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Combinações de lógicas modais não-normais

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Academic year: 2017

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(1)

Combina¸c˜

oes de L´

ogicas

Modais N˜

ao-normais

Rog´

erio Augusto dos Santos Fajardo

Dissertac

¸˜

ao apresentada

ao

Instituto de Matem´

atica e Estat´ıstica

da

Universidade de S˜

ao Paulo

para

obtenc

¸˜

ao do grau

de

Mestre em Matem´

atica

´

Area de Concentra¸c˜ao:

Matem´

atica

Orientador:

Prof. Dr. Marcelo Finger

Durante a elabora¸c˜ao deste trabalho, o autor recebeu

apoio financeiro da FAPESP (processo 02/10369-7).

(2)
(3)

Combina¸c˜

oes de L´

ogicas

Modais N˜

ao-normais

Este exemplar corresponde `a reda¸c˜ao

final da disserta¸c˜ao de mestrado devidamente

corrigida e defendida por Rog´erio Fajardo

e aprovada pela comiss˜ao julgadora.

S˜ao Paulo, setembro de 2004.

Banca examinadora:

Prof. Dr. Marcelo Finger - IME-USP

Profa. Dra. Maria ˆ

Angela Weiss - IME-USP

(4)

Agradecimentos

Agrade¸co aos meus pais, por toda ajuda que me deram.

Agrade¸co ao meu orientador, Prof. Marcelo Finger, pelo imenso apoio e incen-tivo que tem me dado desde os primeiros meses da Gradua¸c˜ao.

Agrade¸co `a FAPESP, pelo apoio financeiro.

Agrade¸co a todos os meus colegas, pelo companheirismo e amizade sincera em todos os momentos.

Agrade¸co a todos os professores do IME, n˜ao s´o pelos excelentes ensinamentos passados, mas por todo carinho e aten¸c˜ao que nos tˆem concedido.

(5)

Resumo

(6)

Abstract

(7)

Conte´

udo

1 Introdu¸c˜ao 3

1.1 Objetivos . . . 3

1.2 L´ogica Modal Normal . . . 4

1.3 L´ogica Temporal . . . 8

2 Combina¸c˜oes de L´ogicas Modais Normais 9 2.1 Fus˜ao de L´ogicas Monomodais . . . 10

2.2 Fus˜ao de L´ogicas Modais Normais em Todos os Argumentos . . . 11

2.3 Temporaliza¸c˜ao . . . 13

2.4 Fus˜ao de L´ogicas Modais e Temporais . . . 15

2.5 No¸c˜oes de Produto de L´ogicas . . . 16

3 L´ogica Modal N˜ao-normal 17 3.1 Semˆantica . . . 18

3.2 Axiomatiza¸c˜ao . . . 18

3.3 Algumas Propriedades B´asicas . . . 19

3.3.1 Incompletude . . . 25

4 Algebras de Boole na L´´ ogica Modal 26 4.1 Estruturas e Modelos Gerais para L´ogica Modal . . . 26

4.2 Algebras de Boole . . . .´ 28

4.3 Teorema de Representa¸c˜ao de Stone . . . 31

4.4 Algebras de Boole com Operador . . . .´ 34

5 Modaliza¸c˜ao N˜ao-normal 37 5.1 Corre¸c˜ao . . . 38

5.2 Completude . . . 38

5.3 Decidibilidade . . . 43

6 Fus˜ao de L´ogicas Modais N˜ao-normais 44 6.1 Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares . . . 44

(8)
(9)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜

ao

Neste cap´ıtulo encontram-se a defini¸c˜ao e as propriedades b´asicas de L´ogica Modal Normal e o prop´osito do trabalho, que ´e estudar a preserva¸c˜ao de corre¸c˜ao e completude em combina¸c˜oes de L´ogicas Modais N˜ao-normais.

A defini¸c˜ao encontrada na Se¸c˜ao 1.2 refere-se `a L´ogica Monomodal, isto ´e, que possui apenas um operador (primitivo) modal. No Cap´ıtulo 2 iremos ver uma generaliza¸c˜ao de L´ogica Modal Normal para mais de um operador, e de aridade arbitr´aria.

A Se¸c˜ao 1.3 traz as defini¸c˜oes b´asicas de L´ogica Temporal, ´uteis para quando falarmos de temporaliza¸c˜ao, no Cap´ıtulo 2.

Como referˆencia para a Se¸c˜ao 1.2 temos os livros b´asicos de L´ogica Modal [BdRV01, Che80, HC96]. Para a Se¸c˜ao 1.3 temos [GHR94].

1.1

Objetivos

Nosso objetivo ´e estudar as combina¸c˜oes de sistemas de L´ogica Modal, ana-lisando quando ocorre transferˆencia de propriedades como corre¸c˜ao, completude e decidibilidade. Isto ´e, dados dois sistemas de L´ogica Modal,M1eM2, obtemos um sistema l´ogicoM, que de alguma forma combina a sintaxe (axiomatiza¸c˜ao) e semˆantica deM1eM2. SeM1eM2satisfazem uma propriedadeP, queremos saber seM tamb´em a satisfaz (a isso chamamostransferˆencia oupreserva¸c˜ao

da propriedadeP).

Trˆes formas de combinar L´ogicas Modais1 ser˜ao abordadas. Na primeira, a mais fraca das trˆes, um sistema ´e aplicado externamente a outro, n˜ao permitindo que, na linguagem, operadores da l´ogica externa fiquem no escopo de um ope-rador da l´ogica interna. Na segunda, chamada decombina¸c˜ao independente, ou

fus˜ao, simplesmente unimos os operadores dos dois sistemas, na linguagem, e unimos as duas axiom´aticas, sem supor nenhuma intera¸c˜ao entre os operadores de um sistema com os do outro. Finalmente, oproduto de L´ogicas Modais sup˜oe

1

(10)

alguma intera¸c˜ao entre os operadores das duas l´ogicas, sendo a mais forte (isto ´e, com mais teoremas) das trˆes formas de combina¸c˜ao.

O principal objetivo de combinar sistemas l´ogicos ´e evitar que, para cada modelagem de um problema pr´atico, seja necess´ario criar um novo sistema l´ogico exclusivo, e ter que analisar novamente as suas propriedades. A combina¸c˜ao fornece um m´etodo sistem´atico de produzir novos sistemas l´ogicos a partir dos que j´a temos, e os resultados de transferˆencias nos fornecem as propriedades que queremos sem ter que estud´a-las novamente, para cada novo sistema.

A maior parte dos estudos de L´ogica Modal assume o axioma K e a re-gra de inferˆencia da Necessita¸c˜ao, e baseia-se na semˆantica de Kripke, como mostraremos na se¸c˜ao seguinte deste cap´ıtulo. A isso chamamosL´ogica Modal Normal. No Cap´ıtulo 3 iremos definirL´ogica Modal N˜ao-normal, que generaliza a L´ogica Modal Normal.

Para o caso da L´ogica Modal Normal, como iremos mencionar no Cap´ıtulo 2, j´a foram estudadas as transferˆencias de corre¸c˜ao, completude e decidibilidade nas trˆes formas de combina¸c˜oes citadas, encontrando respostas positivas para a aplica¸c˜ao externa e a fus˜ao, e negativa para o produto. Nosso prop´osito ´e estudar a transferˆencia dessas propriedades em combina¸c˜oes de L´ogicas Modais N˜ao-normais.

1.2

ogica Modal Normal

A L´ogica Modal Normal baseia-se na semˆantica dos “mundos poss´ıveis”. Verificar se uma proposi¸c˜ao ´e verdadeira ou n˜ao depende do “mundo” em que ela est´a sendo analisada. S˜ao acrescentados a l´ogica proposicional cl´assica, oper-adores modais de “necessidade” e “possibilidade”. Uma proposi¸c˜ao ´enecess´aria

em um mundo se for verdadeira em todos os mundos acess´ıveis a esse. Uma proposi¸c˜ao ´eposs´ıvel em um mundo quando for verdadeira em algum mundo acess´ıvel a esse.

O alfabeto da L´ogica Modal consiste nas f´ormulas atˆomicas (ou, ´atomos): p, q, r, ...; os conectivos booleanos bin´arios: ∧,∨, →,↔ ; e un´ario: ¬; e os op-eradores modais (un´arios)✷ (que significa “necessariamente”) e ✸ (“possivel-mente”); al´em dos delimitadores “ ( ”e “ ) ”. A linguagem ´e o menor conjunto

Lcontendo as f´ormulas atˆomicas e tal que, seA, B∈ L, ent˜ao as f´ormulas¬A, (A∧B) e ✷A est˜ao em L. Os conectivos ∨, → e ↔ podem ser definidos a partir de¬e∧da maneira usual (A∨B abrevia¬(¬A∧ ¬B);A→B abrevia (¬A)∨B; eA↔B indica (A→B)∧(B→A)).

Usaremos⊤para indicar constante verdadeira (p∨ ¬p) e⊥para a constante falsa (p∧ ¬p).

Semˆ

antica da L´

ogica Modal Normal

A semˆantica da L´ogica Modal Normal ´e baseada no modelo de Kripke. Uma

(11)

conjunto dos “mundos poss´ıveis”, e R´e uma rela¸c˜ao bin´aria sobre W, isto ´e, R⊆W ×W.

Ummodelo sobre uma estruturahW, Ri´e uma triplahW, R, ViondehW, Ri

´e uma estrutura eV :L −→2W ´e uma fun¸c˜ao, chamadavalora¸c˜ao, que a cada f´ormula atˆomica associa um subconjunto deW, que ´e o conjunto de mundos em que a dada f´ormula atˆomica ´e verdadeira.

Dados um elemento w∈W e uma f´ormula A, denotamoshW, R, V, wi |=A sehW, R, Visatisfaz Aem w, e definimos por:

1. Sep´e atˆomica, hW, R, V, wi |=psse w∈V(p); 2. hW, R, V, wi |=¬Asse n˜ao ocorrehW, R, V, wi |=A;

3. hW, R, V, wi |=A∧B ssehW, R, V, wi |=AehW, R, V, wi |=B;

4. hW, R, V, wi |=✷AssehW, R, V, w′i |=A, para todowW tal quewRw

(isto ´e, (w, w′)R);

5. hW, R, V, wi |= ✸A sse hW, R, V, w′i |= A, para algumw W tal que

wRw′.

