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A criança e o adolescente na escolinha de futsal La Salle: desistência e fatores associados

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

UNIJUÍ – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADE E EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE: DESISTÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS.

ÂNGELA MARIA THOMAS

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2 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

UNIJUÍ - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADE E EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ÂNGELA MARIA THOMAS

A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE: DESISTÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS.

Trabalho de conclusão de curso apresentada à Banca Examinadora do Curso de Educação Física da Unijuí - Campus Ijuí, como exigência parcial para obtenção do título de Licenciado em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Leopoldo Schonardie Filho.

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3 ÂNGELA MARIA THOMAS

A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NA ESCOLINHA DE FUTSAL LA SALLE: DESISTÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS

TCC apresentada à Banca Examinadora do Curso de Educação Física da Unijuí - Campus Ijuí, como exigência parcial para obtenção do título de Licenciado em Educação Física, sob a orientação do Professor Dr. Leopoldo Schonardie Filho.

Aprovado em _____/____/_____

Conceito final: __________

BANCA DE AVALIAÇÃO

______________________________________________________________________ Prof.

UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

______________________________________________________________________ Prof.

UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, pelos valores gerados em minha família em Seu nome, porque Ele guia meus passos com sua generosa bênção.

Agradeço, igualmente:

a minha família pelo apoio, incentivo, amor e doação, porque dela tive o carinho e a ajuda necessária, sempre;

ao meu esposo Ricardo e aos meus filhos, Lucas e Ricardo Júnior, pelo carinho, compreensão e companheirismo, e por me auxiliarem nesta caminhada constantemente;

aos meus amigos e compadres que, são a família do meu coração, e que estão comigo, em todos os momentos;

a todos os funcionários administrativos da Unijuí, pela sua presteza e dedicação; aos colegas e amigos do Curso de Educação Física, pelas horas de estudo e de interação, que passei ao seu lado;

à Escolinha de Futsal La Salle que me possibilitou realizar este estudo;

ao professor Dr. Leopoldo Schonardie Filho e demais professores, os quais marcaram muito minha vida acadêmica, pelos seus exemplos de Mestres comprometidos com o Ensino e com seus educandos. Agradeço, em especial, ao primeiro, que me auxiliou incansavelmente neste trabalho.

Com certeza, teria muitas pessoas, ainda, a serem citadas, em agradecimento; mas a estas agradecerei pessoalmente, porque se torna impossível listar a todos que acreditaram em mim e torcem pelo meu sucesso.

Assim, a todos eu deixo o meu MUITO OBRIGADA!

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RESUMO

Este estudo, sob o título “A criança e o adolescente na Escolinha de Futsal La Salle: Desistência e fatores associados” é um estudo relacionado aos fatores que levam a criança e o adolescente a desistirem do treinamento na Escolinha de Futsal La Salle. Identificar, através de uma pesquisa-ação, de informações qualitativa e quantitativa, os fatores que têm influenciado as crianças e adolescentes inscritas na Escolinha de Futsal La Salle, da cidade de Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino é o objetivo deste estudo, uma vez que a Escolinha de Futsal é uma extensão em que são trabalhados elementos sociomotrizes numa ligação entre a oposição e a cooperação; mobilidade, equilíbrio, atenção à cobertura ofensiva e defensiva e ao espaço que representam motivação, aprendizagem e evolução. Os principais resultados a que se chegou, após a análise dos resultados são de que falhas no aspecto educativo; desrespeito às necessidades individuais; desrespeito às capacidades; despreparo para a competição; outros interesses; iniciação desportiva inadequada e cobrança excessiva pela vitória representam motivos para a desistência. E os fatores associados a estes, se resumem na motivação extrínseca causada por premiações e presentes oferecidos aos vencedores da competição; no descrédito ao treinador e/ou seu trabalho e no estresse esportivo, reconhecido como Burnout.

Palavras-chave: Criança. Adolescente. Escolinha de Futsal. Fatores de Desistência.

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6 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ... 1.1Tema ... 1.2 Delimitação do tema... 1.3 Problema... 1.4 Objetivo... 2. REFERENCIAL TEÓRICO...

2.1 Compreendendo o Desenvolvimento Motor na Infância...

2.2 Estimular a Motivação para a Prática de Esportes... 2.3 Iniciação Esportiva na Escolinha La Salle ... 2.4 Desistência e Fatores Associados ...

3. METODOLOGIA... 3.1 Característica da Pesquisa ... 3.2 População e Amostra ... 3.3 Materiais e Instrumentos... 3.4 Procedimentos... 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS... 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 7. ANEXOS... 09 11 12 12 13 13 15 19 24 28 31 31 32 33 33 34 46 49 50

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7 I - LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A Ampulheta Heurística de Gallahue - fases do desenvolvimento motor

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8 II - LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Permanência/Desistência – fatores associados... 29

Quadro 2: Idade e ano de escolaridade do aluno desistente da escolinha de Futsal La Salle... 34

Quadro 3: Questionário respondido pelos alunos sobre a lembrança idade/data de

início/término dos treinamentos na escolinha de Futsal La Salle... 36 Quadro 4: Questionário respondido pelos alunos desistentes da escolinha de Futsal La Salle e pelos pais... 38 Quadro 5: Questionário respondido pelos alunos desistentes da escolinha de Futsal La Salle e pelo seu pai/mãe... 41

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1. APRESENTAÇÃO

A criança e o adolescente têm o seu mundo próprio, mas interagem com as pessoas à sua volta. “Respeitar seus limites, suas possibilidades e saber identificar suas características básicas de comportamento nas diferentes faixas etárias, em muito facilita a relação educador-educando no processo de ensino”. (FERREIRA, 2002, p. 4).

Na verdade, a criança é um ser social e histórico. Ela está inserida numa sociedade e partilha, nesta inserção, de uma determinada cultura, construindo a sua história. É marcada, assim, pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele. A criança, segundo Houaiss (2008, p. 201) “é o ser humano antes de ser adulto”.

A adolescência é uma fase que marca a transição entre a infância e a vida adulta, ou seja, o que permite que se conceba o adolescente como alguém que está no período da vida humana entre a infância e a vida adulta. Ser adolescente, assim, é “estar na adolescência”. (HOUAISS, 2008 p. 16).

Nestas fases extremamente importantes ao seu desenvolvimento, a criança e o adolescente de hoje vêem os seus interesses aguçados pela mídia ou pelo desejo dos pais, o que reflete na sua iniciação esportiva e no seu envolvimento com o jogo. Assim, muitas vezes, abandonam a prática esportiva e adentram num mundo, como o eletrônico ou o virtual, por exemplo, capaz de oferecer-lhes prazer momentâneo e vida sedentária em detrimento à responsabilidade e ao compromisso. Sendo assim, encontrar um amplo espaço de expressão em atividades esportivas poderia representar motivação, aprendizagem e evolução. Para Freire (2009, p. 65), “quanto à realização das construções, podem-se observar com certa nitidez as possibilidades de interação cognitiva social das crianças”.

A escolinha de futsal aparece como um espaço em que são trabalhados elementos sociomotrizes numa ligação entre a oposição e a cooperação; o regulamento, o qual condiciona o jogo e o seu desenvolvimento; a técnica e as modalidades de execução; a estratégia, que faz do jogador um ser pensante, que analisa e decide, considerando os critérios estabelecidos; bem como as possibilidades de troca e de estrutura central de rendimento. Mobilidade, equilíbrio, atenção à cobertura ofensiva e defensiva e ao espaço representam aprendizagem e evolução.

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10 Segundo Houaiss (2008, p. 442), o jogo é “nome comum a certas atividades cuja natureza ou finalidade é recreativa, de diversão, de entretenimento; prática de movimento para um ou outro lado (...)”. Neste sentido, o futsal aparece como uma atividade com prefiguração a aprendizagens futuras. Na verdade, a criança e o adolescente, que neste estudo são citados, também, como participantes ou envolvidos, jogando, evoluem entre oposições e se realizam, porque estão movendo-se em equipe, se divertindo e aprendendo a modalidade pela política de atenção às regras, à disciplina e às habilidades.

