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A POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO PRENOME E O PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO PRENOME E O PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE

GERT CAMPOS HENTSCHEL

Biguaçu (SC), maio de 2008.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO PRENOME E O PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE

GERT CAMPOS HENTSCHEL

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor Cláudio Andrei Cathcart

Biguaçu (SC), maio de 2008.

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AGRADECIMENTO Agradeço ao meu orientador pela paciência, dedicação, incentivo, sempre suprindo minhas dúvidas dos mais variados aspectos.

A minha família pela força e pelo fervoroso estímulo, oferecido em todos os momentos do processo de estudo e desenvolvimento da presente monografia, principalmente nos instantes mais penosos.

Aos meus amigos pela majestosa incitação, sobretudo nas ocasiões mais árduas.

Finalmente, aos meus colegas de sala de aula pelas intensas discussões e esclarecimentos relacionados ao trabalho científico, bem como pelo considerável apoio.

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DEDICATÓRIA Dedico este trabalho:

Ao meu ilustre orientador, Prof. Cláudio Andrei Cathcart, no qual tenho admiração e respeito, diante de seu notável saber jurídico, bem como um modelo de conduta ética.

Aos meus pais, Herbert e Marlene, e a minha irmã Karen, que sempre foram minha base nos momentos mais difíceis.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Biguaçu (SC), maio de 2008.

Gert Campos Hentschel Graduando

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Gert Campos Hentschel, sob o título A Possibilidade de Alteração do Prenome e o Princípio da Individualidade, foi submetida em 19 de junho de 2008 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Cláudio Andrei Cathcart (Presidente), Tânia M. de Souza Trajano (Membro), Gabriel Paschoal Pitsica (Membro) e aprovada com a nota 9,55 (nove vírgula cinqüenta e cinco).

Biguaçu (SC), maio de 2008.

Professor Cláudio Andrei Cathcart Orientador e Presidente da Banca

Professora MSc. Helena N. P. Pitsica Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica

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ROL DE ABREVIATURAS

ART. Artigo

CC/1916 Código Civil Brasileiro de 1916 CC/2002 Código Civil Brasileiro de 2002

CPC Código de Processo Civil

CRFB/88 Constituição Federal da República Federativa do Brasil ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

LICC Lei de Introdução ao Código Civil

LRP Lei dos Registros Públicos

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o autor considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Direito Personalíssimo

“É aquele cujo exercício compete exclusivamente a seu titular, sendo, portanto, indisponível ou intransferível.” 1

Identidade

“Conjunto de qualidades essenciais identificadoras da pessoa na sociedade, como nome, nacionalidade, filiação, estado civil, profissão, domicílio etc.” 2

Individualidade

“Conjunto de qualidades caracterizadoras do indivíduo.” 3 Nome

“Sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade. Dois são os elementos constitutivos do nome:

prenome, próprio da pessoa, e o nome de família ou sobrenome, comum a todos os que pertencem a uma certa família, e, às vezes, tem-se o agnome, que é o sinal distintivo que se acrescenta ao nome completo (Filho, Júnior, Neto, Sobrinho) para diferenciar parentes que tenham o mesmo nome, não sendo usual, no Brasil, a utilização de ordinais para distinguir membros da mesma família…” 4

Personalidade Jurídica/Personalidade Civil

“Qualidade da pessoa natural que se inicia com o nascimento, gerando direitos e deveres na seara cível…” 5

Pessoa Natural

“Ser humano, considerado como sujeito de direito e obrigações.” 6

1 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 2. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 173.

2 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 2. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 750.

3 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 2. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 823.

4 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 3. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 361.

5 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 3. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 581.

(9)

Prenome

“Nome individual ou próprio da pessoa natural que vem antes do apelido de família ou do sobrenome, distinguindo-se os membros de uma mesma família.”7

Princípio

“Doutrina dominante.” 8

6 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 3. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 589.

7 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 3. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 694.

8 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 3. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 717.

(10)

SUMÁRIO

RESUMO ABSTRACT

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO 1 ... 3

DO INSTITUTO JURÍDICO DO NOME... 3

1.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O INSTITUTO JURÍDICO DO NOME ... 3

1.1.1ORIGENS HISTÓRICAS DO NOME... 3

1.1.2NOME CIVIL NA ANTIGUIDADE... 4

1.1.2.1 Hebreus... 4

1.1.2.2 Gregos... 5

1.1.2.3 Romanos ... 5

1.1.3NOME CIVIL NA IDADE MÉDIA... 7

1.1.4NOME CIVIL ENTRE OS POVOS MODERNOS E NA COMUNIDADE LUSO-BRASILEIRA... 8

1.2 CONCEITO DO NOME E DOS ELEMENTOS QUE O COMPÕE... 8

1.2.1ELEMENTOS FUNDAMENTAIS... 9

1.2.1.1 Prenome... 9

1.2.1.2 Sobrenome... 10

1.2.2ELEMENTOS SECUNDÁRIOS... 10

1.2.2.1 Axiônimo... 10

1.2.2.2 Partícula ... 11

1.2.2.3 Agnome ... 12

1.2.3ELEMENTOS SUBSTITUTIVOS DO NOME... 12

1.2.3.1 Nome Vocatório... 13

1.2.3.2 Epíteto, Alcunha ou Apelido ... 13

1.2.3.3 Pseudônimo ... 13

1.2.3.4 Hipocorístico... 14

1.3 A PROTEÇÃO JURÍDICA DO NOME E SEUS ELEMENTOS ... 15

1.3.1TUTELA GERAL DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE... 15

1.3.1.1 Princípio da Dignidade Humana... 16

1.3.1.2 Convenção Interamericana de Direitos Humanos ... 16

1.3.1.3 Norma Geral de Tutela dos Direitos da Personalidade do Código Civil ... 16

1.3.1.3.1 Legitimidade para a Tutela dos Direitos da Personalidade depois da Morte ... 17

1.3.1.4 Natureza Jurídica das Ações Gerais de Tutela dos Direitos da Personali- dade ... 18

1.3.2TUTELA ESPECÍFICA DO NOME CIVIL... 18

1.3.2.1 Do Direito ao nome ... 18

1.3.2.2 Da Tutela Específica do Nome... 20

1.3.2.2.1 Da Tutela do Nome quanto à Exposição ao Desprezo Público ... 20

1.3.2.2.2 Da Tutela do Nome em Propaganda Comercial... 22

1.3.2.2.3 Breve Exposição da Tutela do Pseudônimo... 22

(11)

