• Nenhum resultado encontrado

A relação entre sintomas depressivos e habilidades sociais em adolescentes do ensino fundamental

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "A relação entre sintomas depressivos e habilidades sociais em adolescentes do ensino fundamental"

Copied!
80
0
0

Texto

(1)

MARIA LUZIA DA SILVA SANTANA

A RELAÇÃO ENTRE SINTOMAS DEPRESSIVOS E HABILIDADESSOCIAIS EM ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Psicologia.

Orientadora: Drª. Erenice Natália Soares de Carvalho.

Coorientadora: Drª. Cláudia Cristina Fukuda.

(2)

S232r Santana, Maria Luzia da Silva.

A relação entre sintomas depressivos e habilidades sociais em adolescentes do ensino fundamental. / Maria Luzia da Silva Santana

– 2014.

80 f.; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2014. Orientação: Profa. Dra. Erenice Natália Soares de Carvalho Coorientação: Profa. Dra. Cláudia Cristina Fukuda

1. Psicologia. 2. Depressão na adolescência. 3. Conscientização social. 4. Interação social em adolescentes. I. Carvalho, Erenice Natá-lia Soares de, orient. II. Fukuda, Cláudia Cristina, coorient. III. Título.

CDU 159.922.8

(3)
(4)

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos aqueles que diretamente ou indiretamente contribuíram para a finalização dessa etapa da minha vida.

A nossa gratidão aos adolescentes, professores, diretor e demais funcionários da escola.

Agradeço as professoras Erenice e Cláudia que apostaram em mim e contribuíram efetivamente no processo de construção deste trabalho.

E aos meus familiares pelo apoio durante esse processo de formação.

(5)

RESUMO

SANTANA, Maria Luzia da Silva. A Relação entre Sintomas Depressivos e Habilidades Sociais em Adolescentes do Ensino Fundamental. 2014, 80 f. Dissertação de Mestrado em Psicologia, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2014.

Essa pesquisa teve como objetivo geral descrever a relação entre sintomas depressivos e o repertório de habilidades sociais em adolescentes, relacionando os níveis de depressão à frequência e dificuldades de habilidades sociais. Como objetivos específicos, identificar os níveis de depressão apresentados pelos participantes, caracterizar o repertório de habilidades sociais dos adolescentes e contribuir com a construção de conhecimento sobre a depressão na adolescência na perspectiva das interações sociais. Participaram 153 adolescentes com idades entre 12 e 17 anos de uma escola pública localizada em Planaltina, no Distrito Federal. Foram aplicados três instrumentos: o questionário sociodemográfico, que contém sete questões que possibilitam caracterizar os participantes nos aspectos sociais e escolares; o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), que detecta sintomas depressivos conforme os critérios sintomáticos de Episódio Depressivo Maior; e o Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes Del Prette (IHSA- Del Prette) que caracteriza as interações sociais de adolescente entre 12 e 17 anos nos vários contextos e com diferentes interlocutores conforme a frequência e dificuldade na emissão de comportamento de interações sociais. Esses instrumentos foram aplicados coletivamente em uma sala reservada para essa finalidade. Na análise preliminar dos dados, verificou-se a existência de outliers e de dados perdidos (missings). A normalidade dos dados dos participantes foi verificada por meio dos testes Kolmogorov-Smirnov e do teste Shapiro-Wilk. Também, analisaram-se a consistência interna do BDI-II e do IHSA- Del Prette mediante o teste Alpha de Cronbach. Os escores brutos apresentados pelos participantes no IHSA-Del Prette foram convertidos em posição percentílica e caracterizados quanto à frequência e à dificuldade de habilidades sociais. Os níveis de sintomatologia depressiva foram aferidos por meio da soma dos pontos de cada item do BDI-II e foram posicionados nos níveis: mínimo, leve, moderado e grave de depressão. Na análise de correlação, empregou-se o teste de Coeficiente de Correlação de Pearson; na verificação das diferenças entre níveis de sintomas depressivos por sexo, usou-se o Teste t. Quatro participantes apresentaram nível moderado de sintomas depressivos e cinco adolescentes, nível grave. Desses, sete foram do sexo feminino. Encontrou-se diferenças entre os níveis de sintomas depressivos apresentados pelo sexo feminino e masculino, sendo que as adolescentes apresentaram índices de sintomatologia depressiva mais elevada que os adolescentes. Não houve diferenças significativas entre as médias nos escores de frequência e de dificuldade de habilidades sociais entre os sexos. Encontrou-se uma correlação inversa entre depressão e frequência de habilidades sociais e uma correlação positiva entre depressão e dificuldade de habilidades sociais, o que sugere uma relação entre sintomas depressivos e repertório de habilidades sociais em adolescentes.

(6)

ABSTRACT

The aim of this research is to describe the relation between depressive symp-toms and social skills in teenagers, relating the depression levels to the fre-quency and difficulties in social skills. The main goals in this work were to identi-fy the participants depression level, characterize the teenagers´ social skills and to contribute to the building knowledge about depression in teenagers from the social interactions perspective.153 teenagers between 12 and 17 years old from a public school located in Planaltina, Distrito Federal took part of this research. Three instruments has been applied in the work: the demographic questionnaire with seven questions that enable to characterize the social and educational as-pects of the participants; the Beck Depression Inventory ( BDI - II ) , which de-tects depressive symptoms as symptomatic criteria for Major Depressive Epi-sode; and Social Skills Inventory for Teenagers Del Prette (IHSA - Del Prette) featuring social interactions in teenagers between 12 and 17 years old in vari-ous contexts and with different interlocutors as frequency and difficulty in issu-ing behavior in social interactions. These instruments have been applied in a reserved room prepared for this purpose. In preliminary analysis of the data, we verified the existence of outliers and missing data. The participants data normal-ity has been verified by the Kolmogorov - Smirnov and the Shapiro - Wilk tests. We also analyzed the internal consistency of the BDI - II and IHSA - Del Prette by the Cronbach's Alpha test. The participants scores in IHSA - Del Prette were converted to percentile and characterized as the frequency and difficulty of so-cial skills position.The depressive symptoms levels have been measured by the sum of points for each item of the BDI - II and they have been placed in differ-ents depression levels : minimal, mild, moderate and severe. In the correlation analysis, we used the coefficient of Pearson's correlation test; for the verification of diferences in depressive symptoms levels by gender, we used the t test. Four participants had a moderate level of depressive symptoms and five teenagers had serious level. Among them seven were females. Differences in the depres-sive symptoms levels have been reported by males and females, and the fe-males teenagers had higher rates of depressive symptoms than the fe-males ones. There were no significant differences in the frequency and difficulty in so-cial skills mean scores between the genders. We found an inverse correlation between depression and social skills frequency and a positive correlation be-tween depression and social skills difficulty, suggesting a relation bebe-tween de-pressive symptoms and social skills in teenagers.

(7)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Frequência de idades por sexo ... 35

Tabela 2- Renda familiar dos participantes ... 35

Tabela 3- Consistência interna das subescalas do IHSA-Del Prette afe-rida por meio dos dados da pesquisa... 43

Tabela 4- Frequência de habilidades sociais por idade ... 45

Tabela 5- Frequência de habilidades sociais por sexo... 45

Tabela 6- Dificuldade de habilidades sociais por idade ... 46

Tabela 7- Dificuldade na emissão de habilidades sociais por sexo... 47

Tabela 8- Níveis de sintomas depressivos por idade ... 49

Tabela 9- Níveis de sintomas depressivos por sexo ... 50

Tabela 10- Relação entre sintomas depressivos e frequência de habilidades sociais ... 56

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO‎………...…. 10

1. REFERENCIAL TEÓRICO ………... 13

1.1 ADOLESCÊNCIA ... 13

1.1.1 A depressão na adolescência ... 14

1.1.1.1 Pesquisas brasileiras sobre depressão em adolescentes ... 18

1.2 AS HABILIDADES SOCIAIS ... 25

1.2.1 Habilidades sociais: conceitos e caracterizações... 27

1.2.2 Habilidades sociais e depressão em adolescentes ... 29

2.‎OBJETIVOS‎……….…... 33

2.1 OBJETIVO GERAL ……….…... 33

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ………... 33

3.‎RECURSOS‎METODOLÓGICOS‎……... 34

3.1 QUESTÕES ETICAS ... 34

3.2 PARTICIPANTES ... 34

3.3 INSTRUMENTOS ... 36

3.3.1 Questionário Sociodemográfico ... 36

3.3.2 Inventário de Depressão Beck BDI-II ... 36

3.3.3 Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes- Del Prette (IHSA- Del Prette)... 37

