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Weregistered Biomphalaria

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Academic year: 2021

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Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 82 (1) :71-72, ja n ./m a r. 1987

OCORRÊNCIA DE PLANORBÍDEOS PLEISTOCÉNICOS NO MUNICÍPIO DE JACOBINA, BAHIA

L. CLARK LIMA

Depaitamento de Ciências Biológicas, Escola Nacional de Saúde Pública - FIOCRUZ, Caixa Postal 926, 20001, Rio dc Janeiro, RJ, Brasil

Occurence of pleistocenic planorbids in the municipality of Jacobina, Bahia State, Brazil - We registered Biomphalaria aff. glabrata (Say, 1818) from upper Pleistocene (or Holocene) based on paleontologic and stratigraphic data and in agreement with shell morphology. The shells came from Gruta das Onças, district o f Caatinga do Moura, Jacobina country, state o f Bahia. We also registered one more evidence of the ancient presence o f water in the cave, which agree Cartelle &

Bohorquez ’s(l 982) hypothesis about the site.

Key words: Pleistocene - Planorbidae - Biomphalaria glabrata

Registramos planorbídeos pleistocênicos provenientes da Gruta das Onças, município de Jacobina, distrito de Caatinga do Moura, Esta­

do da Bahia. As conchas destes planorbídeos foram removidas da referida gruta pela equipe do Paleontólogo Castor Cartelle, durante esca­

vações realizadas no mês de julho dos anos de 1979 e 1980, sob ossos de Eremotherium lau- rillardi (Lund) Cartelle & Bohorquez, 1982.

A REGIÃO

Planáltica, com aproximadamente 800 m de altitude, localizada a nordeste da Chapada Dia­

mantina (11° 11 ’S e 40O 33’W) a região perten­

ce à série Jacobina, do Domínio Pré-Cambria- no, com cobertura sedimentar Eopaleozóica, so­

bre embasamento cristalino (Moreira, 1977)..

De acordo com Nimer (1977) o clima é do tipo Tropical do Brasil Central, quente, úmido, com período seco de dois meses. Em Jacobina a temperatura média anual é de 23,1°C, sendo a méaia do mês mais frio de 20,0QC e a altura média de precipitação anual de 1.051,0mm.

A caracterização da hidrografia, segundo Steffan (1977), é condicionada pelo clima. Os rios sertanejos, de regime pluviométrico irregu­

lar, são intermitentes ou temporários. Ao pre­

cipitar-se, a água evapora-se na sua maior parte, devido ao forte calor, e a sua capacidade de armazenamento no sub-solo é prejudicada em ra­

zão dos terrenos rasos e pouco permeáveis. En­

tre os rios mais importantes, o mais próximo à Gruta das Onças é o Itapecurumirim. Um ria­

cho temporário corre a dois quilômetros da citada gruta.

A vegetação é do tipo caatinga, com árvo­

res e arbustos bastante ramificados, espinhen­

tos, com folhas predominantemente compostas

Recebido em 10 de junho de 1986.

Aceito em 17 de julho de 1986.

que caem na estação seca, e plantas suculentas, espinhosas e herbáceas que se desenvolvem de­

pois das chuvas (Kulhmann, 1977).

DESCRIÇÃO DO MATERIAL

As conchas, depositadas no Departamento de Ciências Biológicas da Escola Nacional de Saúde Pública - FIOCRUZ, são de coloração esbranquiçada e frágeis. Para nosso estudo de planorbídeos usamos 165 conchas e 26 frag­

mentos de giros, sendo 82 inteiras com diâme­

tro e largura variando de 5,0 a 24,5 mm e 2,5 a 7,0 mm respectivamente, e 83 com peristoma e giro corporal quebrados. As características morfológicas destas conchas são as mesmas des­

critas por Paraense (1975) para Biomphalaria glabrata (Say, 1818).

TAXIONOM1A

Phylum Mollusca — Classe Gastropoda — Subclasse Pulmonata — Ordem Basommato- phora — Família Planorbidae — Gênero Biom­

phalaria — Espécie Biomphalaria aff. glabrata

(Say, 1818). Sinonímia: vide Paraense (1975).

DIAGNOSE CONQUILIOLÓGICA

Concha adulta com no máximo 40 mm de diâmetro por 11 mm de largura; seis a sete gi­

ros arredondados, bem visíveis, que crescem lentamente em diâmetro; lado direito mais côncavo que o esquerdo e com giro central pro­

fundo; sutura bem marcada; periferia arredon­

dada tendendo para a direita; abertura oval (Paraense, 1975). Indivíduos jovens sujeitos a dessecação estacionai do ambiente freqüente­

mente apresentam grupos de lamelas no interior da concha (Paraense, 1957).

