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A PARALISAÇÃO DAS ATIVIDADES DA POLÍCIA MILITAR NO ESPIRITO SANTO PELA ÓTICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

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Academic year: 2022

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A PARALISAÇÃO DAS ATIVIDADES DA POLÍCIA MILITAR NO ESPIRITO SANTO PELA ÓTICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL

DO ESTADO

CASSA, Isabela Souza1 CATTEM, Cristyane Silva2 OINHOS, Brunela Cansi3 REZENDE, Hanna Gonçalves de4 SILVA, Tatiana Mareto5

INTRODUÇÃO

Infringindo normas constitucionais, o Órgão de Segurança da Polícia Militar do Espirito Santo – que possui o importante dever de policiamento ostensivo - iniciou, no dia 03 de fevereiro de 2017, uma paralização que suspendeu por vinte e um dias o dever do Estado de realizar o policiamento ostensivo, deixando os capixabas indefesos à marginalidade.

Diante o exposto, o presente estudo teve como objetivo evidenciar a responsabilidade civil do Estado de indenizar os comerciantes capixabas que foram prejudicados durante a paralização da Polícia Militar, através da comprovação da violação inconstitucional de um dever jurídico originário.

Ademais, na pretensão de efetivar os fatos descritos, apresenta uma entrevista quantitativa realizada com alguns comerciantes prejudicados da cidade de Cachoeiro de Itapemirim.

MATERIAIS E METODOS

O estudo foi estruturado por meio de pesquisa exploratória descritiva, baseada no levantamento bibliográfico e legislativo sobre a problemática apresentada e, também, com entrevistas estruturadas sobre a percepção popular no tocante à paralisação das atividades da Polícia Militar no Espírito Santo, no ano de 2017.

1 Graduanda do 7° período do curso de Direito do CUSC-ES, isabela_souzac15@hotmail.com

2 Graduanda do 7° período do curso de Direito do CUSC-ES, cristyane_cattem@hotmail.com

3 Graduanda do 7° período do curso de Direito do CUSC-ES, brunela.ca@gmail.com

4 Graduanda do 7° período do curso de Direito do CUSC-ES, hannaderezende@hotmail.com

5 Professora orientadora, Doutoranda vinculada ao Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Direitos e Garantias Fundamentais da Faculdade de Direito de Vitória (FDV), professora do Curso de Direito do Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo. E-mail tatianamareto@saocamilo-es.br

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DISCUSSÃO

Uma das funções da administração pública é exercer o poder de polícia.

É possível considerar, em regra, que a atuação preventiva é regulada pelo Direito Administrativo e se manifesta através dos atos normativos concretos e específicos praticados pela Polícia Administrativa, com a finalidade de impedir a conduta antissocial do indivíduo para que o interesse particular não se sobreponha ao interesse público. Em outras palavras, conceitua o artigo 78 do Código Tributário Nacional:

Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (BRASIL, 1988)

A atuação repressiva, se denota pela Polícia Judiciária, recaindo apenas sobre o indivíduo, através dos Órgãos de Segurança, Polícia Civil e Polícia Militar, com a função principal de investigar delitos penais para auxiliar o Poder Judiciário a aplicar com efetividade a Lei ao caso concreto, além de outras funções, sempre reguladas pelo Código de Processo Penal. A atribuição legal desse fundamento se encontra na Constituição Federal de 1988, artigo 144, inciso V, ao afirmar que a segurança pública deve ser exercida pelo Estado, através do órgão da Policia Militar, para preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio. (BRASIL, 1988)

Para reforçar o fundamental dever dos militares de zelar pela paz social, a Carta Magna dispõe em seu artigo 142, §3º, IV: "ao militar são proibidas a sindicalização e a greve". (BRASIL, 1988)

Entretanto, contraposto ao ordenamento da Lei Maior do país, no dia 03 de fevereiro de 2017, os familiares dos policiais militares, visando reivindicar reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho, bloquearam os portões dos batalhões da corporação no estado do Espírito Santo, impedindo a saída da polícia as ruas para exercer a sua função de zelar pelo bem-estar social.

O movimento, que perdurou por vinte e um dias, gerou uma grande crise na segurança pública. Conforme elucida a reportagem publicada no site Tribuna “a greve dos PMs do Espírito Santo transformou o Estado num palco

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de guerra. Saques aconteceram em todas as grandes cidades, patrimônio público e privado foi destruído, assaltos à mão armada se multiplicaram, as escolas foram fechadas” (TRIBUNA, 2017).

Mesmo com os cuidados e as possíveis medidas de segurança realizadas pelos capixabas, os danos causados devido à omissão inconstitucional do Estado, através do Órgão de Segurança da Polícia Militar, foram devastadores.

