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Lei Anticorrupção. Direito Administrativo. Prof. Erick Alves Prof. Sergio Machado. 1 de 62

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Lei Anticorrupção

Direito Administrativo

Prof. Erick Alves

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Sumário

SUMÁRIO ... 2

APRESENTAÇÃO ... 3

LEI ANTICORRUPÇÃO ... 4

ABRANGÊNCIA ... 4

REQUISITOS DA RESPONSABILIZAÇÃO... 6

ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ... 8

SANÇÕES ... 9

RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA... 10

PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO ... 13

ACORDO DE LENIÊNCIA ... 14

RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL... 17

CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS - CNEP ... 18

CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS E SUSPENSAS – CEIS ... 19

QUESTÕES COMENTADAS ... 20

LISTA DE QUESTÕES ... 46

GABARITO ... 57

RESUMO DIRECIONADO ... 58

REFERÊNCIAS ... 62

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Apresentação

Este livro digital em PDF está organizado da seguinte forma:

1) Teoria permeada com questões, para fixação do conteúdo – estudo OBRIGATÓRIO

2) Bateria de questões comentadas da banca organizadora do concurso, para conhecer a banca e o seu nível de cobrança – estudo OBRIGATÓRIO

3) Lista de questões da banca sem comentários seguida de gabarito, para quem quiser tentar resolver antes de ler os comentários – estudo FACULTATIVO

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Lei Anticorrupção

A Lei 12.846/2013, já conhecida como Lei Anticorrupção (LAC), dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

A referida lei foi editada para dar cumprimento a convenções internacionais ratificadas pelo Brasil, dentre elas a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção e a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, da OCDE. Por intermédio dessas convenções, o Brasil se comprometeu a responsabilizar pessoas jurídicas por atos de corrupção pública.

Ressalte-se que o objetivo da lei é punir a pessoa jurídica pela corrupção praticada no seu interesse ou benefício, exclusivo ou não (art. 2º). A norma, portanto, amplia o alcance de uma série de outras leis que já punem os ilícitos praticados contra a Administração Pública, porém, alcançando, precipuamente, as pessoas físicas. São exemplos, a Lei de Improbidade Administrativa, a Lei da Ficha Limpa e a própria Lei de Licitações.

Ademais, embora já existam no país algumas leis que, de forma dispersa, estabelecem sanções aos delitos praticados por pessoas jurídicas junto aos entes públicos, estas normas não satisfaziam plenamente o compromisso assumido pelo Brasil no campo internacional, de aplicar sanções a todas as pessoas jurídicas envolvidas em corrupção pública, num plano abrangente, envolvendo quaisquer atividades do setor econômico e social em suas relações ilícitas com os poderes públicos, no âmbito interno e internacional1.

Nesse contexto, a Lei Anticorrupção, indo além dessas normas, prevê a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas, sem deixar de alcançar também os respectivos dirigentes, com previsão expressa da desconsideração da personalidade jurídica.

A LAC, no geral, possui natureza nacional, aplicando-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Contudo, alguns de seus dispositivos são direcionados apenas à esfera federal. São eles: art. 7º, parágrafo único, art. 8º, §2º, art. 16, §10 e arts. 22 e 23.

Vencida essa parte introdutória, vamos, a seguir, mergulhar fundo no estudo dos dispositivos da Lei Anticorrupção.

Abrangência

Para os fins da LAC, as pessoas jurídicas são os sujeitos ativos do ato lesivo causador do dano, ou seja, são as pessoas que praticam o ato de corrupção pública.

Nesse sentido, o espectro de abrangência da Lei Anticorrupção é bastante amplo: praticamente qualquer espécie de pessoa jurídica que venha a praticar ato lesivo contra a Administração Pública estará sujeita às sanções previstas na lei.

Elas podem ser nacionais ou estrangerias e, segundo o art. 1º, parágrafo único da lei, abrangem as sociedades empresárias e as sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas,

1 Carvalhosa (2015, p. 31).

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ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente.

A doutrina ensina que as empresas estatais que exercem atividade econômica também se sujeitam à LAC, na qualidade de sujeitos ativos, embora a lei não o preveja expressamente. Isso porque, segundo o art. 173, §1º, II da Constituição Federal, as estatais exploradoras de atividade econômica se submetem ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.

Assim, por exemplo, se a Petrobras ou uma concessionária de energia estadual praticar algum dos atos lesivos previstos na lei, tais entidades poderão sofrer as sanções previstas na mesma lei. Hely Lopes Meirelles assevera que a penalização das empresas estatais deve considerar as suas “finalidades públicas e o interesse público que buscam realizar”. Em contrapartida, pela mesma razão, a responsabilização individual de seus dirigentes ou administradores deve ser mais rigorosa.

Para evitar brechas, a LAC estipula que a responsabilidade da pessoa jurídica subsiste na hipótese de

“alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária”. Como se nota, a lei busca evitar que a empresa realize operações societárias (ex: mudança de nome, troca de dono, fusão com outra empresa etc.) a fim de escapar das sanções. Contudo, nas hipóteses de fusão e incorporação2, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas na lei, desde que decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.

A lei prevê, ainda, que as sociedades controladoras, controladas ou coligadas serão solidariamente responsáveis pela prática de atos lesivos à administração pública. Igualmente, tal responsabilidade restringe-se à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado. Por exemplo, imagine que a empresa A tenha participação acionária nas empresas B e C. Se a empresa A for multada com base na LAC, as empresas B e C serão solidariamente responsáveis pelo pagamento da dívida. Da mesma forma, se a empresa B for multada, a empresa A, sua controladora, será solidariamente responsável.

Igual responsabilidade solidária também incide sobre as empresas que atuam em consórcio, no âmbito do respectivo contrato. A formação de consórcios de empresas é muito comum nas grandes licitações, a exemplo das realizadas previamente às concessões de rodovias e de aeroportos.

