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Identidade profissional do enfermeiro na atenção básica: percepção dos acadêmicos de enfermagem.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

UNIDADE ACADEMICA DE ENFERMAGEM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

ISAURA CAROLINA BRANDÃO BEZERRA

IDENTIDADE PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA: PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM

Cajazeiras-PB 2015

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ISAURA CAROLINA BRANDÃO BEZERRA

IDENTIDADE PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA: PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem, do Centro de Formação de Professores, da Universidade Federal de Campina Grande, como requisito para obtenção de título de Bacharel em Enfermagem.

Orientador: Prof. Me. Marcelo Costa Fernandes

Cajazeiras-PB 2015

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação - (CIP) Denize Santos Saraiva - Bibliotecária CRB/15-1096

Cajazeiras - Paraíba B574i Bezerra, Isaura Carolina Brandão

Identidade profissional do enfermeiro na atenção básica: percepção dos acadêmicos de enfermagem. / Isaura Carolina Brandão Bezerra. - Cajazeiras: UFCG, 2015.

64f. il. Bibliografia.

Orientador (a): Prof. Marcelo Costa Fernandes. Monografia (Graduação) – UFCG.

1. Enfermagem- estudantes- CFP/UFCG. 2. Enfermeiro- identidade profissional. 3. Atenção Primária à Saúde- Enfermeiro. I. Fernandes, Marcelo Costa. II. Título.

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ISAURA CAROLINA BRANDÃO BEZERRA

IDENTIDADE PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA: PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem, do Centro de Formação de Professores, da Universidade Federal de Campina Grande, como requisito para obtenção de título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em:02/12/2015

Cajazeiras-PB 2015

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser a força que me guia, e aos meus pais pela dedicação, carinho e esforço, o que tornou possível a realização desse sonho.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente gostaria de agradecer a Deus por ser a fé que me guia e chama viva que nunca se apaga no meu coração.

Agradeço aos meus familiares que sempre estiveram presentes me apoiando e dando forças para que eu continuasse na luta, fazendo eu me sentir segura.

Um agradecimento especial a minha mãe que sempre se dedicou para me proporcionar o melhor, pela compreensão, incentivo, amor incondicional e por me ajudar carinhosamente em cada gesto e palavras a concretizar esse sonho.

Muito obrigada ao meu pai, que mesmo não estando mais presente fisicamente, está eternizado em meu coração, e sei que está muito feliz com as vitórias que alcancei até aqui.

Agradeço ao meu namorado, André Luís, que compartilhou comigo esse momento, sendo paciente em minhas ausências e me ajudando nas batalhas diárias.

Obrigada as minhas amigas da universidade, Kathariny, Mayara, Jade e Marília que sempre torceram por mim e me apoiaram.

Reverencio o meu professor orientador Marcelo Costa, por gentilmente e pacientemente ter me ajudado e me guiado no decorrer deste trabalho, me dando todo o conhecimento e suporte necessário.

Agradeço por fim, aos entrevistados que dedicaram seu tempo precioso para participar do meu estudo.

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“Eu tentei noventa e nove vezes e falhei, mais na centésima tentativa eu consegui. Nunca desista dos seus objetivos mesmo que esses pareçam impossíveis, a próxima tentativa pode ser a vitoriosa.”

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BEZERRA, Isaura Carolina Brandão. Identidade Profissional do Enfermeiro Na Atenção Básica: percepção dos acadêmicos de enfermagem. 2015. 63p. Monografia (Bacharelado em Enfermagem) – Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Formação de Professores, Unidade Acadêmica de Enfermagem, Cajazeiras-PB, 2015.

