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Efeito da diluição sobre a e resistência à corrosão de revestimentos da liga AWS ER NiCrMo14 depositados pelo processo TIG com alimentação de arame frio

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS

ÉMERSON MENDONÇA MINÁ

EFEITO DA DILUIÇÃO SOBRE A MICROESTRUTURA E RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE REVESTIMENTOS DA LIGA AWS ER NICRMO-14

DEPOSITADOS PELO PROCESSO TIG COM ALIMENTAÇÃO DE ARAME FRIO.

(2)

ÉMERSON MENDONÇA MINÁ

EFEITO DA DILUIÇÃO SOBRE A MICROESTRUTURA E RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE REVESTIMENTOS DA LIGA AWS ER NICRMO-14

DEPOSITADOS PELO PROCESSO TIG COM ALIMENTAÇÃO DE ARAME FRIO.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Materiais da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia e Ciência de Materiais. Área de concentração: Metalurgia da Soldagem.

Orientador: Prof. Dr. Cleiton Carvalho Silva.

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia - BPGE

M615e Miná, Émerson Mendonça.

Efeito da diluição sobre a microestrutura e resistência à corrosão de revestimentos da liga AWS ER NiCrMo-14 depositados pelo processo TIG com alimentação de arame frio / Émerson Mendonça Miná. – 2015.

117 f. : il. color. , enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Materiais, Fortaleza, 2015.

Área de Concentração: Propriedades Físicas e Mecânicas dos Materiais. Orientação: Prof. Dr. Cleiton Carvalho Silva.

1. Ciência dos materiais. 2. Soldagem. 3. Ligas – Corrosão. I. Título.

(4)

ÉMERSON MENDONÇA MINÁ

EFEITO DA DILUIÇÃO SOBRE A MICROESTRUTURA E RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE REVESTIMENTOS DA LIGA AWS ER NICRMO-14

DEPOSITADOS PELO PROCESSO TIG COM ALIMENTAÇÃO DE ARAME FRIO.

(5)

A Deus

Aos meus pais

À minha irmã

(6)

AGRADECIMENTO

À Deus, pelo dom da vida.

Aos meus pais Maria Rosali Mendonça Miná e Giovanni Mendonça Miná pela

imensa dedicação, amor e incentivo nesta jornada de estudos.

A minha irmã Natália Mendonça Miná pela carinho e apoio sempre que necessário.

A minha namorada Kelvia Sena de Santana pelo amor, apoio e motivação para a

conclusão desta etapa.

Ao Professor e orientador Dr. Cleiton Carvalho Silva pela orientação desde a

graduação, pelos incentivos em avançar na área da microscopia e sobretudo pela grande

amizade.

Ao professor Dr. Lindberg de Lima Gonçalvez por ter me concedido uma bolsa

para realizar medidas de microscopia na Universidade Livre de Bruxelas.

Ao Dr. Jean Dille da Universidade Livre de Bruxelas, pelos ensinamentos teórico e

prático de microscopia eletrônica de transmissão e pela dedicação durante os três meses em que

estive em Bruxelas.

Aos professores do laboratório de engenharia da soldagem o Dr. Marcelo Ferreira

Motta, Dr. Hélio Cordeiro de Miranda e Dr. Willys Machado Aguiar, pelos ensinamentos e

contribuições para a execução e discussão deste trabalho.

Aos professores participantes da banca examinadora Prof. Dr Edmilson Otoni

Corrêa e o Prof. Dr Hélio Cordeiro de Miranda pelo tempo, pelas valiosas colaborações e

sugestões.

A todos os Professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência

dos Materiais.

Ao Laboratório de Caracterização de Materiais (LACAM), em especial ao Prof. Dr.

Hamilton Ferreira Gomes de Abreu e ao Dr. Flávio Herculano.

Ao Laboratório de Difração de Raio-X na pessoa do Prof. Dr. José Marcos Sasaki,

pelo apoio e contribuições referentes às análises de difração de raio-X.

À Central Analítica da Universidade Federal do Ceará, projeto

CT-INFRA/MCTI-SISNANO/PRÓ-EQUIPAMENTOS CAPES, por conceder a realização das análises de

microscopia eletrônica de varredura

Ao doutorando Yuri Cruz por estar presente em todas as etapas de realização deste

(7)

A todos os colaboradores do laboratório Engesolda que contribuíram para a

conclusão deste estudo.

À FUNCAP, pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio aos bolsistas

do laboratório, que contribuíram para a realização deste trabalho.

À FINEP, pelo apoio financeiro para a aquisição dos equipamentos utilizados para

a realização das soldagens.

À PETROBRAS pelo apoio ao desenvolvimento deste trabalho.

(8)

“O processo de descoberta científica é, na verdade, um voo contínuo de admiração.”

(9)

RESUMO

A soldagem de revestimentos é uma alternativa para a fabricação de materiais que necessitam

de propriedades especificas em sua superfície. Normalmente, busca-se um baixo nível de

diluição para minimizar as variações químicas que alteram as propriedades do revestimento. A

norma ISO 10423, estabelece um critério de qualidade para a liga AWS ER NiCrMo-3, que

define um revestimento apto a condições de corrosão severas aqueles com uma concentração

de até 5% de Fe na zona fundida, já para aplicações de corrosão mais branda é recomendado

um teor de ferro de até 10%. No entanto, não há critérios de qualidade para revestimentos de

ligas mais nobres como a liga AWS ER NiCrMo-14. O objetivo do presente estudo foi avaliar

o efeito da diluição sobre a microestrutura, a microssegregação e a resistência a corrosão dos

revestimentos da liga AWS ER NiCrMo-14 depositados pelo processo TIG com a adição de

arame frio. Os revestimentos foram depositados sobre um substrato de aço ASTM A36 com

uma única de liga AWS ER NiCrMo-14. A microestrutura foi caracterizada por microscopia

eletrônica de varredura (MEV) e não foram identificadas alterações significativas com a variação da diluição. Foram observados em todos os revestimentos uma matriz γ-CFC com precipitados dispersos nas regiões interdendríticas. A microssegregação foi avaliada por

medidas de composição química de energia dispersiva de raios X (EDS), que revelaram um

aumento no potencial de incorporação ao sólido (k > 1) com o acréscimo da diluição para o Fe. Já o Mo segregou para o líquido (k < 1) em níveis maiores com o aumento da diluição. O Cr e o W apresentaram uma pequena queda no coeficiente de partição k com o aumento da diluição. Os precipitados foram caracterizados por difração de raios X, análises química de EDS

utilizando a microscopia eletrônica de transmissão (MET) e MEV e por difração de elétrons (MET). Foram identificadas fases σ, µ e P. Os revestimentos foram submetidos ao ensaio de corrosão segundo o método C da norma ASTM G48 para a obtenção da temperatura crítica de

pites (TCP) de cada revestimento. O revestimento com diluição de aproximadamente 6%

suportou a temperatura máxima estipulada pela norma, 85°C. Já os revestimentos com diluições

de aproximadamente 12% e 13% apresentaram TCP de 55 e 50°C, respectivamente. Os demais

revestimentos com diluições acima de 20% falharam na temperatura de 45°C. O mecanismo de

corrosão aparentemente deu início pelos contornos de grãos de solidificação e/ou na interface

matriz/precipitados.

(10)

ABSTRACT

The overlay welding is a way for manufacture of materials that need specific properties on the

surface. Typically, a low level of dilution is required to minimize the chemical changes that

modify the overlay properties. The standard ISO 10423 establishes means for assessing the

quality for the alloy AWS ER NiCrMo-3, that set a suitable overlay to severe conditions of

corrosion those clads that have until 5% wt of iron content in the fusion zone, while for

applications of moderate corrosion the criteria is required iron content until 10% wt. However,

it is not known what quality criteria should be applied for coatings using noble alloys such as

alloy AWS ER NiCrMo-14. The aim of this study was evaluate the effect of dilution on the

microstructure, microsegregation and corrosion resistance of AWS ER NiCrMo-14 alloy

overlay welded by GTAW cold wire feed process. Each clad was welded on ASTM A36 steel

by GTAW process with the addition of a single cold wire layer of alloy AWS ER NiCrMo-14.