Preste Atenção!!

Segundo o art. 3º da LAC, a responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.

Em outras palavras, tanto a empresa – pessoa jurídica – como as pessoas físicas que tenham efetivamente contribuído para o ato lesivo contra a administração pública poderão ser penalizadas.

2 Na fusão, a empresa A se junta com a empresa B formando a empresa C; geralmente, a fusão ocorre com empresas de porte semelhante.

Na incorporação, a empresa A aumenta seu patrimônio mediante a anexação do patrimônio da empresa B, que geralmente é menor que a empresa A; a empresa B deixa de existir, subsistindo apenas a empresa A.

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A LAC assegura que responsabilização individual dos dirigentes ocorrerá na medida da culpabilidade de cada um (art. 3º, §2º).

Detalhe é que a pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da responsabilização individual das pessoas naturais, ou seja, é possível que a pessoa jurídica seja punida e seus dirigentes, não.

Quanto ao sujeito passivo do ato lesivo, ou seja, quem se prejudica com os atos de corrupção, pode ser a Administração Pública nacional ou estrangeira.

No âmbito da Administração Pública nacional, tanto a administração direta como a indireta pode ser sujeito passivo de atos danosos condenados pela Lei Anticorrupção.

Para os fins da LAC, considera-se administração pública estrangeira os órgãos e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro (art. 5º, §1º). Ademais, equiparam-se à administração pública estrangeira as organizações públicas internacionais (art. 5º, §2º).

Ressalte-se que a Lei Anticorrupção também se aplica aos atos lesivos praticados por pessoa jurídica brasileira contra administração pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior (art. 28).

Requisitos da responsabilização

A Lei 12.846/2013 estabelece a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica que pratica atos lesivos contra a Administração Pública e a responsabilidade subjetiva das pessoas físicas, quais sejam, os dirigentes, administradores ou qualquer pessoa natural, autora, coautora, coautora ou partícipe do ato ilícito.

A LAC, portanto, conferiu aos agentes privados o mesmo tratamento que a Constituição, no art. 37, §6º, dá ao Estado e seus agentes: o Estado responde objetivamente pelos danos causados a terceiros, porém os agentes causadores do ato lesivo respondem subjetivamente

Sujeitos ativos

• Pessoas jurídicas nacionais ou estrangeiras com representação no Brasil.

• Empresas estatais que exercem atividade econômica.

• Controladoras, controladas, coligadas e consorciadas.

Sujeitos passivos

• Administração Pública nacional - abrange adm. direta e indireta.

• Administração Pública estrangeira -

abrange organizações públicas

internacionais.

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Dizer que a responsabilidade administrativa das pessoas jurídicas com base na LAC é de natureza objetiva significa que não é necessário provar a culpa ou dolo da empresa ou de seus administradores e dirigentes, bastando apenas a prova da existência ou ocorrência dos atos lesivos previstos na lei e o nexo de causalidade entre a conduta da pessoa jurídica, por intermédio de seus prepostos, e o resultado ilícito.

Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro3, a regra da responsabilidade objetiva exige, no caso da Lei 12.846/2013, que:

1. haja nexo de causa e efeito entre a atuação da pessoa jurídica e o dano sofrido pela Administração Pública;

2. seja praticado ato lesivo, tal como definido no art. 5º;

3. o ato lesivo seja praticado por pessoas jurídicas (art. 1º, caput);

4. o ato lesivo cause dano à Administração Pública, nacional ou estrangeira.

Assim, uma vez comprovadas a prática do ato lesivo definido na LAC (conduta), a lesividade ao patrimônio público, a princípio da Administração Pública ou a compromissos internacionais (resultado) e o nexo causal entre a conduta e o resultado, dar-se-á a aplicação das sanções administrativas previstas na lei, sem necessidade da prova da culpabilidade subjetiva da pessoa jurídica como tal4.

É claro que, para a configuração da conduta, é necessária a atuação individual de dirigente ou administrador da pessoa jurídica ou de terceiro (como autor, coautor ou partícipe), afinal, a pessoa jurídica não tem vontade própria. Contudo, como vimos acima, a pessoa jurídica poderá ser responsabilizada independentemente da responsabilização individual das pessoas naturais (art. 3º, §1º).

No que tange à responsabilidade subjetiva dos dirigentes ou administradores, bem como a de outras pessoas naturais, autoras, coautoras ou partícipes do ato lesivo, exigem-se os mesmos requisitos apontados no quadro acima com relação à responsabilidade das pessoas jurídicas, a exceção do mencionado no item 1, já que é necessária a demonstração da culpabilidade da pessoa física (art. 3º, §2º). Em outras palavras, a pessoa física só responde pelos ilícitos tipificados na LAC se ficar demonstrada sua culpa ou dolo.

3 Maria Sylvia Di Pietro (2015, p. 1000).

4 Hely Lopes Meirelles (2015, p. 125).

• Pessoas jurídicas

Responsabilidade objetiva

• Dirigentes e administradores

• Qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito

Responsabilidade

subjetiva

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Atos lesivos à administração pública

Conforme o art. 5º da LAC, constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas que atentem contra:

O mesmo dispositivo apresenta uma lista de atos considerados lesivos para fins de aplicação da Lei Anticorrupção. São eles:

I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;

II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;

III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados;

IV - no tocante a licitações e contratos:

a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público;

b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público;

c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;

d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;

e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;

O patrimônio público nacional ou estrangeiro

Os princípios da administração pública

Os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil

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f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou

g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública;

V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.

Se a autoridade competente tomar conhecimento das infrações acima e não adotar providências para a apuração dos fatos, “será responsabilizada penal, civil e administrativamente nos termos da legislação específica aplicável” (art. 27).