As Escolinhas de Futsal podem ter as mais diversas finalidades. Entre elas, podem ser formativas, ou seja, visar à formação dos atletas; podem ser comerciais, visando o lucro através do desporto; ou podem ser sociais, tendo como objetivo a integração e a aprendizagem da modalidade, no sentido de que a criança tenha uma oportunidade de socialização, convívio com regras, disciplina e descoberta do prazer do jogo. É uma educação através do futsal, a qual também o possibilita contar com uma modalidade saudável, capaz de desenvolver as suas habilidades técnicas, suas capacidades físicas, mentais e sociais. E assim o é, entre adolescentes.

Desta forma, a Escolinha de Futsal LA SALLE vem contribuindo para que a criança e o adolescente tenham melhor qualidade de vida, oferecendo-lhes a oportunidade de participarem de uma modalidade esportiva que lhes garanta a participação em atividades de fruição e produção de cultura; de recreação e esporte, de construção de identidades e sociabilidade, incluindo a criação de linguagens e códigos próprios. Na verdade, possibilita experimentação, troca de informações, ampliação de referências, elaboração e confronto de valores, permitindo que a criança e o adolescente se encontrem com os outros e, neste encontro, aconteçam à troca, o aprendizado e a evolução.

No entanto, por influências interiores ou exteriores, alguns dos inscritos desistem, em oposição à realidade de que a maioria persiste. É nestas perspectivas que se justificou a realização deste estudo, que buscou aprofundar conhecimentos e habilidades na área do esporte, mais especificamente na modalidade de futsal, evidenciando-se as etapas mais relevantes para o alcance dos objetivos traçados.

Este trabalho não tem, apenas, a pretensão de relatar as observações de experiências vivenciadas quanto aos fatores geradores de desistência nas aulas treino, mas pretende ter a característica de construção a partir de estudo e pesquisa, que servem de contribuição,

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11 aperfeiçoamento e evolução dos conhecimentos aprofundados no Curso de Licenciatura em Educação Física.

Por outras partes, com a realização deste trabalho buscou-se o envolvimento com uma fundamentação teórica e prática nas áreas do desenvolvimento de crianças e adolescentes e esportiva do futsal em escolinha, a fim de ampliar o conhecimento sobre a sua finalidade, comprovando a sua importância para garantir uma boa saúde física, moral e social dos mesmos.

Sob esta perspectiva se deu a apresentação deste estudo, que teve como objetivo identificar, através de uma pesquisa-ação, de informações qualitativa e quantitativa, os fatores que têm influenciado as crianças e adolescentes inscritas na Escolinha de Futsal LA SALLE, da cidade de Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino.

E, para se chegar a este fim, foi necessária a dedicação à pesquisa científica, no sentido de se estudar e se analisar teorias sobre o jogo, o qual aprofunda a ideia do brincar e do desenvolver a saúde física e mental, quando a criança assume características corporais e psicológicas, as quais advêm do seu grupo de convívio cultural e social, e aporta na adolescência. Também foi preciso apresentar a desenvolvimento da criança e do adolescente estabelecendo relações entre a combinação do jogo com as metas, os instrumentos ou obstáculos para as suas atividades, uma vez que desistir de alguma atividade depende de inúmeros fatores internos ou externos.

Não raras vezes, esta atividade faz parte do dia-a-dia da criança e do adolescente de forma equilibrada e representa fator fundamental de desenvolvimento. Neste sentido, ponderando-se que os períodos do desenvolvimento motor mostram estágios e fases específicas do ser humano, este estudo ganha corpo e, assim, se delimitou o tema.

1.1 Tema

O tema deste estudo tem a sua delimitação centrada na questão: “Quais os fatores que têm influenciado crianças e adolescentes, da Escolinha de Futsal LA SALLE, da cidade de Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino”?

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1.2 Delimitação do Tema

O delineamento do tema ficou delimitado a questionários, os quais contêm questões abertas e fechadas, a serem utilizadas na análise e discussão de dados, ou ao (re) conhecimento da realidade. Aos alunos desistentes, destinaram-se quatro questões abertas como principal contento. Aos pais, duas questões abertas e, ao treinador, duas questões abertas, sendo estas aplicadas apenas no sentido de se (re) conhecer a realidade.

A escolha do tema surgiu de uma inquietação que se tem a respeito do índice e das reais causas de desistência da criança e do adolescente, que se matriculam e, após determinado tempo de treino, renunciam, não dando continuidade, assim como os que permanecem, ao seu envolvimento em uma modalidade que vem contribuindo de maneira significativa na sua formação e no desenvolvimento de habilidades básicas para a prática do futsal.

1.3 Problema

Muitos pais e professores acreditam que, a seu exemplo, a criança e o adolescente podem ser direcionados a determinado esporte. No entanto, é preciso levar em conta que ambos têm aspirações, possibilidades, limitações, gostos e prioridades. E isto precisa ser respeitado, considerando-se que o programa de atividades esportivas deve contemplar tanto o interesse de cada um, quanto à adequação à idade e ao condicionamento físico dos sujeitos.

Sendo o futsal uma modalidade esportiva capaz de aumentar a convivência, estimular a atividade física regular e melhorar a qualidade de vida familiar e, não um meio impositivo ou de pressão, o problema em questão apontou para a análise dos fatores geradores de desistência mais presentes na vida da criança e do adolescente que treinam na Escolinha de Futsal La Salle. E buscou uma resposta à questão: quais são os fatores que levam as crianças e adolescentes da Escolinha de Futsal La Salle a desistirem do treinamento?

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1.4 Objetivo

Identificar, através da pesquisa-ação, com técnicas qualitativa e quantitativa, os fatores que têm influenciado as crianças e adolescentes inscritos na Escolinha de Futsal LA SALLE, da cidade de Cerro Largo – RS, a desistirem das aulas treino.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Muitas atividades têm as particularidades de serem fatores de formação e garantem para a criança e para o adolescente a transição deste estágio de vida para o seguinte. Desde as brincadeiras funcionais, de produzir um ruído, por exemplo, até o livre exercício de uma atividade esportiva marcam a sua progressão funcional. A brincadeira, para eles, põe à prova todas as suas possibilidades e, ao mesmo tempo a de se autossuperar. Já o jogo, que também possibilita o brincar, remete ao divertir-se, ao entreter-se, ao conhecer-se, ao praticar e ao competir em equipe. Para Freire (2009, p. 31), “a criança constrói mecanismos motores sólidos e sofisticados que lhe permitem entrar em contato com muitas das coisas que existem para se conhecer”. Este contato tem um significado social, na verdade.

Para De Rose Jr. (2002, p. 33), “a compreensão das relações sociais é fundamental para que a criança e o adolescente possam beneficiar-se do processo de competição no esporte”. A performance de significado social nesta atividade representa fontes de prazer, de experiência de conhecimento, de capacidades ou de limitações, considerando esforço despendido, dificuldade da tarefa, tempo de prática, condições de aprendizagem.

É assim que se compreende que, para o autor, o esporte representa uma ação social com regras convencionais e de caráter lúdico. Na oportunidade de entregar-se a essas atividades está à possibilidade de experiência particular de desempenho, técnica, tática, estratégica e especializada, uma vez que as atividades esportivas sugerem uma prática lúdica que orienta a criança nas suas capacidades e limitações.

As crianças e os adolescentes necessitam de abundância de oportunidades numa variedade de atividades motoras vigorosas e diárias com o objetivo de desenvolver suas capacidades singulares de movimento, contribuindo para a formação de um cidadão apto a participar de programas esportivos (...). (DE ROSE, 2002, p. 26).

