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An. mus. paul. vol.22 número1

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Academic year: 2018

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Apresentação

Este número dos Anais do Museu Paulista abre a seção Estudos de

Cultura Material com um conjunto de quatro artigos que resultam de pesquisas no campo fotográfico no Brasil durante o século XX, abordando a relação da arquitetura moderna com a fotografia, mas não só, também as relações entre fotografia, c o m p o r t a m e n t o e p o l í t i c a internacional. O leitor poderá ainda apreciar um artigo sobre os desenhos urbano e arquitetônico de distintas vilas operárias, sobretudo na primeira metade do século XX, e outro sobre o uso decorativo de tecidos nos ambientes domésticos do século XIX. Já na seção Bibliografia, apresentamos um balanço bibliográfico sobre textos que permitem problematizar arquitetura paulistana de apartamentos “neoclássicos”, produzida como reação à arquitetura moderna.

Angotti-Salgueiro, no primeiro artigo destes Anais, aborda o uso das

fotografias de Gautherot na revista

Módulo, fundada por Niemeyer e

Sheila Walbe Ornstein

Diretora do Museu Paulista da USP

dedicada à arquitetura moderna e às artes plásticas. Faz reflexões sobre os vínculos estreitos entre fotografia e arquitetura, atentando ainda para como os aspectos da cultura popular e de Brasília, matéria prima da revista em questão, foram focalizados pelo fotógrafo francês.

Espada, no segundo artigo, continua os debates sobre os ensaios fotográficos de Gautherot, que realizou registros de Brasília recém-inaugurada e que foram amplamente divulgadas no país e no exterior em revistas, feiras e exposições. Nesses casos, as imagens, muitas vezes publicadas em grandes formatos, tinham como objetivo central a apresentação dos valores estéticos e arquitetônicos positivos da arquitetura moderna da nova capital, imagens essas que ajudaram a consagrá-la internacionalmente.

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MoMA, em Nova York, contemplando diversos fotógrafos estadunidenses e europeus importantes, logo após a Segunda Grande Guerra e com assessoria técnica de Feininger. Foram exibidas reproduções fotográficas impressas demonstrativas do potencial de comercialização dessas imagens, num período em que os EUA começavam a influenciar a criação dos museus modernos no Brasil, sendo a fotografia uma produção artístico relevante nesse contexto.

Mauad, no quarto artigo, coloca em relevância a fotógrafa Genevieve Naylor que, nos anos 1940, foi contratada pelo Departamento de Estado norte-americano para produzir a imagem do Brasil como um bom vizinho, durante a Segunda Guerra Mundial. A autora do artigo reflete sobre os múltiplos significados – político, cultural e popular – dessas fotos, traça um paralelo entre a cultura da população negra de ambos os países – Brasil e EUA – as relações de Naylor com os intelectuais brasileiros da época. Finalmente, analisa as letras de duas músicas interpretadas por Carmem Miranda, cujas retóricas oscilavam entre o nacional e o popular, dimensão que associa àquela produção fotográfica.

Correia, no quinto artigo, aborda os conceitos urbanísticos nos conjuntos residenciais de fábricas, fundamentados nos conceitos de cidade-jardim, destacando 14 empreendimentos concebidos e construídos em diferentes estados brasileiros, em sua grande maioria na primeira metade do século XX.

Destaca as qualidades urbanísticas incomuns de alguns desses empreendimentos, marcados pela reelaboração dos modelos de cidades-jardins oriundos do Hemisfério Norte, e discute as relações entre arquitetos, engenheiros e construtores.

Neira, no sexto artigo destes

Anais, descreve e analisa o uso dos

tecidos como elementos decorativos nos ambientes domésticos do século XIX, e a evolução desta indústria no campo da decoração nas grandes cidades ocidentais. Destaca os valores artísticos ganhos por esses elementos decorativos e traz amplas referências bibliográficas sobre o assunto.

Por último, na seção Bibliografia, os Anais trazem texto de Pulici que

apresenta um amplo balanço de referências bibliográficas europeias e norte-americanas que permitem problematizar o estilo neoclássico empregado por grupos de arquitetos paulistanos no último quartel do século XX, numa reação historicista e tradicional à chamada arquitetura moderna. Apresenta assim um esforço de entender essa produção para além de uma simples condenação baseada em cânones do gosto, lançando mão de um instrumental sociológico para compreender a produção arquitetônica como um campo de disputa, marcado por múltiplas afirmações estéticas.

Enfim, este número dos Anais é

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