1.4 OS PRINCÍPIOS APLICADOS AO INSTITUTO JURÍDICO DO NOME ... 23

1.4.1CONCEITO DE PRINCÍPIO... 24

1.4.2PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA... 24

1.4.3PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE... 27

1.4.4PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO PRENOME... 28

CAPÍTULO 2 ... 30

DO DIREITO PESONALÍSSIMO DO PRENOME ... 30

2.1 O PRENOME COMO DIREITO FUNDAMENTAL PREVISTO NA CRFB/88 ... 30

2.1.1OPRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA NA CRFB/88 ... 31

2.1.2OUTRAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS RELACIONADAS AO PRENOME... 31

2.1.2.1 Dos Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil... 31

2.1.2.2 Dos Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas suas Relações Internacionais... 32

2.1.2.3 Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ... 33

2.1.2.4 Da Família e da Criança... 34

2.2 O PRENOME E O DIREITO DA PERSONALIDADE ... 35

2.2.1PESSOA E PERSONALIDADE JURÍDICA... 36

2.2.1.1 Concepção de Pessoa ou Sujeito de Direitos ... 36

2.2.1.2 Concepção de Personalidade Jurídica... 36

2.2.2CONCEITUAÇÃO E BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DIREITOS DA PERSONALI- DADE... 37

2.2.3CARACTERÍSTICAS DO PRENOME COMO DIREITO DA PERSONALIDADE... 38

2.2.3.1 O Prenome como Direito Inato ou Originário... 38

2.2.3.2 O Prenome como Direito Geral ou Genérico... 38

2.2.3.3 O Prenome como Direito Vitalício, Perene ou Perpétuo... 38

2.2.3.4 O Prenome como Direito Imprescritível... 39

2.2.3.5 O Prenome como Direito Inalienável... 39

2.2.3.6 O Prenome como Direito Incessível ... 40

2.2.3.7 O Prenome como Direito Absoluto ... 40

2.2.3.8 O Prenome como Direito Extracomercial ... 41

2.2.3.9 O Prenome como Direito Inexpropriável... 41

2.2.3.10 O Prenome como Direito Intransmissível ... 41

2.2.3.11 O Prenome como Direito Irrenunciável... 42

(12)

2.2.4OPRENOME COMO DIREITO DA PERSONALIDADE NO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO... 42

2.2.5OPRENOME E A IDENTIDADE... 44

2.3 O PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE E O PRENOME ... 48

2.4 O PRENOME À LUZ DA LEI DOS REGISTROS PÚBLICOS ... 49

2.4.1BREVES CONSIDERAÇÕES À LEI DOS REGISTROS PÚBLICOS... 50

2.4.2OPRENOME E A LEI DOS REGISTROS PÚBLICOS... 51

CAPÍTULO 3 ... 54

A POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO PRENOME E OS POSSÍVEIS ENTRAVES JURÍDICOS... 54

3.1 A LEI DOS REGISTROS PÚBLICOS E A ALTERAÇÃO DO PRENOME... 54

3.1.1VONTADE DO TITULAR NO PRIMEIRO ANO APÓS TER ATINGIDO A MAIORIDADE... 55

3.1.2APELIDO PÚBLICO NOTÓRIO... 58

3.1.3PROTEÇÃO ESPECIAL A VÍTIMA E TESTEMUNHA... 60

3.2 A INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA E JURISPRUDÊNCIAL DA POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO PRENOME ... 62

3.2.1EXPOSIÇÃO AO RIDÍCULO... 62

3.2.2ERRO DE GRAFIA... 65

3.2.3HOMONÍMIA... 67

3.2.4TRANSEXUALISMO... 68

3.2.5TRADUÇÃO... 72

3.3 OUTRAS INDICAÇÕES DA POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO PRENOME ... 74

3.3.1ADOÇÃO... 74

3.3.2PRENOME DO ESTRANGEIRO... 75

3.4 A POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DO PRENOME FRENTE AO PRINCÍ- PIO DA INDIVIDUALIDADE ... 76

CONCLUSÃO... 80

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ... 85

(13)

RESUMO

A presente monografia tem como escopo, apresentar a possibilidade de alteração do prenome perante o princípio da individualidade. Durante a pesquisa utilizou-se o método dedutivo. O trabalho está dividido em 3 capítulos. No primeiro capítulo, se apresenta um breve histórico do instituto jurídico do nome; sua definição; seus elementos; sua proteção jurídica; bem como os princípios aplicados ao instituto jurídico do nome. Já no segundo capítulo, situa-se o prenome como direito fundamental previsto na CRFB/88; se denota o prenome como direito da personalidade; demonstra-se a relação entre o prenome e o princípio da individualidade, assim como se exibe o prenome na Lei dos Registros Públicos.

Finalmente, no terceiro e último capítulo, se expõe a possibilidade de alteração do prenome prevista na Lei dos Registros Públicos; apresenta-se o apontamento doutrinário e jurisprudencial da possibilidade da alteração do prenome; se menciona outras possibilidades legais de alteração do prenome; assim como, expõe-se a possibilidade de alteração do prenome diante do princípio da individualidade. Por fim, se enfatiza que o princípio da individualidade articulado a outros preceitos jurídicos, permite a alteração do prenome em certas hipóteses em prol da identificação do indivíduo.

Palavras-chave: alteração. prenome. individualidade.

(14)

ABSTRACT

This monograph’s objective is to present the possibility of modifying the prename according to individuality principles. It was used the deductive method for the research. The monograph is divided in three chapters. In the first chapter it’s presented a short historical research of the name’s legal institution, its description, its elements, its legal protection, as the principles applied to the name’s legal institution.

In the second chapter, the right for the prename is classified as elementary right foreseen in CRFB/88 (Brazilian Federative Republic’s Constitution/88). The prename is also defined as a personality’s right; it’s presented its relation to the individuality’s principle, and the display of the prename in the Public Registers Law. Finally, in the third chapter it’s exposed the possibility of modifying the prename, foreseen in the Public Registers Law, moreover the doctrinaire and jurisprudential establishment of the possibilities for changing the prename, as well as the possibility of changing the prename according to the individuality’s principle. At last, it’s emphasized that the individuality’s principle, associated to other legal precepts, allows the modification of the prename in some hypothesis, for the individual’s identification’s support.

