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A inserção da dança no currículo da educação física escolar

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO - DHE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

RONISE BORTOLOTTI

A INSERÇÃO DA DANÇA NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

IJUÍ 2017

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A INSERÇÃO DA DANÇA NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Educação Física da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul para obtenção do título de Licenciada em Educação Física.

Orientadora: Fabiana Ritter Antunes

IJUÍ 2017

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CCM – Cultura Corporal de Movimento DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais EDF – Educação Física

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais PPP – Projeto Político Pedagógico

TC – Termo de Confidencialidade

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A dança esta presente no cotidiano do ser humano desde a antiguidade assumindo as mais diversas funções. Nesse sentido, o presente trabalho parte das inquietações sobre o ensino dessa prática na Educação Física escolar, uma vez que nem sempre esse tema de ensino tem recebido a devida atenção nas escolas. Tem como objetivo principal identificar se há a inserção da Dança nas aulas de Educação Física escolar de quatro escolas de um pequeno município da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul; compreender se os professores envolvidos nesta pesquisa trabalham com a dança, descobrindo as dificuldades que estes vivenciam ao trabalha-la; e análise dos PPP’s e Planos de estudos das escolas para diagnosticar se a dança esta inserida nos mesmos. Este trabalho está pautado em uma abordagem qualitativa, caracterizando-se como uma pesquisa de campo do tipo descritiva. Metodologicamente, a pesquisa contou com a participação de quatro professores que atuam nos anos finais do Ensino Fundamental, e quatro escolas, as quais atendem o ensino fundamental (anos finais). Os instrumentos para levantamento de informações foram um questionário, uma entrevista semiestruturada, e análise dos PPP’s e Planos de Estudo das escolas envolvidas. Os resultados apresentados mostram que os sujeitos deste estudo reconhecem a grande importância de se trabalhar com a dança, a qual agrega vários valores aos alunos, porém há pouco conhecimento sobre esta temática por parte dos educadores, concluindo que dos quatro, apenas um professor trabalha com a dança em somente uma escola.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS...3

INTRODUÇÃO...7

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...9

2.1 O Contexto Histórico da Dança ...9

2.2 A Dança como Prática Corporal na Educação Física ... 11

2.3 A Dança na Educação Física dentro do Currículo Escolar ... 16

3 CAMINHO METODOLÓGICO ... 18

3.1 Abordagem da Pesquisa ... 18

3.2 Tipo de Pesquisa ... 18

3.3 Contexto da Pesquisa ... 18

3.4 Sujeitos da Pesquisa ... 18

3.5 Procedimentos e Instrumentos de Pesquisa ... 19

3.6 Análise e Interpretação das Informações ... 20

3.7 Aspectos Éticos da Pesquisa ... 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 21

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 31

REFERÊNCIAS ... 33

ANEXOS ... 36

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 36

Termo de Confidencialidade ... 39

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APÊNDICES ...41

Questionário ... 41

Roteiro de Entrevista ... 43

Entrevista Semiestruturada ... 44

Roteiro de Análise do Plano Político Pedagógico e do Plano de Estudo\Ensino ... 45

Matriz 1 – Anterior – Professor 1 ... 46

Matriz 1 – Após retorno do sujeito – Professor 1 ... 53

Matriz 2 – Professor 1 ...59

Matriz 1 – Anterior – Professor 2.. ... 64

Matriz 1 – Após retorno do sujeito – Professor 2 ... 69

Matriz 2 – Professor 2...72

Matriz 1 – Anterior – Professor 3 ... 74

Matriz 1 – Após retorno do sujeito – Professor 3 ... 76

Matriz 2 – Professor 3...80

Matriz 1 – Anterior – Professor 4 ... 81

Matriz 1 – Após retorno do sujeito – Professor 4 ... 88

Matriz 2 – Professor 4...94

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INTRODUÇÃO

A dança é uma expressão corporal, na qual seus movimentos podem transmitir as emoções e sentimentos que a pessoa está sentindo. Através dela, é possível desenvolver a interação entre indivíduos, proporcionando-lhes uma vivência afetiva e solidária. Mesmo a dança não sendo muito trabalhada nas escolas, é fácil perceber que a mesma se trata de uma manifestação corporal praticada historicamente, seja em grupo ou individualmente, como forma de lazer.

Inserida nas aulas de Educação Física escolar, a dança pode proporcionar ao indivíduo uma série de benefícios à sua saúde e manutenção da qualidade de vida como a melhoria no desenvolvimento motor, construção de uma visão crítica e consciente de vida, além de aprimorar as habilidades motoras. Tudo isso, levando em consideração as limitações e capacidades de cada aluno. Sua prática melhora a autoestima, autoconfiança, desperta a sensibilidade e também a curiosidade.

O presente estudo aborda a questão da importância da inserção da dança no currículo da educação física escolar, com o objetivo de analisar o currículo da Educação Física nas escolas de um pequeno município da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – RS nos Anos Finais do Ensino Fundamental objetivando identificar a presença da dança nestes; identificar se os professores de Educação Física das escolas presentes nesta pesquisa desenvolvem a mesma em suas aulas; diagnosticaros motivos pelos quais a dança não está inserida no currículo destas escolas (caso não esteja); apontar os desafios que os professores encontram para trabalhar com essa temática nas escolas; apontar quais as dificuldades/fragilidades que os professores de Educação Física encontram para trabalhar a dança.

Será analisado também o Plano Político Pedagógico – PPP e o Plano de Estudo das escolas, realizando-se então, através desta análise, uma entrevista com os professores de educação física destas escolas, responsáveis pelas turmas dos anos finais do ensino fundamental para diagnosticar se todos seguem os PPP’s das escolas; se a Dança está presente no currículo em que estão trabalhando, e se trabalham com esta em suas aulas. A entrevista também procura saber quais os principais motivos de os professores não trabalharem a dança em suas aulas (os que não utilizam a mesma); quais desafios encontram para ensinar esta; e a importância que ela tem ao individuo.

Entendemos que as aulas de Educação Física nas escolas devam ser trabalhadas a partir dos elementos que constituem a Cultura Corporal de Movimento – CCM, que

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segundo Pich (2014, p. 163) representa “a dimensão histórico-social ou cultural do corpo e do movimento”, com ideia de diversificá-los e ampliá-los, com o intuito de aumentar e possibilitar novas experiências, além de transferi-lo para situações mais complexas.

Consideramos então, que a dança também deve estar inclusa nestas aulas. Trabalhando com ela nas escolas consegue-se resgatar, de forma natural e espontânea, as manifestações expressivas de cada indivíduo e também da nossa cultura. A expressão corporal como recurso de aprendizagem escolar, utiliza o corpo em movimento, estimulando a expressão de sentimentos e emoções que auxiliam na integração social.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O Contexto Histórico da Dança

A dança é uma das mais antigas formas de manifestações corporais da humanidade, a qual, ao longo de sua história, tem atribuído sentidos e significados a diversas ações relevantes na vida do ser humano (HASS, 2006). Verderi (2009) explica que o homem primitivo dançava por inúmeros significados: caça, colheita, alegria, tristeza, entre outras. O homem dançava para tudo que representava algum significado, sempre em forma de ritual.

A dança passou por várias transformações e conflitos ao longo da história. Nas eras Paleolítica e Mesolítica, criaram-se rituais em forma de dança, os quais na crença dos homens impediriam eventos naturais que pudessem prejudicar essas atividades. E no período Neolítico, quando o homem deixa de ser nômade, passou a utilizar a agricultura e a pecuária para seu próprio consumo, passando a realizar em forma de dança, rituais e oferendas a terra. Segundo Fátima (2001, p. 8) “no Paleolítico, estágio mágico, a dança servia a fins práticos como obter boa caça, aplacar tempestades. O Neolítico inicia uma fase onde símbolos começam a ser criados e percebe-se os albores do nascimento da religião, a dança faz parte do ritual”.

