• Nenhum resultado encontrado

Mudança e adaptação estratégica a partir de uma estratégia de inovação

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Mudança e adaptação estratégica a partir de uma estratégia de inovação"

Copied!
122
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESENVOLVIMENTO GESTÃO EMPRESARIAL

PATRÍCIA EISMANN

MUDANÇA E ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA A PARTIR DE UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO

IJUÍ/RS 2017

(2)

PATRÍCIA EISMANN

MUDANÇA E ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA A PARTIR DE UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento, na linha de pesquisa Gestão Empresarial, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen

IJUÍ/RS 2017

(3)

Catalogação na Publicação

Ginamara de Oliveira Lima CRB10/1204 E36m Eismann, Patrícia.

“Mudança e adaptação estratégica a partir de uma estratégia de inovação”. / Patrícia Eismann. – Ijuí, 2017. –

119 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientador: : Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen”.

1. Mudança estratégica. 2. Adaptação estratégica. 3. . Inovação. 4. Capacidade inovativa. I. Sausen, Jorge Oneide. II. Título.

CDU: 65.016

(4)

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

MUDANÇA E ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA A PARTIR DE UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO

elaborada por

PATRÍCIA EISMANN

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen (UNIJUÍ): _________________________________________

Prof. Dr. Vilmar Antônio Boff (URI): ____________________________________________

Prof. Dr. Daniel Knebel Baggio (UNIJUÍ): ________________________________________

(5)

DEDICATÓRIA

Para o meu filho Danilo, fruto dos meus sonhos e que fez parte da minha trajetória acadêmica mesmo que sem escolher, mas estava ali comigo, diariamente, me fortalecendo e me dando motivos para seguir em frente.

Ao meu esposo, grande incentivador e companheiro de longas conversas e ideias, me proporcionando tudo o que eu precisava para que esse momento de dedicação fosse tranquilo e único para mim.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por me proporcionar as condições para que fosse possível construir essa parte da minha história, com muita saúde, muita força, muito ânimo e alegria.

À minha família, por ter criado um ambiente favorável à minha dedicação e realização do meu sonho, com reconhecimento, consideração e apoio em todos os momentos dessa trajetória.

Aos meus colegas e amigos que encontrei no curso das atividades acadêmicas, nos quais encontrei o carinho, o amor e relações muito gratificantes que certamente se estenderão por toda a posteridade de nossas vidas, ultrapassando as distâncias e os diferentes rumos que cada um escolheu para si.

À UNIJUI, pelo ensino de qualidade proporcionado por professores que são exemplo em suas áreas do saber. Em especial, ao meu querido orientador, Dr. Jorge Oneide Sausen, que me aceitou como sua orientanda, e mesmo com a distância sempre esteve muito presente e solicito em todas as minhas necessidades como acadêmica e como pessoa em formação.

(7)

Tenho a impressão de ter sido uma criança brincando à beira-mar, divertindo-me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as outras, enquanto o imenso oceano da verdade continua misterioso diante de meus olhos.

(8)

RESUMO

O objetivo geral deste trabalho consiste em analisar as mudanças e adaptações organizacionais ocorridas em duas empresas desenvolvedoras de software e as estratégias de inovação geradoras das referidas mudanças, considerando o período, para ambas as organizações, que começa na sua fundação e se estende até o ano de 2015. Como objetivos específicos, foram definidos: identificar e analisar as estratégias de inovação adotadas pelas empresas em seus processos de mudança e adaptação estratégica, ao longo da existência dessas empresas; analisar as razões que levaram as empresas à adoção de processos de inovação na sua estrutura organizacional e na sua dinâmica de funcionamento; explicar a forma como se sucedeu o processo de mudança e adaptação estratégica nessas organizações, considerando a inovação como elemento estratégico para o desenvolvimento destas. Em relação aos procedimentos metodológicos, a pesquisa se caracteriza como sendo um estudo de caso, do tipo descritivo, exploratório, cujo enfoque é qualitativo, em que foi utilizado como principal instrumento de coleta de dados a entrevista semi-estruturada e, compondo a fase de análise de dados, utilizou-se a análise de conteúdo. Quanto aos resultados da pesquisa, foram observados, a partir das mudanças descontínuas, períodos que se destacam por mudanças expressivas, motivadas por estratégias de inovação que possibilitaram fases de expansão e desenvolvimento e, em outros momentos, decisões de retração e reestruturação. As estratégias de cada empresa são, na maioria, voltadas para o crescimento da organização de forma sustentável, que emergiram ao longo do tempo e buscaram resultados que nem sempre foram focados na maximização dos lucros, mas na sua permanência e sobrevivência no mercado. Ao relacionar as estratégias de inovação com as mudanças ocorridas, constatou-se que existe uma relação intensa entre ambas e que poucas foram situações em que a mudança e a adaptação se sucederam sem que o novo não estivesse presente. No entanto, determinadas estratégias geraram a aplicação da inovação para a promoção da mudança, e nestas condições conseguiram acentuar e evidenciar a sua transformação. As estratégias que mais desencadearam mudanças são, em geral, emergentes e apresentam relação com o crescimento da organização.

(9)

ABSTRACT

The general objective of this work is to analyze the organizational changes and adaptations that took place in two software companies and the innovation strategies that generate these changes, considering the period for both organizations that starts in its foundation and extends to the year 2015. Specific objectives were defined: to identify and analyze the innovation strategies adopted by companies in their processes of strategic change and adaptation, throughout the existence of these companies; analyze the reasons that led companies to adopt innovation processes in their organizational structure and in their dynamics of operation; and explain how the process of strategic change and adaptation took place in these organizations, considering innovation as a strategic element for their development. Regarding the methodological procedures, the research is characterized as being a unique case study, of the descriptive, exploratory type, whose focus is qualitative, in which the semi-structured interview was used as the main instrument of data collection, and, composing the In the data analysis phase, the content analysis was used. Regarding the results of the research, we observed, from the discontinuous changes, periods that stand out for expressive changes, motivated by innovation strategies that allowed phases of expansion and development and, at other moments, decisions of retraction and restructuring. The strategies of each company are, in the main, aimed at the growth of the organization in a sustainable way; that emerged over time and sought results that were not always focused on profit maximization but on its permanence and survival in the market. When linking the innovation strategies with the changes occurred, it was verified that there is an intense relationship between both, and that few were situations in which the change and the adaptation happened without the new one was not present. However, certain strategies have generated the application of innovation to promote change, and under these conditions have been able to accentuate and evidence its transformation. The strategies that most trigger changes are, in general, emerging and related to the growth of the organization.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O curso das inovações radicais e incrementais nas empresas...17

Figura 2 – Contexto da capacidade de inovação ...35

Figura 3 – Modelo de estudo do processo da mudança estratégica ...48

Figura 4 – Relação entre escolha estratégica e determinismo do ambiente...52

Figura 5 – Modelo de pesquisa ...66

(11)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Terminologias empregadas para definir tipos de inovações ...34

Quadro 2 – Conceitos de Capacidade de Inovação ...37

Quadro 3 – Definições Sobre Mudança Organizacional...39

Quadro 4 – Análise do processo de mudança estratégica ...50

Quadro 5 – Eventos Críticos na empresa ABase Sistemas e Soluções ...79

Quadro 6 – Períodos estratégicos na ABase Sistemas e Soluções ...80

Quadro 7 – Eventos Críticos na empresa Migrate Company...89

Quadro 8 – Períodos estratégicos na empresa Migrate Company...89

(12)

LISTA DE TABELAS

(13)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 1.1 Apresentação do Tema ... 17 1.2 Problema ... 19 1.3 Objetivos ... 21 1.3.1 Objetivo Geral ... 21 1.3.2 Objetivos Específicos ... 21 1.4 Justificativa ... 21 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 24 2.1 Inovação ... 24 2.1.1 Conceito ... 26

