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HÁBITOS DE CUIDADOS EM SAÚDE BUCAL DE POLICIAIS: REVISÃO INTEGRATIVA

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Academic year: 2021

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DOI: http://doi.org/10.24281/rremecs2021.6.10.50-58

A rt i g o d e R ev i s ã o

HÁBITOS DE CUIDADOS EM SAÚDE BUCAL DE POLICIAIS: REVISÃO

INTEGRATIVA

--- Resumo: O serviço policial é essencial para a sociedade, por ser um trabalho que leva segurança para a população. Assim, esse estudo objetivou descrever através da literatura acerca dos hábitos de saúde bucal de policiais. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Utilizaram-se as bases de dados Scielo e Pubmed com estudos de 2008 e 2018. Os estudos avaliaram a presença de cárie dentária, prevalência de doença periodontal e investigou a promoção á saúde para a população de policiais. A maioria dos artigos relataram alto índice de cárie dentária e doença periodontal, e que estes resultados estão ligados a fatores socioeconômicos e hábitos de saúde bucal. Em suma, a população policial necessita de mais programas voltados para promoção de educação em saúde bucal a fim de prevenir e reduzir os índices de doenças orais.

Descritores: Operador de Emergência Policial, Higiene Bucal, Saúde Bucal.

Oral health care habits of police: integrative review

Abstract: Police service is essential for society, as it is a job that brings security to the population. Thus, this study aimed to describe through the literature about the oral health habits of police officers. It is an integrative literature review. The Scielo and Pubmed databases were used with studies from 2008 and 2018. The studies evaluated the presence of dental caries, prevalence of periodontal disease and investigated health promotion for the police population. Most articles reported a high rate of dental caries and periodontal disease, and that these results are linked to socioeconomic factors and oral health habits. In short, the police population needs more programs aimed at promoting oral health education in order to prevent and reduce the rates of oral diseases.

Descriptors: Police Emergency Operator, Oral Hygiene, Oral Health.

Hábitos de cuidado de salud oral de la policía: revisión integrativa

Resumen: El servicio de policía es esencial para la sociedad, ya que es un trabajo que brinda seguridad a la población. Por lo tanto, este estudio tuvo como objetivo describir a través de la literatura sobre los hábitos de salud oral de los agentes de policía. Es una revisión bibliográfica integradora. Las bases de datos Scielo y Pubmed se utilizaron con estudios de 2008 y 2018. Los estudios evaluaron la presencia de caries dental, prevalencia de enfermedad periodontal e investigaron la promoción de la salud de la población policial. La mayoría de los artículos informaron una alta tasa de caries dental y enfermedad periodontal, y que estos resultados están relacionados con factores socioeconómicos y hábitos de salud bucal. En resumen, la población policial necesita más programas destinados a promover la educación en salud bucal para prevenir y reducir las tasas de enfermedades bucales.

Descriptores: Operador de Emergencia Policial, Higiene Bucal, Salud Bucal. Cosmo Helder Ferreira da Silva

Cirurgião-Dentista. Mestre em Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. Docente do Centro Universitário

Católica de Quixadá. E-mail: helderferreira@unicatolica.edu.br

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I n t r o d u ç ã o

O conceito de saúde é definido como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não somente a ausência de doenças1. Dessa forma, a saúde bucal está inserida como parte integradora da saúde geral do indivíduo. O Brasil sofreu alterações nos índices de saúde bucal durante os anos, quando no fim da década de 90 havia forte prevalência de cárie dentária entre crianças e edentulismo muito alto entre jovens e adultos2. A última pesquisa nacional de saúde bucal realizada no Brasil mostrou redução da experiência cárie em crianças, adolescentes e adultos, mas a perda dental permaneceu elevada entre adultos e idosos. As regiões que apresentaram maior percentual de CPO-D / ceo-d foram Norte e Nordeste3.

Os problemas da saúde bucal afetam a vida do indivíduo manifestando-se através de problemas como dor, prejuízos estéticos e funcionais. Portanto, a prática de higiene bucal desempenha importante papel na prevenção de doenças bucais, sendo a escovação dos dentes a forma mais comum de higienizar4.