Keywords: modification. prename. individuality.

(15)

INTRODUÇÃO

Inicialmente, profere-se que a presente monografia, tem como objeto a possibilidade de alteração do prenome ante o princípio da individualidade.

Sendo assim, seu objetivo geral é analisar a possibilidade de alteração do prenome em contraponto ao princípio da individualidade. No tocante aos seus objetivos específicos, instituíram-se as seguintes metas: examinar o instituto jurídico do nome e os elementos que o compõe; indicar e conceituar os princípios aplicados à tutela jurídica do prenome; conceituar o princípio da individualidade e indicar a sua proteção jurídica; e, finalmente, apresentar com base na lei, na doutrina e na jurisprudência, a possibilidade de alteração do prenome.

O Capítulo 1 deste trabalho, intitulado “Do Instituto Jurídico do Nome”, se inicia fazendo um breve histórico do instituto jurídico do nome, a partir da doutrina, apresentando suas origens históricas nas diferentes épocas e culturas. Em um segundo momento, se aduz o conceito de nome e dos elementos que o compõe, ressaltando quais são considerados fundamentais, secundários e substitutivos.

Posteriormente, se apresenta a proteção jurídica do nome e seus elementos, apontando os respectivos dispositivos inerentes a tal tutela. Encerrando o capítulo, são exibidos quais os princípios aplicados ao instituto jurídico do nome, destacando- se a relevância dos mesmos para a temática.

O Capítulo 2 (“Do Direito Personalíssimo do Prenome”), abordando o direito personalíssimo do prenome, se principia, situando o prenome como direito fundamental previsto na CRFB/88. Logo após, se revela o prenome como direito da personalidade, exprimindo suas principais características. Ulteriormente, elucida-se a relação estrita entre o prenome e o princípio da individualidade. Encerrando o capítulo, se exibe o conteúdo relativo ao prenome, previsto na Lei dos Registros Públicos, mencionado aspectos do ato de registro, bem como das devidas modificações ocorridas no texto da referida lei ao longo dos anos, até chegar-se ao seu atual conteúdo.

O Capítulo 3, denominado “A Possibilidade de Alteração do Prenome e os Possíveis Entraves Jurídicos”, na qualidade de derradeiro, inicia-se tratando das possibilidades de alteração do prenome, previstas na Lei dos Registros Públicos, apresentando as interpretações doutrinárias relativas aos seus dispositivos. Em

(16)

seguida se coloca à vista, a indicação doutrinária, bem como jurisprudencial da possibilidade de alteração do prenome. Também faz-se menção da possibilidades de alteração do prenome previstas em outras leis (CC/2002 c/c Estatuto da Criança e do Adolescente e Estatuto do Estrangeiro). Finalmente, exibe a possibilidade de alteração do prenome frente ao princípio da individualidade, apresentando a relação jurídica entre ambos por intermédio de alusões à Lei dos Registros Públicos, à doutrina e a jurisprudência.

Sendo assim, a presente pesquisa se encerra sob o título de “Conclusão”, expondo a partir da análise realizada ao longo dos capítulos, os pontos inferidos quanto à possibilidade de alteração do prenome e o princípio da individualidade.

Quanto à Metodologia empregada nesta pesquisa, registra-se que utilizou-se o método dedutivo.

Por fim, é relevante enunciar, que nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.

(17)

CAPÍTULO 1

DO INSTITUTO JURÍDICO DO NOME

Primeiramente, o presente capítulo tem como escopo tratar do instituto jurídico do nome civil, apresentando um breve histórico de seu surgimento e expondo suas principais características nas antigas civilizações.

Ulteriormente, apresentar-se-á a noção de nome, assim como dos demais elementos que o integram, possibilitando melhor compreensão do tema em questão.

Também, se tratará da tutela jurídica do nome. Englobando-se neste ponto, os elementos protegidos pela lei nacional; seus respectivos dispositivos;

circunstâncias de aplicação destes preceitos; bem como os entendimentos existentes a respeito destas prerrogativas.

Finalmente, apreciar-se-ão os princípios jurídicos aplicados ao instituto jurídico do nome, apresentando conceituações e as relações dos próprios com o nome civil.

1.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O INSTITUTO JURÍDICO DO NOME

Por primazia, é elementar que se revele da onde, quando e como se deu o processo de formação do nome civil. Isto se justifica, pelo simples fato de que, independente do que se analise, reportando-se ao passado, é que se permite uma compreensão mais precisa quanto ao processo de formação dos valores e propriedades. Logo, não sendo o instituto jurídico do nome de maneira diversa.

1.1.1 Origens Históricas do Nome

Assim sendo, é relevante mencionar que o nome apresentou-se como algo indispensável desde uma época extremamente longínqua. 9

9 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral. 41. ed. rev. e atual.

por Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto. São Paulo: Saraiva, 2007. p.107.

(18)

Sílvio Venosa afirma que “desde o tempo em que o homem passou a verbalizar seus conceitos e pensamentos, começou a dar denominação às coisas e a seus semelhantes.” 10

Conforme leciona Limongi França, as primeiras necessidades de designação do homem se deu no momento em que passou a conviver com as demais pessoas.11

Atualmente, não se tem notícia de alguma comunidade que indubitavelmente não reconhecesse o instituto do nome, com exceção dos Atlantes, um povo com residência no continente africano.12 Apesar do grupo possuir nome, não recebiam nomes individuais. 13

Também, sabe-se que

nas sociedades rudimentares, um único nome era suficiente para distinguir o indivíduo local. À medida que a civilização tornou-se mais burilada e aumenta o número de indivíduos, passa a existir necessidade de complementar o nome individual com algum restritivo que melhor identifique as pessoas. 14

Dito isto, apresenta-se o nome civil na antiguidade.