The microstructure was characterized by scanning electron microscopy (SEM) and have not identified significant changes to the variation of dilution. It was observed on all overlays a γ -CFC matrix with dispersed precipitates in interdendritic regions. The microsegregation of the

overlays was measured by energy dispersive of X-ray spectroscopy (EDS) chemical

composition analysis, which showed that the Fe incorporation potential into the solid (k > 1) increased for increments in dilution. The Mo showed a high potential to segregate to liquid and

your coefficient k increased with increments in dilution. The Cr and W showed a small drop in

k partition coefficient with increases in the dilution. The precipitates were characterized by X-ray diffraction (XRD), EDS analysis using the transmission electron microscopy (TEM) and SEM and electron diffraction analysis. It were identified the phases σ, and P. The overlays were subjected to the corrosion test according to ASTM G48 C method to obtaining the critical

pitting temperature (TCP) of each clad. The overlay with dilution of about 6% supported the

maximum temperatures stipulated by the standard, 85 °C. While clads with dilutions of about

12% and 13% showed 55°C and 50°C TCP, respectively. Other overlays with dilutions over

20% failed in 45 °C. The corrosion mechanism apparently was initiated along solidification

grain boundaries and/or in the interface between the precipitates and the matrix.

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Desenho esquemático da acomodação de átomos em solução sólida. Átomos

substitucionais em (a) e (b). Átomos intersticiais (c). ... 7

Figura 2. Elevada densidade de discordâncias ao redor do precipitado (a). Discordâncias

onduladas na interface γ-γ’ (b). Difração de elétrons de área selecionada (c). ... 8

Figura 3. Precipitado coerente (a), precipitado com parâmetro de rede menor (b) e maior (c)

que o da matriz. ... 8

Figura 4. Microestrutura da liga endurecida por dispersão de óxidos PM 1000. ... 10

Figura 5. Tabela periódica destacando os principais elementos presentes nas superligas de

níquel. ... 11 Figura 6. Micrografia ótica da matriz γ-CFC obtida na microestrutura da liga Inconel 625 forjada. ... 12 Figura 7. Imagem de transmissão no modo campo escuro da Fase γ” e γ’ com tamanhos diferentes ... 13

Figura 8. Carboneto de cromo Cr23C6 (a). Padrão de difração de elétrons de área selecionada do

carboneto Cr23C6. ... 13

Figura λ. Fase σ (morfologia nodular e em placas) e η. ... 15 Figura 10. Fase µ com morfologia agulhada em a). Três morfologias da fase µ, grosseira,

esférica e agulhada em b) e c) ... 16

Figura 11. Colônias de fase P com morfologia lamelar. ... 17

Figura 12. Digrama de equilíbrio para o sistema ternário Ni-Cr-Mo com a projeção líquida (a)

e isotermas a 600 °C (b), 1200 °C (c) e 1250 °C (d). ... 18

Figura 13. Mapeamento químico de precipitados obtidos na zona fundida da liga 686 soldada.

... 22

Figura 14. Micrografia de MEV da superfície do corpo de prova de liga 686 após ensaio de

polarização. ... 22

Figura 15. Representação esquemática de dois diagramas de equilíbrio de ligas binárias. O

primeiro sistema em que há segregação de soluto para o liquido (a) e segundo sistema em que

o sólido não absorve todo o soluto (b). ... 25

Figura 16. Diagrama de fases para o sistema Ni-W. ... 26

(12)

Figura 18. Desenho esquemático das características geométricas de uma soldagem de simples

deposição. ... 28

Figura 19. Efeito da potência e da taxa de alimentação de arame na diluição para soldagem o aço inoxidável 308. ... 30

Figura 20. Efeito do teor de Fe na formação de fases secundárias (ligas C276 e 686). ... 32

Figura 21. Efeito do teor de Mo na formação de fases secundárias (ligas C276 e 686). ... 32

Figura 22. Robô industrial. ... 35

Figura 23. Tocha TIG, mecanismos de adição de arame e o dispositivo de alinhamento. ... 36

Figura 24. Microscópio eletrônico de varredura Philips XL 30. ... 37

Figura 25. Microscópio eletrônico de varredura FEI Quanta 200 3D. ... 37

Figura 26. Microscópio eletrônico de varredura FEI Quanta FEG 250. ... 38

Figura 27. Microscópio eletrônico de transmissão Philips CM20. ... 38

Figura 28. Difratômentro de raios-X Philips X’Pert. ... 39

Figura 29. Banho ultra termostático com circulador de água, modelo Q214M3. ... 40

Figura 30. Fluxograma da metodologia. MEV:microscopia eletrônica de varredura, MET: microscopia eletrônica de transmissão. ... 41

Figura 31. Desenho esquemático da alimentação de arame. ... 43

Figura 32. Desenho esquemático da sobreposição entre passes. ... 45

Figura 33. Cortes realizado no revestimento E85. ... 45

Figura 34. Diversos defeitos superficiais no cordão soldado na etapa preliminar com tecimento espiral e amplitude de tecimento de 8 mm. ... 48

Figura 35. Seção transversal da sobreposição de dois cordões soldados na etapa preliminar com tecimento espiral e amplitude de tecimento de 6 mm. ... 49

Figura 36. Seção transversal do cordão soldado na etapa preliminar com tecimento triangular e amplitude de tecimento de 8 mm. ... 49

Figura 37. Aspecto do acabamento superficial do revestimento E85... 51

Figura 38. Aspecto do acabamento superficial do revestimento T85... 51

Figura 39. Aspecto do acabamento superficial do revestimento T75... 51

Figura 40. Revestimento T65. ... 52

Figura 41. Aspecto do acabamento superficial do revestimento T55... 52

Figura 42. Aspecto do acabamento superficial do revestimento T45... 52

(13)

Figura 44. Macrografia da amostra E85 (a) e a sua respectiva análise geométrica (b). ... 54

Figura 45. Análise de EDS da composição global da amostra T85. ... 55

Figura 46. Varredura de composição química de EDS em linha através das regiões dendrítica e

interdendrítica localizadas na zona fundida do revestimento T75. ... 57

Figura 47. Análise de composição química de EDS em pontos localizados no centro de uma

dendritas localizada na zona fundida do revestimento T65. ... 58

Figura 48. Representação gráfica da variação dos elementos químicos presente no centro das

dendritas dos revestimentos soldados. ... 59

Figura 49. Representação gráfica da variação do Cr, Mo e W presentes no centro das dendritas

dos revestimentos soldados. ... 60

Figura 50. Gráfico comparativo entre a composição química das dendritas e percentual de

elementos global dos revestimentos. Fe-D: percentual de Fe na dendrita. Ni-D: percentual de

Ni na dendrita. Fe-G: percentual de Fe global no revestimento. Ni-G: percentual Ni global no

revestimento. ... 62

Figura 51. Gráfico comparativo entre a composição química das dendritas e o percentual de

elementos global dos revestimentos. Cr-D: percentual de Cr na dendrita. Mo-D: percentual de

Mo na dendrita. W-D: percentual de W na dendrita. Cr-G: percentual de Cr global do

revestimento. Mo-G: percentual de Mo global do revestimento. W-G: percentual de W global

do revestimento. ... 62

Figura 52. Gráfico de regressão linear do coeficiente de segregação (k) do elemento ferro com 95% de confiança... 64

Figura 53. Gráfico de regressão linear do coeficiente de segregação (k) do elemento níquel com 95% de confiança... 65

Figura 54 Gráfico de regressão linear do coeficiente de segregação (k) do elemento molibdênio com 95% de confiança. ... 65

Figura 55. Gráfico de regressão linear do coeficiente de segregação (k) do elemento cromo com 95% de confiança... 66

Figura 56. Gráfico de regressão linear do coeficiente de segregação do elemento tungstênio com

95% de confiança... 67

Figura 57. Microestrutura da interface (a) e do centro da zona fundida (b), ambos para a

condição T65. ... 68

Figura 58. Microestrutura da zona fundida dos revestimentos soldados. Revestimento E85 nas

(14)

Figura 59. Micrografias referentes a interface de solidificação entre o metal de base (MB) e a

zona fundida (ZF) do revestimento T65, com a presença de fases secundarias (a) e uma

ampliação de um precipitado do tipo filme próximo a interface de solidificação (b). ... 71