A seguir, vamos estudar as sanções que podem ser aplicadas para punir os atos lesivos elencados acima.

Sanções

A LAC prevê sanções de natureza administrativa e civil. São elas:

Os recursos obtidos a partir da aplicação das penas de multa (sanção administrativa) ou perdimento de bens, direitos ou valores (sanção civil) serão destinados preferencialmente aos órgãos ou entidades públicas lesadas (art. 24).

Assim, por exemplo, se o ato lesivo foi praticado contra um órgão da administração direta federal, o valor da multa paga pela pessoa jurídica infratora deverá ser recolhido aos cofres da União, ou seja, ao Tesouro Nacional5. Por outro lado, em se tratando de lesão a entidades da administração indireta, com personalidade jurídica própria, o valor da multa será destinado aos cofres da própria entidade.

As infrações previstas na Lei Anticorrupção prescrevem em 5 anos, contados da data da ciência da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. Tanto na esfera administrativa

5 Lembre-se de que o órgão não possui personalidade jurídica própria, possuindo a mesma personalidade jurídica da entidade que o instituiu.

Administrativa -> aplicadas pela própria Administração (art. 6º)

• Multa

• Publicação extraordinária da decisão condenatória

Civil -> aplicadas pelo Poder Judiciário (art. 19)

• Perda dos bens, direitos e valores obtidos da infração

• Suspensão ou interdição parcial das atividades

• Dissolução compulsória da pessoa jurídica

• Proibição de receber incentivos, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades

públicas

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como na judicial, a prescrição será interrompida com a instauração de processo que tenha por objeto a apuração da infração (art. 25).

O art. 30 da LAC dispõe que a aplicação das sanções nela previstas não afeta os processos de responsabilização e aplicação de penalidades por “ato de improbidade administrativa” (Lei 8.429/1992) e “atos ilícitos alcançados pela Lei 8.666/1993, ou outras normas de licitações e contratos“, inclusive as do RDC (Lei 12.462/2011). Hely Lopes Meirelles, todavia, salienta que, em respeito à harmonia do sistema jurídico, na esfera civil não poderá haver dupla sanção pelo mesmo fato. A possibilidade de aplicação conjunta de penalidades previstas em normas distintas, segundo o autor, estaria restrita às sanções de natureza administrativa.

Importante ressaltar que a LAC não exclui as competências do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), do Ministério da Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que constitua infração à ordem econômica (art. 29).

A Lei Anticorrupção, mesmo na responsabilização administrativa, permite que se promova a desconsideração da personalidade jurídica, sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos na lei ou para provocar confusão patrimonial. A desconsideração da personalidade jurídica permite que todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica sejam estendidos aos seus administradores e sócios com poderes de administração, observados o contraditório e a ampla defesa.

A seguir, vamos detalhar os principais aspectos relacionados à responsabilização administrativa e à responsabilização judicial.

Responsabilização administrativa

As sanções administrativas estão previstas no art. 6º da LAC, e podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente. São elas:

Multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação; e

Publicação extraordinária da decisão condenatória.

A multa pode ser no valor de 0,1% a 20% do faturamento bruto do exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos. No caso de não ser possível utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), conforme previsto no art. 6º, §4º.

Detalhe é que a multa nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação. Assim, a multa aplicada à empresa poderá ser superior a 20% do faturamento do exercício anterior ou a R$ 60 milhões, caso a vantagem financeira auferida pela empresa através da prática do ato lesivo seja superior a esses valores.

Por sua vez, a publicação extraordinária da decisão condenatória ocorrerá na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídica, em meios de comunicação de grande circulação na área da prática da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação de edital, pelo prazo mínimo de 30 dias, no próprio estabelecimento ou no local de exercício da atividade, de modo visível ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores.

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O grande objetivo da publicação extraordinária da decisão condenatória é dar publicidade à punição, tornando de todos conhecida a infração e respectiva sanção6. A sanção ainda fica constando do Cadastro Nacional de Empresas Punidas (CNEP), o qual será estudado adiante.

Por óbvio, a aplicação das sanções administrativas (multa e publicação da decisão condenatória) não exclui a obrigação da reparação integral do dano causado (art. 6º, §3º).

A aplicação das sanções de natureza administrativa será precedida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público (art. 6º, §2º).

Ademais, a decisão punitiva da Administração deve observar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Nesse sentido, o art. 6º, §1º estabelece que as sanções serão aplicadas “de acordo com as peculiaridades do caso concreto e com a gravidade e natureza das infrações”. Ademais, o art. 7º determina que, na aplicação das sanções, deverão ser consideradas as seguintes circunstâncias:

▪ A gravidade da infração;

▪ A vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;

▪ A consumação ou não da infração;

▪ O grau de lesão ou perigo de lesão;

▪ O efeito negativo produzido pela infração;

▪ A situação econômica do infrator;

▪ A cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações;

▪ A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica;

▪ O valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade pública lesados.

Merece destaque o fato de que a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica poderão reduzir a dosagem das sanções impostas à pessoa jurídica. Hely Lopes Meirelles comenta que tal previsão praticamente impõe à empresa a criação de um sério, permanente e eficiente controle interno, preventivo e a posteriori, sobre suas relações diretas ou por meio de terceiros com a Administração Pública. Trata-se de uma forma encontrada pelo legislador para fazer com que a pessoa jurídica atue ao lado do Poder Público para evitar a corrupção.

Na esfera federal, os parâmetros de avaliação desses mecanismos e procedimentos de compliance serão estabelecidos em regulamento do Poder Executivo federal (art. 7º, parágrafo único), o qual deverá servir de modelo para os Estados, Distrito Federal e Municípios7.

