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Templo luterano: a arquitetura introduzindo uma experiência de fé

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Academic year: 2021

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TEMPLO LUTERANO

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O CÉU NÃO ESTÁ EM CIMA, OU EMBAIXO OU À DIREITA OU À

ESQUERDA; ESTÁ NO CENTRO DO PEITO DO HOMEM QUE TEM FÉ.

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Introdução

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INTRODUÇÃO

Este trabalho constitui projeto arquitetônico para o Templo da Comunidade Evangélica Luterana da Trindade (CELT). O Templo está implantado em ter-reno adquirido recentemente pela CELT e locali-za-se no bairro Córrego Grande - Florianópolis/SC

Este trabalho está dividido de acordo com os seguintes pro-cessos;

1. Pesquisa histórica, iconográfica e filosófica

2. Levantamento de dados, demandas, dificuldades e desejos do Comunidade Evangélica Luterana da Trindade

3. Diagnóstico da área de intervenção 4. Projeto Arquitetônico

5. Memorial de Projeto com detalhamento de estrutura e materiais.

Objetivo Geral

Apresentação

Metodologia de Trabalho

Espaço Sagrado

MirceaEliade, em seu livro O Sagrado e o Profano, apon-ta que concepção do sagrado e espaços sagrados surgiu nas sociedades primitivas a partir da necessidade humana de organizar o caos do mundo a sua volta. O espaço deixa de ser caótico e homogêneo a partir da oposição entre os espaços qualificados como sagrados e os espaços profanos. A vivência do sagrado possibilita ao homem a constituição de um centro a partir do qual todo o universo se orienta e organiza. A criação deste ponto fixo no espaço é importante na teoria de Eliade pois “nada se pode fazer sem uma orien-tação prévia – e toda orienorien-tação implica na aquisição de umponto fixo” (ELIADE, 1998, p. 26).

O autor defende ainda que o sagrado se manifesta como algo que é absolutamente diferente do profano (1998, p.17), mas se revela em elementos comuns, com outros signi-ficados. A ressignificação dos elementos depende da fé dos indivíduos, ou seja, de eles adotarem uma postura religiosa ou não. Com isso, Eliade assume que existem duas maneiras de existir no mundo, ou duas maneiras de se posicionar dian-te das coisas: uma sagrada e outra profana.

Rudolf Otto, citado por EdinSuedAbumanssur em As Moradas de Deus, buscando exprimir o que a vivência do sagrado propicia, cria o termo numinoso, quepretende defi-nir o sagrado quando abstraído de seus aspectos racionais. Para o autor, o numinoso é um sentimento desperto pelo mysteriumtremendum: o mistério que faz tremer. O mysteriu-mtremendum, com todas as suas facetas, provoca horror e cala os indivíduos diante da grandiosidade do ser divino, ao mesmo tempo em que os anima e arrebata, incita respeito e obediência. Segundo o autor, a experiência do numinoso é inexplicável, sendo reconhecível[apenas]por quem já o ex-perimentou (OTTO apud ABUMANSSUR, 1998, p. 155).

Para ele, o numinoso é despertado por dois meios: a obscuridade e o silêncio. Abumanssur, em sua interpreta-ção, afirma que existe um caráter místico na penumbra, na • Projeto de um Templo para Comunidade

Evangéli-ca Luterana da Trindade onde os seus membros en-contrem espaço de culto e também de convívio.

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Introdução obscuridade. O efeito misterioso do jogo de luzes das

meias--claridades, esse jogo erótico da ocultação onde a suges-tão vale mais que a evidência, fala à alma humana [...]. E o silêncio, na linguagem dos sons, corresponde à obscuridade (ABUMANSSUR, 1998, p. 160).

A busca pela representação do divino, ou do Ser, sem-pre impulsionou o desenvolvimento das artes. No entanto, em decorrência de diversos fatores, entre eles a Reforma Protestante, assumiu-se que não se podem produzir imagens do divino, que sua representação não está ao alcance do artista, e que a tentativa de criação de imagens poderia cul-minar inclusive em idolatria. Abumanssur afirma que a rejei-ção da forma e da imagem figurada como caminho para o Ser, teve seus desdobramentos na própria estética (2009, p.185). O distanciamento entre a referência e referenciado levaram a arte a um processo de abstração e decompo-sição da realidade, onde o artista recolhe-se à sua própria subjetividade para realizar sua arte. O observador, por sua vez, torna-se livre dos suportes materiais para construção de sua experiência estética. Então, o objeto em si deixa de transmitir significados pré-concebidos pelo artista e passa a agir como um catalisador de uma experiência que pertence e é exclusiva de quem observa (2009, p.187).

Embora a arquitetura não tenha a mesma função de representação do Ser que as demais artes, pode-se traçar um paralelo entre o processo de subjetivação pelo qual elas passaram e o que conduziu o desenvolvimento da arquite-tura. As percepções individuais também adquiriram maior importância e o espaço sagrado perde seu caráter de orga-nizador dos espaços e passa a habitar a subjetividade dos indivíduos. O mundo interior e pessoal assume caráter sagra-do, enquanto o mundo externo assume caráter profano, al-terando as relações entre sagrado e profano propostas por Eliade, ainda que o autor também reconhecesse a postura, ou o modo de ser (sagrado ou profano) de cada indivíduo um fator determinante na percepção do sagrado.

Da mesma forma, o protestantismo não considera o es-paço litúrgico como eses-paço sagrado, mas que este eses-paço

é ocupado pelo sagrado durante as celebrações. O verda-deiro templo de Deus é o coração dos homens, e a igreja é sua casa em aspecto comunitário. A sacralidade depen-de então depen-de um olhar depen-de fé, embora as pessoas possam ser lembradas dela a partir da conformação dos espaços de culto (ABUMANSSUR, 2009, p.10). Além disso, visto que as re-ligiões atualmente não possuem o caráter de ordenadores da vida cotidiana, como tiveram para as sociedades primi-tivas, prevalecem aquelas que concedem aos indivíduos a autonomia de elaborarem suas próprias representações do sagrado conforme sua sensibilidade pessoal(ABUMANSSUR, 2009, p. 172).

Sem cunho sagrado, as igrejas protestantes costumam compor ambientes austeros, com paredes nuas e evitando elementos que possam despistar a atenção dos fieis da pre-gação. A Palavra pregada assume papel central,por isso o local de pregação recebe ênfase nos recintos de celebra-ção dos cultos.

Esta experiência religiosa baseada em um discurso es-truturado e dogmático, extremamente racional, evoca tam-bém por uma devoção mística, uma vivência do sagrado mais intuitiva e imediata, uma vivência do numinoso. Os in-divíduos buscam por esse conhecimento de Deus que trans-cende as ordens discursivas de sua comunidade de fé, e que seria como uma compensação à racionalidade protestante (ABUMANSSUR, 2009, p. 84).

Então, neste cenário onde o próprio indivíduo constitui o “lugar sagrado”, resta às artes e à arquitetura a função de compor um ambiente propício para que cada pessoa se encontre e se conecte com o sagrado que nela habita. No que toca a arquitetura, Rudolf Otto aponta a obscuridade e o silêncio como o caminho para despertar uma vivência do sagrado. Ela deve sensibilizar os indivíduos, criando a ambi-ência para que eles, num estado de introspecção e reflexão, possam conceber sua própria percepção e relação com o sagrado.

Além disso, aos templos e demais arquiteturas religiosas caberiam a função de comunicar a identidade e doutrina

dos grupos religiosos, a fim de que os indivíduos não se sintam solitários em sua busca pelo encontro com o divino, mas te-nham consciência de coletividade e do todo do qual fazem parte (ABUMANSSUR, 2000, p. 188).

Com isso, tem-se que este trabalho deverá se desenvol-ver buscando contemplar duas frentes: uma voltada para a criação da ambiência necessária para que os usuários do templo se “conectem” com o divino, desenvolvendo suas percepções conforme a própria sensibilidade, e outra vol-tada para a transmissão da doutrina luterana, baseada nas simbologias e tipologias historicamente adotadas pela mes-ma, e a consolidação de uma identidade para a CELT en-quanto comunidade e enen-quanto Igreja Luterana.