A alta prevalência de patologias orais pode estar associada a condições sociais, econômicas, políticas, educacionais e fatores biológicos. Pessoas com estilo de vida mais saudável, frequentemente escovam mais os dentes, usam fio dental e tem maior hábito de ir ao dentista, apresentando efeito positivo perante a condição de saúde bucal5.

Fazendo uma ligação da importância do estilo de vida para saúde bucal e do estilo de vida proporcionado por algumas profissões, os policiais militares estão mais propensos a sofrer influenciar negativa na saúde. Pois, eles possuem excessivas

horas de trabalho, pouca remuneração e baixa atividade de lazer, gerando problemas como ansiedade, estresse, podendo desencadear o desenvolvimento de hábitos como tabagismo e alcoolismo6.

O estilo de vida adotado pelas pessoas como hábitos alimentares, como consumo de tabaco, bebidas alcoólicas e drogas, apresentam-se fatores de risco para doenças bucais7. E como não há política voltada para a prevenção e cuidado de saúde bucal para policiais militares de forma específica eles são gravemente afetados. Tendo em vista a importância para a sociedade do trabalho prestado por esses profissionais, que arriscam suas vidas para levar segurança à população, o estado deveria preocupar-se com espreocupar-se fator, já que o afastamento deste profissional por problemas bucais pode gerar prejuízo à população8.

De acordo com estilo de vida dos policiais militares, condicionados a periculosidade, longas horas de trabalho, baixa remuneração e estresse, que pode estar relacionado ao desenvolvimento de doenças bucais, junto à falta de políticas voltada para prevenção e tratamentos de saúde bucal deste público.

O b j e t i v o

O estudo objetivou descrever através da literatura acerca dos hábitos de saúde bucal dos policiais militares.

M a t e r i a l e M é t o d o

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estudo foi: quais são os hábitos de higiene bucal de policiais relatados pela literatura?

Para este trabalho foram obtidos dados de artigos através de pesquisas nas bases de dados Scielo, Pubmed, Google acadêmico e Biblioteca Virtual com os seguintes descritores combinados entre si pelo operador boleano AND: Operador de emergência policial, higiene bucal e Saúde bucal, publicados no período de 2008 a 2018.

Encontraram-se dezoito artigos dos quais, nove foram incluídos no trabalho por serem relevantes ao

tema. As pesquisas bibliográficas foram

desenvolvidas de forma criteriosa, uma vez que muitos dos estudos já realizados são de origem estrangeira e é um tema que não se encontra com facilidade matérias de pesquisa atuais.

Sendo incluídos estudos clínicos com o nível de evidência mínimo 3 A para estudos observacionais segundo a classificação de Oxford, os trabalhos acadêmicos publicados em língua portuguesa e/ou inglesa que se adequaram ao propósito desse trabalho. Já as revisões sistemáticas, revisões de literatura e os artigos que não se encontravam disponíveis para consulta “online” ou não se

enquadraram como relevantes para o trabalho foram excluídos.

R e s u l t a d o s

Um total de 18 artigos foi identificado na busca com os descritores, onde após aplicação dos filtros utilizados no tópico da metodologia, foram selecionados 9 artigos. Foi realizada a leitura na íntegra desses estudos, onde todos os artigos foram selecionados para análise por preencher os critérios de inclusão. Com relação à caracterização do tipo de estudo, todos se enquadravam nos critérios de inclusão, nos idiomas inglês e português. Os artigos foram descritos e apresentados no Quadro 1.

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Quadro 1. Estudos indexados sobre a temática estudada no estudo considerando os padrões metodológicos.

Autor/ano Objetivo Metodologia Resultados

Dantas, 2017

Avaliar as condições de saúde bucal dos policiais militares pertencentes ao

Batalhão de Polícia de Choque da Polícia Militar do Rio Grande do Norte.