1.1.2 Nome Civil na Antiguidade

Nesta premissa, o exame deter-se-á aos povos hebreu, grego e romano, justificando-se tal postura por dois motivos. Primeiramente, por serem a eles que a doutrina direciona seu estudo quando analisa os aspectos do nome civil na antiguidade. Depois, por serem estes povos, os que têm maior elo com a vida social dos povos contemporâneos do ocidente. 15

1.1.2.1 Hebreus

Quanto a este povo, pode-se dizer que não são raras às vezes em que são referidos quando analisa-se a história de determinada sociedade atual.

10 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. 6.ed. reimp. São Paulo: Atlas, 2006.

p.186.

11 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. 3. ed. rev. São Paulo: Ed.

Revista dos Tribunais, 1975. p. 24.

12 V. Tedesco Júnior apud LIMONGI FRANÇA. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 25.

13 HERÒDOTO apud FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 25.

14 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p. 186.

15 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 27-28.

(19)

Deste modo, Limongi França exprime que “entre os hebreus usava-se, em princípio, um único nome: Éster, Rachel, Jacob, David. Nos meninos era posto após a circuncisão, ao oitavo dia do nascimento.” 16

Porém, conforme a população se torna mais numerosa, as pessoas particularizaram-se com referência ao nome de seu pai (ex: José Bar-Jacó, significando José, filho de Jacó), 17 assim como, passou-se a acrescer ao nome vocábulos inerentes à origem (ex: Ruth Moabita) e à profissão (ex: Matheus Publicanus). 18

1.1.2.2 Gregos

O povo grego é outro que não pode ser deixar de lado quando se pretende compreender a procedência de determinados posicionamentos culturais.

A princípio, neste período (antiguidade), os gregos “designavam as pessoas por um único nome formado de uma só palavra: Demóstenes, Péricles, Ulisses.” 19

Entretanto, Sílvio Venosa esclarece que

os gregos, também a princípio, tinham um único nome. Posteriormente, com a maior complexidade das sociedades, passara, a deter três nomes, desde que pertencessem a família regularmente constituída: um era o nome particular, outro o nome do pai e o terceiro o nome de toda a gens. 20

Assim sendo, necessita ser ressaltado que o primeiro nome corresponde ao prenome que hoje a sociedade brasileira adota; o segundo ao sobrenome; e quanto ao último, não possui-se atualmente nome equivalente, pois não há o hábito de se designar a gens. 21

1.1.2.3 Romanos

Os romanos também possuíam características peculiares quanto ao nome das pessoas que compunham seu meio social.

Desta forma, tem-se a informação que

16 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 28.

17 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral. p. 107 e PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I: Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 20. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p.

243.

18 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 28.

19 PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I:

Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. p. 243.

20 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.187.

21 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 29.

(20)

inicialmente, entre os romanos havia apenas o gentílico, que era o nome usado por todos os membros da mesma gens, e o prenome, que era o nome próprio de cada pessoa. A indicação por três nomes apareceu devido ao grande desenvolvimento da gens. 22

Então, justifica-se o fato de que

em Roma, o nome dos patrícios era de formação bastante complexa, pois tinham os romanos três nomes próprios para distinguir a pessoa: o prenome, o nome e o cognome, acrescentando-se, às vezes, um quarto elemento, o agnome.23

Diante disto, é essencial elucidar estes elementos do nome. O prenome (colocado antes do nome) tinha a função de discernir as pessoas de uma mesma família, sendo interessante mencionar que não excediam o número de trinta, eram conhecidos por todos e normalmente se escreviam de forma abreviada (ex: A = Aulus, Ap = Appius, Sex = Sextus). O nome era utilizado para especificar a gens a qual o sujeito integrava, sendo mais precisamente um adjetivo e acabava em ius (ex:

Cornellius, Fabius), posicionado logo após o prenome. O cognome discriminava a família do indivíduo de uma mesma gens, ocupando a posição de terceiro lugar (ex:

Publius Cornelius Scipio indicava uma pessoa chamada Publius, da gente Cornelia, da família Cipiões). O agnome significava alguma característica especial do indivíduo (ex: Publius Cornelius Scipio Africanus, significando algum atributo específico ocorrido na África). 24

Existiam também outras classes além dos patrícios, que possuíam a estrutura do nome de maneira diversa. Os escravos eram avocados pela expressão “pueri”

por seus senhores; e pelas demais pessoas, somada ao prenome de seu proprietário (ex: Lucipor = Luci puer). 25 Os nomes formados por apenas um ou dois elementos, eram atribuídos à plebe. 26

Dito isto, vale mencionar que entre eles, ocorria o que se designava de

“rerum enim vocabula imutabilia sunt, hominum mutabilia”, ou seja, os nomes das coisas são, em verdade, imutáveis, os dos homens, mutáveis. Desta forma, é possível constatar que nem sempre em Roma as normas relativas ao nome foram rigorosas. Entretanto, em determinada época, para um indivíduo acrescer algum nome era imprescindível um exame antecedente da assembléia gentilícia, e não do

22 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.187.

23 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.187.

24 PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I:

Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. p. 244 e Pe. João Ravizza apud FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 30-31.

25 Pe. João Ravizza apud FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 31.

26 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral. p. 108.

(21)

seu genitor. Advindo o Império Diocleciano e Maximiano, houve a promulgação de uma constituição que permitia a pessoa livre alterar seu prenome, nome, ou cognome, desde que preenchesse o requisito de tal modificação ser feita licitamente e sem fraude. 27

1.1.3 Nome Civil na Idade Média

Realizada a análise sobre o nome civil na antiguidade, pode-se adentrar no período da Idade Média, já que a segue e tem tanta relevância quanto à época anterior.

Os povos germânicos utilizavam apenas um nome para individualizá-los; e se a gente dos Merovíngios utilizavam sobrenomes, tinha mais a função de “splendor familiae” do que propriamente para distinção dos indivíduos. 28

“Com a invasão dos bárbaros, na Idade Média, retornou-se ao costume do nome único.” 29 Justificando-se pelo fato que a religião cristã, ao contrário da romana em que a pessoa era unida à família, tinha o indivíduo como uma vida à parte, ou seja, com total independência, de modo que não lhe causava nenhum tipo de aversão separá-lo dos parentes. Assim, por vários anos, o nome originário do batistério foi o único nome. 30

Conseqüentemente,

passou-se a dar nome de santo às crianças por influência da Igreja, substituindo-se os nomes bárbaros pelos nomes do calendário cristão.