Figura 60. Nas imagens (a) e (b) há em destaque os precipitados do tipo filme presentes na

microestrutura da zona fundida presente no centro do revestimento T65. Já as imagens (c) e (d)

apresentam em destaque precipitação de fases disformes. ... 72

Figura 61. Fases lamelar na amostra T85 nas imagens (a) e (b). ... 73

Figura 62. Fase P com morfologia de lamelas alternadas. ... 73

Figura 63. Presença de protuberâncias nucleadas nos precipitados de contornos de grão do tipo

filme. ... 74

Figura 64. Microestruturas da zona fundida do revestimento E85, com diversas fases lamelar

próxima a outras fases disformes, com uma orientação de crescimento de aproximadamente 45°

com a direção de solidificação. ... 75

Figura 65. Fases disformes com pequenas estruturas na superfície observado nas amostras T55

(a e b) e T45 (c) e (d). ... 76 Figura 66. Morfologia da fase σ obtida por microscopia eletrônica de varredura no modo SE (a). Imagem de microscopia eletrônica de transmissão do precipitado de fase σ e a difração de

elétrons de área selecionada da fase secundária. ... 77

Figura 67. Mapeamento de químico de EDS na zona fundida da amostra T75. Microestrutura

no modo SE (a) e os mapas de composição química dos elementos Cr (b), Mo (c), Ni (d), W (e)

e Fe (f). ... 78

Figura 68. Análise de composição química de EDS nos precipitados presentes na zona fundida

do revestimento T55. ... 79

Figura 69. Representação gráfica da composição química dos precipitados presentes na zona

fundida dos revestimentos. ... 80

Figura 70. Precipitado de fase µ caracterizado na amostra E85. Imagem de MET obtida no

modo campo claro (a); Padrão de difração de área selecionada do precipitado (b). ... 81

Figura 71. Precipitado de fase µ caracterizado na amostra E85. Imagem de MET obtida no

modo campo claro (a); Padrão de difração de área selecionada do precipitado (b); Análise

química de EDS do precipitado. ... 83

Figura 72. Precipitado de fase µ caracterizado na amostra T65. Imagem de MET obtida no

modo campo claro (a); Padrão de difração de área selecionada do precipitado (b); Análise

(15)

Figura 73. Fase P obtida na amostra T45. Imagem de MET obtida no modo campo claro (a);

Análise química de EDS do precipitado (b); Padrões de difração de área selecionada do

precipitado (c) e (d); ... 86

Figura 74. EDS em linha do precipitado e da sua matriz adjacente. ... 87

Figura 75. O precipitado de fase P caracterizado na amostra T45. Imagem de MET obtida no

modo campo claro (a); Padrão de difração de área selecionada do precipitado (b); Análise

química de EDS do precipitado (c)... 89

Figura 76. Precipitado de fase P caracterizado na amostra T45. Imagem de MET obtida no

modo campo claro (a); Padrão de difração de área selecionada do precipitado (b); Análise

química de EDS do precipitado (c)... 90 Figura 77. Precipitado de fase σ caracterizado na amostra T45. Imagem de MET obtida no modo campo claro (a); Padrão de difração de área selecionada do precipitado (b); Análise química de

EDS do precipitado (c). ... 92

Figura 78. Difratograma de raios-X do pó dos precipitados extraídos da zona fundida do

revestimento E85. ... 93

Figura 79. Difratograma de raios-X do pó dos precipitados extraídos da zona fundida do

revestimento T85. ... 94

Figura 80. Difratograma de raios-X do pó dos precipitados extraídos da zona fundida do

revestimento T75. ... 94

Figura 81. Difratograma de raios-X do pó dos precipitados extraídos da zona fundida do

revestimento T65. ... 95

Figura 82. Difratograma de raios-X do pó dos precipitados extraídos da zona fundida do

revestimento T55. ... 95

Figura 83. Difratograma de raios-X do pó dos precipitados extraídos da zona fundida do

revestimento T45. ... 96

Figura 84. Amostra T45 após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método C da norma

ASTM G48 na temperatura de 45°C. ... 97

Figura 85. Amostra T55 após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método C da norma

ASTM G48 a temperatura de 45°C. ... 98

Figura 86. Amostra T65 após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método C da norma

ASTM G48 a temperatura de 45°C. ... 98

Figura 87. Amostra T75 após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método C da norma

(16)

Figura 88. Amostra T85 após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método C da norma

ASTM G48 a temperatura de 55°C. ... 100

Figura 89. Amostra E85 após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método C da norma

ASTM G48 a temperatura de 85°C. ... 100

Figura 90. Gráfico com a temperatura crítica de pites referente a cada revestimento. ... 101

Figura 91. A) Microestrutura do pite observado no revestimento T85 após o ensaio regido pelo

método C da norma ASTM G48 na temperatura de 55°C. b) Caminho preferencial da corrosão

na região interdendrítica e c) nos contornos dos precipitados. ... 103

Figura 92. A) Microestrutura do pite observado no revestimento T75 após o ensaio regido pelo

método C da norma ASTM G48 na temperatura de 50°C. b) Caminho preferencial da corrosão

na região interdendrítica e c) nos contornos dos precipitados. ... 104

Figura 93. A) Microestrutura do pite observado no revestimento T65 após o ensaio regido pelo

método C da norma ASTM G48 na temperatura de 45°C. b) Caminho preferencial da corrosão

na região interdendrítica e c) nos contornos dos precipitados. ... 105

Figura 94. A) Microestrutura do pite observado no revestimento T55 após o ensaio regido pelo

método C da norma ASTM G48 na temperatura de 45°C. b) Caminho preferencial da corrosão

na região interdendrítica e c) nos contornos dos precipitados. ... 106

Figura 95. A) Microestrutura do pite observado no revestimento T45 após o ensaio regido pelo

método C da norma ASTM G48 na temperatura de 45°C. b) Caminho preferencial da corrosão

(17)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Faixa de composição química para a liga 686 segundo a norma ASTM B 574-10... 20

Tabela 2. Propriedades mecânicas da liga 686 segundo a norma ASTM B 547 (2010a). ... 20

Tabela 3. Composição química do arame AWS ER NiCrMo-14 (Similar à liga Inconel 686).

... 34

Tabela 4. Composição química do substrato ASTM A36. ... 34

Tabela 5. Parâmetros da soldagem preliminar... 42

Tabela 6. Condições de soldagem aplicadas em termos de variação da velocidade de

alimentação de arame. ... 44

Tabela 7. Principais parâmetros variados para a deposição dos revestimentos definitivos. .... 44

Tabela 8. Média da diluição geométrica. ... 55

Tabela 9. Resultados de diluição por análise de EDS de área selecionada. ... 56

Tabela 10. Média e desvio padrão da composição química do centro das dendritas dos

revestimentos. ... 59

Tabela 11. Média e desvio padrão da composição química global dos revestimentos, utilizando

a técnica de microanálise química de EDS. ... 61

Tabela 12. Média e desvio padrão do coeficiente de segregação (k) dos principais elementos que compõem os revestimentos soldados. ... 63

Tabela 13. Composição química dos precipitados. ... 79

Tabela 14. Perda de massa por área após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método

C da norma ASTM G48 na temperatura de 45°C. A: Aprovado; R: Reprovado. ... 97

Tabela 15. Perda de massa por área após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método

C da norma G48 a temperatura de 50°C. A: Aprovado; R: Reprovado. ... 99

Tabela 16. Perda de massa por área após a aplicação do ensaio de corrosão, segundo o método

C da norma G48 a temperatura de 55°C. A: Aprovado; R: Reprovado. ... 99

Tabela 17. Temperatura crítica de pites dos revestimentos e os seus respectivos teores de ferro

e diluição. TCP: Temperatura crítica de pites; Diluição: Calculada por análise química de EDS;

(18)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 1

1.1 Objetivo geral... 3

1.2 Objetivos específicos... 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 4

2.1 Superligas... 4

2.2 Superligas de níquel... 5

2.3 Classificação das superligas de níquel... 5

2.3.1 Endurecimento por solução sólida... 6

2.3.2 Endurecimento por precipitação... 7

2.3.3 Endurecimento por dispersão de óxidos... 9

2.4 Metalurgia das superligas de níquel... 10

2.4.1 Fases Topologicamente compactas... 14

2.4.1.1 Fase σ... 14

2.4.1.2 Fase µ... 15

2.4.1.3 Fase P... 16

2.5 Ligas Ni-Cr-Mo... 18

2.5.1 Liga 686... 19

2.5.1.1 Resistencia a corrosão da liga 686... 21

2.6 Metalurgia da Soldagem... 23

2.6.1 Microssegregação... 24

2.6.2 Diluição... 28

3 MATERIAIS E MÉTODOS... 34

3.1 Materiais de consumo... 34

3.2 Equipamentos... 35

3.2.1 Equipamentos para soldagem... 35

3.2.2 Equipamentos para caracterização... 36

3.2.3 Equipamentos para testes de resistência a corrosão... 39

3.3 Metodologia... 40

(19)