RESUMO

A Enfermagem, como profissão da área da saúde, vem cada vez mais buscando a consolidação de seus fundamentos científicos e consequentemente a sua delimitação, com elementos que podem guiar com mais precisão o seu saber-fazer no cotidiano das práticas. Ações estas que podem proporcionar maior visibilidade e reconhecimento da identidade profissional do enfermeiro na rede de atenção à saúde. Esse estudo teve como objetivo averiguar a percepção dos acadêmicos de enfermagem sobre a identidade profissional do enfermeiro na Atenção Básica. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa. O mesmo foi realizado no curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Campina Grande no campus da cidade de Cajazeiras, no estado da Paraíba, com 18 estudantes regulamente matriculados no nono período e que estavam cursando a disciplina “Estágio Supervisionado II – Rede Hospitalar”, no período 2015.1. A coleta de dados foi feita através de entrevista semiestruturada, e para proceder à ordenação e organização dos dados empíricos, foi recorrido ao processo metodológico do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que é uma ferramenta que viabiliza a representação do pensamento de um determinado grupo. Evidenciou-se no estudo que inicialmente os estudantes visualizam a Atenção Básica como o acesso inicial à rede de atenção à saúde brasileira, além disso, ficou claro que eles percebem o enfermeiro como responsável por todos os serviços na unidade básica de saúde, desempenhando várias ações. Percebeu-se ainda que para os participantes deste estudo a identidade profissional do enfermeiro é construída ao longo de toda a graduação, bem como nas futuras vivências profissionais. Por fim, foi observada a crítica dos estudantes sobre a deficiência de experiências práticas. Conclui-se, assim, que a incompreensão da especificação da identidade profissional do enfermeiro, pode ser um reflexo do processo de formação acadêmica, onde não é debatido e discutido com precisão essa temática.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Estudantes de Enfermagem. Papel do Profissional de Enfermagem.

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BEZERRA, Isaura Carolina Brandão. Nurse Practitioner's identity In Primary Care: perception of nursing students. 2015. 63p. Monograph (Bachelor of Nursing) – Federal University of Campina Grande, Center for Teacher Education, Academic Unit of Nursing, Cajazeiras-PB, 2015.

ABSTRACT

Nursing, as a health profession, has seeking each way more the consolidations of your own scientific fundamentals and consequently your delimitation thorough elements which can precisely guide and develop your know-how daily at practice. Those actions may provide more visibility and recognition at the nurse identity towards the health association attention. This study had ascertained, as your principal objective, nursing academic perception about your own professional identity. It deals with a descriptive study, with a qualitative approach that was done at the Universidade Federal de Campina Grande, Cajzaeiras city, at the state of Paraíba, among 18 registered students on ninth period, attending the “Supervised internship II – Hospital network”, during the 2015.1 semester. The data collection was made by a structured interview to proceed with the ordination and also the organization of those empirical data, It has run to the methodological process of the Collective Subject Discourse (CSD), which is a toll that enables thoughts representation of single groups. This specific study has revealed at the beginning that all the students realized the basic attention as the first step to involve the Brazilian health attention network, besides, It is clear that they understand the nurse professional as the most responsible for all of the basic health services among several health functions. The students could observe either that the nurse identity is build during the whole graduation, as well as the professional experiences in the future. Lastly, the study noticed the critical observation of each participant about the low amount of practical classes. Therefore, the incomprehension of the nurse identity may be the reflection of a lost academic formation when It’s not discussed as an exceptional issue.

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LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 01- Mapa do estado da Paraíba e em destaque a cidade de Cajazeiras, PB...25

Quadro 01- Categoria e número de acadêmicos participantes da temática 01. Cajazeiras-PB, 2015 ... 31

Quadro 02- Categoria e número de acadêmicos participantes da temática 02. Cajazeiras-PB, 2015 ... 36

Quadro 03- Categoria e número de acadêmicos participantes da temática 03. Cajazeiras-PB, 2015 ... 41

Quadro 04- Categoria e número de acadêmicos participantes da temática 04. Cajazeiras-PB, 2015 ... 43

Quadro 05- Categoria e número de acadêmicos participantes da temática 05. Cajazeiras-PB, 2015 ... 46

