a sample of Brazilian children aged 7 to 10 years did not differ from those proposed by Domènech-Clar et al. However the reference values provided by Szeinberg et al. overestimated the values of maximal respiratory pressures of the children evaluated. The equations proposed by Wilson et al. were successful in predicting the values of maximal respiratory pressures in the population studied.

Key words: muscle strength; respiratory muscles; evaluation; reference values; child.Abstract

(2)

INTRODUÇÃO

A força muscular respiratória é um impor- tante parâmetro na prática clínica, já que estes músculos são os principais responsáveis pelo tra- balho respiratório, ou seja, pelo desempenho da mecânica ventilatória1. Há vários métodos de ava- liação da força muscular respiratória, dentre os quais a avaliação pressórica, amplamente citada na literatura como um dos mais utilizados.

A mensuração das pressões inspiratórias e expiratórias máximas (PImáx e PEmáx, respecti- vamente) é um teste relativamente simples, rápi- do e não invasivo2,3. Vários autores avaliaram a força muscular respiratória através das pressões respi- ratórias máximas em pessoas saudáveis de dife- rentes faixas etárias e etnias a fim de propor valo- res de referência ou equações preditivas4-7.

Na pediatria, distúrbios neuromusculares ou respiratórios, sejam estes últimos de caráter obstrutivo ou restritivo, além de interferir direta- mente na qualidade de vida das crianças8,9, podem comprometer a força dos músculos respiratórios.

Dessa forma, a mensuração das pressões respira- tórias máximas se faz importante, uma vez que, associado a um possível comprometimento mus- cular respiratório, há um processo contínuo de maturação e crescimento do sistema respiratório característico dessa fase da vida10,11. Ao mensurar a pressão inspiratória e expiratória máxima faz-se então necessário comparar os valores obtidos com os valores de referência disponíveis, a fim de veri- ficar a existência ou não de fraqueza muscular res- piratória.

Wilson et al.12 disponibilizaram equações preditivas para as pressões respiratórias máximas para crianças e adolescentes de 7 a 17 anos.

Szeinberg et al.13 propuseram equações de predi- ção e valores de normalidade para crianças, ado- lescentes e adultos jovens, entre 8 e 40 anos.

Domènech-Clar et al.14 estabeleceram valores de

referência para PImáx e PEmáx para a faixa etária de 8 a 17 anos.

Não há, no entanto, um suporte suficiente de pesquisas que envolvam a avaliação da força dos músculos respiratórios em crianças brasileiras.

É evidente a carência de estudos que apontem va- lores preditivos e de normalidades nessa faixa etá- ria. Portanto, o propósito desse estudo foi compa- rar os valores de normalidade encontrados para as pressões respiratórias máximas (PImáx e PEmáx) em uma amostra de crianças saudáveis de 7 a 10 anos do município de Natal/RN, com valores de normalidade propostos por Szeinberg et al.13 e Domènech-Clar et al.14, além de verificar se as equa- ções propostas por Wilson et al.12 se aplicam à po- pulação estudada.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional, do tipo descritivo transversal. O projeto foi inicialmente submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Uni- versidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) obtendo parecer favorável nº 317/2009, de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Seleção dos sujeitos e critérios de inclusão Participaram do estudo crianças, de ambos os sexos, na faixa etária entre 07 e 10 anos, matri- culadas em escolas públicas da rede estadual de ensino do município do Natal. O limite superior da idade foi estipulado conforme o artigo 2º do Esta- tuto da Criança e do Adolescente15, o qual conside- ra criança a pessoa até 12 anos incompletos. A ida- de mínima foi determinada de acordo com a capacidade de compreensão e realização correta das manobras12.