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Na região onde se situa a Gruta das Onças há grande incidência de B. glabrata. De acordo

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com Barbosa & Dobbin (1952), esta espécie co­

loniza coleções d’água sujeitas a secas estacio­

nais. Esta espécie encontra-se, segundo Paraen­

se (1972), no nordeste, entre a costa úmida e o interior semi árido, cedendo lugar à Biompha­

laria straminea (Dunker, 1848) nos locais de clima seco.

A B. glabrata está presente nesta região, asso­

ciada, conseqüentemente, â xistosomose (Bar­

reto et al., 1964), pois de acordo com este au­

tor, em Caatinga do Moura o índice de infecção humana pelo Schistosoma mamoni é de 80% e o de Cavia aperea aperea (preá do brejo, animal

de hábitos semi-aquáticos) é de 60%

As conchas aqui registradas foram encontra­

das sob ossadas de um rebanho de E. laurillardi,

mamífero do Pleistoceno superior ou sub-Re­

cente, a eles acoladas (Cartelle, comunicação pessoal). Os fósseis que estudamos e os dos ma­

míferos foram localizados na porção mais fun­

da da gruta cujo solo apresentava-se em desní­

vel (Cartelle & Bohorquez, 1982). Os autores citados sugerem uma hipótese que explica a inusitada concentração de um rebanho de ani­

mais de campo numa pequena e íngreme gruta.

Tal rebanho, composto de 45 indivíduos, lá teria penetrado à procura de água, não podendo retornar ao campo aberto devido à conforma­

ção do local. A concentração de planorbídeos aí registrada apoia esta hipótese. E. laurillar­

di é um representante da fauna de mamíferos extinta no final do Pleistoceno ou início do Holoceno. Os planorbídeos localizados sob os ossos fósseis (muitos deles recuperados articu­

lados entre si) (Cartelle, comunicação pessoal) têm, pelo menos, idêntica cronologia.

CONCLUSÕES

a) Pescrevemos, com base em evidências pa- leontológicas e estratigráficas, moluscos do Pleistoceno-superior (ou Holoceno) da Gruta das Onças, município de Jacobina, Estado da Bahia.

b) Identificamos, de acordo com a morfolo- gia da concha, B. aff. glabrata.

c) Registramos evidências da presença de água na Gruta das Onças no final do Pleisto­

ceno (ou Holoceno).

RESUMO

Registramos, com base em dados paleontoló- gicos e estratigráficos e de acordo com a morfo- logia da concha,Biomphalaria aff.glabrata (Say,

1818), do Pleistoceno superior (ou Holoceno) da Gruta das Onças, distrito de Caatinga do Moura, município de Jacobina, Estado da Ba­

hia. Registramos também mais uma evidência da antiga presença de água na referida gruta, que apoia a hipótese levantada por Cartelle

& Bohorquez (1982) sobre o local.

Paia vr as-chave: Pleistoceno - Planorbidae Biompha­

laria glabrata.

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. W. Lobato Paraense e ao Prof. Cástor Cartelle.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, F. S. & DOBBIN, Jr, J. F., 1952. Resistên­

cia de Australorbisglabratusà dessecação em condi­

ções naturais. Publ. Av. Inst. Aggeu Magalhães, Re­

cife, 1 (11): 141-143.

BARRETO, A. C.; SANTOS, 1. & OLIVFIRA, V. S., 1964. Epidemiologia da esquistossomose mansôni- ca c infecção natural dc Cavia aperea aperea. Re v.

Inst. Med. Trop. S. Paulo, 6 (5): 233-236.

CARTELLE, C. & BOHORQUEZ, G. A., 1982. Ere- motherium laurillardi Lund, 1842. Parte I. Deter­

minação específica e dimorfismo sexual. Ilheringia, Sér. Geol. , Porto Alegre, 7:45-63.

KUHLMANN, E., 1977. Vegetação, p. 85-110 In: Geo­

grafia do Brasil. Fundação IBGE, Rio de Janeiro, vol. 2.

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NIMER, E., 1977. Clima, p. 47-84. In: Geografia do Brasil. Fundação IBGE, Rio de Janeiro, Vol. 2.

PARAENSE, W. L. 1957. Apertural lamellae in Aus­

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Geeografia do Brasil. Fundação IBGE, Rio de Ja­

neiro, Vol. 2.

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