Uma outra forma equivalente de definir satisfazibilidade, ´e estender a fun¸c˜ao de valora¸c˜ao para todas as f´ormulas, de modo a satisfazer:

1. V(¬A) =WrV(A); 2. V(A∧B) =V(A)∩V(B);

3. V(✷A) ={w∈W :w′V(A) para todowW tal quewRw};

4. V(✸A) ={w∈W :w′ V(A) para algumwW tal quewRw}.

Definimos, ent˜ao, hW, R, V, wi |=A sse w∈ V(A). ´E f´acil verificar que as duas defini¸c˜oes s˜ao equivalentes. Usando 4 e 5 e a defini¸c˜ao de ¬, temos que o operador✸ pode ser definido a partir de ✷ por ¬✷¬A no lugar de ✸A, ou o contr´ario,✷como¬✸¬. Assim, para simplificar as demonstra¸c˜oes e defini¸c˜oes, a partir de agora usaremos apenas o operador✷como primitivo.

Dizemos que uma f´ormula A´ev´alida em um modelohW, R, Vi(denotamos porhW, R, Vi |=A) sehW, R, V, wi |=A, para todo w∈W. Da mesma forma, dizemos queA´e v´alida em uma estruturahW, Ri(denotamos porhW, Ri |=A) sehW, R, Vi |=A, para toda valora¸c˜aoV.

Axiom´

atica para a L´

ogica Modal Normal

Um sistema de axiomas ´e um conjunto de axiomas e regras de inferˆencia para uma linguagem l´ogica. Os axiomas s˜ao f´ormulas e as regras de inferˆencias s˜ao rela¸c˜oes entre f´ormulas2. Umademonstra¸c˜ao´e uma seq¨uˆencia finita de f´ormulas

2

Formalmente, subconjuntos deLn

× L, paran≥1 ondeL´e a linguagem. Uma f´ormula

(12)

em que cada f´ormula ou ´e um axioma ou ´e obtido por f´ormulas anteriores na seq¨uˆencia atrav´es de uma regra de inferˆencia. Umteorema ´e a ´ultima f´ormula que ocorre em uma demonstra¸c˜ao. Uma f´ormulaA´econsistentese¬An˜ao ´e um teorema. Quando necess´ario especificarmos o sistema, dizemos que uma f´ormula ´e um S-teorema (ou, S-consistente) quando for um teorema (ou, consistente) no sistemaS.

Denotamos por ⊢S A se A ´e um teorema do sistema S. Suprimiremos o ´ındiceS quando estiver claro o sistema usado.

Um sistema de axiomas para L´ogica Modal Normal cont´em, pelo menos, os seguintes axiomas e regras de inferˆencias:

Axiomas:

1. As tautologias proposicionais;

2. AxiomaK:✷(p→q)→(✷p→✷q). Regras de Inferˆencia:

1. Substitui¸c˜ao Uniforme: Se A´e um teorema, p´e uma f´ormula atˆomica e B ´e uma f´ormula, a f´ormula obtida substituindo todas as ocorrˆencias de pemA porB´e um teorema;

2. Modus Ponens: Se⊢Ae⊢A→B ent˜ao⊢B; 3. Necessita¸c˜ao: Se⊢Aent˜ao⊢✷A.

O sistema minimal para L´ogica Modal Normal, isto ´e, o que cont´em apenas os axiomas e regras de inferˆencia acima mencionados, ´e denotado porK.

Corre¸c˜

ao e Completude

Seja K uma classe de estruturas e S um sistema para L´ogica Modal Normal. Dizemos queS´ecorretocom rela¸c˜ao aKse todo teorema deS´e v´alido em todas as estruturas deK. Dizemos queS ´ecompleto com rela¸c˜ao aKse toda f´ormula v´alida em todas as estruturas de K ´e um teorema de S (equivalentemente, se para toda f´ormula S-consistente A existe uma estrutura hW, Ri ∈ K tal que

hW, R, V, wi |=A, para alguma valora¸c˜aoV e algum w ∈W, ou seja, se toda f´ormula consistente tem modelo).

O sistemaK´e correto e completo com rela¸c˜ao `a classe de todas as estruturas. Uma estruturahW, Ri´e:

Serial se para todow∈W existew′W tal quewRw;

Reflexiva sewRw, para todow∈W;

Sim´etrica sewRw′ implicawRw, para todosw, wW;

Transitiva sewRw′ ewRw′′ implicamwRw′′, para todosw, w, w′′W;

(13)

Axiomas adicionais ao sistema K correspondem a restri¸c˜oes na classe de estruturas. A tabela seguinte mostra os axiomas mais usados e as restri¸c˜oes correspondentes:

Axioma Estruturas

D ✷p→✸p Seriais

T ✷p→p Reflexivas

B p→✷✸p Sim´etricas 4 ✷p→✷✷p Transitivas 5 ✸p→✷✸p Euclideanas

Prova-se que o sistemaK adicionado de um dos axiomas acima ´e correto e completo com rela¸c˜ao `a classe de estruturas correspondentes. Por exemplo, o sistema K adicionado do axiomaD ´e correto e completo com rela¸c˜ao `a classe de todas as estruturas seriais. Mais ainda, adicionando ao sistema K mais de um dos axiomas acima, obtemos corre¸c˜ao e completude com rela¸c˜ao `a classe de todas as estruturas com as propriedades correspondentes. Por exemplo, o sistema K adicionado dos axiomas Te B´e correto e completo com rela¸c˜ao `a classe de todas as estruturas reflexivas e sim´etricas.

Para mostrar a corre¸c˜ao, basta verificarmos a validade dos axiomas e mostrar-mos que as regras de inferˆencia preservam validade (em estruturas)3. O axioma K´e v´alido em todas as estuturas.

Para a corre¸c˜ao dos sistemas obtidos acrescentando ao sistemaKalguns dos axiomas acima, basta verificarmos que cada um desses axiomas ´e v´alido nas estruturas com a propriedade correspondente.

A demonstra¸c˜ao da completude utiliza o m´etodo domodelo canˆonico. Um conjunto Γ de f´ormulas ´econsistente em rela¸c˜ao a um sistema S se toda con-jun¸c˜ao A1∧...∧An, com A1, ..., An ∈ Γ, for S-consistente. Um conjunto de f´ormulas ´emaximalmente consistente em S se for consistente e maximal (em rela¸c˜ao `a inclus˜ao) com essa propriedade. Um modelo canˆonico para um sistema S´e um modelohW, R, Viem que:

1. W ´e o conjunto de todos os conjuntos maximalmente consistentes emS;

2. wRw′ se e somente se, para toda f´ormula A, seAwent˜ao Aw;

3. V(p) ={w∈W :p∈w}.

Prova-se que o modelo canˆonicohW, R, Visatisfaz uma f´ormulaAno ponto wse e somente seA∈w. Ou seja,V(A) ={w∈W :A∈w}. Usando o Lema de Zorn (vide Fato 4.11), podemos estender qualquer conjunto consistente de f´ormulas a um conjunto maximalmente consistente. Com isso j´a obtemos a completude do sistemaK, pois se uma f´ormulaA ´e consistente, existew∈W tal queA∈w, e, portanto,hW, R, V, wi |=A.

Para a completude dos outros sistemas mencionados, basta verificarmos que, se um sistemaS cont´em o axiomaA (entre os axiomasD, T,B,4e5) ent˜ao

3

SehW, Ri |=Aent˜aohW, Ri |=✷A. SehW, Ri |=AehW, Ri |=A→Bent˜aohW, Ri |=B. SehW, Ri |=AeB´e obtido pela Substitui¸c˜ao Uniforme de uma f´ormula atˆomica emA, ent˜ao

(14)

a estrutura do modelo canˆonico de S possui a propriedade correspondente ao axiomaA.

Observe que, pelo fato de podermos estender qualquer conjunto consistente a um maximalmente consistente, os resultados de completude que usam con-stru¸c˜ao de modelo canˆonico s˜ao resultados decompletude forte, isto ´e, dado um conjunto de f´ormulas Γ consistente, existe um modelo para Γ.

Os detalhes das demonstra¸c˜oes da corre¸c˜ao e completude encontram-se em [HC96, Che80, BdRV01].

1.3

ogica Temporal

A L´ogica Temporal ´e uma ramifica¸c˜ao da L´ogica Modal em que, no lugar do ´

unico operador primitivo un´ario ✷, temos dois operadores bin´arios: S (“desde que”) eU (“at´e que”), ondeS(A, B) significa “B ´e verdadeiro desde quandoA foi verdadeiro”, eU(A, B) “B ser´a verdadeiro at´e queAseja verdadeiro”.

Uma estrutura para a L´ogica Temporal (oufluxo de tempo) ´e um parhT, <i, ondeT ´e um conjunto e<´e uma rela¸c˜ao (em geral, uma ordem parcial signifi-cando “antes de”). Usaremos>para representar a ordem inversa de<. Como na L´ogica Modal, um modelo ´e uma estrutura acrescentada de uma valora¸c˜ao V : P −→ 2T, onde P ´e o conjunto das f´ormulas proposicionais atˆomicas e 2T ´e o conjunto dos subconjuntos deT. Para um instantet T, definimos a semˆantica dos operadoresS eU por:

1. hT, <, V, ti |=S(A, B) sse existes < ttal quehT, <, V, si |=Ae para todo x∈T, coms < x < t, temoshT, <, V, xi |=B;

2. hT, <, V, ti |=U(A, B) sse existes > ttal quehT, <, V, si |=Ae para todo x∈T, comt < x < s, temoshT, <, V, xi |=B.

A partir dos operadoresSeU, definimos os operadores un´ariosF(em algum momento no futuro),G(sempre no futuro),P (em algum momento no passado) eH (sempre no passado) por:

F A:=U(A,⊤); GA:=¬F(¬A); P A:=S(A,⊤); HA:=¬P(¬A).