Inicialmente foram selecionadas, através de um sorteio, quatro escolas do município de Natal/

Objective: to compare the values obtained from the evaluation of maximal inspiratory pressure and maximal expiratory pressure in a sample of Brazilian children with reference values for maximal respiratory pressures proposed by Szeinberg et al., Domènech-Clar et al., and with the predicted equations proposed by Wilson et al. Methods: observational, cross-sectional study. We assessed 40 female and male children from public schools, aged 7 to 10 years. Personal and anthropometric data were collected in addition to the measurement of maximal respiratory pressures by an MV150 analog manometer (Wika®). Results: mean maximal inspiratory pressure was -61,50 ± 18,14 cmH2O and -70,55 ± 17,94 cmH2O for girls and boys, respectively. Mean maximal expiratory pressure was 77,40 ± 19,00 cmH2O and 77,40 ± 19,04 cmH2O for girls and boys, respectively. Conclusion: the values of maximal respiratory pressures obtained by this study in a sample of Brazilian children aged 7 to 10 years did not differ from those proposed by Domènech-Clar et al. However the reference values provided by Szeinberg et al. overestimated the values of maximal respiratory pressures of the children evaluated. The equations proposed by Wilson et al. were successful in predicting the values of maximal respiratory pressures in the population studied.

Key words: muscle strength; respiratory muscles; evaluation; reference values; child.

(3)

RN, a partir da listagem de todas as escolas esta- duais, para a faixa etária estudada, fornecida pela Secretaria Estadual de Saúde - RN. Posteriormente à anuência da 1ª Diretoria Regional de Educação – DIRED, os diretores das instituições sorteadas fo- ram contatados, para solicitação de sua anuência.

Em cada escola participante, 40 crianças (10 de cada faixa etária, 7-8-9-10) foram sorteadas e através de um contato prévio com estes alunos foi entregue um termo de Consentimento Livre e Esclarecido (para os pais/responsáveis com uma linguagem adequa- da), contendo as explicações sobre os objetivos, a importância e os procedimentos do trabalho, assim como algumas recomendações para o dia da avalia- ção, tais como: não realizar atividade física extenu- ante no dia anterior, ir com roupa confortável e não ter realizado refeição volumosa pelo menos 3 horas antes dos procedimentos. Além destes, foi entregue um questionário que deveria ser respondido pelo responsável, contendo perguntas sobre o estado de saúde da criança.

Quando os participantes entregavam os ter- mos de Consentimento Livre e Esclarecido assinados e o questionário respondido, este último foi analisa- do. Nas crianças elegíveis a participarem da pesqui- sa, a coleta foi realizada. Deve-se ressaltar que mes- mo com a autorização do responsável, caso a criança se recusasse a participar era atendida a vontade desta.

Critérios de exclusão

Foram excluídas da amostra, crianças que possuíssem diagnóstico de doença pulmonar crô- nica ou doença neuromuscular; evidente deformi- dade torácica; tivessem realizado cirurgia torácica prévia; história de traumatismo recente de vias aéreas superiores, tórax ou abdome; história de tabagismo; problema agudo do ouvido médio; hér- nia abdominal; glaucoma ou deslocamento de reti- na; presença de comprometimento neurológico e/

ou cognitivo; que estivessem fazendo uso de me- dicação que interferisse na força muscular; ou pos- suíssem baixo peso ou sobrepeso/obesidade2. O percentil foi utilizado para indicar a relativa posi- ção entre crianças da mesma idade e sexo em rela- ção ao seu índice de massa corpórea. Desse modo, indivíduos que apresentaram IMC no percentil me- nor que cinco e maior que 85 foram excluídos por serem classificados como de baixo peso, e sobre- peso ou obesidade, respectivamente16.

Amostra do estudo

Dentre as 160 crianças sorteadas, 46 foram consideradas elegíveis para o estudo. Destas, 6 foram excluídas por não conseguirem realizar a manovacuometria corretamente. A amostra final do presente estudo foi então composta por 40 crian- ças, sendo 20 meninos e 20 meninas.

Identificação e Armazenamento de dados Foi utilizada uma ficha de avaliação prévia padronizada para coletar dados pessoais, antropo- métricos e informações obtidas da avaliação respi-

ratória através das pressões inspiratória e expiratória máximas.

O peso corporal foi avaliado utilizando-se uma balança Personal Scale, modelo QIE - 2003B (Batiki®, Brasil), com limite de 150 quilogramas.

Foi solicitado que o voluntário, sem calçados, se posicionasse adequadamente em cima da balança por um tempo necessário para averiguação do va- lor informado pelo instrumento.