Aprofundando

6 Maria Sylvia Di Pietro (2015, p. 1002).

7 Hely Lopes Meirelles (2015, p. 129)

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O Decreto federal nº 11.129/2022 estabelece os parâmetros de avaliação do programa de integridade, mencionado no inciso VIII do caput do art. 7º da Lei nº 12.846/2013. Vejamos os trechos mais relevantes dessa parte do regulamento federal:

Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º da Lei nº 12.846, de 2013, o programa de integridade será avaliado, quanto a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes parâmetros:

I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa, bem como pela destinação de recursos adequados;

II - padrões de conduta, código de ética, políticas e procedimentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados e administradores, independentemente do cargo ou da função exercida;

III - padrões de conduta, código de ética e políticas de integridade estendidas, quando necessário, a terceiros, tais como fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados;

IV - treinamentos e ações de comunicação periódicos sobre o programa de integridade;

V - gestão adequada de riscos, incluindo sua análise e reavaliação periódica, para a realização de adaptações necessárias ao programa de integridade e a alocação eficiente de recursos;

(...)

IX - independência, estrutura e autoridade da instância interna responsável pela aplicação do programa de integridade e pela fiscalização de seu cumprimento;

X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados ao tratamento das denúncias e à proteção de denunciantes de boa-fé; (...)

XV - monitoramento contínuo do programa de integridade visando ao seu aperfeiçoamento na prevenção, na detecção e no combate à ocorrência dos atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013.

§ 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão considerados o porte e as especificidades da pessoa jurídica, por meio de aspectos como:

I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;

II - o faturamento, levando ainda em consideração o fato de ser qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte;

(...)

V - o setor do mercado em que atua;

VI - os países em que atua, direta ou indiretamente;

VII - o grau de interação com o setor público e a importância de contratações, investimentos e subsídios públicos, autorizações, licenças e permissões governamentais em suas operações; e (...)

§ 2º A efetividade do programa de integridade em relação ao ato lesivo objeto de apuração será considerada para fins da avaliação de que trata o caput.

É importante mencionar que as sanções administrativas previstas no art. 6º serão apuradas e aplicadas, como regra, pela própria Administração. Contudo, na hipótese de omissão das autoridades competentes para promover a responsabilização administrativa, tais sanções poderão ser aplicadas judicialmente. Com efeito, a lei prevê que o Ministério Público, ao ajuizar ação para a responsabilização civil com base na LAC, poderá pleitear também a aplicação das sanções previstas no art. 6º, suprindo, assim, a omissão da autoridade administrativa, a qual ficará sujeita à responsabilização pessoal nas esferas penal, civil e administrativa, nos termos da legislação específica aplicável, por não ter adotado as medidas cabíveis para punir o ato lesivo.

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Processo administrativo de responsabilização

O processo administrativo é disciplinado nos artigos 8º a 16, com normas gerais e com normas aplicáveis apenas à esfera federal. Vejamos.

A instauração e o julgamento de processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

A autoridade máxima poderá instaurar o processo de ofício ou mediante provocação (art. 8º).

Detalhe é que a competência para a instauração e o julgamento do processo administrativo poderá ser delegada, vedada a subdelegação (art. 8º, §1º).

Nesse ponto, a lei prevê uma regra específica para o Poder Executivo federal: no âmbito desse Poder, a Controladoria-Geral da União (CGU)8 terá competência concorrente para instaurar processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas ou para avocar os processos instaurados com fundamento na Lei Anticorrupção (art. 8º, §2º).

Portanto, a CGU compartilha com as autoridades máximas dos diversos órgãos e entidades do Poder Executivo federal a competência para instaurar processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas com base na LAC. Por isso a lei diz que a sua competência é concorrente. Nesse sentido, a CGU pode tanto instaurar processos, por si só, com a finalidade de apurar ilícitos ocorridos em qualquer órgão ou entidade do Executivo federal, como também avocar processos instaurados pelas autoridades máximas desses órgãos e entidades.

A avocação pode ser feita para que a CGU examine a regularidade do processo ou para que corrija o seu andamento (art. 8º, §2º). Vale observar que, ao utilizar o vocábulo “avocar”, a lei dá a entender que a CGU atua como um órgão controlador hierarquicamente superior àqueles que promovem a instauração do processo administrativo no âmbito do Poder Executivo federal9.

Especificamente, a LAC aponta que também competem à CGU a apuração, o processo e o julgamento dos atos lesivos praticados contra a administração pública estrangeira, “observado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, promulgada pelo Decreto no 3.678, de 30 de novembro de 2000” (art. 9º). Nesse caso, a competência da CGU não é concorrente, e sim exclusiva.

O art. 10 prevê que o processo administrativo será conduzido por comissão designada pela autoridade instauradora e composta por dois ou mais servidores estáveis. Note que a lei não fixa o número máximo de membros da comissão. Hely Lopes Meirelles, todavia, sustenta que, à luz dos princípios constitucionais, os estáveis devem representar maioria qualificada nessa composição10.

A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 dias contados da data da publicação do ato que a instituir (art. 10, §3º). Tal prazo poderá ser prorrogado, mediante ato fundamentado da autoridade instauradora (art. 10, §4º).

8 Atual Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle

9 Di Pietro (2015, p. 1004)

10 Hely Lopes Meirelles (2015, p. 127)

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As fases do processo administrativo de responsabilização são as mesmas que existem nos processos disciplinares contra servidores públicos:

1. Instauração

2. Defesa (no prazo de 30 dias)

3. Apresentação de relatório sobre os fatos, com sugestão de responsabilização da pessoa jurídica e das sanções a serem aplicadas

4. Julgamento

A primeira e a última fase são de competência da autoridade instauradora. As demais ficam a cargo da comissão designada.