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14 É neste sentido que se percebe que o jogo de futsal representa esta oportunidade por ser considerado uma modalidade esportiva, a qual oferece evolução técnicas. Permite, na verdade, que crianças e adolescentes exteriorizem emoções e estabeleçam relações no grupo em convívio. A criança de hoje, assim como o adolescente, tem mais opções em se tratando de atividades e o seu interesse não se volta somente ao jogo de futsal. Devido ao seu convívio próximo com a mídia, a escolha de uma prática esportiva concorre com a opção por atividades eletrônicas e virtuais, as quais a levam ao sedentarismo e aparecem mais tranquilas em relação aos esforços, à disciplina, às regras e aos demais pontos.

A história do futebol no Brasil, segundo pesquisa ao site da FIFA - Federação Internacional de Futebol Association, que organiza desde 1904, até hoje, o futebol em todo mundo, se deu com Charles Miller, em meados de 1895. No entanto, este estudo reporta à década de 60, quando muitas divergências de regras no jogo de futebol de salão levaram a Confederação Brasileira de Desporto a oficializar a sua prática uniformizando as regras e promovendo competições entre os estados filiados a ela. Assim, os conceitos de condução de bola, drible de bola, passe, domínio e chute passaram a fazer parte deste jogo. Aí, também, ficou contemplada a adaptação à bola, o material, a formação e o desenvolvimento, considerados dentro da noção de espaço, tempo, força e movimentos da bola, num treinamento possível de estímulos e de exercício da modalidade. Jogos pré-desportivos, exercícios de deslocamento, habilidades no drible e demais formas passaram a auxiliar o técnico ou professor no seu trabalho com o futebol de salão.

Da fusão entre o futebol de salão e o futebol cinco surgiu o futsal, no final da década de 80. E se desenvolveu substancialmente nos últimos anos, devido às significativas alterações ocorridas nas suas regras, tornando-o, quando comparado ao futebol de salão, um esporte mais dinâmico, competitivo e atraente.

Nestes termos, um trabalho com a prática esportiva entre crianças e adolescentes considera os processos de desenvolvimento motor na infância e na adolescência, bem como considera uma construção voltada à prontidão para a iniciação à competição esportiva. No caso deste estudo, a compreensão do desenvolvimento motor na infância e na adolescência, a iniciação esportiva na Escolinha de Futsal LA SALLE e a desistência e fatores associados aparecem como itens de referência do TCC.

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2.1 Compreendendo o Desenvolvimento Motor na Infância

As experiências motoras estão presentes no dia-a-dia da criança e são representadas pelas atividades corporais realizadas em casa, na escola, em suas brincadeiras, no desempenho dos atletas. Sendo assim, o desenvolvimento é um termo amplo que se refere, segundo PIKUNAS (1979, p. 24), a “todos os processos de mudança pelos quais as potencialidades de um indivíduo se desdobram e aparecem como novas qualidades, habilidades, traços e características correlatas”. O termo motor remete “ao que move ou gera movimento”. (HOUAISS, 2008, p. 515).

Assim, a compreensão de desenvolvimento pode estar associada ao progresso dos movimentos que, de simples e sem habilidades, podem passar a complexas e organizadas habilidades. “Desenvolvimento motor é um processo sequencial e continuado, relativo à idade, no qual um indivíduo progride de um movimento simples sem habilidades até o ponto de conseguir habilidades complexas e organizadas”. (HAYWOOD, 1986, p. 7).

As fases motoras permitem que a criança aprenda a mover-se de forma a olhar cada um em sua totalidade e a adquirir o domínio nas diferentes aptidões que apresenta. Para De Rose (2002, p. 36) “o processo de desenvolvimento motor revela-se por meio de mudanças no comportamento que podem ser observadas em dois aspectos; forma e performance”. Nesse sentido, forma e performance expressam suas capacidades de movimento.

“O desenvolvimento motor caracteriza-se pela aquisição e pela diversificação de habilidades básicas de locomoção, de manipulação e de estabilização”, diz De Rose (2002, p. 36). Na verdade, após este período, o desenvolvimento caracteriza-se pela combinação dessas habilidades e o seu aprimoramento.

“É interessante notar que os movimentos esportivos são, essencialmente, combinações das habilidades básicas”, defende (De Rose, p. 36). Assim, o desenvolvimento motor permite explorar as categorias de movimento, as quais são consideradas como habilidades básicas.

Para a criança é importante poder contar com as orientações mestras dos adultos, mas elas podem representar ocasião de incertezas e hesitações, de esforço e renúncia, de problema e ajuda ou de aversão e atração. Para De Rose (2002, p. 41), “... toda prática esportiva oferecida às crianças e aos adolescentes é permeada por ações adultas - dos pais, dos

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16 dirigentes, dos professores, dos técnicos, dos árbitros; todos interferem de alguma forma nas experiências esportivas de seus praticantes”.

O que se percebe é que a criança vive a sua infância e ao adulto compete conhecê-la, para melhor orientar, a partir de valores e princípios. Segundo Machado (1997, p. 66), “a interação da criança na sociedade sofre influências em primeira instância dos pais, depois ao iniciar-se a vida escolar, sofre a influência do professor e de outros grupos, como por exemplo, uma equipe esportiva”.

Neste conhecimento, tanto o ponto de vista do adulto, quanto o da criança devem ser levados em conta. De Rose (2002, p. 41), apresenta, em se tratando da influência dos adultos na prática esportiva de crianças e adolescentes que esta não diz respeito apenas ao momento da competição, “mas também aos valores e aos princípios que norteiam a forma como o esporte é ensinado e praticado”. É assim que se entende que, ao se tratar de desenvolvimento, as experiências motoras vivenciadas espontaneamente pela criança e as suas atividades diárias a encaminham para a aquisição das habilidades motoras e forme uma base para o aprendizado de habilidades mais complexas.

Ao se rememorar o passado, se entende que a criança de outrora tinha à sua disposição grandes áreas livres para brincar como o quintal, a praça e a rua, espaços que eram explorados e utilizados no seu aprimoramento e no seu desenvolvimento motor. O adulto permitia que a criança construísse uma história num processo diferente do contemporâneo, que está impregnado de modernização, urbanização e inovações tecnológicas – o que têm proporcionado mudanças nos hábitos cotidianos. Essas duas realidades ligam-se às esferas do motor, do psicológico e do social. “Uma das áreas das ciências do esporte preocupada com essas questões é a psicologia do esporte”, diz De Rose (2002. p. 43). Ela tem estudado a influência da prática esportiva no desenvolvimento psicológico e no processo de socialização das crianças e dos adolescentes.

A maturação e as experiências ambientais aparecem favorecendo o processo de alterações progressivas, ou seja, de aquisição e desenvolvimento de habilidades motoras e permitem que cheguem à adolescência vivendo inúmeras situações de maturidade. É assim que, para Gallahue e Ozmun (2005, p. 25) o desenvolvimento motor é entendido como as “alterações progressivas do comportamento motor, no decorrer do ciclo da vida, realizadas

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17 pela interação entre as exigências da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente”.

“Um ambiente orientado à aprendizagem tem como preocupação fundamental o desenvolvimento de cada um dos seus praticantes”, diz De Rose (2002, p. 43). Sendo assim, o profissional de Educação Física tem o papel de iniciar a criança nas atividades esportivas e promover benefícios para a sua formação integral, como por exemplo, o desenvolvimento de suas capacidades de desempenho motor.

Em se tratando de desenvolvimento, a Educação Física pode explorar diferentes movimentos para os mesmos objetivos e vice-versa. Para Perez Gallardo (2009, p. 19), “a Educação Física tem como conteúdo específico o movimento”. E entende-se que o mesmo pode ser um exercício ou uma expressão artística, uma vez que o trabalho com o corpo oferece um número ilimitado e de compreensões e de tratamentos. Para Perez Gallardo (2009, p. 20), ainda, “a Educação Física, ao desenvolver o movimento através de exercícios físicos orienta-se para as atividades recreativas, esportivas e de ginástica”. Assim, a atividade esportiva é uma modalidade que promove benefícios ao desenvolvimento de crianças e adolescentes.

