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Academic year: 2017

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AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ANÁLISE AMBIENTAL DA CÉLULA A COMBUSTÍVEL DE

MEMBRANA TROCADORA DE PROTÓNS SOB O ENFOQUE

DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA

SANDRA HARUMI FUKUROZAKI

Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear-Materiais.

Orientadora:

Dra. Emilia Satoshi Miyamaru Seo

(2)

A N Á L I S E A M B I E N T A L D A C É L U L A A C O M B U S T Í V E L DE M E M B R A N A T R O C A D O R A DE P R O T Ó N S S O B O E N F O Q U E DA A V A L I A Ç Ã O DO C I C L O

DE V I D A

S A N D R A H A R U M I F U K U R O Z A K I

D i s s e r t a ç ã o a p r e s e n t a d a c o m o p a r t e d o s r e q u i s i t o s para a o b t e n ç ã o d o G r a u de Mestre e m C i ê n c i a s na Á r e a d e T e c n o l o g i a N u c l e a r - Materiais

O r i e n t a d o r a :

Dra. E m i l i a S a t o s h i M i y a m a r u Seo

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A N Á L I S E A M B I E N T A L DA C É L U L A A C O M B U S T Í V E L DE M E M B R A N A T R O C A D O R A DE P R O T Ó N S S O B O E N F O Q U E DA A V A L I A Ç Ã O DO C I C L O

DE V I D A

S A N D R A H A R U M I F U K U R O Z A K I

D i s s e r t a ç ã o a p r e s e n t a d a c o m o p a r t e d o s r e q u i s i t o s p a r a a o b t e n ç ã o d o G r a u d e M e s t r e e m C i ê n c i a s n a Á r e a d e T e c n o l o g i a N u c l e a r - Materiais

O r i e n t a d o r a :

Dra. E m i l i a S a t o s h i M i y a m a r u S e o

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A o Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento ­ C N P q , pela bolsa

concedida e ao Instituto de Pesquisas Energιticas e Nucleares ­ IPEN, pela

oportunidade de realizaηγo d o presente estudo.

À minha famνlia, pelo apoio sempre constante e incondicional ao longo da

minha formaηγo, em especial a Monize Kozuι Fukurozaki pela paciκncia nos

meus momentos de mau humor e madrugadas acordadas.

À minha orientadora, Dra. Emilia Satoshi Miyamaru Seo, pela amizade,

confianηa, incentivo e, principalmente, pelos conhecimentos adquiridos no

decorrer da nossa convivκncia.

A o s pesquisadores do Programa de Cιlulas a Combustνvel ­ PROCEL, Dr.

Marcelo Linardi, Dr. Estevan Spinacι e Dr. Almir Oliveira Neto, pelo suporte,

materiais e discussυes essenciais para o desenvolvimento desta dissertaηγo.

A o s profissionais da αrea de Meio Ambiente, pelas crνticas e sugestυes que

serviram de base para a formataηγo da avaliaηγo ambiental: Dr. Jacques

Demajorovic e M.Sc Alcir Vilela J٥nior ­ Faculdade de Engenharia Ambiental

/Centro Universitαrio SENAC; Dr. Gil Anderi da Silva ­ Grupo de Prevenηγo a

Poluiηγo/ Escola Politιcnica da Universidade de Sγo Paulo e Dr. Milton Nono

Sogabe ­ Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA)/ Companhia de

Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB).

A o s doutores e tιcnicos , pelos esclarecimentos e anαlises realizadas: Dr.

Nelson Batista de Lima, Dra. Mitiko Saiki, Dra. Vera L٥cia Ribeiro Salvador, Dra.

Elizabete Dantas Sonoda, Dra. Duclerc Fernandes Parra, Marco Andreoli, Marco

Scapin, Olandir Vercino Corrκa e Elias Silveira.

A Dra. Sτnia R. M. Castanho, Dr. Egberto Gomes Franco, M.Sc.Edgard

Ferrari da Cunha, M.Sc Antτnio R. dos Santos, M.Sc Marcelo do Carmo, M.Sc

Thais Aranha, M.Sc Martha L. Bejarano, M.Sc Rubens Chiba, M.Sc Walter Kenji,

lize Puglia, Bruno Ribeiro de Matos, pelo auxνlio e informaηυes diversas. Por fim,

aos demais colaboradores e colegas de jornada acadκmica do IPEN, pelas idιias

(6)

equilíbrio biofísico, não em termos estáticos, mas dinâmicos, avaliando os fatos conforme tempos biológicos, objetivando um fluxo estacionario de energia, de populações, de recursos.

(7)

S A N D R A H A R U M I F U K U R O Z A K I

R E S U M O

(8)

S A N D R A H A R U M I F U K U R O Z A K I

ABSTRACT

(9)

F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A

1 - ENERGIA, MEIO A M B I E N T E E D E S E N V O L V I M E N T O 21

1.1 ­ Energia e Meio Ambiente 22

1.1.1 ­ Mudanηas Climαticas 24

1 . 1 . 2 ­ Deposiηυes Αcidas 25

1 . 1 . 3 ­ Poluiηγo Urbana do Ar 26

1.1.4 ­ Centrais Termoelιtricas 27

1 . 1 . 5 ­ Centrais Hidroelιtricas 28

1.1.6 ­ Centrais Nucleares 28

1.2 ­ Energia e Desenvolvimento 29

2 - C É L U L A S A C O M B U S T Í V E L 31

2.1 ­ Sonho ou Desafio? 31

2.2 ­ Origem e Histσria da Tecnologia 32

2.3 ­ Sistema Conversor de Energia 34

2.3.1 ­ Classificaηγo das Tecnologias 36

2.4 ­ Principais Vantagens 38

2.4.1 ­ Alta Eficiκncia e Seguranηa 38

2.4.2 ­ Flexibilidade de Planejamento 40

2.4.3 ­ Desempenho Ambiental 41

2.5 ­ Tecnologia da Cιlula a Combustνvel de Membrana Trocadora de Prσtons 42

2.5.1 ­ Evoluηγo Histσrica do Desenvolvimento 45

2.5.2 ­ Aplicaηυes 46

3 - A V A L I A Ç Ã O D O C I C L O DE V I D A 50

3.1 ­ Breve Histσrico e Definiηυes 51

3.2 ­ Guia e Marco Metodolσgico 54

3.2.1 ­ Objetivo e Escopo 55

(10)

3.4 ­ Restriηυes a Prαtica da Avaliaηγo do Ciclo de Vida 63

3.5 ­ Importancia do Uso da Avaliaηγo do Ciclo de Vida 64

4 - A V A L I A Ç Ã O DO C I C L O DE V I D A D A C É L U L A A C O M B U S T Í V E L DE

M E M B R A N A T R O C A D O R A DE P R Ó T O N S 66 4 ­ Emissυes Ambientais da SOFC e SPFC: sistema de produηγo e disposiηγo

final 67

4 . 1 . 1 ­ S i s t e m a P E M F C 69

4.1.2 ­ Processo Produtivo do MEA 70

4 . 1 . 3 ­ I n v e n t α r i o 72

4 . 1 . 4 ­ Anαlise do Inventario e Consideraηυes sobre o Estudo 75

4.2 ­ Avaliaηγo do Ciclo de Vida de Mσdulos de Cιlulas a Combustνvel 77

4.3 ­ Impactos da Legislaηγo de Residuos Veiculares na Uniγo Europιia: opηυes

de fim de vida para as cιlulas de eletrσlito polimιrico 78

4.5 ­ Anαlise Geral dos Estudos sobre a Avaliaηγo do Ciclo de Vida da PEMFC 78

M E T O D O L O G I A

5 - D E S E N V O L V I M E N T O E A N Á L I S E DO P R O C E S S O DE R E C U P E R A Ç Ã O

DOS C A T A L I S A D O R E S DE P L A T I N A D A PEMFC 81

5.1 ­ Rota Experimental 81

5.2 ­ Avaliaηγo do Ciclo de Vida Simplificada do Processo 85

5.2.1 ­ Objetivo e Escopo 87

5.2.2 ­ Inventαrio 88

5.2.2.1 ­ A n α l i s e T e r m o g r a v i m ι t r i c a ­ A T G 91

5.2.2.2 ­ Espectrometrνa de Fluorescκncia de Raios X ­ FRX 91

5.2.2.3 ­ D/fraηγo de Raios X ­ DRX 92

5.2.2.4 ­ Anαlise por Ativaηγo Neutrτnica 93

(11)