A altura foi mensurada utilizando-se uma fita métrica de 150 cm, fixada na parede a 50 cm do chão. A criança permaneceu ereta, com a cabeça em posição neutra, de costas e com os calcanhares encostados à parede. A medida foi realizada do chão ao topo da cabeça.

Pressões respiratórias máximas

A avaliação das pressões respiratórias máxi- mas foi realizada por meio de um manovacuômetro analógico modelo MV150 (Wika®, Brasil), calibra- do de -150 a +150 cmH2O, possuindo um tubo com 35 cm de comprimento e 0,5 cm de diâmetro inter- no e, acoplado a ele, havia um bocal de plástico, rígido e achatado, com orifício de 1mm de diâme- tro na extremidade superior, para prevenir que o fechamento da glote somado aos músculos da face produzissem pressões adicionais que pudessem in- terferir no resultado das medidas2. De acordo com o proposto por Black e Hyatt4, na avaliação da PEmáx, a criança inspirou até a capacidade pul- monar total e, em seguida, realizou um esforço expiratório máximo até o volume residual e sus- tentado. Já na medida de PImáx, a mesma expirou até o volume residual e, a seguir, realizou um es- forço inspiratório até a capacidade pulmonar total.

As crianças foram orientadas quanto à forma ade- quada de realização do teste.

Os valores de PImáx e de PEmáx foram obti- dos por meio das pressões geradas na boca quan- do o indivíduo realizou esforço máximo contra uma via aérea ocluída. Todas as pressões foram medi- das com a criança sentada de forma confortável e sem restrições à expansão pulmonar, utilizando um clipe nasal e com um ajuste adequado dos lábios ao bocal a fim de evitar escape de ar. A interface utilizada, o bocal, era esterilizada com detergente enzimático e Hipoclorito de Sódio 1%.

A manobra foi repetida pelo menos três ve- zes a fim de obter duas manobras reprodutíveis (com valores que não diferissem entre si por mais de 10% do valor mais elevado)2. As pressões fo- ram mantidas durante pelo menos um segundo4. Durante a realização das provas de PEmáx foi rea- lizada compressão dos lábios e bochechas dos pa- cientes com objetivo de impedir a obtenção de uma pressão extra pelo uso do músculo bucinador e evi- tar o extravasamento de ar para fora do bocal17. Foi respeitado um intervalo de aproximadamente um minuto entre os esforços12. Por ser um teste esforço-dependente foi fornecido encorajamento verbal para a realização do mesmo. Todos os valo- res foram registrados, mas apenas o mais alto foi

(4)

considerado. As manobras foram repetidas no má- ximo sete vezes14.

A escolha de qual pressão, PImáx e PEmáx, seria medida primeiro ocorreu de forma aleatória, através de um sorteio feito pelos próprios partici- pantes. Um intervalo de cinco minutos foi dado entre as medidas de PImáx e PEmáx2.

Análise Estatística

A análise dos dados foi realizada através do programa SPSS 15.0 (Statistical Package for the Social Science) atribuindo-se o nível de significân- cia de 5%. Inicialmente foi realizada uma estatísti- ca descritiva para caracterização da amostra. O teste Shapiro-Wilk verificou que os dados apresen- tavam distribuição normal e em seguida foi utiliza- do o teste t-Student não-pareado para verificar a existência de diferenças entre os valores médios de PImáx e PEmáx obtidos, com os valores encon- trados por Szeinberg et al.13 e Domènech-Clar et

al.14. Utilizando a equação de regressão proposta por Wilson et al.12 foram calculados os valores de PImáx e PEmáx das crianças participantes e foi uti- lizado o teste t-Student pareado para comparar esses valores com os que foram levantados no pre- sente estudo.

RESULTADOS

As médias dos valores encontrados, na amos- tra estudada, para as variáveis idade, peso, altura e percentil foram de 8,40 ± 1,15 anos; 32,18 ± 9,47 kg; 1,32 ± 0,08 m; percentil de 63,65 ± 21,03, respectivamente. Para PImáx encontrou-se uma média de -63,97 ± -21,51 cmH2O e para PEmáx, 69,45 ± 20,04 cmH2O. Os valores médios antropo- métricos e das pressões respiratórias máximas, distribuídos por sexo de todas as crianças avalia- das estão descritos na tabela 1.