Dessa forma, o trabalho da comissão será apurar, relatar e sugerir a aplicação, ou não, de sanção. Nessa linha, a LAC prevê que a comissão deve “apresentar relatórios sobre os fatos apurados e eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma motivada as sanções a serem aplicadas”. O julgamento, lembrando, caberá à autoridade instauradora do processo.

A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da investigação, bem como solicitar medidas judiciais necessárias para a investigação e o processamento das infrações, inclusive de busca e apreensão (art. 10, §§1º e 2º).

Obviamente, no processo administrativo deverão ser observados o contraditório e a ampla defesa. Para tanto, o art. 11 da LAC estabelece que deverá ser concedido à pessoa jurídica prazo de 30 dias para defesa, contados a partir da intimação.

Após a conclusão do procedimento administrativo, a comissão dará conhecimento ao Ministério Público de sua existência, para apuração de eventuais delitos (art. 15). Di Pietro ressalta que não se trata de competência discricionária da comissão, e sim de um poder-dever, uma vez que, em se tratando de atos ilícitos, não há de se cogitar de aspectos de conveniência ou oportunidade na adoção das medidas necessárias para a completa responsabilização.

Com o julgamento, as sanções administrativas podem ser aplicadas de imediato. Havendo dano ao erário, será instaurado, ainda, um processo administrativo específico visando à reparação integral do dano. Concluído esse processo e não havendo pagamento, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa da fazenda pública para fins de execução fiscal. Ressalte-se que a instauração do processo de ressarcimento não prejudica a aplicação imediata das sanções estabelecidas na Lei Anticorrupção (art. 13).

Acordo de leniência

De inspiração no direito norte-americano e hoje adotado em inúmeros países, o acordo de leniência tem por objetivo permitir ao infrator, por meio de acordo com o Poder Público, colaborar na investigação de ilícitos, favorecendo, a um tempo, o interesse público na investigação das infrações e responsabilização dos infratores, e o interesse do próprio infrator na obtenção da extinção da punibilidade ou redução da pena aplicável11.

11 Di Pietro (2015, p. 1006).

(15)

Curiosidade!

O acordo de leniência não constitui inovação no direito brasileiro, em relação à responsabilização administrativa.

Com efeito, a Lei 12.529/2011 prevê acordo de leniência a ser celebrado pelo CADE e a pessoa física ou jurídica acusada de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa identificvação resulte: (i) identificação dos demais envolvidos na infração; e (ii) a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação. O benefício outorgado a quem celebra o acordo consiste na extinção da ação punitiva pela Administração Pública ou redução de 1 a 2/3 da penalidade aplicável.

Na Lei 12.846/2013, os artigos 16, 17 e 22, §§3º e 4º admitem e disciplinam o acordo de leniência, conferindo um tratamento especial na aplicação das sanções em relação à pessoa jurídica que colaborar efetivamente com as investigações e o processo administrativo, de modo a permitir a identificação dos demais envolvidos e, quando couber, a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito em apuração (art. 16).

Detalhe é que o acordo previsto na LAC não abrange apenas as investigações e os processos administrativos instaurados pela prática dos atos previstos nessa lei, mas também os processos que tratam dos ilícitos previstos nos artigos 86 a 88 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos).

O acordo de leniência somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:

▪ A pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito;

▪ A pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada a partir da data de propositura do acordo;

▪ A pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento.

A competência para firmar o acordo de leniência, como regra, é da autoridade máxima de cada órgão ou entidade. Porém, quando se tratar de acordo celebrado no âmbito do Poder Executivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra a administração pública estrangeira, a competência é da Controladoria-Geral da União.

Requisitos para celebração do acordo de

leniência

Primeira a se manifestar

Cessar imediatamente o envolvimento na infração

investigada

Admitir a participação no ilícito e cooperar com as

investigações

Cumulativos!

(16)

Embora a proposta do acordo de leniência tenha que partir da pessoa jurídica que praticou o ato danoso, pode ocorrer que o acordo não venha a ser celebrado, porque rejeitado pela Administração Pública. Nessa hipótese, o art. 16, §7º da lei estabelece que a proposta de acordo de leniência rejeitada não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito investigado.

A celebração do acordo de leniência com base na LAC poderá resultar em isenção ou redução de sanções para a pessoa jurídica, mas não a exime da obrigação de reparar integralmente o dano causado.

Informação importante é que o acordo de leniência não isenta a pessoa jurídica de todas as consequências do ilícito praticado, mas apenas da pena prevista no art. 6º, II (publicação extraordinária da decisão condenatória).

Ademais, embora firmado na esfera administrativa, o acordo também isenta a pessoa jurídica, nos processos de responsabilização judicial, da pena prevista no art. 19, IV (proibição de receber benefícios ou empréstimos do Poder Público).

Por outro lado, o acordo de leniência não isenta a pessoa jurídica da pena de multa, aplicável na esfera administrativa, nem das demais penas previstas para a responsabilização civil, na esfera judicial, previstas no art. 19, incisos I a III.

Em relação à multa, a celebração do acordo influencia apenas na dosimetria da pena. Segundo o art. 16, §2º da LAC, o acordo poderá reduzir em até 2/3 o valor da multa aplicável.

Outro efeito do acordo de leniência é o de interromper o prazo prescricional dos atos ilícitos previstos na lei (art. 16, §9º).

Os benefícios recebidos pela pessoa jurídica decorrentes do acordo de leniência podem também ser estendidos às pessoas jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as condições nele estabelecidas (art. 6, §5º).

Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de 3 anos contados do conhecimento pela administração pública do referido descumprimento.

Por fim, destaque-se que a proposta de acordo de leniência somente se tornará pública após a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo em antecipar a publicidade (art. 16, §6º).

Possíveis efeitos do acordo de leniência

Isenta as sanções "publicação extraordinária da decisão condenatória" e "proibição de receber benefícios ou empréstimos do Poder Público".

Reduzo valor da multa em até 2/3.