R E S U L T A D O S E D I S C U S S Υ E S

6 - A V A L I A Ç Ã O D O C I C L O DE V I D A D O P R O C E S S O DE R E C U P E R A Ç Ã O

DOS C A T A L I S A D O R E S DE P L A T I N A DA P E M F C 100

6.1 ­ Prι Avaliaηγo da ACV: questυes relevantes sobre a Platina 100

6.1.1 ­ Propriedades gerais da platina 102

6.1.2 ­ Demanda e Aplicaηυes 104

6.1.3 ­ Suprimento e Preηo 107

6 . 1 . 4 ­ Impactos Ambientais e Restriηυes Legais 109

6.1.5 ­ Consideraηυes sobre a Etapa de Simplificaηγo 112

6.2 ­ Inventαrio: coleta e anαlise dos dados 113

6.2.1 ­ Processo de Produtivo do MEA 113

6.2.2 ­ Processo de Recuperaηγo 121

6.2.3 ­ Anαlises de Verificaηγo: eficiκncia do processo 121

6.2.4 ­ Anαlises de Caracterizaηγo: potencial de reciclagem 126

6.3 ­ Avaliaηγo de Impactos 130

6.3.1 ­ Identificaηγo de Aspectos e Impactos 130

6.3.2 ­ Anαlise da Significβncia 134

C O N C L U S Υ E S

Conclusυes 137

R E F E R Κ N C I A S

(12)

26

37

59

60

62 T a b e l a 1.3 ­ Fontes de poluiηγo e seus poluentes

T a b e l a 2.1 ­ Classificaηγo das CaC conforme o eletrσlito utilizado

T a b e l a 3.1 ­ Exemplos de listas de seleηγo de categorias de impactos

T a b e l a 3.2 ­ Exemplos de indicadores e modelo de caracterizaηγo

T a b e l a 3.3 ­ Anαlise dos mιtodos de simplificaηγo da A C V

T a b e l a 4.1 ­ Quantidade dos principais materiais e os requerimentos em termos

de energia 72

T a b e l a 4.2 ­ Entrada de energia para cada processo de produηγo do MEA. 72

T a b e l a 4.3 ­ Perdas de materiais no processo de produηγo do MEA 73

T a b e l a 4.4 ­ Emissυes para o meio ambiente da produηγo de platina. 7 4

T a b e l a 4.5 ­ Total de emissυes para o meio ambiente na produηγo do M E A 74

T a b e l a 4.6 ­ Custo das perdas de platina 75

T a b e l a 5.1 ­ Caracterνsticas do M E A 83

T a b e l a 5.2 ­ Exemplo de aspectos e impactos 96

T a b e l a 5.3 ­ Escala de probabilidade 97

T a b e l a 5.4 ­ Escala de severidade 97

T a b e l a 5.5 ­ Escala de limites 98

T a b e l a 5.6 ­ Escala de status regulatσrio 98

T a b e l a 5.7 ­ Avaliaηγo m٥ltipla dos critιrios 99

T a b e l a 6.1 ­ Propriedades da platina 103

T a b e l a 6.2 ­ Estado de oxidaηγo e compostos de platina 103

(13)

T a b e l a 6.6 ­ Referκncias de estudos sobre a concentraηγo de platina em

diferentes compartimentos ambientais, na fauna, flora e outros locais 110

T a b e l a 6.7 ­ Composiηγo da tinta catalνtica 114

T a b e l a 6.8 ­ Carga catalνtica e massa estimada por eletrodo 115

T a b e l a 6.9 ­ Especificaηυes do eletrσlito e da camada difusora. 115

T a b e l a 6.10 ­ Valores obtidos na pesagem do MEA e dos seus componentes em

gramas 116

T a b e l a 6.11 ­ Comparaηγo entre a massa inicial e final do MEA em gramas 116

T a b e l a 6.12 ­ Comparaηγo entre a massa do eletrσlito padrγo (P) e do eletrσlito

obtido no processo em (R ) em gramas 117

T a b e l a 6.13 ­ Comparaηγo entre a massa da camada difusora padrγo e da

camada obtida no processo (R ) em gramas 117

T a b e l a 6.14 ­ Comparaηγo entre a massa da camada catalνtica teσrica (T) e a

camada obtida no processo em gramas. 118

T a b e l a 6.15 ­ Massa estimada para os elementos da camada catalνtica obtida no

processo de recuperaηγo em gramas 119

T a b e l a 6.16 ­ Perfil das amostras encaminhadas para anαlise em gramas 119

T a b e l a 6.17 ­ Determinaηγo da platina e outras impurezas 124

T a b e l a 6.18 ­ Diβmetro mιdio das partνculas de catalisadores de platina

preparados por diferentes tιcnicas 128

T a b e l a 6.19 ­ Identificaηγo de atividades, aspectos e potenciais impactos 132

T a b e l a 6.20 ­ Avaliaηγo da significancia dos impactos 134

(14)

F i g u r a 2.2 ­ Classificaηγo das Cιlulas a Combustνvel 36

F i g u r a 2.3 ­ Comparaηγo das eficiencias em porcentagem (%) 38

F i g u r a 2.4 ­ Desenho esquemαtico da PEMFC 43

F i g u r a 2.5 ­ MEA e cιlula unitαria da PEFC 43

F i g u r a 2.6 ­ Mσdulo do PEMFC 4 4

F i g u r a 2.7 ­ Exemplo de aplicaηγo portαtil (laptop) da PEFC 4 7

F i g u r a 2.8 ­ Veνculo d e emissγo nula ­ NECAR 47

F i g u r a 3.1 ­ Etapas da avaliaηγo do ciclo de vida. 54

F i g u r a 3.2 ­ Dimensυes do escopo de estudo da A C V 55

F i g u r a 3.3 ­ Exemplo de um diagrama de fluxo de um sistema e processos de um

produto 57

F i g u r a 3.4 ­ Estrutura conceituai da A l C V 59

F i g u r a 3.5 ­ Procedimentos de simplificaηγo da A C V 63

F i g u r a 4 . 1 - Diagrama conceituai do ciclo de vida de um sistema CaC em 7

estαgios 68

F i g u r a 4.2 ­ Diagrama do fluxo de produηγo do M E A 71

F i g u r a 5 . 1 - Proposta de recuperaηγo da platina d o MEA da P E M F C encontradas

na literatura 82

F i g u r a 5.2 ­ Diagrama simplificado do procedimento experimental 84

F i g u r a 5.3 ­ Software de A C V ­ Sima Pro Demo 89

F i g u r a 5.4 ­ Ficha de coleta de dados 90

(15)

F i g u r a 6.5 ­ Platina ancorada em substrato de alumina, utilizada como

catalisador em processos da industria petrolνfera 106

F i g u r a 6.6 ­ Disco rνgido com camada magnιtica de platina 106

F i g u r a 6.7 ­ Preηo da platina no perνodo de janeiro de 2004 a dezembro de 2005

108

F i g u r a 6.8 ­ Escala de risco ecolσgico 111

F i g u r a 6.9 ­ Ciclo de vida da platina na PEMFC 113

F i g u r a 6.10 ­ Diagrama de blocos de preparaηγo do MEA 114

F i g u r a 6.11 ­ Inventαrio do processo de recuperaηγo 120

F i g u r a 6.12 ­ Curva da A T G para a massa catalνtica 122

F i g u r a 6.13 ­ Curva da A T G para tinta catalνtica 123

Figura 6.14 ­ Curva da A T G para a platina comercial 123

F i g u r a 6.15 ­ Elementos detectados pela anαlise de ativaηγo neutrτnica 125

Figura 6.16 ­ Difratogramas de raios X para a camada catalνtica 126

Figura 6.17 ­ Difratogramas de raios X para a tinta catalνtica 126

F i g u r a 6.18 ­ Difratogramas de raios X para a platina comercial 127

F i g u r a 6.19 ­ Voltamogramas cνclicos para a massa catalνtica, tinta e platina

comercial 129

F i g u r a 6.20 ­ Atividades do processo de recuperaηγo nas quais sγo

identificados os aspectos ambientais 131

F i g u r a 6.21 ­ Exemplo de uma cadeia de efeitos relativos ao consumo de

(16)

No decorrer d o tempo, a produηγo de energia elιtrica constituiu­se como

um fator ctiave no desenvolvimento das sociedades. A partir da I Revoluηγo

Industrial, em meados do sιculo XVIII, uma transformaηγo indubitαvel ocorreu

nas relaηυes produtivas e sociais, favorecida pela descoberta de novos

mecanismos de conversγo energιtica e fomentada pelo uso do carvγo. A

substituiηγo gradativa dessa fonte por outras, como o petrσleo e o gαs natural,

propiciou uma nova organizaηγo de βmbito global, concomitamente a II

Revoluηγo Industrial, sobrevinda um sιculo depois.

Desenvolveu­se entγo toda uma gama de ind٥strias baseadas na

economia de energia fσssil, por um lado, voltadas para a produηγo e suprimento

de energia: mαquinas diversas, turbinas, sistemas de transmissγo; por outro, para

a sua utilizaηγo: equipamentos de uso industrial e domιstico, iluminaηγo, forηa

motriz, climatizaηγo e comunicaηγo. Conseq٧entemente, esse conjunto de

instrumentos alterou de forma profunda o ritmo e o curso dos processos de

formaηγo sσcio­espacial e econτmicas da humanidade, moldando as

caracterνsticas do atual desenvolvimento.

Contudo, nos anos 7 0 \ uma crise mundial sem precedentes, acarretada

pelo boicote internacional realizado pelas naηυes αrabes, membros da

Organizaηγo dos Paνses Exportadores de Petrσleo ­ OPEP, propiciou uma busca

frenιtica por fontes alternativas de energia e despertou o mundo para a

necessidade de melhor utilizaηγo dos recursos naturais. No mesmo perνodo,

internacionalmente, assistia­se ao surgimento de uma economia ambiental, como

conseq٧κncia da inquietaηγo global quanto a sustentabilidade dos sistemas de

produηγo vigente.