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DOS DADOS ... 39

3.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS ... 40

4. RESULTADOSE DISCUSSÃO ... 42

4.1 EXPLORAÇÃO INICIAL DOS DADOS ... 42

4.2 AS HABILIDADES SOCIAS NOS ADOLESCENETS... 43

4.3 OS SINTOMAS DEPRESSIVOS NOS ADOLESECNTES ... 49

4.4 A RELAÇÃO ENTRE SINTOMAS DEPRESSIVOS E HABILIDADES SOCIAIS... 53

(9)

REFERÊNCIAS‎………... 62

APÊNDICES ... 71

APÊNDICE A- Questionário Sociodemográfico ... 72

APÊNDICE B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o responsável ... 73

APÊNDICE C-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o adolescente ... 75

APÊNDICE D- Carta Convite ... 77

ANEXO ... 78

(10)

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde - OMS (2013) indica que cerca de 20% dos jovens apresentam algum tipo de transtorno mental, como transtornos de humor, abuso de substâncias, comportamento suicida e transtornos alimentares. Em uma revisão de literatura sobre epidemiologia dos transtornos depressivos em crianças, Bhals (2002) apontou a prevalência de 0,4 a 3,0% de depressão em crianças e de 3,3 a 12,4% em adolescentes.

Esses índices demonstram que, tendo como referência a infância, houve um aumento significativo de depressão na adolescência (BHALS, 2002; OMS,

2000). Conforme Bhals (2002, p.360), ―[...] a depressão maior na infância e na

adolescência apresenta natureza duradoura e pervasiva, afeta múltiplas funções e causa significativos danos psicossociais‖. Bhals e Bhals (2002) salientam a relevância de pesquisa na temática da depressão na adolescência, uma vez que se observam índices crescentes e elevados do transtorno nessa população específica, em muitos casos levando ao suicídio.

Conforme Baptista e Assunção Jr. (1999), o problema da incidência da depressão entre os jovens brasileiros deveria ser melhor analisado pelas políticas públicas, visando obter informações mais criteriosas sobre a quantidade de crianças e adolescentes que convivem com sintomas de depressão e, por meio desses dados, desenvolver programas de tratamento, assim como medidas preventivas para casos dessa natureza, que parecem ser mais rotineiros do que se pensa.

Conforme aponta Bhals (2004), o tratamento da depressão é mais eficaz no começo da patologia. Portanto, é relevante que os casos sejam precocemente identificados e tratados. Nesse sentido, é importante que profissionais e demais pessoas que convivam com adolescentes tenham informações a respeito da manifestação da depressão e dos fatores associados nessa população. Essa medida pode favorecer uma identificação precoce nessa fase do desenvolvimento e evidenciar a importância de pesquisas com foco nessa temática.

(11)

CREWS, 2004; HOROWITZ, 2007; ROCKHILL et al., 2009; YOUNG; MUFSON; GALLOP, 2010). Adolescentes deprimidos se beneficiam do treino de habilidades sociais. Eles podem ser instruídos a observar seus pares e a imitar situações nas quais eles se sentem desconfortáveis ou inseguros devido às normas sociais esperadas (FRIDIBERG; McCLURE, 2004).

No Brasil, são escassas as pesquisas que discutem a relação entre sintomas depressivos e habilidades sociais, o que indica a importância de investigações científicas que abordem a questão (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). Tal constatação justifica a realização do presente trabalho, cujo propósito é contribuir para esse debate de interesse para as áreas de saúde, educação e desenvolvimento humano.

Assim, o estudo é relevante por contribuir para o preenchimento das lacunas de pesquisas no Brasil que discutam a relação entre habilidades sociais e depressão na adolescência, apesar de constituir um tema abordado em outros países, como se verifica na revisão compreensiva de literatura (CAMPOS, 2009, 2010; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009, 2010; GALLOP, 2010; GOLDSTEIN; MIKLOWITZ; MULLEN, 2006; GRESHAM; COOK; CREWS, 2004; GUNLICKS-STOESSEL et al., 2010; COOK; CREWS, 2004; HOROWITZ et al., 2007; SEGRIN, 2000; ROCKHILL el al., 2009; WITVLIET et al., 2010; YOUNG; MUFSON; GUNLICKS-STOESSEL, 2010).

Estudos com esse foco possibilitam ampliar as discussões e melhores condições de prevenção, controle, diagnóstico, acompanhamento e medidas psicoeducativas direcionadas à adolescência. Destaca-se a importância de investigações que abordam fenômenos associados (como as habilidades sociais) como medidas preventivas e de superação de sintomas e indicadores de depressão.

(12)

desenvolvidos no país e os instrumentos usados para rastrear sintomas indicativos de sintomas depressivos nessa população.

(13)

1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 A ADOLESCÊNCIA

O vocábulo ‖adolescência‖ é de origem latina adolesço - que significa

―crescer‖ (COLE; COLE, 2003). Trata-se de um período compreendido entre a

infância e a fase adulta, marcado por um complexo processo de crescimento e desenvolvimento biopsicossocial (BRASIL, 2005). A Organização Mundial da Saúde delimita a adolescência entre 10 e 19 anos de idade, referência também adotada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 1996, 2005).

O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (BRASIL, 1990) situa a adolescência entre 12 e 18 anos de idade. Caracterizar o período da adolescência unicamente como faixa etária representa uma forma muito simplificada de observá-la. Ela abrange a transformação do jovem até a idade adulta (CAVALCANTE; ALVES; BARROSO, 2008).

Além do aspecto cronológico, também critérios biológicos, psicológicos e sociais devem ser considerados na abordagem conceitual da adolescência (BRASIL, 2005). Admite-se, em geral, que essa fase do desenvolvimento humano tem início a partir das mudanças físicas que ocorrem durante a puberdade. Apesar de a puberdade e a adolescência se relacionarem, elas correspondem a dois fenômenos específicos (PRATTA; SANTOS, 2007).

Conforme Cole e Cole (2003), o desenvolvimento biológico conhecido como puberdade transforma o jovem de um estado de imaturidade física para um estado de capacidade e maturidade biológica. Ainda salientam que, nas sociedades, as transformações biológicas associadas à puberdade têm um expressivo significado sociocultural, assim como também psicológico. As consequências psicológicas e sociais desse período variam conforme as especificidades culturais e pessoais.

(14)

consolidando por meio de mudanças de caráter social, sexual e de gênero, ideológico e vocacional (BRASIL, 2005).

Cada pessoa vivencia esse período de modo diferente, a depender de sua maturidade física, emocional e cognitiva, assim como de outras contingências (UNICEF, 2011). A Organização Mundial da Saúde considera a adolescência como um período de rápido desenvolvimento no qual os jovens adquirem novas habilidades e que representa uma fase fundamental para o desenvolvimento de práticas sociais e educativas saudáveis.

A adolescência tende a ser um tempo de oportunidades, idealismo e esperança. Durante esse período, os adolescentes entram no mundo do trabalho ou avançam em sua educação (UNICEF, 2011). Essa fase é caracterizada pelo desenvolvimento do autoconceito, autoestima e de conceitos mais elaborados, pelo aumento das responsabilidades sociais, familiares, aprendizado de normas, conceitos sociais e morais (BAPTISTA; BAPTISTA; DIAS, 2001).

Por ser um período de grandes mudanças, pode acontecer inquietação, dúvidas e transformações no comportamento (BAPTISTA, 1999). Papalia, Oldes e Feldman (2000) pontuam que, geralmente, os adolescentes passam pela adolescência sem problemas físicos ou emocionais, conquanto considerem a possibilidade de apresentarem problemas psicossociais, a exemplo da depressão. Sobre esse aspecto, Sukiennik et al. (2000), sugerem que a adolescência é o período de maior vulnerabilidade para o aparecimento de sintomas depressivos, tema que será desdobrado na seção seguinte.