Quadro 06- Categoria e número de acadêmicos participantes da temática 06. Cajazeiras-PB, 2015 ... 48

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AB- Atenção Básica

ACD- Auxiliar de Consultório Dentário ACS- Agente Comunitário de Saúde CEP- Comitê de Ética em Pesquisa DSC- Discurso do Sujeito Coletivo ECH- Expressões-Chaves

ESF- Estratégia de Saúde da Família IC- Ideias Centrais

PACS- Programa de Agentes Comunitários de Saúde PNAB- Política Nacional de Atenção Básica

PSF- Programa Saúde da Família RS- Representação Social

SUS- Sistema Único de Saúde

TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UBS- Unidade Básica de Saúde

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 13 2. OBJETIVOS ... 17 2.1 OBJETIVO GERAL ... 17 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 17 3. REFERENCIAL TEÓRICO ... 18 3.1 IDENTIDADE PROFISSIONAL ... 18 3.2 ATENÇÃO BÁSICA ... 20

3.3 PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA ... 22

4. MATERIAL E MÉTODO ... 25

4.1 TIPO E NATUREZA DO ESTUDO ... 25

4.2 LOCAL DA PESQUISA ... 25

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO ... 26

4.4 COLETA DE DADOS ... 27

4.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 27

4.6 ASPECTOS ÉTICOS ... 30

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 32

5.1 APRESENTAÇÃO DOS DISCURSOS COLETIVOS ... 32

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 52 REFERÊNCIAS ... 53 APÊNDICES ... 58 APÊNDICE A ... 59 APÊNDICE B ... 60 ANEXOS ... 61 ANEXO A ... 62 ANEXO B ... 64

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1. INTRODUÇÃO

A Enfermagem, como profissão da área da saúde, vem cada vez mais buscando a consolidação de seus fundamentos científicos e consequentemente a sua delimitação, com elementos que podem guiar com mais precisão o seu saber-fazer no cotidiano das práticas, proporcionando qualidade na assistência e satisfação dos sujeitos que buscam os serviços de saúde a fim de sanar as suas necessidades numa perspectiva singular e multidimensional do ser. Ações estas que podem proporcionar maior visibilidade e reconhecimento da identidade profissional do enfermeiro na rede de atenção à saúde.

Nesse contexto, entende-se que a identidade é algo dinâmico, ou seja, passa por um processo contínuo de construção, desconstrução e reconstrução, visto que a mesma vai se modificando ao longo do tempo e sofrendo influências econômicas, sociais e culturais do espaço onde essas relações acontecem.

Para Campos e Oguisso (2008) a identidade de uma pessoa é definida como algo exclusivo, bem como a aglutinação de elementos particulares e únicos como: nome; local; data de nascimento; filiação; sexo e profissão, os quais caracterizam a identidade de um sujeito.

Além disso, a identidade de cada ser humano começa a ser construída na infância e vai se refazendo ao longo da vida. Esta é revelada por meio das crenças, valores, opiniões e atitudes que estão presentes em cada indivíduo.

Já a identidade profissional pode ser entendida como um fenômeno complexo e dinâmico, que a todo o momento é reconstruído de acordo com as relações sociais, ou seja, a interação entre o indivíduo, sociedade e as organizações de saúde (CAÇADOR, 2012).

Agregando a essa definição, Dubar (2005) menciona que a identidade profissional é um fenômeno relacional, construído da dinâmica entre o que proporciona ao sujeito perceber-se como integrante da equipe de trabalho e as práticas que são incorporadas no cotidiano das ações.

Já a identidade profissional do enfermeiro, segundo Santos (2010), se forma por meio de complexos sistemas que vão se construindo a partir da interação de elementos não específicos e específicos. Entende-se como elementos não

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específicos aqueles cujo essência abrange todo e qualquer tipo identidade, já os elementos específicos são aqueles que apresentam singularidades da profissão de enfermagem, como o próprio cuidado que é objeto de trabalho desta categoria.