Pelo prisma do crescimento econτmico, formularam­se conceitos como

Integrated Resources Planning e o Demand Side Management, voltados para o planejamento e uso racional dos recursos, os quais ainda hoje constituem modos

de gestγo e expansγo de sistemas energιticos, como alternativa ao paradigma

meramente demogrαfico de oferta crescente para consumo crescente (GRIMONI

eν. al., 2004).

(17)

Do ponto de vista ecolσgico, os desastres ambientais fatais como o fog em

Londres, a contaminaηγo por merc٥rio na baνa de Minamata no Japγo, o acidente nuclear e m Three Mile Island nos Estados Unidos, a contaminaηγo por gases tσxicos em Bhopal na νndia, bem como as conseq٧κncias locais, regionais e globais associadas ao uso intensivo de combustνveis fσsseis, como chuva αcida,

camada de ozτnio e aumento da temperatura (PENNA, 1999), indicaram a

insustentabilidade do modelo energιtico corrente e a necessidade de fomentar o

desenvolvimento de sistemas geradores de energia que possibilitassem uma

contribuiηγo decisiva para um futuro ambientalmente seguro.

Paralelamente, o pensamento inaugurado pelo Clube de Roma (1960),

prosseguido pela Conferκncia de Estocolmo (1972), o Relatσrio da Comissγo de

Brundtland (1987) e a Reuniγo da C٥pula da Terra (1992) conduziram a conclusυes similares, segundo os quais o modelo de produηγo e consumo em

vigor, incluindo o atendimento as exigκncias energιticas, nγo ι compatνvel com

uma perspectiva de sustentabilidade intergerencial e nem equidade, em βmbito

mundial no presente.

Estas constataηυes resultaram no paradigma do desenvolvimento

sustentαvel, no qual a capacidade de assegurar os direitos das geraηυes

presentes e futuras estγo intimamente relacionadas ΰ energia (REIS & SILVEIRA,

2001). Nγo obstante, tambιm emergiu a crescente tendκncia de padrυes mais

rνgidos de controle ambiental a valorizaηγo das fontes renovαveis, menos

poluidoras e, os instrumentos de prevenηγo e mitigaηγo das externalidades

ambientais negativas, sobretudo os que visam auxiliar na compreensγo, reduηγo

e controle dos impactos na natureza, entre os quais ressalta­se a Avaliaηγo do

Ciclo de V i d a ­ A C V .

Dentre as diferentes rotas inovadoras para a geraηγo de energia mais

sustentαvel estα, atualmente, o hidrogκnio, cuja viabilidade energιtica encontra­

se na tecnologia de cιlulas a combustνvel ­ CaC. Estas sγo dispositivos

eletroquνmicos que podem converter continuamente a energia quνmica de certas

fontes renovαveis ou nγo, em eletricidade sem a necessidade de combustγo a

quente e com um rendimento global superior aos equipamentos de transformaηγo

(18)

( K O R D E S C H & SIMADER, 1996), a alta eficiκncia pode propiciar urna

significativa reduηγo do uso de combustνveis fσsseis e da liberaηγo de gases do

efeito estufa, resultando em emissυes locais extremamente baixas durante o uso,

fator especialmente importante em αreas densamente povoadas.

Deste modo, os diferentes tipos de tecnologia CaC configuram­se e m

candidatas ideais para uso em aplicaηυes mσveis e estacionαrias, incluindo

pequenas residκncias, plantas de energia e calor de mιdia e larga escala,

respectivamente. No setor mσvel, as CaC, particularmente as de baixa

temperatura de operaηγo (80 a 90 °C), como a Cιlula a Combustνvel de

Membrana Trocadora de Prσtons ­ PEMFC, podem ser usadas e m veνculos

particulares e coletivos, trens, aviυes, barcos, alιm de sistemas portαteis de

diversos usos (BAUEN et. al., 2003).

Perante essas particularidades, os distintos setores da sociedade tκm

direcionado uma maior atenηγo para as CaC, principalmente em relaηγo a

PEMFC, visto a crescente demanda por energia e a preocupaηγo em relaηγo ΰ

qualidade urbana do ar, acidificaηγo regional e mudanηas climαticas. Entretanto,

essas caracterνsticas vinculadas ΰ utilizaηγo da tecnologia refletem apenas parte

deste quadro, pois recursos sγo consumidos e emissυes sγo geradas em outras

etapas do contexto global do ciclo de vida desse produto, incluindo a manufatura

e a disposiηγo final.

Segundo K A R A K O U S S I S et. al (2000), o estαgio em uso ι tipicamente dominante na avaliaηγo de todo o ciclo de vida dos sistemas convencionais de

geraηγo de energia e engenharia de transporte. Contudo, os sistemas de CaC

comprometem uma escala relativamente exσtica de materiais e requerem

processos de manufatura que ainda estγo em desenvolvimento,

conseq٧entemente a anαlise dos seus outros estαgios do ciclo de vida sγo de

suma importβncia, visto apresentarem vantagens ambientais durante sua

utilizaηγo.

No caso da PEMFC, m e s m o encontrando­se no limiar do estαgio comercial,

o fator determinante para a sua ampla inserηγo no mercado envolve, alιm de

questυes econτmicas relacionadas ao alto custo dos materiais da membrana e

(19)

durante a fase de produηγo e pσs­consumo do mσdulo da PEMFC (PEHNT, 2 0 0 1 ;

HANDLEY, 2002).

Neste sentido, a Avaliaηγo do Ciclo de Vida tem se consolidado como uma

ferramenta lνder, tanto no mundo empresarial como governamental, para entender

e questionar os riscos e oportunidades que a c o m p a n h a m os produtos ao longo de

sua vida, desde a fase de extraηγo de recursos para a manufatura atι o seu

destino final, pσs­consumidor.

Por conseguinte, os processos de decisγo baseados em uma A C V

conduzem a aηυes mais efetivas e, com maior sustentaηγo no longo prazo com

relaηγo ΰ reduηγo dos custos econτmicos e ambientais das companhias e para o

paνs (CALDEIRA­PIRES et. al, 2005). Portanto, para o desenvolvimento e promoηγo de novos modelos energιticos, torna­se imperativo a adoηγo desse

instrumento.

Face ΰs consideraηυes acima, a preocupaηγo primordial deste estudo estα

em convergκncia com o momento atual, isto ι, na necessidade de aprofundar o

conhecimento relacionado ao peso das questυes ambientais no desenvolvimento,

consolidaηγo e inovaηγo da Cιlula a Combustνvel de Membrana Polimιrica

Trocadora de Prσtons ­ PEMFC, visto, no βmbito do desenvolvimento sustentαvel,

(20)

Tendo em vista as consideraηυes apresentadas na introduηγo e

principalmente, dada a importβncia dos catalisadores de platina no βmbito

econτmico e ambiental de desenvolvimento da Cιlula a Combustνvel de

Membrana Trocadora de Prσtons ­ PEMFC, o presente trabalho tem por objetivo

geral prover uma anαlise ambiental dessa tecnologia na etapa pσs­uso do

conjunto eletrodo membrana, nomeadamente em relaηγo ΰ platina, sob o

enfoque da Avaliaηγo do Ciclo de Vida ­ ACV. Neste sentido, os seguintes

objetivos especνficos foram delimitados:

1)­ Apresentar os aspectos gerais sobre energia, sua relaηγo com o meio

ambiente e desenvolvimento sustentαvel, bem c o m o a tecnologia P E M F C ;

2)­ Proporcionar informaηυes sobre a abordagem metodolσgica da Avaliaηγo do

Ciclo de Vida e sua importβncia no contexto do estudo;

3)­ Analisar e discutir as principais publicaηυes existentes sobre a A C V da

PEMFC, especificamente no que tange as questυes relacionadas aos

eletrocatalisadores de platina;

4)­ Desenvolver um mιtodo de recuperaηγo de platina e exemplificar o uso da

ACV, avaliando a sua funcionalidade na definiηγo de mιtodos para a recuperaηγo

e reciclagem do catalisador da PEMFC, a partir de um estudo exploratσrio.

Para atingir tal propσsito, o desenvolvimento da pesquisa consistiu

inicialmente na pesquisa bibliogrαfica e m base de dados especializados. Esta

etapa consolidou­se na construηγo de quatro capνtulos nos quais sγo

apresentadas as fundamentaηυes teσricas do estudo que serviram de alicerce

para o desenvolvimento do mιtodo de recuperaηγo dos catalisadores de platina

da P E M F C e, especialmente, para a sua posterior avaliaηγo ambiental.