1.1.1 A depressão na adolescência

(15)

O sentimento de tristeza, afeto depressivo e cognição depressiva podem fazer parte da experiência de muitas pessoas, sem constituir, necessariamente, um transtorno mental (ABRAMOVITCH; MOREIRA, 2008). Para Bhals (2000), a depressão, como transtorno do humor, não é sinônimo de tristeza ou infelicidade, mesmo que a infelicidade seja um componente comum do humor depressivo.

Segundo Baptista (1999), não se observa um fator específico único e predeterminante para o desencadeamento, desenvolvimento e manutenção da depressão. Portanto, é relevante considerar uma visão multifatorial para a compreensão desse construto, incluindo-se fatores genéticos, psicológicos e sociais no seu desenvolvimento.

A manifestação depressiva é multivariada. Está relacionada com as variáveis dos contextos de desenvolvimento do adolescente, a maneira como ele percebe o mundo, as crenças a respeito de si mesmo e com os fatores genéticos. Desse modo, a depressão agrega uma combinação de vários sintomas (LIMA, 2004) e manifesta-se de muitas formas (FRIESERBERG; MCCLURE, 2004). Pode ocorrer nesse transtorno o aparecimento de sintomas inespecíficos de grande espectro (FONSECA; FERREIRA; FONSECA, 2005), bem como manifestações heterogêneas (BHALS, 2002).

No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV-TR (APA, 2000), a Associação Psiquiátrica Americana indica características similares para os Transtornos Afetivos Depressivos em adolescentes e adultos. Segundo o manual, as pessoas com Transtorno Depressivo podem experimentar, consistentemente, sintomas como: humor deprimido; perda de interesse ou prazer, em um período mínimo de duas semanas sem ter prazer em quase todas as tarefas desenvolvidas; diminuição do interesse ou prazer; perda ou ganho significativo de peso; distúrbios do sono; agitação ou retardo; fadiga ou perda de energia; sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada; capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se; indecisão; pensamentos de morte recorrentes; ideação suicida recorrente sem que haja um plano específico para cometer suicídio.

(16)

neurovegetativos, ideativos e cognitivos relacionados à autovalorização, à volição e à psicomotricidade, além de sintomas psicóticos e fenômenos biológicos associados (CRIVELATTI; DURMAN; HOFSTATTER, 2006; MONTEIRO et al., 2007).

Além do mais, nos adolescentes, os sintomas depressivos podem manifestar-se mediante a perda de interesse nas tarefas antes consideradas atrativas, uma espécie de mau-humor constante diante de atividades como

esportes, jogos e brincadeiras (WALTHIER; DELL’AGILIO, 2007). Os principais

sintomas depressivos nos adolescentes são: irritabilidade e instabilidade; humor deprimido; perda de energia; desmotivação e desinteresse; retardo psicomotor; sentimentos de desesperança e/ou culpa; alteração do sono; isolamento; dificuldade de concentração; prejuízo no desempenho escolar; baixa autoestima, ideação e comportamento suicida (BAHLS, 2002).

Há possibilidades de a depressão na adolescência ocorrer de forma mascarada. Assim, ela pode ser subdiagnosticada com a presença de sintomas inespecíficos, como, por exemplo, preocupação com dores, disforia, agressividade, dores abdominais, cefaleia e baixa autoestima (FONSECA; FERREIRA; FONSECA, 2005).

Há diferenças na manifestação da depressão entre os adolescentes do sexo feminino e do sexo masculino. De acordo com Bahls e Bahls (2002), as meninas relatam mais sintomas subjetivos como sentimentos de tristeza, vazio, tédio e ansiedade. Nesse sentido, elas têm mais preocupação com popularidade, menos satisfação com a aparência, mais conscienciosidade, menos autoestima. Enquanto os adolescentes relatam mais sentimentos de desprezo, desafio e desdém e demonstram problemas de conduta.

(17)

De acordo com Bohman et al. (2010), as adolescentes com sintomas depressivos recorrem a consultas ambulatoriais devido a problemas somáticos e os adolescentes demandam mais assistência ambulatorial devido ao abuso de drogas. Para Marcelli e Braconnier (2007), as adolescentes podem apresentar mal-estar devido às preocupações com a imagem do corpo, peso e dores difusas. Segundo esses pesquisadores, os adolescentes revelam sua depressão de uma forma comportamental, agressiva, descarregando sua tensão e sofrimento com a imagem negativa de si mesmos, muitas vezes dissimulada por uma aparente insolência ou reação violenta.

Outros estudos demonstram que os sintomas depressivos podem variar com a idade. Adolescentes com a sintomatologia depressiva apresentam características diagnósticas parecidas, semelhantes ou próximas aos de adultos (BAHLS, 2002; FONSECA; FERREIRA; FONSECA, 2005; LIMA 2004). No adolescente, a irritação do humor pode acontecer ao invés da tristeza (BAHLS, 2002).

A fase da adolescência apresenta dificuldade específica para o diagnóstico de depressão (KHALIL et al., 2010; SALOMA et al., 2009), uma vez que constitui um período de vida com muitas mudanças biopsicossociais e suas peculiaridades dificultam a identificação da depressão nos adolescentes. Nessa direção, Garber (2006) salienta que, por ser uma etapa marcada por mudança e transição, com a reorganização biopsíquica que afeta os aspectos físicos, sexuais, cognitivos, sociais e emocionais, a adolescência torna o quadro clínico da depressão complexo. Para o pesquisador, a depressão tem uma estrutura complexa e multifatorial causal.

(18)

Do ponto de vista de Pauneskua et al. (2008), o contexto familiar está implicado no risco e na proteção da depressão, sendo que as relações familiares, inclusive a proximidade com os membros da família, são importantes para prever o curso de episódios depressivos. Assim, as famílias não podem ser ignoradas no tratamento da depressão.

Convém observar que outras variáveis podem constituir fatores de risco para a depressão. Nesse sentido, Boutelle et al. (2012) associou o excesso de peso com o desenvolvimento da depressão em 496 adolescentes do sexo feminino. Os resultados do estudo sugeriram que a obesidade está associada e constitui um fator de risco para sintomas depressivos. Por outro lado, fatores relacionados à insatisfação corporal, menor apoio social e outros, de natureza comportamental, podem colaborar para o desenvolvimento da depressão.

Ainda no sentido de pesquisar variáveis associadas à depressão, o estudo de Luiz, Gorayeb e Liberatore Júnior (2010) avaliou a ocorrência desse transtorno com problemas comportamentais e competência social em 90 crianças e adolescentes. Os participantes do estudo tinham idades entre 7 e 13 anos, sendo 60 obesos e 30 não obesos (grupo controle). Os dados coletados mediante o Children’s Depression Inventory- (CDI) e o Inventário de

Comportamentos da Infância e Adolescência (CBCL) indicaram que 43,3% das crianças obesas apresentaram índice elevado de sintomatologia depressiva.

Como abordado, os estudos sobre depressão trazem indícios de que esse fenômeno na adolescência está associado a diversas variáveis, entre elas, obesidade, contexto familiar e competência social. Pesquisas desenvolvidas no Brasil que ampliam a discussão serão apresentadas na próxima seção, focalizando principalmente os instrumentos utilizados nas investigações.

1.1.1.1 Pesquisas brasileiras sobre depressão em adolescentes

(19)

MEDEIROS, 2008; CRUVINEL; BORUCHOVITCH; SANTOS, 2008; GOLFETO et al., 2002; JATOBÁ; BASTOS, 2007; ROCHA et al., 2006; SANTOS, 2009;

WATHIER; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 2008).

Os estudos de validação do CDI no Brasil apontam que essa escala possui condições de realizar o reconhecimento e a triagem de sintomas depressivos (COUTINHO; CAROLINO; MEDEIROS, 2008; CRUVINEL; BORUCHOVITCH; SANTOS, 2008; GOLFETO et al., 2002; WATHIER;

DELL’AGLIO; BANDEIRA, 2008).

Foi realizada uma pesquisa para comparação de duas versões do CDI por Cruvinel, Boruchovitch e Santos (2008), sendo uma delas adaptada no Brasil por Gouveia et al. (1995) e a outra, original de Kovocs (1992). O resultado sugeriu que a versão original possui um índice mais alto de consistência interna, quando comparada à versão reduzida brasileira.