2.1.2 Inovação e a sua abrangência ... 28

2.1.3 Tipologias da Inovação ... 31

2.1.4 Capacidade Inovativa ... 34

2.2 Mudança Organizacional Estratégica ... 38

2.2.1 A estratégia e a mudança organizacional ... 42

2.2.2 Análise da mudança organizacional ... 46

2.3 Adaptação Estratégica Organizacional ... 51

3 METODOLOGIA ... 56

3.1 Classificação da pesquisa ... 56

3.1.1 Quanto à natureza ... 57

3.1.2 Quanto à forma de abordagem ... 58

3.1.3 Quanto aos objetivos da pesquisa ... 60

3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos... 61

3.2 Universo da amostra e sujeito da pesquisa ... 62

3.3 Método de coleta e análise dos dados ... 63

3.4 Design e fases da pesquisa ... 70

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 72

4.1 As organizações objeto de estudo ... 72

4.1.1 Empresa ABase Sistemas e Soluções ... 72

(14)

4.2 O processo de mudança e adaptação estratégica das organizações a partir das

estratégias de inovação ... 78

4.2.1 Empresa ABase Sistemas e Soluções – as estratégias de inovação ... 79

4.2.1.1 Interpretação teórica das estratégias de inovação ... 85

4.2.2 Empresa Migrate Company – as estratégias de inovação ... 88

4.2.2.1 Interpretação teórica das estratégias de inovação ... 96

4.2.3 Sistematização das estratégias de inovação desenvolvidas nas empresas...100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 102

(15)

1 INTRODUÇÃO

O contexto mercadológico e organizacional tem levado a intensos debates sobre as oscilações e incertezas apresentadas pelo seu micro e macroambiente. As mudanças ocorridas no ambiente, tais como: a revolução das tecnologias de informação, a globalização, a alteração das fronteiras entre os países e dentre outras, impactaram de maneira significativa o ambiente das organizações (CASTELLS, 1999). Tanto o ambiente interno quanto o ambiente externo têm induzido as empresas a possuírem uma capacidade flexível e adaptativa, desenvolvendo aptidões que contribuem para obtenção de um desempenho superior (LEITÃO; PITASSI, 2002).

A flexibilidade e adaptação, mecanismos chave para a manutenção das empresas, são meios que viabilizam sua sobrevivência e longevidade no mercado. A sobrevivência no mercado exigirá das empresas adaptação ao cenário, legitimando sua capacidade em uma prática real de negócios. Com uma nova realidade do ambiente de negócios e a demanda pelo aumento da competitividade, alterações essenciais são recursos que fornecem diferenciais competitivos capazes de adaptar e sustentar uma organização em seu meio de atuação (COUTINHO; FERRAZ, 1993). A adaptação organizacional à um cenário de mercado complexo e competitivo requer sua mudança por meio da construção de processos de melhoria contínua e ações que proporcionem meios para inovar e criar (SMINIA, 2009).

Ampliar a capacidade de inovar e de se adaptar ao ambiente se tornaram medidas fundamentais para as empresas que desejam permanecer vivas no mercado, no qual a concorrência tem tido decisões céleres e agressivas. Para responder a esse tipo de comportamento concorrente, critérios de avaliação do contexto precisam ser estabelecidos, de forma que o movimento da organização corresponda ao que o cenário reivindica. O cenário empresarial, com sua arena de jogadores, os quais articulam transformações, estratégias e instrumentos que favoreçam seu crescimento; propicia um ambiente de contexto mais favorável para aquelas organizações que conseguem mobilizar conhecimentos e avanços tecnológicos e criar novidade nas suas ofertas, produtos e serviços (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Essa capacidade de criação é o que faz a diferença perante a concorrência, por ser uma forma de se destacar e alavancar no cenário competitivo, conquistando o cliente e alcançando o sucesso no ambiente organizacional (VASCONCELOS, 2008).

(16)

O ambiente organizacional tem apresentado um contexto de muitas mudanças em seus processos, o que se verifica pelo uso intensivo da internet com alta capacidade de conexão a um menor custo, com a utilização de equipamentos mais flexíveis e a popularização de microcomputadores. Nesse cenário, os mercados têm contado com um alto dinamismo e uma forte presença de inovações em seus processos e produtos, influenciando a elaboração de estratégias empresariais em todos os setores (HACKLIN et al, 2005). A influência dessa dinâmica de apresentar o novo ao mercado conduz a um ambiente de caráter descontínuo e mutável, o qual exerce forte pressão sob as organizações e as estimula a realizar suas decisões, de certa forma, limitadas pelo que é ditado pelo ambiente (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). Desta maneira, as ações organizacionais totalizam, até certo ponto, o retrato do que o mercado tem imposto ao âmbito organizacional e, assim, tornam o seu comportamento organizacional uma leitura do cenário mercadológico e de sua influência (WHITTINGTON, 2010).

Retratar a influência do ambiente mercadológico, o qual a organização experimenta ao se posicionar em uma arena de concorrência e competição, envolve acionar gatilhos que contemplem ações para a mudança organizacional (SMINIA, 2009). Utilizar a inovação como resposta a esses gatilhos, proporciona uma reação direta sobre a definição da estratégia de uma organização, o que se dá por conta das ideias colocadas em prática, como a implementação de uma nova rotina organizacional, de uma nova técnica de produção, ou de uma nova maneira de prestação de um serviço; considerando que para serem colocadas em prática se faz necessária uma capacitação tecnológica (AMABILE, 1996). É por meio dessa capacidade tecnológica que organizações desempenham as atividades de criação, produção e inovação; partindo do entendimento de que o incentivo para o uso de novas tecnologias deve ir muito além do que uma mera utilização passiva de consumidores de tecnologias prontas. Pois, ao se transpor os limites de apenas se consumir a tecnologia, é que se promove a sua aplicação para suscitar a criação e oferecer o novo, o que pode ser algo inédito ou uma melhoria em um produto, serviço ou em um processo, se traduzindo, desta forma, em uma inovação tecnológica (OCDE, 2005).

O uso criativo da tecnologia produz um processo de inovação incremental, no qual se estabelece uma direção orientada a maximizar a adequação entre as características de produto ou serviço e as necessidades do mercado, bem como entre tecnologias de produto, serviço e de processo. Esses ajustes são necessários devido à dinâmica dos mercados e à concorrência, o que faz com que inovação e mudança sejam imprescindíveis em ambientes não caracterizados pela estabilidade e pelo equilíbrio (CASTRO et al, 1999; PORTER, 1980). Cenários, assim

(17)

apresentados, com um comportamento altamente dinâmico, possuem como diferencial indispensável, em sua sustentabilidade, a inovação (PORTER; STERN, 2001). Neste sentido, em um contexto organizacional de movimentos deliberados e ágeis, e o modo como o contexto de competição e concorrência tem se demonstrado, para sustentar a inovação tecnológica é preciso alinhar-se ao conceito de melhoria tecnológica constante. Esse contínuo avanço tecnológico compreende a busca frequente por melhores recursos físicos e humanos, bem como por novas tecnologias produtivas. Desta forma, a organização que conseguir acompanhar esse ritmo de melhorias poderá atingir uma expressiva vantagem competitiva, a qual poderá estar associada a alguma característica operacional ou a alguma flexibilidade no processo produtivo (GONÇALVES; FILHO; NETO, 2006).

