1 Engenheiro Agrônomo, aluno do curso de especialização em Engenharia e Manejo de Irrigação IESM- Teresina-PI,
RENDIMENTO DE MILHO VERDE EM FUNÇÃO DA UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA EM UM
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO
F. C da S Lira1; F. E. P. Mousinho2
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a variação do rendimento do milho verde em função da uniformidade de distribuição da água em um sistema de irrigação por aspersão convencional para quatro pressões de serviço e dois espaçamentos entre aspersores. Foram realizados ensaios de distribuição de água com coletores espaçados em um grid de 2m, utilizando-se aspersor agropolo NY 25. A partir da matriz das lâminas sobrepostas foi determinado o Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC), bem como a produtividade, uniformidade e queda do rendimento do milho verde, em função da variação das lâminas aplicadas. O espaçamento entre aspersores de 12 x 12 m evidenciou queda de rendimento inferiore a 8% devido ao CUC se apresentar superior ao mínimo recomendado pela literatura para todas as pressões de operação avaliada, enquanto para aspersores no espaçamento 18 x 18 m apresentou valores de CUC menores que 65% e queda de rendimentos superiores a 25%, para todas as pressões de funcionamento avaliadas.
PALAVRAS-CHAVE: Zea mays, aspersores, irrigação
YIELD CORN CROP IN FUNCTION OF UNIFORMITY WATER DISTRIBUTION BY SPRINKLER
IRRIGATION.SYSTEM
ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the variation of the yield of corn due to the uniformity of water distribution in a irrigation sprinkler system for four pressures and two sprinklers spaced. Assays were performed with the water distribution collectors spaced in a grid of 2 m, using sprinkler agropolo NY 25. From the array of overlapped sheets was determined coefficient of uniformity Christiansen (CUC), and productivity, uniformity and decrease the yield of corn, on the basis of variation of water depths. The spacing between sprinkler of 2 m showed decrease of yield in 8% due to the CUC present above the minimum recommended in the literature for all operating pressures used, while for sprinklers in the spacing 18 x 18 m showed lower values of CUC, 65%, and a decrease exceeding 25% in yield for all operating pressures.
KEYWORDS: Zea mays, sprinklers, irrigation
INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) é uma espécie originaria do continente americano, mais especificamente da America Central, encontrada e cultivada hoje em vários países, sendo uma cultura de grande importância mundial para alimentação humana e animal. Sendo o principal cereal produzido no Brasil, cultivado em cerca de 12,3 milhões de hectares, com produção de aproximadamente 54,04 milhões de toneladas de grãos e produtividade média de 4,37 toneladas por hectare (IBGE, 2008).
A cultura do milho apresenta uma crescente demanda para consumo tipo verde, com o desenvolvimento de variedades específicas para esse fim. Contudo esse potencial ainda apresenta-se muito reduzido em função da pequena oferta no mercado principalmente nos meses onde ocorre grande déficit hídrico para o desenvolvimento dessa cultura, sendo suprida apenas através da irrigação, e mesmo com aplicação de laminas de irrigação há de se observar a necessidade de que para cada região existe uma aplicação específica em função das características físicas do solo bem como climáticas e também da variedade para a correta aplicação de uma lâmina que atenda a demanda da cultura proporcionando economia de água em contramão ao desperdício desse importante insumo, de energia e tempo alem de uma resposta ao questionamento global em face da preservação do uso racional dos recursos naturais.
E dentro desse contexto a irrigação por aspersão apresenta-se como opção viável caracterizada pela aplicação de água ao solo sobre forma de chuva, colocando-se com uma das técnicas de irrigação mais utilizadas no mundo com uma uniformidade que pode chegar a 90%.
Um dos principais fatores responsáveis pelos baixos rendimentos obtidos em algumas regiões produtoras de milho verde, inclusive no estado do Piauí, é o manejo incorreto da água e da adubação nitrogenada, cuja eficiência de utilização pela planta é influenciada pelo sistema de cultivo, tipo de fertilizante, formas de manejo e condições edafoclimáticas (AMADO et al., 2002).