3.3.2 Soldagem dos revestimentos... 43

3.3.3 Caracterização microestrutural... 45

3.3.3.1 Microscopia... 45

3.3.3.2 Raios-X... 46

3.3.4 Ensaio de corrosão... 47

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 48

4.1 Soldagens preliminares... 48

4.2 Soldagem dos revestimentos... 50

4.2.1 Diluição... 54

4.2.2 Caracterização microestrutural... 56

4.2.2.1 Microssegregação... 56

4.2.2.2 Microestrutura dos revestimentos... 67

4.2.2.3 Fases secundárias... 77

4.2.3 Ensaio de corrosão... 96

5 CONCLUSÃO... 110

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS... 112

(20)

1INTRODUÇÃO

A deposição de revestimentos por soldagem é uma alternativa a construção de

equipamentos que necessitam de propriedades específicas na superfície, diferentes daquelas

que o material de base apresenta. Um exemplo desse procedimento é a aplicação de

revestimentos metálicos a partir de ligas de níquel sobre a superfície de um dado equipamento

fabricado com aço estrutural, conferindo à esta superfície uma resistência à corrosão elevada,

podendo acrescentar ainda excelentes propriedades mecânicas.

As ligas de níquel são materiais que apresentam um elevado desempenho em

ambientes de corrosão agressiva. Isso se deve aos percentuais elevados de elementos de liga

como o cromo e o molibdênio, além do próprio níquel, bem como outros elementos em menor

quantidade, como é o caso do tungstênio, do cobre e do alumino.

Apesar do excelente desempenho das ligas de níquel em ambientes corrosivos,

ainda assim requer atenção em mecanismos específicos de degradação, como a corrosão por

pites em meios contendo cloretos. A temperatura crítica de pites (TCP) representa a temperatura

na qual o material passa a sofrer corrosão por pites.

Em muitos casos, a literatura destaca que estas ligas apresentam elevada resistência

à corrosão por pites. No entanto, essas informações muitas vezes são para condições tratadas

termicamente, nas quais os elementos de liga estão distribuídos uniformemente na liga.

Alterações na distribuição de elementos químicos que promovem a resistência à corrosão da

liga, como o cromo e o molibdênio, são frequentes em condições processadas por soldagem.

Além disso, a diluição do revestimento à base de níquel com uma liga estrutural promove uma

nova liga com percentuais acentuados de ferro, que pode vir a prejudicar a resistência à

corrosão.

A norma ISO 10423 (2003) define o teor de ferro em revestimentos depositados por

soldagem para construção de equipamentos voltados para o setor do petróleo e gás. Segundo a

norma os teores de ferro podem ser enquadrados em duas categorias, a primeira para

revestimentos com teor de ferro menor ou igual a 5% em massa e uma segunda categoria para

teores de ferro entre 5% e 10%. Contudo, estas especificações são referentes a revestimentos

com a liga Inconel 625, medidos a 3 mm da superfície original do metal de base.

Recentemente, estudos de revestimentos a base de ligas de níquel realizados no

Laboratório de Engenharia de Soldagem da UFC mostraram que a liga Inconel 686 apresentou

(21)

como uma liga Ni-Cr-Mo da 3ª geração, ou seja, uma liga de desenvolvimento recente cujas

informações sobre o seu desempenho ainda são escassas ou de domínio restrito. Seu alto

desempenho torna esta liga uma alternativa bastante atraente para setores que sofrem com

corrosão, mas o alto custo da liga pode ser um fator limitante à sua aplicação.

Apesar do elevado custo associado à liga Inconel 686, o investimento pode ser

minimizado caso a liga possibilite em conjunto um aumento na produtividade com uma redução

do volume de metal a ser depositado. Essa possibilidade remete à produção de um revestimento

com apenas uma camada que, ainda assim, atenda às propriedades requeridas, que são

normalmente obtidas por outras superligas de níquel com a aplicação de no mínimo duas

camadas. Portanto, a utilização de uma liga mais nobre visando a fabricação de um revestimento

composto por apenas uma camada de material depositado, pode tornar o projeto

economicamente viável.

No entanto, a utilização de apenas uma camada remete a revestimentos com uma

diluição elevada, que no caso de revestimentos soldados sobre ligas de aço estrutural significa,

em termos práticos, uma inserção de ferro na zona fundida. Inexiste na literatura detalhes sobre

qual teor de Fe máximo é permitido para esta liga, que pode comprometer o seu desempenho

em termos de resistência à corrosão por pites em meios contendo cloretos. Esta informação é

fundamental para a escolha da melhor liga a ser usada em revestimentos resistentes à corrosão,

considerando aspectos como custo e desempenho. Além disso, compreender os efeitos da

adição do ferro na metalurgia da soldagem destas ligas é outro fator importante, tendo em vista

que alterações metalúrgicas como microssegregação e precipitação de fases podem

comprometer o desempenho destes revestimentos.

Portanto, avaliar o efeito da diluição e, consequentemente, da adição de ferro na

liga de níquel Inconel 686, e os seus reflexos sobre aspectos metalúrgicos, como a

microestrutura e distribuição microquímica dos elementos de liga, além do efeito destes

fenômenos na resistência à corrosão desta liga é fundamental para aplicações na indústria do

(22)

1.1Objetivo geral

O objetivo geral deste estudo é avaliar revestimentos soldados pelo processo TIG

com adição de arame frio de liga Inconel 686 sobre um substrato de aço carbono ASTM A36,

com diversos níveis de diluição, observando os seus reflexos sobre aspectos metalúrgicos como

a microestrutura e distribuição microquímica dos seus elementos de liga, além do efeito destes

fenômenos na resistência à corrosão desta liga.

1.2Objetivos específicos

a) Avaliar o efeito do teor de Fe na zona fundida sobre a microestrutura resultante;

b) Investigar o comportamento da microssegregação de elementos de liga em

função da diluição;

c) Avaliar a resistência à corrosão por pites de revestimentos produzidos com

diferentes níveis de diluições, consequentemente para os diversos graus de teor

de Fe;

d) Identificar os mecanismos de ataque de corrosão referente à cada nível de

(23)

2REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os principais temas que cercam esse estudo serão abordados neste capítulo, a fim

de construir o conhecimento necessário para o melhor aproveitamento da pesquisa, extraindo

assim novos conceitos e definições relacionadas à proposta.

2.1Superligas

As superligas são materiais que normalmente são baseados em sistemas nos quais

o elemento majoritário pertence à família VIIA (níquel, cobalto e ferro). São ligas especiais

desenvolvidas para suportar elevadas temperaturas com a presença de severas tensões em suas

condições habituais de trabalho. Além disso elas conseguem manter a sua alta estabilidade

superficial nestas condições (SIMS et al., 1987). Outra definição destaca que as superligas remetem a materiais com um alto desempenho em ambientes que requerem elevada resistência

à corrosão com a presença de elevadas tensões (DURAND-CHARRE, 1998). Elas podem ser

divididas em três classes, nas quais a matriz de cada uma delas se diferem uma das outras pelo

elemento de maior abundância, sendo assim temos os sistemas à base de níquel, cobalto e

níquel-ferro (SIMS et al., 1987).

A família das superligas como um todo apresenta uma estrutura cúbica de face

centrada (CFC) em pelo menos alguma faixa de temperatura, mas apenas os sistemas à base de

níquel se mantêm como CFC em temperatura ambiente, o mesmo não se observa com as

superligas à base de cobalto que estão na forma hexagonal compacta (HCP), e as superligas de

ferro que sob temperatura ambiente estão na forma cúbica de corpo centrado (CCC) (GEDDES

et al., 2010).