O processo produtivo, em a uma análise macro, com elementos principais a indústria e o mercado, ou micro, considerando uma empresa individualmente, poderá ser agente transformador quando emprega, seja qual for o aspecto, o novo (GARCIA; CALANTONE, 2002). Qualificar algo como inovador compreende realizar um julgamento em uma esfera de análise abrangente e complexa, com diversas interpretações e perspectivas, cuja compreensão está intimamente associada a ponto de vista diferentes, conforme o interpretador (ADAMS; BESSANT; PHELPS, 2006). Essas inúmeras interpretações e as variações de medidas aplicadas aos preceitos não são suficientes para explicar a totalidade do fenômeno da inovação, principalmente quando se aborda pelo enfoque do comportamento inovador da empresa (ZAWISLAK, 2008). Porém, tem-se o entendimento de que inovar, de forma geral, refere-se à possibilidade de se obter resultados superiores em produtos e processos a partir da criação de novos modelos de negócios ou da escolha por novas formas de gerir a organização (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Como parte fundamental no crescimento da organização e sua manutenção no mercado (DRUCKER, 1985; PORTER, 1999; DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007), a inovação precisa se concretizar de modo que sua presença não apenas seja apreciada em alguns eventos significantes para o negócio, mas que se constitua em parte integrante do cotidiano organizacional e que se possa contemplar sua influência e seus resultados impressos na estratégia de desenvolvimento (EESLEY et al, 2013).

O entendimento auferido sobre o emprego da inovação, na rotina organizacional, remete a este como sendo um poderoso agente transformador e um facilitador para a adaptação organizacional, diante de um ambiente imprevisível, incerto e até mesmo incontrolável (PEREIRA, 2000). Examinar as particularidades do ambiente e analisar o comportamento organizacional, inserido neste contexto, ao longo de um período, endereça a possibilidade de se

(18)

realizar um estudo que compreenda, de forma mais abrangente, a inovação e sua influência para a mudança e adaptação organizacional. O estudo de uma determinada organização é válido, considerando que cada ambiente possui suas peculiaridades, distintas umas das outras, mesmo quando se aborda um mesmo setor. E, desse modo, essa diversificação interfere nas possibilidades de se obter um entendimento mais generalista e abrangente a respeito do conceito de inovação e de sua influência sobre a capacidade de adaptação e mudança no contexto organizacional. Com percepções divergentes em relação às motivações para mudanças, capacidades adaptativas e o intuito inovador, para a análise do ambiente organizacional, se mostram necessários um estudo próprio para cada caso (SBRAGIA; KRUGLIANSKAS; CAMARGOS, 1998).

A escolha por empresas que atuam com tecnologia da informação (TI) neste estudo vai ao encontro da importância da produção dessas organizações para um ambiente de profundas transformações. Para o IDC – International Data Corporation (2008), a dependência entre negócio e tecnologia tem se tornado cada vez mais relevante, o que lhe confere um alto valor estratégico. Desta forma, este estudo tem como propósito investigar empresas desenvolvedoras de software, sendo estas o objeto de pesquisa, considerando o seu processo de adaptação, mudança organizacional e inovação. As empresas estão instaladas em Três de Maio, noroeste do Rio Grande do Sul, região que possui como atividades centrais a produção leiteira e agrícola. E, é nessa cidade de pouco mais de trinta mil habitantes, que essas organizações realizam suas atividades e vêm se destacando no mercado de desenvolvimento de software há mais de uma década, fornecendo seus produtos a clientes em todo o país, principalmente na região sul.

Explorar esse cenário e investigar esse contexto torna-se instigante e motiva o pesquisador a aprofundar o conhecimento no processo de inovação que tem contribuído e influenciado para a mudança e a adaptação estratégica dessas empresas. O conhecimento adquirido na pesquisa é considerado relevante por auxiliar a administração atual e futura das empresas a compreenderem o seu processo de adaptação e mudança organizacional, sob o aspecto da inovação, por meio de uma análise longitudinal. Essa perspectiva de estudo do cenário das organizações possibilitou que houvesse uma reflexão pelos gestores quanto à conduta organizacional adotada, assim como, as expectativas futuras da direção dos negócios. Essa análise considerou o período em que as empresas estão em atividade, desde sua fundação, contemplando seus mais de dez anos de existência.

(19)

1.1 Apresentação do Tema

Mudança organizacional é um termo que vem sendo exaustivamente debatido nas análises organizacionais, principalmente sobre o aspecto da forma e os motivos pelos quais levam as empresas a mudarem ou deixarem de mudar. A mudança aparece não só como inevitável, mas necessária à sobrevivência. Porém, em muitos casos, o processo de mudança vem sendo perseguido e empregado sem o conhecimento do seu total sentido e sem garantia de sucesso para as organizações. Em paralelo a esse contrassenso, nos estudos referentes à inovação, percebe-se sempre uma associação entre este e a questão da mudança, na qual um preconiza ou condiciona a ocorrência do outro (MOTTA, 2000). Para compreender a íntima relação que há entre o sentido do termo inovar e da sua respectiva mudança é analisado o modo como se dá a classificação do grau de aplicação daquele em função deste, podendo ser identificado como radical ou incremental. Essa relação denota a intensidade do impacto e a dimensão que alcança a inovação sobre o ambiente organizacional, conforme pode ser melhor compreendida na Figura 1, abaixo: (VILHA, 2010).

Figura 1: O curso das inovações radicais e incrementais nas empresas.

Fonte: CORAL; OGLIAR; ABREU, 2009, p 4

A inovação, entendida como mudança, possui a finalidade impulsionada por propósitos individuais e coletivos, apesar de que não se pode determinar uma relação direta entre os

(20)

propósitos e seus resultados. Com a análise partindo desses pressupostos, pode-se constatar a vinculação da inovação com a mudança organizacional, bem como a relevância da criatividade de pessoas ou organizações, na geração da inovação (BRUNO-FARIA; ALENCAR, 1998). Ao considerar a relação existente entre inovação e a mudança organizacional, o aspecto ambiental se torna centro dos debates que envolvem o conceito de inovação e de mudança organizacional. Conforme Bressan e Lima (2003, p22) conceituam, pode se compreender o significado de que: Mudança é qualquer modificação (planejada ou não) nos comportamentos organizacionais, formais e informais, mas relevantes (pessoas, estruturas, produtos, processos e cultura), que seja significativa, atinja a maioria dos membros da organização e tenha por objetivo a melhoria do desempenho organizacional em resposta às demandas internas e externas.

Neste mesmo entendimento, as demandas do ambiente, em sua grande maioria das vezes, se traduzem em condições impostas às organizações, as quais podem compreender estas como desafios e oportunidades. As condições ambientais sugerem às empresas que tomem medidas preliminares de segurança, gerando uma necessidade inevitável de adaptação às novas solicitações do cenário mercadológico (GONÇALVES, 1998). Essa necessidade de se adaptar e se adequar, continuamente, propõe que as empresas construam, dentro de si mesmas, uma mudança (DRUCKER, 1995). As empresas, na preparação do seu ambiente interno para a mudança, precisam interpretar as circunstâncias em que se encontram, para que, assim, possam se adaptar de maneira apropriada, bem como adotar um curso de ação significativo. A decisão por um determinado caminho envolve realizar escolhas que consigam empregar harmonia entre variáveis de grande relevância para o contexto organizacional, como: estratégia, estrutura, tecnologia, pessoas e ambiente externo (MORGAN, 1996).

O ambiente e a organização podem apresentar uma relação com características que se moldam de acordo com o modo como a organização se comporta diante das requisições geradas pelo ambiente. Esse comportamento pode manifestar um caráter de adaptação mais determinista ou voluntarista na sua forma de trocas e ajustes em relação às demandas do contexto organizacional. Demonstrar uma reação determinista implica em a organização se adaptar à medida que esse interesse cresce e se percebe as vantagens em atender uma solicitação do ambiente. Por outro lado, proceder de modo voluntarista é o mesmo que se apoderar do ambiente, respondendo aos seus anseios por meio da influência que a organização exerce sobre este ambiente. Estes dois tipos de conduta organizacional não perpetuam a empresa a certo tipo de adaptação, se percebe que sua resposta ao ambiente leva em conta escolhas e decisões

(21)

estratégicas, podendo reagir conforme for conveniente e vantajoso para o seu cenário de atuação (MILES, 1982; ROSSETTO, 1998; TOLBERT; ZUCKER, 1999; ZAMMUTO, 1988).