As danças primitivas foram executadas pelos homens das cavernas, onde utilizavam a mesma na caça, para marcar território, para imitar animais, acreditando que assim conseguiriam ter a força e coragem destes. Nesta época a dança foi gravada nas paredes das cavernas e em rochas, arte esta conhecida como rupestre. Fátima (2001, p. 9) também explica que “nas culturas antigas como a Indiana, Chinesa, Japonesa, Egípcia, Hebraica, em todas elas a dança floresceu e se firmou fazendo parte dos rituais sociais e religiosos, contribuindo para o reforço da cultura desses povos”. Ou seja, as danças apresentavam um caráter sagrado, sendo realizadas principalmente em homenagem aos deuses.

Outro momento de transformação da dança foi durante a Idade Média, na Europa, onde a dança é vista pela Igreja (instituição de poder) como uma manifestação profana devido à utilização do corpo, e desta forma “a Igreja Cristã posicionou-se de forma dúbia: condenação e tolerância, pois, apesar de inúmeras tentativas de proibição da dança, a religião não conseguiu extinguir vestígios pagãos nos costumes populares” (HASS, 2006, p. 74).

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A partir disto, a Igreja proibiu que as pessoas dançassem, condenando tanto a dança como outras formas de manifestações culturais (como por exemplo, a música). Mas, no entanto, a mesma continuou sendo realizada às escondidas, principalmente por camponeses. Neste período a dança tem um grande retrocesso.

Um tempo após este retrocesso, já no período do Renascimento, há uma transposição das danças populares, que até então eram praticadas nas ruas, para os salões da nobreza. Neste momento, as danças saem dos “terreiros” dos camponeses e vão para os salões reais, perdendo seu caráter de espontaneidade e ganhando regras e movimentos codificados (HASS, 2006). É neste período que a dança e outras formas de atividades/manifestações corporais ganharam destaque, e a mesma passa a ser chamada de Balé.

O Romantismo foi um movimento artístico que deu grande importância à individualidade e a liberdade de expressão pessoal. Até então, a maioria dos balés girava em torno dos deuses e deusas, mas neste período passaram a tratar de pessoas “comuns”.

Já a dança Moderna rejeitou os artifícios e o rigor acadêmico do Ballet Clássico e fundamentou-se pela liberdade expressiva do corpo. A partir deste momento, e ainda presente nos dias de hoje, surgiram as mais variadas modalidades de dança, as quais atendem as necessidades de expressão e comunicação da humanidade, explorando o movimento corporal em suas infinitas possibilidades.

Por fim, a dança Contemporânea nada mais é que tudo aquilo que se faz hoje dentro dessa arte. Não importa o estilo, a procedência, nem o objetivo e a forma que esta é utilizada. A dança caminha ao lado da humanidade e de seus progressos, desde as grandes obras românticas até o modernismo.

Atualmente notam-se cada vez mais grupos de dança para reabilitação da terceira idade e crianças. Há também projetos que utilizam a dança como propósito para desenvolver o conhecimento de jovens, e esta cada vez mais presente em academias, na questão da estética, onde as pessoas buscam cada vez mais o “corpo perfeito”.

A dança é uma manifestação artística que se perpetua por milênios adequando-se às mudanças sociais adequando-sendo praticada por diferentes povos. Ela certamente contribuiu para a constituição, perpetuação e disseminação da cultura de todos os povos que dançaram e que ainda dançam permitindo conhecermos a diversidade cultural que se espalha pelo mundo em todas as épocas e contextos históricos acompanhando a evolução da humanidade.

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Caminada complementa que

A dança, entendida como cópia ou interpretação de movimentos e ritmos inerentes ao ser humano, é tão antiga quanto o homem. Pouco a pouco, começou a ser submetida a regras disciplinares e a assumir o aspecto de uma cerimônia formal; instalou-se a preocupação com a coordenação estética dos movimentos, até então naturais e instintivos do corpo, colocando o homem diante das chamadas danças espetaculares, ou seja, do “espetáculo”. (CAMINADA, 1999, p. 1).

Com isso, percebemos que a dança foi essencial na vida do homem antigamente, e que é uma das artes mais antigas que o homem experimentou que ao longo dos anos evoluiu em conceitos, nos fatos sociais e culturais, revelando a relação do homem com o mundo e seus diferentes meios de vida.

A Dança como Prática Corporal na Educação Física

A Dança é considerada uma prática corporal que pode ser vivenciada nas aulas de Educação Física, como descrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais, onde,

a Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e se enxergue como essa variada combinação de influências está presente na vida cotidiana. As danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado. Além disso, esse conhecimento contribui para a adoção de uma postura não preconceituosa e discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes grupos étnicos e sociais e às pessoas que dele fazem parte. (BRASIL, 1997, p. 24).

O documento legitima a dança como uma “prática”, mas também como uma manifestação cultural. Essa perspectiva sinaliza para uma concepção de que a dança é um conhecimento, o qual transmite significados e expressa valores culturais. Entretanto, de acordo com Ehrenberg e Gallardo,

(...) o que encontramos no interior das escolas, quando não são movimentos mecânicos reproduzidos pelos alunos em função de uma data comemorativa, são danças ditas folclóricas (...), mas ainda assim sendo reproduzidas sem interpretação de valores e significados. (EHRENBERG; GALLARDO, 2005, p. 125).

A prática do ensino da dança nas escolas deve ocorrer por meio de uma proposta pedagógica bem elaborada, a qual vise o estímulo da criatividade, expressão corporal, desinibição, conhecimento e vivências dos alunos. “As atividades devem levar os alunos a desenvolverem suas habilidades e conhecimentos para poderem criar, modelar e estruturar movimentos dançantes que expressem seus sentimentos e ideias” (RINALDI; FERRI, 2011, p. 7), o que fará com que o aluno evolua significativamente tanto no desenvolvimento cognitivo como psicológico.

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Contudo, a dança ao ser inserida ao currículo escolar não pretende formar bailarinos, antes disso, consiste em oferecer ao aluno uma relação mais efetiva e intimista com a possibilidade de aprender a expressar-se criativamente através do movimento. “Quando criamos e nos expressamos por meio da dança ao executarmos e interpretarmos seus ritmos e formas, preocupamo-nos exclusivamente com o próprio movimento” (LABAN, 1990, p. 108), ou seja, o aluno conseguirá melhorar o desenvolvimento de suas habilidades com a execução do movimento através da dança.

Para a escola desempenhar de forma coerente a sua função que é de preparar o cidadão para o convívio da sociedade, ela deve instrumentalizar e construir conhecimento em dança, e por meio da dança com seus alunos, a escola pode proporcionar parâmetros para a apropriação crítica, consciente e transformadora dos seus conteúdos específicos. Com isso, poderá trabalhá-la como forma de conhecimento e elemento essencial para a educação do ser social que vive em uma cultura plural e multifacetada como a nossa, e não realizando movimentos repetidos como consta nos Parâmetros Curriculares, onde se explica que

[...] Não é, portanto, qualquer conteúdo na área de Dança que se presta a estabelecer essas relações. Tem-se necessidade também de orientações didáticas que estejam comprometidas com a realidade sociocultural brasileira e com valores éticos e morais que permitam a construção de uma cidadania plena e satisfatória. A pura reprodução/ensaio de danças folclóricas na escola, por exemplo, pode ser tão alienante e opressora quanto repertórios do balé clássico, ensinados mecânica e repetidamente. Do mesmo modo, a dança chamada “criativa” ou “educativa” pode, dependendo de como for ensinada, isolar os alunos do mundo e da realidade sociopolítica e cultural que os cerca. (BRASIL, 1998, p. 71).