Nota-se que a semˆantica dos operadoresF eGna estruturahT, <i´e idˆentica `a dos operadores✸e✷, respectivamente, considerandohT, <icomo estrutura de L´ogica Modal. Da mesma forma, os operadoresP eH correspondem, res-pectivamente, a✸e✷na estrutura com a ordem inversa: hT, >i.

(15)

Cap´ıtulo 2

Combina¸c˜

oes de L´

ogicas

Modais Normais

Neste cap´ıtulo, iremos descrever os principais resultados de combina¸c˜oes de L´ogicas Modais Normais encontrados na literatura. A abordagem utilizada aqui ´e baseada em [FG92, FG96, FW00, FW02], incluindo as pr´oximas defini¸c˜oes.

Nos referimos por umaL´ogica Modal a um par (K, S), ondeK´e uma classe de estruturas e S ´e um sistema de axiomas para L´ogica Modal. Dizemos que uma L´ogica ModalM= (K, S) ´ecorreta (completa) seS for correto (completo) em rela¸c˜ao `a classe de estruturas K. Defini¸c˜oes an´alogas se aplicam a L´ogica Temporal e, posteriormente, a L´ogica Multimodal e L´ogica Modal N˜ao-normal. Chamamos desistema l´ogico(ou, simplesmente, umal´ogica) uma qu´adrupla L= (LL,⊢L,KL,|=L), ondeLL´e a linguagem do sistema l´ogico,⊢L´e o sistema de axiomas para L, KL ´e a classe de modelos e |=⊆ KL× LL ´e uma rela¸c˜ao semˆantica (onde M |=L A significa que o modelo M ∈ KL satisfaz a f´ormula A). Para uma f´ormulaA∈ LL, denotamos⊢LAseA´e um teorema do sistema de axiomas⊢L (neste caso, dizemos tamb´em queA´e um teorema deL).

Uma f´ormulaA∈ LL´ev´alidaem uma l´ogicaLse para todo modeloM ∈ KL temosM |=L A. Uma l´ogica ´ecorreta se todo teorema for uma f´ormula v´alida, e ´ecompleta se toda f´ormula v´alida for um teorema.

Dizemos queLestende a l´ogica cl´assica se contiver os conectivos booleanos

¬e∧com o sentido cl´assico, isto ´e, ⊢L cont´em a regraModus Ponens e todas as instˆancias tautol´ogicas como teoremas, e, para todosM ∈ KL eA, B ∈ LL, temosM |=¬AsseM 6|=A, eM |=A∧B sseM |=AeM |=B. Dizemos que Lestende a l´ogica proposicional cl´assica se, al´em disso, sua linguagem contiver um conjunto infinito enumer´avel de ´atomos: {p1, ..., pn, ...}.

(16)

defini¸c˜ao, uma L´ogica Modal estende a l´ogica (proposicional) cl´assica.

2.1

Fus˜

ao de L´

ogicas Monomodais

A defini¸c˜ao de L´ogica Modal encontrada no Cap´ıtulo 1 pode ser generalizada para mais de um operador modal. Definimos umaL´ogica Multimodal (com n operadores) como um sistema l´ogico formado por:

Linguagem A linguagem da l´ogica proposicional cl´assica, acrescida dos oper-adores modais un´arios✷1, ...,✷n. A partir desses definimos os operadores

✸1, ...,✸n da maneira usual: ✸i ´e¬✷i¬, para cadai= 1, ..., n;

Axiomatiza¸c˜ao O sistema de axiomas minimal para uma L´ogica Multimodal den operadores consiste nas tautologias proposicionais, as regrasModus Ponens e Substitui¸c˜ao Uniforme e, para cadai= 1, ..., n, o axiomaKe a regra da Necessita¸c˜ao referente ao operador✷i;

Semˆantica Uma estrutura para L´ogica Multimodal denoperadores ´e da forma

hW, R1, ..., Rni, onde cadaRi ´e uma rela¸c˜ao sobreW. A satisfazibilidade de uma f´ormula ´e an´aloga ao caso Monomodal, onde cada rela¸c˜aoRidita a semˆantica de ✷i.

Considere hW, Riuma estrutura. Seja ∼R a menor rela¸c˜ao de equivalˆencia emW contendoR(que pode ser definida como a intersec¸c˜ao de todas as rela¸c˜oes de equivalˆencias que contˆemR). Chamamos decomponentes conexas dehW, Ri

as estruturashX, R∩(X×X)i, onde X ⊆W ´e uma classe de equivalˆencia da rela¸c˜ao∼R. Uma estrutura ´econexase possuir uma ´unica componente conexa. A id´eia da conexidade ´e a existˆencia de um “caminho”, via rela¸c˜aoR, entre dois pontos quaisquer. Dois pontosw ew′ emW est˜ao na mesma componente

conexa dehW, Rise e somente se existe uma seq¨uˆenciaw=w1, ..., wn=w′ em W tal que, para cada i, 1 ≤ i < n, temos wiRwi+1 ou wi+1Rwi. Com isso, mostra-se que uma f´ormula (em L´ogica Monomodal) ´e v´alida em uma estrutura se e somente se for v´alida em todas suas componentes conexas. Tudo isso vale tamb´em para L´ogica Temporal. Para L´ogica Multimodal, precisamos tomar a menor rela¸c˜ao de equivalˆencia contendo todas as rela¸c˜oesRi, com i= 1, ..., n, para a estruturahW, R1, ..., Rni.

Dadas duas L´ogicas Monomodais M1 e M2, chamamos de fus˜ao de M1 e M2, `a L´ogica BimodalM1◦M2formada por:

Axiomatiza¸c˜ao O menor sistema de axiomas para L´ogica Bimodal que cont´em os teoremas de M1 eM2, onde o operador✷i, com i= 1,2 interpreta o operador✷deMi;

(17)

A rigor, pela defini¸c˜ao acima, a classe de estruturas deM1◦M2 pode ser vazia, pois precisamos tomar uma estrutura hW, R1i de K1 e hW, R2i de K2, ambas sobre o mesmo conjunto W. As estruturas de K1 podem ter dom´ınos diferentes das estruturas deK2. Para garantirmos que isso n˜ao acontece, pode-mos acrescentar algumas hip´oteses sobre as classes deM1 eM2. Por exemplo, supor que s˜ao fechadas por isomorfismos 1 e que todas as suas estruturas s˜ao conexas.

Kracht e Wolter [KW91] e Finger e Weiss [FW02] demonstraram a preserva¸c˜ao de corre¸c˜ao e completude, na fus˜ao de L´ogicas Monomodais:

Teorema 2.1 Se M1 e M2 s˜ao L´ogicas Monomodais corretas e completas, ent˜ao M1◦M2 ´e correta e completa.

Kracht e Wolter definem a classe de estruturas de uma L´ogica Modal como a classe daquelas que validam todos os teoremas do sistema dado. Teorema 2.1 foi provado por eles usando essa defini¸c˜ao de semˆantica. Finger e Weiss provam para o caso geral.

2.2

Fus˜

ao de L´

ogicas Modais Normais em Todos

os Argumentos

Na se¸c˜ao anterior generalizamos L´ogica Modal para uma quantidade arbitr´aria de operadores un´arios (L´ogica Multimodal). Nesta se¸c˜ao iremos estudar o caso em que temos uma quantidade arbitr´aria de operadores, e cada operador tem uma quantidade arbitr´aria de argumentos. As pr´oximas defini¸c˜oes, sobre L´ogica Multimodal, encontram-se em [BdRV01].

Chamamos de tipo de similaridade modal um par τ = (O, f), onde O =

{△1, ...,△n} ´e um conjunto finito de operadores modais2 ef :O−→N´e uma fun¸c˜ao que associa, a cada operador modal, a suaaridade.

A τ-linguagem ´e o menor conjunto L que cont´em as f´ormulas atˆomicas da l´ogica proposicional, ´e fechado pelos operadores booleanos¬ e ∧e, para todo

△i∈O, comf(△i) =k, dadosA1, ..., Ak ∈ L, temos△i(A1, ..., Ak)∈ L. Umτ-sistemapara L´ogica Modal ´e um sistema de axiomas para aτ-linguagem contendo as tautologias proposicionais, as regrasModus Ponens e Substitui¸c˜ao Uniforme e a regra daCongruˆencia:

• Para cada△i∈O, comf(△i) =k, eA1, ..., Ak, B1, ..., Bk f´ormulas daτ -linguagem, se⊢Aj ↔Bj, para todo 1≤j ≤k, ent˜ao⊢ △i(A1, ..., Ak)↔

△i(B1, ..., Bk).

1

Duas classeshW, RiehW′, Riao isomorfas se existe uma fun¸c˜aoi:W−→Wbijetora

tal quewRw′ se e somente sei(w)R i(w), para todow, wW. Uma classe ´e fechada por

isomorfismos se todas as estruturas isomorfas a uma que pertence `a classe, tamb´em pertencem `

a classe.

2

(18)

No Cap´ıtulo 3 veremos o correspondente dessa regra para L´ogica Modal N˜ao-normal.

Dizemos que umτ-sistema ´enormal em todos os argumentos quando, para cada△i∈O, comf(△i) =k, e para cada 1≤j≤k, temos os axiomas:

• △i(p1, ..., pj∨qj, ..., pk)↔ △i(p1, ..., pj, ..., pk)∨ △i(p1, ..., qj, ..., pk);

• ¬△i(p1, ..., pj−1,⊥, pj+1, ..., pk).

No caso dos operadores serem un´arios, um τ-sistema normal em todos os argumentos ´e (equivalente a) um sistema para L´ogica Multimodal Normal, onde os operadores△i correspendem aos operadores ✸i (e define-se ✷i por ¬✸i¬). Detalhes disso encontram-se no Cap´ıtulo 3, quando falamos dos axiomas de normalidade em L´ogica Modal N˜ao-normal.

Umaτ-estrutura´e uma (n+1)-uplahW, R△1, ..., R△ni, comR△i ⊆W

f(△i)+1,

para cada 1≤i≤n.