Os procedimentos realizados na construηγo e avaliaηγo do processo

configuraram na metodologia aqui apresentada como quinto capνtulo, sendo os

dois ٥ltimos capνtulos subseq٧entes os resultados e discussυes e, as conclusυes

(21)

O capνtulo I apresenta concisamente os aspectos relevantes sobre energνa,

meνo ambiente e desenvolvimento, cujo contexto aborda a importβncia da

tecnologia de CaC no cenαrio atual. Na seq٧κncia, o capνtulo II aglutina

Informaηυes sobre a CaC, apontando sua origem, histσrico do desenvolvimento,

suas principais caracterνsticas e vantagens, com especial atenηγo ΰ tecnologia

P E M F C , inserindo as questυes relevantes para a abordagem metodolσgica da

ACV.

Subseq٧entemente, o capitulo III introduz a Avaliaηγo do Ciclo

apresentando o histσrico, guia e marco metodolσgico, simplificaηγo da A C V e

outros aspectos c o m o importβncia do uso dessa ferramenta de gestγo no

desenvolvimento industriai e no Brasil.

O capνtulo IV aglutina informaηυes sobre os atuais estudos realizados

sobre a Avaliaηγo do Ciclo de Vida da PEFC e, dada a ausκncia de literatura

nacional sobre o assunto, optou­se por descrever e discutir trκs dos principais

estudos realizados internacionalmente, identificando os problemas ambientais

associados ao ciclo de vida de um mσdulo da PEFC e, ainda, suas implicaηυes

para a sustentabilidade da tecnologia.

No capνtulo V apresenta­se o desenvolvimento e a anαlise do processo de

recuperaηγo da platina da P E M F C em duas etapas. A primeira caracteriza­se pela

descriηγo dos procedimentos utilizados na rota experimental, enquanto a segunda

trata daqueles relacionados ΰ anαlise simplificada da A C V dos M E A da PEFC,

produzida e utilizada no Programa de Pesquisa e Desenvolvimento de Cιlulas a

Combustνvel do IPEN (PROCEL).

O capνtulo VI traz os resultados e discussυes decorrentes da avaliaηγo do

ciclo de vida simplificada. No entanto, dada as dificuldades notσrias e grande

divergκncia no tratamento das questυes levantadas, este capνtulo se coloca como

uma contribuiηγo e discussγo no sentido de criar abordagens ou mιtodos que

incluem as questυes ambientais sistematicamente na pesquisa e desenvolvimento

da tecnologia PEFC. Por fim, as principais constataηυes da pesquisa, incluindo as

recomendaηυes e as sugestυes futuras sobre as questυes tratadas neste estudo

(22)

1 - ENERGIA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

A histσria do desenvolvimento humano possui uma estreita relaηγo com o

uso da energia, cuja participaηγo imprimiu e imprime, o ritmo das modificaηυes no

contexto sσcio­econτmico. A partir da segunda metade do sιculo XVIII, a

referκncia ao uso intensivo das fontes energιticas, e m termos produtivos , pode

ser verificada na Europa Ocidental, particularmente durante a Revoluηγo

Industrial.

Neste perνodo, o apogeu das mαquinas a vapor elege o carvγo mineral

como fonte de energia primαria, devido ΰs suas caracterνsticas e quantidade

disponνvel, superando assim, o uso da lenha. Na segunda metade do sιculo XIX,

a ind٥stria do petrσleo dava seus primeiros passos na participaηγo da matriz

energιtica mundial, inicialmente em solo norte­americano (atι meados da

Primeira Guerra Mundial) e, posteriormente no Oriente Mιdio, consolidando os

paνses desta regiγo em uma das principais fontes de energia no mundo.

Paralelamente, a energia com qualidade, de fαcil acesso, com alto grau de

fracionamento se desenvolve no final do sιculo XIX, marcando o surgimento da

ind٥stria da eletricidade. Tratando­se de uma fonte secundαria de energia

(depende de transformaηυes a partir de fontes primαrias), a eletricidade destacou­

se ao longo do sιculo X X face ΰ sua participaηγo na viabilizaηγo de atividades e

processos, desde os primσrdios da iluminaηγo p٥blica atι os atuais equipamentos

eletrτnicos, em especial os motores elιtricos.

O motor elιtrico trifαsico representou um importante passo no sistema

energιtico, estabelecendo estruturas e conceitos que evoluνram e prevalecem atι

os dias de hoje. Para a ind٥stria, o uso da eletricidade, significou a possibilidade

de concepηγo de layout's adequados de forma independente aos processos produtivos ( F E R N A N D E S FILHO ef. al, 2004). Quanto ΰ sociedade, o acesso ΰ eletricidade proporcionou, alιm de bens de consumo e serviηos necessαrios ΰ

qualidade de vida, o desenvolvimento social no seu sentido mais amplo.

Nγo obstante, o surgimento de novas tecnologias tambιm propicia, a partir

(23)

viria a substituir a economia de energia fσssil. De acordo com U D A E T A ef. al (2004), nos tempos modernos, as energias renovαveis se consolidaram apenas

por meio de grandes hidroelιtricas. No entanto, a primeira grande crise do

petrσleo e m 1973, desperta o desenvolvimento de novos mecanismos de

conversγo de energia baseada e m recursos renovαveis e, a busca pela garantia

de atendimento αs necessidades futuras.

Desta forma, ao longo do tempo foram vαrias as fontes energιticas que

participaram no cotidiano das populaηυes, umas sucedendo ΰs outras, ou ainda,

atuando simultaneamente, em proporηυes variadas, conforme a sua

disponibilidade e custo. Todavia, o uso da energia em equilνbrio com o

desenvolvimento sσcio­econτmico representa um dos grandes desafios da

humanidade. Para tanto torna­se importante ter uma compreensγo minimamente

clara dos processos envolvidos nas transformaηυes energιticas e suas

conseq٧κncias ambientais.

1.1 Energia e Meio Ambiente

No decorrer da sua histσria, a humanidade tem selecionado os sistemas

energιticos em funηγo de dois elementos: a disponibilidade tιcnica e a

viabilidade econτmica. Porιm, o modelo energιtico vigente tem se revelado

insustentαvel, comprometendo, cada vez mais a curto prazo, os equilνbrios

ecolσgicos e climαticos e, conseq٧entemente o desenvolvimento sσcio­econτmico

e o bem estar social. Desta forma, na ٥ltima dιcada, um novo parβmetro tem

progressivamente condicionado a aceitaηγo ou recusa dos sistemas de energia:

os impactos ambientais resultantes da sua implementaηγo.

Conforme OLIVEIRA ef. al (2004) o setor energιtico produz efeitos nocivos ao meio ambiente em toda a sua cadeia de desenvolvimento, desde a extraηγo de

recursos naturais atι os seus usos finais. Por exemplo, a extraηγo de recursos

energιticos, seja petrσleo, carvγo, biomassa ou hidroeletricidade, tκm implicaηυes

em mudanηas nos padrυes de uso do solo, recursos hνdricos, alteraηγo da

(24)

Jα os processos relacionados com a produηγo e uso de energia liberam

para a atmosfera, a αgua e o solo diversas substβncias que comprometem a

sa٥de e sobrevivκncia nγo sσ do homem, mas tambιm da fauna e flora. Embora

seja difνcil identificar com clareza todos esses impactos, uma vez que estes

podem ocorrer de forma direta e indiretamente, a energia , do ponto de vista

global, pode ser apontada como uma das principais fontes de desequilνbrio da

natureza causada pelo homem.

Nγo obstante, os danos ambientais nγo se restringem ao local onde se

realizam as atividades de produηγo ou de consumo de energia, mas t a m b ι m

abrangem as escalas regionais e globais (TAB 1.1). No nνvel regional pode­se

mencionar, por exemplo, o problema de precipitaηυes αcidas, ou ainda o

derramamento de petrσleo em oceanos, que pode atingir vastas αreas.

TABELA 1.1 ­ Escala de problemas ambientais associados ΰ energia

P r o b l e m a s G l o b a i s Mudança no Clima Global

Depleção do Ozτnio Estratosfιrico Redução da Biodiversidade

P r o b l e m a s R e g i o n a i s Degradação e Uso da Água e do Solo

Contaminação oceβnica

Mobilização de Contaminantes Tσxicos Precipitação αcida

Radioatividade e lixos radioativos

P r o b l e m a s L o c a i s Poluição do ar urbano

Poluição do ar interno

Poluição das αguas subterrβneas e de superfνcies Resνduos sσlidos e perigosos

Campos eletromagnιticos Sa٥de e Segurança ocupacional Acidentes de larga escala

Estιtica e outros aspectos (por ex. ruνdos, perturbação visual)

Fonte : CARVALHO (2000)

Em relaηγo aos impactos globais, e os exemplos mais contundentes sγo as

alteraηυes climαticas resultantes do ac٥mulo de gases na atmosfera (efeito estufa)

e, a depleηγo da camada de ozτnio devido ao uso de clorofiuorcarbonetos

utilizados em equipamentos de ar condicionado e refrigeradores. Neste sentido,

(25)

abrangκncia, e posteriormente os impactos derivados dos atuais sistemas de

energia.

1.1.1 M u d a n ç a s C l i m α t i c a s

Um dos mais complexos e maiores efeitos das emissυes do setor

energιtico sγo os problemas globais relacionados a mudanηas climαticas.

