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ÁGUA DE QUALIDADE NO MEIO RURAL: UMA AÇÃO EXTENSIONISTA PARA PROTEÇÃO DE FONTES 1

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Academic year: 2021

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ÁGUA DE QUALIDADE NO MEIO RURAL: UMA AÇÃO EXTENSIONISTA PARA PROTEÇÃO DE FONTES1

Área Temática: Meio Ambiente

Deonísia Martinichen (Coordenadora da Ação de Extensão)

Deonisia Martinichen2 Toni Elton Schinemann3 Eric de Paula Zaranski4 Eliza Montenegro5 Alexandre Pessoa6 Jéssica Franciele Santos7 Sandra Galbeiro8

Palavras-chave: nascentes, proteção de fontes, produtor rural, conscientização. Resumo: O problema da água para consumo em áreas rurais é bastante grande, dada a falta de tratamento. A ação extensionista universitária buscou por meio do Projeto de Extensão “Inclusão Digital em Associações de Produtores Rurais em Comunidades de Guarapuava/PR”, modificar o status quo de famílias que obtêm água de uma nascente na região do distrito de Guairacá. Em parceria com a EMATER, a equipe do projeto ministrou uma prática de proteção de fontes de água, cuja intenção é fornecer água limpa da nascente evitando que resíduos, dos mais diversos, contaminem o local onde começa o curso d’água. Através de visitas técnicas, a equipe do projeto visou à melhoria da gestão das propriedades dos agricultores, atuando de diversos modos. A importância da água em uma propriedade rural não passou despercebida, e também foi uma maneira de a equipe interferir, trocando conhecimentos com os produtores, tendo a finalidade de gerar autonomia e melhoria de qualidade de vida dessas pessoas.

1 Projeto financiado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI. 2

Doutora. Docente do Departamento de Agronomia da UNICENTRO, campus Cedeteg. Email: dmartinichen@unicentro.br

3

Acadêmico do Curso de Agronomia da UNICENTRO, campus Cedeteg. Bolsista do projeto. 4

Graduado em História pela UNICENTRO. Pós graduado em Educação do Campo. Bolsista egresso do projeto

5

Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária da UNICENTRO, campus Cedeteg. Bolsista do projeto.

6

Acadêmico do Curso de Comunicação Social – Jornalismo da UNICENTRO, campus Santa Cruz. Bolsista do projeto.

7

Bacharel em Agronomia pela UNICENTRO. Bolsista egressa do projeto. 8

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Introdução

No meio rural há certa ausência no fornecimento de água tratada por parte das empresas estatais, cuja função é justamente a de prover água de qualidade para os cidadãos que residem nestas localidades. A falta de ação do poder público faz com que os próprios produtores rurais desenvolvam mecanismos para que a água disponível em uma nascente seja trazida para sua residência com qualidade, a fim de suprir a necessidade dos moradores, além de disponibilizá-la para a criação animal.

O maior problema causado pela não disponibilidade de água tratada é o de que a água proveniente das nascentes nem sempre tem qualidade para consumo, o que consequentemente pode acarretar em problemas de saúde, já que muitas doenças podem ser transmitidas por água imprópria, interferindo na qualidade de vida dos indivíduos do campo. (CONFALONIERI et al., 2010).

As nascentes de água são pontos onde ocorre o afloramento do lençol freático nos quais há o acúmulo ou não de água, que podem formar espécies de lagos ou então resultando em cursos d’água (CALHEIROS, et al, 2004). Dependendo das condições do local onde está inserida esta fonte de recursos hídricos, mesmo estando ligada diretamente ao lençol freático, não se pode afirmar que a água seja potável. Para que o produtor rural obtenha uma boa fonte de recursos hídricos, é primordial que a mesma seja isolada e protegida por vegetação nativa, conforme diz o Código Florestal vigente a partir do ano de 2012, o qual prevê que em torno das nascentes perenes haja um raio mínimo de 50 metros de vegetação preservada (BRASIL, 2012).