Embora a uniformidade de aplicação das laminas de irrigação seja um desafio não só pelas variáveis climáticas como vento, espaçamento dos aspersores e pressão de serviço, é um fator de suma importância em qualquer método de irrigação, pois afeta a eficiência do uso da água e, como conseqüência, a quantidade e a qualidade da produção (SEGINER et al., 1991. Dentro desse contexto o objetivo desse trabalho foi avaliar o rendimento do milho verde em função da uniformidade de distribuição de água em um sistema de irrigação por aspersão convencional para as condições climáticas de Teresina.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio de uniformidade do sistema de irrigação foi realizado no Colégio Agrícola de Teresina, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí. A área localiza-se a uma altitude de 72m, latitude de 5 02’ sul e longitude de 47 48’ oeste do meridiano de Greenwich, com clima tropical chuvoso segundo KOPPEN, tendo pluviometria média anual de 1300mm e temperaturas variando entre 22,1 e 33,8 ºC.
Foi utilizado um sistema de irrigação por aspersão convencional fixo com linhas laterais em PVC com diâmetro de 50mm, emissores agropolo NY 25 com bocais 3,2x2,5(azul x
cinza).situados a 2m de altura, Foram avaliados com 4 pressões de serviço: 20, 25, 30,35 mca por duas horas, tendo os coletores instalados a 0,4m de altura no espaçamento de 2x2 m em torno do aspersor, sendo posteriormente simulados os perfis de distribuição das laminas nos espaçamentos 12 x 12m e 18 x 18m Com base na matriz de distribuição das laminas sobrepostas foi estimado o Coeficiente de Uniformidade Cristiasen (CUC) para as combinações de espaçamento e operação de serviço.
A partir da matriz das laminas coletadas foram determinadas as matrizes das laminas relativas para cada espaçamento e pressão de operação pelo quociente entre a lamina da quadricula e a lamina média.
Utilizou-se a função de produção para milho verde com palha proposta por (Blanco Et al, 2011), conforme equação 1.
Y= - 0,077x² + 76,45x - 8128 (eq.1)
Em que: Y =produtividade da cultura; X= lamina aplicada em mm
A partir dessa equação foi feita a simulação de rendimento para o milho verde para cada espaçamento e pressão de serviço substituindo-se a lamina na função de produção considerando- se lamina média aquela equivalente a lamina que proporcionou o máximo rendimento do milho.
Com base nos rendimentos obtidos foram determinadas as porcentagem de perdas em valores financeiros para todas as pressões e espaçamento, transformando as perdas da produção em kg e depois em unidades de espigas de milho verde através de seu peso médio obtido pela função para peso médio de espiga com palha proposta por (Blanco et al, 2011), conforme equação 2.
Y=0,344x+152,5 (eq.2) Em que¨Y= peso da espiga com palha, X= lamina máxima
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de rendimento relativo médio da cultura do milho verde obtido em função da variação das lâminas relativas considerando os diferentes espaçamentos entre aspersores e pressões de funcionamento são apresentados na Tabela 1. No espaçamento 12 x 12 m os valores de rendimento médio encontram-se próximos do rendimento máximo (10847,97 ha-1). O maior rendimento, para este espaçamento, foi verificado na pressão de serviço de 25 mca, seguidos pelas pressões de 30 e 35 mca. No espaçamento 18 x 18 m, a pressão de operação que proporcionou um maior rendimento relativo médio foi de 30 mca, com rendimento médio de 8.011,69 kg ha-1.
Analisando-se os resultados de rendimento médio simulado para o espaçamento 18 x 18 m, apresentou os menores valores. Considerando-se as pressões de serviço avaliadas, o menor rendimento observado foi na pressão de 25 mca, seguida pela pressão de 20, 35 e 30 mca.
COELHO et al. (1998) e BATISTA et al. (2009) também verificaram comportamento semelhante no rendimento da batata e feijão caupi, respectivamente, em função do espaçamento entre aspersores e pressão de operação.
Quando se trata de queda de rendimento da cultura em relação aos espaçamentos entre aspersores e pressão de operação (Tabela 2), verifica-se que no espaçamento 18 x 18 m resultou em queda de rendimentos superiores a 25%, enquanto que para o espaçamento 12x12 as quedas foram inferiores a 8%.