As aplicações das superligas são diversas e, normalmente, por decorrência da sua

superior capacidade de trabalhar em elevadas temperaturas quando comparada a outros grupos

de materiais (SIMS et al., 1987). A princípio estas ligas foram desenvolvidas para compor a fabricação de turbinas de aviões a jato, no entanto é comum a sua presença em componentes

submetidos a ambientes marinhos, em submarinos, em veículos espaciais, na indústria bélica

mais especificamente na fabricação de foguetes, em reatores nucleares, em trocadores de calor,

(24)

2.2Superligas de níquel

As superligas de níquel são materiais especiais com uma ampla variedade de

aplicações industriais, e isso é reflexo das suas propriedades peculiares. A definição proposta a

seguir reúne as principais características desse grupo de ligas: Superligas à base de níquel constituem uma importante classe de materiais de engenharia, por combinarem elevada resistência mecânica à alta temperatura com excelente resistência à oxidação, o que as tornaram especialmente destinadas a aplicações em alta temperatura , notadamente na construção de turbinas a jato (SILVA, AFONSO, et al., 2012).

A grande aplicação desses materiais é em sistemas que trabalham em elevadas

temperaturas, como dispositivos destinados a turbinas de aviões a jato e turbinas a gás em geral.

Essa tendência se deve à necessidade de se manter a elevada resistência mecânica, à corrosão e

à oxidação nessas condições de serviço tão severas (BROOKS, 1982). Podemos ainda destacar

outras aplicações, por exemplo, componentes para a indústria de energia nuclear, aeronaves,

turbinas geradoras de energia, mísseis para indústria bélica, plantas de processamento químico,

petroquímica e de petróleo e gás (POLLOCK e TIN, 2006).

As superligas de níquel possuem uma estrutura cristalina cúbica de face centrada

(CFC), mesmo em temperatura ambiente (GEDDES et al., 2010). A matriz de níquel tem como característica a capacidade de solubilizar por completo o cobre, além de uma ampla faixa de

solubilização de ferro e cromo (SILVA, 2010). A complexidade dessa família é em parte

decorrente da presença de inúmeros elementos químicos compondo a liga. Dentre os diversos

elementos podemos citar o cromo, molibdênio, tungstênio, ferro, cobalto, alumínio, boro,

titânio, carbono e a zircônia (SIMS et al., 1987). Com uma enorme variedade de elementos de liga é de se esperar uma microestrutura resultante bastante complexa, com a precipitação de

fases secundárias, além de boretos, carboneto e óxidos.

2.3Classificação das superligas de níquel

As superligas de níquel podem ser classificadas a partir do seu mecanismo de

aumento de resistência, que podem ser por solução sólida, por precipitação ou por dispersão de

(25)

2.3.1Endurecimento por solução sólida

Para a melhor compreensão do mecanismo de endurecimento, será disposto a seguir

alguns conceitos de solução sólida. O mecanismo de aumento de resistência por solução sólida

é um importante técnica de fabricação de componentes destinados a serviços em altas

temperaturas, no qual um dado soluto é adicionado em um solvente até o seu limite de

solubilidade, mantendo assim uma única fase com estruturas eletrônicas similares capazes de

formar uma estruturas cristalinas próprias (GRAF, 2004). A solução sólida pode ser intersticial

ou substitucional (BROOKS, 1982; GRAF, 2004; REED-HILL, 1982; SIMS et al., 1987). A solução sólida intersticial é caracterizada quando alguns elementos por

decorrência do tamanho dos seus raios atômicos se acomodam entre os átomos da matriz do

solvente em regiões chamadas de interstícios. Os principais elementos que normalmente

compõem este fenômeno são átomos pequenos como o carbono, nitrogênio, hidrogênio e, por

vezes, até mesmo o oxigênio (BROOKS, 1982).

Quando átomos da matriz do solvente são substituída por átomos de soluto, temos

então um caso de solução sólida substitucional (BROOKS, 1982). Normalmente são elementos

que apresentam um raio atômico similar ao do solvente, por exemplo, para uma matriz γ-Ni, há

a possibilidade de se estabelecer uma solução sólida com o cobalto, que por sua vez tem um

raio cerca de 1% maior que o elemento níquel, de forma análoga o W também pode substituir

o níquel na célula unitária, mesmo apresentando um raio aproximadamente 13% maior (SIMS

et al., 1987). Os principais elementos substitucionais são o alumínio, ferro, tungstênio, titânio, cromo, cobalto e molibdênio (GEDDES et al., 2010; REED-HILL, 1982; SIMS et al., 1987)

As propriedades da mistura terão, por exemplo, uma densidade que diferente tanto

do solvente como do soluto (BROOKS, 1982). Além disso, a rede cristalina do solvente ganhará

um aumento na resistência que normalmente está relacionada ao bloqueio do movimento das

discordâncias (SILVA, 2010). Este fenômeno se deve a acomodação do soluto em regiões mais

energéticas da rede, normalmente, em torno das discordâncias. Desse modo, o soluto reduz a

energia acumulada na rede e por consequência disso será necessário fornecer uma energia maior

para que as discordâncias se movimentem na rede cristalina (BROOKS, 1982; GRAF, 2004)..

A Figura 1 apresenta alguns modelos de acomodação de soluto que ilustram o alivio de tensões

(26)

Figura 1. Desenho esquemático da acomodação de átomos em solução sólida. Átomos substitucionais em (a) e (b). Átomos intersticiais (c).

Fonte: Adaptado de SILVA (2010).

Outra teoria propõe que as alterações no limite de escoamento estão relacionadas a

diferença que há entre o número de elétrons da camada de valência do soluto e do solvente

(PELLOUX e GRANT, 1960).

2.3.2Endurecimento por precipitação

O endurecimento por precipitação, como o próprio nome sugere, está relacionado

com o aumento da resistência a partir de outras fases dispersas na matriz que bloqueiam o

movimento das discordâncias. A precipitação destas fases se deve a uma supersaturação de

soluto na matriz, ou seja, quando se ultrapassa a capacidade do solvente em solubilizar aquele

dado elemento (BROOKS, 1982; SILVA, 2010). Normalmente, estas partículas são mais duras

que a matriz, isso exige uma tensão elevada para que as discordâncias se movam através delas

ou as contorne por outro plano de deslizamento (BROOKS, 1982).

As duas principais fases que promovem o endurecimento por precipitação nas

superligas de níquel são os compostos intermetálicos denominados γ’-Ni3(Al,Ti) e γ”-Ni3Nb.

Ambos demostram uma relação de coerência com a matriz (SIMS et al., 1987). Normalmente, estes precipitados são obtidos por tratamentos térmicos. Diversos fatores potencializam ou não

o ganho de resistência obtido por estas fases, por exemplo, a fração percentual, o tamanho, a

morfologia, a distribuição na matriz, e todas estas características irão depender da temperatura

e do tempo de exposição no tratamento térmico, além do histórico das propriedades mecânicas

anteriores ao tratamento (REED, 2006).

(27)

modo, na Figura 2b, destaca-se discordâncias onduladas circundado o precipitado γ’ exatamente na interface γ-γ’. Já a Figura 2c apresenta uma análise por difração de elétrons que destaca a relação de orientação cristalográfica entre o precipitado (γ’) e a matriz (γ). Tais precipitados

coerentes apresentam um endurecimento maior que outras partículas que não possuem qualquer

relação de orientação com a matriz

Figura 2. Elevada densidade de discordâncias ao redor do precipitado (a). Discordâncias onduladas na interface γ

-γ’ (b). Difração de elétrons de área selecionada (c).

Fonte: XIE et al. (2014).

Dependendo da deformação causada pela diferença de parâmetros de rede entre matriz (γ) e precipitado (γ’ e γ”) irá provocar tensões trativas ou compressivas na rede cristalina. Quando a fase secundaria apresenta um parâmetro de rede semelhante ao da matriz (Figura 3a)

a deformação na rede é muito baixa. Já para precipitados com parâmetros de rede menor (Figura

3b) ou maior (Figura 3c) a estrutura cristalina do sistema irá apresentar uma deformação mais

acentuada (BROOKS, 1982).

Figura 3. Precipitado coerente (a), precipitado com parâmetro de rede menor (b) e maior (c) que o da matriz.