Com o aumento da população, começou a surgir confusão entre muitas pessoas com o mesmo nome e de diversas famílias. 31

Então, origina-se o sobrenome que atualmente conhece-se, ligado: ao lugar de nascimento (ex: do Porto); a uma profissão (ex: Ferreiro); a uma característica particular da pessoa (ex: Branco, Manco, Baixo); a uma planta (ex: Pereira); a um animal (ex: Coelho), a um objeto (ex: Leite); ou ao genitor (ex: Afonso Henriques – filho de Henrique). 32

27 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 32.

28 PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. Tomo I. 2. edição. Campinas: Bookseller, 2000. p. 300.

29 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.187.

30 COULANGES apud FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 33.

31 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.187.

32 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.187-188 e MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral. p. 108.

(22)

Assim, vale dizer, que de acordo com determinados doutrinadores, apenas no século XIII ressurgiu um sistema de nomenclatura mais trabalhado, aderindo-se a duplicidade de nomes (apesar de já existir entre os reis e pessoas de grau social superior nos séculos VIII e IX). 33

1.1.4 Nome Civil entre os Povos Modernos e na Comunidade Luso-Brasileira

Limongi França, em sua obra “Do nome Civil das Pessoas Naturais” traz uma ligeira exposição do nome civil entre os povos modernos, bem como da sociedade luso-brasileira, permitindo ter-se uma noção como se dava nestas sociedades a formação do instituto em questão.

Assim, tendo como escopo o mundo ocidental moderno (França, Alemanha, Itália, Espanha, etc), via de regra, levando-se em conta filólogos, juristas e o conjunto de leis, tinha-se o hábito similar de utilizar dois elementos na composição nome, ou seja, o nome individual e o nome de família. 34 Porém, não deixavam de existir outros elementos correspondentes como as alcunhas, os pseudônimos, os títulos, as partículas, etc. 35

Quanto à comunidade luso-brasileira, aponta-se que o mesmo sistema, isto é, adotava-se essencialmente um nome individual e o patronímico. Entretanto, não deixavam de existir outros elementos secundários do nome, que em maior intensidade do que as demais nações, não possuíam um padrão no modo de classificar estes elementos. 36

Disto isto, tem-se uma ligeira noção do nome civil entre povos modernos e luso-brasileiros no tocante ao seu surgimento, classificações elementares, hábitos e entre outros aspectos históricos.

1.2 CONCEITO DO NOME E DOS ELEMENTOS QUE O COMPÕE

Tendo em vista, que o propósito da presente pesquisa é apresentar as hipóteses de alteração do prenome, é necessário apresentar a definição de nome civil, bem como dos elementos que o compõe para melhor compreensão da matéria.

33 BAUDRY E FOURCADE apud FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais.

p. 33-34 e VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.188.

34 V. PLAINOL apud FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 35.

35 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 35.

36 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 35-36.

(23)

Destarte, por princípio é preciso esclarecer que “não há concordância na doutrina sobre o assunto.” 37

Porém, definindo-se a expressão “nome civil”, pode citar-se a conceituação aduzida por Amorim, onde exprime que

o nome em verdade, é uma composição de prenome, acrescido do nome de família ou sobrenome ou patronímico, com as variações possíveis de simples ou compostos, com ou sem agnome, com ou sem partículas. 38

Realizada estas considerações, é permitido explanar os termos que compõe o nome civil.

1.2.1 Elementos Fundamentais

Reputam-se como elementos fundamentais do nome civil, o prenome e o apelido de família. 39

1.2.1.1 Prenome

Sílvio Venosa comenta que na tentativa de alguns autores arriscarem-se a esclarecer a terminologia do nome, definem o prenome como sendo: nome individual ou nome próprio. 40

A partir da própria origem da palavra, também é possível definir o vocábulo

“prenome” como o primeiro nome, equivalendo assim, ao nome de batismo.41 Desta forma, o “prenome é o nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir membros da mesma família.” 42

Como comenta Washington de Barros Monteiro, o prenome “pode ser simples (José, Antônio, Pedro) ou duplo (José Carlos, Vítor Hugo, João Batista). Mas, nada impede seja triplo ou quádruplo como sucede as famílias reais.” 43

Enunciada estas características no que tange ao prenome, permite-se apontar a concepção de sobrenome e suas características.

37 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.189.

38 AMORIM, José Roberto Neves. Direito ao Nome da Pessoa Física. São Paulo: Saraiva, 2003. p.

12. 39 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 57.

40 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.190.

41 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral.

v.1. 8. ed. rev. reform. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 112.

42 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1: parte geral. 3. ed. rev. e atual.

São Paulo: Saraiva, 2006. p. 124.

43 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral. p. 109.

(24)

1.2.1.2 Sobrenome

Lisboa leciona que o “sobrenome, ou nome de família é o nome que segue o nome próprio ou prenome, adquirido pelo simples fato do nascimento.” 44 Tal elemento, possui o intuito de designar de qual família o indivíduo pertence, 45 portanto é hereditário. 46

O sobrenome ainda tem como expressões sinônimas: patronímico, patrônimo e cognome, 47 além de apelido de família como lembra Sílvio Venosa. 48

O sobrenome, assim como o prenome, pode ser simples (ex: Antonio Pereira) ou composto (ex: Antonio Pereira Cunha). 49

Revelado os dois elementos fundamentais do nome civil, permite-se apresentar os elementos pertencentes à sua classe secundária do nome civil.

Segundo Limongi França, “temos por elementos secundários do nome civil, aquêles sem os quais a designação personativa pode subsistir perante a lei e o vulgo.” 50

1.2.2 Elementos Secundários

Desta forma, existem elementos contemplados no nome civil, bem como expressões relacionadas a ele, que conservam menor grau de relevância para a identificação do indivíduo, sendo que algumas vezes nem recebem tutela jurídica.

1.2.2.1 Axiônimo

Então, primeiramente, pode-se citar o axiônimo que “é designação que se dá a forma cortês de tratamento ou à expressão de reverência” 51 a uma pessoa. A

44 LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil, Volume 1: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed.

rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. p. 282.

45 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1: parte geral. p. 124 e COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil, Volume 1. 2. ed. rev. São Paulo: Saraiva: 2006. p. 185.