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Introdução

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JUSTIFICATIVA DE ESCOLHA DO TEMA

1. Proximidade com a Igreja Luterana

3. Oportunidade de prática de projeto próxima ao exercício real da profissão

Além dos motivos expostos, o desenvolvimento do projeto do Templo Luterano proporciona a possibilidade de uma prática de projeto muito verdadeira e próxima ao exercício real da profissão de arquiteto e urbanista. Lidar com as demandas de um cliente complexo, uma comuni-dade onde cada indivíduo tem expectativas pessoais em relação ao sonhado templo, um programa extenso e um terreno compacto, com uso bastante restrito pelo Plano Di-retor de Florianópolis, proporcionará uma experiência con-sistente e legítima de projeto, um último exercício bastan-te apropriado anbastan-tes de adentrar o mercado de trabalho.

2. Relação da arquitetura com a percepção do divino

Sou membro da Igreja Evangélica de Confissão Lutera-na desde que fui batizada pelos meus pais Lutera-na Comunidade Evangélica Luterana do Centro, em Florianópolis. Frequentei esta Comunidade durante minha primeira infância, até ela iniciar um processo de ramificação que tinha como objetivo espraiar a Igreja pelo território de Florianópolis e, com isso, alcançar uma quantidade maior de pessoas. Foi fundada então a atual Comunidade Evangélica Luterana da Trinda-de, que passei a fazer parte desde a fundação.

Acompanhei o desenvolvimento desta comunidade, que iniciou com uma quantidade restrita de participantes em uma pequena casa adaptada à nova finalidade. Em um curto período de tempo a Comunidade passou a desenvol-ver o seu propósito de disseminação e conquista de fiéis, o que gerou uma demanda crescente por espaço físico. Atu-almente a Comunidade reúne-se no Templo Ecumênico da Polícia Militar, onde faz um uso contido dos espaços dispo-nibilizados, e mobiliza-se para a construção de um templo próprio a ser construído em terreno adquirido recentemente, localizado no bairro Córrego Grande.

Vivi minha infância e adolescência neste meio religio-so e o considero definitivo na formação do meu caráter e da pessoa que sou. Devido à educação cristã que recebi, nun-ca conheci um mundo “sem Deus” e minha fé se desenvol-veu de forma muito natural. Talvez por isso tenham sido raras as vezes em que me questionei em relação a autenticidade de minha fé, até uma recente visita aos edifícios religiosos de Ouro Preto (MG), onde fui levada a uma reflexão sobre este assunto inédita para mim.

A comoção que as igrejas históricas promoveram no grupo de aproximadamente setenta jovens com quem eu estava me chamou muita atenção durante as vivências. In-dependentemente de denominações religiosas, o discurso que aquelas arquiteturas transmitiam atingiu todo o grupo. Cada edifício enfatizava um aspecto diferente de Deus e da Igreja, e de alguma forma levava à comoção, reverência, introspecção, temor...

Neste contexto, passei a me questionar sobre a influ-ência de agentes externos no desenvolvimento da fé dos indivíduos e sua percepção do “divino”, visto que alguns de-les provocam os sentidos das pessoas de forma tão miste-riosa e transcendental que poderiam ser associados a algo ou alguém “sobrenatural”. Estes agentes externos, como a arquitetura, imagens e ornamentações ou até mesmo a for-ma como um líder religioso conduz as cerimônias, poderiam provocar tal efervescência a ponto de os indivíduos subme-tidos a eles confundirem sua experiência com um contato autêntico com Deus. Perguntei-me então se minha própria fé não seria motivada por estes fatores externos, e a questionar a veridicidade do que vivenciei minha vida toda. Minha re-ação imediata a esta dúvida com que me deparei foi a de tentar anular estes fatores externos a fim de pôr minha fé à prova, testar o quanto dela aflorava sem a ajuda deles. Para mim, a arquitetura seria um dos principais condutores destes estados de comoção, visto que envolve todos os sentidos

dos indivíduos a fim de transmitir seu discurso. Surgiu então minha segunda motivação para projetar o templo Luterano para a Comunidade da Trindade: o desejo de desenvolver uma arquitetura religiosa que não gerasse nenhuma influên-cia sentimental, que se anulasse completamente para que os usuários pudessem ter um encontro íntimo com Deus ba-seado na introspecção e meditação.

Mas, passada a euforia inicial com que me dispus a bus-car uma solução para a questão, compreendi que está fora do meu alcance projetar um objeto arquitetônico totalmen-te nulo, porque, entre outros motivos, ele não pode, enquan-to forma,matéria e ocupante de um “lugar” no espaço, se libertar de todo seu valor simbólico e significado. Não seria possível, portanto, propor uma arquitetura na qual os usuá-rios estivessem completamente livres da influência delaaos seus sentidos. No entanto, assim como as igrejas de Ouro Pre-to foram utilizadas como um meio incisivo de transmissão de ideologias e doutrinas, poderia ser projetado um templo cujo discurso condissesse com a doutrina Luterana, podendo atu-ar inclusive como agente evangelizador. Mais do que isso, o espaço poderia funcionar não como um comunicador de Deus em si, mas como um promotor da interiorização da fé e das buscas pessoais por uma “comunicação” com Deus.

Templo Ecumênico da Poliícia Militar, onde atualmente a Comunidade Luterana da Trindade reúne-se. Fonte: http://paroquiamilitarcristorei. blogspot.com.br/ Acesso em Maio de 2015

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Pesquisa

A REFORMA PROTESTANTE E A ORIGEM DA IGREJA LUTERANA

No início do XVI, a Europa passava por um período confli-tuoso. A Igreja Católica atuava de maneira duvidosa e sobre a população europeia, pairava um espírito de descontenta-mento e insatisfação, provocado pelas más colheitas, a imi-nência de doenças (pestes) e as lutas de classes (DICKENS, 1971). No entanto, a partir da queda do sistema feudal e a introdução do sistema capitalista nas sociedades europeias, as cidades passaram a desenvolver um papel fundamental, preparando o cenário político para a Reforma que viria. As cidades entraram em grande progresso econômico propor-cionado pelo comércio, que também gerava um grande fluxo de pessoas e trocas culturais, tornando as cidades am-bientes muito propícios à discussão de ideias. A burguesia consolidou-se nestes recentes meios urbanos e, atentando aos lucros, passou a manifestar descontentamento diante da intromissão do clero em seus negócios. (KLUG, 1955).

Além dos fatores já expostos, a criação da prensa de tipos móveis e a expansão das universidades colaboraram para a disseminação dos ideais reformistas, que passaram a ser discutidos entre os universitários e divulgados para toda população por meio de publicações impressas. Segundo Di-ckens, entre 1517 e 1520, haviam sido impressas 30 publica-ções de Lutero, líder intelectual da Reforma Protestante ale-mã, em aproximadamente 300.000 cópias. Tais publicações aceleraram a adesão às ideias reformistas,diferenciando o movimento das demais manifestações reformistas anteriores, que logo foram contidas pela Igreja e condenadas como heréticas.

A população, oprimida por esta Igreja dominadora e abusiva, se mostrou receptiva aos ideais que anunciavam libertação. Mas houve reações diferentes em toda a Europa. Nos estados onde se havia consolidado uma monarquia na-cional forte, como a Inglaterra e a França, começaram mo-vimentos pela instituição de igrejas nacionais, independentes da Igreja sediada em Roma (DICKENS, 1971). A Alemanha,

no entanto, ainda se encontrava numa situação de desor-ganização política que a mantinha vulnerável às exigências da Santa Sé. Então, a Reforma Protestante teve início com a intenção de transformar esta Igreja a qual a população ale-mã estava submetida de modo que ela voltasse a exercer sua liderança espiritual e função pastoral e abandonasse o caráter tirânico que incorporou durante a Idade Média.

Lutero foi um monge e professor universitário que nasceu na Alemanha, em 1483. Embora dedicado e comprometido com a vida religiosa, Lutero viva atormentado por dúvidas em relação a Deus, compreendido por ele como um juiz severo, e a incerteza da salvação. Encontrou a resposta às suas angustias na carta de Paulo aos romanos, onde viu que:

“... a justiça de Deus revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé” (Romanos 1:17).

A partir desta passagem bíblica, Lutero concluiu que o povo não precisava se submeter às exigências da Igreja para obter a salvação, mas apenas crer, ter fé de que ela foi concedida aos homens por meio da morte de Jesus Cris-to. Esta nova visão das Escrituras tornaram Lutero intolerante diante das atitudes arbitrárias do clero, que abusava da ig-norância da população acerca desta verdade para acu-mular riquezas. Ele passou a discutir sua visão da salvação e contrariedade ao clero em suas aulas na Universidade de Wittenberg e logo ganhou adeptos. Isso fez com que ele en-trasse em choque com as autoridades eclesiásticas e suas desavenças atingiram o ápice após a divulgação, em 31 de outubro de 1517, de suas 95 teses, que consistiam numa de-núncia à venda de indulgências e outras práticas duvidosas da Igreja Católica.