Realizou-se coleta de dados em 2 etapas: 1ª por meio de levantamento

epidemiológico para avaliar: cárie dentária pela contagem de dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPOD); doença periodontal pelo Índice Periodontal Comunitário (CPI);

e a necessidade do uso de próteses por observação clínica intrabucal. 2ª

por meio de ficha-formulário para coletar dados socioeconômicos.

O CPOD médio foi 11,30, o percentual de indivíduos sem a doença periodontal foi 4,76% e a necessidade do uso de prótese foi de 57,14%. A renda familiar dos policiais variou de R$ 2.501,00 à R$ 4.500,00. Relacionado à escolaridade, 52,4% possuíam ensino médio completo e

26,2% ensino superior completo.

Faragó, et al, 2012

Avaliar a experiência de cárie de Estudantes de polícia húngaros e verificar

sua relação com nutrição, hábitos de higiene bucal e comportamento social.

Avaliou-se a experiência de cárie usando o índice CPOD e um questionário foi utilizado para coletar

comportamentos sociais e de saúde bucal.

O COPD médio foi 10,3 e 9,4% dos participantes estavam livres de cárie,

40% não possuíam dentes perdidos. Foi encontrada relação significativa

entre cárie dentária, escolaridade, frequência de atendimento odontológico e uso de fio dental.

Faris Junior, 2009

Estudar a doença cárie em uma população de policiais

militares da Região Bragantina do Estado de

São Paulo- Brasil.

A população foi dividida por faixa etária e foi realizado o exame CPOD,

seguido da aplicação de um questionário que avaliou hábitos de

higiene bucal, grau de instrução e consumo de alimentos cariogênicos.

A média do índice CPOD da população estudada foi de 14,6. A

escolaridade dos policiais não apresentou associação significativa com o CPDO, mas a escolaridade de seus pais sim, mostrando pior saúde bucal quando os pais tinham menor

escolaridade.

Lopes, Stacechen, 2017

Realizar um estudo acerca da prevalência de doenças periodontais em policiais

militares do Estado de Mato Grosso.

Para coleta de dados, foram utilizadas as fichas clínicas armazenadas de julho de 2013 a

julho de 2015, através do levantamento dos dados contidos

nas fichas clínicas. Os resultados foram comparados entre as variáveis:

gênero, aqueles que estavam saudáveis sem a doença periodontal,

entre aqueles apresentaram gengivite e periodontite.

A prevalência da gengivite foi maior na população feminina (19), e a população masculina apresentou

mais casos de periodontite (29).

Moreno-Quispe, et al, 2018

Avaliar o índice CPOD e o nível de gravidade da doença em policiais da região de Ancash, Peru.

Os registros odontológicos dos policiais em atividade foram

revisados e cada sujeito foi examinado de maio de 2012 a maio

de 2013. Os dados foram sistematizados seguindo a metodologia recomendado pela

Organização Mundial da Saúde (OMS)

A prevalência de cárie nos policiais foi de 73,4%. O índice CPOD foi de 10,63 ± 4,96. A gravidade da doença em relação à idade foi de 0,77 ± 0,41,

com alto risco nessa população. O índice CPOD feminino e masculino

foram 10,43 e 10,67, respectivamente. Abhishek, et al, 2014 Avaliar o impacto da prevalência de cárie na qualidade de vida relacionada à saúde bucal

entre os policiais em Virajpet, sul da Índia.

Avaliou-se o CPOD dos participantes da pesquisa em uma consulta odontológica e aplicou-se um

questionário para coletar informações demográficas e determinar a qualidade de vida

relacionada à saúde bucal.

Não houve diferença significativa nos escores de qualidade de vida relacionada à saúde bucal de acordo

com sexo e idade. A prevalência de cárie dentária foi de 78% no presente

estudo. Kudo,

et al,

Investigar características físicas da saúde bucal e

Foi investigado o CPOD de policiais militares do Japão.

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2011 sua correlação nas forças policiais do Japão.

ausentes e apenas 4% usavam próteses removíveis. O escore médio

do CPOD foi de 4,6 ± 6,7.