É muito importante que o professor reflita sobre a importância da aprendizagem do movimento e que explore a capacidade que o aluno tem de se movimentar. Ou seja, que trabalhe a dança na educação física escolar com o objetivo de levar desenvolvimento ao movimento expressivo e criativo.

Para Ferreira (2005, p. 59), “a aprendizagem dos movimentos complexos da dança e de outros esportes faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória; assim ficamos mais aptos a processar informações e aprender”. Porém, todo processo ensino aprendizagem depende do interesse dos sujeitos participantes: alunos, professores, comunidades escolares e demais fatores do processo. Assim, a aprendizagem se dá na coletividade, mas não perde de vista o indivíduo que é singular (contextual, histórico, particular, complexo). Neste sentido Araújo (2009) explica que

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Quando tratada no contexto escolar a dança adquire importância para aqueles que a constroem, no caso os alunos, a partir do momento em que as expressões corporais que os tomam em diversos ambientes, carregando em si uma gama de significados, são compartilhadas entre as pessoas que os frequentam (a comunidade escolar), produzindo arte-conhecimento-educação cultura. (ARAÚJO, 2009, p. 44).

Mesmo sabendo de todos os benefícios que a dança nos proporciona, os professores ainda encontram dificuldades para trabalhar a dança em suas aulas. Uma delas é o preconceito por parte dos meninos e de professores, que relacionam a dança como uma prática somente feminina (TANI, 1998). Tem-se também a questão do modismo, onde os alunos, principalmente as meninas, querem aprender a dançar apenas os “hits” do momento, sem dar importância ao contexto cultural que determinado ritmo oferece. (PEREIRA, 2006).

Há também, muitas vezes, por parte dos colegas professores da EDF e de outras disciplinas, desvalorizarem a dança, como cita Veiga,

A dança vivencia outras desilusões frente à realidade escolar, delineada por aspectos como: uma compreensão equivocada de que esse conhecimento não possui aplicabilidade no cotidiano; muitas vezes, não é valorizada pela direção, pela equipe pedagógica e pelos demais professores de outras disciplinas. (VEIGA, 2014, p. 11).

Sendo assim, o papel da Dança na prática educativa tem o objetivo de resgatar, de forma natural e espontânea, as manifestações expressivas da nossa cultura. A expressão corporal como recurso da aprendizagem escolar, utiliza o corpo em movimento, estimulando a expressão de sentimentos e emoções que auxiliam na integração social. Porém, como resposta aos motivos “culpados” para não trabalhar com esta nas aulas, Melo (2012, p. 23), a partir de pesquisas, explica que “também existe o fato de que alguns professores de educação física não sabem trabalhar com atividades de dança, e o pior, é que alguns também não sabem o seu objetivo”.

Através deste pensamento de Melo, percebe-se que ainda é grande a falta de conhecimento pela parte dos professores de EDF, não somente sobre a temática da dança, mas nos esportes em geral, onde muitas vezes não sabem o que, como, e porque ensinar determinado conteúdo aos seus alunos. Cabe a estes professores procurarem adquirir mais conhecimento nos assuntos da EDF que acreditam estar um pouco falhos para serem ensinados.

Ainda procurando diagnosticar os fatores que influenciam para não se trabalhar com a dança, Santos (2016, p. 44) relata após estudos realizados que

além da falta do profissional habilitado, o preconceito, referindo-se ao gênero, por parte dos meninos, pois estes acreditam que a dança deve ser

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desenvolvida apenas por meninas. Segundo o docente, a mídia tem sido o instrumento que coloca em foco mulheres lindas dançando nas televisões, criando uma cultura em que a dança é transformada como sendo coisa de mulher, o que faz com que os alunos do gênero masculino se distanciem do conteúdo nas escolas.

Em relação ao preconceito de gênero, Silva (2012, p. 1), tenta justificar explicando que

a discussão entre gênero e a dança, é uma das dificuldades encontradas pelos professores para empregar a dança na escola, cujos meninos se tornam resistentes à participação. Essa concepção é uma construção histórica na qual a mulher dança e o homem não. Neste sentido seria interessante estimular a reflexão dos alunos sobre a questão do gênero.

A partir disto, alguns professores tem dúvida de como se deve trabalhar a dança e o que trabalhar. Muitos pensam que a mesma necessita estar presente na escola somente em apresentações em datas comemorativas e como coreografia, com passos prontos. Porém os PCN’s explicam que,

para a escola desempenhar de forma correta a sua função que é de preparar o cidadão para o convívio da sociedade, ela deve instrumentalizar e construir conhecimento em dança, e por meio da dança com seus alunos, a escola pode proporcionar parâmetros para a apropriação crítica, consciente e transformadora dos seus conteúdos específicos. Com isso, poderá trabalhá-la como forma de conhecimento e elemento essencial para a educação do ser social que vive em uma cultura plural e multifacetada como a nossa.[...] Não é, portanto, qualquer conteúdo na área de Dança que se presta a estabelecer essas relações. Tem-se necessidade também de orientações didáticas que estejam comprometidas com a realidade sociocultural brasileira e com valores éticos e morais que permitam a construção de uma cidadania plena e satisfatória. A pura reprodução/ensaio de danças folclóricas na escola, por exemplo, pode ser tão alienante e opressora quanto repertórios do balé clássico, ensinados mecânica e repetidamente. Do mesmo modo, a dança chamada “criativa” ou “educativa” pode, dependendo de como for ensinada, isolar os alunos do mundo e da realidade sociopolítica e cultural que os cerca. (BRASIL, 1998, p. 71).

A partir disso, fica claro que muitos professores não trabalham a dança em suas aulas por não saberem como utiliza-la. E deste mesmo modo, não buscam aprender sobre a mesma, a descobrir o verdadeiro significado dela na vida das pessoas, acreditando então que trabalhar com esportes, jogos de forma geral, é mais fácil e importante.

Ao trabalharmos com conteúdos dos contextos da dança “estamos incluindo os elementos históricos, culturais e sociais da dança como história, estética apreciação e crítica, sociologia, antropologia, música, assim como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia” (MARQUES, 2005, p. 30). Segundo Cunha (1992, p. 13 apud GARIBA, 2005, p. 01), “somente a escola, através do emprego de um trabalho consciente de

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dança, terá condições de fazer emergir e formar um indivíduo com conhecimento de suas verdadeiras possibilidades corporais-expressivas".

A dança na escola deve ser desenvolvida de forma que o aluno se movimente no ritmo da música e que haja expressão de sentimentos a partir do próprio movimento. É necessário levar o aluno a conhecer sobre a origem e as características das danças, conhecer as técnicas específicas e, também, as atividades corporais rítmicas e expressivas. Neste sentido Giffoni (1973, p. 13) complementa que “Mestres experientes sabem que a prática da Educação Física nas escolas completa e equilibra o processo educativo, o que nem sempre sabem é que, entre todas as formas de exercício, para esse resultado as mais completas se apresentam pela dança”.