A partir de então, Lutero foi convocado algumas vezes a comparecer diante das autoridades clericais, sob ameaça de excomunhão, para negar suas teses e se retratar, ao que ele sempre se negou, alegando que suas ideias estavam de acordo com Bíblia. Lutero foi excomungado da Igreja

Cató-lica em 1521. Em 1525, já aos 42 anos, Lutero se casou com uma freira que havia fugido do convento após ouvir suas ideias. Ele e Catarina von Bora tiveram seis filhos. O restante de sua vida também foi permeado por embates teológicos, intelectuais e pessoais e aos 62 anos, em decorrência de sé-rios problemas de saúde, Lutero faleceu.

“Os corpos dos cristãos descansam na sepultura e dormem até que venha Cristo e bata no túmulo dizendo: Acorda, le-vanta, Martim Lutero, e vem cá pra fora! Haveremos de res-suscitar em um momento, como dum sono suave, e agradá-vel para viver com Cristo, o Senhor, em eterna alegria.” Lutero

“As 95 teses de Martinho Lutero”. Pintura de Ferdinand Pauwels, 1872. Fonte: http://www.voxeurop.eu/ Acesso em Julho de 2015

1. Contexto Político e Social

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Pesquisa

1.3 Surgimento da Igreja Luterana

Os ideais reformistas foram disseminados rapidamente por toda a Alemanha e conflitos entre protestantes, como ficaram conhecidas as correntes oriundas da Reforma, e ca-tólicos tornaram-se cada vez mais frequentes. Por isso, em 1530, os reformistas foram convocados mais uma vez a com-parecer diante do Imperador Carlos V pois tinham a inten-ção de provocar a cisão da Igreja. O Imperador não aceitou a confissão de fé luterana e apenas em 1555 assinou a Paz de Augsburgo.

O documento reconhecia a Igreja Luterana oficialmen-te e estabelecia tolerância aos luoficialmen-teranos no Sacro Império Romano. A liberdade de culto estabelecida a partir da Paz de Augsburgo possibilitou uma expansão ainda maior do lu-teranismo, que alcançou dois terços da população alemã, de onde se espalhou por todo o mundo Em 1955, a igreja Luterana já se fazia presente em todos os continentes e con-tabilizava 75 milhões de luteranos em todo o mundo (KLUG, 1955).

1.4 A Igreja Luterana no Brasil

1.5 A Igreja Luterana em Florianópolis

A presença de um grupo luterano significativo no Brasil só ocorreu a partir do século XIX, com a vinda dos primeiros imigrantes europeus para suprir a carência de trabalhadores rurais, que aumentou ainda mais após a assinatura da Lei Áurea, em 1888. Os primeiros grupos alemães vieram para o Brasil já em 1819 e a primeira comunidade luterana no Brasil foi fundada em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, já no ano de 1824, seguida pela comunidade luterana que fundou a cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

A primeira igreja luterana de Santa Catarina foi funda-da em Joinville, no ano de 1851, seguifunda-da por Blumenau em 1857 e Santa Izabel em 1861. O Sínodo Evangélico-Luterano de Santa Catarina, estruturas eclesiásticas que visam

estabe-lecer vínculos entre as comunidades luteranas, foi fundado no ano de 1905.

Os primeiros anos de inserção do luteranismo foram complicados. Como a religião oficial do Brasil ainda era o ca-tolicismo, os grupos luteranos sofriam rejeição e não podiam manifestar sua fé livremente. A discriminação fez com que as comunidades luteranas vivessem em isolamento, preser-vando suas tradições germânicas. Durante as duas Guerras Mundiais, quando houve o ápice da repressão não apenas aos luteranos, mas a toda a comunidade germânica, eles perceberam que precisavam repensar os vínculos culturais com a Alemanha e sua inserção na realidade brasileira. Foi neste período que uma das vertentes da Igreja Luterana no Brasil passou a enfatizar uma igreja nacional, atuante junto a todos os brasileiros.

Então, em 1968, foi criada a Igreja Evangélica de Confis-são Luterana no Brasil, reunindo as comunidades de origem alemã (KLUG, 1955). Concomitantemente, atuava desde 1904 no Brasil uma vertente vinculada a missionários ameri-canos da Igreja Luterana do Sínodo do Missouri, que ficou conhecida como IELB

Sede da Igreja Luterana de Nova Friburgo construída em 1952. As ante-riores foram demolidas. Fonte: www.ieclbhistoria.org.br/ Acesso em Maio

de 2015. Primeira igreja luterana de Florianópolis. Fonte: Wikimedia Commons

No final do século XIX já havia um grupo de alemães fixado em Desterro que fundou, em 1867, a Escola Alemã em uma Chácara. Em 1913 foi inaugurada a Igreja Evangélica Alemã de Florianópolis, mesmo período em que também foi construída a Casa Pastoral. A chácara acomodava ainda o Galpão de Ginástica e o Clube de Caça e Tiro, revelando a função social da igreja, que aglomerava os equipamentos utilizados para a comunhão e reunião dos imigrantes.

Atualmente, parte destas instalações não existe mais. A Casa Pastoral foi demolida, e hoje existe um estacionamento no local. O Galpão de Ginástica foi tomado para a cons-trução da Rua Deputado Leoberto Leal, e à Escola Alemã foram dados diversos usos públicos: funcionou como prisão, hospital, e como sede para Administração pública. Passadas as tensões da guerra, a Escola foi devolvida à comunida-de luterana. Já a igreja, um exemplar neogótico comunida-desenhado por Theodor Gründel, hoje faz parte do patrimônio histórico tombado de Florianópolis. (Luterana Floripa. Disponível em: www.luteranafloripa.org.br/historia.asp#.VQohReExTlx. )

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Pesquisa

2. Doutrina Luterana

Baseado em seus estudos bíblicos, Lutero passou a bus-car um retorno à religião fundamentada na comunhão com Deus e à fé em decorrência do conhecimento da Palavra. Para tanto, identificou quatro princípios que deveriam sem-pre guiar a Igreja e que ficaram conhecidos como os “Qua-tro Pilares da Reforma”.

I - Somente a Graça

“Pela graça sois salvos mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8-9)

A salvação depende somente da graça de Deus, que as pessoas aceitam por intermédio da fé. Logo, a salvação não pode ser alcançada por meio de boas obras, ela de-pende unicamente de Deus e sua “gratuita e imerecida” mi-sericórdia para com os homens. Em seu livro Do Cativeiro ba-bilônico da Igreja(2004, p. 365), Lutero afirma que Deus não observa as boas obras, nem necessita delas. Por Sua miseri-córdia, promessa e doação é que se recebe a salvação, e não por esforço ou mérito próprio. As pessoas devem aceitar o testamento de Cristo, confiando e tendo fé na graça gra-tuita de Deus, mesmo que não se achem merecedores de tamanha benevolência.

As boas obras consistiam para Lutero não em um meio de se obter a salvação, mas em uma consequência da fé, uma manifestação de amor a Deus, tal como explicita quan-do afirma que:“A palavra de Deus é o primeiro; a ela segue a fé, e à fé, caridade” (LUTERO, 2004, pg. 363).

II - Somente a Fé

“O justo viverá por fé.” (Romanos 1.17)

Lutero percebeu que a salvação é garantida aos ho-mens a partir do momento que creem que a vida de

Cris-to foi dada pela remissão de seus pecados. É a confiança nesta promessa de Deus que consiste na fé. Portanto, para haver fé, deve haver o conhecimento da promessa, que é anunciada no Evangelho. Por isso, o anúncio da Palavra de Deus se tornou um aspecto central do Luteranismo, uma vez que é o meio pelo qual as pessoas têm conhecimento da promessa e desenvolverem sua fé.

“Com efeito, na missa nenhuma outra coisa deve ser feita com maior zelo – e, inclusive, com zelo exclusivo – do que ter diante dos olhos, meditar e ruminar essas palavras, essas pro-messas de Cristo, que em verdade são a própria missa, para nela exercitar, nutrir, aumentar e robustecer a fé através des-sa rememoração cotidiana” (LUTERO, 1520, p. 364).