A identidade do enfermeiro é um tema que vem sendo cada vez mais abordado nas pesquisas científicas. Percebe-se que a construção da identidade desse profissional vem se modificando com o tempo e de acordo com os fatos históricos.

Segundo Vargens (1989), inicialmente as enfermeiras eram pessoas leigas, sem formação acadêmica, que exerciam a profissão em decorrência da religião e por serem do sexo feminino, características que influenciaram nas primeiras impressões da identidade dessa profissão e que ainda repercutem na atualidade.

Debatendo sobre esse assunto, Lima (2013) fala que o reconhecimento da enfermagem como profissão da saúde ocorreu a partir da metade do século XIX na Inglaterra, com a influência de Florence Nightingale, passando-se assim a formar e diplomar enfermeiras, onde se consolidou a identidade desta categoria profissional.

Destaca-se que essa identidade foi marcada pela cisão entre o cuidar e o gerenciar, como consequência da divisão técnica e social imposta por Florence com as nurses (cuidado direto) e pelas ladies nurses (cuidado indireto) e que atualmente essa dicotomia gera conflitos do enfermeiro com ele mesmo e com a profissão, o que corrobora na imprecisão de suas reais competências.

Logo, percebe-se que ainda é difícil à definição e compreensão da identidade profissional do enfermeiro em todos os níveis de atenção à saúde, porém nesta investigação, será abordada a Atenção Básica (AB).

Entende-se por AB como a convergência de atividades de saúde, no contexto individual e coletivo, que envolve a promoção e proteção da saúde, redução de danos, prevenção de agravos, tratamento, diagnóstico, reabilitação e manutenção da saúde, visando realizar uma atenção integral que repercuta na situação de saúde e na independência dos sujeitos, bem como nos condicionantes e determinantes de saúde da população. É desenvolvida através de ações de gestão e cuidado, participativas e democráticas, a partir do trabalho em equipe, direcionadas à coletividade de territórios específicos, as quais se responsabilizam pelas questões sanitárias, levando em conta a dinamicidade presente no território em que vivem essas populações (BRASIL, 2011a).

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Dentro da AB é importante ressaltar a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que segundo Fernandes e Silva (2013), foi constituída por meio da Política Nacional da Atenção Básica, como estratégia essencial para o crescimento e consolidação das práticas nesse nível de atendimento. Ainda conforme esses autores a ESF possibilita o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), almeja fortalecer as ações da AB, incentiva mudanças nas relações de trabalho entre o profissional e o usuário, além de fomentar a reorganização do modelo de atenção à saúde.

O processo de trabalho da AB requer competências específicas dos profissionais de saúde e, consequentemente, da Enfermagem. Nota-se, nesse primeiro nível de atenção, falta de delimitação das atribuições dessa categoria, que pode ter sua origem na atuação dos próprios profissionais, que ainda não se apropriaram da finalidade principal de seu trabalho no cotidiano da ESF, agregando atribuições e funções que não são próprias (SANTOS; RIBEIRO, 2010).

Agregando a essa discussão Lima (2013) menciona que devido à multiplicidade de papeis assumidos pelo enfermeiro, acaba por contribuir para a invisibilidade do seu trabalho e, consequentemente, dificulta a expressão da identidade profissional na AB.

Nota-se que a precarização do processo de trabalho também direciona a não compreensão da real identidade por parte dos enfermeiros da AB, os quais assumem funções dos demais profissionais da equipe de saúde, assim como atividades essencialmente burocráticas, que os afastam do seu principal objeto de trabalho, ou seja, o cuidar.

Essa incompreensão da especificação da identidade profissional do enfermeiro, pode ser um reflexo do processo de formação acadêmica, onde não é debatido e discutido com precisão essa temática. Logo, aponta-se a seguinte questão norteadora para o desenvolvimento desse estudo: Qual a percepção dos acadêmicos de enfermagem sobre a identidade profissional do enfermeiro na Atenção Básica?