Interrompeo prazo prescricional.

Não isentao dever de reparar integralmente o dano.

O acordo de leniência pode isentar ou reduzir sanções, mas não exime a obrigação de reparar integralmente o dano causado.

(17)

Responsabilização judicial

A Lei Anticorrupção dispõe expressamente que a responsabilização da pessoa jurídica na esfera administrativa não afasta sua responsabilização na esfera judicial (art. 18). Assim, a empresa condenada administrativamente poderá ainda sofrer sanções civis e penais no Judiciário.

Contudo, no que tange à responsabilização judicial, a LAC somente prevê sanções de natureza civil, e não de natureza penal. Assim, a condenação penal poderá ocorrer com base em outras leis, e não na LAC.

É importante ressaltar que as ações judiciais de natureza civil poderão ser propostas em razão da prática de qualquer um dos atos lesivos previstos no art. 5º da LAC.

Na esfera civil, as ações judiciais propostas com base na LAC seguirão o rito da Ação Civil Pública.

Tais ações poderão ser ajuizadas pelas próprias pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), “por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes”

e também pelo Ministério Público (art. 19, caput).

Maria Sylvia Di Pietro ensina que, embora a lei não faça referência à possibilidade de propositura da ação pelas entidades da administração indireta, tal possibilidade não pode ser afastada, uma vez que tais entidades podem sofrer danos por atos praticados por pessoas jurídicas e aplicar as sanções administrativas previstas na lei;

assim, não faria sentido impedi-las de também atuar na esfera judicial. Dessa forma, segundo a autora, as entidades da administração indireta teriam competência para propor ação judicial com base na LAC, seja para aplicar as sanções de natureza civil previstas na lei, seja para pleitear o ressarcimento do dano sofrido.

As ações judiciais poderão resultar na aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras (art.

19):

▪ Perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;

▪ Suspensão ou interdição parcial de suas atividades;

▪ Dissolução compulsória da pessoa jurídica;

▪ Proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 ano e máximo de 5 anos.

Tais sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa (art. 19, §3º).

Lembrando que, em caso de perdimento de bens, direitos ou valores, o beneficiário desses bens, direitos ou valores será a pessoa jurídica lesada (art. 24).

A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada quando comprovado (i) ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou (ii) ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados (art.

19, §1º).

Como já salientado, caso a ação tenha sido proposta pelo Ministério Público, além das penalidades previstas no art. 19, listadas acima, a responsabilização na esfera judicial ainda poderá resultar na aplicação das sanções

(18)

administrativas previstas no art. 6º, desde que tenha ocorrido omissão da Administração em promover a responsabilidade administrativa.

Como medida cautelar, o órgão que tiver ajuizado a ação poderá requerer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do dano causado. No exame do pedido, o juiz deverá levar em consideração os quesitos de razoabilidade e proporcionalidade previstos no art. 7º da lei12 e o “direito do terceiro de boa-fé” (art. 19, §4º).

A condenação pela infração, com a aplicação das penalidades previstas na lei, já torna certa a obrigação de reparar, integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da sentença (art. 21, parágrafo único).

Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP

A Lei Anticorrupção cria o Cadastro Nacional de Empresas Punidas (CNEP), cujo objetivo é reunir e dar publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de governo com base na lei.

Detalhe é que, embora o cadastro reúna informações de todas as esferas de governo, ele foi criado no âmbito do Poder Executivo federal (art. 22), sendo que a responsabilidade por mantê-lo atualizado é dos órgãos e entidades que tenham aplicado sanções com base na LAC, em todas as esferas.

O CNEP conterá, entre outras, as seguintes informações acerca das sanções aplicadas:

▪ Razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou entidade no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ;

▪ Tipo de sanção;

▪ Data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador ou impeditivo da sanção, quando for o caso;

▪ Informações acerca de acordo de leniência celebrado, salvo se essa informação vier a causar prejuízo às investigações e ao processo administrativo;

▪ Descumprimento do acordo de leniência pela pessoa jurídica infratora.

12 I - a gravidade da infração; II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; III - a consumação ou não da infração; IV - o grau de lesão ou perigo de lesão; V - o efeito negativo produzido pela infração; VI - a situação econômica do infrator; VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações; VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica; IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade pública lesados.

(19)

Conforme o art. 22, §5º, os registros das sanções e acordos de leniência serão excluídos depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência e da reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do órgão ou entidade sancionadora.

Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas – CEIS

A Lei Anticorrupção também criou o Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS), de caráter público, a fim de dar publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de governo com base nos artigos 87 e 88 da Lei 8.666/199313 (art.

23).

Repare que, embora o nome do cadastro fale de empresas inidôneas e suspensas, seu conteúdo não deve se limitar a informações sobre essas sanções, mas sobre todas aquelas aplicadas com base na Lei 8.666, incluindo, portanto, informações sobre as sanções advertência e multa.

Da mesma forma que o CNEP, o CEIS também foi criado no âmbito do Poder Executivo federal, e a responsabilidade por mantê-lo atualizado é dos órgãos e entidades que tenham aplicado as sanções, em todas as esferas.

****

É isso pessoal. Terminamos aqui a parte teórica. Vamos agora resolver algumas questões de prova.

Vamos lá!

13 Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;

III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;

IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.(...) Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta Lei:

I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos;

II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os objetivos da licitação;

III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados.

(20)

Questões comentadas

1. FGV - CGU - Auditor Federal de Finanças e Controle - Área Correição e Combate a Corrupção – 2022 A sociedade empresária Ômega, de grande porte, responde a processo administrativo de responsabilização (PAR) para apuração de sua responsabilidade administrativa pela eventual prática de ato lesivo à Administração Pública Federal, consistente em dar, diretamente, vantagem indevida a agente público e obter benefícios ilícitos. No curso do PAR, a pessoa jurídica investigada apresentou, em sua defesa, informações e documentos referentes à existência e ao funcionamento de programa de integridade.