Como fez desde o Velho Testamento, Deus deixou sinais, ou memoriais, das promessas para que as pessoas se lem-brassem de ter fé. Para Noé, por exemplo, Deus enviou um arco-íris para lembrá-lo de Sua promessa de que não des-truiria a terra no dilúvio (Gn 9.12). Para lembrar aos homens de Sua promessa de salvação e vida eterna, Deus deixou os sacramentos. Por isso, Considerando que os sacramentos deveriam ser sinais da promessa de Deus, Lutero os reduziu de sete para apenas dois: a Santa Ceia e o batismo.A San-ta Ceia simboliza o corpo e o sangue de Cristo derramado pela humanidade, enquanto o batismo nas águas represen-ta a imersão do velho homem, pecador, e a emersão de um novo homem, cujos pecados foram lavados. Já que nada informavam acerca da salvação, os outros rituais cristãos (confirmação, matrimônio, penitência, extrema unção e or-dem), embora importantes, deixaram de ser considerados por Lutero como sacramentos (LUTERO, 2004).

III- Somente a Escritura

“Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus.” (Mateus 4.4)

Como já foi dito anteriormente, Lutero defendia que a fé se dá mediante o conhecimento da Palavra, o meio pelo qual Deus se revela aos homens. Por isso, sua doutrina se

centra-lizou na educação, pois acreditava que todas as pessoas deveriam ser capazes de acessar a Bíblia por conta própria, para que a Igreja não intermediasse e destorcesse sua inter-pretação da mesma.Quanto ao posicionamento da Igreja Católica de tomar para si a função de intérprete da Bíblia, Lutero respondeu que: “As escrituras interpretam-se por si mesmas!”. Com isso, ele quis dizer que a Bíblia não requer interpretações, a promessa é clara e todos os cristãos são capazes de compreendê-la. Então, até mesmo as crianças deveriam ser ensinadas, para desde cedo terem acesso à Palavra e saberem “de onde provêm suas vidas” (LUTERO, 1520, p. 333).

Para Lutero, a Bíblia não deveria ordenar apenas a vida pes-soal dos cristãos, mas também do corpo que eles constituem, que é a Igreja. Por isso, a proposta de reforma deLuteropre-tendia abolir da Igreja tudo o que estivesse em desacordo com a Bíblia, para que ela voltasse a reger a vida espiritual dos cristãos (LUTERO, 2004, p. 279).

IV- Somente Cristo

“Ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.”(1Coríntios 3.11)

Cristo deve ser lembrado como único Senhor e Salvador. Ele é o único mediador entre os homens e Deus. Portanto, todos os ensinamentos da Igreja precisam estar baseados em Cristo e no sacrifício que Ele fez por toda a humanidade. Qualquer mediação entre os cristãos e Deus que não seja por meio de Cristo e que distraiam as pessoas da promessa da salvação confirmada pela morte dEle é desprezada pelo Pai.

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Pesquisa “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;

nin-guém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.” (João 14:6-7)

Lutero acreditava que a Igreja precisava estar baseada nestes quatro pilares para não cair em desgraça. Se afastan-do deles, a Igreja Católica se afastou de sua verdadeira mis-são de manutenção da cristandade. A própria missa se en-cheu de adornos que afastavam os olhos dos cristãos do seu verdadeiro sentido, que é o anúncio da promessa. Segundo Lutero, para haver conhecimento verdadeiro da promessa de Deus, constituída de testamento e sacramento, deve-se:

“(...) antes de mais nada, separar todas aquelas coisas que foram acrescentadas à sua instituição primitiva e simples pelo zelo e fervor humano – essas são: vestes, ornamentos, cânticos, preces, órgãos, luzernas e toda aquela pompa de coisas visíveis – e voltar os olhos e a mente à única e pura instituição de Cristo.” (LUTERO, 1520, p.361)

Era a retomada destes valores cristãos essenciais que Lutero reivindicava a Igreja Católica, e lhe foi negada, le-vando ao surgimento de gradativo daIgreja Luterana, como visto anteriormente.

2.1 Símbolos Litúrgicos

O dicionário Michaelis dá a seguinte definição para “símbolo”:

sím.bo.lo1 sm (grsymbolon) 1 Qualquer coisa usada para representar outra, especialmente objeto material que serve para representar qualquer coisa imaterial: O leão é o símbolo da coragem. A pomba com um ramo de oliveira no bico é o símbolo da paz. 3 Divisa, emblema, figura, marca, sinal que representa qualquer coisa. 4Psicol Imagem que representa e encerra a significação de tendências inconscientes 7 Teol Sinal sensível de um sacramento.

O sagrado não se manifesta de maneira natural,ele se revela a partir de linguagens que o homem é capaz de compreender, mas que não expressam sua totalidade (OTTO apud ELIADE, 1992). A complexidade que envolve o sagrado requer a apropriação de uma linguagem múltipla para sua comunicação. Embora a doutrina Luterana esteja baseada na racionalização da fé, deixar de lado toda a irracionalida-de que o sagrado carrega é amputar-lhe as fontes irracionalida-de poirracionalida-der e sentido (ABUMANSSUR, 2004).

Além disso, é impossível apreender Deus apenas pelo uso da razão, Ele está além da razão humana. Por isso os sím-bolos litúrgicos desempenham um papel fundamental nas celebrações, sendo os responsáveis pela transmissão mais subjetiva dos significados, que interagem com os sentimen-tos e emoções das pessoas, possibilitando uma vivência mais profunda da realidade divina. (A Linguagem dos Símbolos no Culto Cristão, em http://www.luteranos.com.br/conteu-do/importancia-dos-simbolos-na-liturgia).

Portanto, os símbolos litúrgicos consistem não em ele-mentos que adornam o ambiente de culto, mas em sinais visíveis, que podem ser uma imagem, um objeto, uma ex-pressão corporal, um gesto ou movimento, que relembram e incorporam a realidade de Deus. A Igreja cristã possui muitos símbolos em comum, a maioria deles derivados da lingua-gem figurada da Bíblia, que ganham significado para os indi-víduos conforme avançam no conhecimento das Escrituras e desenvolvem sua fé.

A título de exemplo, seguem alguns símbolos litúrgicos tradicionais, conforme “A Linguagem dos Símbolos no Culto Cristão”:

Cordeiro. A figura do cordeiro, bem antes do símbolo

da cruz, foi uma das principais representações de Cristo, o cordeiro sem mácula, imolado para salvar-nos do pecado. A cor branca do cordeiro, ou ovelha, está relacionada à mei-guice, inocência e pureza. Em João 1.29, Jesus é explicita-mente designado “cordeiro de Deus”.

Pão. Além de ser um gênero alimentício importante, é

símbolo de alimento espiritual. A Bíblia fala do maná, o pão

enviado por Deus ao povo faminto no deserto (Êx 16), e de Cristo como o verdadeiro “pão da vida” (Jo 6.35).

Peixe. Esta simbologia tinha dois sentidos originais: o

batismo por imersão, através do qual a pessoa passava por novo nascimento. As pessoas batizadas eram comparadas a peixes, renascidas pela água do batismo.

O segundo sentido, mais difundido, está relacionado à palavra “peixe”, escrita em grego – ιχτυς. Cada letra dessa palavra corresponde à inicial de outras palavras gregas que, juntas, resultam na seguinte expressão: Jesus Cristo é o Filho de Deus, o Salvador. A palavra peixe, em grego, era um sím-bolo da confissão de fé dos cristãos.

Água. É um elemento natural que possui grande

simbo-lismo na Bíblia e na liturgia. Lembra a criação (Gn1), o dilúvio (Gn7), a passagem pelo mar (Êx 14.15ss), o batismo de Jesus (Mc 1.9), o lava-pés (Jo 13.1-11). A água é símbolo da vida e da morte. O principal uso da água na liturgia expressa esse duplo simbolismo, como, por exemplo, o batismo com água, que representa a morte e a ressurreição em Cristo ou, o mor-rer e o renascer.

Além destes, existem diversos outros símbolos baseados em metáforas bíblicas, como o trigo, a uva ou a videira, o trovão, o olho, entre outros.

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Pesquisa

Não foram encontradas, nos textos de Lutero, referên-cias à tipologia arquitetônica mais apropriada para os tem-plos, nem mesmo aos elementos arquitetônicos que deve-riam compor o templo ideal.

Durante o período da reforma, muitas comunidades se converteram inteiras ao luteranismo, fazendo com que suas igrejas apenas deixassem de receber as missas católicas para abrigarem os cultos luteranos. A Igreja Luterana herdou então um patrimônio bastante heterogêneo na Alemanha. Ela passou a construir uma identidade própria principalmen-te a partir dos séculos XVIII e XIX, quando o estilo neogótico passou a predominar nos edifícios luteranos.