O motivo que influenciou à realização desta pesquisa estão atreladas as vivências acadêmicas durante as disciplinas de Saúde Coletiva I e II que me despertaram a curiosidade de conhecer as atribuições do enfermeiro no primeiro nível de atenção.

Durante os estágios percebi nos discursos dos enfermeiros os dissabores das práticas na AB, ambiente este ainda marcado por ambivalências dos modelos de

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atenção à saúde. Essa situação fomenta o distanciamento das reais competências desses trabalhadores e consequentemente da identidade profissional.

Além disso, durante os seminários dessas disciplinas, era presente na fala dos estudantes a dificuldade em definir qual o papel do enfermeiro nesse cenário de atuação, o que levou a abordar essa temática com esse público específico.

Esse estudo busca contribuir na elucidação e consequentemente na sensibilização, a partir da formação acadêmica, da identidade profissional do enfermeiro na Atenção Básica, com vistas a contribuir na aproximação das reais atividades que são de competência desses trabalhadores, visando maior reconhecimento social, bem como visibilidade e credibilidade pelo o que o enfermeiro é e não pelo o que ele faz, já que muito do que ele faz, não condiz com o que ele é.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

 Averiguar a percepção dos acadêmicos de enfermagem sobre a identidade profissional do enfermeiro na Atenção Básica.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar a compreensão dos estudantes sobre a Atenção Básica;

 Descrever, a partir dos alunos, as ações que representam a identidade profissional do enfermeiro na Atenção Básica;

 Verificar os fatores intervenientes da formação acadêmica para a compreensão da identidade profissional do enfermeiro na Atenção Básica;

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 IDENTIDADE PROFISSIONAL

Antes de se discutir sobre a identidade profissional é interessante abordar a compreensão que se tem sobre a identidade, a qual é um processo contínuo de transformação formada a partir da relação e das formas pelas quais os seres humanos são representados ou interpelados nos sistemas culturais que os rodeiam, sendo reafirmada ao longo do tempo, de modo que sua unidade permanece sempre incompleta (HALL, 2014).

Acrescentando a essas discussões, Dubar (2006) menciona que identidade é o resultado de uma diferenciação e de uma generalização. Já que o indivíduo é aquele que se diferencia, se singulariza perante os outros, ao mesmo tempo em que é aquele que possui pontos em comum, que pertence a um mesmo grupo. A contradição da identidade é precisamente aquilo que é único, mas que também é dividido. E a solução desta contradição está justamente na alteridade, na identificação de e pelo outro.

Já a identidade profissional, para Krawulski (2004), é um processo permanente, sendo a consequência das experiências que objetivamente o mundo do trabalho proporciona e também das razões que subjetivamente sustentam cada categoria profissional.

A identidade profissional é concomitantemente coletiva e individual. A identidade individual refere-se a conteúdos simbólicos que retratam expectativas e desempenhos de papel, e aos sentimentos de valor e desvalor atrelados. A identidade coletiva refere-se a discursos e práticas que se estruturam e são estruturados por representações sociais e características organizacionais (LOPES, 2008; LOPES, 2009).

Agregando a essas discussões, Dubar (2000) menciona que a identidade profissional é um fenómeno complexo, resultado dos mecanismos de socialização secundária do sujeito e que apresenta continuidades e descontinuidades com o que designa por identidade herdada e a identidade atribuída ao sujeito pelos outros. Neste sentido, a identidade profissional será sempre forjada num jogo de interações

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sociais onde o contexto institucional, as características biográficas do indivíduo e os seus percursos formativos desempenham um papel imprescindível.

Apoiando essa ideia, Blin (1997) discute que o contexto social onde se desempenha determinada profissão é essencial para a consolidação da sua identidade profissional. Esta encontra-se relacionada com o que o autor diferencia por práticas e saberes profissionais. Mais do que os elementos biográficos dos indivíduos importa, sim, avaliar, descrever e compreender as características organizacionais que se encontram presentes. Desta forma, elementos como formação, estruturas organizacionais, saberes e práticas específicas aparecem como determinantes para a consolidação da identidade profissional do sujeito.