Tabela 1: Características antropométricas e valores obtidos para as pressões respiratórias máximas (média ± desvio-padrão) da amostra total (n = 40)

Variável Meninas Meninos Total

Sexo (n) 20 20 40

Idade (anos) 8,35 ± 1,22 8,45 ± 1,09 8,40 ± 1,15

Peso (Kg) 30,25 ± 6,97 34,11 ± 11,30 32,18 ± 9,47

Altura (m) 1,32 ± 0,08 1,33 ± 0,08 1,32 ± 0,08

PImáx (cmH2O) -61,50 ± 18,14 -70,55 ± 17,94 -63,97 ± 21,51

PEmáx (cmH2O) 77,40 ± 19,00 77,40 ± 19,04 69,45 ± 20,04

PImáx = pressão inspiratória máxima, PEmáx = pressão expiratória máxima.

As Tabelas 2 e 3 apresentam os valores en- contrados neste estudo de PImáx e PEmáx para a faixa etária de 8 a 10 anos e os valores de normalidade propostos por Doménech-Clar et al.14 e Szeinberg et al.13 respectivamente, também para a mesma faixa etária. O Test t-student não-pareado para amostras independentes não demonstrou diferen-

ça significativa entre estes dados e os obtidos por Doménech-Clar et al.14 em ambos os sexos. Já quan- do comparado ao estudo de Szeinberg et al.13 en- controu-se uma diferença significativa tanto em meninas quanto em meninos. Os dados foram apre- sentados separadamente e expressos em centíme- tros de água (cmH2O).

Tabela 2: Valores de pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima (PEmáx) encontrados e aqueles propostos por Domènech-Clar et al (2003) . Os dados são expressos como média ± desvio-padrão (n = 28)

PRM Valores encontrados Doménech et al p valor

13 e 15 73 e 71

PImáx(cmH2O)

Meninas -57,30 ± 24,80 -68,00 ± 24,00 0,145

Meninos -72,40 ± 19,70 -79,00 ± 31,00 0,431

PEmáx(cmH2O)

Meninas 71,40 ± 23,50 82,00 ± 29,00 0,217

Meninos 85,40 ± 20,80 95,00 ±34,00 0,296

PRMÁX = Pressão respiratória máxima; PImáx = Pressão inspiratória máxima; PEmáx = Pressão expiratória máxima.

* significância estatística (p < 0,05)

(5)

Através das equações de predição dos va- lores de normalidade fornecidas por Wilson et al.12, para meninos e meninas entre 7-17 anos, foi possível predizer as pressões respiratórias máximas da amostra de 7 a 9 anos e compará-

las com os resultados obtidos. A tabela 4 de- monstra a análise comparativa entre os valores de pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima encontrados e aqueles pre- ditos por Wilson et al.12

Tabela 3: Valores de pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima (PEmáx) encon- trados e aqueles propostos por Szeinberg et al (1987). Os dados são expressos como média ± desvio- padrão (n = 28)

PRM Valores encontrados Szeinberg et al p valor

13 e 15 16 e 16

PImáx(cmH2O)

Meninas -57,30 ± 24,80 -104,00 ± 20,00 0,0001*

Meninos -72,40 ± 19,70 -116,00 ± 26,00 0,0001*

PEmáx(cmH2O)

Meninas 71,40 ± 23,50 129,00 ± 29,00 0,0001*

Meninos 85,40 ± 20,80 142,00 ± 25,00 0,0001*

PRMÁX = Pressão respiratória máxima; PImáx = Pressão inspiratória máxima; PEmáx = Pressão expiratória máxima.