O corpo e os gestos são fundamentais para a formação geral do ser humano. Desde que nasce a criança usa a linguagem corporal para conhecer a si mesma, para relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e descobrir o mundo. Essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são aprendizados efetivos, incorporados. Os movimentos são saberes que adquirimos sem saber, mas que também fica a nossa disposição para serem colocados em uso. Quando alguma coisa acontece pela primeira vez, precisa ser marcante e positiva, para deixar boas recordações, ainda que inconscientes. O uso do corpo permitirá que essas lembranças sejam prazerosas e a pessoa vai associar o aprendizado a sensações gostosas. (LEVIN, 2005, p. 21).

De acordo com Perez Gallardo (2000, p. 31), a coordenação motora pode ser definida como sendo “a atuação conjunta do sistema nervoso central e da musculatura esquelética, na execução de um movimento”. Assim, se entende que a motricidade é a ação conjunta e harmônica de músculos, nervos e sentidos, ou seja, da motricidade voluntária, com as reações rápidas, adaptadas às situações de sobrevivência dentro do meio ambiente, ou a motricidade reflexa. Também se entende que a concretização de uma intenção ajuda na descoberta e no sucesso da motricidade, quando da produção dos movimentos.

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18 Nestes termos, na Figura 1, pode-se ver uma síntese da construção das habilidades fundamentais de acordo com as fases de desenvolvimento motor. A fase motora especializada é a que corresponde a este estudo. Ela pode ser vista, segundo Gallahue (2003, p. 100)

- dos 7 aos 10 anos, como estágio transitório; - dos 11 aos 13 anos, como estágio de aplicação;

- dos 14 anos e acima, como estágio de utilização permanente.

Figura 1: A Ampulheta Heurística de Gallahue nos apresenta as fases do desenvolvimento motor e seus estágios. No caso deste estudo: FASE MOTORA ESPECIALIZADA.

Fonte: Gallahue e Ozmun, Compreendendo o Desenvolvimento Motor, 2003, p.100.

A criança necessita de atividades motoras que desenvolvam suas capacidades de movimento em nível maduro. Participar de um programa de iniciação esportiva a leva a ter um desempenho motor significativo, quando comparado ao daquela que permanece durante horas em frente à televisão ou ao computador. “Esportes e atividades físicas podem se tornar um hábito na vida adulta, em especial se estas atividades foram fontes de prazer e alegria, nos períodos anteriores de seu desenvolvimento”, diz Scalon, (2004, p. 74).

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19 A fase das habilidades motoras especializadas enfatiza a combinação das atividades motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas, com melhor forma, precisão e controle. Para Perez Gallardo (2009, p. 16), “o desenvolvimento psicomotor torna-se pré-requisito para a aquisição de conteúdos cognitivos e a educação do movimento dá lugar à educação pelo movimento”. Assim, ao chegar à adolescência, os sujeitos tornam-se progressistas e mais autônomos, reforçando o que viveram e aprenderam até então. A autonomia e a tomada de consciência caminham juntas diante de tarefas que, antes, pareciam gigantescas. E, neste pensamento, motivação e prática esportiva se apresentam como relações no processo ensino-aprendizagem.

2.2 Estimular a Motivação para a Prática Esportiva

A motivação à prática de esportes enfatiza a utilização do repertório de movimentos adquiridos pela criança no decorrer de seus anos de vida. Sendo assim, envolver-se com a iniciação esportiva, via estímulo do professor, permite à criança e ao adolescente desenvolverem com maior cuidado as atividades motoras mais complexas e, pela prática regular, orientada e planejada, contarem com aspectos relacionados à cooperação, ao envolvimento, às responsabilidades, à disciplina e à convivência grupal, também no jogo.

O estudo da motivação vem permeado de influências de outras palavras, como do termo motivo, que para Machado (1997, p. 169), é “estímulo que impele o indivíduo à ação, sendo que este pode se tornar um motivo, desde que seja bastante forte”. E, neste sentido, o conhecimento da motivação é de grande importância para o controle do comportamento humano e para o desenvolvimento do indivíduo.

Para Machado (1997, p. 173), “o estudo da motivação é voltado para fatores que desencadeiam a atividade a um organismo, a dirigem para um fim e a mantém mesmo que o objetivo não seja imediatamente atingido”. É assim que ocorre a motivação, como um processo que se constitui a partir de algo que desencadeia uma ação, que lhe dá uma direção ao objetivo e a finaliza.

Dos seis aos dez anos, por exemplo, as fases de habilidades específicas do ser humano ou os movimentos fundamentais se dão no campo do estágio geral de transição, ou seja, o mesmo ainda apresenta dificuldades em se organizar no trabalho em grupo, mas é capaz de

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20 aprender e generalizar essas aprendizagens para outras situações. Segundo Perez Gallardo (2009, p. 56) “observar o nível de desenvolvimento significa considerar a criança em seus múltiplos aspectos (físicos, motores, afetivos, cognitivos e sociais)”. Na verdade, é levar em conta o seu aprendizado anterior, observando e respeitando suas características evolutivas.

Dos dez aos quatorze anos, a construção das habilidades fundamentais de acordo com as fases de desenvolvimento motor, denominada fase motora especializada, representa a fase das habilidades culturalmente determinadas. Neste sentido, o decorrer do processo aponta para as suposições, as deliberações e as conclusões lógicas. Sendo assim, Perez Gallardo (2009, p. 65) diz: “A aprendizagem caracteriza-se pela combinação de dois ou mais movimentos fundamentais. É com base nessa integração, no aperfeiçoamento e na diversificação dos movimentos que se vai processar o trabalho do professor de Educação Física”.

Para Rubio (2000, p. 127), “... o esporte hoje pode ser considerado um dos maiores fenômenos sociais da modernidade”. Sendo assim, a sua prática é reconhecida como forma de socialização, que exige elevado grau de competitividade e tolerância à frustração ou estresse. “Ao se falar em iniciação esportiva, é necessário ter claro quais os objetivos desta prática, haja vista que esta área pode ter um enfoque bastante diferenciado, pautado em uma prática esportiva educacional ou com o objetivo de formar futuros atletas”, diz Rubio (2000, p. 125). É assim que se percebe que a iniciação esportiva deve ter, por quem a orienta, atenção e cuidados quanto aos objetivos, às técnicas e aos métodos aplicados.

As crianças e adolescentes, ao iniciarem a sua prática esportiva estarão lidando com novas experiências. Para Rubio (2000, p. 127), “Experiências que envolvam confiança, autoimagem, percepção de si mesmo, entre outras, caracterizando o seu processo de socialização, podem funcionar também como um instrumento alienante para se lidar com essas questões”.

Inúmeros motivos levam a criança e o adolescente à prática esportiva. Segundo Rubio (2000, p. 130-132), entre eles o desejo de se tornar um ídolo, a vontade advinda dos pais, a ascensão social, as questões de saúde, o desejo de ter amigos. “Dessa forma, compreender o que motivou a criança a optar por determinado esporte permite o planejamento de estratégias que facilitam a permanência e a continuidade na modalidade esportiva”, diz Rubio (2002, p. 130). Assim, a família e o técnico esportivo/educador são os mediadores desta aprendizagem,

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21 estimulada desde cedo para que crianças e adolescentes sejam preparados dentro de uma perspectiva educacional de extrema importância para o seu desenvolvimento.

Sobre o papel da família nesta empreitada, Rubio (2000, p. 131) apresenta que “é pelas referências familiares que a criança pode desenvolver suas motivações, autoestima e ir construindo sua própria identidade”. Já sobre a função do treinador, Rubio (200, p. 132) diz: “Ela contribui para a formação de indivíduos não apenas em relação aos conhecimentos adquiridos, como também para a realização do aluno/atleta, preparando-o para enfrentar os desafios impostos pela sociedade”. Na verdade, o estímulo da família e do técnico esportivo, é para crianças e adolescentes motivação à prática esportiva.