Discussões semelhantes foram abordadas por Santos (2011) em seu livro "Profissões e Identidades Profissionais”, em que a autora argumenta que a identidade profissional resulta não só dos aspectos coletivos intrínsecos ao mundo organizacional e aos processos de referência, mas, é produto, igualmente, das características individuais do sujeito, dos seus aspectos e vivências biográficas que o caracterizam como um ser distinto que agirá, de forma, única, num mesmo contexto organizacional e num mesmo processo de socialização.

Segundo Berger e Luckmann (2011) construir uma identidade profissional se baseia na incorporação de saberes específicos para determinada categoria profissional, o qual inclui também vocabulário normatizado, padronização de ações, programa e “universo simbólico”, o qual transmite uma visão de mundo.

Corroborando com o que foi dito anteriormente, Campos e Oguisso (2008) falam que identidade profissional seria um tipo de identidade coletiva, com base em traços ou características comuns a todos que exercem determinada atividade.

Borges e Silva (2010) discutem que são nas interações sociais diárias que se constroem mutuamente tanto o objeto do trabalho quanto à representação do profissional, elementos estes que irão fomentar na delimitação da identidade de cada categoria profissional.

Sendo assim, a definição de identidade profissional que será adotada neste estudo é aquela constituída por elementos profissionais almejáveis que realizam uma ou outra atividade e que de alguma forma caracterizam um grupo. É o que é específico, o que identifica cada profissional, e envolve tanto a imagem social acerca da profissão como a agregação de aspectos, como conhecimentos, habilidade,

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atitudes, comportamentos e valores que identificam uma determinada categoria profissional (BARBACELI, 2013).

3.2 ATENÇÃO BÁSICA

A Atenção Básica (AB) caracteriza-se por uma gama de atividades de saúde, no âmbito individual e coletivo, que envolve a promoção e proteção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento, a reabilitação, o diagnóstico, redução de danos e conservação da saúde, tendo como meta o desenvolvimento de uma atenção holística do ser, que influencia na situação de saúde e autonomia dos sujeitos e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades (BRASIL, 2011a).

A AB é desenvolvida com o mais elevado grau de descentralização, capilaridade e próximo da vida dos atores sociais. Deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde. Guia-se pelos princípios da universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, responsabilização, humanização, integralidade da atenção, equidade e participação social. A AB visualiza o sujeito em sua particularidade e inserção sociocultural, buscando a construção da atenção integral (BRASIL, 2011a).

Destaca-se no âmbito da AB, a Estratégia Saúde da Família (ESF), que teve origem em 1994 com a nomenclatura de Programa Saúde da Família (PSF), mas que em seguida passou a ser denominada e difundida como estratégia pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), sendo uma proposta para consolidação, reorganização e expansão da AB em todo território nacional (ESCOREL et al., 2007; FERNANDES, SILVA, 2013).

A ESF responde a uma nova percepção da saúde, não mais direcionada na assistência à doença, mas, sobretudo, voltada para a promoção da qualidade de vida e para a intervenção nos fatores que colocam a vida em risco. É uma estratégia de reordenamento da AB e do modelo assistencial brasileiro, possibilitando a efetivação dos princípios doutrinários e organizativos do SUS (FERNANDES, SILVA 2013).

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A AB propõe ainda superação da fragmentação dos cuidados, decorrentes da cisão técnica e social do trabalho em saúde. Escolhe a família e seu espaço social como núcleo fundamental da abordagem no atendimento à saúde. Sensibiliza as ações de saúde e visa a satisfação do usuário por meio do estreito relacionamento da equipe com a comunidade e do incentivo à organização comunitária para o exercício efetivo do controle social (SOBREIRA, 2009).

A Atenção Básica utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas que devem ajudar no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território, observando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento que devem ser acolhidos (BRASIL, 2011a).