* significância estatística (p < 0,05)

Tabela 4: Valores de pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima (PEmáx) encon- trados e aqueles preditos pelas equações propostas por Wilson et al (1984). Os dados são expressos como média ± desvio-padrão (n = 31)

PRM Valores encontrados Wilson et al p valor

15 e 16 22 e 38

PImáx(cmH2O)

Meninas -52,50 ± 19,20 -56,20± 3,80 0,506

Meninos -69,10 ± 16,80 -67,20± 6,60 0,661

PEmáx(cmH2O)

Meninas 56,70 ± 14,50 55,80 ± 3,50 0,828

Meninos 78,60 ± 19,10 79,30 ± 4,70 0,890

PRMÁX = Pressão respiratória máxima; PImáx = Pressão inspiratória máxima; PEmáx = Pressão expiratória máxima.

* significância estatística (p < 0,05)

DISCUSSÃO

Os valores de normalidade obtidos neste es- tudo, ao avaliar as pressões respiratórias máximas em crianças brasileiras de 7 a 10 anos, apresenta- ram resultados distintos ao serem comparados com os valores de referência propostos por Szeinberg et al.13. No entanto, foi observada semelhança en- tre as medidas obtidas no atual estudo com os va- lores apresentados por Domènech-Clar et al.14. É importante ressaltar que esta análise comparativa foi realizada entre faixas etárias similares.

Domènech-Clar et al.14 propuseram valores de referência ao avaliar as pressões respiratórias máximas em 392 crianças e adolescentes com ida- de compreendida entre 8 e 17 anos. Esta amostra foi subdividida nas seguintes faixas etárias: 8-10;

11-14; 15-17 anos.

A análise comparativa das pressões respira- tórias máximas das crianças com idade entre 8 e 10 anos que compuseram a amostra deste estudo com os valores de referência propostos por Domènech-Clar et al.14 para o subgrupo de mesma faixa etária, demonstrou a inexistência de diferen- ça estatística e que estes valores de normalidade podem ser apropriados para população infantil bra- sileira estudada. Alguns aspectos metodológicos nestes dois estudos foram semelhantes (as mano- bras realizadas na mesma postura, com uso de cli- pe nasal, a partir dos mesmos volumes pulmona- res e o tempo de sustentação das pressões respiratórias máximas). A análise comparativa dos valores obtidos nestes dois estudos permitiu ainda observar, semelhantemente a Domènech-Clar et al.14, que as pressões respiratórias máximas au- mentam com a idade e que são mais elevadas em

(6)

meninos do que me meninas. Estudos anteriores confirmam tais achados6,18,19. Zapletal et al.20 afir- maram que a elasticidade pulmonar não é cons- tante entre os 6-17 anos, e que é crescente com o aumento de peso, idade e área corporal. Loosli e Potter21 acrescentaram ainda que o incremento das fibras do tecido elástico pulmonar que ocorre des- de o período pós-natal à fase adulta poderia expli- car a evidência de pressões respiratórias máximas mais elevadas com o aumento da idade.

Szeinberg et al.13 avaliaram a força muscular respiratória de 270 crianças também subdivididas em faixas etárias distintas. Os valores de referência propostos por estes autores e analisados compara- tivamente com os achados deste estudo foram aque- les obtidos a partir de uma amostra de 32 crianças com idade entre 8 a 10 anos. Contrariamente à ade- quação dos valores propostos por Domènech-Clar et al14 para a população representada neste estudo, os valores de normalidade sugeridos por Szeinberg et al.13 superestimaram a força muscular respirató- ria e consequentemente não parecem ser apropria- dos para crianças brasileiras de ambos os sexos e nesta mesma faixa etária.

No presente estudo, a amostra de crianças com idade entre 8 e 10 anos, em um terço foi com- posta por crianças de 10 anos. Esta informação não está disponível no estudo de Szeinberg et al.13. Por- tanto, a suposição de que os valores propostos por estes autores não sejam adequados poderia ser consequente a uma média de idade mais elevada que a das crianças avaliadas neste estudo. Esta hi- pótese é suportada por diversos autores que asso- ciam ao aumento da idade o incremento da força muscular respiratória14,18,19.