Segundo REIS eν. al (2005), o aquecimento global resulta da modificaηγo na intensidade de radiaηγo tιrmica emitida pela superfνcie da Terra, em funηγo da

crescente concentraηγo de gases do efeito estufa (GEE), cujas emissυes estγo

relacionadas ao uso de combustνveis fσsseis (TAB .1.2).

TABELA 1.2 ­ Contribuiηγo relativa de gases provenientes de combustνveis fσsseis ao efeito estufa

Gαs CarbAnico Metano (CH<)

(COj) Oxido Nitroso (NjO) c a r b o n e t o s Clorofluor-(CFCs)

Ozτnio (O3) M o n σ x i d o de C a r b o n o (CO)

Principal f o n t e Combustνveis Combustνveis Combustνveis Refrigeradores, Hidrocartraneto Combustνveis e atividade fσsseis, fσsseis, queima fσsseis, queima aerossσis, (com Nox), fσsseis, queima

desmatamento de biomassa de biomassa processos queima de de biomassa industriais biomassa

Tempo d e vida 50-200 anos

na atmosfera 10 anos 150 anos 60-100 anos Semanas e meses Meses

Taxa anual d e

aumento 0,5% 0,9% 0,3% 4% 0,5-2,0% 0,7-1,05

Contribuição relativa ao efeito estufa

antrσpico

60% 15% 5% 12%

Fonte: COTTON & PIELKE (1995) modificado por FUKUROZAKI (2006)

Conforme J A N U Z Z I (2004), o ac٥mulo de gases, como o diσxido de

carbono na atmosfera, acentua o efeito estufa natural do ecossistema terrestre

(FIG. 1.1) a ponto de romper os padrυes de clima que condicionaram a vida

(26)

Parte da radiaηγo solar ι refletida pela Terra e atmosfera

A radiaηγo solar atravessa a atmosfera limpa

A maior parte da radiaηγo solar ι absorvida pela superfνcie da Terra , aquecendo­a

TERRA

Parte da radiaηγo infravermeltia ι absorvida na Terra e re­emitida pelos gases estufa. O efeito disso ι o aquecimento da superfνcie e da atmosfera baixa

A superfνcie da Terra , emite radiaηγo infravermelha

FIGURA 1.1 ­ Efeito estufa Fonte: CARVALHO, 2000

Neste sentido, as implicaηυes no clima mundial para os paνses e suas

populaηυes encontram­se na alteraηγo da produtividade agrνcola e da pesca,

inundaηυes de regiυes costeiras e aumento de desastres naturais. A seriedade

desses efeitos tem sido reconhecida por diversos estudos cientνficos

internacionais e vαrios paνses estγo procurando consenso para uma agenda

mνnima de atividades para controle e mitigaηγo de emissυes, como o Protocolo de

Kyoto, discutido no βmbito dos paνses signatαrios da Convenηγo Climαtica .

1.1.2 D e p o s i ç υ e s Á c i d a s

Embora o termo chuva αcida seja amplamente utilizado nas publicaηυes

sobre o assunto em questγo, de acordo com OLIVEIRA et. al (2004), a denominaηγo mais adequada para o fenτmeno ι precipitaηυes αcidas, visto que

as deposiηυes podem ocorrer em forma de chuva, neve, partνculas sσlidas ou

g a s e s .

Os principais componentes encontrados nas precipitaηυes αcidas sγo o

(27)

do diσxido de enxofre (SO2) e dos σxidos de nitrogκnio (NOx), ambos produtos

daqueima de combustνveis fσsseis. Os danos causados pelos αcidos liberados no

uso desse energιtico, precipitados tanto na sua forma seca quanto ٥mida,

prejudicam a cobertura d e solos, vegetaηγo, agricultura e materiais

manufaturados.

No que tange a sa٥de humana, a presenηa de particulados contendo SOae

NOx provocam ou agravam doenηas respiratσrias como bronquite e enfisema,

especialmente em crianηas. Esse tipo de problema tem sido verificado em regiυes

da China, Hong Kong e Canadα que sofrem os efeitos de termoelιtricas a carvγo

situadas muitas vezes em locais distantes de onde ocorrem ΰs precipitaηυes

αcidas.

1.1.3 P o l u i ç ã o U r b a n a d o A r

Um dos problemas mais antigos da civilizaηγo ι a poluiηγo urbana do ar,

sendo responsαvel por in٥meras doenηas, inclusive mortalidade nas populaηυes

das grandes cidades. A principal fonte de poluiηγo em αreas urbanas advιm da

queima de combustνveis fσsseis para fins de aquecimento domιstico, geraηγo de

energia, funcionamento de motores a combustγo interna, processos industriais e

incineraηγo de resνduos sσlidos (TAB 1.3).

TABELA 1.3 ­ Fontes de poluiηγo e seus poluentes

Caldeiras e fornos industriais

Motores de combustγo interna

Ind٥stria de refino de petrσleo

Ind٥stria qulmics

Metalurgia e quνmica do coque

Ind٥stria extrativa mineral

Ind٥stria alimentνcia

Ind٥stria de materiais de construηγo

F* a r t i C L i l a d o s Cinzas e fuligem

Fuligem

Rσ, fuligem

Pσ, fuligem

Pσ. σxidos de ferro

E m i s s υ e s G a s o s a s NlOx. SO2, CO. aldeνdos,

αcidos orgβnicos. 3,4­ benzopireno CO, rMOx. aldeνdos, hidrocarbonetos 3,4­

benzopireno

SO2, H2O, NtHs, NOy. CO, αcidos, hidrocarbonetos,

aldeνdos, cetonas Depende do processo (Ex.:

SO2CO, hidrocarbonetos, solventes) SO2, I^H3, ISIO«. CO,

composto de fl٥or, substβncias orgβnicas Depende do processo (Ex.:

CO, compostos de fl٥or) MH3. l­lzS (multicomponentes de

composto orgβnicos) CO. compostos orgβnicos

Fonte: Conservaηγo de Energia ­ Eficiκncia Energιtica de Instalaηγo e Equipamentos, 2001 apue/CARVALHO (2000)

(28)

O consumo de derivados de petrσleo pelo setor de transporte ι o que

apresenta a maior contribuiηγo para a degradaηγo do meio ambiente no nivel

local. Estima­se que 5 0 % dos hidrocarbonetos emitidos em αreas urbanas e

aproximadamente 2 5 % do total das emissυes de todo diσxido de carbono gerado

no mundo, resultem das atividades desenvolvidas com os sistemas de transporte.

Ademais, a baixa qualidade desses combustνveis em muitos paνses, aliada

ΰ precariedade de veνculos, trβnsito congestionado e condiηυes climαticas

desfavorαveis em grandes cidades, contribuem para que exista uma quase

permanente concentraηγo de finas partνculas no ambiente urbano, que

comprometem significativamente a qualidade do ar e, desta forma, a sa٥de

humana (GRIMONI et. al, 2004).

1.1.4 C e n t r a i s T e r m o e l ι t r i c a s

A produηγo de eletricidade em termoelιtricas representa em escala

mundial cerca de um terηo das emissυes antropogκnicas de diσxido de carbono,

sendo seguida pelas emissυes do setor de transporte e industrial. Os principais

combustνveis utilizados em todo o mundo sγo o carvγo, derivados de petrσleo e,

crescentemente, o gαs natural. Existem ainda outros tipos de usinas

termoelιtricas que queimam resνduos de biomassa (lenha, bagaηo) e atι mesmo

resνduo urbano.

Alιm das emissυes de gases e partνculas, ocorrem outros problemas

associados com utilizaηγo de αgua para o processo de geraηγo termoelιtrica,

pois muitas centrais usam a αgua para refrigeraηγo ou para produηγo de vapor.

Esse tem sido um dos principais obstαculos para a implantaηγo de termoelιtricas

no paνs, uma vez que diversos projetos se localizam ao longo do principal

gasoduto construνdo, seguindo exatamente as bacias hidrogrαficas com

problemas de abastecimento e de qualidade de αgua em regiυes densamente

povoadas (JANUZZI, 2004).

Ι importante notar tambιm que houve bastante progresso com relaηγo ao

aumento da eficiκncia de usinas termoelιtricas pela introduηγo de tecnologias de

(29)

madeira e bagaηo oferecem novas oportunidades de usinas mais eficientes e com

menores impactos em relaηγo ΰs convencionais.

1.1.5 C e n t r a i s H i d r o e l ι t r i c a s

Segundo J A N U Z Z I (2004), muitas vezes faz­se referκncia ΰ

hidroeletricidade como sendo uma fonte "limpa" e de pouco impacto ambiental.

Na entanto, embora a construηγo de reservatσrios (grandes ou pequenos) tenha

resultado em enormes benefνcios para o paνs, ajudando a regularizar as cheias,

promover irrigaηγo e navegabilidade de nos, tambιm produziram impactos

irreversνveis ao meio ambiente;

No caso de grandes reservatσrios, existem problemas com mudanηas na

composiηγo e propriedades quνmicas da αgua, alteraηγo na temperatura,

concentraηγo de sedimentos, e outras modificaηυes que ocasionam problemas

para a manutenηγo de ecossistemas ΰ jusante da localizaηγo da barragem alιm,

daqueles relacionados ao reassentamento de populaηυes locais. Esses

empreendimentos, ainda que bem controlados, tκm promovido impactos na

diversidade de espιcies (fauna e flora) e na densidade das populaηυes de peixes.