No processo de se optar por um modo de adaptação ao ambiente, escolhas precisam ser feitas e uma decisão eficaz depende de se encontrar o equilíbrio entre estratégia, estrutura, tecnologia, pessoas, bem como realizar uma análise do ambiente externo. A adoção de um determinado comportamento organizacional não é garantia de que se descubra a maneira mais adequada da empresa de se adaptar a seu ambiente. A adaptação bem-sucedida da organização ao ambiente depende da habilidade da alta administração em interpretar, de maneira apropriada, as condições que a empresa enfrenta, assim como assumir um trajeto de atuação expressivo (MORGAN, 1996). Essa manifestação quanto à direção admitida pela organização não assegura seu sucesso organizacional, mas revela sua habilidade de adaptação e a maneira como lida com o seu ambiente. A percepção que se tem é que organizações com alta capacidade de adaptação vislumbram turbulências ambientais como oportunidades para a inovação e criatividade (GORESKE, 2007).

De acordo com o que foi exposto acima, pode se compreender a correlação existente entre inovação e mudança e inovação e adaptação. Essa mutualidade sugere a possibilidade de se investigar a conexão que há entres estes assuntos e explorar seus vínculos, compatibilidades, reciprocidades e os impactos que um provoca sobre o outro. Sendo assim, o tema deste estudo é o processo de mudança e de adaptação organizacional sob o enfoque da inovação, em organizações desenvolvedoras de software.

1.2 Problema

Ao longo dos anos, a adaptação às mudanças do ambiente tem sido área central do estudo organizacional (GINSBERG; BUCHHOLTZ, 1990; HREBINIAK; JOYCE, 1985). A realidade das organizações, cada vez mais inseridas em ambientes dinâmicos, torna os estudos do processo de adaptação e mudança organizacional de fundamental importância. A investigação desses processos e o estudo dos conceitos sobre adaptação organizacional tem admitido, geralmente, que mudanças ambientais levem à mudança organizacional, o que tem despertado grande atenção de pesquisadores (BOEKER; GOODSTEIN, 1991; ZAJAC; SHORTELL, 1989). O processo de adaptação às contínuas mudanças no ambiente da organização, chamado de administração estratégica (SCHENDEL; HOFER, 1979), exige da

(22)

gestão não apenas responder às mudanças ocorridas no ambiente da organização, mas também tratar das mudanças acarretadas pelos processos internos da organização (GREINER, 1972).

Uma das implicações diretas desse processo de instabilidade e de grande concentração de mudanças no ambiente organizacional tem sido o aumento da incerteza e da insegurança dentro das organizações; estas, para poderem sobreviver, têm buscado permanentemente a adaptação, a reestruturação, a flexibilização e formas de inovação, dentro dos novos formatos do ambiente. O antigo modelo de organização, de comportamento imutável, seguro e, muitas vezes, previsível, vem sendo substituído por outro, o qual apresenta a empresa como sendo um conjunto de processos que precisam, continuamente, serem reavaliados e modificados.

Este contexto demanda por empresas que atendam as devidas condições para sua sobrevivência e seu desenvolvimento, as quais precisarão apresentar um comportamento capaz de reagir a situações imprevisíveis e desafiantes e, ao mesmo tempo, de se antecipar às mudanças e, consequentemente, desenvolver, previamente, o seu plano de adaptação. Esta visão prospectiva é essencial para criar e preservar vantagens que a organização constrói no ambiente de competição e concorrência, sobretudo nas questões de inovação e tecnologia.

As questões relacionadas com inovação manifestam-se sob a condição de um determinado problema a ser resolvido ou uma determinada necessidade a ser superada, compreendendo tanto as demandas do dia a dia que requerem um conhecimento básico, quanto aquelas demandas relacionadas com o inédito. Essas respostas às necessidades do ambiente podem ser observadas quando se relaciona a inovação ao processo de mudança vivido pela sociedade, na qual existe um grande e complexo conjunto de novos problemas e necessidades a ser atendido e a inovação funciona como um instrumento para superá-los. Neste sentido, o papel da inovação contribui para as mudanças decorrentes de situações existentes em dado contexto social, ao mesmo tempo que prepara para a adaptação ao novo cenário.

O monitoramento desse cenário com requisições, superações, mudanças e adaptações sugere a necessidade de uma investigação sobre o comportamento de organizações pertencentes aos mais diferentes setores produtivos. O estudo de empresas do setor de tecnologia da informação (TI) se deve a sua importância para a composição de serviços e produtos. Empresas de outras áreas reconhecem a significativa relevância da TI para agregar valor e qualidade aos produtos e serviços oferecidos, melhorar seus processos decisórios e garantir a sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo e turbulento.

A tecnologia da informação, por si só, não é capaz de trazer ganhos para o negócio. Para que ela proporcione resultados efetivos, é preciso que esteja integrada a uma estratégia de

(23)

negócio, ou seja, os investimentos em TI devem estar diretamente associados a um objetivo organizacional, contribuindo para o seu alcance. Se não houver a preocupação de relacionar-se o investimento de TI com objetivos de negócio, incorre-se no grande risco de se implementar tecnologia sem a capacidade de executar o que a empresa precisa.

O acompanhamento da forma como empresas produtoras de tecnologia da informação, especificamente, desenvolvedoras de software, lidam com o seu ambiente, sua reação e seu meio de atuação, ainda é muito insuficiente e as informações são mais escassas quando se trata de empresas que estão situadas fora dos grandes polos de TI. Desta forma, o problema de pesquisa está em compreender como os processos de inovação influenciaram a mudança e a adaptação estratégica de organizações que atuam no mercado de desenvolvimento de software?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar os processos de mudança e adaptação estratégica de organizações, desenvolvedoras de software, a partir das estratégias de inovação implementadas.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Identificar e analisar as estratégias de inovação adotadas pelas empresas em seus processos de mudança e adaptação estratégica, ao longo da existência dessas empresas. b) Analisar as razões que levaram as empresas à adoção de processos de inovação na sua

estrutura organizacional e na sua dinâmica de funcionamento.

c) Explicar a forma como se sucedeu o processo de mudança e adaptação estratégica nessas organizações, considerando a inovação como elemento estratégico para o desenvolvimento destas.

(24)

1.4 Justificativa

As modificações constantes no ambiente de atuação das organizações e a dinâmica da economia acarretam uma urgência no modo como empresas interpretam essas alternâncias e lidam com as oscilações de mercado. A reação positiva da organização perante um ambiente de movimentos variáveis e instáveis dependerá da execução de processos de mudança e adaptação a esse ambiente. A realização da mudança em uma organização e sua adaptação ao seu ambiente de atuação requer que haja um domínio a respeito dos conceitos e aplicações dessas duas ações chave: mudar e adaptar. Conhecer e empregar a mudança e a adaptação com integralidade exige da organização um desprendimento do modo tradicional de condução dos negócios, o qual se tratava de um estilo de comportamento previsível e sem grandes movimentos, para um modelo mais ousado e inovador (ARANGO; MEJIA; GOMEZ, 1995).