Szeinberg et al.13, em seu estudo descreve que parte das crianças de 10 anos realizavam ati- vidade física, mas não informa a quantidade, nem se crianças de outras idades realizavam atividade física. Matecki et al.19, em seu estudo longitudinal com 44 garotos de 11 a 17 anos, afirmaram que a atividade física pode ter um efeito positivo sobre as pressões respiratórias máximas (todos os sujei- tos desse estudo realizavam atividade física). Ten- do em vista que o presente estudo não levou em consideração a quantidade de atividade física, essa pode ter sido uma razão que levou à discrepância encontrada na comparação dos estudos.

Estudos recentes comentaram que as pres- sões respiratórias máximas podem variar com a etnia da população estudada e os valores de nor- malidade e equações preditivas propostas para in- divíduos de determinado país podem diferir dos valores sugeridos para populações de outros paí- ses22,23. Parreira et al.24 acrescentaram ainda, que os valores de normalidade e a predição de medidas para PImáx e PEmáx podem variar entre indivíduos de um mesmo país.

Os valores de normalidade bem como os pre- ditos pelas equações propostas por Wilson et al.12 desde sua publicação têm sido amplamente cita- dos por diversos pesquisadores. Estes autores sub-

dividiram uma amostra de 235 crianças e adoles- centes em três faixas etárias, onde a primeira, reu- nia 60 crianças com idade compreendida entre 7 a 9 anos. Para analisar comparativamente os acha- dos de Wilson et al12 com as medidas obtidas nesta pesquisa, foram preditos os valores de normalida- de das crianças com idade de 7 a 9 anos, para PImáx e PEmáx, através das equações propostas por es- tes autores. Os resultados encontrados permitiram observar que, apesar destes autores terem proposto as mesmas equações para predizer as pressões respiratórias máximas em crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, estas equações parecem ser ade- quadas para a população representada neste estu- do. Os resultados apresentados por dois estudos que utilizaram um extenso número amostral po- dem revelar, através de suas conclusões, a expli- cação para a inexistência de diferença significativa entre os valores preditos por Wilson et al.12 e aque- les encontrados nesta pesquisa25,26.

Carpenter et al.25 analisaram a força muscu- lar respiratória através da PImáx. Estes autores afirmaram que, apesar de sua ampla amostra ter demonstrado poder suficiente para identificar as- sociações com sexo, idade, educação, raça, estado de saúde, entre outros, tais associações não ne- cessariamente apresentaram magnitude na clíni- ca. Além disso, devido ao desenho do estudo, os autores não foram capazes de predizer se a raça é um fator evidente. Windisch et al.26 ao avaliarem 533 sujeitos saudáveis com idade compreendida entre 10 e 90 anos, de seis diferentes localidades, concluíram que a influência de fatores demográfi- cos e antropométricos apresenta baixa significân- cia apesar de uma inexplicável alta variabilidade entre os sujeitos.

As pressões respiratórias máximas obser- vadas neste estudo permitiram identificar maior força muscular respiratória nas crianças do sexo masculino. Estudos anteriores apresentaram re- sultados semelhantes12,14,27,28. Este mesmo com- portamento tem sido evidenciado em pesquisas que avaliaram a força muscular respiratória em adolescentes e adultos 1,4,14,18,29,30. Schrader et al.18 afirmaram que este incremento na força ocorre com o crescimento da criança, porém é visto em menor escala nas meninas, onde os valores ten- dem a se estabilizar após os 16 anos. Esses au- tores afirmaram ainda que os meninos possuem uma melhor força muscular respiratória, sendo, portanto, capazes de gerar maiores pressões em todos os volumes pulmonares quando compara- dos às meninas. Ainda segundo Schrader et al.18, a diferença entre os gêneros está basicamente na relação passagem de ar x dimensões pulmo- nares, com os meninos alcançando um melhor recolhimento elástico e uma maior pressão na distensão das vias aéreas, sendo capazes de ge- rar um maior fluxo expiratório; e as meninas, possuindo valores mais baixos de volume residu- al e capacidade pulmonar total, gerando pressões menores.

(7)

A carência de estudos disponíveis para su- portar os achados referentes às crianças que se encontravam no limite inferior da faixa etária ava- liada pode ser considerada limitação para este es- tudo. A realização de um estudo multicêntrico po- deria ainda, através de seus resultados, tornar possível uma análise mais criteriosa quanto à in- fluência dos fatores sociodemográficos na força muscular respiratória em diferentes populações.