No Brasil, um dos maiores exemplos ι o caso da hidroelιtrica de Balbina,

que provocou a inundaηγo de parte da floresta nativa, ocasionando alteraηυes na

composiηγo e acidez da αgua, nas quais posteriormente teve impacto no prσprio

desempenho da usina. Atι recentemente as turbinas apresentavam problemas de

corrosγo e depσsito de material orgβnico, em funηγo das modificaηυes que

ocorreram na composiηγo da αgua.

1.1.6 C e n t r a i s N u c l e a r e s

A energia nuclear ι talvez aquela que mais tem chamado atenηγo quanto

aos seus impactos ao meio ambiente e ΰ sa٥de humana. Sγo trκs os principais

problemas ambientais dessa fonte de energia. O primeiro ι a manipulaηγo de

material radioativo no processo de produηγo de combustνvel nuclear e nos

(30)

relacionado com a possibilidade de desvios clandestinos de material para

utilizaηγo em armamentos e conseq٧entemente, acentuando riscos de

associados ao uso de energia nuclear (JANUZZI, 2004).

Finalmente, o ٥ltimo relaciona ao armazenamento dos rejeitos radioativos

das usinas. Embora, tenha ocorrido substancial progresso no desenvolvimento de

tecnologias que diminuem praticamente os riscos de contaminaηγo radiativa por

acidente com reatores nucleares, aumentando consideravelmente o seu nνvel de

seguranηa, ainda nγo se apresentam soluηυes satisfatσrias e aceitαveis para o

problema do resνduo nuclear {ibidem, 2004).

Desta forma, os desafios para continuar a expandir as necessidades

energιticas da sociedade com menores efeitos ambientais sγo enormes, o que

implica na premκncia de significativas mudanηas nas estratιgias de

desenvolvimento, nas tecnologias em vigor, bem como nos padrυes de consumo

da sociedade moderna, antes que esses efeitos nocivos aqui mencionados

atinjam um ponto irreversνvel.

1.2 Energia e Desenvolvimento

Os valores que sustentam o atual modelo de desenvolvimento na

sociedade estruturam­se na exagerada κnfase do progresso econτmico, no qual

freq٧entemente encontra­se a exploraηγo descontrolada dos recursos naturais,

uso de tecnologias de larga escala e consumo desenfreado, responsαveis pela

degradaηγo ambiental, disparidades econτmicas, desintegraηγo social e, entre

outros, na falta de perspectivas futuras.

Diante deste quadro, no caminho para atingir um desenvolvimento

sustentαvel, a questγo energιtica tem u m significado bastante relevante, ΰ

medida que os vαrios desastres ecolσgicos e humanos das ٥ltimas dιcadas tκm

relaηγo νntima c o m a produηγo de energia e, o fornecimento eficiente ι

considerado uma das condiηυes bαsicas para o desenvolvimento sσcio­

econτmico (SILVEIRA ef. al,. 2001).

De acordo com o Relatσrio da Comissγo de Brundtland, o desenvolvimento

(31)

das geraηυes futuras de satisfazer ΰs suas prσprias. Tal conceito agrega em sua

definiηγo, trκs pontos fundamentais: crescimento econτmico, equidade social e

equilνbrio ecolσgico (DONAIRE, 1995).

Concretamente, este novo paradigma apσia­se nos modos de produηγo e

consumo viαveis a longo prazo para o meio ambiente, associados ao

fornecimento de serviηos e produtos que atendem as necessidades bαsicas da

populaηγo e proporcionem melhor qualidade de vida, alιm, dentre outros

aspectos, ΰ minimizaηγo do uso dos recursos naturais.

Neste contexto, sendo a produηγo de eletricidade responsαvel por

aproximadamente um terηo do consumo d e energia primαria mundial e com

tendκncias a expandir nas prσximas dιcadas ficam evidentes a necessidade de

profundas mudanηas na geraηγo, distribuiηγo e uso da energia. Trata­se de

transformaηυes e m direηγo a um maior uso de recursos renovαveis e um

afastamento gradual dos combustνveis fσsseis.

Para tanto, os esforηos de inovaηγo tecnolσgica na αrea energιtica para

um futuro com menos impactos ambientais sγo imprescindνveis, pois o fomento

das energias renovαveis poderα, por ventura, constituir­se na chave para um

desenvolvimento sustentαvel, nomeadamente para cumprir as polνticas de

preservaηγo do meio ambiente e, em particular para travar as alteraηυes

climαticas.

Nesta perspectiva e em meio as diferentes rotas tecnolσgicas, as cιlulas a

combustνvel (CaC) tκm sido identificadas c o m o parte da resposta para a premente

necessidade mundial de energia limpa e eficiente. Esta tecnologia de geraηγo de

eletricidade, tambιm reconhecida como um componente fundamental para a

futura "Economia do Hidrogκnio" poderα reduzir substancialmente emissυes de

gases do efeito estufa, associados ao atual sistema de transporte e produηγo de

(32)

2-

C Ι L U L A S A C O M B U S T Ν V E L

2.1 - Sonho ou Desafνo?

A s duas ٥ltimas dιcadas do sιculo XX podem ser consideradas como a

transiηγo dos mιtodos de produηγo de energia, armazenamento e conversγo. Os

combustνveis fσsseis ­ o carvγo, o σleo e o gαs natural, responsαveis pelo

inacreditαvel desenvolvimento da tecnologia do mundo ocidental e sua crescente

mobilidade de produηγo sγo considerados ameaηadores para a sobrevivκncia do

ambiente natural como conhecemos hoje.

Simultaneamente, tambιm se manifesta neste cenαrio ΰ preocupaηγo

quanto ao consumo irracional e conseq٧ente desaparecimento de combustνveis

fσsseis, criando barreiras para o futuro do progresso tecnolσgico, no mesmo

perνodo e m que a crescente populaηγo mundial precisa de mais alimento,

melhores moradias, aperfeiηoamento de produtos industriais e expansγo dos

meios de comunicaηγo e transporte.

Soma­se ainda, o dilema causado pela realizaηγo prιvia do conceito de

que a energia ilimitada, disponνvel pela geraηγo de energia nuclear, contenha

propσsitos perigosos. Nγo obstante, esse quadro tem se agravado pelo fato da

expectativa do suprimento energιtico por uma substancial fraηγo de energia solar

ou outras pequenas fontes renovαveis, constituir­se em uma ilusγo ( K O R D E S H &

SIMADER, 1996).

Neste sentido, alguns autores descrevem o futuro como criticamente

dependente de energia. Os cenαrios pessimistas predizem catαstrofes humanas e

soluηυes baseadas em uma economia de energia forηada pela "volta aos estilos básicos de vida" ^ No entanto, visυes mais otimistas consideram que o efeito das novas tecnologias em adiηγo ao uso da energia solar e outros recursos

renovαveis, conduzirγo para uma melhor utilizaηγo dos combustνveis fσsseis,

incluindo o uso apropriado de energia atτmica.

(33)

2.2 - Origem e Histσria da Tecnologia

O desejo de converter energia quνmica de combustνveis diretamente e m

eletricidade existe desde 1900 e, ι manifestado pela larga escala de

experimentos, nos quais se tentava oxidar carvγo e gαs natural e m pilhas

eletroquνmicas^. Um resgate histσrico nos leva a constatar que o princνpio de

funcionamento da cιlula a combustνvel (CaC) foi verificado em 1839 pelo fνsico

inglκs Willian Robert Grove, ao combinar os gases hidrogκnio e oxigκnio e, gerar eletricidade e αgua em um processo denominado eletrσlise reversa^.

A n o s depois, em 1889, o termo "cιlula a combustνvel" foi cunhado pelos

cientistas Ludwig Mond e Charles Langer que tentaram, sem sucesso, produzir o primeiro dispositivo prαtico, usando gαs natural e carvγo. Outras tentativas, no

inicio d o XX, para a construηγo de CaC que pudessem converter carvγo ou

carbono em energia elιtrica tambιm falharam e m funηγo da cinιtica dos

materiais e eletrodos (ALDABΣ, 2004).

Entretanto, em 1932, ocorreram os primeiros experimentos b e m sucedidos,

resultantes do trabalho do engenheiro Francis Bacon, que aperfeiηoou os carνssimos catalisadores de platina'*, ao utilizar um eletrσlito alcalino menos

corrosivo e eletrodos de nνquel mais baratos. Todavia, os desafios tιcnicos eram

muitos e somente e m 1959 Bacon conseguiu demonstrar um sistema CaC de 5 k W capaz de alimentar uma mαquina de solda .

No mesmo perνodo, a National Aeronautics and Space Administration -NASA comeηou a pesquisar um gerador de eletricidade compacto, para ser

utilizado a bordo das naves de uma sιrie de missυes espaciais tripuladas. A p σ s

desistir das alternativas existentes na ιpoca, por apresentarem riscos ΰ

seguranηa e outros problemas tιcnicos relacionados ao peso e durabilidade da

fonte, a NASA se voltou para o desenvolvimento da tecnologia CaC.