(28)

2.3.3Endurecimento por dispersão de óxidos

O mecanismo de endurecimento por dispersão de óxidos se assemelha bastante com

o endurecimento por precipitação, pois ambos bloqueiam o movimento das discordâncias na

rede via partículas presentes na matriz. Contudo, há algumas diferenças a começar pela

fabricação, já que, diferentemente dos precipitados, os óxidos são adicionados e não nucleados,

além de serem incoerentes com a matriz da superliga (GEDDES et al., 2010). Por serem dispersóides incoerentes com a rede cristalina, o movimento das discordâncias só se dá

contornando as partículas. Portanto, não é possível observar o fenômeno de deslizamento das

discordâncias que cortam as fases secundárias, como foi visto anteriormente nas ligas

endurecidas por precipitação (SIMS et al., 1987). Outro detalhe importante se deve à sua densidade que normalmente é muito baixa, com isso processos de fabricação como a soldagem

não são recomendados, pois as partículas de cerâmicas tendem a flutuar sobre a superfície da

zona fundida (GEDDES et al., 2010).

A partícula de óxido mais utilizada para este mecanismo de endurecimento é o Ítrio

Y2O3. Normalmente, apresenta um tamanho de 10 a 50 nm dispersas na matriz, com um

espaçamento de uma partícula para outro variando de 50 a 300 nm (GEDDES et al., 2010). Atualmente, algumas superligas de níquel foram endurecidas por óxido de tório Th 2 ,

contudo, por se tratar de um elemento radioativo, optou-se por manter o óxido de ítrio nos

processos de fabricação (DONACHIE e DONACHIE, 2002; GEDDES et al., 2010). Além das partículas já citadas, o óxido de titânio também é utilizado (SILVA, 2010).

HEILMAIER et al. (2000) observaram a microestrutura da superliga de níquel PM 1000, endurecida com 0,6% óxido de ítrio (Y2O3), após uma taxa de deformação de 10-3 na

temperatura de 900°C. A Figura 4 apresenta as discordâncias bloqueadas pelos óxidos dispersos

(29)

Figura 4. Microestrutura da liga endurecida por dispersão de óxidos PM 1000.

Fonte: Adaptado de HEILMAIER et al. (2000).

2.4Metalurgia das superligas de níquel

As superligas à base de níquel são consideradas materiais de elevada complexidade,

pois apresentam em sua composição diversos elementos de liga em fração significativa, que

podem chegar até dez elementos distintos compondo a superliga. Muitas dessas ligas contêm

porções elevadas de cromo, cobalto, alumínio e titânio. Outros elementos, por sua vez, surgem

em menores frações, rênio, tungstênio, tântalo, ráfnio, nióbio e zircônio. Certas superligas como

a Inconel 718 e 706 contém um percentual de ferro significativo, podendo inclusive serem

referenciadas como superligas Ni-Fe (REED, 2006).

Ainda com relação aos elementos de ligas e a sua influência nas fases presentes na

microestrutura, podemos elencar três classes de elementos, nos quais cada uma delas promovem

fases distintas. A Figura 5 destaca os principais elementos de liga que compõem as superligas

de níquel, que compara o tamanho do raio atômico dos elementos com relação ao níquel, a

camada de valência e classifica os elementos quanto a sua tendência a compor a matriz (γ) ou a precipitação γ’ ou até mesmo os elementos que segregam para os contornos de grãos. A primeira classe de elementos que fomentam a matriz (γ-CFC), é composta pelos grupos da

tabela periódica (Figura 5) V, VI, e VII, representada pelos elementos cobalto, ferro, cromo,

molibdênio, tungstênio e o próprio níquel. A segunda classe é constituída pelos grupos III, IV

e V, nos quais os elementos alumínio, titânio, nióbio, háfnio e tântalo tendem a segregar para Y2O3

(30)

formar os precipitados γ’ do tipo Ni3X, no qual X pode ser qualquer um dos elementos citados.

A terceira classe é composta por elementos que segregam nos contornos de grãos, tais como o

boro, carbono e zircônio, que pertencem aos grupos III e IV da tabela periódica (SIMS et al., 1987).

Figura 5. Tabela periódica destacando os principais elementos presentes nas superligas de níquel.

Fonte: Adaptado de SIMS et al. (1987).

Podemos destacar as principais fases relatadas pela literatura das superligas de

níquel:

a) A matriz gama (γ) exibe uma estrutura cristalina CFC e se apresenta continua

homogênea, estando presente em todas as ligas de níquel. Além disso, a fase

gama é magnética e possui uma grande capacidade de solubilizar concentrações

significativas de elementos como o ferro, cromo, molibdênio, tungstênio e

cobalto em solução sólida (SILVA, 2010). A Figura 6 apresenta uma

(31)

Figura 6. Micrografia ótica da matriz γ-CFC obtida na microestrutura da liga Inconel 625 forjada.

Fonte: BAKARE et al. (2010)

b) A fase γ’ é uma precipitação do tipo A3B, no qual A normalmente é representada

por elementos eletronegativos como o níquel, cobalto e ferro, B por sua vez é

constituído por elementos eletropositivos como o alumínio, titânio, nióbio e

tântalo. De forma simplificada podemos definir a estequiometria da fase γ’

como (Ni,Co)3(Al,Ti). É uma fase intermetálica que eleva notavelmente a

resistência mecânica da liga, por decorrência da barreira, que a fase impõe a

passagem das discordâncias, exigindo assim tensões superiores para contornar

ou cortar tais precipitados. A morfologia destes precipitados pode ser do tipo

esférico, cúbico e alongado (REED, 2006).

c) Nas novas superligas de níquel endurecidas por precipitação, vêm sendo

utilizado o elemento Nb para a formação de fases que elevam a resistência

mecânica. (NAFFAKH MOOSAVY et al., 2013). Isto resulta em uma fase metaestável denominada γ” (Ni3Nb), na qual apresenta uma estrutura cristalina

tetragonal de corpo centrado em forma de agulhadas. (VANDER VOORT e

COMMITTEE, 2004). A Figura 2 apresenta alguns grãos de fase γ’. A Figura

7a apresenta a morfologia em forma de discos da fase γ” com um tamanho

médio de 23,7 ± 6.4 nm obtida na microestrutura do Inconel 718. A Figura 7b

por sua vez apresenta a mesma fase agora com tamanho médio de 30,0 ± 7,7

(32)

Figura 7. Imagem de transmissão no modo campo escuro da Fase γ” e γ’ com tamanhos diferentes

Fonte: CHANG et al. (2014)

d) Carbonetos e boretos são frequentemente presentes em concentrações acima de

0,2% em peso, combinado com alguns elementos reativos, tais como titânio,

tântalo e háfnio, para formar carbonetos do tipo MC. Durante o processamento

ou serviço, estes podem decompor-se para precipitados do tipo M23C6 e M6C

em torno dos contornos de grãos γ, sendo estes normalmente ricos em elementos como o cromo, o molibdênio e o tungstênio. Já o boro pode combinar-se com

elementos como cromo ou molibdênio para formar boretos ao longo dos

contornos de grão γ (REED, 2006). A Figura 8a apresenta uma imagem de TEM

operando em modo campo claro de um carboneto Cr23C6 identificado na

microestrutura da liga Inconel 686 depositada em um substrato de aço ASTM

A36 e posteriormente envelhecida a 950 °C por 200h. A Figura 8b apresenta o

padrão de difração de elétrons de área selecionada do carboneto Cr23C6

Figura 8. Carboneto de cromo Cr23C6 (a). Padrão de difração de elétrons de área selecionada do carboneto Cr23C6.

Fonte: SILVA (2015)

(33)

e) Outras fases podem ser encontradas em certas superligas, particularmente em

ligas envelhecidas, normalmente precipitadas durante operações de serviço, nos

quais são denominadas fases topologicamente compactas (TCP) e representadas

pelas fases , σ, Laves, P e etc. Estas fases são indesejáveis, pois prejudicam as

principais propriedades das superligas (REED, 2006).

2.4.1Fases Topologicamente compactas

As fases topologicamente compactas ou fases TCP (Topolocally closed-packed) são compostos intermetálicos presentes nas superligas de níquel, no qual são notadamente

indesejáveis (SIMS et al., 1987). São fases formadas por camadas compactas de átomos alinhadas com o plano octaédrico da matriz (γ) (DURAND-CHARRE, 1998; SIMS et al., 1987).