46 PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I:

Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. p. 245.

47 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 59.

48 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.190.

49 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 59.

50 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 59-60.

51 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1: parte geral. p. 124.

(25)

legislação não faz alusão a esta categoria. 52 É apenas uma maneira genérica de designar alguém. 53

Insere-se nesta classe, os títulos nobiliários (ex: Conde de Moreira Lima) e títulos honoríficos (ex: Comendador Rodrigues Alves) utilizados em algumas regiões, juntamente com o nome para a identificação. 54 Há também os títulos eclesiásticos, como por exemplo: padre, monsenhor cardeal, 55 além dos qualitativos de dignidade oficial (ex: Prefeito Faria Lima, Senador Vergueiro, Juiz Almeida, Desembargador Penteado, Marechal Rondon). 56 E finalmente, existem os títulos acadêmicos e científicos como: Doutor e Mestre. 57

1.2.2.2 Partícula

As partículas também estão contidas no gênero secundário. Como doutrina Limongi França, “a partícula é a preposição de e os seus derivados do, da, dos, das, ou a conjunção e.” 58

Em regra, não é elemento essencial do nome civil, porque este pode existir sem ela, mas em determinados nomes é relevante por integrarem o nome desde seu surgimento. A título exemplificativo menciona-se o sobrenome “França”, que na realidade trata-se de “de França”, pois é oriundo de “Antônio Galvão de França”, mas considerável parte dos descendentes não utilizam a forma original. 59

Também vale mencionar que a partícula é reputada em alguns países como significado de procedência nobre. 60

52 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.190.

53 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 60.

54 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1: parte geral. p. 124, FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 60 e ORLANDO GOMES. Introdução ao Direito Civil. 18ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p. 158.

55 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.190.

56 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 60 e VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.190.

57 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.190.

58 FRANÇA, R. Limongi. Instituições de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 1988. p. 1033.

59 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 60.

60 ORLANDO GOMES. Introdução ao Direito Civil. p. 158 e VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil:

Parte Geral. p.191.

(26)

1.2.2.3 Agnome

Finalmente, quanto aos elementos secundários do nome civil, há o agnome.

Este é o último vocábulo, que se posiciona logo após o nome fundamental completo.61

Mas, é necessário esclarecer que nem sempre o mesmo está presente no nome civil das pessoas naturais. 62 Todavia, é bem comum seu emprego, embora sem previsão no CC/2002, tendo como função distinguir o indivíduo dos parentes mais achegados que tenham o mesmo nome. 63

Nesta linha, Sílvio Venosa, explana que

é freqüente encontrarmos nomes (sobrenomes) com as partículas Júnior, Filho, Neto e Sobrinho, o Calvo, o Moço, o Velho, atribuídas às pessoas para diferenciar de parentes que tenham o mesmo nome. Para efeitos legais, esses termos integram o nome e são, de vernáculo, denominados agnomes, formando o chamado nome completo: Pedro da Silva Júnior.

Não é de nosso costume como é em países de língua inglesa, o uso de ordinais para distinguir as pessoas da mesma família: João Ribeiro Segundo; João Ribeiro Terceiro etc., embora por vezes encontremos alguns exemplos entre nós. Também nesta última situação trata-se de agnome. O agnome, de qualquer modo, faz parte do nome e deve fazer parte do registro civil.64

Assim sendo, percebe-se a função diferencial atribuída ao agnome no seio da família.

1.2.3 Elementos Substitutivos do Nome

Há determinados vocábulos que são utilizados no cotidiano das pessoas para substituir o nome civil. São eles: nome vocatório; epíteto, alcunha ou apelido; 65 hipocorístico; 66 e pseudônimo. 67

61 REYNALDO PORCHAT apud FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais.

p. 60.

62 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 1: teoria geral do direito civil. 23. ed. rev.

e atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002) e o Projeto de Lei n.

6.960/2002. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 203.

63 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral. p.

113.

64 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.191.

65 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.190-191.

66 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1: parte geral. p.126.

67 PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I:

Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. p. 247.

(27)

1.2.3.1 Nome Vocatório

O nome vocatório é o elemento substitutivo do nome pelo qual “as pessoas são conhecidas ou chamadas, como é o caso de Pontes de Miranda, sempre assim citado e poucos sabem que seu prenome era Francisco.” 68

Neste mesmo sentido, Maria Helena Diniz explica que:

Nome vocatório é aquele pelo qual a pessoa é conhecida, abreviando-se seu nome completo; p. ex., Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac era e é conhecido como Olavo Bilac, ou, até mesmo fazendo uso de siglas como PC para Paulo César Farias. 69

Logo, constata-se que o uso do nome vocatório é comum entre pessoas célebres.

1.2.3.2 Epíteto, Alcunha ou Apelido

Apelido, alcunha ou epíteto é a denominação imputada a uma pessoa por alguma característica sua (ex: Tiradentes, Fujão). Porém, às vezes não é sabida precisamente sua procedência. 70

Contudo, é extremamente necessário aludir que o vocábulo “cognome”, anteriormente mencionado no subtítulo 1.2.1.2 (Sobrenome), em algumas obras é tratado como sinônimo de alcunha ao invés de patronímico. É o que o que ocorre, por exemplo, na obra de Gagliano e Pamplona Filho, 71 bem como no trabalho de Lisboa, 72 que apresentam além de cognome, uma terceira forma de denominar o apelido, “codinome”. 73

Assim, nota-se como já referido, que não há um posicionamento pacífico na doutrina quanto à nomenclatura dos elementos inerentes ao nome civil.

1.2.3.3 Pseudônimo

Outro elemento freqüentemente observado é o pseudônimo.

Destarte, como leciona Limongi França, o pseudônimo:

68 PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I:

Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. p. 247

69 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 1: teoria geral do direito civil. p. 204.

70 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p, 190-191.

71 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral. p.

112.

72 LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil, Volume 1: Teoria Geral do Direito Civil. p. 282.

73 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral. p.

113 e LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil, Volume 1: Teoria Geral do Direito Civil. p.

282.