Ainda nesse sentido, Fernandes e Castro (2011) usaram o CDI para avaliar a incidência de sintomas depressivos em 40 crianças de escola pública e 40 de escola privada com idades entre 7 e 11 anos em São Paulo. Os pesquisadores sugeriram que fatores educacionais relacionados diretamente a aspectos socioculturais interferiram nos resultados do estudo e na aplicação literal do CDI, apontando a necessidade de um aperfeiçoamento do instrumento em seus procedimentos de aplicação.

Além disso, há pesquisas em andamento com o intuito de desenvolver e validar instrumentos brasileiros, a exemplo, os estudos de Pereira e Amaral (2007) da Escala de Avaliação da Depressão para Crianças e a pesquisa de Leite (2011) sobre a Escala de Depressão Infanto-Juvenil (EDEP-IJ) do grupo de avaliação psicológica da Universidade de São Francisco. Esses estudos, de caráter psicométrico, têm ampliado o debate sobre a avaliação da depressão na adolescência no contexto brasileiro.

(20)

aferidas pelas escalas de Hamilton, apontando a prevalência de sintomas depressivos expressivos de 59,9% e de ansiedade de 19,9%. Além do mais, a ideação suicida/tentativa de suicídio foi mencionada por 34,3% dos adolescentes, com uma associação significativa de ideação suicida com grau leve ou moderado de sintomas depressivos e moderado de ansiedade. Também Silva (2011) investigou as duas variáveis entre 25 jovens com idade de 16 a 20 anos, submetidos a medidas socioeducativas na cidade de Planaltina-DF, tendo utilizado o Inventario de Ansiedade de Beck - BAI e o Inventário de Depressão de Beck- BDI. Os resultados revelaram níveis elevados de ansiedade e depressão, quando comparados com a média dos adolescentes no Brasil.

Os resultados do estudo de Silva (2011) apontam variação nos valores do BDI com valor mínimo de 5 pontos e máximo de 36, sendo contabilizados

níveis ―mínimos‖ de depressão em quatro participantes, ―leves‖ em doze

participantes e grave em um participante do estudo. Os valores do BAI variaram entre os participantes com valor mínimo de 4 pontos e máximo de 49,

sendo contabilizados níveis ―mínimos‖ de ansiedade em dois participantes,

―leves‖ em nove participantes, ―moderado‖ em nove e grave em cinco

participantes do estudo.

(21)

Wathier e Dell’Aglio (2007), usando o Inventario de Eventos Estressores

na Infância e Adolescência (IEEIA) e o CDI, verificaram a manifestação de sintomas depressivos e a frequência e o impacto de eventos estressores em crianças e adolescentes institucionalizados e não institucionalizados. Os participantes do estudo foram 257 crianças e adolescentes entre 7 a 16 anos, de ambos os sexos, 130 moradores de abrigos de proteção e 127 residentes com familiares na região metropolitana de Porto Alegre. Os resultados da pesquisa mostraram médias mais altas no grupo institucionalizado, com 17,21% do total da amostra para um provável diagnóstico de depressão. Foram encontradas diferenças entre os sexos e entre os contextos, no impacto atribuído aos eventos estressores.

Outros estudos, como as investigações de Santos (2009) e de Teodoro, Cardoso e Freitas (2010) sugerem uma possível associação entre suporte familiar e sintomas depressivos na adolescência. Santos (2009) usou a Ficha de Dados Sociodemográficos, o Inventário de Depressão de Beck-II (BDI-II) e o Inventário de Percepção de Suporte familiar (IPSF) para investigar a prevalência de indicadores de depressão em 175 adolescentes com idade entre 15 e 19 anos em Belo Horizonte e a relação com o nível de apoio e suporte familiar percebido por eles. Os resultados do estudo apontaram 21,8% da amostra com escore indicativo de depressão, no BDI-II, sendo 18,9% de depressão moderada e 2,9% de depressão grave. Apesar da correlação entre os escores do IPSF e do BDI-II ter sido fraca, a maioria dos adolescentes que apresentou escore equivalente à depressão grave ou moderada tinha uma percepção de baixo suporte familiar.

(22)

O estudo transversal de Avanci, Assis e Oliveira (2008), com 1.923 alunos das 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 1º e 2º anos do Ensino Médio de escolas públicas e privadas de um município do Rio de Janeiro, aferiu a sintomatologia depressiva por meio de itens da SRQ-20 e da escala de resiliência. Os dados demonstraram que 10% dos adolescentes apresentavam sintomatologia depressiva. No estudo, os fatores familiares que estiveram associados à depressão nos participantes foram: estrutura familiar menos preservada, formada por padrasto/madrasta ou sem figuras parentais; relacionamento regular/ruim entre familiares próximos; ausência ou pouca orientação familiar; pouco apoio emocional e baixa interação positiva. Além disso, a ocorrência de eventos estressantes no contexto familiar esteve relacionada à demonstração de sintomas depressivos. Dentre eles, problemas financeiros, de saúde, com o uso de álcool e drogas, relação conjugal dos pais, prisão/indiciamento de um familiar, severa violência física cometida pelo pai e pela mãe contra o adolescente, violência no contexto familiar.

A pesquisa de cunho quantitativo e qualitativo, realizada por Ribeiro et al. (2007), com o objetivo de apreender as representações sociais da depressão elaboradas por crianças de uma escola da rede pública de ensino da cidade de João Pessoa - PB, sugeriu uma provável associação entre a relação familiar e depressão em adolescentes. Essa pesquisa, com amostra não probabilística, intencional e acidental, incluiu 370 crianças e adolescentes entre 7 e 12 anos.

Para selecionar os participantes da segunda etapa desse estudo, utilizou-se o Children’s Depression Inventory- CDI. Os resultados indicaram que 22 participantes, ou seja, 5,95% da amostra apresentou sintomatologia depressiva. Nessa etapa, adotou-se o desenho-estória como instrumento e os achados demonstraram a pessoa depressiva como isolada, sem amigos e com medo de ser rejeitada. Essas representações sociais, ancoradas na esfera psicossocial, sugeriram que os participantes com indicativo de depressão podem ter comprometimento nos laços afetivos e sociais com seus pares e familiares.

(23)

as representações sociais (RS) da depressão de adolescentes com e sem sintomatologia depressiva. Os participantes do estudo foram 210 adolescentes com idade entre 14 e 18 anos. As representações sociais da depressão apresentadas pelos participantes evidenciaram o quanto esta pode intervir de forma significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral do adolescente. Os dados da pesquisa indicaram que as representações sociais dos estudantes sem sintomatologia basearam a depressão na morte e na dor, ao passo que os adolescentes com sintomatologia depressiva basearam-se na solidão e na droga. Monteiro, Coutinho e Araújo (2007) alegam que as manifestações camufladas do sofrimento são apresentadas em forma de inquietação, rebeldia, preocupações somáticas e hipocondríacas, fugas, baixa autoestima, sentimentos de inferioridade sobre si mesmos, condutas antissociais e impulsividade.

Ademais, o estudo de Souza et al. (2008), verificou a prevalência da sintomatologia depressiva e identificou fatores associados em 1.145 adolescentes de 11 a 15 anos, da cidade de Pelotas. Encontrou-se uma prevalência de depressão de 2,1% associada à baixa condição socioeconômica, histórico de fracasso acadêmico, ausência de prática religiosa, abuso de álcool nos últimos 30 dias e indicativo de transtorno de conduta.

De maneira aproximada, o estudo transversal de Zinn-Souza et al. (2008), com 724 estudantes, com idades entre 14 e 18 anos do Município de São Paulo, apresentou uma prevalência de sintomas depressivos de 7,5%, com um índice mais elevado no sexo feminino. A regressão logística demonstrou os seguintes fatores associados à depressão: baixo escore na autoavaliação de saúde, gênero feminino e consumo de bebidas alcoólicas. As variáveis sociodemográficas, estilo de vida e de saúde estavam associadas aos distúrbios depressivos.

(24)

Use Disorder Identification Test), o Inventário para Depressão Beck (BDI-Beck Depression Inventory) e as provas para o desenvolvimento operatório (Permutação, Combinação e Torre de Hanói). Os resultados revelaram que o consumo de álcool em excesso é significativo e que a depressão é existente, 84,3% dos sujeitos apresentaram depressão mínima, enquanto 15,8% estavam com depressão. Não foi observada, para os participantes (segunda etapa da pesquisa), uma relação favorável entre o uso de álcool, depressão e desenvolvimento cognitivo. Os resultados mostraram que houve um decréscimo cognitivo na realização das provas e maior dificuldade do grupo como um todo na prova mais elaborada, sendo que esse aspecto pode ser explicado pelo fato de que esse efeito é tardio, com possibilidade de ser agravado gradativamente.