Para De Rose (2002, p. 74), “O que normalmente é observado é a grande pressão que pais e técnicos exercem sobre os jovens atletas, exigindo resultados muitas vezes impossíveis de serem atingidos em função das características da faixa etária dos competidores”. Assim, motivar à prática de esporte requer atenção e cuidados com o desenvolvimento multilateral da criança. Isto quer dizer que o profissional deve se preocupar com a elaboração de atividades adequadas às diferentes faixas etárias, o respeito ao nível de desenvolvimento de cada criança e de cada adolescente, o bom senso e o proporcionar um encontro com o maior número possível de experiências e vivências motoras. Nestas perspectivas, as aulas de iniciação esportiva devem vir dotadas desta motivação, o que garante o ânimo e a vontade e desfavorece a desistência deles pela prática esportiva.

Para De Rose (2002, p. 74), “Vencer é importante, mas este deveria ser um objetivo secundário do processo”. Os desportistas, em geral, são motivados pela obtenção de bons resultados ou pela progressão da sua performance esportiva. Também, por um desafio pessoal e pela busca de atenção diferenciada. Já no meio futebolístico, predominam como prioritárias as motivações extrínsecas, sustentadas por recompensas materiais. E, no seio de outras modalidades esportivas, predominam motivações intrínsecas, relacionadas à autoestima, à busca da excelência na performance desportiva, à satisfação pelas tarefas bem realizadas, aos elevados índices técnicos nas competições. Na verdade, somente em segundo plano, aparecem as recompensas materiais. Isso pode ser considerado, assim, meios de motivações mais duráveis e que produzem um diferencial positivo em relação à conduta do atleta. De Rose (2002, p. 74), “essa postura que busca somente a vitória pode desencorajar a participação”.

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22 Igualmente, em se tratando de iniciação à atividade esportiva, entende-se que a criança que ingressa neste programa, vai à busca, principalmente, do divertimento, da alegria e do prazer. Preocupa-se com a vida saudável, porque aprendeu que é preciso ter bons hábitos, força e bom preparo físico.

A criança quer aprender e aprimorar novas técnicas e habilidades, além de ir ao encontro dos amigos, de novas amizades e de reconhecimento. Participando de uma escolinha de futsal, por exemplo, está se envolvendo com o grupo, treinando a disciplina, a responsabilidade, a cooperação entre outras formas. Assim se dá, igualmente, com o adolescente que procura esta modalidade esportiva, incentivado pelos pais, pelo treinador ou pelo professor de Educação Física da escola que frequenta.

Cabe à educação física compreender e explicar o corpo, buscando despertar nos educandos uma consciência corporal que lhes permita perceberem-se no mundo em que vivem e, de posse dessa consciência, interferirem criticamente no processo de construção da sociedade brasileira. (PEREZ GALLARDO. 2009. p. 19).

Entende-se que os fatores que estimulam para a motivação à prática de esportes aparecem de forma diferente entre os atletas. Segundo Scalon (2004, p. 24), “cada atleta tem diferentes níveis de motivação, ansiedades, desempenho, portanto reage de maneiras diferentes”. Sendo assim, a motivação para o esporte dependerá do atleta e de suas referências quanto às perspectivas pessoais de motivação.

Ainda que existam milhares de perspectivas individuais a maioria das pessoas encaixa a motivação em uma das três orientações gerais que andam parelhas com os enfoques da personalidade: a orientação centrada no participante, a orientação centrada na situação, a orientação interacional. (SCALON. 2004, p. 33).

Neste sentido, a perspectiva centrada no participante sustenta a conduta como individual e característica de cada sujeito. Já a centrada na situação, aponta para o ambiente como determinante do nível de motivação. E a interacional compreende o modo como interagem os sujeitos, no caso o treinador e a equipe.

A motivação para a vitória, por exemplo, é conhecida como competitividade. Segundo Houaiss (2008, p. 173), competir é “a ação de concorrer”. Assim, a competitividade influi em condutas, que levam à possibilidade de vencer. Para Scalon (2004, p. 34) “com a teoria da necessidade de ganhar, um indivíduo tem dois motivos fundamentais: alcançar o sucesso ou evitar o fracasso”.

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23 Scalon (2204, p. 37-38) mostra como o desenvolvimento da motivação de vitória e da competitividade se desenvolvem em fases. Pela fase da competência autônoma, antes dos 4 anos de idade; pela comparação social, dos 5 anos em diante e pela fase integrada num momento em que competir e integrar-se à equipe representam referências de conduta.

“O treinador pode motivar os esportistas de forma direta ou indireta”, diz Scalon (2004, p. 38). Na verdade, a forma direta corresponde à ideia de que o treinador intervém para que esportistas se esforcem e cooperem, no sentido de alcançarem os seus objetivos no treinamento. Já a indireta corresponde à mudança de atitude ou de local de treinamento, por exemplo, a fim de que aumente a motivação dos esportistas. Cabe, assim, ao treinador, mostrar-se líder, confiável, motivador e traçar estratégias aumentando as possibilidades de satisfação das crianças e adolescentes envolvidas com o treinamento.

Scalon (2004, p. 39), apresenta algumas sugestões para o perfil do treinador, a fim de que estimule a motivação:

- conhecer o próprio estilo de comunicação; - conhecer as características dos atletas; - mostrar credibilidade;

- ser positivo;

- transmitir mensagens compreensíveis e com muita informação; - comunicar-se de forma consistente;

- facilitar a expressão dos outros; - evitar situações de conflito; - comunicar-se com os demais;

- cultivar a intuição, a escuta, sendo um modelo para os atletas.

A liderança é um instrumento básico de motivação. Para Scalon (2004, p. 44), “a motivação deve estar presente independentemente da idade”. Sendo assim, quando existe

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24 motivação, a realização dos objetivos se dá de uma forma mais amena, mais interessante, mais prazerosa. Na iniciação esportiva, neste ínterim, a competência não demanda somente do domínio técnico, mas também “da capacidade para motivar, ajudar e orientar adequadamente na prática esportiva”, diz Scalco (2004, p. 50).

Enfim, entende-se que, além dos pais e do treinador, os líderes também influenciam a motivação, tanto pelas vias diretas, quanto pelas indiretas. A iniciação esportiva representa, assim, a adequação de técnicas corporais básicas como equilíbrio, ritmo, coordenação em geral e espaço/tempo, às características de uma modalidade esportiva, neste caso, o futsal. Para Ferreira (2002, p. 6), “No futsal, as técnicas individuais empregadas durante a prática do jogo, são fundamentalmente influenciadas pelos componentes de equilíbrio, ritmo, coordenação em geral, espaço e tempo”. Assim, a iniciação esportiva na escolinha de Futsal La Salle possibilita aprendizado considerando-se estes componentes.

2.3 Iniciação Esportiva na Escolinha La Salle

A Escola La Salle, situada em Cerro Largo, é mantida pelos Irmãos da Sociedade das Escolas Cristãs. Entre 1941 e 1972, era uma escola normal rural, tendo seu currículo organizado com o objetivo de formar professores para a zona rural. Era um internato que recebia alunos enviados pelas paróquias e prefeituras de municípios vizinhos com o objetivo de serem formados professores rurais, os quais, voltando para a sua região de origem, atuavam na educação e no desenvolvimento da agricultura. A escola promovia uma formação diversificada, fazendo com que os alunos, além de receberem estudos propedêuticos e de formação pedagógica, realizassem trabalhos em agricultura, se envolvessem com teatro, música e esportes.

Depois de passar por uma (re) estruturação, aliou a oferta de conhecimento científico ao desenvolvimento físico, espiritual, emocional de crianças, adolescentes e jovens. Hoje é uma escola de ensino médio, situada no centro da cidade de Cerro Largo.