Bhalla, et al, 2015

Analisar o estado de saúde bucal e necessidades de tratamento do pessoal da

polícia na cidade de Mathura.

Avaliou-se a necessidade do uso de prótese e aplicou o exame de Registro Periodontal Simplificado

(PSR). Os exames clínicos foram realizados usando o padrão da OMS

critérios mencionados no Proforma de Saúde Oral da OMS, 2013 avaliar o

estado de saúde bucal.

O status médio da dentição foi encontrado 0,66 ± 2,08. Sangramento gengival foi presente

em25,7% dos participantes, Bolsa periodontal em 5,3% e 2,7% precisava de prótese dentária. A

maioria dos sujeitos necessitou tratamento odontológico incluindo

Raspagem e Alisamento Radicular (RAR). Ribeiro-Sobrinho, et al, 2008 Avaliar a cobertura de atendimento odontológico na Polícia Militar do Estado de Salvador, Estado da Bahia, Brasil, de 2002 a 2004, estimando taxas de

cobertura potenciais e reais.

Cálculos foram feitos de possíveis taxas de cobertura considerando cargas horárias de trabalho dos dentistas da equipe e de taxas reais

resultantes de tratamento ambulatorial real.

A cobertura potencial de recursos humanos foi adequado (1 dentista por 1.618 policiais), enquanto a taxa

de cobertura real foi considerada abaixo do padrão proposto pelo Ministério do Brasil Saúde (0,39 procedimentos por policial por ano).

Fonte: autores, 2020.

D i s c u s s ã o

O Brasil apresenta um histórico lento de desenvolvimento em saúde bucal ao longo dos anos, de forma a caracterizar falta de assistência eficiente para aqueles que mais necessitam. Estrategicamente, no ano 2004 o governo desenvolve a Política Nacional de Saúde Bucal, com o objetivo de superar as classes sociais excluídas e melhorar o panorama de exclusão ao serviço odontológico relatado no passado. A Política Nacional de Saúde Bucal valida os princípios

doutrinários (universalidade, equidade e

integralidade) e organizativos (descentralização, regionalização, hierarquização, resolubilidade, participação social) do SUS, caracterizando o compromisso do Estado em promover o direito à saúde bucal8.

A saúde é caracterizada por um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doença ou enfermidade. A saúde bucal, sendo parte integrante da saúde geral consiste em dois aspectos. Primeiro o físico, descrito

pelo estado de saúde bucal através do número de dentes, abertura bucal, condição periodontal, doença cárie, dentre outras patologias bucais; o segundo, pela percepção individual de saúde bucal, no qual integra os conhecimentos sobre hábitos e cuidados de higiene oral9.

A qualidade de vida no trabalho é preocupação prevalente entre os pesquisadores, onde de fato está diretamente relacionada à qualidade dos produtos e serviços prestados. As condições de saúde estão significativamente relacionadas à qualidade de vida, inclusive a saúde bucal. Uma vez que os agravos e eventualidades que acometem a boca estão relacionados à dor, desconforto, limitação funcional e insatisfação da aparência. O trabalho faz parte da integração à vida social, onde as condições deste podem gerar satisfação pessoal ou adoecimento. A condição do trabalho é capaz de interferir na saúde

bucal dos indivíduos, podendo desencadear

(6)

O dever dos policiais é defender a população e manter a paz interna da comunidade, desta forma, torna-se relevante a necessidade de prevenção e manutenção da saúde desse profissional. No que lhe concerne, os aspectos na saúde bucal podem afetar as atividades de trabalho do policial através de

dificuldade para alimentação, dor aguda,

agravamento de problemas sistêmicos, dentre outros10.

Um estudo transversal foi realizado na cidade de Mathura, situada no estado indiano de Uttar Pradesh, no qual teve a participação de 475 policiais, com faixa etária de 21 a 35 anos. Destes, 382 sujeitos tinham dentes saudáveis, 122 possuíam sangramento gengival, 28 indivíduos com bolsa periodontal, 116 apresentavam fluorose, 13 necessitavam de prótese. Desta forma o estudo caracterizou que grande parte dos policiais avaliados precisava de atendimento imediato e atentou para a necessidade do investimento em saúde específico para essa população10.