Por outro lado, Cruvinel (2009) pesquisou outras variáveis relacionadas ao desenvolvimento cognitivo dos estudantes, com uma amostra inicial de 157 alunos de 3ª e 4ª séries do ensino fundamental com idade de 8 a 11 anos, de uma escola pública de Campinas. Investigaram-se variáveis cognitivas e psicossociais dos participantes com e sem sintomas de depressão. No estudo, usou-se o CDI e foram selecionadas 54 crianças, 27 com sintomas depressivos e 27 sem sintomatologia. Os participantes com e sem sintomas foram comparados em estratégias de aprendizagem, crenças de autoeficácia, autoconceito e autorregulação emocional. Os resultados indicaram que os participantes com sintomas depressivos apresentam autoconceito negativo e baixa autoeficácia. Por outro lado, outras variáveis relacionadas ao contexto escolar foram investigadas.

(25)

que se destacaram como vítimas e chegando a 11% entre os agressores e vítimas-agressoras.

A partir dos resultados dos estudos apresentados, é possível sugerir que há adolescentes com índice grave de sintomas depressivos sem acompanhamento. Mesmo que as escalas de avaliação não substituam o exame clínico, somente os resultados de sua aplicação não são suficientes para fechar o diagnóstico da depressão; apenas são instrumentos que o sugerem (BHALS, 2004).

Considera-se, portanto, que as variáveis contextuais de desenvolvimento dos adolescentes com índices elevados de sintomas depressivos são fatores que, possivelmente, estão associados ao desenvolvimento de sintomas depressivos. Assim, é relevante o acompanhamento visando à proteção, à promoção de saúde e ao desenvolvimento positivo dessa população.

Considera-se que programas psicoeducativos com vista às interações sociais dos adolescentes poderão contribuir com a remissão de sintomas depressivos nessa população. Inclusive, sugere-se que o treino de habilidades sociais poderá possibilitar efeitos positivos nos adolescentes e familiares envolvidos no programa (SILVA; MURTA, 2009).Questões relacionadas ao campo das habilidades sociais, inclusive sobre a associação entre habilidades sociais e depressão serão discutidas na próxima seção.

1.2 AS HABILIDADES SOCIAIS

A área de habilidades sociais integra temas variados dentro da Psicologia, dentre eles focalizam fenômenos como assertividade e competência social (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). Algumas questões conceituais são discutidas por Caballo (2010), que aponta a existência de variadas terminologias para designar termos semelhantes, causando uma certa profusão conceitual que precisa ser considerada na investigação ou intervenção nesse campo de estudo. O autor considera os termos

―assertividade‖ e ―habilidades sociais‖ como equivalentes. A mesma

(26)

Del Prette e Del Prette (2010) salientam que as habilidades sociais integram um campo teórico mais complexo, cobrindo uma gama de temas como assertividade, não-assertividade, desempenho social e competência social. Esclarecendo cada uma dessas categorias, os seguintes comportamentos podem ser considerados para caracterizá-las:

Assertividade inclui: honestidade ao expressar apropriadamente sentimentos negativos; procurar atingir os objetivos preservando, ao máximo, a relação entre os interagentes; perseverar nos objetivos, avaliando o próprio comportamento; conseguir discordar do grupo; valorizar-se, sem ferir os demais; defender os próprios direitos, respeitando os alheios e; fazer as próprias escolhas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010).

Não assertividade: geralmente, a pessoa não expõe seus sentimentos ou pensamentos ao interlocutor, expressando, muitas vezes, comportamento que não condiz com a sua própria vontade, ou deixando de defender-se, por medo de gerar prejuízos em sua relação futura com o interlocutor (BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2002). Do ponto de vista dessas autoras, a não assertividade nega e inibe a expressão de sentimentos. Leva a pessoa a sentir-se ferida, ansiosa, autodesvalorizada, raramente atingindo os objetivos desejados. A propósito, ela poderá recorrer à agressividade que, às vezes, possibilita alcançar os objetivos desejados. Mas, nesse processo, a pessoa magoa os demais, realiza escolhas por eles, além de não os valorizar como pessoas, possibilitando represálias futuras.

Desempenho social: diz respeito ao comportamento, ou sequência de comportamentos que acontece em uma interação social que pode ser considerado competente ou não (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). Os pesquisadores ainda esclarecem que a competência social pode ser entendida como a capacidade que a pessoa tem para desempenhar, de maneira satisfatória, as atividades propostas, garantindo consequências positivas. Envolve a avaliação e a autoavaliação.

(27)

direitos humanos socialmente reconhecidos (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008, 2010). Está relacionada com as classes de comportamento que compõem as habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

Neste trabalho serão focalizados comportamentos relacionados ao conceito e aos componentes das habilidades sociais, que serão apresentados, em maior detalhe na seção seguinte.

1.2.1 Habilidades sociais: conceitos e caracterizações

Os vocábulos desempenho social, habilidades sociais e competência social são centrais no campo do treino das habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008). De maneira geral, o comportamento e o desempenho social ou interpessoal são termos que equivalem às habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010).

As habilidades sociais representam o universo mais abrangente das relações interpessoais, envolvendo um conjunto de comportamentos que estão presentes no repertório da pessoa e que facilitam seu relacionamento interpessoal. As habilidades sociais se estendem para além da assertividade, incluem as habilidades de comunicação, de resolução de problemas, de cooperação e aqueles próprios dos rituais sociais estabelecidos pelo contexto cultural (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 1996, 2010).

A propósito, Tavares (2005) acrescenta que as habilidades sociais são adquiridas ao longo da vida. Quando são pouco desenvolvidas, a pessoa tende a se comportar de forma passiva, aceitando o que lhe é imposto, não delimitando os limites e deixando que outros decidam por ela. Além do mais, a pesquisadora salienta que as habilidades sociais podem ser consideradas como a habilidade para lidar de maneira satisfatória com as mais diversas situações sociais, expressando o que se pensa e sente de forma coerente e respeitando os demais.

(28)

por uma pessoa dependerá do que ela quer conseguir na situação particular que emite o comportamento. Assim, o comportamento apropriado em uma situação poderá ser inoportuno em outra ocasião.

Desse modo, não existe uma maneira correta de comportamento que seja universal (CABALLO, 2010). Ser habilidoso, portanto, tem relação com uma série de elementos, sendo importante considerar o contexto histórico, social e cultural em que se está inserido, considerando, ainda, os processos cognitivos de quem está sendo avaliado.

Há um relativo consenso sobre os componentes das habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010). Do ponto de vista de Caballo (2010), esses componentes são organizados em comportamentais, fisiológicos e cognitivos. O componente cognitivo inclui as competências cognitivas, as estratégias de codificação e construtos pessoais, expectativas, valores subjetivos dos estímulos e sistemas e planos de autorregulação. Os elementos cognitivo-afetivos estão concretamente presentes no treino das habilidades sociais e no próprio conceito das habilidades sociais numa dimensão pessoal (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010).

Além disso, esses autores pontuam que os componentes comportamentais e cognitivos coexistem, pois comportamentos emitidos requerem processos cognitivos. Os componentes comportamentais incluem aspectos que podem ser diretamente observáveis, subdividindo-se em verbais de conteúdos, verbais de formas e não verbais, sendo que, a conversação verbalizada, inclui signos que regulam o intercâmbio verbal e que tornam possível a compreensão do que se fala.

Por outro lado, o comportamento social é afetado pelos sentimentos e cognições que a pessoa elabora sobre seu interlocutor; pela situação social; pelos próprios comportamentos e suas consequências nas diversas situações (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010). Desse modo, a percepção e a avaliação cognitiva da pessoa sobre as diversas situações, estímulos e acontecimentos estão determinados por um sistema persistente integrado por abstrações e concepções do mundo, incluindo os conceitos de si mesmo (CABALLO, 2010),

(29)

processos cognitivos que, quando disfuncionais, influenciam negativamente no desempenho interpessoal (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2000, p. 225).