A dança contribui também no aperfeiçoamento das capacidades físicas, tanto na coordenação, equilíbrio, como também ritmo, estresse, postura, socialização. Os alunos também conseguem através desta, explorarem o espaço e manipularem os gestos e seus movimentos. Isso facilita a interação, convivência, e acima de tudo o respeito entre os alunos (VAZ, 2009). Sborquia (2006, p. 48) ressalta também que

[...] há várias formas de se praticar a dança. Essa variabilidade dos fenômenos humanos ligados ao corpo e ao movimento é fundamental quando se pensa na diversidade cultural. É o contexto em que a dança se realiza que dá sentido ao movimento humano. A dança pode ter sentidos diferentes de acordo com o significado dado por quem dança e pode ter diferentes sentidos percebidos por quem aprecia essa manifestação.

Hoje a Dança é compreendida por muitos por seu valor em si, muito mais do que um passatempo ou um hobby. Ela inclui uma riqueza de movimentos que envolvem corpo, espírito, mente e emoções, que enriquece a aprendizagem. “A dança é união. União do homem com seu próximo. (...) O que o homem busca, para além da compreensão, é a comunicação. A dança nasce dessa necessidade de dizer o indizível, de conhecer o desconhecido, de estar em relação com o outro” (BEJÁRT, 1913, p. 08).

Sendo assim, através deste estudo bibliográfico, percebe-se que são grandes as dificuldades que os professores de Educação Física enfrentam ao trabalhar a dança nas escolas, tanto sobre a discriminação de colegas de trabalho, como de alunos e sociedade em geral. Entre o gênero, onde muitos ainda têm preconceito, pensando que a Dança é algo que só pode ser executado por mulheres, e também quanto ao conhecimento que cada profissional possui sobre esta. Pereira ainda explica que

[...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas

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possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade. (PEREIRA, 2001, p. 61).

Fica claro também, que o profissional de Educação Física precisa estar sempre em busca de novos conhecimentos, procurando melhorar o seu desempenho, oportunizando assim maior aprendizado aos seus alunos. E nunca deixar de trabalhar algo que consideras importante por preconceito ou opinião de outras pessoas.

A Dança na Educação Física dentro do Currículo Escolar

Em 1997, um grande passo para o ensino da dança aconteceu, quando esta foi incluída no PCN’s, ganhando então reconhecimento nacional como forma de conhecimento para trabalhar na escola.

Os PCN’s são, portanto, uma alternativa para que os professores que por ventura desconheçam as especificidades da dança como área de conhecimento possam atuar de modo a ter alguns indicativos para não comprometer em demasia a qualidade do trabalho artístico-educativo em sala de aula. Não se trata, obviamente, de querer instrumentalizar, capacitar e até mesmo formar professores de dança a partir desses documentos, mas como o próprio nome diz, indicar parâmetros. (MARQUES, 2007, p. 36).

Segundo o Coletivo de Autores (1992, p. 41) “a educação física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada de cultura corporal”. Nos PCNs de Educação Física (1997, p. 23), “dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela educação física em seus conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta”.

De acordo com o Referencial Curricular do Rio Grande do Sul o objetivo da Educação Física na escola deve ser “levar os estudantes a experimentarem, conhecerem e apreciarem diferentes práticas corporais sistematizadas, compreendendo-as como produções culturais, dinâmicas, diversificadas e contraditórias” (GONZÁLEZ; FRAGA, 2009, p. 113). Sendo assim, entende-se que o Referencial sugere um modelo de organização de saberes, elencando competências específicas à educação física, através de princípios orientadores, os quais possuem uma estrutura de conteúdos, carga horária e metodologias previamente estabelecidas, mas que podem ser adaptáveis, conforme as peculiaridades de cada escola.

Para isso acontecer, é necessário que seja elaborado um currículo, o qual permita que isso seja vivenciado. Neste caso Palma, Oliveira e Palma (2010, p. 27) explicam que “o currículo não é, apenas, mais uma área voltada para a aplicação e

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desenvolvimento de métodos e técnicas de ensino. Ele é guiado por questões sociais, políticas e epistemológicas e considerado um artefato social e cultural”.

Desta mesma forma Walker afirma que o currículo é um campo prático e complexo.

Os fenômenos curriculares incluem todas aquelas atividades e iniciativas através das quais o currículo é planejado, criado, adotado, apresentado, experimentado, criticado, atacado, defendido e avaliado, assim como todos aqueles objetos materiais que o configuram, como são os livros-texto, os aparelhos e equipamentos, os planos e guias do professor, etc. (WALKER, 1973, p. 247).

Em relação às atividades rítmicas, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1997), tratam das atividades rítmicas e expressivas e nestas inclui-se a dança, abrindo espaço para se trabalhar a prática corporal na EDF, integrando o aluno na cultura corporal do movimento. Segundo os PCNs (1997, p. 28) “é tarefa da Educação Física escolar, portanto, garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal, contribuir para a construção de um estilo pessoal de exercê-las e oferecer instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las criticamente”.

Segundo os PCNs (1998), na EDF escolar para o ensino fundamental, os conteúdos são divididos em três blocos e deverão estar relacionados com o projeto pedagógico de cada escola e a especificidade de cada grupo. Esses blocos podem ser flexíveis seguindo diferentes focos como: Esportes, lutas, jogos e ginásticas; atividades rítmicas e expressivas e o conhecimento sobre o corpo (BRASIL, 1998).

Conforme Darido (2001, p. 1):

é importante salientarmos que a apropriação dos elementos da cultura corporal de movimento necessita ir além do imediatismo do emprego de técnicas e fundamentos (dimensão procedimental), para que possa contemplar também as atitudes, valores que nossos alunos devem ter nas e para as práticas corporais (dimensão atitudinal) e, ainda, garantir a estes o direito de uma explicitação do por que e para quê fazer esse ou aquele movimento, conforme os conceitos ligados a essas práticas (dimensão conceitual).

A partir disso, verifica-se a possibilidade de contextualizar, levando o conteúdo dança para os espaços escolares como parte do currículo de EDF, através do movimento e de uma cultura corporal eficiente, tendo nos esportes o caminho para a ampliação do conhecimento e desenvolvimento integral do aluno.

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3 CAMINHO METODOLÓGICO

3.1 Abordagem da Pesquisa

A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa, pois, seguindo o pensamento de Martins (2004, p. 292) se existe uma característica que “constitui a marca dos métodos qualitativos ela é a flexibilidade, principalmente quanto às técnicas de coleta de dados”. Sendo assim, se entende que em uma pesquisa qualitativa, a construção de dados desenvolve-se através de uma observação em documentos oficiais e entrevistas, como se segue nesta pesquisa.

3.2 Tipo de Pesquisa

A presente pesquisa se caracterizará como descritiva com enfoque no estudo de caso. Para Gil (2002, p. 42) “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. Segundo este (2002, p. 54), o estudo de caso “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados”.

3.3 Contexto da Pesquisa

A pesquisa aconteceu em quatro escolas de um município do interior da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – RS. A Escola A possui 271 alunos atendendo aos Anos Iniciais e Anos Finais do Ensino Fundamental. Já a Escola B conta com 402 alunos, sendo esta a única escola do município que oferece o Ensino Médio. A Escola C possui 350 alunos, os quais encontram-se matriculados desde a Educação Infantil até os Anos Finais do Ensino Fundamental. E por fim, a Escola D recebe 201 alunos, oferecendo vagas para a Educação Infantil e Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental.

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Os participantes desse estudo foram quatro professores de Educação Física dos Anos Finais do Ensino Fundamental, os quais receberam como identificação Professor 1; Professor 2; Professor 3; e Professor 4. Os professores envolvidos na pesquisa atenderam aos critérios a priori, os quais exigia ser professor formado em EDF, ser professor ligado a 36° Coordenadoria Regional de Educação, não estar em estágio probatório, e possuir mais de 20 horas de carga horária.

