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- 1ª aula - O que é a língua. As origens da Língua Portuguesa. A gramática. Algumas particularidades dos verbos ver vir ir.

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- 1ª aula -

O que é a língua. As origens da Língua Portu- guesa. A gramática. Algumas particularidades

dos verbos ver – vir – ir.

Muitas pessoas têm verdadeiro trauma ao ouvir a palavra

“gramática”. Logo lhes vêm à memória certas frustrações e in- compreensões sofridas no período escolar. Nesta aula, veremos a lógica do estudo da língua e abordaremos uma das categorias

gramaticais mais importantes, o verbo.

Parte I

1. O que é linguagem?

A linguagem é o mecanismo que utilizamos para transmitir nossos conceitos, ideias e sentimentos. Trata-se de um processo de interação. Qualquer conjunto de signos ou sinais é considerado uma forma de linguagem.

2. O que é a língua?

A língua é um código verbal característico, convencionado, ou seja, um conjunto de palavras e combinações específicas compartilhado por um determinado grupo; tem normas gramaticais que a regem. Diferencia-se da fala, pois cada falante opta pela for- ma de expressão que mais lhe convém, originando a fala, na qual há uma certa liberda- de. O falante é auxiliado pela gesticulação, pela entonação, pela mímica em geral, sem deixar de obedecer a certas regras estabelecidas que garantem a compreensão e a comu- nicação. Na fala encontramos inúmeras variações, que não constituem transgressões ao idioma, mas provam que a língua é viva e dinâmica.

3. Língua e dialeto

O dialeto é a variedade de uma língua, própria de uma região ou território e está re- lacionado com as variações linguísticas encontradas na fala de determinados grupos sociais. No Brasil não há dialetos, pois as diferenças da língua comum não são profun- das e atêm-se à fala. Por isso não se diz que há dialetos, mas sim falares diversos em nosso país. De acordo com Antenor Nascentes, é possível dividir o Brasil em duas

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grandes regiões dialetais – norte e sul. “Em cada grupo, distingue Antenor Nascentes diversas variedades a que chama subfalares. E enumera dois no grupo Norte: a) o amazónico, b) o nordestino. E quatro no grupo Sul: a) o baiano, b) o fluminense, c) o mineiro, d) o sulista.»¹ A proposta de Nascentes desta grande divisão linguística no Brasil toma como base «a cadência da fala: fala 'cantada' no Norte, fala 'descansada' no Sul» e a existência de vogais pretónicas nos dialectos do Norte em vocábulos que não sejam diminutivos nem advérbios em -mente: pègar por pegar”1. Afirma que “Bas- ta uma singela frase ou uma simples palavra para caracterizar as pessoas pertencentes a cada um destes grupos” (in O linguajar carioca, p. 25).

Dentre as diversas variações linguísticas a que tem mais prestígio é a norma culta, que está de acordo com a gramática.

4. Como surgem as línguas

Em geral, uma língua é uma fusão de diversos fatores. Tomemos a Língua Portu- guesa: ela é originária do Latim, (este, por sua vez, vem de um tronco comum às lín- guas europeias: o indo-europeu).

A língua latina foi levada à Península Ibérica na expansão do Império Romano. Lá, falava-se até então o celtibero, língua dos povos que habitavam a região. Com a intro- dução do Latim, no século III a.C., as línguas locais fundiram-se gradualmente com ele.

Mais tarde, com as invasões bárbaras, especialmente dos visigodos e germânicos, essa língua continuou sofrendo alterações. No século VIII, houve a invasão árabe. Desse grupo a Língua Portuguesa nascente também assimilou alguns elementos, especialmen- te no léxico.2

Por volta do século X, a língua já havia sofrido forte influência do galego3. Quando Portugal surgiu como nação independente, em 1139, a língua que se falava era o gale- go-português, que foi se espalhando para o sul, juntamente com o processo da Recon- quista. Foi só no século XVI que a Língua Portuguesa se oficializou e se fixou, sobretu- do com a obra literária do célebre Camões.

5. Língua comum e língua exemplar

Uma língua histórica, como o Português, é constituída de várias línguas sem deixar de ser uma só. Portanto, pode-se falar em uma diversidade na unidade e uma unidade na

1 in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/dialetos- brasileiros/34752 [consultado em 02-07-2020]

2 A influência do árabe no Português deu-se sobretudo no léxico. Há cerca de mil palavras provenientes desse idioma, por exemplo: almoço, almoxarifado, alfaiate (do árabe al-ḫayyāṭ); alfândega (do árabe al-ḫandaq); alfa- zema (do árabe al-ḫuzāmah); algarismo (do árabe Al-Ḫuwārizmī); álgebra (do árabe al-jabr); algema (do árabe al- jāmiᶜah); algodão (do árabe al-quṭn);

3 Idioma falado na Galícia, ao norte de Portugal.

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diversidade, que formam a língua comum da nação. Ora, essa língua comum, mais dis- ciplinada, mais organizada, com normas, é a língua exemplar.

6. O estudo da língua faz-se na disciplina gramática.

A gramática é o conjunto de regras para indicar o uso mais correto de uma língua, sua forma, composição e interrelação das palavras na oração. Essa noção de correção é extraída dos exemplos dos bons escritores, da lógica, da tradição e do bom senso.

A palavra gramática vem do grego: γραμματική, transl. grammatiké, feminino subs- tantivado de grammatikós. Pode-se resumir sua definição assim: gramática é a arte de colocar as palavras certas nos lugares certos.4

Existem quatro tipos de gramática:

✓ A gramática descritiva - é de origem científica e registra, descreve como se usa a língua funcional. A gramática descritiva analisa a língua, no que diz respeito a seu uso oral, em um período específico do tempo, ou seja, é sin- crônica.

✓ A gramática normativa - não tem finalidade científica e sim pedagógica. Re- comenda como se deve falar segundo o uso e a autoridade dos escritores cor- retos, dos gramáticos e dos dicionaristas. A gramática normativa é sinônimo de norma culta. Ela estabelece os usos certos e errados em oposição ao uso popular. Isso porque, apesar de o falante fazer-se compreender mesmo co- metendo transgressões às normas gramaticais, deve haver um modelo estabe- lecido para que a língua se mantenha íntegra, sem perder as características e riqueza históricas. Essa é a gramática oficial e, que, portanto, é ensinada nas escolas.

✓ A gramática histórica - estuda a história da língua ao longo dos tempos.

✓ A gramática comparativa - estuda a gramática fazendo uma comparação com as gramáticas das línguas pertencentes às mesmas famílias linguísticas.

O estudo da gramática geralmente é feito sob três aspectos: o fonético, o morfológi- co e o sintático. Alguns gramáticos incluem nessa visão uma quarta parte, a Semântica, que se ocupa dos significados dos componentes de uma língua.

7. Do que se ocupa cada parte da gramática?

▪ A fonética estuda os sons da língua e inclui: a ortoépia, que estuda o como as palavras devem ser pronunciadas; a prosódia, que estuda a forma como

4 Cf. ECKERSLEY, C. E. (M.A.) & MACAULAY, Margaret (M. A.). Brighter Grammar. London: Longsman, Green & Co.

Ltd., 1955

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as palavras devem receber acento tônico, bem como acento gráfico; a orto- grafia, que estuda como as palavras devem ser escritas.

▪ A morfologia, que estuda as palavras isoladamente, bem como a sua estrutu- ra e formação. É nessa parte da gramática que conhecemos as dez classes gramaticais: substantivo, verbo, adjetivo, pronome, artigo, numeral, preposi- ção, conjunção, interjeição e advérbio.

▪ A sintaxe, que estuda as palavras e sua função nas orações. Para tanto, a sin- taxe analisa cada elemento presente num enunciado linguístico e a relação entre eles.

Parte 2

Tendo estudado o campo básico em que se encaixa a disciplina gramática, vamos estudar algumas particularidades e dificuldades dos falantes atuais de nossa língua. Para iniciar, escolhemos alguns verbos que causam dúvida em seu uso: os verbos ver – vir – ir.

Relembremos as noções básicas da categoria gramatical verbo.

O verbo é a palavra que indica ação, movimento, estado ou fenômeno meteorológi- co. Pode sofrer variações de acordo com suas flexões. O verbo possui as flexões de:

✓ modo (indicativo, subjuntivo e imperativo);

✓ tempo (presente, pretérito e futuro);

✓ número e pessoa (singular e plural);

✓ voz (ativa, passiva e reflexiva).

Vejamos as flexões verbais separadamente:

Flexão de número e pessoa

O verbo apresenta flexão de número quando indica o singular ou o plural em sua forma. Aparece no singular quando se refere a uma única pessoa (eu canto; tu cantas, ele canta) e no plural quando indica mais de uma pessoa (nós cantamos; vós cantais, eles cantam). As pessoas em que são conjugados os verbos chamam-se pessoas grama- ticais e são representadas pelos pronomes pessoais do caso reto: eu, tu, ele (ela), nós, vós, eles (elas).

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Flexão de modo

O modo verbal indica a atitude do falante em relação à ação que anuncia. (Eu me arrependo/ eu me arrependeria/ Arrepende-te!). São três os modos verbais:

✓ Modo Indicativo: quando o falante tem a certeza de sua atitude; o fato é ou será uma realidade.

Ex. “Ele será grande. Será chamado Filho do Altíssimo.”

✓ Modo Subjuntivo: quando o falante não tem certeza da atitude; o fato é du- vidoso, incerto. Há uma possibilidade de que aconteça.

Ex. Pode ser que tudo seja esclarecido hoje. Se eu fosse você, confiaria.

✓ Modo Imperativo: quando o falante expressa uma ordem, um pedido ou um conselho.

Ex. Não sejas tão indisciplinado!

Sê tu uma bênção para teus pais!

“Faça-se a luz!”

Os verbos se classificam em regulares – que se encaixam em modelos fixos de con- jugação verbal, não apresentado alterações nos radicais e nas terminações quando con- jugados – e irregulares.

Hoje veremos três verbos irregulares que frequentemente nos causam dúvidas e, por isso, muitas vezes ou os usamos mal ou encontramos um jeito de evitar seu uso. São os verbos vir, ver, ir.

O verbo vir e o verbo ver

Esses verbos são bastante irregulares. A respeito do verbo vir, observe estas parti- cularidades:

I. Vem, sem acento gráfico, está na 3.ª pessoa do singular e vêm, com acento circunflexo, está na 3.ª pessoa do plural: ele vem, eles vêm.

Ex. O Anjo vem anunciar a Maria o grande mistério da Encarnação do Ver- bo.

Os pastores vêm adorar o Menino Deus.

O guerreiro vem triunfante após o longo combate.

Os navegantes vêm exaustos pelos árduos trabalhos enfrentados no mar.

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O verbo vir é frequentemente confundido com o verbo ver:

Quando o Reino de Maria vier, haverá a verdadeira glorificação da Santa Igreja.

Quem vir a crueldade dos maus, jamais a esquecerá.

II. Ainda no presente do indicativo, o verbo vir se confunde com o verbo ver:

eles veem (verbo ver), eles vêm (verbo vir).

As autoridades veem tudo sem dizer nada. Até quando?

Os militares vêm garbosos, prontos para o desfile.

III. Também no tempo presente do indicativo, 1ª pessoa do plural: nós vimos, verbo vir, pode ser confundido com o nós vimos, do verbo ver, no pretérito perfeito do indicativo.

Nós vimos aqui todo ano para participar das solenidades pascais.

Nós vimos por meio desta pedir autorização para frequentar os novos cur- sos.

(confira: eu venho, tu vens, ele vem, NÓS VIMOS, vós vindes, eles vêm)

Nós O vimos carregando sua Cruz a caminho do Calvário.

Ontem vimos fotos de nossa infância que muito nos recordaram a inocência primaveril em que vivíamos.

(confira: eu vi, tu viste, ele viu, NÓS VIMOS, vós vistes, eles viram)

IV. Vimos e viemos

A confusão ocorre porque essas formas conjugadas se referem a dois tempos verbais distintos do verbo vir. Viemos é a forma conjugada do verbo vir 1.ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo.

Nós vimos a estrela e viemos adorá-Lo.

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Vimos pode ser uma forma conjugada do verbo vir na 1.ª pessoa do plural do presente do indicativo.

Nós vimos ao Rio de Janeiro todos os anos.

V. “Pode vim, vai vim, deve vim”

As formas corretas são pode vir, vai vir, deve vir. As locuções verbais são formadas por:

um verbo auxiliar (pode, vai, deve) + um verbo principal (vir)

Apenas os verbos auxiliares podem ser flexionados em pessoa, número, tempo e modo. Os verbos principais apenas aparecem conjugados no infini- tivo, particípio ou gerúndio.

Pode vir até aqui para receber seu diploma.

O professor de Teologia prometeu que vai vir amanhã.

Minha filha deve vir às aulas de catequese neste semestre.

Interessante, não é? Fixemos estas informações através de alguns exercícios que es- tão disponíveis no site. Bons estudos e que os Santos Anjos os ajudem!

Referências

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