Nesse sentido, Tavares (2005) salienta que pessoas com poucas habilidades sociais podem desenvolver problemas psicológicos, dentre eles, timidez excessiva, síndrome do pânico, dificuldades sexuais e depressão. Aquelas com depressão tendem a demonstrar déficits de habilidades sociais e relações interpessoais pobres (FERNANDES; FALCONE, 2009; SELIGMAN, 1977). Essa relação entre o déficit nas habilidades sociais e a depressão em adolescentes será discutida a seguir.

1.2.2 Habilidades sociais e depressão em adolescentes

Há evidências empíricas e clínicas de que a falta de repertório apropriado de habilidades sociais está relacionada à depressão. Além da etiologia multivariada da depressão, é reconhecido que os estados depressivos caracterizam-se, também, pela deteriorização das relações sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010). Assim, adolescentes com indicadores de depressão apresentam comprometimento no repertório de habilidades sociais. De acordo com Segrin (2000), pode-se identificar três pressupostos na relação entre repertório deficitário de habilidades sociais e depressão: (a) repertório deficitário de habilidades sociais como causa de depressão; (b) depressão como causa do deficitário repertório de habilidades sociais; e (c) poucas habilidades sociais como fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento de depressão. O pesquisador ainda pontua que, na atualidade, há evidências para sustentar cada uma dessas concepções e que a relação entre elas pode ter uma variedade de formas.

(30)

adolescentes apresentaram mais recursos comportamentais, como autocontrole, empatia, assertividade e abordagem afetiva.

Witvliet et al. (2010) realizou uma pesquisa com 310 crianças com a duração de três anos, com acompanhamento dos 11 aos 14 anos de idade e examinou se o isolamento de colegas aumentava os sintomas depressivos. Esses achados sugerem que o isolamento social é um dos fatores de risco para o desenvolvimento da depressão na adolescência.

Estudos que associam dificuldades interpessoais de adolescentes deprimidos a déficits de habilidades sociais foram realizados por Gresham, Cook e Crews (2004). Como descritos pelos autores, os adolescentes deprimidos, com frequência, expressaram sentimentos em momentos inapropriados e emitiram comportamentos indesejados. Consequentemente, distanciavam as pessoas de seu convívio, gerando rejeição social.

Em uma perspectiva psicopatológica, adolescentes com diagnóstico de depressão bipolar ficaram atrás de seus pares no desempenho de habilidades sociais. Em se tratando de dificuldade na regulação emocional, estudos demonstraram sua interferência no desenvolvimento de comportamentos sociais apropriados (GOLDSTEIN; MIKLOWITZ; MULLEN, 2006).

Nesse sentido, a pesquisa de Rockhill el al. (2009) examinou a relação entre competência social, apoio social e psicopatologia, incluindo a depressão e o transtorno de conduta, envolvendo uma amostra de 521 adolescentes, que foram agrupados nos grupos de risco: depressão, problemas de conduta e depressão com problemas de conduta. Os resultados sugeriram que os baixos níveis de competência social têm relações significativas no grupo de adolescentes com sintomas depressivos.

(31)

Decerto a pesquisa de Young, Mufson e Gallop (2010) avaliou a eficácia de um programa de prevenção indicada para adolescentes deprimidos, incluindo 57 adolescentes com sintomas elevados de depressão. Os participantes da investigação foram randomizados em dois grupos: um grupo submeteu-se a psicoterapia interpessoal com o treinamento de habilidades sociais e o outro foi atendido em escola de aconselhamento. A partir dos resultados, notou-se que os adolescentes do grupo de psicoterapia interpessoal relataram taxas significativamente maiores de mudança nos sintomas de depressão e funcionamento em geral de que os adolescentes em aconselhamentona avaliação pós-intervenção. Os primeiros mostraram significativamente menos sintomas de depressão e melhor funcionamento geral.

Outro estudo, na temática anterior, foi realizado por Gunlicks-Stoessel et al. (2010), examinando aspectos do funcionamento de adolescentes deprimidos com o uso da psicoterapia interpessoal e o tratamento usual em clínicas baseadas na escola de saúde. Participaram do estudo 63 adolescentes com idade entre 12 a 18 anos, aleatoriamente designados para receber um dos tipos de acompanhamento. Os resultados indicaram que a aplicação da psicoterapia interpessoal beneficiou, particularmente, os adolescentes que relataram altos níveis de conflito com suas mães e disfunção social com amigos. A propósito, as intervenções que ensinam estratégias aos jovens para lidar com os eventos negativos da vida e estressores interpessoais podem ser especialmente úteis no tratamento e prevenção da depressão (HOROWITZ, 2007).

(32)
(33)

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

 Descrever a relação entre sintomas depressivos e o repertório de habilidades sociais em adolescentes, relacionando os níveis de depressão à frequência e dificuldades de habilidades sociais.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar os níveis de depressão apresentados pelos participantes.  Caracterizar o repertório de habilidades sociais dos participantes.

 Contribuir com a construção de conhecimento sobre a depressão na adolescência na perspectiva das interações sociais.

(34)

3 RECURSOS METODOLÓGICOS

3.1 QUESTÕES ÉTICAS

A pesquisa foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília— CEP/UCB, número 393.089. Durante o estudo, foi assegurado o sigilo dos participantes, o direito de desistir da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo. O retorno do resultado aos participantes foi realizado mediante a entrega do relatório contendo informações referentes ao resultado da pesquisa.

Os documentos desse estudo estão arquivados pela pesquisadora responsável por um período mínimo de cinco anos. Em relação aos instrumentos usados, é importante ressaltar que o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II) e o Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes-Del Prette (IHSA-Del Prette), utilizados para aferir, respectivamente, os níveis de depressão e as habilidades sociais dos adolescentes, são de uso restrito dos psicólogos. Considerando esse aspecto ético e legal, nenhum dos elementos que possam comprometer a validade deles serão apresentados no presente trabalho.

3.2 PARTICIPANTES

A coleta dos dados foi realizada com uma amostra de conveniência em uma escola pública localizada em Planaltina, no Distrito Federal. Foram utilizados os critérios especificados abaixo para inclusão dos estudantes na pesquisa.

 Aceitar participar da pesquisa.

 Entregar a autorização dos pais ou responsáveis mediante a devolução do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado.

 Frequentar regulamente as aulas.

(35)

Os participantes foram 153 estudantes com idades entre 12 e 17 anos (͞x= 13,6; dp= 1,1), desses 66,7% do sexo feminino e 33,3% do sexo masculino (Tabela 1).

Tabela 1 — Frequência de idades por sexo

Idade Masculino

n (%) Feminino n (%)

12 7 (4,6%) 13 (8,5 %)

13 23 (15,0%) 31(20,3 %)

14 9 (5,9%) 34 (22,2%)

15 9 (5,9 %) 20 (13,1%)

16 1 (0,7%) 3 (2,0%)

17 2 (1,3 %) 1 (0,7%)

Total 51 (33,3%) 102 (66,7%)

Os dados da Tabela 1 demonstram que 126 (82,4%) participantes tinham idades entre 13 a 15 anos. Do total geral dos participantes 41 (26,8%) cursavam o 6˚ ano e 112 (73,2%), o 8˚ ano. Desses, 71 (46,4%) frequentavam a escola no turno matutino e 82 (53,6%) no turno vespertino. Os participantes possuíam renda familiar baixa visto que 57,5% informou uma renda familiar de até 2 salários mínimos (Tabela 2).

Tabela 2 — Renda familiar dos participantes

Salários mínimos / R$ n (%)

Até 2 88 (57,5%)

Entre 2 a 4 31 (20,3%)

Entre 4 a 10 34 (22,2%)

Total 153 (100%)

Os 153 participantes desse estudo moravam na zona urbana. Deles, 119 (77,8%) declararam ter moradia própria, 29 (19%) moravam em residências alugadas e 5 (3,3%) residiam em moradias em condições não especificadas. Do total geral, 142 (92,8%) dos respondentes conviviam com os pais e 11 (7,2%) com outras pessoas.

(36)

3.3 INSTRUMENTOS

Os seguintes instrumentos foram utilizados no estudo:

3.3.1 Questionário Sociodemográfico

O questionário sociodemográfico elaborado pela pesquisadora contém 7 questões e foi utilizado para caracterizar os participantes da pesquisa nos aspectos sociais e escolares. A aplicação possibilitou obter informações sobre idade, gênero, família e aspectos econômicos (APÊNDICE A).