Consoante dispõe o Decreto nº 8.420/2015, que regulamenta a Lei nº 12.846/2013, para a dosimetria das sanções a serem aplicadas, a comissão processante deverá examinar o programa de integridade apresentado, quanto a sua existência e aplicação, segundo alguns parâmetros, como:

A) desconsiderando a transparência da pessoa jurídica quanto a doações para candidatos e partidos políticos;

B) desconsiderando o porte e as especificidades da pessoa jurídica, como a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;

C) desconsiderando o porte e as especificidades da pessoa jurídica, como o setor do mercado em que atua e os países em que atua, direta ou indiretamente;

D) considerando o comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, excluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa;

E) considerando os canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente divulgados a funcionários e terceiros, e de mecanismos destinados à proteção de denunciantes de boa-fé.

Comentário:

À época da aplicação desta prova, março de 2022, estava em vigor o Decreto nº 8.420/2015. Atualmente, esse decreto foi revogado pelo Decreto nº 11.129/2022 (de 11 de julho de 2022).

De qualquer forma, algumas coisas ainda persistem, de forma que a questão não está totalmente desatualizada.

Ok. Então, no que diz respeito à responsabilização administrativa, o art. 7º, da Lei nº 12.846/2013, determina que, na aplicação das sanções, deverão ser consideradas algumas circunstâncias. Dentre elas, está a: a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica (art. 7º, inciso VIII). Os parâmetros de avaliação desses mecanismos e procedimentos estão estabelecidos em regulamento do Poder Executivo federal: justamente o Decreto nº 11.129/2022.

Vamos analisar as alternativas:

a) ERRADA. Esse era um parâmetro que deveria ser considerado, conforme Decreto nº 8.420/2015:

Art. 42. Para fins do disposto no § 4º do art. 5º, o programa de integridade será avaliado, quanto a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes parâmetros: (...)

XVI - transparência da pessoa jurídica quanto a doações para candidatos e partidos políticos.

Alternativa, portanto, errada. Esse parâmetro deve ser considerado (e não desconsiderado).

(21)

Já no Decreto nº 11.129/2022, temos a seguinte passagem:

Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º da Lei nº 12.846, de 2013, o programa de integridade será avaliado, quanto a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes parâmetros: (...) XIII - diligências apropriadas, baseadas em risco, para:

c) realização e supervisão de patrocínios e doações;

b) ERRADA. Esses são parâmetros que devem ser considerados. Observe agora no Decreto nº 11.129/2022:

Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º da Lei nº 12.846, de 2013, o programa de integridade será avaliado, quanto a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes parâmetros:

§ 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão considerados o porte e as especificidades da pessoa jurídica, por meio de aspectos como:

I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;

c) ERRADA. Outros parâmetros que devem ser considerados. Confira no Decreto nº 11.129/2022:

§ 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão considerados o porte e as especificidades da pessoa jurídica, por meio de aspectos como:

V - o setor do mercado em que atua;

VI - os países em que atua, direta ou indiretamente;

d) ERRADA. O comprometimento da alta direção da pessoa jurídica é um parâmetro a ser considerado, mas deve- se incluir o comprometimento dos conselhos também! Olha só, no Decreto nº 11.129/2022:

Art. 57. (...)

I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa, bem como pela destinação de recursos adequados;

e) CORRETA. Sim, nos termos do Decreto nº 11.129/2022, esse é um dos parâmetros a serem considerados:

Art. 57. (...)

X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados ao tratamento das denúncias e à proteção de denunciantes de boa-fé; (...)

Gabarito: alternativa “e”

2. (Cesgranrio – Petrobras 2018)

(22)

Um administrador que atua em determinada sociedade empresarial é consultado sobre a natureza da responsabilidade civil da pessoa jurídica em decorrência de atos contra a administração pública, previstos na Lei n° 12.846 de 01/08/2013.

Nesse caso, a referida responsabilidade é considerada A) dolosa

B) negligente C) imprudente D) técnica E) objetiva Comentários:

Nos termos do art. 2º da Lei Anticorrupção:

Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.

Gabarito: alternativa “e”

3. (Cesgranrio – Petrobras 2018)

Um administrador do setor de controle interno de uma sociedade empresarial recebe treinamento especial sobre a aplicação da Lei n°12.846 de 01/08/2013, sendo assentado que, no caso das sociedades controladoras, na hipótese de prática dos atos previstos na referida lei, haverá, com as controladas, uma relação de

A) solidariedade B) unidade C) uniformidade D) conjunção E) autonomia Comentários:

A Lei n°12.846/2013 prevê que as sociedades controladoras, controladas ou coligadas serão solidariamente responsáveis pela prática de atos lesivos à administração pública. Igualmente, tal responsabilidade restringe-se à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado. Por exemplo, imagine que a empresa A tenha participação acionária nas empresas B e C. Se a empresa A for multada com base na LAC, as empresas B e C serão solidariamente responsáveis pelo pagamento da dívida. Da mesma forma, se a empresa B for multada, a empresa A, sua controladora, será solidariamente responsável.

Confira:

Art. 4º, § 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado.

(23)

Gabarito: alternativa “a”

4. (Cesgranrio – Petrobras 2018)

O processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada pela autoridade instauradora.

Nos termos da Lei no 12.846/2013, essa comissão deverá concluir o processo no prazo de A) 60 dias

B) 90 dias C) 120 dias D) 150 dias E) 180 dias Comentários:

O art. 10 prevê que o processo administrativo será conduzido por comissão designada pela autoridade instauradora e composta por dois ou mais servidores estáveis. Note que a lei não fixa o número máximo de membros da comissão. Hely Lopes Meirelles, todavia, sustenta que, à luz dos princípios constitucionais, os estáveis devem representar maioria qualificada nessa composição.