Os mesmos aceitaram e assinaram os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (ANEXO A) e o Termo de Confidencialidade – TC (ANEXO B). Participaram desta pesquisa também quatro escolas, as quais receberam identificação de Escola A; Escola B; Escola C; e Escola D.

3.5 Procedimentos e Instrumentos de Pesquisa

Os procedimentos de coleta das informações se deram da seguinte forma: primeiro contato com as escolas da zona urbana através da Carta de Apresentação (ANEXO C) totalizando quatro escolas. O segundo passo foi realizar o convite aos professores de EDF dos Anos Finais do Ensino Fundamental, solicitando a colaboração nesta pesquisa, sendo que os docentes, que aceitaram participar deste estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (ANEXO A); o terceiro momento foi à entrega do questionário (APÊNDICE A) para obtenção de dados iniciais; Já o quarto momento foi à análise dos documentos do PPP e dos Planos de Ensino de cada escola participante, a fim de identificar a dança como eixo articular com a Cultura Corporal de Movimento. O quinto momento foi o agendamento do dia e horário conforme disponibilidade dos participantes para realizar a entrevista semiestruturada (APÊNDICE C) a qual foi gravada e transcrita e devolvida aos sujeitos para analisarem, retirarem, excluírem e\ou acrescentarem informações. Após a definição das escolas que atenderam os critérios elencados acima, foi realizada a análise documental: do PPP e o Plano de Estudo de cada escola com o objetivo de analisar se a dança está presente no currículo destas, e de que forma a mesma aparece no plano de estudo.

Os instrumentos utilizados nesse estudo foram um questionário, que segundo Gil (2010, p. 102) é “um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado”, com perguntas mistas. Também foi utilizada uma entrevista, que para o mesmo (2010, p. 102) “pode ser entendida como a técnica que envolve duas pessoas numa situação ‘face a face’ e em que uma delas formula questões e a outra responde”.

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Esta será semiestruturada, a qual segundo este autor (2010, p. 105) é “guiada por relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso”.

3.6 Análise e Interpretação das Informações

Após o procedimento da coleta de dados todas as entrevistas foram categorizadas em uma matriz (APÊNDICE E) de análise por semelhanças nas respostas utilizando a técnica de análise de conteúdo de Bardin (2011, p. 47). Para este, a técnica de análise visa obter, através de “procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”.

3.7 Aspectos Éticos da Pesquisa

De acordo com a Res.466/2012 os possíveis riscos que os participantes desta pesquisa poderão ter será o constrangimento ao responder alguma pergunta, não se sentindo a vontade. Os benefícios esperados na participação nesta pesquisa será a contribuição grandiosa a partir do conhecimento desses sujeitos na prática.

Todos os sujeitos da pesquisa tiveram o acompanhamento pelos pesquisadores do estudo bem como a assistência. Estes também tinham a liberdade em qualquer momento do desenvolvimento do estudo de retirar seu consentimento ou recusar-se a participar sem nenhum tipo de penalização. Esse estudo tem a garantia de sigilo e privacidade de todos os participantes envolvidos no estudo em todas as etapas.

Os indivíduos colaboradores receberam e assinaram uma via do termo de consentimento livre e esclarecido. Todos os documentos de cópia física e digital serão guardados na sala 510 na Sede Acadêmica da Universidade da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de dois anos.

A pesquisa tem como foco de divulgação uma publicação em periódico da área da EDF ou afins. Ao final da pesquisa será realizada uma reunião em cada escola participante para apresentação desta, dando retorno da mesma.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo abordaremos os resultados encontrados através dos questionários, entrevistas e estudos dos PPP’s e Planos de Estudo. A realização de todos estes procedimentos foi de grande importância para o prosseguimento da pesquisa.

ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS

A análise dos questionários teve como eixo norteador à identificação das seguintes questões: idade; sexo; graduação; especialização; mestrado e doutorado; carga horária; número de escolas em que trabalha; turnos e turmas de cada um dos sujeitos. Três dos professores que participaram do estudo são do sexo feminino e um do sexo masculino, com faixa etária entre 38 a 46 anos de idade.

Todos os professores possuem graduação em Educação Física Licenciatura e Bacharelado, os quais se formaram durante os anos 1990 a 2004. Percebe-se que os professores participantes desta pesquisa já são formados há alguns anos, o que nos leva a pensar que os mesmos receberam em suas formações algumas disciplinas diferentes das que encontramos nos currículos atuais.

Sendo assim, através do pequeno número de formações e\ou estudos a mais que estes professores realizaram, entende-se que os mesmos podem estar desatualizados em alguns assuntos, ou até mesmo, sentir alguma dificuldade em trabalhar com determinados conteúdos, como por exemplo, a dança, que é o assunto central nesta pesquisa. Percebe-se também que os cursos realizados pelos professores estão voltados mais na questão de como saber conduzir as suas aulas, de como lidar com os alunos, e não em determinado assunto.

No questionário identificou-se também que todos os professores trabalham de uma a três escolas no município, com carga horária de 20 a 40 horas semanais. Estes desenvolvem suas aulas do 6° ano do Ensino Fundamental ao 3° Ano do Ensino Médio, ambos no turno da manhã e tarde.

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Após realizar a análise dos questionários, deu-se foco as entrevistas. As respostas dadas pelos professores foram praticamente todas na mesma perspectiva, onde

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as dificuldades apresentadas eram as mesmas, e todos os professores destacaram que desenvolvem planejamentos prévios, e reconhecem o valor de se trabalhar com a dança na escola.

Ao perguntar aos professores qual o entendimento deles sobre a temática da dança, todos falam sobre a questão dos aspectos cognitivos, motor e social. “A dança é uma forma que os alunos têm de se expressar, de mostrar o trabalho deles durante as aulas, e com uma linguagem diferente [...]” (PROFESSOR 1, 2017). Já o Professor 2 (2017) concluiu que “a dança é importante porque ela aborda vários aspectos. Cognitivo, social, motor. Então ela é bem completa”.

Desta mesma forma, o Professore 3 (2017) responde que “Tenho grande entendimento sobre a dança, pois a minha vida, praticamente, eu levo na dança, com o meu trabalho”. E por fim o Professor 4 (2017) respondeu que “acredito que a dança seja um dos conteúdos mais importantes a serem trabalhados durante o ensino fundamental”.

Ou seja, todos os professores salientam sobre a importância da dança referente à forma de se expressar, onde esta liberta os alunos, faz com que eles falem com o corpo, onde muitas vezes, dificilmente conseguiriam falar desta mesma forma. Neste sentido Ferrari (2003, p. 01) pensa que “a dança na escola não é a arte do espetáculo, é educação através da arte”. E para Bejart apud Garaudy (1980, p. 9) “a dança é uma das raras atividades humanas em que o homem se encontra totalmente engajado: corpo, espírito e coração. A dança é um esporte (só que completo) [...] Dançar é tão importante para uma criança quanto falar contar ou aprender geografia”.

Quando perguntado aos professores se estes desenvolvem a dança em suas aulas, três dos quatro professores responderam que sim. Apenas o Professor 2 explicou não trabalhar com este tema, onde justificou que “nos trabalhamos ritmos, através da música, e expressão corporal para desenvolvimento destes aspectos” (PROFESSOR 2, 2017). Ou seja, este professor trabalha com a expressão corporal, utilizando o ritmo como um meio, porém não dentro da dança, e sim com atividades em diferentes esportes.

Ao questionar os professores que responderam trabalhar com a dança, sobre como organizam os conteúdos para trabalhar com este tema, o Professor 1 (2017) explica que “o ensino médio trabalha com a dança gaúcha. E o ensino fundamental estamos organizando”. Já o Professor 3 (2017) diz que “organizo os conteúdos de

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acordo com as datas festivas do calendário escolar”. E o Professor 4 explica: “eu procuro trabalhar conforme a realidade de cada escola”.