CONCLUSÃO

Os valores obtidos pelo presente estudo para as pressões respiratórias máximas em uma amostra de crianças brasileiras de 7 a 10 anos

não diferiram daqueles propostos por Domènech- Clar et al.14. No entanto, os valores de referên- cia fornecidos pelo estudo de Szeinberg et al13. superestimaram as medidas encontradas para as pressões respiratórias máximas das crianças ava- liadas. Observou-se ainda que as equações pro- postas por Wilson et al.12 foram capazes de pre- dizer os valores das pressões respiratórias máximas na população estudada. Na inexistên- cia de valores de referência para as pressões respiratórias máximas em crianças brasileiras saudáveis, este estudo pode ser considerado uma importante ferramenta para nortear profissionais e/ou pesquisadores quanto aos parâmetros ade- quados para avaliar a força muscular respirató- ria nesta população.

REFERÊNCIAS

1. Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE.

Reference values for lung function tests. II.

Maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Braz J Med Biol Res.

1999;32(6):719-27.

2. Souza RB. Pressões respiratórias estáticas má- ximas. J Pneumol. 2002;28 Suppl 3: S155-65.

3. Vasconcellos JA, Britto RR, Lopes RB. Avalia- ção da musculatura respiratória. In: Brittom AR, Brant TC, Parreira VF. Recursos manuais e instrumentais em fisioterapia respiratória.

Barueri: Manole; 2009. p. 11-22.

4. Black LF, Hyatt RE. Maximal respiratory pressures: normal values and relationship to age and sex. Am Rev Respir Dis. 1969;99: 696-702.

5. Costa D, Gonçalves HA, Lima LP, Ike D, Cancelliero KM, Montebelo MIL. Novos valores de referência para pressões respiratórias má- ximas na população brasileira. J Bras Pneumol.

2010;36(3):306-12.

6. Tomalak W, Pogorzelski A, Prusak J. Normal values for maximal static inspiratory and expiratory pressures in healthy children. Pediatr Pulmonol. 2002;34(1):42-6.

7. Simões RP, Deus AP, Auad MA, Dionísio J, Mazzonetto M, Borghi-Silva A. Pressões respi- ratórias máximas em indivíduos saudáveis se- dentários de 20 a 89 anos da região central do Estado de São Paulo. Rev Bras Fisioter.

2010;14(1):60-7.

8. Trinca MA, Bicudo IMP, Pelicione MCF. A inter- ferência da asma no cotidiano das crianças. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum.

2011;21(1):70-84.

9. Costa ASM, Britto MCA, Nóbrega SM, Vascon- celos MGL, Lima LS. Vivências de familiares de crianças e adolescentes com fibrose cística. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2010;

20(2):217-27.

10. Prasad SA, Main E, Dodd ME. Finding consensus on the physiotherapy management of asymptomatic infants with cystic fibrosis.

Pediatr Pulmonol. 2008; 43(3): 236-44.

11. Stick S. The contribution of airway development to paediatric and adult lung disease. Thorax.

2000;55(7):587–94.

12. Wilson SH, Cooke NT, Edwards RTH, Spiro SG.

Predicted normal values for maximal respiratory pressures in caucasian adults and children.

Thorax. 1984;39(7): 535–8.

13. Szeinberg A, Marcotte JE, Roizin H, Mindorff C, England S, Tabachnik E et al. Normal values of maximal inspiratory and expiratory pressures with a portable apparatus in children, adolescents and young adults. Pediatr Pulmonol. 1987;3(4):255-8.

14. Domènech-Clar R, López-Andreu JA, Compte- Torrero L, De Diego-Damiá A, Macián-Gisbert V, Perpiñá-Tordera M et al. Maximal static respiratory pressures in children and adolescents. Pediatr Pulmonol. 2003; 35(2):

126-32.

15. Estatuto da criança e do adolescente. Disponí- vel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/

L8069.htm. Acessado em: 22 jul. 2009.

16. World Health Organ. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a World Health Organ Expert Committee.

World Health Organ Tech Rep Ser. 1995; 854:

1-452.