A Extensão Universitária é uma ferramenta importante para a troca de conhecimentos entre universidade e comunidade na qual está inserida. Sobretudo, a ação extensionista busca preencher algumas lacunas sociais, relevantes para o crescimento da sociedade. A Universidade Estadual do Centro Oeste foi a instituição proponente do Projeto Inclusão Digital em Associações de Produtores Rurais em Comunidades de Guarapuava/PR, cujo objetivo foi fornecer oficinas de informática para pessoas do meio rural, e também auxiliar na gestão das propriedades dos indivíduos beneficiados pelo projeto, a fim de que haja melhora na qualidade de vida dos sujeitos do campo. Um dos eixos de atuação do projeto foi diagnosticar e, por conseguinte, promover a melhoria da qualidade da água utilizada principalmente para o consumo humano, mas também para os demais trabalhos desenvolvidos pelo homem do campo.

Metodologia

As atividades de proteção de fontes de águas foram realizadas em parceria com a EMATER do município de Guarapuava e capitaneadas pelo Projeto de Extensão Inclusão Digital em Associações de Produtores Rurais em Comunidades de Guarapuava/PR, cuja equipe foi composta por acadêmicos de Agronomia, Medicina Veterinária e Comunicação Social da Unicentro, bem como de bolsistas, recém-formados nas áreas de Ciências Humanas e de Ciências Agrárias. A

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orientação do projeto coube à Profa. Dra. Deonisia Martinichen, do Departamento de Agronomia da instituição referida. O carro chefe do projeto foi propiciar oficinas de informática para produtores rurais dos distritos de Guará e Guairacá, aliando essas oficinas de informática básica à gestão das propriedades dos beneficiários do projeto. Logo, a água, tão essencial para a sobrevivência dos seres vivos, foi considerada nas ações desenvolvidas.

A gestão das propriedades não ficou somente no âmbito financeiro e tecnológico. Para tanto, foram realizadas visitas nas propriedades rurais, em que a equipe multidisciplinar diagnosticou os principais problemas em relação à produção e as dificuldades encontradas pelas pessoas atendidas na esfera rural.

As visitas consistiam em auxiliar na escolha de culturas e variedades mais indicadas para o local e para a atividade a ser exercida, bem como na ação da equipe em auxiliar na melhoria dos tratos culturais. Uma das atividades da equipe, como exemplo, foi o auxílio na escolha de um híbrido de milho específico para produção de silagem, ou então uma receita de biofertilizante orgânico eficaz para o agricultor familiar. Poe meio do olhar clínico dos bolsistas, foi possível perceber que a maioria das propriedades acompanhadas tem a obtenção de água potável como um dos principais pontos negativos em relação à qualidade desse bem. Ao aplicar questionários socioeconômicos e técnicos da área de produção em seus diversos níveis, verificou-se a falta de água encanada e tratada em 100% das propriedades. A equipe obteve informações referentes à captação de água por essas populações, em que se diagnosticou que a água ou é proveniente de poços, ou provém de nascentes, trazidas até as residências por meio de ação gravitacional.

Contudo, observamos em muitos casos, que as fontes de água utilizadas não estavam devidamente protegidas, vendo nisso uma grande carência de qualidade de vida. Para atenuar esse problema, a equipe do Projeto em parceria com a EMATER desenvolveu uma prática de proteção de fontes em uma das propriedades localizadas no distrito de Guairacá, direcionada à conscientização dos produtores sobre a importância de ter uma fonte de água protegida, sendo que essa prática também serviu como uma oficina de como proteger a sua fonte para toda a comunidade.

Para a proteção fonte foi necessária primeiramente uma limpeza manual do local, em que a equipe juntamente com os moradores da região retirou os resíduos sólidos como troncos de árvores e folhas, entre outros. Em seguida, foram removidas impurezas presentes na nascente que poderiam comprometer a qualidade da água. Assim foi retirada toda a terra que estava assoreada, bem como raízes e folhas, até que o solo estivesse bem consistente.

Após este processo de limpeza total da região, o local onde estava a nascente foi coberta com rochas que deixaram espaços vazios por onde a água foi drenada, e acima dessa camada de rochas foi depositada uma mistura de solo e cimento que impermeabilizou a fonte e impediu o contato com impurezas.