Segundo Rezende et al. (2009), com a consolidação da capacidade de resolução da AB, a maioria das problemáticas de saúde da sociedade serão resolvidos, e consequentemente haverá uma redução do fluxo de usuários para os níveis de maior densidade tecnológica, racionalização do uso de suprimentos e dos recursos terapêuticos mais dispendiosos, proporcionando, com isso, maior acesso da população aos serviços de saúde. Assim, a AB tem como objetivo oferecer, a partir do primeiro nível do cuidado, a integração dos diversos pontos de atenção à saúde, possibilitando uma assistência contínua, de qualidade, com redução de gastos e em lugar e tempo adequados.

A PNAB de 21 de outubro de 2011 define que a assistência no nível primário deve ser prioridade no atendimento em decorrência da sua elevada capacidade resolutiva, menciona ainda que os termos “Atenção Básica” e “Atenção Primária à Saúde” são equivalentes considerando as concepções atuais (BRASIL, 2011a).

Logo, entende-se que esse primeiro nível da atenção possui como ênfase a atenção aos sujeitos e não à doença. Oferece um cuidado longitudinal, isto é, no decorrer do tempo e em todo ciclo de vida do sujeito. Também coordena ou integra a atenção prestada com os demais níveis do sistema, sendo o pilar que orienta o trabalho de toda rede de atenção à saúde (STARFIELD, 2002).

Conforme a autora supracitada o primeiro nível de atenção retrata as problemáticas mais comuns da população de um território específico, disponibilizando ações e serviços de prevenção, reabilitação e cura para potencializar a saúde e o bem-estar. Aborda a atenção quando há mais de um

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problema de saúde, lida com o contexto no qual a doença está inserida e influencia ao empoderamento, ou seja, a resposta dos sujeitos a seus problemas de saúde. É a ação que planeja, coordena, organiza, e racionaliza a uso de todos os recursos, tanto básicos como especializados, direcionados para a promoção, manutenção e melhora da saúde.

3.3 PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA

A função essencial do processo de trabalho do enfermeiro no primeiro nível de atenção à saúde é organizar, planejar e prestar cuidado direto e indireto ao indivíduo sadio ou doente, família ou comunidade, no desempenho de ações para promover, manter ou restaurar a saúde objetivando solucionar as necessidades sociais, como também atender as demandas institucionais. Logo, a geração, bem como a satisfação das necessidades por meio do trabalho, é um processo social e ao mesmo tempo histórico nesse cenário de atuação (ALMEIDA; ROCHA, 1997).

O papel do enfermeiro na AB são apresentadas na Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, referente à Política Nacional da Atenção Básica, que dá a este profissional às seguinte atribuições: realizar atenção à saúde dos indivíduos e famílias cadastradas nas equipes e, quando indicado ou necessário, na residência ou nos demais espaços comunitários; realizar consulta de enfermagem, procedimentos, ações em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas, bem como solicitar exames complementares, prescrever medicações e encaminhar, quando indicado, usuários a outros serviços; planejar, gerenciar e avaliar as atividades desenvolvidas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em conjunto com os outros profissionais; contribuir, participar, e desenvolver ações de educação permanente da equipe de enfermagem e outros membros da equipe e participar do gerenciamento dos materiais necessários para o adequado funcionamento da unidade de saúde (BRASIL, 2011a).

Ainda de acordo com essa portaria é importante ressaltar, além das atividades específicas do enfermeiro, as ações comuns a todos os profissionais e que consequentemente será de responsabilidade do enfermeiro também realizar como: participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação

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da equipe, identificando grupos, famílias e sujeitos expostos a riscos e vulnerabilidades; participar do acolhimento dos usuários realizando a escuta qualificada das necessidades de saúde, procedendo a primeira avaliação e identificação das necessidades de intervenções de cuidado e viabilizando o estabelecimento do vínculo; realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória; organizar reuniões de equipes a fim de debater em conjunto o planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da uso dos dados disponíveis; garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas de informação na AB e desenvolver atividades de educação em saúde a população adstrita (BRASIL, 2011a).