Pensando no que o Professor 3 disse, leva-se em consideração as palavras de Marques (1997, p. 21) quando ele cita que a escola é um “lugar privilegiado para se aprender dança com qualidade, profundidade, compromisso, amplitude e responsabilidade para que isto aconteça e, enquanto ela existir a dança não poderá mais continuar sendo sinônimo de festinhas de fim de ano”. Ou seja, a dança tem grande importância dentro da escola, e não pode ser trabalhada apenas com a função de entretenimento em homenagens aos pais, ou demais datas festivas.

É interessante salientar que dois dos professores que responderam trabalhar sim com a dança, explicaram que primeiramente possuem um planejamento, o que já diferencia-os do modelo de professores que observávamos na maioria das escolas alguns anos atrás. No entanto, os quatro possuem suas unidades didáticas, nas quais planejam aulas, não só de dança (no caso dos três professores que a utilização), como também de outras modalidades esportivas.

Quando indagados sobre os ritmos que trabalham nas aulas de dança o Professor 1 (2017) explica que “[...] o primeiro ano trabalha com três ritmos da dança gaúcha, que é o Chote, a Vanera e o Vanerão. O segundo ano trabalha com outros três que é a Valsa, o Bugio e a Rancheira. E o terceiro ano geralmente fica com as danças típicas. Tradicionalistas. [...]”. Sendo assim, trabalha-se com uma boa variedade de ritmos.

O Professor 2 (2017) explica que trabalha sim com ritmos: “Sim. Diferentes ritmos”, onde ela realça “procuro trabalhar com todos. Pra diversifica todos eles, e para que o aluno tenha a vivência e entendimento de cada um”. E o Professor 3 (2017) explica que trabalha “do samba ao vanerão”. Entende-se assim que os três professores que fazem da dança conteúdo de suas aulas, trabalham com mais de um ritmo, diversificando assim os movimentos e expressões corporais realizados pelos alunos.

Após diagnosticar se estes professores trabalham com a dança e os ritmos utilizados, é perguntado aos mesmos se estes sentem alguma dificuldade para trabalhar com a expressão corporal em suas aulas. Para o Professor 1 (2017) a dificuldade que sente ao trabalhar com a dança é “as vezes algum ritmo” o qual não domine muito bem. Já para o Professor 2 (2017) “as dificuldades estão na aceitação dos próprios alunos”, ou seja, na aceitação de alguns alunos em trabalhar a dança, onde existe o preconceito de gênero.

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O Professor 3, diz não sentir nenhuma dificuldade, sendo que desta mesma forma o Professor 4 (2017) diz “acho que não, porque, acho que tu tem que trabalhar com todos os aspectos”. Entende-se então, que cada professor possui a sua maneira de trabalhar, sendo com a dança ou não, e que alguns possuem mais dificuldade ao desenvolver algum tema do que os outros.

Tentando entender o pensar dos professores entrevistados a partir das dificuldades que sentem para trabalhar com a expressão corporal, é perguntado a eles qual é a maior dificuldade encontrada ao trabalhar a temática dança na escola, onde o Professor 4 (2017) declara como grande vilão “o preconceito dos próprios guris. Os meninos se sentem mais retraídos quando tu fala em trabalhar a dança, porque eles, pra eles é só aquele jogar bola. [...] E daí no momento que tu propõe algo diferente pra eles, surge aquela barreira”.

Já para o Professor 3 (2017) salienta que a dificuldade maior seriam “as diferenças de credos de algumas famílias que aparecem nas crianças. Articulo meus alunos de maneira, a mostrar a eles que nosso corpo é expressão viva de nossos sentimentos, e que não devemos ter vergonha do que somos”. Ou seja, justificando este pensamento, Rinaldi e Ferri (2011, p. 7) explicam que “as atividades devem levar os alunos a desenvolverem suas habilidades e conhecimentos para poderem criar, modelar e estruturar movimentos dançantes que expressem seus sentimentos e ideias”.

Ao perguntar aos professores o que eles propõem ensinar ou construir com os alunos a partir da temática dança, as respostas vão desde transmitir valores, a desenvolver sua expressão. “[...] Desde a postura corporal, como a postura que eles devem ter como pessoa. O respeito, o limite do outro. [...]” (PROFESSOR 1, 2017). “A parte motora, a parte social, cognitiva” (PROFESSOR 2, 2017). E para o professor 3 (2017), sua proposta é fazer com que o aluno “mostre, através do movimento, o que quer dizer para o mundo”.

Ao questionar sobre quais são os aprendizados que o ensino da dança mobiliza nos alunos, o Professor 1 (2017) diz que este tema desenvolve o “[...] respeito, a amizade, alegria, companheirismo. E entra também a questão da sensibilização da cultura dos alunos [...]”, pensamento este semelhante ao do Professor 4 (2017), o qual acredita que os valores que se aprimoram “é o respeito, trabalho em equipe, organização”. Porém estes não seriam conhecimentos\aprendizagens específicas da dança, e sim valores que este tema desenvolve.

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Foi questionado aos professores também, se eles teriam algum autor que trabalha como o tema dança, que embase o seu planejamento escolar. Segundo o Professor 1 (2017) este utiliza obras e trabalhos de duas professoras da UNIJUI “[...] profe Maria Simone. [...] profe Liziane [...]”, professoras estas as quais alguns anos atrás trabalhavam na Universidade com disciplinas referentes a CCM e a expressividade. O Professor 2 (2017) segue os passos de “Fabián Mariotti”, e ainda ressalta que “assino a revista dele”, porém este autor baseia-se em atividades lúdicas, principalmente dentro da pedagogia, e não da dança.

Dando seguimento a entrevista, partindo para o eixo da inserção da dança no currículo da EDF, foi perguntado aos professores se estes saberiam informar se a mesma se insere no programa curricular da Educação Física, e qual a carga horária disponibilizada pela escola em que trabalha para desenvolver este tema. O Professor 1 (2017), de imediato explica que a dança está “dentro de cada período de cada turma.

[...] ela contempla dezesseis aulas.[...]”. Vale lembrar também que na escola em que

este professor atua, além destas “dezesseis aulas” há um grupo de dança em horários inversos as aulas, onde criam-se coreografias, as quais participam de diversos eventos.

Para o Professor 2, a dança não esta inserida no currículo da EDF, porém ele ressalta que “com as novas mudanças agora no ano de 2017, estamos debatendo para mudarmos e enfim inserir no plano de estudo” (PROFESSOR 2, 2017). Os demais professores (Professor 3 e 4) acreditam que a dança não está inserida. Neste caso, Malaco (1997, p. 17) ressalta que “está presente no âmbito legal autonomia e flexibilidade das instituições de ensino para elaborarem o seu próprio currículo, tendo em vista as características regionais, interesses e necessidades da comunidade escolar”.

Como o Professor 1 explicou que a dança está inserida no currículo, foi perguntado a este se ele saberia informar como este tema foi incluído nesta escola e na Educação Física, e se ele teve participação. O mesmo explica que “ela foi incluída por causa do projeto que a gente realizou. Só era praticada no grupo de dança e só participava do grupo os alunos que gostam da dança. Então a partir dessa organização foi acrescentado na grade curricular do ensino médio a unidade didática de dança. E hoje sendo organizada também no ensino fundamental” (PROFESSOR 1, 2017), a qual teve participação neste projeto, juntamente de bolsistas da UNIJUI.