No dia 11 de fevereiro, os familiares dos policiais militares do Espírito Santo e os representantes do Governo do Estado, após uma reunião mediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-ES), chegaram a um acordo que pôs fim ao movimento que comprometeu o policiamento capixaba. Porém, a paralisação refletiu em graves consequências sociais, política e econômica no estado. Como consequência, a Polícia Militar – ES investiga e processa 2.851 policiais que respondem por "risco a disciplina" e por "dano à sociedade ou à corporação".

O Estado é detentor de responsabilidade civil que promove a obrigação de ressarcir danos causados a terceiros por seus agentes, na esfera moral e material, sempre que houver a violação de um dever jurídico originário independente do dolo ou culpa. Seguindo esse mesmo entendimento preceitua Wilken Cunha, em seu artigo Responsabilidade Civil do Estado por atos de seus agentes. (CUNHA, 2017)

Haja vista que a segurança social é um dever fundamental do Estado, no momento em que os policiais militares deixaram de realizar o policiamento ostensivo no estado do Espírito Santo, o artigo 144 da Constituição Federal foi ferido nos seus respectivos artigos já mencionados, deixando desprotegidos a ordem pública e a isenção de perigo das pessoas e do patrimônio.

Por conseguinte, devido à comprovação da violação do dever jurídico do Estado através dos seus agentes, recai sobre o mesmo a responsabilidade pelos danos públicos e privados decorrentes da falta de policiamento nas ruas, gerando assim o dever de indenizar.

A visão dos comerciantes do Espírito Santo afetados pela paralisação da polícia militar

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Com intuito de demonstrar efetivamente as consequências econômicas geradas devido a omissão do Estado no seu dever de policiamento ostensivo, em junho de 2017, foi realizada uma pesquisa com 51 comerciantes, com lojas do sul ao norte do estado, que tiveram suas empresas saqueadas durante a paralisação. Conforme mostra os dados abaixo,

100 2030 4050 6070 8090 100

Houve alguma medida governamental

para auxiliar a empresa em relação aos danos

sofridos?

O Estado possui o dever de reparar os danos causados

pela paralização da Polícia Militar?

Logo após o fim da paralização o fluxo comercial voltou à sua normalidade?

A segurança aumentou após a

volta da Polícia Militar às ruas?

SIM NÃO

Fonte: Pesquisa realizada no mês de junho de 2017, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim-ES

Quando entrevistados se o Estado tem o dever de ressarcir os prejuízos sofridos por eles durante a paralização, todos afirmaram que sim. Entretanto, quando a pesquisa questionou se o Estado efetivamente realizou medidas para auxiliá-los em razão a esses prejuízos, disseram que não houve nenhuma manifestação governamental para ressarcir tais danos.

Além disso, assim como demonstra o gráfico, todos os comerciantes alegaram que o prejuízo perpetuou mesmo após a volta dos policiais às ruas, pois a insegurança social promovida durante os dias sem policiamento ostensivo, geraram uma considerável queda no fluxo comercial, potencializando os prejuízos e impossibilitando a recuperação das empresas.

Diante dos resultados obtidos através da pesquisa realizada e da análise do referido gráfico, é possível compreender as consequências comerciais promovidas pela paralisação da Polícia Militar e a efetiva omissão do Estado diante do dever de ressarcir os prejuízos causados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Polícia Militar, através do policiamento ostensivo, possui a primordial função estatal de efetivar o princípio da supremacia pública, garantindo, consequentemente, a ordem social.

Sendo assim, durante o período em que a Polícia Militar do estado do Espirito Santo deixou de cumprir a sua função, infringiu a legislação nacional e gerando o caos social, cabendo ao Estado, o dever de indenizar os danos causados a terceiros, decorrentes da paralisação.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Manoela. ES vive 'mais grave crise do Brasil', avalia especialista em segurança. Disponivel em: < http://g1.globo.com/espirito- santo/noticia/2017/02/es-vive-mais-grave-crise-do-brasil-avalia-especialista-em- seguranca.html>. Acesso em 10 de jun. 2017.

BRASIL. Constituição Federal 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 10 Jun. 2017.

_______. Lei de Procedimento Administrativo nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9784.htm>.

Acesso em: 10 Jun. 2017.

_______. Código Tributário Nacional. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 10 Jun. 2017 CUNHA, Wilken. Responsabilidade Civil do Estado por atos de seus

agentes . Disponível em:

<https://wilkencunha.jusbrasil.com.br/artigos/207683368/responsabilidade- civil-do-estado-por-atos-de-seus-agentes>. Acesso em: 08 Jun. 2017

PR TRIBUNA. Governo e sindicato se acertam e greve da polícia termina no Espírito Santo. Disponivel : <

http://www.tribunapr.com.br/noticias/brasil/governo-e-sindicato-se-acertam-e- greve-da-policia-termina-no-espirito-santo/>. Acesso em 10 de jun. De 2017.

R7. Governo do ES anuncia acordo com PMs para terminar

paralisação. Disponivel em : < http://noticias.r7.com/cidades/governo-do-es- anuncia-acordo-com-pms-para-terminar-paralisacao-11022017>. Acesso em 10 de jun. 2017

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