17. Oliveira KMC, Macêdo TMF, Borja RO, Nasci- mento RA, Medeiros Filho WC, Campos TF et al. Força muscular respiratória e mobilidade torácica em crianças e adolescentes com leucemia aguda e escolares saudáveis. Rev Bras Cancerol. 2011; 57(4):511-7.

18. Schrader PC, Quanjer PH, Olievier IC.

Respiratory muscle force and ventilatory function in adolescents. Eur Respir J.

1988;1(4):368–75.

(8)

19. Matecki S, Prioux J, Jaber S, Hayot M, Prefaut C, Ramonatxo M. Respiratory pressures in boys from 11-17 years old: a semilongitudinal study.

Pediatr Pulmonol. 2003;35(5):368-74.

20. Zapletal A, Paul T, Samanek M. Pulmonary elasticity in children and adolescents. J Appl Physiol. 1976;40(6):953-61.

21. Loosli CG, Potter E I. Pre- and post-natal development of the respiratory portion of the human lung with special reference to the elastic fibers. Am Rev Respir Dis. 1959; 80 Suppl 1:

S5-23.

22. Evans JA, Whitelaw WA. The assessment of maximal respiratory mouth pressures in adults.

Respir Care. 2009;54(10):1348–59.

23. Leal AH, Hamasaki TA, Jamami M, Di Lorenzo VAP, Pessoa BV. Comparação entre valores de força muscular respiratória medidos e previs- tos por diferentes equações. Fisioter Pesqui.

2007;14(3):25-30.

24. Parreira VF, França DC, Zampa CC, Fonseca MM, Tomich GM, Britto RR. Pressões respiratórias máximas: valores encontrados e preditos em indivíduos saudáveis. Rev Bras Fisioter.

2007;11(5):361-8.

25. Carpenter MA, Tockman MS, Hutchinson RG, Davis CE, Heiss G. Demographic and anthropometric correlates of maximum inspiratory pressure: the atherosclerosis risk in communities study. Am J Respir Crit Care Med. 1999; 159(2): 415-22.

26. Windisch W, Hennings E, Sorichter S, Hamm H, Criée C.P. Peak or plateau maximal inspiratory mouth pressure: which is the best? Eur Respir J. 2004:23(5):708-13.

27. Gaultier C, Zinman R. Maximal static pressures in healthy children. Respir Physiol.

1983;51(1):45–61.

28. Wagener JS, Hibbert ME, Landau LI. Maximal respiratory pressures in children. Am Rev Respir Dis. 1984;129(5):873-5.

29. Smyth RJ, Chapman KR, Rebuck AS. Maximal inspiratory and expiratory pressures in adolescents: normal values. Chest.

1984;86(4):568–72.

30. Leech JA, Ghezzo H, Stevens D, Becklake MR.

Respiratory pressures and function in young adults. Am Rev Respir Dis. 1983; 128(1):

17-23.

Referências

Documentos relacionados

O Ministro das Finanças canadiano, PAUL MARTIN, anunciou, desde logo (Dezembro de 1999), o consenso gerado no Grupo para a necessidade de reduzir as vulnerabilidades do

Conclusões: As pressões respiratórias máximas constituem um meio efetivo para avaliar a força muscular respiratória e diversos fatores contribuem para a grande variedade

Portanto o propósito deste estudo foi comparar os valores de pico com a pressão sustentada obtida durante a avaliação das pressões respiratórias máximas de crianças

19-21 Nesse contexto, o objetivo deste estudo é investigar a correlação do valor previsto do volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF 1 %) e de medidas

Similarly, modal logic can be used to express spatial and temporal properties over membranes and systems, which is known as Brane Logic [ 40

b) Recebem o abono de sobrevivência, na forma de subsídio único os sobreviventes do beneficiário com direito indicados no n.º 3 deste artigo, que à data do falecimento, não havia

O sistema de criação utilizado por ele é o sistema de pastoreio intensivo e racional, o Pastoreio Racional Voisin, sob a orientação dos membros do. “Grupo de

E para tal, o governo francês vem apresentando políticas públicas que reforçam da composição do sistema tecnológico, tais como: estratégia governamental de