A aplicação de um modelo de conduta organizacional, que empregue um comportamento arrojado, solicita a preparação de sua estrutura e intensos debates sobre as variáveis que envolvem o processo de mudança adaptativa. A compreensão de que mudanças adaptativas libertam o ambiente organizacional de uma rotina extenuante e repetitiva, corrigindo o rumo da organização e realizando a manutenção do seu status quo, acarreta uma capacidade em potencial para a flexibilidade e adaptação de empresas face ao seu ambiente (LEITÂO; PITASSE, 2002). Essa predisposição, que pode ser tanto de se moldar para se ajustar as demandas ou para se introduzir no ambiente de negócios, evidenciam os aspectos que se destacam no processo da mudança, adaptação e criatividade, necessários para a manutenção organizacional em ambientes de negócios, sendo este último característico de uma expressiva dinâmica.

O exercício e o esforço para que a relação ambiente e organização tenham sucesso gera a necessidade de que haja um diálogo coerente entre a mudança, adaptação e o inédito, de forma que estes sejam dispostos e introduzidos no ambiente de negócios, culminando, assim, no resultado que a organização obterá deste ambiente. O modo como são articulados o processo de mudança e sua adaptação no ambiente organizacional estabelece o meio pelo qual esses conceitos estão interligados num processo de influência mútua. A atuação conjunta destes dois aspectos em consonância com o novo sugere a necessidade de compreender a associação destes conceitos e a repercussão em decorrência de sua combinação (ARANGO; MEJÍA; GOMEZ, 2005).

(25)

O entendimento da conjunção que há entre inovação, mudança e adaptação aliado ao conhecimento da história e evolução organizacional desencadeia um profundo estudo em relação à celeridade que a empresa emprega em suas respostas para as demandas do seu ambiente. O acompanhamento evolutivo de uma organização possibilita que se conheça o seu comportamento e o seu ritmo de operações. Um estudo que enfatize a trajetória organizacional consegue melhor explorar sua adaptação estratégica sob uma perspectiva de percurso, contexto e processo (PETTIGREW, 1987). A importância dada à memória de uma organização permite uma melhor percepção a respeito de sua realidade de uma forma mais dinâmica e mais bem fundamentada.

O estudo da dinâmica de crescimento e desenvolvimento, envolvida na trajetória de uma empresa, importa tanto para o contexto organizacional quanto para o acadêmico. A pesquisa realizada para investigar e analisar o modo como organizações se adequam e se ajustam para se adaptarem e praticarem a mudança, em seu ambiente interno, assim como, externo, tem sido de grande relevância em pesquisas acadêmicas. Para a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), no Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional, existe um grupo de pesquisa, denominado GPCOM, que tem estudado os processos de mudança e de adaptação de organizações da região, com o intuito de gerar conhecimento que sirva de base para análise do desenvolvimento da Região Noroeste do Estado.

Além disso, a presente pesquisa buscou identificar peculiaridades e cruzar a dinâmica da mudança e adaptação organizacional com características pertencentes ao ramo de negócio em que tais empresas investigadas estão incluídas, como o desenvolvimento de software. A produção de software oferece para as organizações os meios necessários para o controle de suas informações gerenciais e a possibilidade de se extrair desse controle o conhecimento para a tomada de decisões no rumo dos negócios, assim como estratégias para a redução de custos operacionais e de crescimento dos lucros, e o apoio à otimização dos processos e à eliminação das barreiras de comunicação.

O fato das organizações desse ramo de negócio gerar um produto de grande relevância para o mercado como um todo resulta na conveniência de se realizar o seu estudo e investigar sua história, por meio de uma trajetória longitudinal, com foco em organizações participantes desse que é um dos principais setores da área de TI, traçando seu percurso sob a perspectiva de mudança e adaptação estratégica, uma vez que, investigar esse contexto ainda havia sido pouco explorado na academia, com a qual a pesquisadora possui vínculo discente. Sendo assim, a

(26)

execução dessa pesquisa trouxe para a autora uma expressiva curiosidade e para a academia uma notável e significativa oportunidade de conhecer e descobrir particularidades intrínsecas do setor na execução, de acordo com o seu modo, da mudança e da adaptação estratégica sob o enfoque da inovação.

Então, compreender e interpretar como empresas se adaptam e executam mudanças para se ajustarem às demandas do ambiente contribui para a academia, assim como, para as organizações. O valor gerado por pesquisas, como a realizada nesse estudo, agrega para a melhor compreensão da forma como organizações regionais vêm atuando e cooperando para o desenvolvimento de municípios e região. Além disso, é possível identificar os fatores e contingências que influenciam as tomadas de decisões e determinadas ações no processo de desenvolvimento das empresas e do local onde as mesmas estão situadas.

(27)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta a base conceitual utilizada para executar essa pesquisa, que tem como enfoque explorar o cenário de mudança e adaptação organizacional, por meio das estratégias de inovação. Portanto, inicia com a abordagem da inovação, conceito, abrangência e tipologias. Na sequência, discorre sobre a mudança organizacional, a relação da estratégia com a mudança organizacional e o enfoque da adaptação estratégica.

2.1 Inovação

A palavra inovação está diretamente relacionada ao ato de criar, ao ato de fazer algo novo. Em um mundo, no qual há a necessidade de um constante processo de mudança, a inovação se apresenta no centro de análises e estudos dos mais variados tipos, com presença certa em debates realizados em diversos meios, muitas vezes sem o devido cuidado conceitual. Essa constatação pode ser mais bem observada, por exemplo, por leituras realizadas na internet, na qual o termo é bastante utilizado. Uma pesquisa rápida utilizando a ferramenta de busca Google apresentou como retorno mais de 20 milhões de resultados para a palavra “inovação”. E a surpresa é ainda maior quando a mesma pesquisa é realizada com a palavra “innovation”, o número de registros retornados aumenta consideravelmente: mais de 315 milhões de resultados. Apesar da surpreendente resposta da ferramenta, ainda assim, não é o suficiente para traduzir e esclarecer definitivamente seu impacto e influência no presente momento do mercado, mas, certamente, declara a importância que vem sendo atribuída ao tema (FUCK; VILHA, 2012).

Inovação, definitivamente, tornou-se o assunto centro das discussões em todo tipo de organização. Não se limitando mais aos ambientes escolares e às pesquisas, o termo inovação pode ser facilmente encontrado em reuniões, relatórios e documentos que descrevem a missão e a estratégia da empresa. O destaque para o aumento do uso do termo se deve ao fato de inovar ser uma forma de garantia da evolução e sobrevivência, estando presente no nosso cotidiano, e no das empresas, muito mais do que é capaz de se observar (ZAWISLAK, 2008). Esse aumento da frequência com que é percebida a presença do tema inovação pode ser mais bem compreendido quando se constata a sua abrangência, incorporando os desenvolvimentos científicos e tecnológicos com a geração de novos produtos ou com processos intensivos em conhecimento. A dimensão com que a inovação consegue envolver, impactar e influenciar

(28)

caracteriza um processo dinâmico que interfere profundamente a economia, a sociedade e o meio-ambiente (FUCK; VILHA, 2012).

A percepção para a frequente presença da inovação, tanto no ambiente organizacional quanto no mercadológico, e para a sua condição de elemento estruturante do desenvolvimento econômico se deve a sua capacidade de impulsionar os fatores desencadeantes do crescimento. Essa perspectiva se dá por meio de uma visão macroeconômica, a partir da qual se constata que o mercado e o comportamento do consumidor são constantemente modificados para que possam acompanhar a constante evolução da economia. Essas transformações somadas às novidades do mercado se traduzem em um ciclo composto por inovações e crescimento econômico. A inovação se dá pela introdução de novos produtos e serviços e o crescimento econômico pela respectiva indução da necessidade de consumi-los (SCHUMPETER, 1988).