Na soldagem de ligas Ni-Cr-Mo, quantidades excessivas de Ni, Cr, Mo, W e Nb na

região interdendrítica, promovem a formação de diversas fases TCP, dentre elas a fase σ, µ, P

e Laves (AGUIAR, 2010; SILVA, 2010). Além disso, estas fases têm sido associadas com

perdas na ductilidade, nas propriedades mecânicas e na resistência a corrosão (DONACHIE e

DONACHIE, 2002).

2.4.1.1Fase σ

A fase sigma é um composto intermetálico observado em diversos sistemas

binários. É uma fase extremamente frágil e estar presente em diversos sistemas como o Fe-Mo,

por exemplo. A fase sigma mais recorrente possui uma estequiometria do tipo AB, no qual A

são elementos químicos que possuem um grande raio atômico, com estrutura cristalina

tetragonal, com uma preferência por sítios com grande número de coordenação e que

apresentam poucos elétrons no subnível d. Já o B por sua vez são elementos de raio pequeno,

com estrutura cristalina CFC, com uma preferência por sítios com pequeno número de

coordenação e que apresentam muitos elétrons no subnível d. A fase σ baseia-se na

estequiometria AB, mas também pode apresentar uma estrutura mais complexa, FeCr, FeCrMo,

FeCrMoNi, CrNiMo, CoCrNi, CoCrMo (JOUBERT, 2008).

A fase σ apresenta alta dureza e uma elevada fragilidade, que associado a sua

(34)

(DURAND-CHARRE, 1998). Além disso, a fase sigma reduz o limite de resistência a ruptura,

pois a formação da fase σ se dar com o consumo de elementos refratários, que por sua vez são

os responsáveis pelo mecanismo de ganho de resistência por solução sólida (ASM; 1993a).

LONG et al. (2009) realizaram analises em uma liga Ni-Cr-Co com adições de tungstênio, alumínio, titânio e molibdênio, no qual foi aplicado um tratamento térmico de

solubilização à 1100°C por 2 horas e um posterior envelhecimento térmico à 850°C por 5 horas.

Os autores puderam observar na Figura 9 duas morfologias da fase σ. A primeira morfologia

com aparência nodular e a segunda com o formato de placas. Os autores destacaram que a fase σ na forma de placas foi formada a partir da dissolução da fase σ do tipo nodular.

Figura 9. Fase σ (morfologia nodular e em placas) e η.

Fonte: LONG et al. (2009)

2.4.1.2Fase µ

A fase µ é um composto intermetálico duro e frágil, presente em muitos sistemas

envolvendo metais de transição. É uma fase observadas em ligas a base de níquel, cobalto ou

ferro, nos quais são adicionados metais refratários (W, Mo, Nb e Ta), a fim de aumentar a

resistência destas ligas, mecanismo de solução sólida de elementos. A formação da fase µ

incorpora os citados (Ni, Co, Fe, W, Mo, Nb e Ta), empobrecendo desse modo a matriz. Com

isso, há uma redução da resistência mecânica por conta da ausência dos elementos que

promovem a solução sólida, que associada a morfologia na forma de agulhas da fase µ tornam

(35)

A fase µ possui uma estrutura cristalina romboédrica, com estequiometria do tipo

A6B7 (DURAND-CHARRE, 1998). Para compor a estequiométrica da fase µ, A é representada

por elementos que apresentam elétrons no subnível 4d ou 5d, sendo eles o W, Mo, Nb e Ta, já

o B por sua vez pode ser composta por elementos que possuem elétrons no subnível 3d, é caso

do Fe, Ni, Co e Zn (JOUBERT e DUPIN, 2004).

SUGUI et al. (2010) avaliaram uma superliga de níquel com adições de cromo, cobalto, alumínio, tântalo, tungstênio e rênio. A superliga avaliada foi fabricada em um forno

de solidificação direcional a vácuo, desse modo, um único cristal foi solidificado na orientação

[001], na qual posteriormente foi submetida a um tratamento de envelhecimento. A Figura 6

apresenta a microestrutura da mesma liga em três tempos distintos de envelhecimento térmico,

em 50 (Figura 10ª), 100 (Figura 10b) e 150 horas (Figura 10c). Os autores relataram três

morfologias da fase µ, a primeira delas na forma de agulhas (Figura 10ª), a segunda com aspecto

grosseiro (Figura 10b e Figura 10c) e a terceira delas foi sugerida como esférica (Figura 10b e

Figura 10c). Os autores destacaram que a fase µ grosseira se decompôs em fase µ com

morfologia esférica e que este fenômeno aumentava com tempo de envelhecimento térmico.

Além disso os autores apontaram a fase µ na forma de agulhas como a responsável pela redução

da resistência a fluência e por promover o início e a propagação de trincas.

Figura 10. Fase µ com morfologia agulhada em a). Três morfologias da fase µ, grosseira, esférica e agulhada em b) e c)

Fonte: SUGUI et al. (2010).

2.4.1.3Fase P

A fase P apresenta uma estrutura cristalina ortorrômbica, com estequiometria

(36)

P denominada uma variação da fase σ (DURAND-CHARRE, 1998). A composição química tanto da fase P como da fase sigma se assemelham, pois em ambas as fases possuem teores

elevados de W, Mo, Cr, Co e Ni (KONG e CHEN, 2004).

Estudos tem apresentado uma microestrutura na forma de colônias de fase P com

uma morfologia lamelar (Figura 11) rica em Re (NYSTROM et al., 1997; TIN e POLLOCK, 2003). Os relatos ainda sugerem que a interface entre as dendritas e estas colônias são pontos

favoráveis ao início de trincas. Para minimizar a formação destas fases deletérias, normalmente,

é adicionado carbono para reduzir a segregação de elementos refratários responsáveis pela

formação destas colônias de fase P. Desse modo, o carbono reage formando carbonetos ao em

vez de fase P. (TIN e POLLOCK, 2003).

Figura 11. Colônias de fase P com morfologia lamelar.

Fonte: TIN e POLLOCK (2003).

TIN e POLLOCK (2003) Observaram a formação da fase P em lamelas ao

envelhecer a liga SX-2 na temperatura de 1125°C por 100 horas. A Figura 11 apresenta estas

colônias de fase P em dois aumentos distintos, nos quais é possível observar a fase P em lamelas

alternadas com a matriz. Os autores destacaram que a composição química para esta morfologia

(37)

2.5Ligas Ni-Cr-Mo

As ligas Ni-Cr-Mo são classificadas como superligas que apresentam elevada

resistência mecânica, por decorrência da solução sólida majoritariamente promovida pelos

elementos destacados no sistema ternário (cromo e molibdênio). A Figura 12 destaca a projeção

da região liquidus do diagrama ternário para o sistema Ni-Cr-Mo (a) e as isotermas do mesmo sistema nas temperaturas 1250°C (b) e 1200°C (c). Foi inserido uma área pontilhada em cada

diagrama restringindo a composição química para a mais usual destas ligas (cromo entre de

10-30% e o molibdênio de 0-15% em peso) (LIPPOLD et al., 2009).

Figura 12. Digrama de equilíbrio para o sistema ternário Ni-Cr-Mo com a projeção líquida (a) e isotermas a 600 °C (b), 1200 °C (c) e 1250 °C (d).

Fonte: Adaptado de LIPPOLD et al. (2009).

Na Figura 12 nota-se um vasto campo contendo apenas a fase γ, sendo possível a

(38)

Além da matriz γ, as fases σ e P também estão presentes em um campo de estabilidade menor. Observa-se que para uma dada composição é possível estabilizar outras fases em temperaturas

diferentes, por exemplo a 1200°C nota-se o potencial de nucleação de fase σ, ao passo que em temperaturas mais elevadas como 1250°C há apenas a matriz γ compondo a microestrutura. Se analisarmos isoladamente a área selecionada nas isotermas referentes a 1250°C e 1200°C

percebe-se que pequenas variações na temperatura tornam possível a estabilidade de fases

deletérias e isso se deve levar em consideração ao optar-se por algum tratamento térmico ou

processamento de fabricação que utilize elevadas temperaturas como é o caso da soldagem.

Ainda analisando os diagramas, o molibdênio atua na estabilidade das fases

deletérias e para agravar este fenômeno, ele apresenta uma forte tendência a segregar para as

regiões interdendrítica durante a solidificação, principalmente na soldagem (BANOVIC et al., 2002; PERRICONE e DUPONT, 2006; SILVA, 2010).