Uma valora¸c˜ao em hW, R△1, ..., R△ni, ´e uma fun¸c˜ao V : P −→ 2

W, onde

P ´e o conjunto de f´ormulas atˆomicas. Para uma valora¸c˜ao V, chamamos

hW, R△1, ..., R△n, Vide umτ-modelo.

A satisfazibilidade de uma f´ormula em umτ-modelo e um pontow∈W, ´e definida como na L´ogica Monomodal, para as f´ormulas atˆomicas e os operadores booleanos. Para um operador△i∈O, comf(△i) =k, definimos

hW, R△1, ..., R△n, V, wi |=△i(A1, ..., An)

se e somente se, para algum (w1, ..., wk) ∈ Wk tal que (w, w1, ..., w

k) ∈ R△i,

temos:

hW, R△1, ..., R△n, V, wii |=Ai, ∀i= 1, ..., k.

Uma τ-l´ogica normal ´e um sistema l´ogico L = (LL,⊢L,KL,|=L), onde LL ´e a τ-linguagem, ⊢L ´e um τ-sistema normal em todos os argumentos, KL ´e uma classe deτ-estruturas (ou, mais precisamente, a classe de todos os modelos baseados nos elementos de uma classe de τ-estruturas) e |=L ´e a rela¸c˜ao de satisfazibilidade em modelos acima descrita.

Sejam τ1 = (O1, f1) e τ2 = (O2, f2) tipos de similaridade modal, com

|O1|=n e |O2| = m. Denotamos por τ1 ∪τ2 o tipo de similaridade modal (O, f), onde O = {△1, ...,△n+m} e f(△i) = f1(△i), para 1 ≤ i ≤ n, e f(△i) = f2(△i−n), para n < i ≤ n+m. Ou seja, ´e simplesmente a uni˜ao

(disjunta) dos operadores deτ1 eτ2.

Dados um τ1-sistema ⊢1 e um τ2-sistema ⊢2, normais em todos os argu-mentos, afus˜ao de ⊢1 e⊢2, denotada por ⊢1 ◦ ⊢2, ´e o menor τ1∪τ2-sistema (normal em todos os argumentos) contendo⊢1e⊢2, onde△n+i, para 1≤i≤m, refere-se ao operador△i, deτ2.

Em [Wol96], Wolter estuda transferˆencia de algumas propriedades na fus˜ao de sistemas de L´ogica Multimodal, com esta defini¸c˜ao sint´atica de normalidade, usando a semˆantica alg´ebrica (vide Cap´ıtulo 4), e n˜ao a semˆantica de Kripke.

(19)

U satisfazem as propriedades de normalidade na primeira coordenada, mas n˜ao na segunda. Por exemplo, a f´ormulaS(p,⊥) ´e verdadeira no modelo hZ, <, Vi, onde Z ´e o conjunto dos n´umeros inteiros, < ´e a ordem estrita dos inteiros, e V(p) = Z. Dado um instante t, p ´e verdadeiro em t−1 e ⊥ ´e verdadeiro em todo ponto s ∈ Z tal que t−1 < s < t (pois n˜ao existe tal s). Logo

hZ, <, V, ti |=S(p,⊥). Tamb´em podemos falsificar S(p,⊤), poisS poderia ser dual a um operador △i, isto ´e, S(A, B) seria ¬△i(¬A,¬B), com o mesmo exemplo, fazendoV(p) =∅.

Portanto, a demonstra¸c˜ao da preserva¸c˜ao da completude para fus˜ao de L´ogicas Modais normais em todos os argumentos n˜ao prova a preserva¸c˜ao da completude na fus˜ao de L´ogicas Temporais.

2.3

Temporaliza¸c˜

ao

Atemporaliza¸c˜aode um sistema l´ogico consiste em aplicar externamente uma L´ogica TemporalT a um sistema l´ogico L (retomemos a defini¸c˜ao de sistema l´ogico apresentada no in´ıcio deste cap´ıtulo), obtendo o sistemaT(L), conforme ´e feito em [FG92, FG96, FW00, FW02]. Pensamos na L´ogica Temporal como uma l´ogica proposicional cl´assica que sofre “varia¸c˜oes” com o tempo. No sistema temporalizadoT(L), ´e a l´ogica L que sofre altera¸c˜oes conforme o decorrer do tempo. Cada instante de um fluxo de tempo da l´ogicaT(L) corresponde a uma instˆancia da l´ogicaL.

Exigimos sobre a l´ogica interna Lapenas que seja uma extens˜ao da l´ogica proposicional cl´assica e que n˜ao contenha os operadores U e S da l´ogica T. Assim, seLfor uma L´ogica Temporal, temos que renomear os operadores tem-porais deL.

Particionamos a linguagemLL, de uma l´ogicaLque estende a l´ogica cl´assica, em dois conjuntos:

• BCL, o conjunto dascombina¸c˜oes booleanas, consiste em todas as f´ormulas emLL da formaA∧B ou¬A, comA, B∈ LL;

• M LL, o conjunto dasf´ormulas monol´ıticas, ´eLLrBCL.

Como exemplo dessa defini¸c˜ao, seL´e uma L´ogica Modal,M LL´e o conjunto formado pelas f´ormulas atˆomicas e pelas f´ormulas da forma✷A.

Agora iremos definir o sistemaT(L) = (LT(L),⊢T(L),KT(L),|=T(L)).

Linguagem A linguagemLT(L)´e o menor conjunto tal que: 1. SeA∈M LL ent˜aoA∈ LT(L);

(20)

Por essa defini¸c˜ao, os conectivos da l´ogica externa U eS n˜ao podem estar no escopo dos conectivos da l´ogica internaL. Por exemplo, seL´e uma L´ogica Monomodal e ✷ ´e o seu operador modal, S(✷p,✷q) ´e uma f´ormula deT(L), mas✷S(p, q) n˜ao ´e.

Semˆantica Um modelo para a l´ogicaT(L) ´e uma triplaM=hT, <, gi, onde

hT, <i ∈ KT e g ´e uma fun¸c˜ao g : T −→ KL, que a cada t ∈ T associa um modelo da l´ogica L.

Sejam M= hT, <, gium modelo e t ∈T. DenotamosM, t |=A, para M

satisfaz a f´ormulaAno instante t3. A rela¸c˜ao de satisfazibilidade|=, de T(L), ´e definida, recursivamente, por:

1. M, t|=A, paraA∈M LL sseg(t)|=A; 2. M, t|=¬AsseM, t6|=A;

3. M, t|=A∧B sse M, t|=AeM, t|=B;

4. M, t |= S(A, B) sse existe s < ttal que M, s |= A e, para todo r, com s < r < t, temos M, r|=B;

5. M, t |=U(A, B) sse existe t < s tal que M, s|=A e, para todo r, com t < r < s, temos M, r|=B.

Axiomatiza¸c˜ao O sistema de axiomas deT(L) ´e formado por:

• Os axiomas deT;

• As regras de inferˆencia deT;

• A regra de inferˆencia Preserva¸c˜ao: Para todo A ∈ LL, se ⊢L A ent˜ao

⊢T(L)A.

A rigor, precisamos tomar alguns cuidados com a defini¸c˜ao de regra de in-ferˆencia. Se definirmos regra de inferˆencia apenas como rela¸c˜ao entre f´ormulas, nem Modus Ponens estaria em T(L), pois, sendo uma regra de inferˆencia de T, s´o relaciona f´ormulas deT, e n˜ao todas as f´ormulas deT(L). Para corrigir isso, Sernadas [MSSV03] prop˜oe uma defini¸c˜ao rigorosa de regra de inferˆencia em que esta se torna livre da linguagem. Por exemplo, a regraModus Ponens

nos diz que deAeA→B deduzimosB, mesmo que AeB sejam f´ormulas de linguagem deT(L).

O seguinte resultado foi demonstrado por Finger e Gabbay [FG92, FG96] para o caso linear (quando < ´e uma ordem total, para todo fluxo de tempo

hT, <i ∈ KT) e por Finger e Weiss [FW00, FW02] para o caso geral:

Teorema 2.2 Se LeT s˜ao corretos e completos, ent˜ao T(L)´e correto e com-pleto. SeLeT s˜ao decid´ıveis, ent˜ao T(L)´e decid´ıvel.

3

(21)

Lembramos que uma l´ogica ´edecid´ıvelse existe um algoritmo que, dada uma f´ormulaA, decide seA´e um teorema ou n˜ao.

2.4

Fus˜

ao de L´

ogicas Modais e Temporais

Dadas duas L´ogicas TemporaisT1eT2, definimos afus˜ao T1◦T2analogamente ao que fizemos na Se¸c˜ao 2.1. A linguagem ´e formada por uma quantidade enu-mer´avel de ´atomos, os operadores booleanos e os operadores temporais bin´arios S1, U1, S2 e U2, onde S1 e U1 s˜ao os operadores S e U de T1, e S2 e U2, os operadores S e U de T2. O sistema de axiomas de T1◦T2 ´e a uni˜ao das axiomatiza¸c˜oes de T1 e T2. A classe de estruturas ´e formada pelas estruturas

hT, <1, <2i, onde as componentes conexas dehT, <1iehT, <2iest˜ao emKT1 e

KT2, respectivamente.

A preserva¸c˜ao da corre¸c˜ao, completude e decidibilidade na fus˜ao de L´ogicas Temporais foi mostrada por Finger e Gabbay [FG96], para o caso linear, e por Finger e Weiss [FW02], para o caso geral:

Teorema 2.3 Se T1 e T2 s˜ao L´ogicas Temporais corretas e completas, ent˜ao

T1◦T2´e correta e completa. SeT1eT2s˜ao decid´ıveis ent˜aoT1◦T2´e decid´ıvel.

Em [FW02] encontra-se uma generaliza¸c˜ao do teorema acima para L´ogica Multimodal Normal, com uma defini¸c˜ao de normalidade diferente da mencionada na Se¸c˜ao 2.2, de normalidade em todos os argumentos. A no¸c˜ao de normali-dade usada por Finger e Weiss ´e semˆantica, e n˜ao puramente sint´atica, como a de Wolter. Seja M uma L´ogica Multimodal, com operadores△1, ...,△n de aridadesr1, ..., rn. Conforme [FW02], dizemos queM ´enormal quando:

• A semˆantica das f´ormulas ´e baseada em estruturashW, R1, ..., Rmi, onde cadaRj ´e uma rela¸c˜ao bin´aria sobreW;

• A semˆantica de△i(p1, ..., pri) ´e dada por uma f´ormula de primeira ordem,

constru´ıda a partir de predicados un´ariosP1, ..., Pri, s´ımbolos relacionais R1, ..., Rme igualdade;

• Para cada s´ımbolo relacionalRj podemos derivar um operador✷j tal que

✷jpexpressa∀x(tRjx⇒P(x)).

A defini¸c˜ao acima engloba a apresentada na Se¸c˜ao 2.2. Por´em, a L´ogica Temporal enquadra-se nesta defini¸c˜ao de normalidade, apesar de, como vimos em 2.2, n˜ao ser normal em todos os argumentos.

A estrat´egia utilizada para demonstrar a completude ´e considerar tempo-raliza¸c˜oes sucessivas, e utilizar o resultado da preserva¸c˜ao da completude na temporaliza¸c˜ao. Assim, uma f´ormula A ∈ LT1◦T2 pode ser vista como uma

(22)

operadores de T1, o que supusemos n˜ao acontecer. Uma das maiores dificul-dades da demonstra¸c˜ao ´e contornar esse problema.

2.5

No¸c˜

oes de Produto de L´

ogicas

Na fus˜ao de L´ogicas Modais (ou Temporais), n˜ao supomos qualquer intera¸c˜ao entre os dois sistemas. Por isso chamamos a fus˜ao tamb´em de combina¸c˜ao independente. Por exemplo, dadas duas L´ogicas Monomodais M1 e M2 com operadores✷1 e✷2, respectivamente, duas formas de intera¸c˜oes que podemos desejar, numa combina¸c˜ao mais forte das duas l´ogicas, s˜ao:

Comutatividade ✷1✷2A↔✷2✷1A

Confluˆencia de Church-Rosser ✸1✷2A→✷1✸2A

Uma forma de combina¸c˜ao de L´ogicas Modais mais forte que a fus˜ao, ´e o

produto. Dadas duas L´ogicas MonomodaisM1eM2, designamos porM1×M2o produto deM1 eM2. Para cada par de estruturas,hW1, R1iemM1 ehW2, R2i

emM2, associamos a estruturahW1×W2, R1, R2iemM1×M2, onde: R1={((w1, w),(w2, w))∈(W1×W2)2: (w1, w2)∈R1}

R2={((w, w1),(w, w2))∈(W1×W2)2: (w1, w2)∈R2}

Ou seja, (x, u)R1(y, v) se e somente seu=vexR1y, e analogamente paraR2. O produto de L´ogicas Modais satisfaz as propriedades de comutatividade e confluˆencia de Church-Rosser. Mas respeitar essas propriedades n˜ao ´e suficiente para tratar-se de um produto. Isto ´e, unir as axiomatiza¸c˜oes de M1 e M2 e acrescentar, como axioma, a comutatividade e a confluˆencia de Church-Rosser, em geral n˜ao basta para axiomatizar a semˆantica do produto.

Seguindo os passos do que foi feito at´e agora, precisamos definir um sistema de axiomas para o produto de forma a obtermos preserva¸c˜ao de corre¸c˜ao e completude. Mas, em [FG96] encontra-se uma demonstra¸c˜ao para produto de L´ogicas Temporais de que isso n˜ao ´e poss´ıvel de ser feito, de maneira geral. Qualquer que seja a defini¸c˜ao que dermos para o sistema de axiomas do produto, ou n˜ao preservaremos a corre¸c˜ao, ou n˜ao preservaremos a completude.

(23)

Cap´ıtulo 3

ogica Modal N˜

ao-normal

No Cap´ıtulo 1 introduzimos a defini¸c˜ao de L´ogica Modal Normal, baseada na semˆantica de Kripke, em que temos um conjunto de mundos poss´ıveis e uma rela¸c˜ao de acessibilidade entre eles. Uma f´ormula ´e necessariamente verdadeira em um mundo se for verdadeira em todos mundos acess´ıveis a esse. Com essa semˆantica, a L´ogica Modal Normal ´e ´util na modelagens de diversos problemas, como conhecimento, fluxo de tempo, obriga¸c˜ao, demonstrabilidade (Teorema de G¨odel) e l´ogica intuicionista. Coment´arios sobre essas aplica¸c˜oes encontra-se na bibliografia b´asica [HC96, Che80, BdRV01].

Por´em, para algumas aplica¸c˜oes baseadas na no¸c˜ao de mundos poss´ıveis, a rela¸c˜ao de acessibilidade entre os mundos pode n˜ao ser suficiente para modelar o problema. Por exemplo, em alguma aplica¸c˜ao pr´atica, o acesso entre dois mundos eventualmente pode “falhar”. Neste e em outros casos semelhantes, podemos considerar que uma f´ormula seja necessariamente verdadeira em um mundo se ela for verdadeira em uma “grande parte” dos mundos acess´ıveis a esse. Para modelagem de situa¸c˜oes como essa, foi criada a L´ogica Modal N˜ao-normal, baseada nasemˆantica de vizinhan¸cas, tamb´em chamada por Chellas [Che80] de

modelos minimais.

Essencialmente, na semˆantica n˜ao-normal, que ´e a semˆantica de vizinhan¸cas, tamb´em temos um conjunto de mundos poss´ıveis. Mas a ´unica restri¸c˜ao sobre a semˆantica do operador modal ´e que a valora¸c˜ao de uma f´ormula da forma✷A depende unicamente da valora¸c˜ao da f´ormula A, isto ´e, o conjunto de mundos em que A ´e verdadeira. Por isso, como veremos, no Cap´ıtulo 4, na L´ogica Modal N˜ao-normal o operador modal pode ser traduzido como uma fun¸c˜ao entre valora¸c˜oes. Na abordagem apresentada aqui, baseada em [Che80], temos uma fun¸c˜ao que para cada mundo poss´ıvelw nos diz para quais valora¸c˜oes de Ateremos✷Averdadeiro emw.

(24)

regra da Necessita¸c˜ao podem falhar.

Pouco foi estudada a L´ogica Modal N˜ao-normal. Os resultados apresentados neste cap´ıtulo foram baseados em [Che80].

3.1

Semˆ

antica

Uma estrutura para L´ogica Modal N˜ao-normal ´e um parhW, Fi, ondeW ´e um conjunto eF ´e uma fun¸c˜ao F :W −→ 22W

(associa, a cada w∈W, uma fam´ıliaF(w) de subconjuntos de W).

Um modelo para a estruturahW, Fi´e uma triplahW, F, Viem queV (dita

valora¸c˜ao) ´e uma fun¸c˜aoV :L −→2W (ondeL´e a linguagem da L´ogica Modal) satisfazendo:

V(A∧B) =V(A)∩V(B); V(¬A) =WrV(A);

V(✷A) ={w∈W :V(A)∈F(w)}.

As no¸c˜oes de satisfazibilidade e validade das f´ormulas em estruturas e mode-los s˜ao an´alogas ao caso Normal: hW, F, V, wi |=Ase e somente se w∈V(A).

Vejamos como uma estrutura Normal hW, Ri, com R ⊆ W ×W, pode ser vista como caso particular de estrutura n˜ao-normal. Considere a fun¸c˜ao FR:W −→22

W

dada por:

FR(w) ={X ⊆W :Rw⊆X}, ondeRw={w′∈W :wRw′}

´

E f´acil verificar que V ´e uma valora¸c˜ao da estrutura Normal hW, Ri se e somente se ´e uma valora¸c˜ao da estrutura n˜ao-normalhW, FRi. Ou seja, se duas valora¸c˜oes, uma para cada estrutura, coincidem nos ´atomos, ent˜ao coincidem para todas as f´ormula.

No entanto, veremos na Se¸c˜ao 3.3 que nem toda estrutura n˜ao-normal ´e da forma descrita acima, mesmo que valide o sistemaK, da L´ogica Normal.

3.2

Axiomatiza¸c˜

ao

O sistema minimal para L´ogica Modal N˜ao-normal, ao qual chamaremos de Snn, ou, simplesmente,nn, ´e formado por:

Axiomas: Todas as tautologias proposicionais. Regras de Inferˆencia:

(25)

2. Substitui¸c˜ao Uniforme;

3. Congruˆencia: Se⊢A↔B ent˜ao⊢✷A↔✷B.

Teorema 3.1 O sistemaSnn´e correto com rela¸c˜ao `a classe de todas as estru-turas de L´ogica Modal N˜ao-normal.

Demonstra¸c˜ao: E imediato que as tautologias s˜´ ao v´alidas e queModus Po-nenspreserva validade. A demonstra¸c˜ao de que a Substitui¸c˜ao Uniforme preserva validade em estruturas ´e idˆentica ao caso Normal. Portanto, basta provar-mos que a regra da Congruˆencia preserva validade de f´ormulas. Se Ae B s˜ao f´ormulas v´alidas emhW, Fi, ent˜aoV(A) =V(B), para toda valora¸c˜aoV. Logo V(✷A) ={w∈W :V(A)∈F(w)}={w∈W :V(B)∈F(w)}=V(✷B), para toda valora¸c˜ao V. LogoV(✷A ↔✷B) =W e, portanto, ✷A↔✷B ´e v´alido

emhW, Fi.

Proposi¸c˜ao 3.2 Se ⊢SnnA ent˜aoKA.

Demonstra¸c˜ao: Basta verificarmos que a regra da Congruˆencia pode ser derivada da regra da Necessita¸c˜ao e do axioma K (na presen¸ca das tautolo-gias,Modus Ponens e Substitui¸c˜ao Uniforme).

De fato, suponha ⊢A ↔B. Teremos ⊢ A→ B. Por Necessita¸c˜ao, temos

⊢✷(A →B). Pelo axioma K e Substitui¸c˜ao Uniforme (trocandoppor A eq por B) temos ⊢ ✷(A → B) → (✷A → ✷B). PorModus Ponens conclu´ımos

⊢✷A→✷B. Analogamente obtemos⊢✷B→✷A.

Proposi¸c˜ao 3.3 EmSnn(e, portanto, emK), vale a regra daSubstitui¸c˜ao por Equivalˆencia: Se ⊢A ↔ B ent˜ao, para qualquer f´ormulaC, ⊢ C ↔ C[A/B], ondeC[A/B]´e a f´ormula obtida pela substitui¸c˜ao de todas as ocorrˆencias deA

emC pela f´ormulaB.

Demonstra¸c˜ao: Por indu¸c˜ao na constru¸c˜ao deCa partir deA(o passo inicial ´e a hip´otese: ⊢A↔B). Usa-se a regra da Congruˆencia no passo do operador

✷.

3.3

Algumas Propriedades B´

asicas

(26)

Completude

Seja S um sistema de axiomas para L´ogica Modal N˜ao-normal. Um modelo canˆonico paraS ´e uma triplahW, F, Vionde:

W ´e o conjunto dos conjuntos maximalmenteS-consistentes;

V ´e uma fun¸c˜aoV :L −→2W definida porV(A) ={wW :Aw}; F ´e uma fun¸c˜aoF :W −→22W

tal que, para todoA∈ Le todow∈W, V(A)∈F(w)⇔✷A∈w.

Neste momento, precisamos mostrar queV ´e, de fato, uma valora¸c˜ao, e que sempre podemos escolherF satisfazendo a condi¸c˜ao acima.

Para a existˆencia deF, notemos que, se V(A) =V(B), temosA↔B ∈w, para todow∈W (pois teremosA∈wse e somente seB ∈w). Logo⊢SA↔B. Pela regra da Congruˆencia, temos ⊢S ✷A ↔ ✷B e, portanto, ✷A ∈ w se e somente se✷B ∈w, para todo w∈W. Com isso, F(w) ={V(A) : ✷A ∈w}

satisfaz a condi¸c˜ao requerida.

Observe que, na nossa defini¸c˜ao, F(w) n˜ao ´e, necessariamente, o conjunto

{V(A) : ✷A ∈ w}. A cada X ⊆W que n˜ao ´e da forma V(A), para alguma f´ormula A, podemos tomar a liberdade de incluir ou n˜ao X em F(w), o que n˜ao compromete a condi¸c˜ao V(A) ∈ F(w) ⇔ ✷A ∈ w. Por isso um modelo canˆonico paraS n˜ao ´e ´unico. Veremos que isso ser´a ´util na demonstra¸c˜ao de alguns resultados de completude.

Mostremos que V ´e uma valora¸c˜ao. As condi¸c˜oes V(¬A) = W rV(A) e V(A∧B) = V(A)∩V(B), seguem de que, num conjunto maximalmente consistentew, temos A∈wse e s´o se ¬A6∈w, eA∧B ∈wse e s´o se A∈w eB ∈ w. A condi¸c˜ao V(✷A) = {w ∈W : V(A) ∈F(w)} segue da defini¸c˜ao V(✷A) ={w∈W :✷A∈w}e da condi¸c˜aoV(A)∈F(w) se e s´o se✷A∈w.

Com isso, estamos prontos para mostrar a completude de Snn.

Teorema 3.4 O sistema Snn´e completo com rela¸c˜ao `a classe de todas as es-truturas de L´ogica Modal N˜ao-normal.

Demonstra¸c˜ao: Dada uma f´ormula consistente A, tomemos um conjunto maximalmente consistentewque cont´emA. Teremos que um modelo canˆonico

paraSnnir´a satisfazerAno pontow.

Os axiomas D, T, B, 4 e 5

Retomemos as defini¸c˜oes dos axiomas D, T, B, 4e 5, na Se¸c˜ao 1.2. A esses axiomas, associaremos as seguintes condi¸c˜oes sobre uma estruturahW, Fi (de-notamosW rX por−X):

(27)

T⋆ Para todowW, seX F(w) ent˜aowX;

B⋆ Para todowW, sewX ent˜ao{wW :X 6∈F(w)} ∈F(w);

4⋆ Para todowW, seXF(w) ent˜ao{wW :X F(w)} ∈F(w);

5⋆ Para todowW, seX /F(w) ent˜ao{wW :X 6∈F(w)} ∈F(w).

Teorema 3.5 A estrutura hW, Fi satisfaz a condi¸c˜ao D⋆ (T, B,4ou5)

se e somente se o axiomaD(T,B,4 ou5) ´e v´alido emhW, Fi.

Demonstra¸c˜ao: (⇒) A demonstra¸c˜ao desta dire¸c˜ao encontra-se em [Che80] e ´e uma simples aplica¸c˜ao da defini¸c˜ao de valora¸c˜ao para L´ogica Modal N˜ao-normal.

(⇐) Basta supor que a estrutura n˜ao satisfa¸ca a condi¸c˜ao correspondente, e escolher uma valora¸c˜ao conveniente que falsifique o axioma.

Se hW, Fi ´e tal que existem um w ∈ W e um X ∈ F(w) tal que −X ∈

F(w), tomando uma valora¸c˜aoV tal queV(p) =X, teremosw∈V(✷p), pois X ∈F(w) ew∈V(✷(¬p)), poisV(¬p) =−X ∈F(w). Assim,hW, F, V, wi |=

✷p∧✷(¬p), contradizendo o axioma D:✷p→✸p.

Para o axioma B, suponha que w ∈ X e {w′ W : X / F(w)} /

F(w). TomandoV tal queV(p) =X, temosV(✸p) =V(¬✷¬p) =−V(✷¬p) =

−{w′W :V(¬p)F(w)} = {wW :X /F(w)}. Logo, por hip´otese,

V(✸p) ∈/ F(w), de onde segue que w /∈ V(✷✸p). Como w ∈ V(p), temos w /∈V(p→✷✸p), contradizendo a validade do axiomaB.

Para os outros axiomas, o procedimento ´e semelhante.

Mostraremos a completude de cada um desses axiomas (adicionado aSnn) com rela¸c˜ao `a classe das estruturas correspondentes. Como na L´ogica Modal Normal, mostraremos que a estrutura do modelo canˆonico (ou de um modelo canˆonico) para cada sistema satisfaz a condi¸c˜ao correspondente.

Teorema 3.6 O sistemaSnnacrescido do axiomaD(T,B,4ou5) ´e completo em rela¸c˜ao `a classe das estruturas hW, Fi que satisfazem D⋆ (T, B, 4ou

5⋆)

Demonstra¸c˜ao: Seja S o sistema Snn+A, sendo A um dos cinco axiomas acima. DadosW o conjunto dos conjuntos maximalmente S-consistentes eV :

L −→2W tal que V(A) ={wW :Aw}, seja

X= 2Wr{V(A) :A∈ L}.

Pela nossa defini¸c˜ao de modelo canˆonico, hW, F, Vi ser´a um modelo canˆonico paraS se e somente seF for tal que, para todow∈W:

(28)

Para os axiomasD,Te4trabalharemos comC=∅.

Considere S = Snn+D. Seja X ∈ F(w). Vamos mostrar −X /∈ F(w). Suponha −X ∈ F(w). Como X ∈ F(w), temos X = V(A), com ✷A ∈ w. De −X = V(¬A) ∈ F(w) conclu´ımos ✷¬A ∈ w, contradizendo o axioma D (trocandopporA, pela regra da Substitui¸c˜ao Uniforme): ✷A→ ¬✷¬A. Isso conclui a completude deSnn+D.

ParaS =Snn+T, suponha X ∈F(w). Temos X =V(A), com ✷A∈ w. PorT,A∈w, de onde seguew∈V(A) =X, como quer´ıamos.

Para o sistema S = Snn+4, suponha X ∈ F(w), isto ´e, X = V(A), com ✷A ∈ w. Pelo axioma 4 temos ✷✷A ∈ w, isto ´e, V(✷A) ∈ F(w). Mas V(✷A) = {w′ W : V(A) F(w)}. Como V(A) = X, conclu´ımos

{w′ W :X F(w)} ∈F(w).

Para a demonstra¸c˜ao da completude Snn+5, partiremos para o outro ex-tremo, isto ´e, considerarC =X. Assim, seX /F(w), em particularX /Xe,

portanto,X =V(A), para alguma f´ormula A, com✷A /∈w. Logo¬✷A ∈w, isto ´e,✸¬A∈w. Por5temos✷✸¬A∈w, de onde segueV(✸¬A)∈F(w). Mas V(✸¬A) =−V(✷A) ={w′ W :V(A)/ F(w)}. ComoV(A) =X conclu´ımos

a demonstra¸c˜ao.

Finalmente, para a completude deSnn+B, tomamosF tal que

F(w) ={V(A) :✷A∈w} ∪ {X∈X:w∈X}.

Assim, suponhaw∈X. Vamos mostrar{w′ W :X /F(w)} ∈F(w). Temos

dois casos a analisar. Se X = V(A), para uma f´omula A, temos A ∈ w e, por B, ✷✸A ∈ w. Logo V(✸A) ={w′W :V(A)/F(w)} ∈F(w),

como quer´ıamos. Se X n˜ao ´e da forma V(A), isto ´e, X ∈ X, como w X

temos X∈F(w). Mas, como−X ∈ X(pois X X), {wW :X /F(w)}

={w′W :w∈ −/ X}=X F(w), como quer´ıamos.

Axiomas de Normalidade

Apresentaremos alguns axiomas que, acrescentados ao sistemaSnn, recuperam o sistema NormalK. Iniciaremos com dois pequenos lemas.

Lema 3.7 EmSnn+✷⊤vale a regra da Necessita¸c˜ao.

Demonstra¸c˜ao: Se ⊢ A temos ⊢ A ↔ ⊤. Por Congruˆencia, ⊢ ✷A ↔ ✷⊤.

Pelo axioma✷⊤eModus Ponens obtemos⊢✷A.

O pr´oximo lema nos d´a uma equivalˆencia ao axiomaK.

Lema 3.8 SeS cont´emSnn e a regra da Necessita¸c˜ao, ent˜ao ⊢S ✷(p→q)→ (✷p→✷q)se e somente se⊢S ✷(p∧q)↔(✷p∧✷q).

(29)

⊢✷(p∧q)→(✷p∧✷q). Para a outra dire¸c˜ao, usamos quep→(q→(p∧q)) ´e tautologia. Portanto, por Necessita¸c˜ao eK (usando Substitui¸c˜ao Uniforme em K), temos⊢✷p→✷(q→(p∧q)). Mas, porKe Substitui¸c˜ao Uniforme, temos

⊢✷(q→(p∧q))→(✷q→✷(p∧q)). Logo,⊢✷p→(✷q→✷(p∧q)), do qual conclu´ımos⊢(✷p∧✷q)→✷(p∧q).

(⇐) Suponha o axiomaA:✷(p∧q)↔(✷p∧✷q) em um sistemaS contendo Snne Necessita¸c˜ao. Mostraremos o axioma K. Observe queK ´e tautologica-mente equivalente a (✷(p→ q)∧✷p) →✷q. Por Congruˆencia e a tautologia ((p → q)∧p) ↔ (p∧q) temos ⊢ ✷((p → q)∧p) ↔ ✷(p∧q). Por A temos

⊢✷(p∧q)→✷q. Logo⊢✷((p→q)∧p)→✷q. PorAe Substitui¸c˜ao Uniforme,

⊢(✷(p→q)∧✷p)→✷((p→q)∧p). Portanto⊢(✷(p→q)∧✷p)→✷q.

Com esses dois lemas, conclu´ımos que o sistemaK´e equivalente1ao sistema Snnacrescido dos axiomas:

M (✷p∧✷q)→✷(p∧q) C ✷(p∧q)→✷p N ✷⊤

Note que de Cconclu´ımos✷(p∧q)→(✷p∧✷q), usando Congruˆencia em (p∧q)↔(q∧p) e Substitui¸c˜ao Uniforme (para trocarpeq).

A exemplo do que fizemos com os axiomasD,T, B,4e5, aos axiomasM, CeNassociaremos as seguintes condi¸c˜oes sobre uma estrutura hW, Fi: M⋆ Para todowW, seX, Y F(w), ent˜aoXY F(w);

C⋆ Para todowW, seXF(w) eXY W, ent˜aoY F(w); N⋆ Para todowW,W F(w).

Chamamos essas condi¸c˜oes de, respectivamente, fechado por intersec¸c˜oes finitas,suplementado (oufechado por superconjuntos) e cont´em a unidade.

Teorema 3.9 O axioma M (C ouN) ´e v´alido em uma estruturahW, Fi se e somente se esta satisfazM⋆ (C⋆ ouN⋆).

Demonstra¸c˜ao: A condi¸c˜ao paraN´e claramente necess´aria e suficiente, uma vez queV(⊤) =W.

Mostremos que as condi¸c˜oes M⋆ eCao suficientes para a validade deM eC, respectivamente.

AssumamosM⋆. SewV(pq), para uma valora¸c˜aoV, temosV(p) F(w) eV(q)∈F(w). Por hip´otese,V(p)∩V(q) =V(p∧q)∈F(w). Portanto w∈V(✷(p∧q)), provandoM.

Assumindo C⋆, vamos provar a validade de C. Sew V((pq)), temos V(p∧q) ∈ F(w). Como V(p∧q) ⊆ V(p), por hip´oteseV(p) ∈ F(w). Logo w∈V(✷p), como quer´ıamos.

1

(30)

Reciprocamente, suponha M v´alido em hW, Fi. Dados X, Y ∈F(w), para algum w ∈ W, considere uma valora¸c˜ao V tal que V(p) = X e V(q) = Y. Como V(p) ∈ F(w) e V(q) ∈ F(w), temos w ∈ V(✷p∧✷q). Logo, por M, w∈V(✷(p∧q)), isto ´e,V(p)∩V(q) =X∩Y ∈F(w).

Da mesma forma, se C´e v´alido emhW, Fi, dadoX ∈F(w) eY ⊆W com X ⊆Y, tome V tal queV(q) = X eV(p) =Y. Temos V(p∧q) =X∩Y = X∈F(w). PorCconclu´ımos queV(p) =Y ∈F(w). Teorema 3.10 O sistema Snn acrescido de um ou mais dos axiomas M, C

ouN ´e completo com rela¸c˜ao `a classe das estruturas que satisfazem a(s) pro-priedade(s) correspondente(s).

Demonstra¸c˜ao: Seja S um sistema como no enunciado. Se S n˜ao cont´em o axiomaC considerehW, F, Vi um modelo canˆonico para S em que, para todo w∈W,

F(w) ={V(A) :✷A∈w}.

SeS cont´em o axioma C considere hW, F, Vium modelo canˆonico paraS em que, para todow∈W:

F(w) ={V(A) :✷A∈w} ∪ {X ∈X: (A∈ L)Aw e V(A)X},

lembrando queX= 2W r{V(A) : A∈ L}. Argumentos padr˜oes, semelhantes aos usados at´e agora, mostram que:

1. SeS cont´emM, ent˜aohW, Fi´e fechado por intersec¸c˜oes finitas; 2. SeS cont´emC, ent˜aohW, Fi´e suplementado;

3. SeS cont´emN, ent˜aohW, Ficont´em a unidade.

Isso conclui a completude desses sistemas, pois basta, agora, tomarmos um conjunto maximalmente consistente que contenha uma dada f´ormula consistente

A.

Em particular, o sistema K= Snn+M+C+N ´e correto e completo com rela¸c˜ao `a classe de todas as estruturas que s˜ao fechadas por intersec¸c˜oes finitas, suplementadas e que cont´em a unidade. Ou seja, as estruturas em que cada F(w) ´e umfiltro (n˜ao necessariamente pr´oprio) sobre 2W.

Na Se¸c˜ao 3.1 comparamos estruturas para L´ogica Modal Normal e para L´ogica Modal N˜ao-normal. Vimos como cada estrutura Normal pode ser vista como caso particular de n˜ao-normal. Essas estruturas N˜ao-normais que repre-sentam as Normais s˜ao aquelas em que, para cada w ∈ W, F(w) ´e da forma

{X ⊆W :Rw⊆X}, para algumRw⊆W.

(31)

3.3.1

Incompletude

Em [HC96] encontramos um exemplo de incompletude em L´ogica Modal Normal, isto ´e, um sistema de L´ogica Modal Normal que n˜ao ´e correto e completo com rela¸c˜ao a nenhuma classe de estruturas de Kripke. ´E o sistema KH, formado pelo sistemaKacrescentado do axiomaH:

✷(✷p↔p)→✷p.

Prova-se a incompletude de KH mostrando que toda estrutura de Kripke que satisfazHtamb´em satisfaz4, mas4n˜ao ´e um teorema deKH. Portanto, seKH for correto com rela¸c˜ao a uma classe de estruturasK, teremos que4ser´a v´alido em K, mas n˜ao ´e um teorema de KH. LogoKH ser´a incompleto com rela¸c˜ao aK.

Como vimos que a semˆantica de vizinhan¸cas ´e mais forte que a semˆantica de Kripke, mesmo supondo os axiomas de normalidade, isso n˜ao nos d´a um exemplo de incompletude em L´ogica Modal N˜ao-normal. Poder´ıamos ter a es-peran¸ca de que, com a semˆantica de vizinhan¸cas, para todo sistema n˜ao-normal, pud´essemos encontrar uma classe de estruturas para a qual o sistema fosse cor-reto e completo, e obter´ıamos um resultado geral de completude.

(32)

Cap´ıtulo 4

´

Algebras de Boole na

ogica Modal

As ´algebras de Boole se tornaram uma ferramenta extremamente ´util para diver-sos ramos da Matem´atica, especialmente para a L´ogica. Em [Kop89] encontra-se uma demonstra¸c˜ao da completude da l´ogica de primeira ordem usando ´algebras de Boole. Em L´ogica Modal, diversos resultados foram obtidos com o uso dessas ´

algebras, principalmente no que se refere a constru¸c˜oes de modelos a partir de elementos sint´aticos (a linguagem e a axiomatiza¸c˜ao), como ocorre em diversos resultados de completude.

Neste cap´ıtulo estudaremos o tratamento alg´ebrico para L´ogica Modal. Con-centraremos no caso n˜ao-normal, que ´e mais geral e, em alguns momentos, mais natural. Veremos a defini¸c˜ao de estruturas gerais para L´ogica Modal, e como identific´a-las com ´algebras de Boole com operadores. Na Se¸c˜ao 4.2 conclu´ımos com um resultado geral de completude, que ´e a principal vantagem do trata-mento alg´ebrico da L´ogica Modal.

Para simplificar a nota¸c˜ao, trabalharemos apenas com operadores modais un´arios, mas podemos generalizar para operadores de aridade arbitr´aria. Um estudo geral sobre ´algebras de Boole, incluindo a demonstra¸c˜ao detalhada do Teorema de Stone, pode ser visto em [Kop89], no qual se baseia este cap´ıtulo. O tratamento alg´ebrico da L´ogica Modal (caso normal) encontra-se em [BdRV01], e tamb´em no artigo de Wolter [Wol96]. O caso n˜ao-normal, que ser´a tratado aqui, ´e uma simples adapta¸c˜ao do caso normal.

4.1

Estruturas e Modelos Gerais para L´

ogica

Modal

(33)

uma no¸c˜ao mais geral de semˆantica, com resultados muito mais fortes. As no¸c˜oes de estruturas gerais s˜ao apresentadas em [BdRV01] e adaptadas aqui para o caso n˜ao-normal.