Considerando-se que objetivo final do produtor rural é o lucro, na Tabela 3 pode-se observar em valores monetários das perdas em função das quedas do rendimento médio na utilização de dois espaçamentos e quatro pressões. Assim, no espaçamento de 12x12 as perdas apresentam-se em geral com valores baixos com exceção para pressão de 20mca, onde as perdas chegaram próximas a R$ 1.000,00 ha-1. Já no espaçamento 18x18m esses valores apresentam-se mais elevados evidenciando perdas superiores a R$ 3.000,00 ha-1 mil reais para todas as pressões indicando deficiência de aplicação e uniformidade em função dos valores não estarem dentro dos limites mínimos recomendados pela literatura.
CONCLUSÕES
O espaçamento de 12 x 12 m proporciona menor queda de rendimento para cultura do milho verde inferior a 8% devido ao CUC apresentar valores superiores ao mínimo recomendado pela literatura para todas as pressões de operação avaliadas.
O espaçamento de 18 x 18 m não deve ser utilizado para o emissor avaliado, pois apresenta valores de uniformidade de distribuição menores que 65% e queda de rendimento do milho verde superiores a 25% para todas as pressões avaliadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMADO, T. J. C.; MIELNICZUK, J.; AITA, C. Recomendação de adubação nitrogenada para o milho no RS e SC adaptada ao uso de culturas de cobertura do solo, sob sistema plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 26, p. 241-248, 2002
BATISTA E. L.; MEDEIROS JÚNIOR A. E. ;, ROCHA JÚNIOR A. F.; MOUSINHO, F. E. P.;
ANDRADE JÚNIOR, A. S. Variação no rendimento do feijão-caupi irrigado em função da uniformidade de distribuição de água. (CONAC 2009)
BLANCO, F. F.; CARDOSO, M. J.; FREIRE FILHO, F. R.; VELOSO, M. E. C.; NOGUEIRA, C. C. P.;
DIAS, N. S. Pesquisa agropecuária brasileira. Brasília, v.46, n.5, p.524-530, maio 2011
COELHO, R. D., FOLEGATTI, M.V.& FRIZZONE, J. A. Simulação da produtividade de batata em função da regulagem do aspersor (sistema portátil). Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.2, n.3, p.273-277, 1998.
FREITAS P. S. L.; REZENDE, R.; MANTOVANI, E. C.; FRIZZONE. J. A. Viabilidade de inserção dos efeitos da uniformidade de irrigação em modelos de crescimento de culturas Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.7, n.3, p.437-444, 2003
IBGE.. LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. nov., 2008.
SEGINER, I., NIR, D., BERNUTH, R. D. Simulation of wind distorted sprinkler patterns. Journal of the irrigation and Drainage Engineering, New York, v.117, n.2, 1991. p. 285 – 308.
Tabela 1 - Valores de rendimento médio de milho verde (kg ha-1) encontrados para as quatro pressões de serviço e dois espaçamentos.
PRESSÃO DE SERVIÇO (mca)
ESPAÇAMENTO ENTRE ASPERSORES
12 x 12 m 18 x 18 m
20 9.992,316 7.483,36
25 10.411,56 7.398,49
30 10.330,2 8.011,69
35 10.311,86 7.950,139
Tabela 2 - Valores de queda de rendimento médio, em percentual, em relação ao máximo rendimento de milho para as quatro pressões de serviço e dois espaçamentos.
PRESSÃO DE SERVIÇO (mca)
ESPAÇAMENTO ENTRE ASPERSORES
12 x 12 m 18 x 18 m
20 7,88 31,01
25 4,02 31,79
30 4,77 26,14
35 4,94 26,71
Tabela 3 - Perda de produção em R$ ha-1 de milho verde com palha em relação à lamima máxima encontrada para as quatro pressões de serviço e dois espaçamentos.
PRESSÃO DE SERVIÇO (mca)
ESPAÇAMENTO ENTRE ASPERSORES
12 x 12 m 18 x 18 m
20 927,18 3.645,86
25 472,89 3.737,82
30 561,05 3.073,36
35 580,89 3.140,07