(28)

não é falso nome, senão um substitutivo da designação personativa, usado para identificar o sujeito em certo ramo especial de suas atividades (Literatura, Pintura, Teatro, etc.) É um nome verdadeiro, destinado a uma identificação limitada.74

Gagliano e Pamplona Filho esclarecem que o pseudônimo é eleito pela pessoa. 75 Porém, muitas vezes, é instituído pelo público, podendo haver mais do que um. 76

São outros exemplos de pseudônimos: Tristão de Ataíde (Alceu Amoroso Lima), Gabriela Mistral (Lucíola Godoy Alacayaga), Di Cavalcanti (Emiliano de Albuquerque Melo), José Sarney (José Ribamar Ferreira de Araújo), Xuxa (Maria das Graças Meneghel), Sílvio Santos (Senor Abravanel). 77

É interessante observar, que alguns autores como Gagliano e Pamplona Filho, denominam o pseudônimo ainda como codinome, considerando-os expressões sinônimas. 78

1.2.3.4 Hipocorístico

Há ainda um quarto elemento substitutivo do nome, denominado hipocorístico. Sendo assim, profere-se que este

é a denominação que se dá a um indivíduo com o intuito de manifestar carinho. Por exemplo, Mila (Emília), Nando (Fernando), Betinho (Roberto), Bel (Isabel), Quinzinho (Joaquim), Tião (Sebastião), Tonico (Antônio), Filó (Filomena), Zé (José). 79

Lisboa adota o mesmo conceito que o acima mencionado, porém, alude que a pessoa, a princípio, é conhecida de tal maneira apenas no seio familiar. Todavia, pode propagar-se de tal forma a expressão utilizada, que pessoas não íntimas ao detentor passam a conhecê-lo pelo vocábulo utilizado. 80

Destarte, estes são os elementos substitutivos do nome, utilizados cada um em uma determinada situação, seja por vontade do titular, seja por opção de terceiro que ao invés do nome civil prefira avocá-lo por determinado elemento substitutivo.

74 FRANÇA, Rubens Limongi. Do Nome Civil das Pessoas Naturais. p. 61.

75 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral. p.

112.

76 ORLANDO GOMES. Introdução ao Direito Civil. p. 158.

77 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 1: teoria geral do direito civil. p. 203.

78 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral. p.

113.

79 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 1: teoria geral do direito civil. p. 204.

80 LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil, Volume 1: Teoria Geral do Direito Civil. p. 282.

(29)

1.3 A PROTEÇÃO JURÍDICA DO NOME E SEUS ELEMENTOS

O nome civil como direito da personalidade faz jus à tutela jurídica no ordenamento jurídico pátrio. Tal proteção está disciplinada, essencialmente no CC/2002 (Livro I, Título I, Capítulo II), possibilitando a efetiva defesa deste instituto através da combinação dos dispositivos do referido código com as ferramentas previstas no CPC, além do princípio da dignidade humana prenunciado na CRFB/88, que é o sustentáculo basilar de todos direitos da personalidade.

1.3.1 Tutela Geral dos Direitos da Personalidade

Assim, primeiramente, é pertinente expor a conceituação de direitos da personalidade, bem como mencionar alguns desses direitos afins ao nome civil, uma vez que pertencem ao mesmo agrupamento de direitos, logo possuindo certas características em comum.

Desta forma, enuncia-se que os direitos da personalidade são os direitos

“reconhecidos ao homem, tomando em si mesmo e em suas projeções na sociedade. Visam à defesa de valores inatos”. 81

Sem aspirar exauri-los, têm-se como exemplos as seguintes categorias e respectivos direitos que os integram: a vida e a integridade física (ex: corpo vivo, cadáver, voz); a integridade psíquica e criações intelectuais (ex: liberdade, privacidade, segredo); e a integridade moral (ex: honra, imagem, identidade pessoal). 82

Da mesma forma, é necessário mencionar as ferramentas gerais de proteção dos direitos da personalidade, para posteriormente serem revelados os dispositivos de tutela específica do nome civil e de seus elementos. Assim,

a tutela geral dos direitos da personalidade compreende modos vários de reação, que permitem ao lesado a obtenção de respostas distintas, em função dos interesses visados, estruturáveis, basicamente, em consonância com os seguintes objetivos: a) cessação de práticas lesivas;

b) apreensão de materiais oriundos dessas práticas; c) submissão do agente à cominação de pena; d) reparação de danos materiais e morais; e) perseguição criminal do agente. 83

81 BITTAR, Carlos Alberto. Tutela dos Direitos da Personalidade e dos Direitos Autorais nas Atividades Empresariais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais: 1993. p. 9-10.

82 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral. p.

150.

83 BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária: 1995. p. 48.

(30)

Diante disto, constate-se a dimensão da importância que o ordenamento jurídico, a doutrina e a jurisprudência atribuem aos direitos da personalidade, uma vez que tutelam-os em vários aspectos.

1.3.1.1 Princípio da Dignidade Humana

O exame do princípio da dignidade será realizado na apresentação dos princípios inerentes ao nome civil (subtítulo 1.4.2 – Princípio da Dignidade Humana).

1.3.1.2 Convenção Interamericana de Direitos Humanos

Quando se discursa sobre os direitos da personalidade, vale atentar-se à Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), pois,

inserida em nosso ordenamento jurídico positivo pelo Decreto n. 678, de 6 de novembro de 1992, determina, no plano internacional, que os Estados se comprometam a respeitar e garantir os direitos da personalidade. 84

Logo, observa-se que os direitos da personalidade são de tal valor à pessoa humana que recebem tutela na seara internacional.

1.3.1.3 Norma Geral de Tutela dos Direitos da Personalidade do Código Civil

Nesta premissa, primeiramente, é necessário esclarecer que como os direitos da personalidade são inerentes aos atributos particulares dos indivíduos, em princípio, somente a pessoa ofendida pode ajuizar as medidas necessárias para cessar a ameaça ou lesão a estes direitos. 85

Desta forma, o primeiro artigo do CC/2002 indispensável para a proteção dos direitos da personalidade é o caput do art. 12, uma vez que esta regra é a norma geral do CC/2002 de proteção dos direitos da personalidade. 86

O referido dispositivo enuncia que: “pode-se exigir que cesse a ameaça, ou lesão, a direito da personalidade, reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.” 87

84 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral. p.

179.

85 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. v.1. p.176.

86 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral. p.

178.