A relação de consumo e inovação está fundamentada no fenômeno socioeconômico que é traduzido na geração de valor para a sociedade e para a economia. A importância social resulta dos novos conhecimentos advindos por meio da criação. Por outro lado, a inovação tem grande relevância para o aspecto econômico devido ao estímulo do consumo e, assim, consequentemente, condiciona a sociedade a uma necessidade constante de fazer parte das relações de troca (ZAWISLAK, 2008). Essa associação de inovação com economia descreve o poder daquele de gerar riqueza por meio da introdução do novo e sua respectiva aquisição, demonstrando, desta forma, a capacidade de influência do inédito sobre as pessoas. Esse potencial em persuadir o indivíduo é o que estabelece e concretiza a inovação, ou seja, não basta criar, tem que ser notório e aceito pelo mercado (GARCIA; CALANTONE, 2002).

As condições para que a criação possa ser caracterizada como sendo uma inovação e sua compreensão inclui a noção do que é novo e o comportamento das pessoas envolvidas (NADLER; TUSHMAN, 1997). Mas, por outro lado, estabelecer um conceito único pode não ser tão simples, ou até mesmo impossível. A dificuldade de se estabelecer um entendimento preciso a respeito do assunto pode ser mais bem compreendida quando se percebe que a literatura é bastante vasta, que também há muita ambiguidade conceitual ligada ao termo, e que, além disso, nem todo o material de pesquisa possui em seu conteúdo o tema inovação de forma explícita, o que facilitaria muito o seu rastreamento quando procurado por leigos em busca de conhecimento (GLOR, 1997; ROGERS, 1998).

A literatura apresenta, ao termo inovação, uma multiplicidade de definições conforme determinados aspectos e segundo o pensamento de certos pesquisadores que contribuem para o seu esclarecimento. A pluralidade de entendimentos a respeito da inovação amplia o número de

(29)

autores que cooperam com o seu ponto de vista. Desta forma, explorar o entendimento e as diversas perspectivas de importantes pensadores do assunto torna-se válido para ampliar o conhecimento e assimilar as diferentes interpretações a respeito do tema e sua aplicação.

2.1.1 Conceito

Inovar, de forma geral, refere-se à possibilidade de se obter resultados superiores em produtos e processos a partir da criação de novos modelos de negócios ou da escolha por novas formas de gerir a organização (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Sendo parte fundamental no crescimento da organização e sua manutenção no mercado (DRUCKER, 1985), a inovação é abrangente e complexa, com diversas interpretações e perspectivas, cuja compreensão está intimamente associada a pontos de vista diferentes, conforme o interpretador (ADAMS; BESSANT; PHELPS, 2006). Deste modo, a inovação pode ser compreendida por meio de uma análise macro, com elementos principais a indústria e o mercado, ou micro, considerando uma empresa individualmente (GARCIA; CALANTONE, 2002). Porém, as inúmeras interpretações e as variações de medidas aplicadas aos preceitos não são suficientes para explicar a totalidade desse fenômeno, principalmente, quando se aborda pelo enfoque do comportamento inovador da empresa (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).

A multiplicidade de definições para o termo inovação segue conforme determinados aspectos e segundo o pensamento de alguns pesquisadores que contribuem para o seu esclarecimento. Certos autores consideram-na como sendo uma novidade ou algo que exprima o novo na percepção das pessoas (ROGERS, 1998), ou a introdução de novos conceitos em processos, produtos ou serviços, algo diverso do que a organização já possua em seu ambiente (DOWNS; MOHR, 1976). Outros pesquisadores resumem que inovar seria o emprego de uma nova ideia, semelhante à criatividade, melhoria, uma mudança substantiva (ROGERS, 1998).

A imensa variedade de entendimentos e a imensa possibilidade de interpretações a respeito da inovação amplia o número de autores que contribuem segundo sua visão. Para Tidd, Bessant e Pavitt (2008), inovar engloba aspectos como criatividade, adaptações, ajustes ou novas propostas que sejam possíveis de implementação e que surpreenda e atinja os objetivos planejados. Resumidamente, o autor informa que inovação é algo novo que agregue valor social ou riqueza. De acordo com Adams, Bessant e Phelps, (2006), embora o termo inovação seja sabidamente abrangente e existam múltiplas definições, de uma forma simples, o mesmo pode ser definido como a exploração bem-sucedida de novos conhecimentos.

(30)

Conforme Roberts (1988) acrescenta, a inovação é composta pela concepção de uma ideia ou invenção e pela conversão dessa invenção em um negócio ou outra aplicação útil. Essa definição vai ao encontro do que Tidd, Bessant e Pavitt (2008) definem para o significado de inovação quando a conceituam como sendo o processo de transformar oportunidades em novas ideias e colocá-las em prática, o que descarta a necessidade da abertura de novos mercados, uma vez que essas novas ideias podem proporcionar maneiras diferentes de servir mercados já existentes e consolidados.

Para Dodgson, Gann e Salter (2008), a inovação inclui as atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais necessárias à introdução de um novo (ou melhorado) produto ou serviço. Isto é, inovar significa identificar as oportunidades, com a concretização de criações que correspondam a essas necessidades e, finalmente, a sua respectiva aplicação e prática, o que significa a comercialização dessas criações na forma de produtos ou serviços. Gibson e Skarzynski (2008) alertam para um equívoco muito comum que as pessoas cometem ao definir se algo é ou não uma inovação, pois, geralmente, associam ao novo, inédito, combinada a alta tecnologia ou produzido pelo setor de pesquisa e desenvolvimento (P&D).

A inovação relacionada com a tecnologia, que produz as chamadas inovações tecnológicas, por sua vez, pode ser entendida como a introdução de produtos/serviços ou processos produtivos tecnologicamente novos e melhorias significativas em produtos e processos existentes. Infere-se que uma inovação tecnológica de produto/serviço ou processo é considerada como sendo implementada se a mesma tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto), ou utilizada no processo de produção (inovação de processo) (OECD, 2005). Nesta acepção, inovar, principalmente quando relacionada com a inovação tecnológica, é compreendida, no cenário atual, como essencial nas estratégias de diferenciação, competitividade e crescimento, em um número cada vez maior de negócios. Ao aderir às estratégias e práticas que produzam inovação, as empresas estão buscando diferenciações capazes de produzir produtos e serviços para o mercado que gerem vantagens competitivas sustentáveis em relação a seus competidores (VILHA, 2010). Por outro lado, é evidente que os competidores também podem apostar na mesma estratégia, o que geralmente acontece na realidade dos negócios. Portanto, não se deve pensar em inovação tecnológica como um processo que se estabiliza e se estabelece, ou como um jogo em que os resultados são conhecidos, pelo contrário, trata-se de um processo bastante dinâmico, incerto, socialmente construído e que geralmente está envolvido em grandes controvérsias e surpresas, aliás, como se trata de algo novo, o imprevisto é inerente à inovação (FUCK; VILHA, 2012).

(31)

Porém, inovação não está limitada a mudança tecnológica, pois em sua natureza é possível perceber a coordenação de novas combinações com amplas perspectivas e compreensões. Esse entendimento pode ser mais bem expressado pelos seguintes casos: primeiro, um novo bem ou serviço, ou apenas uma nova característica empregada a um produto já existente, mas ainda não conhecido pelos consumidores; segundo, um novo método de produção ainda não validado para uma dada linha de produção e que ainda não possua comprovação científica; terceiro, a criação de um novo mercado, inédito pela perspectiva da empresa, ainda que esse mercado não tenha sido explorado, até o momento, por nenhuma outra empresa; e, a quarta, nova fonte de matéria-prima ou produtos semimanufaturados, independente de essa fonte já existir ou ter sido recentemente criada (SCHUMPETER, 1942).