A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 dias contados da data da publicação do ato que a instituir (art. 10, §3º). Confira a literalidade da lei:

Art. 10, § 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data da publicação do ato que a instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma motivada as sanções a serem aplicadas.

Gabarito: alternativa “e”

5. (Cesgranrio – Petrobras 2018)

Nos termos da Lei n° 12.846/2013, no processo administrativo para apuração de responsabilidade, será concedido à pessoa jurídica um prazo para a defesa, contado a partir da intimação, de

A) dez dias B) quinze dias C) vinte dias D) trinta dias E) quarenta dias Comentários:

No processo administrativo deverão ser observados o contraditório e a ampla defesa. Para tanto, o art. 11 da LAC estabelece que deverá ser concedido à pessoa jurídica prazo de 30 dias para defesa, contados a partir da intimação.

(24)

Gabarito: alternativa “d”

6. (Cesgranrio – Petrobras 2018)

A Lei n° 12.846/2013 permite que, sempre que for utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nessa Lei ou para provocar confusão patrimonial, seja desconsiderada a

A) responsabilidade dos sócios B) culpabilidade dos envolvidos C) personalidade jurídica D) proporcionalidade dos atos E) extensão dos danos

Comentários:

Nos termos da Lei n° 12.846/2013:

Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e sócios com poderes de administração, observados o contraditório e a ampla defesa.

Gabarito: alternativa “c”

7. (Cesgranrio – Petrobras 2018)

Um gerente de compras de determinada sociedade de economia mista, sediada em município de grande poderio econômico do interior do país, foi informado da existência de ato lesivo praticado contra a organização. Ele comunica esse fato aos órgãos internos competentes para que se tomem as providências necessárias à resolução do problema.

Nos termos da Lei n°12.846 de 01/08/2013, para aplicação das sanções decorrentes dos atos lesivos nela previstos, um dos atos necessários consiste no(a)

A) decurso de prazo para consolidar as informações.

B) recebimento da comunicação pelos órgãos de controle externo.

C) aprovação de relatório pelo gerente comunicante.

D) indicação de responsável pelo recebimento das denúncias.

E) prévia manifestação jurídica, elaborada pela Advocacia Pública.

Comentários:

De acordo com o art. 6º, § 2º, da Lei 12.846/2013, a aplicação das sanções de natureza administrativa será precedida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público.

(25)

Gabarito: alternativa “e”

8. (Cesgranrio – Petrobras 2018)

Um analista de sistemas de determinada empresa realiza estudos para avaliar a higidez de candidatos a realizar contratos com a empresa onde trabalha. Ele recebe a informação de que, em determinadas situações, é possível a sanção administrativa das pessoas jurídicas.

Nos casos regulados pela Lei n° 12.846 de 01/08/2013, na esfera administrativa, será aplicada às pessoas jurídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nessa lei a seguinte sanção:

A) Divulgação em instituições da comunidade onde atuam.

B) Comunicação aos órgãos municipais da penalidade atribuída.

C) Publicação do ato condenatório em comunicados internos.

D) Publicação extraordinária da decisão condenatória.

E) Publicação em rol de condenados, administrado pelo Governo federal.

Comentários:

As sanções administrativas estão previstas no art. 6º da LAC, e podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente.

São elas:

Multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação; e

Publicação extraordinária da decisão condenatória.

Não há alternativa que fale de multa. Portanto, nosso gabarito é a alternativa D: publicação extraordinária da decisão condenatória.

Gabarito: alternativa “d”

9. (Cesgranrio – Petrobras 2018)

Um gerente da área de marketing pretende divulgar a organização interna da sociedade empresarial onde atua.

Estudando a legislação em vigor, ele verifica que um dos itens que deve ser levado em conta na aplicação das sanções previstas na Lei n° 12.846/2013 de 01/08/2013 é a existência de mecanismos e procedimentos internos de A) seleção

B) técnica C) rotação D) interinidade E) integridade Comentários:

(26)

A Lei Anticorrupção preza pela aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade na aplicação das penas nela previstas. Nesse sentido, seu art. 7º prevê uma série de aspectos individuais da infração a serem levados em consideração quando da aplicação da pena. Vejamos:

Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções:

I - a gravidade da infração;

II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;

III - a consumação ou não da infração;

IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;

V - o efeito negativo produzido pela infração;

VI - a situação econômica do infrator;

VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações;

VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica;

IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade pública lesados;

A resposta, portanto, está no inciso VIII. Serão levados em consideração na aplicação das sanções a existência de procedimentos internos de integridade.

Gabarito: alternativa “e”

10.(Cesgranrio – Petrobras 2018)

De acordo com a Lei n° 12.846/2013, há uma proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público.

O prazo para se manter essa proibição é de, no mínimo, 1 ano, e, no máximo, de A) 2 anos

B) 3 anos C) 4 anos D) 5 anos E) 6 anos Comentários:

As ações judiciais poderão resultar na aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras (art. 19):

(27)

 Perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;

 Suspensão ou interdição parcial de suas atividades;

 Dissolução compulsória da pessoa jurídica;

 Proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 ano e máximo de 5 anos.

Vamos conferir na Lei 12.846/2013:

Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras: (...)

IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.

Gabarito: alternativa “d”

11. (Cesgranrio – Transpetro 2018)

Constitui ato lesivo à administração pública, nacional ou estrangeira, nos termos da Lei n° 12.846/2013, criar pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo, de modo

A) blindado B) elisivo C) especial D) fraudulento E) imunizado Comentários:

Nos termos da Lei n° 12.846/2013:

Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:

IV - no tocante a licitações e contratos:

e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;

Referências

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