Questionou-se os professores também sobre a questão de a estrutura física da escola favorecer ou não o ensino da dança nas aulas de EDF. O Professor 1 (2017) comenta: “[...] eu acho que isso não é empecilho [...] Espaço físico não é empecilho

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pra nada, nem pra dança, nem pro esporte”. Com este mesmo pensamento, o Professor 2 esclarece: “[...] eu acho que da pra se fazer um belo trabalho num espaço como sala de aula, num espaço aberto, junto à natureza, numa quadra. Enfim, acho que isso não é empecilho para não se trabalhar”. Desta mesma forma é para o Professor 4 (2017), o qual explica que “a dança tu pode faze em qualquer espaço. [...]”.

Ao falar sobre a diferença de gênero, indagou-se os professores, querendo saber se eles notam alguma diferença entre meninos e meninas na participação e envolvimento com as tarefas propostas. “Existe uma certa resistência as vezes dos meninos. [...]” (PROFESSOR 1, 2017) ressalta. Professor 2 (2017) esclarece que “[...] quando realizam mímicas, as meninas são mais abertas nesse sentido. [...] E já o que acontece, é o contrário nos jogos. Os meninos se abrem mais, procuram mais do que as meninas. [...]”. Por fim, o Professor 4 concluí que “as meninas desenvolvem bem mais o trabalho de dança. [...]”.

Seguindo o raciocínio dos professores na questão gênero quanto à participação nas aulas, Silva (2012, p. 01) explica que

a discussão entre gênero e a dança, é uma das dificuldades encontradas pelos professores para empregar a dança na escola, cujos meninos se tornam resistentes à participação. Essa concepção é uma construção histórica na qual a mulher dança e o homem não. Neste sentido seria interessante estimular a reflexão dos alunos sobre a questão do gênero.

Para encerrar a entrevista, pergunta-se aos professores se eles notam algum preconceito sobre as relações gênero tanto pelos alunos como pelos colegas professores durante a participação nas aulas de EDF e na dança. Professor 1 (2017) explica que “eu noto algum preconceito quando o aluno tem necessidade especial, tem a questão também porque o aluno é gordo. [...]”. Já para o Professor 2, este acredita que não. “Não, acho que entre os professores não. O que eu noto é que o, os alunos notam as diferenças nos professores” (PROFESSOR 2, 2017).

Porém, para o Professor 4 a resposta é o contrário. “Tem algumas. Assim. Eu já trabalhei em várias escolas que os professores eles tem esse costume. Que a educação física é como um nada. [...].” (PROFESSOR 4, 2017). Este, ainda ressalta: “[...] a educação física ela é muito bonita, ela é linda, ela tem vários aspectos a serem trabalhados. Então assim, no momento que tem esse outro lado, as danças, as lutas, ginástica. Que não é só os esportes de quadra, os esportes coletivos, eles acabam mudando esse pensamento. [...]”.

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Ou seja, este professor tenta justificar o modo como os demais professores de outras áreas veem a EDF como uma disciplina com menos valor formativo que as demais, devido a alguns professores deste componente curricular não exercerem seu trabalho da devida forma. Para complementar sua justificativa, este afirma: “[...] quando tu começa a mostrar alguma coisa diferente que daí os alunos acabam comentando, eles vão falando sobre isso, que a educação física ta diferente, daí eles começam a olhar com outros olhos pra gente. É aí que começa a mudança, mostrar para os demais que a EDF não é ficar sem fazer nada” (PROFESSOR 4, 2017).

Através da entrevista, fica claro que os professores, mesmo alguns não trabalhando a dança em suas aulas como componente curricular, mas sim através de peças para eventos festivos, reconhecem o valor que este tema tem, os benefícios que a prática da mesma traz ao indivíduo. Sendo assim, Sborquia (2006, p. 48) define bem este pensar quando fala que

[...] há várias formas de se praticar a dança. Essa variabilidade dos fenômenos humanos ligados ao corpo e ao movimento é fundamental quando se pensa na diversidade cultural. É o contexto em que a dança se realiza que dá sentido ao movimento humano. A dança pode ter sentidos diferentes de acordo com o significado dado por quem dança e pode ter diferentes sentidos percebidos por quem aprecia essa manifestação.

Ou seja, os professores devem mostrar aos alunos o real sentido de praticar a dança, não só em benefícios à saúde, como também os valores que esta acarreta e a diversidade cultural que a mesma abrange com os ritmos utilizados. Proporcionar a vivência da dança na escola já é um grande passo, e ao incluir estes elementos, fará grande diferença na vida dos alunos.

ANÁLISE DOS PPP’s E PLANOS DE ESTUDO

Encerrando a parte das entrevistas semiestruturadas deu-se início a análise dos PPP’s e Planos de Estudo das escolas participantes desta pesquisa. Ao estudar estes materiais, utilizou-se um roteiro o qual procurava analisar o espaço físico das escolas; os projetos existentes na área da Educação Física; os objetivos deste componente curricular nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Observaram-se também os conteúdos estabelecidos para cada turma; as formas de avaliações; e conforme disponibilidades dos professores envolvidos neste estudo foram analisados os materiais (cadernos, livros) utilizados pelos mesmos, nas respectivas escolas em que trabalham.

Como espaço físico, todas as escolas possuem amplo pátio, com um bom número de materiais e quadra esportiva, o que proporciona melhores condições de

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trabalho aos professores. Na Escola A encontra-se uma sala de Oficina de Teatro, uma área coberta interligando o 3° e 4° pavilhão, quadra de esportes coberta, quadra de areia, praça infantil e um amplo espaço arborizado. Ou seja, esta escola possui um bom espaço no qual podem ser realizadas várias atividades em diversas modalidades que abrangem a EDF.

A Escola B, entre as escolas participantes deste estudo é a mais bem estruturada. Esta possui uma sala de espelhos, área de lazer com praça de brinquedos e uma quadra esportiva. No espaço externo há uma pista de atletismo com 275m, a qual é usada também pela comunidade, e um campo de futebol.

Já a Escola C oferece aos seus alunos uma sala com biblioteca, brinquedoteca e vídeos; uma área coberta; uma praça de brinquedos; pátio com pracinha e cama elástica. Por fim, a Escola D possui o menor espaço entre as quatro escolas. Esta possui apenas um ginásio de esporte, com uma pequena área ao seu redor, e uma pracinha infantil.

Sobre os projetos existentes nas escolas na área da Educação Física, poucos foram encontrados, porém bem interessantes. A Escola A possui apenas um projeto, o qual recebe o nome de “Treinador Desportivo, o qual visa o desenvolvimento integral das crianças, adolescentes e jovens, capacitando assim estes para que possam entender suas necessidades, desejos e expectativas e, assim, desenvolver as competências técnicas, sociais e comunicativas, essenciais para o seu processo de desenvolvimento individual e social” (PLANO DE ESTUDO, 2017).

A Escola B apresenta três projetos. “Oficina de Esportes, o qual tem o objetivo de reconhecer a importância da educação física como meio de socialização e conhecimento sobre o corpo; desenvolver habilidades e capacidades físicas do educando tais como percepção, equilíbrio, coordenação, agilidade, ritmo, flexibilidade, força, resistência, etc.; proporcionar a vivência da ginástica geral; respeitar as limitações e as diferenças de cada um; vivenciar os jogos respeitando as regras” (PLANO DE ESTUDO, 2017) é um destes.

Outro projeto é a “Oficina de Dança”. A mesma “incentiva à prática da dança nas mais variadas idades, buscando a compreensão que envolve a corporeidade e a expressividade humana; oferecendo aos alunos uma atividade prazerosa onde este se sinta bem, vivenciando diferentes ritmos musicais, na busca do entendimento da dança como linguagem corporal que permite transmissão de sentimentos e emoções” (PLANO DE ESTUDO, 2017).