3.3.2 Inventário de Depressão de Beck (BDI-II)

O BDI-II tem como objetivo detectar sintomas depressivos conforme os critérios sintomáticos de Episódio Depressivo Maior, listados na 4ª versão do DSM-IV. Esse instrumento pode ser usado em adolescentes a partir de 13 anos e em adultos. É um instrumento de autoaplicação, constituído por 21 grupos de afirmações sobre sintomas depressivos que poderiam ter ocorrido nos últimos 15 dias (GORENSTEIN et al., 2011).

Cada item da escala é integrado por quatro afirmativas, com pontuação em escala Likert, variando de 0 a 3, possibilitando a soma de pontuações no intervalo entre 0 a 63. Descreve a sintomatologia depressiva, compreendendo cognições negativas e sintomas somato-vegetativos. Os itens 16 (alterações no padrão do sono) e 18 (alterações de apetite) demandam atenção especial, pois cada um contém sete opções com valores 0, 1a, 1b, 2a, 2b, 3a e 3b que são usados para diferenciar o aumento e a diminuição do comportamento ou da motivação. Em geral, a aplicação do BDI-II leva em torno de 10 a 15 minutos para ser respondido e sua pontuação final é classificada em níveis mínimo, leve, moderado e grave, indicando assim a intensidade da depressão (GORENSTEIN et al., 2011).

(37)

0,882 para o grupo de adolescentes com idade entre 10 a 19 anos (GORENSTEIN et al., 2011).

3.3.3 Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes - Del Prette (IHSA-Del Prette)

Para avaliação das habilidades sociais, foi utilizada o IHSA- Del Prette que é um instrumento desenvolvido no Brasil, destinado a caracterizar o desempenho social de adolescentes brasileiros entre 12 e 17 anos nos vários contextos e tipos de interlocutores. Trata-se de um instrumento de autorrelato que permite avaliar o repertório de habilidades sociais em um conjunto de situações interpessoais cotidianas, considerando os indicadores de frequências e dificuldade com que os adolescentes reagem às diferentes demandas de interação social.

O IHSA-Del Prette é composto por 38 itens que contemplam habilidades de relacionamento com diferentes interlocutores (parceiro/a afetivo-sexual, pais e irmãos, colegas, amigos, pessoas de autoridade, desconhecidos ou não especificados) que são requeridas em contexto público (escola, trabalho, lazer, consumo), privado (familiar e íntimo) ou não especificado. Para cada item, o adolescente deve se autoavaliar, julgando a dificuldade que ele apresenta na reação indicada no item e a frequência com que é apresentada (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

(38)

Os resultados da escala, mediante os indicadores de frequência e de dificuldade de habilidades, indicam quanto os adolescentes estão acima ou abaixo da média do grupo normativo, caracterizam o desempenho social dos respondentes nas diferentes subescalas e subclasses e identificam as situações e os tipos de interlocutores que o respondente apresenta maiores recursos ou déficit em habilidades sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). O IHSA-Del Prette possibilita verificar especificidades das interações sociais dos adolescentes a partir das subescalas: Empatia, Autocontrole, Civilidade, Assertividade, Abordagem Afetiva e Desenvoltura Social. Conforme Del Prette e Del Prette (2009), as subescalas agregam demandas associadas a determinados conjuntos de comportamentos, contextos ou interlocutores que apontam a particularidade situacional das habilidades sociais do respondente. Para maiores esclarecimentos, será apresentada a definição de cada uma das subescalas, a saber:

1. Empatia inclui as habilidades para identificação de sentimentos e problemas dos outros, bem como demonstrar compreensão, apoio e negociar soluções em situações de conflitos.

2. Autocontrole agrega habilidades de reagir com tranquilidade em situações aversivas, expressando sentimentos de maneira competente, com a expressão de desagrado ou raiva.

3. Civilidade contempla as habilidades de traquejo social, ou seja, cordialidade que envolve cumprimentos, elogios, agradecimentos, fazer favores e perguntas às pessoas.

4. Assertividade reúne as habilidades para lidar com defesas e afirmações de direitos e autoestima, com risco potencial de reação indesejável por parte do interlocutor.

5. Abordagem Afetiva refere-se às habilidades para realizar contato e conversação para fins de amizades, relação de intimidade sexual e desenvolver atividades em grupos.

(39)

O estudo de validação do IHSA-Del Prette apresentou elevada consistência interna, com o coeficiente de confiabilidade Alpha de Cronbach de 0,896 para frequência e 0,904 para dificuldade com uma estrutura de seis fatores. Os fatores são: Fator 1— Empatia (10 itens, na frequência Alpha= 0,820 e na dificuldade Alpha= 0,866); Fator 2— Autocontrole (8 itens, na frequência Alpha= 0, 728 e na dificuldade Alpha= 0,753); Fator 3— Civilidade (6 itens, na frequência Alpha = 0,751 e na dificuldade Alpha= 0,836); Fator 4—

Assertividade (7 itens, na frequência Alpha= 0, 679 e na dificuldade Alpha= 0,720); Fator 5— Abordagem Afetiva (6 itens, na frequência Alpha= 0, 698 e na dificuldade Alpha= 0,676) e Fator 6— Desenvoltura Social (5 itens, Alpha= 0, 615 e na dificuldade Alpha= 0,511) (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

Os índices de consistência interna foram aceitáveis para a escala total e para a maioria das subescalas com valores > 0,70. No entanto, os valores da consistência interna apresentado pelo fator desenvoltura social na frequência e na dificuldade de habilidades sociais foram os mais baixos.

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DOS DADOS

Foram realizados contatos com a direção da escola e apresentada a proposta da pesquisa, que foi acolhida pela escola, incluído professores e coordenadores. Depois do projeto de pesquisa ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília (CEP/UCB), a pesquisadora retornou a escola e agendou com os professores a data e o horário de visitas às turmas.

No primeiro contato com os adolescentes, foi feito o convite para participação na pesquisa. Os adolescentes que aderiram ao estudo levaram para os pais ou responsáveis a carta-convite (Apêndice D), o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do responsável— TCLE (Apêndice B) e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do adolescente—TCLE (Apêndice C).

(40)

escola, incluindo a sala dos professores, a biblioteca e as salas de aulas constituintes do espaço da pesquisa.

Esses contatos viabilizaram a aplicação dos instrumentos e a obtenção de informações sobre a dinâmica dos alunos. Contudo, durante a coleta das informações, surgiram dificuldades para recolher os TCLEs assinados pelos responsáveis. Os participantes relatavam que tinham esquecidos de pegar a assinatura do responsável.

Na coleta dos dados, foram desenvolvidos os seguintes procedimentos: os estudantes participantes da turma, aproximadamente 15 alunos por sessão, foram convidados a ir à sala reservada para aplicação dos instrumentos. Nesse espaço, eles foram acomodados e, em seguida, realizou-se a aplicação dos instrumentos. A aplicação de cada instrumento foi coletiva e ocorreu sob a orientação da pesquisadora. Foram realizados os seguintes procedimentos para a coleta dos dados: distribuição e leitura das instruções dos instrumentos conforme os procedimentos padronizados, com prévios esclarecimentos das dúvidas colocadas pelos adolescentes, recolham e checagem do preenchimento dos instrumentos. Os instrumentos foram aplicados na seguinte ordem: primeiro o BDI-II, seguido do IHSA-Del Prette e, por último, a aplicação do questionário sociodemográfico (Apêndice A).

3.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS

Os dados do BDI-II, do IHSA-Del Prette e do questionário sociodemográfico foram transpostos para um banco de dados do software estatístico SPSS 18.0 for Windows (Stastiscal Package for Social Sciences). Realizou-se a inspeção preliminar dos dados para verificar a existência de

outliers, de dados perdidos (missings) e de normalidade. Para verificação da normalidade, empregou-se o teste Kolmogorov-Smirnov e o teste Shapiro-Wilk. Também, verificou-se se a consistência interna do BDI-II e do IHSA- Del Prette mantinha na amostra desta pesquisa, essa análise foi realizada por meio do teste estatístico Alpha de Cronbach.