-Ibidem. 1996. p. 1 NETO, E. H. G. (2005).

(34)

Desta forma, o sistema construido por Bacon serviu como prototipo para as CaC utilizadas no programa espacial Apollo e Gemini, responsαveis por conduzirem o vτo do Homem α lua e m 1968. Nγo obstante, as pesquisas e m CaC

ressurgiram mais fortemente no mundo, quando substratos de carbono poroso

com baixas cargas de catalisador providenciaram u m a soluηγo d e baixo custo

para os sistemas CaC hidrogκnio­ar e, o interesse por automσveis elιtricos

movidos a C a C foi difundido, conduzindo assim a vαrios protσtipos ( K O R D E S H &

S I M A D E R , 1996).

Em meados de 1970, houve u m a mudanηa na direηγo do interesse pela

tecnologia de C a C . O sistema alcalino {Alcaline Fuel Cell - A F C ) q u e tinha alcanηado o nνvel mαximo de aperfeiηoamento nos programas espaciais foi

substituνdo, nos programas mundiais de P&D, pelo sistema de acido fosfσrico

{Phosphoric Acid Fuel Cell - PAFC), no qual constituνa­se mais apropriado para aplicaηγo estacionαria de geraηγo de energia. A tendκncia na ampliaηγo de

plantas de geraηγo para larga escala foi especialmente notαvel no Japγo,

principalmente apσs a perda de interesse d o s Estados Unidos.

Contudo, n o s anos 8 0 e 90 destacou­se o acelerado desenvolvimento de

sistemas C a C de carbonato fundido {Molten Carbonate Fuel Cell - M C F C ) e de σxido sσlido {Solid Oxide Fuel Cell - SOFC), claramente devido ao fato das plantas de C a C de alta temperatura apresentarem uma melhor eficiκncia global

quando associadas ao calor. Infortunamente, aspectos relacionados ΰ expectativa

de vida dos materiais resultaram e m problemas ainda e m pauta.

T a m b ι m e m 1990, ocorre outra reviravolta no cenαrio tecnolσgico das CaC,

quando a cιlula a combustνvel de membrana trocadora de prσtons {Proton Membrane Exchange - PEMFC) surge como o mais atrativo objeto de desenvolvimento. Embora esse sistema exista desde 1960, seu desempenho nγo

foi seguro nos projetos espaciais, de forma que a atenηγo na ιpoca se voltou

para os sistemas A F C . No entanto, as altas densidades de corrente do sistema

PEMFC, obtidas a partir de pesquisas de novos tipos de membrana e

catalisadores, associadas a um aperfeiηoamento na expectativa de vida

operacional realimentaram o interesse por esta tecnologia {ibidem, 1996. p. 2).

(35)

Atualmente, o cenαrio das CaC ι bastante discutido e difundido

internacionalmente, devido a caracterνsticas inerentes da tecnologia, por exemplo,

ΰ geraηγo de energia distribuνda e utilizaηγo de fontes renovαveis para obtenηγo

de hidrogκnio. No caso do Brasil, os reflexos das aηυes conduzidas no exterior

para o desenvolvimento da tecnologia CaC resultaram no Programa Brasileiro de

Sistemas de Cιlulas a Combustνvel ­ ProCaC, como iniciativa do Ministιrio da

Ciκncia e Tecnologia e do Centro de Gestγo e Estudos Estratιgicos­ C G E E ­

(MCT/CGEE, 2002).

No βmbito acadκmico, verifica­se que desde o final da dιcada de 70

algumas atividades na αrea de cιlulas a combustνvel no nνvel nacional tκm sido

realizadas. Direta ou indiretamente vαrias instituiηυes, tais como a Universidade

Federal do Cearα, Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Instituto de

Pesquisas Tecnolσgicas ­ IPT de Sγo Paulo e o grupo de eletroquνmica de Sγo

Carlos, jα se dedicaram ao estudo deste tipo de tecnologia. Recentemente, e m

meados de 1998, iniciou no Instituto de Pesquisas Energιticas e Nucleares ­

IPEN/CNEN de Sγo Paulo o estudo e desenvolvimento de sistemas, eficientes e

de baixo impacto ambiental, associados a CaC ( W E N D T eν al, 2000).

2.3 - Sistema Conversor de Energia

As CaC sγo cιlulas eletroquνmicas que podem converter continuamente a

energia quνmica de um combustνvel e um oxidante em energia elιtrica pelo

processo envolvendo essencialmente e invariavelmente um sistema eletrodo­

eletrσlito^. Caractehzam­se por operar com alta eficiκncia e nνveis de emissυes

bem abaixo dos mais rνgidos padrυes.

Conforme N E T O (2005), a fσrmula termodinβmica do ciclo de Carnot^

mostra que uma mαquina tιrmica nγo pode converter toda a energia do calor em

energia mecβnica, mesmo sob condiηυes ideais, pois uma parte do calor ι

'Ibidem, 1996. p.9

(36)

perdida. Por exemplo, o motor a combustγo utiliza o calor de uma fonte de

energia em alta temperatura (Ti), converte parte desse calor em energia

mecβnica, e perde a outra parte para um ambiente de menor temperatura (T2),

como o ar ambiente.

No caso das cιlulas a combustνvel, o processo nγo envolve a conversγo de

calor em energia mecβnica, pois estas transformam a energia quνmica

diretamente em energia elιtrica (FIG 2.1). Desta forma, a eficiκncia das CaC pode

superar o limite de Carnot, atι m e s m o e m baixa temperatura, como e m 80 °C

{ibidem, 2005. p. 94).

Conversão em

energia tιrmica V

Conversão em energia mecβnica

FIGURA 2.1 ­ Conversγo direta de energia das CaC em comparaηγo as tecnologias de conversγo indireta.

Ademais, o sistema de CaC apresenta vantagens por ser modular,

podendo ser construνda para uma larga escala de requerimentos de potκncia,

desde a centena de watts atι a m٥ltiplos kilowatts e megawatts, permitindo desta

maneira, a construηγo de plantas energιticas altamente eficientes atι em locais

remotos. Devido ΰs baixas emissυes, as plantas de CaC podem ser instaladas na

localidade onde a energia serα consumida e, principalmente, em αreas

densamente povoadas. Como resultado, as linhas de transmissγo sγo mais

econτmicas e as perdas no sistema sγo reduzidas.

De acordo com K O R D E S H & S I M A D E R (1996), os princνpios bαsicos da

cιlula a combustνvel sγo similares ΰs conhecidas baterias eletroquνmicas,

envolvidas em muitas atividades do nosso dia a dia. A grande diferenηa, no caso

(37)

energia quνmica contida nas substβncias. Quando essa energia ι transformada

em eletricidade, as baterias sγo descartadas (baterias primαrias) ou recarregadas

apropnadamente (baterias secundαrias). No caso da CaC, a energia quνmica ι

providenciada por combustνvel e um oxidante armazenado fora da cιlula na qual

as reaηυes ocorrem, assim, a energia elιtrica pode ser obtida continuamente,

contanto que as cιlulas sejam supridas por esses reagentes.

2.3.1 - C l a s s i f i c a ç ã o d a s T e c n o l o g i a s

Hα diferentes tipos de CaC e muitas formas de classificaηγo sγo

encontradas na literatura ( W E N D T eν. a/, 2000; 2002;. A L D A B Σ , 2004). A FIG. 2.2

apresenta um exemplo razoαvel de uma classificaηγo geral de tipos da tecnologia

com descriηυes abrangendo tambιm os quesitos: CaC diretas, indiretas e

regenerativas. Nas CaC diretas, os produtos das reaηυes das cιlulas sγo

descartados, enquanto que nas cιlulas regenerativas, os reagentes^ consumidos

sγo regenerados por um ou mais mιtodos, como indicado na FIG. 2.2 abaixo.

Cιlulas a Combustνvel

D i r e t a s R e g e n e r a ν ν v a s

B a i x a temperatura

Temperatura Intermediαria

Alta temperatura

C a C d e reforma

C a C b i o q u ν m i c a s

H 2 - O 2 H 2 - O 2 H 2 - O 2 T ι r m i c a

C o m p o s t o s o r a β n i c o s - 0 2

C o m p o s t o s o r a β n i c o s - O ?

C O - O 2 Elιtrica

C o m p o s t o s d e N? - O2

A m σ n i a - O2 F o t o q u ν m i c a

H 2 -H a l o a ι n i o s

R a d i o q u ν m i c a

Metal - O2 Mιtodos

a a II K C o m b u s t ν v e l e Oxidante

FIGURA 2.2 ­ Classificaηγo das Cιlulas a Combustνvel

Fonte: KORDESH &SIMADER (1996), modificado por FUKUROZAKI (2006)

(38)

Os dois tipos descritos anteriormente sγo similares a baterias primαrias e

secundαrias^. O terceiro, sγo as C a C indiretas, como exemplo desta categoria

estα a cιlula c o m reforma q u e usa combustνveis orgβnicos passνveis de serem

convertidos e m hidrogκnio e, a cιlula bioquνmica, na qual uma substβncia

bioquνmica ι decomposta por meio d e enzimas e m soluηγo (algumas vezes

providas por adiηγo de bactιrias) para produzir hidrogκnio.