A Escola La Salle – Medianeira é um educandário que faz parte da rede internacional de educação: a Rede La Salle, fundada por São João Batista de La Salle, há mais de trezentos anos. Tem a missão de “educar para a vida com amor”. A escola oferece um espaço amplo, sendo a sua estrutura um estímulo para que crianças, adolescentes e jovens se transformem em

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25 cidadãos preparados, atuantes e solidários na sociedade. O seu propósito de educação, desde a educação infantil até o ensino médio é o de preparar o estudante para ser uma pessoa transformadora, qualificada, responsável e solidária.

A Escolinha de Futsal La Salle, fazia parte das atividades desenvolvidas na escola, desde 1998. E era comandada pelo professor/técnico Ricardo de Freitas. O mesmo não tem formação em Educação Física; mas é credenciado, sob a inscrição do CREFE RS 3675.

A escolinha era frequentada por alunos da Escola La Salle Medianeira. E a mensalidade era paga pelos pais dos mesmos, diretamente à escola. Numa conversa com o professor, entendeu-se que, quando o lançamento da escolinha se deu, o fato de que o professor era jogador profissional e estava na mídia, levava os alunos a jogarem inspirados no mesmo.

No ano de 2002, a escola terceirizou a Escolinha de Futsal. E o professor/técnico passou a assumi-la, pagando aluguel à escola e cobrando mensalidade dos esportistas. Era a única escolinha de futsal no município. Com o passar dos anos, a escolinha de Futsal La Salle teve uma evasão dos alunos, sendo que o número de inscritos ao treinamento caiu pela metade. Atualmente, duas outras escolinhas estão em funcionamento, sendo mantidas pela Prefeitura Municipal.

A Escolinha de Futsal La Salle, comandada, ainda, pelo professor/técnico, Ricardo de Freitas, conhecido por Ricardinho, tem tradição pelas inúmeras conquistas em competições, das quais participa ao longo dos anos. A mensalidade está em cinquenta reais mensais. E crianças e adolescentes advindos de todas as escolas do município, num total de quarenta pagantes e dezesseis com Bolsas de Gratuidade, participam, hoje, do Projeto Futsal com Boas Notas.

Analisando o Plano de Estudo da Escolinha de Futsal La Salle se centra em “contribuir na formação de cidadãos, buscando a inclusão social, através de iniciativas e ações técnico-didático-pedagógicas, voltadas ao equilíbrio do processo de interação social cooperativa e competitiva, de forma consciente e reflexiva”. O instrutor técnico Ricardinho ressalta em seus objetivos:

- promover o intercâmbio social, a autonomia e a solidariedade através do futsal; - promover a aprendizagem em grupo, a cooperação e a parceria;

(26)

26 - incentivar o futsal como fonte alternativa ao não uso das drogas e da ociosidade, estimulando a vida saudável;

- proporcionar a oportunidade à participação em eventos esportivos como torneios, jogos de integração, viagens de intercâmbio;

- combater a evasão escolar e minimizar o índice de repetência; - estimular a prática regular de atividades físicas;

- promover a descontração e o relaxamento físico e mental.

A Escolinha de Futsal La Salle atende crianças e adolescentes, dos seis aos quinze anos, divididos nas categorias: Iniciação, Pré-Mirim e Infantil. Sendo que os treinos acontecem em dois turnos, ou seja, de manhã e à tarde, em dois dias semanais.

Na Escolinha de Futsal La Salle, crianças e adolescentes conhecem, em primeiro lugar, os componentes técnicos do jogo, através da repetição de exercícios de cada fundamento técnico, os quais são logo acoplados à série de exercícios. Estes vão ficando, a cada vez, mais complexos, dependendo das possibilidades de cada um. À medida que dominam melhor cada exercício, passam a praticar uma nova sequência. Quando estes movimentos já são dominados passam a ser integrados em um contexto maior, o qual logo lhes permitirá o domínio dos componentes básicos da técnica inerente ao jogo esportivo, numa situação do modelo ideal.

As aulas na Escolinha de Futsal La Salle, iniciam-se no período de inscrições, geralmente com sessenta ou sessenta e cinco alunos. Destes, em média, quarenta continuam os treinamentos, até o fim. Este estudo tem uma representação de doze participantes, entre crianças e adolescentes, que faziam parte da Escolinha de Futsal La Salle, e desistiram.

A maioria das crianças e dos adolescentes da Escolinha de Futsal La Salle treina desde os seis anos, que é a idade mínima para a iniciação esportiva, nesta modalidade. Os demais fazem parte deste programa, há menos tempo. Mas juntos, estimulados pelo seu bom rendimento, pelos pais ou pelo professor, gostam deste envolvimento e o vêem como contribuição positiva para a sua mente e para o seu físico. Na Escolinha de Futsal La Salle

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27 criam-se oportunidades para que alunos da escola e das demais desenvolvam habilidades esportivas e formem vínculos de amizade, dentro de uma vivência fraterna.

Neste ínterim, é preciso apresentar as escolinhas de futsal como extensões em que são trabalhados elementos sociomotrizes numa ligação entre a oposição e a cooperação; mobilidade, equilíbrio, atenção à cobertura ofensiva e defensiva e ao espaço, os quais representam aprendizagem e evolução. Conduzir o ensino na concepção crítico emancipatória é colocar a serviço do grupo novas oportunidades permitindo a participação, a cooperação, o envolvimento, a responsabilidade de cada um da equipe, pelas metas:

- distribuição do tempo e materiais para o desenvolvimento da aula;

- forma de alunos se comportarem em aula, com atitudes de obediência e compromisso; - forma de medir resultados no desempenho dos alunos;

- exposição de emoções permitidas e não permitidas durante o treinamento e jogos; - manifestações de respeito e princípios (valores), ética;

- atenção às regras, formas de conduta e às manifestações do treinador; - disciplina, desenvolvimento e aprendizagem.

Perez Gallardo (2009, p. 27) diz a respeito do profissional de Educação Física: “deve saber reconhecer e investigar o contexto geográfico e sociopolítico que envolve a escola onde trabalha”. Ao professor, ou técnico de escolinha, não cabe, assim, conhecer só o entorno dos alunos, mas a forma como vivem, suas inquietações, seus desejos e sonhos. Desta forma poderá planejar o treinamento definindo pelo que ele espera, pelo que participantes esperam e pelo que pais esperam desta atividade prática.

A prática do futsal, na Escolinha La Salle, é um treinamento realizado em longo prazo. Primeiro, acontece à fase de preparação básica, preliminar, que estimula a saúde e o bem estar, desenvolvendo a preparação física, as habilidades motoras. Depois, acontece um trabalho de domínio destas habilidades, de preparação teórica e prática, para, afinal, ter um treinamento voltado ao futsal e aperfeiçoar rendimentos. A longevidade desportiva reconhece

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28 o ensejo da manutenção dos altos rendimentos e dos bons resultados. É o desenvolvimento motor global que servirá de alicerce para a aprendizagem do futsal, na escolinha.

Na escolinha a prática esportiva tem um caráter de treinamento. Para Scalon (2004, p. 59), “quando a prática esportiva passa a ter um caráter de treinamento, os resultados nos jogos se tornam importantes, à medida que causam uma suposta carga de trabalho, podendo significar recompensa ou abandono efetivo”. Assim como pelos resultados nos jogos, alguns outros fatores levam os esportistas à permanência ou à desistência das aulas treino; e estes vêm abordados no capítulo a seguir, considerando-se ponto de referência a este estudo, a desistência e os fatores associados.

2.4 Desistência e Fatores Associados

As capacidades e necessidades individuais dos esportistas precisam ser respeitadas, também, num trabalho de aulas treino em escolinhas de futsal. Esse trabalho envolve cuidados, porque chega um momento em que crianças e adolescentes passam a questionar a validade do processo de treinamento e, assim, passam a optar por continuar ou desistirem da escolinha.