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E por ultimo, a “Oficina de Xadrez”. Esta por sua vez ajuda a “desenvolver a capacidade de atenção, memória, raciocínio lógico, inteligência e imaginação como forma de contribuir para a melhor aquisição do conhecimento e processo de ensino-aprendizagem” (PLANO DE ESTUDO, 2017).

Na Escola C, durante a análise do PPP e Plano de Estudo não foi encontrado nenhum projeto na área da EDF. Porém, segundo a direção, há vários projetos sendo organizados na escola, onde os alunos realizam caminhadas orientadas, natação e demais atividades que desenvolvam a coordenação motora, mas, devido à diretora estar assumindo este cargo no início deste ano, e ainda se familiarizando com a escola e demais afazeres e funções deste cargo, ainda não haviam sido integrados estes projetos no Plano de Estudo da escola. Segundo a mesma, ela e a equipe diretiva estão trabalhando na construção do novo PPP e Plano de Estudo.

Já na Escola D, não foram encontrados nenhum projeto na área da EDF. Apenas foi explicado pela parte da direção que esta escola é quem desenvolve o Festival de Dança do Município, onde é ela a responsável pela organização de todo o evento.

Como objetivo do componente curricular da EDF nas escolas envolvidas, todas apresentam em seu PPP que esta área de ensino “visa conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações da cultura corporal de movimento integrando pessoas e diferentes grupos sociais; participar de atividades corporais, estabelecendo relações construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e desempenho sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais. Solucionar problemas de ordem corporal em diferentes contextos, regulando o esforço a um nível compatível com suas possibilidades; reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis de higiene, alimentação e atividades corporais; reconhecer-se a atividade física como exploração com os demais” (PLANO POLÍTICO PEDAGÓGICO, 2017).

Porém acredita-se que este objetivo do componente curricular da EDF apresentado de maneira igual no PPP de todas as escolas, esteja relacionado a algum referencial. Todas as escolas utilizam o mesmo sem diagnosticar o motivo da utilização deste.

Ao analisar os conteúdos da EDF, encontrou-se nos Planos de Estudo de todas as escolas os jogos motores; esportes; ginástica: acrobacias; exercícios físicos; práticas expressivas: dança; práticas corporais aliadas à saúde. Nota-se assim que o plano está

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bem elaborado, sendo necessário apenas que os professores transmitam os conhecimentos que estes conteúdos oferecem aos alunos.

Sobre o desenvolvimento da avaliação, de modo geral, em todas as escolas envolvidas, os professores presentes nesta pesquisa, utilizam provas teóricas e trabalhos descritivos, participação e envolvimento em aula, e de acordo com o professor, provas práticas. Foi também, após permissão dos professores, analisado os cadernos que estes utilizam em suas aulas, onde notou-se que todos possuíam um, onde anotavam observações das aulas realizadas, desenvolvimento dos alunos, planejamentos e unidades didáticas para cada turma em que trabalham.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Participar desta pesquisa foi algo muito importante, pois por meio desta tornou-se possível obtornou-servar a intornou-serção da dança nas aulas de Educação Física, verificando como ela é trabalhada na escola e como se aplica nas aulas de EDF. No que se refere aos professores entrevistados, à dança é considerada um instrumento muito importante para o desenvolvimento das aulas de educação física, e consequentemente no desenvolvimento dos alunos.

Através do referencial teórico percebe-se que a dança desde os tempos mais primitivos é vista como uma necessidade e característica essencialmente humana. Ou seja, todos dançam. Não importa a cor, raça, cultura, ritmos, idade, a essência desta é a mesma para todos, oferecendo muitos benefícios a quem a pratica. Porem esta necessita ser direcionada de maneira adequada pelo professor, principalmente diante da pouca ênfase dada ao seu ensino na escola, a partir de atividades voltadas para a reflexão, criatividade e desenvolvimento cognitivo.

Comprova-se também, através de citações de autores e das respostas dos professores entrevistados que a dança, além de ser uma forma de entretenimento, lazer, e ajudar na estética, oferece métodos corporais e psicológicos, que juntamente com as demais disciplinas oferecidas nas escolas, influenciam muito no desenvolvimento de valores e padrões.

No currículo de todas as escolas a dança está inserida, porém foi identificado que em três das quatro escolas a dança não é pensada como um tema de ensino para as aulas de EDF, estando inserida no PPP como componente curricular, mas não é desenvolvida como deveria, coincidindo com os achados de Marques (1997). De acordo com a autora, a dança na escola é negligenciada, ou seja, é mascarada com ensaios de coreografias para ser utilizada em datas comemorativas e festividades como colocam alguns professores entrevistados.

Ao procurar identificar se os professores de EDF das escolas presentes nesta pesquisa desenvolvem a dança em suas aulas, obteve-se o resultado de que somente um professor em uma das escolas realiza trabalhos com a dança dentro do currículo. Dois professores utilizam as dança somente em coreografias apresentações em datas festivas e o quarto professor não trabalha com a dança, mas sim com ritmos, buscando desenvolver a coordenação motora.

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Os desafios que os professores encontram para trabalhar com a temática da dança nas escolas vai desde a falta de conhecimento em algum ritmo a ser trabalho, e principalmente, o preconceito de gênero e a questão da obesidade. Alguns meninos ainda possuem certo preconceito sobre a dança, e alguns alunos não aceitam formar par com colegas obesos ou de maior peso.

Sobre os preconceitos vivenciados pelos professores, pode-se dizer, que estes serão superados quando os professores conseguirem transmitir ao alunos a realidade e os diferentes significados que da dança tem na sociedade, mostrando suas potencialidades no desenvolvimento educacional. É preciso também que a mídia fortaleça suas propagandas de forma generalizada mostrando o grande número de atividades que podem ser realizadas, especificando os benefícios de cada uma. Neste pensar, Costa e Nascimento (2006, p. 165) explicam que “a própria influência da mídia, ao divulgar algumas modalidades esportivas, acaba, indiretamente, gerando uma pressão por parte da sociedade para a aprendizagem de algumas modalidades esportivas, como o futebol, futsal e voleibol, em detrimento das demais”.

Conclui-se então que a dança na escola quando aplicada com metodologia adequada e, principalmente com consciência pedagógica, possibilita ao educando uma formação corporal global, ampliando suas capacidades de interação social e afetiva, desenvolvendo as capacidades motoras e cognitivas. Quando realizada de forma lúdica e não competitiva, a dança escolar passa a ser agente de formação e transformação, possibilitando oportunidades de humanização e integração entre todos os alunos, aumentando assim a autoestima colocando em prática o sentido de uma educação voltada para a inclusão.

Os professores são responsáveis por programar ou, melhor, saber “criar” um ensino que possibilite aos seus alunos para o envolvimento, a motivação, o entusiasmo, a curiosidade, o sentido de humor e o espírito crítico. As artes, assim como a dança proporcionam essa possibilidade. A influência do professor no fenômeno da aprendizagem é enorme e deve ser construída a partir da empatia e da qualidade afetiva.

Como resultado das análises do questionário, entrevistas, PPP’s e Planos de Estudos das escolas, juntamente com o referencial teórico presente nesta pesquisa, concluímos que a dança esta sendo cada vez mais inserida nas aulas de EDF escolar. Esta já encontra-se presente como componente curricular nas escolas envolvidas na pesquisa, vista como um elemento educativo, dando ênfase nas manifestações culturais da sociedade, e exercendo papel fundamental na expressividade dos alunos.

Referências

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