Como defende Fábio Müller em sua tese O Templo Cris-tão na Modernidade, a arquitetura gótica foi aceita como o estilo mais pertinente à manifestação da fé cristã. E diz que“a arquitetura gótica é, antes de tudo, cristã; a tendência para o alto e a insistência nas verticais manifestam o intento de transcendência onipresente ao homem (2011, p. 22).”

Augustus Welby Norman Pugin, arquiteto inglês pro-testante, foi um precursor no estabelecimento da relação entre o Gótico e o Cristianismo, descartando o Classicismo nas obras eclesiásticas devido à sua origem pagã. O valor construtivo e o equilíbrio estrutural das obras góticas relacio-navam-se diretamente ao racionalismo em voga na Europa neste período, fazendo com que a reaplicação do gótico, incitada por Pugin, ganhasse outros países, entre eles a Ale-manha (MÜLLER, 2011).

A partir de então se pode perceber a consolidação de um padrão tipológico e estilístico nas Igrejas Luteranas ale-mãs, reflexo desta suscitação ao gótico. Tal padrão, que mantém as estruturas do templo muito semelhantes aos templos católicos, revela que o rompimento doutrinário não refletiu muito profundamente na arquitetura, que manteve suas raízes nos tipos eclesiásticos cristãos existentes, e, por-tanto, católicos.

A tipologia formal predominante nos templos Luteranos, especialmente no Brasil, é composta por dois elementos bási-cos: a torre centralizada e um bloco retangular com telhado de duas águas. O emprego das torres manifesta a tendência neogótica em indicar o “céu” por meio de elementos verticais. O volume com telhado de duas águas é uma simplificação dos telhados abobadados do gótico francês, visando evitar o acúmulo de neve na cobertura, que acabava comprome-tendo as estruturas das igrejas(http://www.1902encyclopedia.com/A/ARC/architecture-097.html).

3. Herança Arquitetônica dos Templos Luteranos

3.1 Tipologia Arquitetônica

CULTO LUTERANO

Este padrão foi amplamente empregado em igrejas construídas fora do país, no final do século XIX e início do século XX. Entre os exemplares alemães que revelam a inclinação para este tipo, estão a Hauptkirche St. Petri, ou Igreja São Pedro, construída justamente em meados do século XIX; e a Ulmer Münster, Catedral de Ulm, cuja construção iniciou-se em 1377, mas a finalização da obra só ocorreu por volta de 1890.

1. A Igreja S. Pedro, em Hamburgo, Alemanha, tornou-se Lu-terana após a Reforma. Provavelmente construída no início do século XIV, foi reconstruída em 1849, após um incêndio. 2. A Catedral de Ulm é a igreja mais alta do mundo. Assim como a Igreja S. Pedro, tornou-se Luterana depois da Refor-ma Protestante.

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Pesquisa Quanto à planta baixa, pode-se dizer que incorporou

algumas características próprias devido à inserção tardia do estilo gótico na Alemanha. Entre estas características, desta-ca-se a nave única.

Esta organização interna, que fez com que estas igrejas fossem denominadas “igrejas-salão”, consiste em naves cen-trais e laterais de mesma altura, conferindo ao interior das igrejas um caráter de unidade(http://www.visual-arts-cork. com/history-of-art/german-gothic-art.htm#architecture). Houve também um abandono parcial da planta em cruz

latina, típica da arquitetura gótica desenvolvida em países como França e Inglaterra, precursores do estilo. A Catedral de Ulm é um exemplo de implantação das igrejas-salão, e se destaca também pela exclusão das capelas radiais. A simpli-ficação da planta baixa desta catedral fica explícita a partir da comparação com a Catedral de Amiens, um autêntico exemplar gótico francês.

Como já foi dito anteriormente, o estilo neogótico es-tava em vigor na Europa quando o luteranismo se expandiu para as Américas. Pode-se admitir que estes referenciais

fo-ram levados pelos imigrantes para a construção das igrejas fora da Alemanha.

Embora tenham sido extremamente simplificados, como se pode perceber a partir do esquema abaixo, é possível identificar as semelhanças tanto dos aspectos volumétricos quanto da organização interna nas Igrejas Luteranas cons-truídas a partir do final do século XIX.

Este padrão, embora não seja rígido, constitui a estrutu-ra básica da maioria das Igrejas Luteestrutu-ranas do Bestrutu-rasil.

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Pesquisa

3.2 Igrejas Luteranas pelo Mundo

3.2 Igrejas Luteranas no Brasil

3.2 Igrejas Luteranas em Santa Catarina

Acima: À esquerda, Johanneskirche (1881) – Igreja Luterana

de Dusseldorf, Alemanha. A direita, Igreja de Capernaum (1902), em Wedding, na Alemanha.

Abaixo: EbenezerLutheranChurch (1923), no Texas, Estados Unidos. Construída em tijolos vermelhos e estilo neogótico, apresenta torre deslocada para a lateral do edifício.

Fonte:http://maxwellebenezerlutheran.cfsites.org/custom. php?pageid=3787

Acima: Igreja da Paz, em Joinville, foi a primeira igreja

Lute-rana de Santa Catarina. Ela evoluiu a partir da casa de ora-ção, assim como a igreja de São Leopoldo (RS).

Abaixo: A partir de 1889 sofreu ampliações até assumir a

configuração atual (abaixo). Fonte:

http://ndonline.com.br/joinvil-le/colunas/memoria/170801-igreja-da-paz-um-local-de-fe.html

Acima:primeiro espaço de culto da Igreja Luterana de São

Leopoldo (RS), fundada em 1824. Até a proclamação da Re-pública, as denominações que não fossem católicas deve-riam ter espaços de culto discretos e que não sinalizassem se-rem espaços religiosos, por isso a singeleza da casa de cultos luterana. Abaixo: Nova igreja de São Leopoldo de 1911 uma réplica da Igreja de Kreinitz da Alemanha. Fonte: http://dzeit. blogspot.com.br/2011/07/uma-igreja-alema-no-brasil-as-igrejas.html

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Pesquisa

4. História

4.1 Perfil

4.2 Atividades

COMUNIDADE EVANGÉLICA LUTERANA DA TRINDADE - CELT

A Comunidade Evangélica Luterana da Trindade foi inicialmente concebida para atuar como um braço da Igreja Luterana do Centro, até então a única de Florianópolis. Em 1989, utilizando-se da metáfora de que vários focos de fogo iluminam e aquecem de maneira mais efetiva do que uma única grande fogueira, a Igreja Luterana de Florianópolis re-solveu criar novos “focos de fogo”. Neste contexto, surgiram dois “Pontos de Pregação”, como foram chamados, no Campeche e nos Ingleses. Na Trindade, os jovens casais e universitários adotaram a denominação “Ponto de Irradiação”, irradiação da Igreja Luterana e, principalmente, da Palavra de Deus.

O “PI”, como ficou conhecido mais tarde, deveria ter a identidade dos moradores da Trindade, em sua maioria indivíduos envolvidos com o ambiente acadêmico ou o funcionalismo público. Desde o princípio carregou o propósito de ser a igreja que vai até as pessoas, engajada em disseminar a Palavra de Deus, desprendida das tradições, e liderada POR leigos PARA leigos. Durante os primeiros anos de atuação o PI não possuía espaço fixo, ocorria principalmente em escolas que cediam seus espaços ao grupo. Somente no final dos anos 90 o grupo alugou uma casa na Rua Cônego Bernardo, na Trindade. No mesmo período, foi des-tinado um pastor para atuar junto ao grupo.

Em 2000/2001 o PI tornou-se Comunidade Evangélica Luterana da Trindade – CELT, mesmo período em que algumas das atividades passa-ram a acontecer no templo ecumênico da Polícia Militar. A CELT carrega a mesma visão de expansão que motivou a criação do PI. Ela mantém o intuito de abrigar e alcançar as pessoas “sem igreja” e atuar junto à população onde está inserida. Também busca os mesmos objetivos es-pecíficos adotados durante sua concepção: uma igreja desapegada das tradições, com uma liderança leiga forte, que exerce uma gestão democrática e quase empresarial, e que atua em diversas frentes, a fim de se mostrar responsável para com a sociedade e, principalmente, tor-nar Deus visível por meio de ações.

Cultos Dominicais. Ocorrem semanalmente às 10h da manhã, com

du-ração de cerca de 1h30. Atualmente há cerca de 100 pessoas por culto.

Culto Infantil. Ocorre paralelamente ao culto, atende a crianças entre 2

e 10 anos. Além de propiciar o contato com a Palavra de Deus desde a infância, o Culto Infantil é um serviço voluntário prestado à comunidade que visa permitir com que os pais assistam ao culto despreocupados e concentrados.