Todas essas combinações remetem às inúmeras possibilidades para a inovação se fazer presente nos mais diversos aspectos do cotidiano. Essa difusão do novo ao longo das mais variadas atividades e a sua interação em diferentes cenários exprime uma abrangência sem limites e irrestrita. O conhecimento de sua amplitude, suas relações, influências e impactos, permite analisar o diálogo existente entre inovação e ambiente. A imensa dimensão percebida pela aplicação do tema e o dinamismo com que o assunto é processado são fatores que direcionam para a necessidade da participação de um amplo conjunto de atores sociais. O entendimento do processo de inovação envolve conhecer o grau de impacto produzido e o significado da mudança gerada pela introdução do novo, sendo esses dois aspectos analisados tanto pela perspectiva da organização quanto pela do mercado.

2.1.2 Inovação e a sua abrangência

A abrangência da novidade pode ser compreendida como sendo o contexto no qual esta está inserida e a extensão de seu impacto. O uso destas duas dimensões para o entendimento do alcance da inovação estabelece a perspectiva da novidade que uma inovação representa, podendo uma novidade ter um grau de abrangência para a empresa ou para a indústria e o mercado. O estudo do contexto de domínio de algo inédito informa o âmbito de implementação da inovação. O cenário de influência e efeito da novidade pode depender do ambiente organizacional, do espaço geográfico do mercado ou até mesmo englobar empresas e indústrias domésticas e internacionais, gerando um alcance de inovação com repercussão mundial (FUCK; VILHA, 2012).

(32)

A análise da repercussão da inovação pode ser realizada a partir de duas perspectivas: a primeira, pela visão econômica, o que pode ser chamada de nível macro, na qual as inovações estão relacionadas a um mercado ou uma indústria; e a segunda perspectiva, pelo ponto de vista da empresa, aqui chamada de nível micro, na qual o objeto e sua análise estão concentrados no âmbito da empresa e as suas iniciativas relacionadas à inovação. Essas duas perspectivas permitem que a interpretação seja direcionada para as consequências diretas e seus impactos no mercado em questão. A representação do nível macro se dá pelo contexto mundial, podendo a inovação gerar efeitos para o mundo, para o mercado ou para a indústria; no nível micro, a inovação é avaliada quanto à sua novidade para a empresa ou para o cliente (FUCK; VILHA, 2012).

O âmbito de inovação delimitado pelo ambiente da empresa pode produzir o novo por meio de um método de produção, processamento e marketing ou um método organizacional já implementado por outras empresas, mas, se ele é novo, ou expressivamente melhorado, para a empresa, então se refere a uma inovação para essa empresa. Com esse entendimento, percebe-se que a novidade da inovação está na dependência “de quem” a depercebe-senvolve e “para quem” percebe-será oferecida. A predisposição que uma empresa apresenta em inovar ou desenvolver novos produtos (ETTLIE; BRIDGES; O’KEEFE, 1984), assim como a propensão para o emprego de inovações (DAMANPOUR, 1991) são medidas que contribuem para que uma organização seja caracterizada como inovadora. Julgar uma organização como inovadora apenas quando há originalidade de um produto que a empresa comercializa ou adota não é a única medida de inovação organizacional, pois, como Garcia e Calantone (2002) expõem, o emprego de uma estratégia de inovação baseada na imitação e melhoria de produtos ou tecnologias já existentes tem sido estratégia praticada por muitas empresas.

A análise de uma estratégia de inovação pode levar em conta, além do espaço de impacto, como se pode compreender, também o grau de mudança envolvida. Nesse tipo de interpretação da abrangência que uma novidade pode abarcar, a inovação é classificada como sendo incremental ou radical. Para uma inovação ser considerada incremental entende-se que a melhoria empregada em uma organização precisa ser contínua ou gradual em seus produtos, serviços ou processos já existentes. As inovações incrementais compõem a maior parte das inovações produzidas e possuem um significativo impacto econômico. Esse impacto se deve ao fato de que esses tipos de inovação possuem maior facilidade de ser gerados e, desta forma, desempenham uma importante influência no processo de mudança nos mercados (VILHA, 2010).

(33)

Por outro lado, a introdução de produtos, serviços ou processos novos no mercado correspondem à inovação radical. A inovação radical abrange atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A atividade de “Pesquisa” pode ser entendida como sendo um instrumento ou ferramenta para se revelar novos conhecimentos básicos ou aplicados; e a atividade de “Desenvolvimento” aborda a aplicação destes novos conhecimentos para se atingir resultados práticos (OECD, 2005). As atividades de P&D, no ambiente organizacional, ampliam sua capacidade de produzir conhecimento interno, assim como, de absorver conhecimento externo relevante para o seu processo inovativo, favorecendo a construção de parcerias com atores importantes para o sistema de inovação, como os Institutos de Pesquisa, as Universidades, as empresas concorrentes e fornecedores (FUCK; VILHA, 2012).

A compreensão do sistema de inovação introduz o conhecimento sobre a proporção do efeito do novo, informando sua abrangência e gerando o entendimento de que o processo inovativo se estende para a dimensão da mudança tecnológica. As mudanças nos sistemas tecnológicos, as quais compreendem as mudanças de longo alcance na economia e, geralmente, incluem numerosas inovações radicais e incrementais de produtos e processos, o que se denomina por “constelações de inovações”; e a mudança de paradigma, que diz respeito a mudanças tão profundas, são aplicações do novo que alteram completamente o ambiente, a ponto de afetarem o comportamento de praticamente toda a economia (FREEMAN; PEREZ, 1988).

Os impactos e resultados da inovação são consequências do quanto uma empresa está receptiva para a construção de um ambiente apto para a criação e para o novo. A inovação está subordinada às capacidades e às competências da empresa, tornando, assim, a organização parte integrante e responsável pelo processo de inovar. A inovação é também um processo contínuo e interfuncional, abrangendo e agregando inúmeras competências dentro e fora das fronteiras organizacionais, com o principal interesse de transformar oportunidades de negócios em resultados concretos. Desta forma, as organizações introduzem a inovação em seu contexto de diversas formas, propondo perspectivas diferentes para a sua classificação ou tipificação. A análise da sua abrangência ou extensão coopera para identificar o que mudou e a extensão da mudança, caracterizando o tipo de inovação empregado.

(34)

2.1.3 Tipologias da Inovação

Os tipos de inovação compreendem um amplo conjunto de inovações possíveis. As inúmeras possibilidades de se construir o novo incluem as atividades de inovação. Essas atividades são etapas científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais que conduzem, ou visam conduzir, à implementação de inovações. Nesse aglomerado de atividades de inovação, algumas são em si inovadoras, outras não são atividades novas. Porém, observa-se que estas, as quais não observa-se caracterizam pela novidade, estão preobserva-sentes na criação do novo por serem necessárias para a implementação da inovação (OECD, 2005).

A maneira pela qual uma inovação pode ser implementada, o que, de modo geral, pode ser representada por uma novidade ou mudança significativa de produto, de processo, de negócio ou no nível organizacional; caracteriza o valor gerado pela inovação. A análise sob essa perspectiva apresenta o que é mudado e aponta o resultado da inovação. A identificação desses dois aspectos possibilita compreender que uma inovação pode ser mais bem percebida quando classificada em virtude dos meios utilizados para sua criação e implementação, podendo ser categorizada por meio de um ou mais tipos de inovação (OECD, 2005).

A percepção de que classificar a inovação em tipos acarreta uma melhor compreensão do que é inovar e facilita a identificação no que inovou fez com que se produzissem várias concepções e interpretações para a geração de tipologias para a inovação. A classificação da inovação, para determinar a proveniência ou para melhor reconhecer como se emprega o novo, pode ser muito bem demonstrada pelo resultado do estudo realizado e apresentado no Fórum de Inovação (SIMANTOB, 2009), consórcio de organizações criado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), que distribuiu a inovação em quatro quadrantes: o primeiro quadrante expôs a inovação classificando esta como sendo de produtos e serviços, estabelecendo no seu conteúdo o desenvolvimento e comercialização de produtos ou serviços novos, baseados em novas tecnologias e relacionados à satisfação de necessidades dos clientes; o segundo quadrante se refere a inovação de processos, a qual compreende o desenvolvimento de novos meios de fabricação de produtos ou de novas formas de relacionamento para a prestação de serviços; o terceiro quadrante apresenta inovação de negócios, que direciona o entendimento da inovação para o fornecimento de vantagem competitiva; e, por último, a inovação em gestão, a qual associa o desenvolvimento do novo a partir de novas estruturas de poder e liderança.