Uma outra subdivisγo dos modelos de sistemas de cιlulas estα de acordo

com a temperatura de operaηγo, considerada por muitos pesquisadores a mais

apropriada. Neste propσsito, a classificaηγo adotada consiste em cιlulas de baixa,

intermediαria e alta temperatura de operaηγo; respectivamente, 2 5 a lOO^C, de

100 a 500°C e, de 500 a 1000°C {\bidem, 1996. p. 10). Em cada uma dessas escalas de temperaturas, hα diferentes padrυes de C a C q u e podem ser

subdivididas d e acordo com o tipo de combustνvel (veja FIG. 2.2).

Alguns desses combustνveis podem ser disponibilizados imediatamente,

como g α s natural, o u facilmente produzidos, no caso do hidrogκnio. Entre os

compostos orgβnicos, a variedade d e potenciais combustνveis ι concebνvel, por

exemplo, por hidrocarbonetos, αlcoois e, inclusive o carbono o u grafite. Os

combustνveis contendo nitrogκnio utilizam a amσnia, a hidrazina, entre outras, e o

oxigκnio, na sua forma pura o u ar, ι usado praticamente e m todas as CaC como

oxidante. T a m b ι m ι possνvel a subdivisγo d o ponto de vista da natureza

eletroquνmica do eletrσlito utilizado. Esta classificaηγo nγo estα presente na FIG.

2.2 , m a s u m exemplo desta pode ser observado na TAB. 2 . 1 .

TABELA 2.1 ­ Classificaηγo das CaC conforme o eletrσlito utilizado

C ι l u l a a C o m b u s t ν v e l S i g l a Eletrσlito T e m p e r a t u r a d e O p e r a ç ã o

Alcalina AFC Alcalino 50 a 200° C

Membrana Trocadora de Prσtons ' PEMFC Polνmero 50 a 130°C

Metanol Direto DMFC Polνmero 60 a130°C

Acido Fosfσrico PAFC Acido fosfσrico 190 a 2 1 0 ° C

Carbonato fundido MCFC Carbonato fundido 630 a 650 °C

Oxido Sσlido SOFC Oxido sσlido 700 a 1000°C

1 - Tambιm conhecida com Cιlula a Combustνvel de Polνmero Eletrolνtico - PEFC e como Cιlula a Combustνvel de Polνmero Sσlido - SPFC

Fonte: PROCaC/ CCGE/MCT (2002

(39)

Em relaηγo ΰ natureza de operaηγo, os eletrσlitos polimιricos sγo

comumente utilizados em temperaturas baixas e intermediαrias (pressurizados).

Enquanto que os eletrσlitos fundidos sγo ocasionalmente utilizados em

temperaturas intermediαrias, mas usualmente em altas [ibidem, 1996. p.11). Jα os eletrσlitos sσlidos (por exemplo mistura de σxidos, quando o νon oxigκnio ι a

espιcie transportada) sγo usados em altas temperaturas. Em termos de

praticidade, os sistemas CaC sγo distinguidos pelos tipos de eletrσlitos utilizados

seguidos dos nomes e abreviaηυes, mais freq٧entemente usados nas publicaηυes

(veja TAB 2.1).

2.4 - Principais Vantagens

A s CaC oferecem in٥meras vantagens como eficiκncia, seguranηa,

economia, baixas emissυes, caracterνsticas ٥nicas de operaηγo^, flexibilidade de

planejamento e futuro potencial de desenvolvimento. Dentre estes aspectos,

destacam­se, em particular; a alta eficiκncia e seguranηa, a flexibilidade de

planejamento e o desempenho ambiental.

2.4.1 - A l t a E f i c i ê n c i a e S e g u r a n ç a

Conforme NETO (2005), a eficiκncia ι um valor utilizado como parβmetro

para verificar a eficαcia^° dos componentes, sistemas e processos. No que tange

a conversυes de energia, a eficiκncia comumente reflete a relaηγo entre a energia

realmente aproveitada e a que foi inicialmente utilizada, normalmente expressa

em porcentagem.

De acordo com a termodinβmica, a conversγo de energia ι sempre menor

que 100% e, cada conversγo de energia resulta em algumas perdas. No caso das

CaC ι possνvel transformar atι 9 0 % da energia presente em um combustνvel em

eletricidade e calor (i£)/dem, 1996. p. 11). A atual cιlula PAFC foi projetada para

^ Como por exemplo, a confiabilidade no que tange ao controle de voltagem da linlia de distribuição e controle de qualidade (ibidem, 1996. p 13)

(40)

oferecer 4 2 % de eficiκncia na conversγo elιtrica com base em altas temperaturas.

Em curto prazo serα possνvel que a PAFC atinja atι 46 % de eficiκncia, pelo

avanηo do conhecimento em ciκncias e engenharia (FIG. 2.3).

O Instituto de Pesquisa de Energia Elιtrica ­ Electric Power Research Institute estima que o progresso nas cιlulas de carbonato fundido (MCFC) resultarα em eficiκncias elιtricas acima d e 6 0 % , excluindo o topo do ciclo, no qual

estas podem ser ainda maiores. Alιm disto, este parβmetro ι independente do

tamanho, visto que a CaC pode operar com a metade da taxa de capacidade,

enquanto mantιm uma elevada eficiκncia no uso do combustνvel (/Jb/cfem,1966,

p.12).

C ι l u l a s a C o m b u s t ν v e l

Motor a d i e s e l

Motor a g a s o l i n a

T u r b i n a a g α s e a v a p o r

20 30 40 50 60 70

FIGURA 2.3 ­ Comparaηγo das eficiκncias em porcentagem (%) Fonte: NETO, 2005

Outro atributo importante da CaC ι a aptidγo para cogeraηγo, por exemplo,

a produηγo de αgua quente e vapor de baixa temperatura concomitante a geraηγo

de eletricidade^ \ Esta taxa de eletricidade e saνda tιrmica ι de aproximadamente

1.0, enquanto na turbina a gαs ι em torno de 0.5, comparativamente isto

representa o dobro de saνda elιtrica para a mesma carga de energia. Em

tamanhos pequenos atι sistemas de utilidade p٥blica, as CaC t a m b ι m sγo mais

eficientes (por um fator 2) quando comparadas, por exemplo, com um ciclo

combinado de 2 M W e taxa de produηγo de calor de 15 000 Btu/kWh.

(41)

Nγo obstante, os sistemas CaC constituem­se de partes modulares e nγo

girantes, apresentando elevada seguranηa em relaηγo a turbinas de combustγo

de sistemas de ciclos combinados ou engenharia de combustγo interna, uma vez

q u e nγo hα experiκncia*^ relatada de desarranjos catastrσficos, como os que

ocorrem quando as partes mecβnicas dos sistemas convencionais mencionados,

falham. Espera­se que sistemas de CaC "avanηados" apresentem mais

vantagens em relaηγo ΰs tecnologias competitivas atuais.

2.4.2 - F l e x i b i l i d a d e de P l a n e j a m e n t o

A flexibilidade de planejamento dos sistemas de CaC, incluindo o aspecto

d e modularidade, resulta em benefνcios estratιgicos e financeiros para diversos

propσsitos e clientes. Segundo K O R D E S H & S I M A D E R (1996), as plantas de

geraηγo de energia de CaC podem ser construνdas em torno de dois anos, sendo

o desempenho independente do seu tamanho; possibilitando o uso progressivo da

capacidade do sistema por pequenos incrementos e, segundo as necessidades

dos clientes.

Desta forma, ao igualar melhor o aumento das exigκncias de energia, os

longos perνodos de sobrecarga podem ser evitados e os custos mιdios fixos

p o d e m ser diminuνdos. Portanto, mesmo se o crescimento do consumo ι incerto,

a CaC torna­se mais adequada ΰ medida que sua capacidade operacional pode

diminuir ou ser acelerada rapidamente em resposta a demanda.

Em adiηγo, os benefνcios obtidos com o uso da tecnologia CaC encontram­

se, alιm do arrefecimento d e reservas marginais, a confiabilidade das pequenas

unidades de geraηγo de energia distribuνda. Ou seja, a produηγo de eletricidade

no local onde essa serα consumida, possibilita, entre outros aspectos, na reduηγo

das probabilidades de falhas devido a interrupηυes externas de transmissγo e,

conseq٧entemente, na mitigaηγo de despesas de manutenηγo.

12 A experiência relata somente a perda de eficiência

Imagem

TABELA 1.2 ­ Contribuiηγo relativa de gases provenientes de combustνveis fσsseis ao  efeito estufa
FIGURA 2.1 ­ Conversγo direta de energia das CaC em comparaηγo as tecnologias de  conversγo indireta
FIGURA 2.5 - MEA e cιlula unitαria da PEMFC  Fonte: Brasil H2 Fuel Cell Energy (2005)
FIGURA 2.8 - Veνculo de emissγo nula ­ NECAR  Fonte: Mercedes Benz (2006)
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