Grupo Teen. Ocorre paralelamente ao culto, atende adolescentes de 11

e 12 anos. Proporciona um diálogo mais profundo acerca da Bíblia e de Deus, prepara os adolescentes para o Ensino Confirmatório.

Ensino Confirmatório. É um “curso” com duração de dois anos que

pre-para os adolescentes entre 12 e 14 anos pre-para a confirmação de batismo.

Kadosh. Estudo bíblico e comunhão de jovens a partir de 14 anos. Munil (Missão Universitária Luterana). O grupo, que existe há 35 anos, visa

promover a comunhão entre universitários cristãos. O grupo também rea-liza diversas atividades, como passa dias, almoços comunitários e sessões de cinema.

Oficina do Brinquedo. Projeto social da CELT que recolhe e reforma

brin-quedos para serem doados para crianças carentes.

Grupos de Estudo/ Pequenos Grupos/Discipulados. A comunidade

con-ta ainda com pequenos grupos de estudo bíblico e oração, organiza-dos pelos próprios membros. Ocorrem em horários diversos, nas casas de membros ou na casa da CELT.

GAUJ (Grupo de Amigos Ultrajovens). Grupo para convívio de crianças

entre 8 e doze anos, que realiza atividades diferenciadas, geralmente ao ar livre, como trilhas, idas à praia, etc.

Plantão Pastoral.O pastor fica à disposição dos membros que queiram

compartilhar algum assunto com ele.

Além destas atividades que ocorrem semanalmente, existem outros pro-jetos, encontros e reuniões administrativas que ocorrem periodicamente na Comunidade.

Reuniões Presbitério. O presbitério é composto por membros da

comuni-dade, e fica responsável pela coordenação e administração das ativi-dades realizadas por ela.

Reuniões Diretoria. A diretoria é composta por membros da comunidade

e lida com aspectos burocráticos e institucionais da mesma.

Assembleias Ordinárias e Extraordinárias. As assembleias ocorrem para a

discussão de temas relevantes para a comunidade. Todos os membros são convidados a participar.

Reuniões Coordenação dos Ministérios. Estas reuniões ocorrem

periodi-camente conforme a necessidade de cada grupo, e visam planejamen-to das atividades a serem desenvolvidas.

Almoços Comunitários. Ocorrem periodicamente visando a

confraterni-zação entre os membros da comunidade e algum fim beneficente.

Confraternizações de Natal/Páscoa. As ceias de Natal e Páscoa ocorrem

anualmente e possibilitam a comunhão entre todos os membros da co-munidade.

Encontros Bíblicos de Férias. Com programação voltada para as

crian-ças, os encontros bíblicos de férias ocorrem no mês de julho.

Existe também comunidade conta ainda com uma secretaria que fun-ciona diariamente, das 13h às 19h, exceto aos sábados e domingos. Também abriga o ensaio das bandas que realizam o “louvor” nos cultos dominicais e alguns cursos, como o Curso Alpha.

A Comunidade também realiza alguns projetos sociais, como o GAD – Grupo de Ação Diaconal, que realiza atividades na Vila Santa Vitória, o Projeto Doe Sangue, Doe Vidas, que estimula os membros da comu-nidade a doarem sangue, o Projeto Passa pra Frente, que incentiva a doação de roupas e calçados, e o Projeto Eco-cidadão, que fomenta a reciclagem de resíduos sólidos.

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Diagnóstico

1. Considerações Iniciais

O projeto “Templo Luterano: a Arquitetura Introduzindo uma Experiência de Fé” consiste na proposta de um tem-plo para a Comunidade Evangélica Luterana da Trindade – CELT. O edifício deverá abranger um espaço destinado aos cultos e demais cerimônias religiosas para cerca de 250 pessoas, além das outras atividades desenvolvidas pela Co-munidade.

O que se busca oferecer à Comunidade Luterana e aos seus visitantes é um espaço propício à meditação, introspec-ção e oraintrospec-ção, onde os indivíduos se sintam convidados a se comunicarem com Deus. Um ambiente contemplativo de paz e silêncio, onde os usuários possam realizar uma busca pessoal pela transcendência.

Como já abordado anteriormente, a CELT, desde a sua fundação, nunca teve um espaço próprio, e precisou trocar de acomodações periodicamente. Esta situação dificulta a consolidação de um senso de pertencimento dos membros para com a Comunidade. Pretende-se, então, estreitar esta relação membros/comunidade, assim como consolidar a identidade da própria CELT. Além disso, busca-se reforçar o vínculo desta comunidade com a Igreja Luterana como um todo, expressando seus ideais e estabelecendo uma cone-xão também formal.

Propõe-se também que o edifício se relacione de ma-neira amistosa com os moradores do bairro, uma vez que a CELT se propõe a alcançar a vizinhança onde está inserida e dialogar com ela. Buscando a melhor inserção do edifício no bairro é que também se propõe a ocupação do canteiro que fica em sua frente, o que permite o enraizamento da igreja no bairro e a oferta de um espaço de convívio entre eles.

O terreno de 1275m², considerado para a implantação da edificação, localiza-se no bairro Córrego Grande e foi adquirido recentemente pela CELT. Para aprimoramento do exercício, uma área verde pública em frente ao lote que se encontra obsoleta foi adicionada a área de projeto para possibilitar uma sugestão de integração do edifício com o bairro.

O bairro Córrego Grande tem seu surgimento e cresci-mento associado à implantação da Universidade Federal de Santa Catarina e pode ser considerado recente, apre-sentando variações de densidade, bem como áreas em di-ferentes fases de desenvolvimento, algumas consolidadas e outras em processo de implantação.

Imagem de satélite do terreno e entorno. Fonte: Imagem feita pela au-tora em cima de mapa base do Google Earth. 2015.

Localização do terreno. Fonte: Google Earth. 2014

2. Localização

O lote da CELT encontra-se na esquina do acesso ao condomínio de casas Jardim Itália IV e a Rua Vera Linhares de Andrade, via principal do bairro Córrego Grande. A

vizi-nhança imediata é composta por condomínios residenciais em fase de consolidação. Compõem o entorno os “lotea-mentos” Jardim Anchieta e Parque São Jorge, localizados a oeste da Rua Vera Linhares de Andrade.

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 ㄀  ㈀  ㌀  㐀 Rua Vera Linhares de Andrade

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Diagnóstico

3. Aspectos Climáticos

A cidade de Florianópolis apresenta clima Subtropical Úmido, caracterizado pela boa distribuição das chuvas ao longo do ano. O caráter temperado faz com que as oscila-ções térmicas sejam amenas ao longo do ano. A tempera-tura média anual é de 20,3°, sendo as médias máximas por volta de 27° e as médias mínimas de 13°. Quanto à umidade, permanece em torno de 80% ao longo de todo ano.

Os ventos predominantes são os de quadrante norte e nordeste, no entanto são os de quadrante sul que geram maiores impactos, visto que normalmente tem maior intensi-dade e provocam mudanças drásticas de temperatura.

O terreno da Comunidade da Trindade se encontra em orientação Norte – Sul, sendo a testada voltada para a Rua Vera Linhares de Andrade de orientação Oeste.

Rosa dos Ventos para cidade de Florianópolis. Fonte: http://www.labe-ee.ufsc.br/sites/default/files/disciplinas/aula3-arquiteturaeclima_0.pdf. Acesso em junho de 2015

4. Aspectos Geográficos

O lote apresenta um declive de cerca de 4 metros em relação à rua e, segundo levantamento da prefeitura, já não corres-ponde à topografia original do terreno. A cobertura vegetal original também foi removida, havendo atualmente no local forração gramínea e árvores de pequeno porte.

5. Aspectos Legais

Conforme o Plano Diretor em vigência desde o dia 20 de janeiro de 2014, o terreno se encontra em uma Área Residen-cial Mista ARM-3.5. Uma Área ResidenResiden-cial Mista é caracterizada pela predominância da função residenResiden-cial, complementa-da por usos comerciais e de serviços (Plano Diretor de Florianópolis, pg. 22).

Fonte: Mapa Sede Insular - Plano Diretor de Florianópolis.

RUA RAVENA

RUA GÊNOVA R. VERA LINHARES DE ANDRADE

AV. ITAMARATI

RUA OLVIDE JOÃO MARAFON

AV. SAN MARI NO

AV. SAN MARINO

Fonte: Imagem feita pela autora em cima de mapa base da Prefeitura Muni-cipal de Florianópolis. 2014

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Diagnóstico Conforme a Tabela de Adequação de Usos, anexa ao Plano Diretor, as atividades de organizações religiosas em ARM

são classificadas como A-4, isto é, a área só será considerada adequada para estas atividades a partir do ESI – Estudo Sim-plificado de Impacto e devidas adequações.