(35)

O desdobramento da inovação, o que engendra uma tipologia para o novo, constitui uma possibilidade de se obter métodos diferentes de classificação, os quais permitem um diálogo ou um debate entre os diversos modos de se reconhecer a inovação. De acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 2005), as inovações podem ser constatadas e nomeadas considerando quatro categorias: primeira, inovação de produto, que refere-se a um bem ou serviço novo ou substancialmente melhorado no que tange a suas características ou a usos previstos; segunda categoria, inovação de processo, a qual está relacionada a elaboração de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado; terceira categoria, inovação de marketing – implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços; e a quarta categoria, inovação organizacional – implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.

As terminologias empregadas, tanto na literatura acadêmica como no contexto profissional, culminam nos diferentes modos de se conceituar e tipificar as inovações, o que, consequentemente, coopera para a não existência de um consenso que possa definir uma forma única de classificação genérica. Entretanto, pode-se constatar algumas classificações mais comuns e que são frequentemente encontradas em propostas de tipologias. Com essa percepção, se torna necessário visitar, conhecer e analisar as diversas perspectivas em que tais propostas são apresentadas. Tidd, Bessant e Pavitt (2008) utilizam uma classificação semelhante as já contempladas por outros autores para categorizar as inovações de forma abrangente, formando o que se pode apelidar de os “4 Ps” da inovação: o primeiro “P” se refere à inovação de produto, que são mudanças naquilo que uma empresa produz ou fornece(produtos/serviços); o segundo “P” diz respeito à inovação de processo que são mudanças na forma de elaboração e fornecimento de produtos/serviços; o terceiro “P” descreve a inovação de posição que são mudanças no contexto em que produtos/serviços são introduzidos; e, por último, o quarto “P” é definido pela inovação de paradigma, na qual o novo é construído por mudanças no modo de pensar e orientar o que a empresa faz e produz.

Os detalhes de pesquisas realizadas sobre as mudanças resultantes da inovação levam em consideração, em alguma medida, o novo como sendo componentes de questões que tratam do meio organizacional ou do marketing, por exemplo; mas, ainda assim, permanece o exame da aplicação do inédito levando em conta, como elementos centrais, produto e processo. A grande maioria dos autores que pesquisam sobre inovação e a maior parte das análises

(36)

realizadas sobre o emprego do novo identificam o inédito, resumidamente, em dois enfoques bem definidos: produto e processo. A distinção entre produtos e processo é fácil de ser esclarecida e sua exemplificação é simples de ser compreendida, uma vez que, sua presença está relacionada à produção de bens. Para os serviços, porém, sua elucidação pode ser menos evidente, pois a produção, a distribuição e o consumo de muitos serviços podem ocorrer ao mesmo tempo em um processo, no qual diferenciar suas partes e apontar, isoladamente, onde está a inovação pode se tornar um recurso de interpretação confuso e incompleto.

Algumas instruções apresentadas pelo Manual de Oslo (OECD, 2005) buscam esclarecer e indicar meios de diferenciar produto e processo, como: (1) quando a inovação envolve características novas ou, substancialmente, melhoradas do serviço fornecido aos consumidores; então, nesse caso, diz respeito a uma inovação de produto; (2) caso a inovação inclua métodos, equipamentos e/ou habilidades novos ou, significativamente, melhorados para a execução do serviço, então refere-se a inovação de processo; (3) se a inovação envolve melhorias substanciais nas características do serviço oferecido e nos métodos, equipamentos e/ou habilidades usados para sua execução, no caso em questão trata-se de uma inovação tanto de produto como de processo.

O conhecimento e a análise da teoria utilizada como referência, para compreender como diferentes autores agrupam e tipificam a inovação, leva a concluir que, frequentemente, as classificações são realizadas em um conjunto de quatro tipos básicos. A terminologia construída por esses autores apresenta apenas algumas pequenas diferenças na sua denominação, mas que, em geral, possui o mesmo significado. Um entendimento importante que precisa ser considerado é que uma mesma inovação, dependendo do caso, pode ser classificada em mais de um desses tipos. O quadro 1 mostra, resumidamente, as terminologias apresentadas no referencial e que são empregadas para definir tipos de inovações em relação ao resultado produzido.

(37)

Quadro 1 – Terminologias empregadas para definir tipos de definições.

Fonte: JAEGER Neto, 2010

A terminologia, inegavelmente, desperta o entendimento e permite pontos de vista diferentes para se alcançar a compreensão de algo ainda a ser muito explorado pelos diversos atores que contracenam em um contexto, no qual ora se posicionam como protagonistas e inauguram o espetáculo, ou ora são telespectadores ou coadjuvantes deixando-se levar pelas peripécias e circunstâncias do que acontece em cena. O cenário das organizações e da sociedade, como um todo, estimulam ou são estimulados todos os dias pela novidade, mudando seus conceitos, suas necessidades, dando um novo sentido para o mercado. As relações mercadológicas e as razões para o consumo se deparam com novas diretrizes que impulsionam as relações de troca e elevam o desejo pelo novo. Algumas organizações assumem a posição de instaurar o inédito, provocando ou impondo a necessidade de obtê-lo; já outras são levadas ou obrigadas a instituir a mudança, buscando atender as constantes modificações no mercado originárias do almejo de consumir o novo.

2.1.4 Capacidade Inovativa

A capacidade das empresas de conceber e formar seus recursos e competências em meio às rápidas mudanças do mercado, com o objetivo de obter maior vantagem competitiva e melhor desempenho, tem sido foco de atenção de estudos teóricos e empíricos nos últimos anos. Esse é um estudo e campo de investigação instigante nas pesquisas sobre gerenciamento estratégico, mudanças organizacionais, inovação e vantagem competitiva. Nesse contexto, revela-se o modelo das capacidades dinâmicas, que analisa como as empresas preparam seus recursos e capacidades para fomentarem as vantagens competitivas em ambientes turbulentos e altamente mutáveis. As capacidades dinâmicas desempenham importante papel na competitividade das empresas, possibilitando uma performance superior ou uma vantagem competitiva sustentável em ambientes sem equilíbrio ou harmonia constante. A relevância e a expansão do conceito de capacidade, cobrindo aspectos da inovação e da tecnologia, permitiu às organizações se apoderarem desses atributos para tornar-se cada vez mais competitivas por meio da

Tipos de

Inovações

Simantob (2009) Tidd, Bessant e Pavitt (2008) Manual de Oslo, OECD

(2005)

Produto Produto e Serviço Produto Produto

Processo Processo Processo Processo

Negócio Negócio Posição Marketing

Referências

Documentos relacionados

In this work, improved curves are the head versus flow curves predicted based on the correlations presented in Table 2 and improved by a shut-off head prediction

Dessa forma, a partir da perspectiva teórica do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o presente trabalho busca compreender como a lógica produtivista introduzida no campo

A placa EXPRECIUM-II possui duas entradas de linhas telefônicas, uma entrada para uma bateria externa de 12 Volt DC e uma saída paralela para uma impressora escrava da placa, para

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

A motivação para o desenvolvimento deste trabalho, referente à exposição ocupacional do frentista ao benzeno, decorreu da percepção de que os postos de

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem