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AULA 2 SÉRIE OS DEZ MANDAMENTOS A CENTRALIDADE E ESPIRITUALIDADE DA VIDA

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Academic year: 2021

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AULA 2 – SÉRIE “OS DEZ MANDAMENTOS”

A CENTRALIDADE E ESPIRITUALIDADE DA VIDA

Por Nilonei Ramos, pr.

“Não tenha outros deuses além de mim. Não faça para si espécie alguma de ídolo ou imagem de qualquer coisa no céu, na terra ou no mar” (Êxodo 20.3-4).

Duas coisas ficam muito claras logo no início do estudo dos dez mandamentos: Deus acabara de libertar o seu povo e agora dava-lhe suas leis. Isso é importante destacar porque há quem pense que a liberdade que Deus proporciona excluirá até Ele mesmo de nossa vida. Isso seria desastroso. Não há liberdade sem lei. Esses “nãos” de Deus são como o “não” de um pai, alertando sobre os perigos que não podem ser discernidos por aqueles que não têm maturidade e sabedoria para escolher o que é certo.

Na aula de hoje, estudaremos os dois primeiros mandamentos. Deus estava por meio desses dois mandamentos convocando o povo a recebê-lo como centro de sua história e reconhecer que Ele não era como os deuses antigos das nações pagãs: não havia uma representação material de sua pessoa. Eles deveriam rejeitar qualquer equiparação com Deus e resistir à materialização do Deus que serviam.

Conhecendo um pouco do que as Escrituras falam sobre as nações vizinhas de Israel, esses dois mandamentos confrontavam diretamente o que o povo de Deus tinha diaria-mente diante de seus olhos. A adoração a ídolos das nações pagãs não era apenas ab-surda e antibíblica, mas também imoral (prostituição cultual nos templos e ritos de ferti-lidade), desumana (sacrifício de crianças) e demoníaca (1 Coríntios 10.10-22). Não é de se admirar que Deus tenha ordenado ao povo que destruísse os templos, altares e ídolos dos pagãos ao invadir a terra de Canaã (Deuteronômio 7.1-11).

É fácil olhar para uma religião e dizer: eles são idólatras. Mas, e quanto a nós? Será que Deus ocupa mesmo o lugar central em nossas vidas? Será que temos deificado certas coisas ou equiparamos outras ao nível de Deus? São perguntas sérias. Os mandamentos não foram ouvidos com risos por parte do povo; pelo contrário, Deus estava entregando suas leis, explicando que existe um jeito de viver que lhe agradava. Abraçar essas leis evidenciava seu compromisso em santidade, face aos povos que se rendiam aos deuses que lhes agradassem.

DESCONSIDERE QUALQUER UM ALÉM DE MIM – O PRIMEIRO MANDAMENTO

As primeiras palavras da redação do decálogo lembravam ao povo algumas verdades significativas (Êxodo 20.2):

1) Lembravam a soberania divina: “Eu sou o Senhor”; 2) Lembravam a relação Deus e seu povo: “o seu Deus”;

3) Lembravam a ação milagrosa de Deus: “que o libertou da terra do Egito”; 4) Lembravam a antiga condição do povo: “onde você era escravo”.

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Se o povo deverá servir se prostrar a alguma divindade, o Senhor deveria anular toda alternativa espiritual, convergindo sua vida e culto a Ele.

Por que não pode haver outros deuses além do Senhor?

Sem querer fazer uma longa exposição sobre a razão de não poder haver outros deuses além do Senhor, considero que a resposta seja mais simples do que imaginamos: não há outros! Quando criamos outros deuses, nos enganamos. Todos os que escolheram outros deuses além do Senhor, decepcionaram-se. Ao declarar ao povo que não deveria ter ou-tros deuses, o Senhor queria protegê-lo de sua própria ignorância e ilusão.

Confrontando a Idolatria

Idolatria não tem a ver apenas com construir imagens de seres humanos ou animais que já morreram e prestar culto a eles. Idolatria tem a ver com colocar qualquer coisa no lu-gar devido exclusivamente a Deus.

Vamos fazer um teste? Se lhe tirarem a internet, como você se sentiria? Ou, se lhe rou-bassem todo o dinheiro, ou se você perdesse seu emprego, como ficaria? Se lhe cha-massem para uma diversão que acontece semanalmente no mesmo horário de um culto, como você reagiria? Se qualquer uma dessas coisas é mais importante do que Deus em sua vida, você tem cometido idolatria.

O conceito bíblico de idolatria é uma ideia extremamente sofisticada, integrando cerimô-nias intelectuais, psicológicas, sociais, culturais e espirituais.

1) Há ídolos pessoais, como amor romântico e família; ou dinheiro, poder e realiza-ção; ou acesso a círculos sociais particulares; ou a dependência emocional dos outros em você; ou saúde, fitness e beleza física. Muitos olham para essas coisas e veem sua esperança, o significado e a realização que somente Deus pode pro-videnciar.

2) Existem ídolos culturais, como poder militar, progresso tecnológico e prosperidade econômica. Os ídolos das sociedades tradicionais incluem a família, o trabalho árduo, o dever e a virtude moral, enquanto as culturas ocidentais são a liberdade individual, a autodescoberta, a afluência pessoal e a realização. Todas essas coi-sas boas podem e assumem tamanho e poder desproporcionais dentro de uma sociedade. Eles nos prometem segurança, paz e felicidade se apenas nos base-armos nas suas vidas.

3) Também podem haver ídolos intelectuais, muitas vezes chamados de ideologias. Por exemplo, os intelectuais europeus no final do século XIX e início do século XX tornaram-se bastante convencidos da visão de Rousseau sobre a bondade inata da natureza humana. Em todos os nossos problemas sociais, resultaram a falta

de educação e socialização1.

1 KELLER, Timothy. Deuses Falsos. Como resistir às idolatrias que prometem o mundo, mas cobram um

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Outros deuses: os diferentes perfis de Deus em nossas vidas

Outra forma de termos outros deuses em nossas vidas é quando criamos um perfil de Deus em nossa cabeça que não tem nada a ver com o Deus da Sagrada Escritura. Quan-do dizemos que achamos isso ou aquilo de Deus, mas não conhecemos se, de fato, a Bíblia diz aquilo sobre Ele, podemos estar cometendo idolatria, criando um deus em nos-sa mente, diferente do Deus da Bíblia.

Quando alguém diz: “Não acredito que Deus enviará pessoas ao inferno. Para mim, Deus é só amor e perdoará todas as pessoas ao final”. A pergunta que todos deveriam fazer é: “Mas, é isso que a Bíblia diz?” Se não for, então criamos outro deus em nossa cabeça, e o Deus verdadeiro deixou muito claro que não deveríamos ter outros deuses diante dEle. Por vezes, comprimimos a voz de Deus para dar ouvidos ao coração. É romântico dizer: “siga o seu coração”, mas as Escrituras nos dizem que o coração é enganoso (Jeremias 17.9-10). Por vezes, o ídolo se disfarça na forma de “minha felicidade, meu lazer, minha autoestima”. Tudo o que fazemos, ou fazemos por amor a Deus ou fazemos por amor a nós mesmos.

Há uma disputa gigantesca pelo nosso coração. Somos empurrados para isso. O princi-pal desafio no cumprimento desse mandamento é o pluralismo religioso, manifesto não apenas em milhares de religiões, mas na interpretação liberal das Escrituras, governo eclesiológico dissociado do comprometimento bíblico e negligência com práticas espiri-tuais.

Como cumprir esse mandamento hoje?

Imagine que, além de Deus condenar a busca por deuses além, estivesse também orien-tando positivamente. Ao ler as palavras: “Não tenha outros deuses além de mim”, leia também: “Não ponha nada no meu lugar”. Como fazer isso?

1) Procure conhecer mais de Deus a cada dia; 2) Seja fiel ao Senhor;

3) Se você acredita em Deus, deixe-o desempenhar o que lhe é natural, cultive essa amizade e faça a sua parte;

4) Não sobrecarregue os ombros de nada nem ninguém com a tarefa (impossível) de

ser a divindade2.

Esse mandamento haveria de ganhar uma enorme importância na história do povo de Deus. A expressão “diante de mim” pode significar “em oposição a mim”. Para os israeli-tas, adorar a outro Deus seria o mesmo que declarar guerra a Jeová e atrair sobre si a ira de Deus. A cada manha, o judeu fiel declara: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o

único Senhor” (Deuteronômio 6.4)3.

2 DOUGLAS, William. O Poder dos 10 Mandamentos. O roteiro bíblico para uma vida melhor, pág. 102.

Edi-tora Mundo Cristão. 2013.

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ALÉM DO QUE OS OLHOS PODEM VER – O SEGUNDO MANDAMENTO

Somos sempre tentados a ter uma materialização de nossa fé. Não quero discutir a aju-da peaju-dagógica que isso pode ter, mas sempre é perigoso criar mecanismos palpáveis aju-da fé. Deus sabia que o seu povo era propenso à idolatria por meio de imagens. O Egito, onde haviam passado mais de quatrocentos anos era um verdadeiro panteão. Os princi-pais eram:

 Rá, o deus Sol, unido ao deus Amon, formando Amon-Rá, era o principal deus.  Nut, representada por uma figura feminina, era a mãe de Rá (Sol).

 Ísis foi esposa de Osíris, mãe de Hórus, protegia a vegetação e era a deusa das águas e das sementes.

 Hórus foi o deus falcão, filho de Ísis e Osíris, cultuado como o sol nascente.

 Osíris, deus dos mortos, da vegetação e da fecundidade, era representado pelo rio Nilo; buscava as almas dos mortos para serem julgadas em seu Tribunal.  Set foi colocado como grande inimigo de Osíris (Nilo), era o vento quente vindo do

deserto, encarnação do mal.

 Amon, considerado deus dos deuses do Egito Antigo, foi cultuado junto com Rá (Amon-Rá).

Desde o início da humanidade, pessoas se curvam diante de imagens. Enquanto Moisés estava no Sinai, com sinais visíveis ao povo (Êxodo 19.16-19), decidiram que deveriam fazer a imagem de um bezerro de ouro, talvez uma figura do boi Ápis do Egito, e credita-rem a ele a libertação do Egito (Êxodo 32.1-4). A prática idólatra de Israel haveria de per-sistir por longos anos. Tanto que no emocionante discurso de Josué, o general conquis-tador diria ao povo do Senhor: “Portanto, temam o Senhor e sirvam-no de todo o

cora-ção. Lancem fora os ídolos que seus antepassados serviam quando viviam além do Eu-frates e no Egito. Sirvam somente ao Senhor” (Josué 24.14). O povo declarou sua

fideli-dade ao Senhor, mas tão logo começa o livro de Juízes, a idolatria volta com muita força e Israel prevarica contra o Senhor:

“Depois que aquela geração morreu e se reuniu a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor nem tinha visto as grandes coi-sas que ele havia feito por Israel. Os israelitas fizeram o que era mau aos olhos do Senhor e serviram às imagens de Baal. Abandonaram o Senhor, o Deus de seus antepassados, que os havia tirado do Egito. Seguiram e adoraram os deu-ses dos povos ao redor e, com isso, provocaram a ira do Senhor. Abandonaram o Senhor para servir a Baal e às imagens de Astarote” (Juízes 2.10-13).

Deus é espírito – não pode haver representação

Entre os mais básicos dos atributos de grandeza de Deus está o fato de que Ele é espíri-to; ou seja, ele não é composto de matéria e não possui uma natureza física. Isso é afir-mado com maior clareza por Jesus em João 4.24: “Deus é espírito; e importa que os seus

adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Também está implícito em várias

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Uma consequência da espiritualidade de Deus é que Ele não sofre as limitações ineren-tes ao corpo físico. Por exemplo, Ele não é limitado a um determinado ponto geográfico ou espacial. Isso está implícito na afirmação de Jesus: “a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai” (João 4.21). Considere também a declaração de Paulo em Atos 17.24: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas”. E mais, Ele não é destrutível, ao contrário da natureza material.

Existem, é claro, numerosas passagens que dão a entender que Deus possui aspectos físicos, tais como mãos e pés. Como entender tais referências? Parece melhor

compre-endê-las como antropomorfismos4, tentativas de expressar a verdade acerca de Deus

por meio de analogias humanas. Também há casos em que Deus apareceu em forma física, especialmente no Antigo Testamento. Esses casos devem ser entendidos como

teofanias5 ou manifestações temporárias de Deus.

Nos tempos bíblicos, a doutrina da espiritualidade de Deus fazia oposição à prática da idolatria e ao culto à natureza. Deus, sendo espírito, não podia ser representado por ne-nhum objeto ou figura física. O fato de não se limitar a um espaço geográfico também

combatia a ideia de que Deus podia ser contido e controlado6.

A Fé faz sentido

Como deveriam servir a Deus sendo que não havia representação material dEle? Ao lon-go de todo o Antilon-go Testamento, o povo poderia contar com a paciência de Deus em en-sinar sobre o relacionamento com o transcendente e espiritual. Mesmo sem ver, deveri-am obedecer. Como um professor paciente que ensina o difícil conteúdo, Deus ensinaria o seu povo. Como?

1) Os diferentes sacrifícios exigidos pela Lei ensinariam ao povo sobre a gravidade do pecado e a necessidade do perdão de Deus;

2) Os elementos do tabernáculo, a casa móvel, ensinariam ao povo que Deus pre-tende habitar no meio deles; é a lição do Deus relacional;

3) As festas, marcando as diferentes épocas do ano, ensinariam ao povo as inter-venções de Deus em sua história.

Tão logo o povo aprendesse as lições por trás desses elementos, estariam preparados para obedecer pela fé, como o Novo Testamento ensina. Quando prevalece nossa neces-sidade de tornar Deus palpável, seja em uma escultura, seja tratando como se fosse uma divindade algo ou alguém que amamos (casamento, posição importante na empre-sa, bens materiais ou o que for), passamos a idolatrar um objeto e deixamos de lado um dos principais ingredientes da espiritualidade: a fé. A partir do momento que

4 Descrições das ações e dos sentimentos de Deus para com as coisas criadas sempre em termos

huma-nos e de uma perspectiva humana. Isso incluiria as manifestações de Deus experimentando dor e pesar.

5 Manifestações do próprio Deus de alguma forma à vista das pessoas.

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mos nos relacionar direta e unicamente com o Senhor será completamente

desnecessá-ria a utilização de artifícios para representá-lo de forma matedesnecessá-rial7

Como cumprir esse mandamento hoje?

A tentação de tornar Deus palpável campeia o terreno das heresias. Geralmente, o esfor-ço para trazer Deus à materialidade é visto nos ensinos inspirados no inferno para pro-mover engano e destruição. Ao ler as palavras: “Não faça para si espécie alguma de

ído-lo ou imagem de qualquer coisa no céu, na terra ou no mar”, leia também: “Aprenda a

lidar com um Deus que é espírito e invisível”. Como fazer isso? 1) Se Deus se calar, apenas confie;

2) Se Deus não muda as circunstâncias, pode ser que deseje sua mudança – seu crescimento, aprendizado e amadurecimento;

3) Muitas vezes, Deus não muda uma situação porque deseja que alguém do time dele participe de determinada circunstância, para um bem maior. Talvez você seja essa pessoa;

4) Embora Deus possa realizar seus propósitos por meio de ministros e anjos, Ele

aprecia a ideia de conversar diretamente com você8.

REFERÊNCIAS

DOUGLAS, William. O Poder dos 10 Mandamentos. O roteiro bíblico para uma vida

me-lhor. Editora Mundo Cristão. 1ª. edição. 2013.

PORTE, Wilson. Um Guia para a Nova Vida. Doutrinas básicas para o discipulado cristão. Editora Concílio. 1ª. edição. 2017.

ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. Editora Vida Nova. 1ª. edição. 2008.

KELLER, Timothy. Deuses Falsos. Como resistir às idolatrias que prometem o mundo,

mas cobram um preço alto demais. Editora Vida Nova. 2ª. edição. 2018.

7 Ibid 2, págs. 111-112. 8 Ibid 2, pág. 114.

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