Umaestrutura geral para L´ogica Modal N˜ao-normal ´e uma triplahW, F, Pi

ondehW, Fi´e uma estrutura usual eP ⊆2W ´e uma fam´ılia de subconjuntos de W satisfazendo:

1. W ∈P;

2. SeX, Y ∈P ent˜aoX∩Y ∈P; 3. SeX ∈P,W rX P;

4. SeX ∈P,{w∈W :X ∈F(w)} ∈P.

Ummodelo geral´e uma qu´adruplahW, F, P, ViondehW, F, Pi´e uma estrutura geral eV :L −→P´e uma valora¸c˜ao como a usual. As condi¸c˜oes 1, 2, 3 e 4 sobre P garante queV(⊤),V(A∧B),V(¬A) eV(✷A), respectivamente, continuam emP. Ou seja, podemos estender qualquer fun¸c˜ao das f´ormulas atˆomicas emP a uma valora¸c˜ao, sabendo que a imagem permanecer´a emP.

Os elementos deF(w) que n˜ao est˜ao emP s˜ao irrelevantes para a valora¸c˜ao. Por isso, podemos considerar sempreF :W −→2P.

A defini¸c˜ao de estruturas gerais para L´ogica Modal Normal ´e an´aloga. No lugar da fun¸c˜ao F temos uma rela¸c˜ao R e, no lugar da condi¸c˜ao 4 sobre P, temos a condi¸c˜ao

X∈P =⇒ {w∈W : (∀w′)wRwwX} ∈P,

que ´e a valora¸c˜ao deV(✷A), quandoV(A) =X.

A rela¸c˜ao |= em modelos e estruturas gerais ´e definida como nos modelos e estruturas usuais, isto ´e, hW, F, P, V, wi |= A se e somente se w ∈ V(A), e hW, F, Pi |= A se e somente se hW, F, P, V, wi |= A, para toda valora¸c˜ao V :L −→P e todow∈W.

Retomemos a defini¸c˜ao de modelo canˆonico para L´ogica Modal N˜ao-normal, no Cap´ıtulo 3. Iremos adapt´a-la ao contexto de estruturas gerais.

Defini¸c˜ao 4.1 SejaS um sistema para L´ogica Modal N˜ao-normal. Definimos omodelo geral canˆonico para S como o modelo hW, F, P, Viem que

• W ´e o conjunto dos conjuntos maximalmenteS-consistentes;

• V :L −→2W ´e dada porV(A) ={wW :Aw};

• P ={V(A) :A∈ L};

• F :W −→2P ´e dada porF(w) ={V(A) :Aw}.

(34)

Analogamente ao que foi mostrado em 3.3, podemos verificar que F est´a bem definida e quehW, F, P, Vi´e de fato um modelo geral.

O seguinte resultado, que possui um correspondente para estruturas gerais em L´ogica Modal Normal, nos d´a um resultado geral de corre¸c˜ao e completude.

Proposi¸c˜ao 4.2 SejaSum sistema de L´ogica Modal N˜ao-normal, e sejahW, F, Pi

a estrutura geral canˆonica paraS. Ent˜ao, para toda f´ormulaA, temoshW, F, Pi |= Ase e somente se ⊢S A.

Demonstra¸c˜ao: (⇒) Suponha6⊢S A, isto ´e,¬A´eS-consistente. ConsidereV a valora¸c˜ao do modelo canˆonico e tomewtal que¬A∈w. TemoshW, F, P, V, wi |=

¬Ae, portanto,hW, F, Pi 6|=A.

(⇐) Suponha, por absurdo,⊢SAmashW, F, Pi 6|=A. SejaV′uma valora¸c˜ao ew∈W tal que

hW, F, P, V′, wi |=¬A.

Sejamp1, ..., pn as f´ormulas atˆomicas que ocorrem emA. Para cadai= 1, ..., n, considereAi tal que

V′(pi) =V(Ai),

onde V ´e a valora¸c˜ao do modelo canˆonico. Note que Ai existe, pois V′ est´a definida emP, e ´e neste ponto que usamos o fato de estarmos trabalhando com estruturas gerais. Seja

B=A[p1/A1, ..., pn/An]

a f´ormula obtida pela substitui¸c˜ao de pi por Ai, em A, para cadai = 1, ..., n. Uma simples indu¸c˜ao na constru¸c˜ao deB nos d´a

hW, F, P, V, wi |=¬B,

isto ´e, w ∈ V(¬B) e, portanto, ¬B ∈ w. Logo, teri´amos ¬B consistente, absurdo, poisB´e obtido de Apela regra da Substitui¸c˜ao Uniforme.

4.2

Algebras de Boole

´

Uma ´algebra de Boole ´e uma estrutura A= hA,∧,∨,−,0,1i, onde ∧ e∨ s˜ao opera¸c˜oes bin´arias em A, −´e uma opera¸c˜ao un´aria e 0 e 1 s˜ao dois elementos distintos deA, que satisfaz, para todo x, y, z∈A:

B1 x∨(y∨z) = (x∨y)∨z; (associatividade) B1′ x(yz) = (xy)z;

B2 x∨y=y∨x; (comutatividade) B2′ xy=yx;

(35)

B3′ x(xy) =x;

B4 x∧(y∨z) = (x∧y)∨(x∧z); (distributividade) B4′ x(yz) = (xy)(xz);

B5 x∨(−x) = 1; (complementa¸c˜ao) B5′ x(x) = 0.

Nota-se que os axiomas de ´algebra de Boole s˜ao apresentados aos pares, sendo o axiomaA′ obtido deApela substitui¸c˜ao deporepor, e 0 por

1 e 1 por 0. H´a, portanto, uma dualidade entre∧e∨e 0 e 1.

Dada uma ´algebra de BooleA=hA,∧,∨,−,0,1i, chamamos o conjuntoA dedom´ınio deA. Por abuso de nota¸c˜ao, eventualmente denotaremos a ´algebra

Apelo seu dom´ınioA.

Defini¸c˜ao 4.3 Dadas duas ´algebras de BooleA eB, de dom´ıniosA eB, res-pectivamente, um homomorfismo entre A e B ´e uma fun¸c˜ao h : A −→ B satisfazendo

h(0) = 0, h(1) = 1

e, para todox, y∈A,

h(x∧y) =h(x)∧h(y), h(x∨y) =h(x)∨h(y), h(−x) =−h(x). Umisomorfismo´e um homomorfismo bijetor. Se existir um isomorfismo entre

AeBdizemos que AeB s˜aoisomorfas, e denotamos porA ∼=B.

Defini¸c˜ao 4.4 Numa ´algebra de BooleA, definimos a rela¸c˜ao≤porx≤y se e somente sex=x∨y, para todox, y∈A.

Lembramos que uma rela¸c˜ao ≤ em um conjunto X ´e uma ordem parcial

sobreX se ´e reflexivo (x≤x), antissim´etrico (sex≤y ey≤xent˜ao x=y) e transitivo (sex≤y ey≤z ent˜aox≤z). Denotamos a ordem por (X,≤).

Dadosx, y em uma ordem parcial (X,≤), denotamos porsup{x, y}um ele-mentoz(´unico, se existir) tal quez≤x, z≤y e, para todow∈X, sew≤xe w≤y ent˜aow≤z (ou seja,z´e o maior elemento que ´e menor quexey). Da mesma forma,z ´e oinf{x, y} sex≤z,y ≤z e, para todow∈X, sex≤w e y≤went˜aoz≤w(z´e o menor elemento que ´e maior quexey). A uma ordem que sempre cont´em sup{x, y} e inf{x, y} chamamos reticulado. A proposi¸c˜ao seguinte nos diz que a rela¸c˜ao≤, definida acima, ´e uma ordem parcial que forma um reticulado emA.

Proposi¸c˜ao 4.5 A rela¸c˜aoda Defini¸c˜ao 4.4 ´e uma ordem parcial sobre A. Al´em disso, dados x, y∈A,x∧y=sup{x, y}e x∨y=inf{x, y}.

(36)

´

Algebras de Conjuntos

Uma ´algebra de conjuntos sobreX ´e uma fam´ıliaA ⊆ 2X que cont´em X e ´e fechado por intersec¸c˜oes finitas e complementos, isto ´e:

• X ∈ A;

• SeX, Y ∈ A ent˜aoX∩Y ∈ A;

• SeX ∈ Aent˜aoWrX ∈ A.

Dessas trˆes propriedades, usando leis de Morgan, podemos concluir:

• ∅ ∈ A;

• SeX, Y ∈ A ent˜aoX∪Y ∈ A.

Proposi¸c˜ao 4.6 Uma ´algebra de conjuntos sobre X ´e uma ´algebra de Boole, onde 0 =∅,1 =X e as opera¸c˜oes,es˜ao, respectivamente, intersec¸c˜ao, uni˜ao e complemento em rela¸c˜ao aX.

Suprimiremos a demonstra¸c˜ao desta proposi¸c˜ao, que ´e uma simples veri-fica¸c˜ao dos axiomas. Na Se¸c˜ao 4.3, estudaremos uma esp´ecie de rec´ıproca da proposi¸c˜ao: todas ´algebras de Boole s˜ao, a menos de isomorfismos, ´algebras de conjuntos.

Observe que a ordem apresentada na defini¸c˜ao 4.4, quando aplicada a uma ´algebra de conjuntos, ´e a ordem da inclus˜ao: ⊆, uma vez que A∪B =B se e somente seA⊆B.

´

Algebras de Lindenbaum-Tarski

Depois das ´algebras de conjuntos, o mais importante exemplo de ´algebra de Boole, principalmente no estudo de L´ogica, s˜ao as ´algebras de Lindenbaum-Tarski. Essas fornecem uma das maneiras mais elegantes que se conhecem hoje em dia de provar a completude da L´ogica de primeira ordem.

SejaLum sistema de axiomas para uma l´ogica que estende a l´ogica cl´assica. SejaLL a sua linguagem. Definimos a rela¸c˜ao≡L emLL por:

φ≡Lψ ⇔ ⊢Lφ↔ψ. O seguinte fato segue imediatamente da defini¸c˜ao:

Fato 4.7 A rela¸c˜ao ≡L ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia.

Dada uma f´ormulaφ em L, definimos [φ] como a classe de equivalˆencia de φ, isto ´e,

[φ] ={ψ∈ L:φ≡Lψ}.

Imagem

Figura 5.1: Estrat´egia da demonstra¸c˜ ao da completude

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