Para se chegar aos fatores associados à desistência, foi necessário se considerar que muitos dos alunos inscritos não desistem, ou seja, permanecem nas aulas treino. Considerando-se esta realidade, apresentam-se os conceitos de permanência e de desistência, sendo que permanência, segundo Houaiss (2008, p. 572) é “constância, continuidade”. E desistência é “renúncia de algo que se desejava”. (HOUAISS, 2008, p. 237).

Em se tratando deste estudo, o que se levou em conta é o fator desistência, ou seja, de abandono da atividade esportiva. Scalon (2004, p. 59) apresenta que “uma possível explicação é de que há falhas no aspecto educativo, quando se conserva todo um espírito de valorização a seleção, a vitória, e não se respeita as capacidades e as necessidades individuais”. E em se tratando de permanência das crianças e adolescentes no esporte, “o fato de contar com uma boa equipe competitiva e dispor de certas facilidades são elementos fundamentais para a sua participação”, diz Scalon (2004, p. 58). Assim, esses fatores são variáveis que podem ter efeitos motivadores ou contrários à motivação.

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29 Além destes dois fatores, outros ainda, fazem parte do quadro de permanência/desistência aos treinamentos em escolinhas de futsal. Considerando-se a Psicologia do Esporte proposta por Scalon (2004, p. 56-75), o que leva uma criança a abandonar o esporte e as motivações que definem as atividades desportivas é visto, neste estudo, em resumo no Quadro 1:

Quadro 1: Permanência/Desistência – fatores associados.

Permanência Desistência

- melhorar suas habilidades; - passar bem;

- fazer amigos; - vencer;

- vivenciar emoções; - desenvolver o físico;

- bem estar e auto realização...

Fatores associados: desejo de sucesso, de sobressair-se, de melhorar, de equilibrar jogo de cooperação com jogo competitivo, de superar a performance ou as marcas estabelecidas por outros levam ao esforço e à superação.

- falhas no aspecto educativo;

- desrespeito às necessidades individuais; - desrespeito às capacidades;

- despreparo para a competição; - outros centros de interesse; - iniciação desportiva inadequada; - cobrança excessiva pela vitória...

Fatores associados: a motivação extrínseca

causada pelas premiações e presentes oferecidos aos vencedores da competição; descrédito ao treinador e/ou seu trabalho; Burnout.

FONTE: Quadro adaptado pela pesquisadora, das informações de Scalon (2004, p. 56-75).

O termo Burnout é o nome dado para “o quadro de abandono de uma atividade profissional”, conforme Freudenberg, citado por Scalon (2004, p. 165). Hoje é conhecido como síndrome caracterizada pelo esgotamento emocional. Em Scalon (2004, p. 165), ele aparece como “estresse esportivo”, também. E suas fases evolutivas aparecem em Scalon (2004. p.173):

a) o sentimento de entusiasmo e de energia começa a diminuir;

b) a falta de capacidade energética leva à angústia e ao abandono conjunturais; c) ao final se produz uma perda de confiança, de autoestima, aparecimento de depressão, alienação e abandono. (LOHER: apud BECKER JR. 1996).

Na verdade, o Burnout causa atitudes negativas, insensibilização, culpa, dores de cabeça, resfriados constantes, depressão, problemas de socialização – o que pode levar às drogas e ao alcoolismo. E esses sintomas aparecem, enquanto processos (des) motivacionais e emocionais, segundo Scalon (2004, p. 174), “muito ligados ao processo de ansiedade”.

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30 Mesmo o treinador da escolinha de futsal realizando um trabalho de iniciação embasado no ensinamento do esporte, por meio de métodos apropriados às diferentes faixas etárias, garantindo uma prática esportiva prazerosa e se preocupando com o rendimento da criança, se percebe que ocorre a desistência ao treinamento.

E as causas mais frequentemente divulgadas pelos pais, quando da desistência dos seus filhos, são:

- a falta de interesse, depois de alguns dias de treino;

- a preferência por outras formas de divertimento, como a internet ou o vídeo game; - a presença dos pais nos treinos e a insatisfação em perceber o treinador não colocou o filho para jogar por muito tempo;

- as notas baixas, na escola; - as despesas com viagens; - o frio do inverno;

- a rigidez e a cobrança por parte do treinador;

- os deboches e desaforos por parte dos colegas, o que incomoda aos mais tímidos e que demoram um pouco mais a aprender.

Considerando-se que a iniciação esportiva corresponde a um processo que tem início quando a criança chega à escolinha e continuação até a prática esportiva; acontece, muitas vezes, que muitos desistem quando do aprendizado ou do posterior treinamento progressivo, direcionado a melhorar e, depois, a aperfeiçoar os diferentes aspectos. Esta situação de desistência se dá por diferentes motivos, por vontade do próprio participante, ou por vontade dos pais.

Na Escolinha de Futsal La Salle, os desistentes se mostram movido por outros interesses, segundo o treinador. Eles se matriculam e, após determinado tempo de treino, renunciam, deixando de dar continuidade ao seu envolvimento em uma modalidade que vem contribuindo de maneira significativa na sua formação e no desenvolvimento de habilidades básicas para a prática do futsal. E o fazem, na maioria das vezes, porque o início de sua participação se deu

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31 por vontade dos pais e não por sua própria vontade, ou porque se sentem rotulados, inseguros, autorregulados, ou por uma espécie de “castigo”, quando pais, insatisfeitos com uma atitude ou com uma nota de avaliação, tiram deles a atividade da qual mais gostam, ou porque o mundo virtual e eletrônico permite que se divirtam com mais tranquilidade, em se tratando de horários, disciplina e responsabilidades.

Na verdade, os valores de convívio social e a forma de produção que o grupo considera importante para si mesmo e para o ambiente social a que está inserido representam estágios de aprendizagem e conhecimento. Sendo assim, a prática do futsal tem ampla importância, enquanto atividade corporal, na formação do indivíduo. O que se precisa é que crianças e adolescentes a vejam como oportunidade. E que comecem o seu treinamento e o concluam, na certeza de que estão trabalhando mente e físico, em consonância com o que esperam e o que treinador e família esperam deles.

3. METODOLOGIA

Uma mudança de foco em relação aos objetivos educacionais facilitou a maior participação da Educação Física na organização curricular das escolas. Sendo assim, pais e educadores da escola básica procuram, com maior regularidade, orientar crianças e adolescentes à prática da modalidade de futsal, em escolinhas. Esta realidade vem colaborando para que o profissional que atende, neste tipo de envolvimento esportivo, consiga mais êxito e melhores condições de manter a atenção dos participantes num ambiente de troca, interação, mobilidade e evolução.

Sabendo-se que as atividades motoras criam espaços para que crianças se iniciem em normas de conduta e de convívio junto aos adolescentes, a metodologia deste estudo se centrou em uma pesquisa-ação, em observação: pela coleta de dados em questionário aos pais, alunos e ao professor/treinador; pelo registro e análises. O processo compreendeu o modo qualitativo e o quantitativo, sendo que as suas características vêm descritas a seguir.

3.1 Características da Pesquisa

Reconhecendo a metodologia científica no caminho de Habermas, em Demo (1994, p. 21), e buscando-se um aporte teórico a respeito de orientações à pesquisa, entendeu-se que “a

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32 discutibilidade é o critério principal da cientificidade”. Sendo assim, o questionamento sistemático se deu a fim de sustentar, na pesquisa-ação, os desinteresses das crianças em participarem dos treinos na escolinha, bem como o pensamento dos pais e do treinador frente à realidade.

A partir do questionário aplicado com os participantes se buscou realizar a (re) construção das teorias, levando a eles a oportunidade de conhecerem as reais vantagens em se iniciar os treinamentos e permanecer na escolinha até o seu tempo próprio, que é o da prática desde a iniciação até a fase de aperfeiçoarem rendimentos.