Ainda com relação aos templos e espaços de culto, o Plano Diretor determina que aqueles que tiverem área superior a 500m² estarão sujeitos a um Estudo de Impacto de Vizinhança, que visa identificar as consequências positivas e negativas da implantação destes edifícios no entorno onde serão inseridos. Após a realização do Relatório de Impacto de Vizinhança, a ser feito pelo proponente do projeto, o IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) ficará responsável pela concessão ou não do licenciamento de construção.

O Plano também determina que as Igrejas, templos e espaços de culto serão considerados micro pólos geradores de tráfego (PGT-1) quando comportarem entre 300 e 1000 pessoas. Serão considerados macro pólos geradores de tráfego (PGT-2) quando comportarem mais do que 1000 fiéis. Então, com relação às vagas para estacionamento, fica determinado:

Fonte: Tabela de Limites de Ocupação - Plano Diretor de Florianópolis.

Para as ARM 3.5 de modo geral, o Plano Diretor define:

• Número máximo de pavimentos: 3, não inclusos os subsolos

• Taxa de ocupação máxima (relação entre a projeção horizontal da área construída e a área do terreno): 50%

• Taxa de impermeabilização máxima (relação entre área permeável e superfície total do terreno): 70%

• Altura máxima da fachada: 11 metros

• Altura máxima até a cumeeira: 15 metros

• Coeficiente de Aproveitamento: 1,5

Quanto aos afastamentos, os edifícios deverão respeitar um afastamento frontal mínimo de 4 metros no térreo e sub-solo. Mas para garantir a ventilação e insolação adequada das vias, determina-se ainda que a projeção do edifício não pode ultrapassar o ângulo de 70°, como demonstrado na ilustração abaixo.

Ainda com relação aos afastamentos, o Plano determina que as edificações com mais de sete metros e vinte centíme-tros de altura de fachada ou dez mecentíme-tros e vinte centímecentíme-tros de altura de cumeeira, e fachadas com até quarenta mecentíme-tros de comprimento deverão observar afastamentos laterais e de fundos em medida não inferior a um sétimo na área central e um quinto nas demais áreas da altura da edificação respeitando sempre um afastamento mínimo de três metros das divisas (Plano Diretor de Florianópolis, pg. 33).

Fonte: Google Street View. 2015

Perspectivas da Rua Vera Linhares de Andrade:

Fonte: Google Street View. 2015

Fonte: Google Street View. 2015

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Visto que o propósito da CELT sempre foi alcançar mais pessoas, buscou--se criar um eixo de conexão do edifício com o bairro. O projeto pretende ser convidativo para os moradores do Córrego Grande e integrado ao seu entorno. Por isso, visando também aprimorar a experiência de pro-jeto, propôs-se a ocupação do canteiro existente em frente ao edifício com mais um espaço de convívio para moradores do bairro e membros da CELT. Desta forma, a Igreja penetra o bairro, indo buscar as pessoas para irem até ela.

Na praça, os caminhos se voltam para o eixo principal do edifício e as áreas de estar também priorizam a contemplação da edificação.

Algumas vagas de estacionamento também foram locadas na praça para suprir a demanda existente, visto que durante a semana usuários de edifícios empresariais do entorno ocupam as ruas como estacionamen-to, e também a nova demanda gerada pela implantação do templo.

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PLANTA TÉRREO

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• O Templo deverá contemplar dois tipos de atividades da

Comuni-dade Evangélica Luterana da TrinComuni-dade. O culto, que é sua ativiComuni-dade prin-cipal e requer uma assembleia para cerca de 250 fiéis, conforme solicita o Presbitério da CELT, e as demais atividades, que não requerem um espa-ço tão amplo quanto o da assembleia e ocorrem paralelamente ao culto (nos domingos pela manhã) e ao longo da semana. Por isso, optou-se por setorizar o edifício em dois blocos, que podem funcionar paralelamente e também de forma independente. Os dois setores se conectam pelo Hall de entrada e o vão central para integração dos usuários, onde também se encontra a escada que serve aos dois setores.

• No setor destinado às atividades paralelas, buscou-se concentrar

as atividades de atendimento ao público (secretaria e atendimento pas-toral) logo na entrada do edifício, para serem facilmente localizadas pe-los visitantes. Na parte de trás, se encontram os ambientes que fazem parte do dia-a-dia da comunidade. O espaço multiuso pode abrigar as atividades do culto infantil, MUNIL e outros grupos, e também palestras e almoços comunitários. A cozinha pode ser integrada a este espaço por meio da abertura de uma divisória de correr, formando então um grande salão que convida para a comunhão à mesa. Tanto a cozinha quanto o espaço multiuso podem ainda se integrar com o pátio externo, tornando as áreas internas e externas um grande espaço integrado e fluido.

• Na frente do edifício, uma grande escadaria conforma mais um

espaço de convívio dos fiéis entre eles e as outras pessoas que passam no local.

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• Visto que a comunidade realiza uma série de atividades e dada a limitação de espaço físico para construção do edifício, optou-se por propor espaços multifuncionais que se adaptem às diversas atividades da CELT. Assim, no segundo pavimento foram locados mais dois ambientes multiuso e um espaço de estar.

• Um passadiço permite o acesso ao mezanino, de onde cerca de

60 pessoas também podem assistir aos cultos e cerimônias. No mezanino também se encontra o espaço destinado à banda, que realiza o louvor durante os cultos, e a sala de controle de som.

• Do lado de fora, o terraço compõe mais um espaço de estar e

in-tegração, onde podem ocorrer pequenas reuniões ao ar livre ou simples-mente parar contemplar a vista.

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PLANTA SUBSOLO

• No subsolo se encontram a garagem e o bicicletário, quantificdos

conforme as exigências do Plano Diretor de Florianópolis.

• Ele abriga ainda uma oficina destinada ao projeto Oficina do

Brin-quedo e o almoxarifado.

• Isolados da circulação de acesso ao edifício, encontram-se um

ambiente adequado à separação e armazenamento dos resíduos sóli-dos coletasóli-dos pelo projeto Eco-cidadão e a casa de máquinas, onde se encontra um dos aparelhos de Ar Condicionado, e equipamentos rela-cionados ao funcionamento da cisterna e do reservatório inferior, como bombas e filtro.

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CORTE A

Escala 1:150

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CORTE B

Escala 1:150

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CORTE C

Escala 1:150

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CORTE D

Escala 1:150

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CORTE E

Escala 1:150

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FACHADA OESTE

Escala 1:150

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FACHADA SUL

Escala 1:150

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FACHADA LESTE

Escala 1:150

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FACHADA NORTE

Escala 1:150

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Perspectivas

Chegada ao edifício pelo acesso lateral. A utilização dos co-bogós pretende conferir unidade ao edifício, se comunican-do com a fachada.

A volumetria foi desenvolvida buscando a identificação do Templo com as igrejas luteranas tradicionais, e se deu a partir da interpretação da tipologia volumétrica destas igrejas. A forma surge a partir da subtração do volume da torre, que passa a consistir num vazio entre os blocos edificados. Bus-cou-se explorar a verticalidade, um traço também presente nas igrejas tradicionais, tendo em vista a arraigada concep-ção que se tem de Deus como algo que habita nas alturas. Optou-se pelo emprego de formas geométricas puras e sim-ples, que coincidem com o posicionamento racionalista da Igreja Luterana e também possibilitam a conformação de espaços internos puros e simples, que convidam o usuário à meditação, introspecção e meditação.

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Perspectivas

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Visão a partir do hall para a passagem de acesso ao templo. A iluminação externa que vaza pelos cobogós cria uma aura diferente para o percurso, preparando os usuários para sua chegada à assembleia, o templo em si.

Chegada do pedestre ao edifício. A entrada principal do edifício se volta para o passeio, convidando os pedestres a entrarem no edifício. A escadaria também se estende para a rua, estabelecendo um ponto de contato entre os mem-bros da Comunidade e as pessoas que passam.

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Perspectivas A assembleia foi organizada de forma que os fiéis tenham como plano de fundo do altar a cruz conformada pelo en-contro dos panos de vidro das paredes e cobertura. Além disso, uma janela de meia altura permite a visualização dos batismos no tanque batismal. Desta forma, a realização dos dois sacramentos , batismo e Santa Ceia, ocorre lado a lado e no ponto central da edificação, reforçando sua importân-cia. Uma saída lateral permite o acesso ao tanque batismal desde o interior do edifício.