Já o Japão mostrou maior responsabilidade com a saúde bucal de militares, de acordo com os resultados propostos pelo estudo que comparou a saúde bucal de pessoas civis e militares. Essa pesquisa teve a participação de 911 pessoas, e foi percebido que não houve diferença significativa entre os grupos. Tanto os civis quanto os militares apresentaram boa saúde bucal pela avaliação do dentista e por percepção individual do participante, relatando que apenas 4% da população usavam próteses removíveis e os indivíduos não tinham um número substancial de dentes perdidos9.

Comparando o estudo anterior com outro realizado no Brasil, no estado da Bahia, foi

demonstrado que apesar de existir um serviço odontológico da polícia militar, onde nas próprias organizações policiais militares está implantado um centro com consultórios ontológicos, os resultados demonstraram falta de efetividade dos serviços odontológicos prestados. Esse serviço deveria atender todos os integrantes da polícia e dependentes e apesar de ter uma cobertura adequada de cirurgião dentista por habitante, houve baixa produtividade do serviço, podendo ser caracterizada por problemas estruturais e pobre sistema de gestão11.

Entretanto, em outro estado brasileiro, faltava programas específicos para o grupo de policiais, o que motivou um estudo realizado na cidade de Natal - Rio Grande do Norte. De acordo com Dantas, os fatores socioeconômicos estão significativamente relacionados à presença de cárie dentária, doença periodontal e perda de dentes12. Percebeu-se ao analisar a variável renda familiar, que quanto maior a renda, menor o número do índice CPO-D. A avaliação foi proporcional quando a análise se voltou para a variável escolaridade, que ao demonstrar conclusão do ensino médio na maioria da população do estudo, verificou-se a baixa porcentagem de componente

cariado, apresentando 1,78%. Quanto ao

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realização de ações voltadas para promoção de educação em saúde bucal. Notou-se que mais da metade dos participantes necessitaram de algum tipo de prótese dentária, que pode ser explicado pelas características do modelo assistencial homogêneo que foram executadas por muito tempo na atenção à saúde bucal, em que era baseado em tratamentos curativos e mutiladores.

Corroborando com o estudo anterior, Faragó e colaboradores, associaram o status socioeconômico e o nível educacional dos sujeitos do estudo ao índice de cárie, apontando que aqueles com renda e estudo inferior tiveram mais experiência de dentes cariados, ainda, acrescentaram que a menor escolaridade dos pais dos entrevistados foi relacionada à doença13. A experiência da doença cárie foi alta entre jovens estudantes húngaros da polícia, salientando que há

tratamento odontológico inadequado para

estudantes da polícia na Hungria, isso pode, está relacionado ao alto índice de cárie dentária entre jovens do país. De acordo com a análise comportamental de hábitos de saúde bucal, foi associado significativamente à experiência cárie ao uso de fio dental e frequência a consultas

odontológicas, mostrando a importância da

motivação e instrução de higiene bucal realizada por dentistas.

Discordando dos dois estudos anteriores, o autor Faris Junior ao tentar relacionar a escolaridade de policiais militares de uma região em São Paulo com a experiência de cárie, não obteve resultados significativos8. Mas corroborou com Faragó e colaboradores na relação da escolaridade dos pais dos indivíduos e hábitos de higiene bucal13. Os resultados constataram que o CPOD dos policiais que

os pais tinham escolaridade inferior, foi maior, que provavelmente se deve ao fato da baixa escolaridade dos pais, influenciar na capacitação do filho de cuidar bem de sua saúde. Para os policiais que tinham hábito de usar o fio dental, houve menor experiência da doença cárie. O consumo de alimentos com alto teor de açúcar foi constatado, incluindo a falta de escovação após o ato, mas não foi relacionado de forma significativa com o índice CPOD. Outra observação importante foi relacionando à idade, quando notou diferença relevante ao analisar a patente dos policiais militares. O comparativo foi entre a categoria sargento e subtenente, assim, o policial de maior patente tende a ser mais velho, por isso, apresentou uma pior saúde bucal.