(31)

Portanto, tendo-se em vista que a tutela dos direitos da personalidade precisa ser total, o referido artigo procura atender a esta premissa, possibilitando concomitantemente tolher o ato lesivo, bem como fazer com que o agressor ao direito de outrem responda civilmente pelo dano provocado. 88

Logo, se ao lesado

advier prejuízo, serão devidas perdas e danos, a serem avaliadas com obediência aos critérios genéricos destinados à sua estimativa, independentemente de não ser dotado de patrimonialidade o direito lesado ou ameaçado.89

Neste ponto, é interessante o posicionamento de Washington de Barros Monteiro, pois para este autor, os danos oriundos de lesão aos direitos da personalidade, em virtude do patente evento, não prescindem demonstração do dano. Apenas, com base nas situações ocorridas e alegadas pela vítima, ponderando-se o estado individual da mesma, se entende que tenha sobrevindo o prejuízo, já que o desgosto moral tem aspecto altamente particular. 90

1.3.1.3.1 Legitimidade para a Tutela dos Direitos da Personalidade depois da Morte Como os direitos da personalidade são relativos a valores intrínsecos da pessoa humana, merecem tutela mesmo após a morte.

Deste modo, é necessário enfatizar que a personalidade jurídica é um predicado que a pessoa goza por toda sua vida, extinguindo-a unicamente com a morte. 91 No entanto, o CC/2002 expressamente instituiu no parágrafo único do art.

12, que “em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.” 92 Mas, Washington de Barros Monteiro vai além, afirmando que havendo união estável, o companheiro também deve ser considerado legitimado para ajuizar esta providência. 93

87 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 15 de agosto de 2007.

88 PEREIRA, Daniel Queiroz. Direitos da Personalidade e Código Civil de 2002: uma abordagem contemporânea. Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 853, p. 58–76, nov. 2006. p. 65.

89 PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I:

Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. p. 243.

90 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral. p. 99.

91 PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I:

Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. p. 243.

92 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 15 de agosto de 2007.

93 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral. p. 99.

(32)

Portanto, apesar dos direitos da personalidade desaparecerem com a morte do titular, há vestígios que podem estar acima dela, conseqüentemente, atingindo seus familiares. 94

1.3.1.4 Natureza Jurídica das Ações Gerais de Tutela dos Direitos da Personalidade Quanto às ações relativas à defesa dos direitos da personalidade, Carlos Roberto Gonçalves assevera que de um modo geral, podem ser de natureza: a) preventiva – que é a ação cautelar, tendo como escopo suspender os atos que ofendam a integridade física, a integridade intelectual e a integridade moral, ajuizando-se seguidamente a ação principal (ação cominatória); b) cominatória – que é a ação principal, tendo como fulcro os art. 287, 461 e 644 do CPC, reservada a impedir a efetivação da ameaça ou lesão; c) repressiva – que é a ação por danos materiais e morais, com pedido de tutela antecipada como se vem permitindo. 95

1.3.2 Tutela Específica do Nome Civil

Como o foco de análise desta pesquisa é especificamente o nome civil das pessoas naturais, e considerando que já foram apresentados os mecanismos de gerais de defesa dos direitos da personalidade, passa a ser necessário apontar os instrumentos particulares de tutela deste instituto.

Deste modo, nesta premissa investigar-se-ão os dispositivos específicos de proteção do nome civil, mencionando-os, bem como evidenciando as interpretações dadas a tais dispositivos.

1.3.2.1 Do Direito ao nome

Um dos direitos fundamentais da pessoa humana é o direito à identidade, que introduz o rol de direitos de caráter moral, pois se forma na união entre a pessoa e a sociedade. 96

Assim, o direito ao nome compõe o direito à identidade, ao lado do direito ao pseudônimo, do direito ao título (nobiliárquico, honorífico, eclesiástico, científico e militar), do direito ao signo figurativo (brasões e insígnias), entre outros. 97

94 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. p.178.

95 BITTAR; DINIZ apud GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1: parte geral. p. 160.

96 BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. p. 120.

(33)

Nas palavras de Sílvio Venosa,

ao nascermos, ganhamos um nome que não tivemos oportunidade de escolher. Conservamos esse nome, em princípio por toda a vida, como marca distintiva na sociedade, como algo que nos rotula no meio em que vivemos, até a morte. Após a morte, o nome da pessoa continua a ser lembrado e ter influência, mormente se essa pessoa desempenhou atividade de vulto em vida. Ainda que assim não tenha ocorrido, o nome da pessoa falecida permanece na lembrança daqueles que lhe foram caros. 98

Sendo assim, o nome é um dos mais meritórios elementos da personalidade, pois trata-se do elemento de referência por excelência dos indivíduos. 99No mesmo sentido, sabe-se que o “nome da pessoa natural é o sinal exterior mais visível de sua individualidade, sendo através dele que a identificamos no seu âmbito familiar e social.” 100

Assim, é necessário enfatizar que o nome civil possuiu dois aspectos, um público e outro individual. O primeiro deriva-se da circunstância de o Estado interessar-se em que os indivíduos sejam precisamente identificados. 101 Já o segundo, funda-se no “poder reconhecido ao seu possuidor de por ele designar-se e de reprimir abusos cometidos por terceiros.” 102

Feita estas considerações, no Livro I (Das Pessoas), Titulo I (Das Pessoas Naturais), Capítulo II (Dos Direitos da Personalidade), do CC/2002, encontram-se disciplinadas disposições inerentes do nome civil.

Por conseguinte, o primeiro artigo exclusivo do instituto jurídico do nome é o art. 16, que assim dispõe: “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.” 103 Assim, diante dele, nota-se que todo ser humano possui o direito de ser identificado por expressão que o individue (prenome) entre os demais membros de sua família (sobrenome). 104

97 FRANÇA, R. Limongi. Instituições de Direito Civil. p. 1030.

98 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. p. 185.

99 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral. p. 107.

100 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte geral.

p. 111.

101 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1: parte geral. p. 120-121.

102 PEREIRA, Caio Mário da Silva; MORAES, Celina Bodin de. Instituições de Direito Civil, Volume I: Introdução Ao Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. p. 245.

103 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 15 de agosto de 2007.

104 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil, Volume 1. p. 185.

Referências

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