A pesquisa na descrição dos resultados, na verdade, procurou relatar o ponto de vista dos envolvidos. Tratou-se da descrição da realidade do grupo em pesquisa questionadora visando examinar aspectos variados de sua vida, bem como buscar saber que razões levam as crianças a buscarem essas atividades, se as mesmas têm influência em seu comportamento ou atitudes. Sendo assim, a pesquisa aplicada se deu pelo experimento de campo, pela pesquisa exploratória, num processo qualitativo, em forma de questionário.

A pesquisa indicou a faixa etária e os interesses das crianças em desistirem das aulas treino, na escolinha. Também mostrou o número de desistência, antes de completar o seu tempo de treinamento que seria até os quinze anos de idade, mais ou menos, definindo-se a população da amostra.

As orientações de Roesch (1996), que sugere envolvimento com a metodologia e que, a partir dos objetivos do projeto, define coerência entre métodos e técnicas, se apresentou como guia da pesquisa-ação. Para Roesch (1996, p. 58), “na pesquisa aplicada os pesquisadores trabalham com problemas humanos. Entender a natureza do problema para que se possa controlar o ambiente”. Sendo assim, o estudo de caso, com observação aos participantes e do todo, se deu de forma qualitativa, em pesquisa-ação.

3.2 População e Amostra

Cinquenta e seis alunos, hoje, representam a população, sendo que a amostra, a qual foi parte do estudo, vem representada por um grupo de 12 participantes, entre crianças e adolescentes, que desistiram das práticas esportivas da Escolinha de Futsal La Salle, da cidade de Cerro Largo - RS, bem como os pais dos mesmos e o professor treinador. Estes

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33 participantes provêm, na sua maioria, do Colégio La Salle Medianeira, idealizador da proposta em modalidade de futsal, e os demais, de escolas municipais e estaduais do município.

3.3 Materiais e Instrumentos

Os instrumentos da pesquisa-ação corresponderam a: questionário aos inscritos que desistiram do treinamento, aos pais dos mesmos e ao professor/treinador. O processo se deu pela observação da realidade, a partir da coleta de dados (questionário), pelo registro e análises, considerando-se as modalidades qualitativa e quantitativa; sendo os resultados apresentados em quadros.

3.4 Procedimentos

Em caráter qualitativo e quantitativo, o processo de coleta de dados e a sua análise se deu de forma em que a primeira antecedesse à segunda. Sendo assim, o questionário foi à técnica desta coleta de dados, que levantou a preferência dos envolvidos, a sua pretensão e os motivos que os levaram a desistirem do treinamento na Escolinha de Futsal La Salle. Não foi apenas um conjunto de questões listadas sem reflexão. Foi um instrumento que, por meio de questões abertas, permitiu a pesquisa-ação, pelos dados e análise de respostas, para se chegar aos objetivos propostos.

O questionário seguiu orientações de Oppenheim (1993) que apresenta como fatores a serem considerados: o tipo de instrumento a ser utilizado, o método de abordagem dos respondentes, a sequência, ordem e o tipo das questões. Assim, buscou-se, a partir destes fatores, atenção e escolha cuidadosa na formulação das perguntas.

Foram apresentadas, então, aos desistentes, quatro questões abertas relacionadas ao treinamento e aos possíveis fatores que pudessem levar os questionados ao abandono da prática de futsal, na escolinha. Aos pais foram apresentadas duas questões abertas e ao treinador, também, duas questões abertas. A aplicação ocorreu em particular, sob a orientação da pesquisadora, num encontro entre entrevistadora e entrevistado, sendo que os participantes puderam conferir confiabilidade quanto ao uso do questionário, que serviu para a comprovação do exposto no relatório final.

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34

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

A apresentação de dados correspondeu à breve exposição daquilo que as crianças e adolescentes apresentaram como respostas ao questionário, sendo que os questionários aplicados aos pais e ao treinador representaram instrumento para o (re) conhecimento da realidade. Sendo assim, a análise e a discussão de dados se deram no sentido de se conhecer os interesses, os motivos que levaram crianças e adolescentes a desistirem da prática esportiva do futsal na Escolinha de Futsal La Salle. Também, para se comparar as informações prestadas pelos alunos, pelos pais e pelo professor, com a literatura; bem como para se cruzar essas informações, numa oportunidade de se evidenciar a consistência do conteúdo arrolado.

Partindo-se das considerações dos inscritos sobre os fatores relacionados à sua desistência registraram-se, no Quadro 2, a idade e o nível de escolaridade do grupo de alunos pesquisados.

Quadro 2: Idade e ano de escolaridade do aluno desistente da escolinha de Futsal La Salle.

Idade Escolaridade Observações

1. 12 anos 6ª série no ano de 2012

2. 10 anos 4ª série no ano de 2012

3. 11 anos 6ª série no ano de 2012

4. 10 anos 4ª série no ano de 2012

5. 12 anos 6ª série agosto de 2011

6. 13 anos 6ª série no ano de 2012

7. 8 anos 2ª série no ano de 2012

8. 12 anos 6ªsérie no ano de 2012 9. 11 anos 5ªsérie no ano de 2011 10. 12 anos 5º ano no ano de 2012 11. 12 anos 6ª série no ano de 2012 12. 9 anos 3ª série no ano de 2012

*FONTE: quadro criado pela pesquisadora.

Como se pode perceber a maioria dos alunos encontra-se na idade de 11 e 12 anos e a metade dos pesquisados estão na 6ª série. Isto informa que estes pesquisados têm uma vivência de vida maior e uma escolaridade também maior. Neste sentido, concorda-se com De Rose (2002) que defende a ideia de que adolescentes entregam-se às atividades com mais

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35 envolvimento que as crianças, pois a partir dos 10 anos de idade, aparece com mais evidência a possibilidade de experiência particular de desempenho, técnica, tática, estratégica e especializada, uma vez que as atividades esportivas sugerem uma prática lúdica que orienta os mesmos nas suas capacidades e limitações.

É, na verdade, dos 10 aos 14 anos que se dá a construção das habilidades fundamentais, considerando-se as fases de desenvolvimento motor, conhecida como fase motora especializada. Esta fase, assim, representa a fase das habilidades culturalmente determinadas. Analisando-se o Quadro 2 se entende que a discussão aponta para a ideia de Perez Gallardo (2009, p. 65), que diz: “A aprendizagem caracteriza-se pela combinação de dois ou mais movimentos fundamentais. É com base nessa integração, no aperfeiçoamento e na diversificação dos movimentos que se vai processar o trabalho do professor de Educação Física”.

Também, Perez Gallardo (2009, p. 16), diz que “o desenvolvimento psicomotor torna-se pré-requisito para a aquisição de conteúdos cognitivos e a educação do movimento dá lugar à educação pelo movimento”. Neste sentido, o Quadro 2 aponta para uma certeza – a de que ao chegar à adolescência, os sujeitos tornam-se progressistas e mais autônomos, reforçando o que viveram e aprenderam até então. É assim que a autonomia e a tomada de consciência se interligam frente a tarefas tão grandiosas, quando a motivação e a prática esportiva se apresentam como relações no processo ensino-aprendizagem.

Também se percebeu que, se dos seis aos dez anos, as fases de habilidades específicas do ser humano ou os movimentos fundamentais se dão no campo do estágio geral de transição, crianças apresentam dificuldades em se organizar no trabalho em grupo, mas são capazes de aprender e generalizar essas aprendizagens para outras situações. E um pequeno número delas inscreveu-se para o treinamento e desistiu, como se pode observar no Quadro 2. Este estágio transitório entre a fase motora fundamental e a especializada de Gallahue (2003, p. 100), confere confiabilidade entre dados/suas análises e bibliografia.

E, finalmente, a respeito destes dados relacionados à idade e ao ano de escolaridade dos desistentes, atenta-se para Gallahue (2003, p. 100), que sintetiza a fase motora especializada como determinante para a utilização permanente aplicada à vida diária, recreativa e competitiva, tendo como base a Ampulheta Heurística sistematizada na Figura 1, da página 19, deste estudo.

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