O sexo desenvolve um papel importante na doença periodontal, Segundo Lopes e Stacechen demonstraram que homens têm mais perda de inserção que mulheres. Além disso, homens têm uma higiene oral mais pobre do que mulheres, fato esse evidenciado por altos níveis de acúmulo de placa bacteriana e biofilme bacteriano. Desse modo, a diferença de sexo que afeta a prevalência e gravidade da periodontite parece estar relacionada à prática preventiva, como a falta de higienização bucal adequada14.

Se tratando de cárie dentária, um estudo mais

recente, realizado por Moreno-Quispee

colaboradores, obteve resultado de CPO-D

(8)

em geral, mas não investigaram hábitos de higiene bucal, tipo de dieta, frequência de consumo alimentar e número de visitas ao dentista, que pudesse justificar os achados8,13.

O ambiente ocupacional desempenha um papel importante na saúde dos expostos. O fato de o pessoal da polícia estar frequentemente envolvido em serviço de 24 horas os coloca sob muita tensão física e mental. Os autores de um estudo ao relatar alta prevalência de cárie dentária, corroboraram com

dados dos estudos de Moreno-Quispe e

colaboradores, Faris Junior, Faragó e colaboradores, mas a associação para justificar os achados deste estudo foi diferente dos estudos corroborados. A investigação sugeriu que o alto índice de cárie pode estar relacionado porque os policiais indianos permanecem por muito tempo em seu ambiente de trabalho, dando assim menos prioridade a saúde bucal16.

Os policiais estão expostos ao estresse crônico não traumático decorrente das demandas do ambiente de trabalho. Portanto, pode-se supor que policiais envolvidos em atividades operacionais, que incluem exposição a perigos e riscos de vida, seriam mais estressados. Mas Pôde-se observar que a qualidade de vida relacionada à saúde bucal se correlacionou negativamente com a prevalência de cárie. Isso ocorre porque, embora tenham uma alta prevalência de cárie, provavelmente a extensão da cárie foi menos grave, portanto, o impacto foi menor na qualidade da saúde bucal16. Este estudo discordou dos achados de Faris Junior quanto à associação de pior condição de saúde bucal relacionado à idade, por não achar resultados relevantes da média de CPOD8. Sobre a diferença de gênero, a análise de saúde bucal

e qualidade de vida não tiveram diferença significativa, diferente dos resultados do estudo de Lopes e Stacechen14.

A determinação das condições de saúde bucal de policiais sofre dificuldade pela escassez de trabalhos publicados na literatura a respeito do tema. Dentre os artigos selecionados, nota-se heterogeneidade na metodologia. Entretanto, esta revisão engloba estudos realizados em 5 países, em que foi possível estabelecer um comparativo sobre os dados epidemiológicos da doença cárie. Seus resultados mostraram que países como: Índia, Hungria, Peru e Brasil, possuem índice de cárie elevado em policias. Enquanto o Japão, apesar de não relatar um serviço odontológico direcionado especificamente para militares, demonstrou boas condições de saúde bucal dessa população, caracterizando efetividade do serviço odontológico ofertado pelo país. Torna-se pertinente enaltecer a necessidade de identificar a fonte do problema de saúde bucal que atinge esses trabalhadores em tantos países, uma vez que os estudos abordados aqui, não consentiram sobre as causas dos achados epidemiológicos, por isso o tema proposto necessita de mais estudos.

C o n c l u s ã o

(9)

A condição de trabalho proporcionada pela polícia, não foi relacionada à experiência de cárie dentária, mas necessita-se de mais estudos para avaliar essa condição. Assim, percebe-se a necessidade de mais políticas voltada para promoção de educação em saúde bucal para a população da polícia, objetivando prevenir e reduzir o índice de doenças orais.

R e f e r ê n c i a s

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Referências

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