Para que pudesse ser feita a limpeza, a captação de água e a drenagem do excedente foram utilizados tubos de PVC de diferentes diâmetros, seguindo o

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padrão proposto pela EMATER (PARANÁ, 2010). Logo abaixo foi construída uma caixa para armazenamento da água que posteriormente foi direcionada às residências beneficiadas com a “nova água”.

Resultados e discussão

O feedback entre os extensionistas do Projeto de Extensão universitária Inclusão Digital em Associações de Produtores Rurais em Comunidades de Guarapuava/PR e os produtores beneficiados pelo projeto fez com que o eixo de atuação do mesmo fosse para algo mais além da informática. As visitas técnicas oriundas da necessidade de mesclar o ensino do uso do computador com a gestão das propriedades em seus mais diversos níveis de produção agropecuária geraram a troca de conhecimentos entre a equipe do projeto e os produtores rurais beneficiados, o que é um dos principais objetivos da extensão universitária, conforme SANTOS (2012).

A prática de proteção de fontes ocorrida no Distrito Guairacá, município de Guarapuava, fez com que ela se tornasse uma espécie de oficina, um saber que passou para os demais moradores daquelas áreas rurais. Por essa razão, universalizou-se o conhecimento de como se protege uma nascente de água de resíduos poluentes, evitando a contaminação por doenças tanto em humanos quanto em animais, e melhorando a qualidade de vida de ambas as espécies, acarretando inclusive, na melhoria da produção rural (DAKER 1976 apud SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, 2009).

É muito comum que os moradores de áreas rurais captem água através de nascentes ou vertentes de água, bem como poços. Contudo, é necessária uma conscientização para que a pessoa conheça bem a água que está consumindo, por mais isolada e limpa que pareça ser. Afinal, os conhecimentos tácitos dessa população surtem efeito em sua qualidade de vida, mas pode-se mudar o status quo através da orientação e de outros meios para que esse bloco da sociedade dê um passo além, conheça maneiras de melhorar sua vida em todos os nichos. Por essa razão, a extensão universitária deve agir na comunidade em que se insere, para que a Universidade não pareça esse livro fechado à sociedade, e claro, para que os conhecimentos produzidos sejam efetivados na prática por sujeitos que, além de aprenderem na prática o seu ofício, adquiram uma consciência social do ambiente que o permeia (SANTOS, 2012).

Considerações Finais

É imprescindível que a Universidade atue de forma extensionista nas comunidades rurais. É clara e notória a geração de autonomia em indivíduos que ansiavam há tempos por uma melhora na água de sua propriedade. Às vezes com poucas perspectivas, o agricultor familiar se desmotiva e sente-se abandonado. Mas a partir de oficinas cuja finalidade é olhar e fazer com que o homem do campo se enxergue como cidadão, sendo assistido e contemplado por projetos de extensão, essas pessoas terão motivos para que continuem nas áreas rurais, trabalhando na

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profissão que se qualificaram, com uma estrutura que permite atividades laborais dignas, que rendam frutos. Essa foi a razão da existência desse projeto com diversos focos de atuação, dada a pluralidade dos problemas que cercam as localidades rurais.

Referências

BRASIL. Lei no 12651, de 25 de maio de 2012. Código Florestal Brasileiro. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acessado em: 05/08/2014.

CALHEIROS, Rinaldo de Oliveira (et al). Preservação e Recuperação das Nascentes: de água e de vida.Comitê das bacias hidrográficas dos rios: Piracicaba, 2004.

CONFALONIERI, Ulisses; HELLER, Léo; AZEVEDO, Sandra. Água e Saúde: aspectos globais e nacionais. In: Carlos Bicudo. (Org.). Água no Brasil: análises estratégicas. São Paulo: Instituto de Botânica, 2010, v. 00, p. 27-38.

PARANÁ. Nascentes: Protegidas e recuperadas. Curitiba: SEMA, 2010. Disponível em:

<http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/corh/Cartilha_nascentesprotegidas

.pdf.> Acessado em: 04/08/2014.

SANTOS, Marco Pereira dos. Extensão Universitária: Espaço de aprendizagem profissional e relações com o ensino e a pesquisa na educação superior. In: Revista Conexão, v.8; no 2. Ponta Grossa: novembro de 2012.

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE. Cadernos de Mata Ciliar. No 1. São Paulo: SMA, 2009

Referências

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