(41)

Os dados do IHSA-Del Prette foram analisados por meio dos resultados brutos (escores totais e de cada escala), convertidos em posição percentílica. Esses percentis foram relacionados aos dados da amostra normativa do mesmo sexo e da mesma idade conforme as orientações especificadas no manual do instrumento (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

As informações foram interpretadas considerando a posição percentílica do escore total do respondente, conforme a frequência em: repertório altamente elaborado de habilidades sociais (percentil entre 76-100); repertório elaborado de habilidades sociais (percentil entre 66-75); bom repertório de habilidades sociais (percentil entre 36-65); repertório médio inferior de habilidades sociais (percentil entre 26-35); e repertório abaixo da média inferior de habilidades sociais (percentil entre 01-25). Também foram analisados quanto à dificuldade na emissão das habilidades sociais, conforme as seguintes categorias: alto custo de resposta ou ansiedade na emissão das habilidades (percentil entre 66-100); médio custo de resposta ou ansiedade na emissão das habilidades (percentil entre 36-65); e baixo custo de resposta ou ansiedade na emissão das habilidades (percentil entre 01-35) (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

Os níveis de depressão dos participantes foram aferidos por meio da soma dos pontos de cada item do BDI-II. Conforme as orientações especificadas no manual, os participantes foram caracterizados considerando os seguintes níveis de depressão: mínimo (pontuação total 0-13); leve (pontuação total 14-19); moderado (pontuação total 20-28); e grave (pontuação total 29-63) (GORENSTEIN et al., 2011).

(42)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 EXPLORAÇÃO INICIAL DOS DADOS

Na análise preliminar dos dados, verificou-se no BDI-II uma ausência de resposta em cinco (5) itens, no IHSA-Del Prette encontrou oito (8) dados au-sentes nos itens de frequência e dez (10) dados auau-sentes nos itens de dificul-dade. Realizou-se a reposição desses dados pela média dos dados do item.

Também, observaram-se seis (6) dados atípicos com valores de escores z maiores que 3 nas variáveis depressão, três (3) dados atípicos na frequência de habilidades sociais e quatro (4) dados atípicos nas respostas de dificuldades de habilidades sociais, indicando a presença de outliers. O maior valor de esco-re z encontrado foi na fesco-requência de habilidades sociais, z= -6,06. Quanto a esses outliers, optou-se por mantê-los por considerar que eles representam parte da população com altos e baixos níveis nas variáveis.

Considerando a presença dos outliers, realizou-se o teste de normalida-de dos dados dos participantes divididos em dois grupos. Para o grupo que apresentou baixos níveis de sintomas depressivos, por ter um número de parti-cipantes considerado grande, utilizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov. E para o grupo com níveis elevados de sintomas depressivos, por ter um número de par-ticipantes considerado pequeno, usou-se o teste Shapiro-Wilk.

A análise dos resultados do teste Kolmogorov-Smirnov aceitou a hipóte-se de normalidade para os dados de depressão (s=0,071; df=144; p= 0,73), de frequência de habilidades sociais (s=0,071; df=144; p=0,70) e dificuldade de habilidades sociais (s=0,069; df=144; p=0,88). Por meio da análise dos resulta-dos do teste Shapiro-Wilk, aceitou-se a normalidade resulta-dos daresulta-dos de depressão (s=0,907; df=9; p=0,295), de frequência de habilidades sociais (s=0,835; df=9; p=0,510) e dificuldade de habilidades sociais (s=0,949; df=9; p=0,682).

Realizou-se análise da consistência interna dos instrumentos utilizados por meio do teste estatístico Alpha de Cronbach. Para o BDI-II encontrou-se

α=0,826, o IHSA-Del Prette, na frequência de habilidades sociais, encontrou

(43)

que os demais tanto na frequência quanto na dificuldade de emissão de habili-dades sociais (Tabela 3).

Tabela 3 – Consistência interna das subescalas do IHSA-Del Prette aferida por meio dos dados da pesquisa

Subescalas Frequência Dificuldade

Empatia 0,668 0,788

Autocontrole 0,772 0,641

Civilidade 0,759 0,781

Assertividade 0,664 0,669

Abordagem Afetiva 0,608 0,624

Desenvoltura Social 0,568 0,535

Os subfatores empatia, civilidade, assertividade, abordagem afetiva e desenvoltura social de frequência de habilidades sociais e os subfatores auto-controle, assertividade, abordagem afetiva e desenvoltura social de dificuldade de habilidades sociais não apresentaram índices aceitáveis de consistência interna que devem ser maiores que 0,70.

4.2 AS HABILIDADES SOCIAS NOS ADOLESCENTES

No estudo das habilidades sociais de adolescentes, considera-se que o campo das habilidades sociais é abrangente. Enquanto um dos elementos do campo das habilidades sociais, a competência social, envolve a funcionalidade do comportamento, a coerência com os pensamentos e sentimentos das pes-soas. A competência social é caracterizada como um atributo avaliativo do comportamento da pessoa numa situação de interação e está relacionada com as variáveis do contexto (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

Apesar da importância que tem a competência social para as situações de interações sociais, seria insuficiente se apropriar somente desse atributo avaliativo para definir e caracterizar as habilidades sociais. O construto habili-dades sociais se relaciona com a existência de diferentes classes de compor-tamentos existentes no repertório da pessoa para lidar com as demandas das situações interpessoais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008).

(44)

nas relações profissionais (BOLSI-SILVA; MARTURIANO, 2002; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008), nas relações escolares, familiares e afetivas. Desse mo-do, incluem comportamentos que caracterizam os construtos empatia, autocon-trole, civilidade, assertividade, abordagem afetiva e desenvoltura social.

Del Prette e Del Prette (2009) categorizam a frequência de habilidades sociais dos adolescentes em repertórios que pode ser altamente elaborado, elaborado, bom, médio inferior ou abaixo da média inferior. Os referidos pes-quisadores também apontam que respondentes com repertório altamente ela-borado de habilidades sociais demonstram resultados acima da média para praticamente todos os itens e subescalas, aspecto que indica disposição de recursos interpessoais altamente satisfatórios.

Do total geral de 153 adolescentes participantes dessa pesquisa, 19 (12,4%) apresentaram repertório altamente elaborado de habilidades sociais e 50 (32,7%) relataram ter repertório elaborado de habilidades sociais (Tabela 4). Adolescentes com repertório de habilidades sociais elaborado demonstram re-sultados acima da média na maioria dos itens e subescalas, indicando que dis-põem de recursos indicadores de interações sociais satisfatórias (DEL PRET-TE; DEL PRETTE, 2009).

Bom repertório de habilidades sociais significa que o respondente apre-senta resultados dentro da média na maioria dos itens, ou seja, tem um equilí-brio entre recursos e déficit nos itens e nas subescalas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009). Nesse estudo, 76 (49,7%) adolescentes relataram ter bom repertório de habilidades sociais, 8 (5,2%) apresentaram repertório abaixo da média inferior de habilidades sociais e não houve respondentes que apresenta-ram repertório médio inferior de habilidades sociais (Tabela 4).

Imagem

Tabela 2  —  Renda familiar dos participantes
Tabela 3  –  Consistência interna das subescalas do IHSA-Del Prette aferida por meio  dos dados da pesquisa
Tabela 5  –  Frequência de habilidades sociais por sexo    Repertório de habilidades  sociais  Masculino n (%)  Feminino n (%) Altamente elaborado  14 (9,2%)  5 (3,3%)  Elaborado  27 (17,6%)  23 (15%)  Bom  9 (5,9%)  67 (43,8%)  Médio inferior  -  -
Tabela 6- Dificuldade de habilidades sociais por idade
+5

Referências

Documentos relacionados

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

Este subsídio é para aqueles que forem reformar a casa usando os serviços de alguma construtora que possua endereço na cidade de Hikone.. Informações Setor de Promoção da

Na metodologia adotada, conclui-se que a utilização de aguas pluviais para fins não potáveis através da captação da cobertura do bloco E, e de aguas residuais

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

Sendo de responsabilidade do Conselho Municipal de Meio Ambiente (CONDEMA) o acompanhamento da implantação, bem como o controle interno e externo para a garantia de sua execução,

Figura 8 – Isocurvas com valores da Iluminância média para o período da manhã na fachada sudoeste, a primeira para a simulação com brise horizontal e a segunda sem brise