As superligas da família Ni-Cr-Mo foram desenvolvidas a fim de resistirem à

corrosão em meios aquosos. Pode-se destacar nesta família, as ligas que contêm tungstênio e

níveis mais elevados de molibdênio, pois são ligas que foram projetadas para conferir uma

elevada resistência à corrosão por pites e por frestas, a exemplo disso têm-se as ligas C276, C22

e 686, que apresentam excelente resistência à corrosão por pites e por frestas. Essas

características as tornam aptas a serem aplicadas em plantas de processamento de gases

oriundos da queima de combustíveis fósseis (HODGE, 2006; SILVA, 2010). Estas aplicações

representam ambientes de corrosão com concentrações de cloro acima de 100.000 ppm, além

de espécies oxidantes tais como o cloreto férrico e cúprico em níveis de baixo pH e uma grande

variedade de concentrações de ácido sulfúrico (LIPPOLD et al., 2009).

2.5.1Liga 686

Ao final da década de oitenta, o mundo passou a se preocupar com o tratamento dos

gases oriundos da queima de carvão, e imediatamente para solucionar este problema foram

utilizadas algumas ligas da primeira e da segunda geração de superligas. Optou-se nesta

situação por aplicar as liga 625 (primeira geração), C276 (segunda geração) e C22 (segunda

geração). No entanto, para algumas aplicações em que havia a necessidade de ligas mais

resistentes à corrosão, foi então que em 1992 foi desenvolvido a liga 686 (Ni-21Cr-16Mo-4W),

(39)

A liga 686 possui uma composição química semelhante a liga C-276, pois ambas

apresentam um percentual de molibdênio de 15 a 17% e tungstênio de 3 a 4,5%, sendo o fator

que as diferenciam uma fração percentual de cromo maior presente na liga 686, entre 19 e 23%

(AGUIAR, 2010). Na Tabela 1 temos a composição química da liga 686 segundo a norma

ASTM B 574 (2010a) referente a barras redondas fabricadas com a mesma liga.

Tabela 1 Faixa de composição química para a liga 686 segundo a norma ASTM B 574 (2010a).

Cr Mo W Ti Fe C Mn S Si P Ni

19.0-23.0 15.0-17.0 3.0-4.4 0.02-0.25 2.0 máx. 0.01 máx. 0.75 máx. 0.02 máx. 0.08 máx. 0.04 máx. Bal.

Fonte:Norma ASTM B 574 (2010a).

A liga 686 foi desenvolvida com o objetivo de resistir em meios oxidantes,

redutores ou, até mesmo, pela mistura dos dois meios. Ela demonstra elevada resistência à

corrosão em ambientes marinhos, em plantas de processamento químico e em torres de

dessulfuração (AGUIAR, 2010). Também pode ser utilizada para a soldagem dissimilar de

dutos, por decorrência do seu elevado limite de escoamento e resistência à corrosão em meios

agressivos (MALTIN et al., 2014). A Tabela 2 apresenta as principais propriedades mecânicas desta liga extraído da norma ASTM B 574 (2010a).

Tabela 2. Propriedades mecânicas da liga 686 segundo a norma ASTM B 547 (2010a).

Propriedades mecânicas

Limite de resistência a tração 690 Mpa mín.

Limite de escoamento 310 Mpa mín.

Alongamento percentual após a ruptura a 50mm 45% mín.

Fonte: Norma ASTM B 574 (2010a).

Apesar de ser uma liga desenvolvida há pouco mais de 20 anos, a sua microestrutura

quando soldada ainda não está bem relatada na literatura, sobretudo quanto a segregação dos

(40)

2.5.1.1 Resistencia a corrosão da liga 686

A liga 686 é uma superliga de níquel com a presença de Mo, Cr e W em solução

sólida e com uma fração de Fe controlada de até 5%. Estes elementos além de promoverem um

aumento de resistência por solução sólida, eles são responsáveis por elevar a resistência a

corrosão da liga. No entanto, o Mo, Cr e W, quando segregados para as regiões interdendrítica,

são os formadores de fases TCP, que por sua vez são fases deletérias que diminuem a resistência

a corrosão localmente (AGUIAR, 2010; SILVA, 2010; SILVA, 2015).

O cromo é o principal elemento responsável pela resistência a corrosão. A partir do

cromo é formado uma camada de óxido (Cr2O3) com elevada aderente na superfície do material.

O cromo aumenta resistência a corrosão em meios contendo ácidos nítrico (HNO3) e ácido

crômico (H2CrO4). Além disso, percentuais de cromo acima de 20% na liga, aumentam a

resistência a corrosão em elevadas temperaturas (TANCRET et al., 2003).

O molibdênio e o tungstênio são relatados como os elementos que aumentam a

resistência à atmosferas ácidas não oxidante e corrosão localizadas, tais como pites e frestas

(MISHRA e SHOESMITH, 2014).

A Figura 13 apresenta um mapeamento químico de alguns precipitados observado

na microestrutura de um dado revestimento soldado com liga 686. O molibdênio apresentou

uma elevada concentração no centro da fase TCP, ao passo que na interface entre precipitado e

matriz há um drástico empobrecimento. Também é possível observar um empobrecimento de

Ni e Fe no precipitado. O cromo e o tungstênio por sua vez não apresentaram alterações

significativas (SILVA, 2010).

Estas regiões de empobrecimento e enriquecimento de elementos de liga alteram as

propriedades localmente, podendo reduzir a resistência a corrosão nestas regiões.

SILVA (2010), realizou polarização cíclica com solução de 3,56% de NaCl em um

revestimento de liga 686 soldada sobre um substrato de aço ASTM A516 GR60. A Figura 14

apresenta a micrografia das amostras após o ensaio de corrosão, no qual é possível observar

(41)

Figura 13. Mapeamento químico de precipitados obtidos na zona fundida da liga 686 soldada.

Fonte: SILVA (2010).

Figura 14. Micrografia de MEV da superfície do corpo de prova de liga 686 após ensaio de polarização.

(42)

Para a avaliação da resistência a corrosão por pites das ligas a base níquel como a

686, o método C da norma ASTM G48 tem sido reportado como adequado (AGUIAR, 2010).

É um teste de imersão que submete a liga a uma solução de 6% cloreto férrico com 1% ácido

clorídrico sob uma temperatura que inicialmente pode ser estimada segundo a equação (ASTM

G48, 2011):

� ° = . � % � + . � % � + . � − . Equação 1

A avaliação após o ensaio é visual e caso a amostra não apresente falha na primeira

temperatura estabelecida, é então proposto um acréscimo de 5°C progressivo até atingir 85°C.

Nota-se que para a liga 686 fundida, que possui 19% de Cr e 15% Mo, a temperatura inicial

deveria ser aproximadamente 120°C, portanto, muito acima da temperatura máxima imposta

pela norma (ASTM, 2011). Isso pode explicar a razão na qual a liga 686 não apresenta falha

nem mesmo na condição mais extrema proposta pela norma (AGUIAR, 2010). No entanto,

condições de solidificação fora do equilíbrio, como é o caso da soldagem, a microestrutura

resultante apresenta gradientes composicionais que reduzem a resistência a corrosão. Além

disso, a diluição com o metal de base reduz o percentual global dos principais elementos de liga

responsáveis pela resistência a corrosão, desse modo, tornando o material susceptível à

corrosão, ao ponto de falhar sob ensaio controlado, a baixo da temperatura estipulada como teto

da norma.

AGUIAR (2010) avaliou revestimentos depositados utilizando o processo

MIG/MAG com eletrodo de liga 686. O autor realizou testes de imersão em cloreto férrico com

adição de HCl de acordo com as especificações da norma ASTM G48, com o objetivo de avaliar

a resistência à corrosão por pites dos revestimentos. O autor constatou que o metal de solda

depositado com a liga AWS ER NiCrMo-14 não falhou mesmo com a aplicação da máxima

temperatura (85°C) recomendada pela norma.

2.6Metalurgia da Soldagem

A soldagem é um processo de fabricação amplamente utilizado nas indústrias em

geral, apesar dos desafios metalúrgicos que são inerentes ao método. Soldar ligas à base de

níquel é, por sua vez, um desafio metalúrgico ainda maior. Isso porque há uma vasta

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