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Perspectivas

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Perspectiva interna do altar do Templo. Destaca-se nesta imagem a singeleza do espaço interno que não recebe or-namentação, coincidindo com o ideal luterano de elimina-ção dos elementos que distraem os indivíduos.

Nesta imagem, também é possível ver o Tanque Batismal, contíguo ao altar e separado apenas por pano de vidro.Des-ta forma, os batizados podem ser vistos a partir do interior do Templo permitindo que a Congregação acompanhe o pro-cesso de imersão e ‘‘renascimento’’ do do batizando.

Perspectiva externa a partir do Tanque Batismal para o tem-plo. A sutileza dos níveis do projeto cria a cenografia do re-nascimento do homem após a imersão do Tanque Batismal.

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Perspectivas Perspectiva externa mostrando a relação entre os espaços externo e interno que se integram por meio da abertura de painéis de vidro de correr. A possibilidade de conformação de um grande espaço integrado fluido aumenta as alterna-tivas de uso dos espaços.

Perspectiva da praça projetada até o Templo Luterano. O espaço de estar também permite a contemplaçao e en-quadramento do Templo conforme se percorre o eixo até o edifício.

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Memorial

MEMORIAL DE PROJETO

O sistema estrutural consiste num sistema viga/pilar em concreto armado. Quanto às lajes, foram utilizadas lajes cai-xão perdido protendidas, lajes nervuradas e lajes com vigo-tas pré-moldadas.

1. Laje caixão perdido protendida: lajes que

apre-sentam elevada inércia se comparadas com uma laje de concreto convencional. Isso ocorre devido à retirada de material resistente das regiões pouco solicitadas pelos esforços(próximas à linha neutra) resultando em estruturas mais leves e resistentes podendo alcançar maiores vãos. Esta laje foi empregada na assembleia, uma vez que se pre-tendia que seu espaço interno ficasse livre de pilares.

2. Laje nervurada: A laje nervurada foi utilizada

no térreo, de forma a permitir maiores vãos no subsolo e por melhor se adaptar à organização dos pilares, condicionada principalmente à organização interna dos pavimentos supe-riores.

3. Laje Cogumelo: As lajes Cogumelo ou lisa

são-moldadas no local e apoiadas diretamente sobres os pila-res, não havendo desta maneira a necessidade de vigas de apoio. Sua armadura é basicamente radial, concentrando maiores taxas próximo às regiões sobre os apoios. Esta laje foi empregada no mezanino, para evitar que seus apoios inter-ferissem no espaço da assembleia.

4. Laje com vigotas pré-moldadas: As demais lajes

consistem em lajes de concreto com vigotas pré-moldadas.

A estimativa do consumo de água para igrejas consi-dera o consumo diário de 2litros por lugar. Sendo que a ca-pacidade do Templo Luterano é de 261 lugares, tem-se que seu consumo diário é de 522 litros. A NBR 5626 estabelece que os reservatórios de água devem ter capacidade para 2 consumos diários, totalizando um volume de 1044 litros.

Op-Segundo a Norma de Segurança Contra Incêndios, o Templo é classificado como um local de reunião de público, de RISCO LEVE.Os sistemas de segurança contemplados por este projeto são:

1. Sistema Preventivo por Extintores, sendo que o

caminhamento entre as Capacidades Extintoras não pode-rá ser superior a 20m.

2. Sistema Hidráulico Preventivo, com hidrantes

lo-cados junto ao abrigo das mangueiras e o caminhamento entre eles dado pelo comprimento das mangueiras, ou seja, 30m.

3. Gás centralizado. Visto que a quantidade de

GLP para atender ao edifício está entre 91 e 179kg, o afas-tamento mínimo entre a Central de Gás e a edificação é de 0,50m.

4. Saídas de emergência.

5. Sinalização para abandono do local.

6. Número de assentos por fila inferior a 15 lugares

e por colunas inferior a 20.

Quanto ao abastecimento do Sistema Hidráulico Pre-ventivo, será feito por reservatório de água inferior, sendo que, a título de pré-dimensionamento, foi adotada a capa-cidade mínima exigida para este tipo de reservatório, que é de 10000 litros. Este sistema requer a instalação de bombas.

2. Sistema Estrutural

1. Planta Esquemática de inserção da infraestrutura no primeiro pavto

4. Segurança Contra Incêndio

3. Dimensionamento do Reservatório de Água

tou-se então pela utilização de dois reservatórios superiores de polietileno com capacidade para 1500 litros, sendo um deles destinado à distribuição de água da chuva para vasos sanitários e abastecimento externo. A água da chuva será captada através do sistema de drenagem do subsolo, filtra-da e tratafiltra-da, e armazenafiltra-da em cisterna com capacifiltra-dade para 10.000litros.

Tanto a cisterna quanto o reservatório inferior destinado a reserva técnica possuem visita técnica a partir da casa de máquinas, no subsolo.

(44)

Memorial

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6. Isolamento Acústico

5. Revestimento das Fachadas

Para aprimorar o desempenho acústico interno do edi-fício, optou-se por trabalhar com um elemento de absorção. Foram utilizados painéis de lã de vidro ISOVER Prisma Décor 15mm, aplicados em toda cobertura e em alguns trechos de paredes, em uma área necessária para alcançar o tempo ótimo de reverberação para edifícios destinados à templos protestantes.

O emprego da pedra no revestimento da fachada con-siste numa estratégia para aumentar a inércia térmica das paredes, melhorando e desempenho térmico do edifício. Foi utilizado em todas as paredes e cobertura visando conferir unidade e uniformidade ao edifício, tal como na residência espanhola abaixo:

Coeficientes de absorção Absorção total (m²)

Superfície Área (m²) Material 125 250 500 1000 2000 4000 125 250 500 1000 2000 4000

1frente 57 33 0,64 0,72 0,66 0,84 0,91 0,90 36,48 41,04 37,62 47,88 51,87 51,3 2lateral esq 60,5 33 0,64 0,72 0,66 0,84 0,91 0,90 38,72 43,56 39,93 50,82 55,055 54,45 3fundos 39 33 0,64 0,72 0,66 0,84 0,91 0,90 24,96 28,08 25,74 32,76 35,49 35,1 4lateral direita 25 33 0,64 0,72 0,66 0,84 0,91 0,90 16 18 16,5 21 22,75 22,5 5cobertura 272 33 0,64 0,72 0,66 0,84 0,91 0,90 174,08 195,84 179,52 228,48 247,52 244,8 6piso 290 7 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 2,9 2,9 2,9 5,8 5,8 5,8 7mezanino 170 33 0,64 0,72 0,66 0,84 0,91 0,90 108,8 122,4 112,2 142,8 154,7 153 8frente 117 2 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 1,17 1,17 2,34 2,34 2,34 3,51 9lateral esq 24 2 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 0,24 0,24 0,48 0,48 0,48 0,72 10fundos 57 2 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 0,57 0,57 1,14 1,14 1,14 1,71 11lateral direita 76 2 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 0,76 0,76 1,52 1,52 1,52 2,28 12 2 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 0 0 0 0 0 0

Volume (m³): 4200 SUBTOTAL (superfícies) 404,68 454,56 419,89 535,02 578,67 575,17 m² Sabine

Coeficientes de absorção Absorção total (m²)

Absorvedores Quantidade 125 250 500 1000 2000 4000 125 250 500 1000 2000 4000

1Pessoas 150 3 0,2 0,28 0,32 0,37 0,41 0,44 30 42 48 55,5 61,5 66

SUBTOTAL (pessoas e móveis) 30,00 42,00 48,00 55,50 61,50 66,00 m² Sabine TOTAL 434,68 496,56 467,89 590,52 640,17 641,17m² Sabine

T 1,6 1,4 1,4 1,1 1,1 1,1

Stone Clubhouse, nas Ilhas Baleares, Espanha.

Fonte: http://www.archdaily.com/613236/stone-clubhouse-gras-arqui-tectos

De acordo com o gráfico abaixo, disponível na NBR 12179, o tempo de reverberação ótimo obtido para igrejas protestantes com volume aproximado de 4200m³ fica entor-no de 1,45.

Com o apoio da planilha abaixo, onde se pode calcular a absorção acústica conforme os materiais utilizados e a área que eles cobrem, foi possível fazer uma estimativa da quantidade necessária de painéis para isolamento acústico.

Lã de vidro ISOVER Prisma Décor 15mm.

Fonte: www.ciasul.com.br/produto.asp?id_categoria=4&id=100

Cálculo de absorção dos materiais.

Referências

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