Percebe-se assim que o processo de trabalho do enfermeiro na AB apresenta-se com duas dimensões principais aqui destacadas: cuidado e gerência. Na primeira, o enfermeiro toma como objeto de intervenção as necessidades de cuidado de enfermagem e tem por finalidade o cuidado integral. No segundo, o enfermeiro toma como objeto a organização do trabalho e os trabalhadores em enfermagem, com o objetivo de criar e implementar condições adequadas de cuidado aos usuários e de desempenho para os trabalhadores (FELLI; PEDUZZI, 2010).

Destaca-se, ainda, que para a viabilização do real papel do enfermeiro na AB, a partir dessas duas dimensões, é necessário o trabalho em equipe, a qual possibilitará ao enfermeiro em seu cotidiano assistencial desenvolver o cuidado e a gerência com qualidade e eficiência. A composição mínima dessa equipe é: médico, enfermeiro; auxiliar ou técnico em enfermagem e ACS, podendo ser incorporados à esta equipe mínima o cirurgião dentista e o Auxiliar de Consultório Dentário (ACD), que constituem uma Equipe de Saúde Bucal (BRASIL, 2012a).

Segundo um estudo realizado em três UBS, as auxiliares de enfermagem entrevistadas relataram que o enfermeiro é o orientador e coordenador da equipe de enfermagem, sendo às vezes sobrecarregado com atividades burocráticas e administrativas, que o distanciam em alguns momentos do seu real papel no cuidar e consequentemente incongruências em sua identidade profissional (SOARES; BIAGOLINI; BERTOLOZZI, 2013).

Logo, existem dificuldades em perceber uma identidade profissional do enfermeiro na AB, uma vez que são prescritas diversas ações, como já abordados anteriormente. Isto faz com que o enfermeiro esteja sempre envolvido em muitos

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processos de trabalho, onde se cria uma dificuldade em se perceber uma identidade única, evidenciando-se uma identidade plural. O trabalho desse profissional sempre esteve relacionado a uma profissão polivalente. Portanto, um trabalho complexo que exige o desenvolvimento de muitas e distintas competências e a necessidade de múltiplos e sempre renovados saberes (LIMA, 2013).

Nesse processo de busca por uma identidade no âmbito da AB, é complexo saber o que efetivamente delimita uma profissão. Discute-se muito sobre o presente e o futuro do profissional enfermeiro, porém é imprescindível definir o núcleo da profissão, de maneira clara, incontestável e aceita por todos os pares, sem sofismas e silogismos, definindo-se o enfermeiro pelo que ele é e não pelo que faz (CAMPOS; OGUISSO, 2008).

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4. MATERIAL E MÉTODO

4.1 TIPO E NATUREZA DO ESTUDO

O estudo é de natureza descritiva com abordagem qualitativa. Para Gil (2008) a investigação com aspecto descritivo viabiliza observar, registrar, analisar, correlacionar fatos ou fenômenos sociais, bem como descrever minuciosamente acontecimentos, depoimentos e situações que qualificam a análise dos discursos de forma mais abrangente.

Já a abordagem qualitativa responde a questões muito individuais. Ela se preocupa nas ciências sociais, com um grau de realidade que não pode ser quantificado, isto é, trabalha com o universo de significados, aspirações, motivos, crenças, valores e atitudes, o que equivale a um campo mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser sintetizados à operacionalização de variáveis (MINAYO, 2007).

4.2 LOCAL DA PESQUISA

O estudo foi realizado no curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Campina Grande no campus da cidade de Cajazeiras no estado da Paraíba. Cajazeiras está situada na região oeste do estado, limitando-se, em sentido horário, com os municípios de São João do Rio do Peixe (norte e a leste), Nazarezinho (sudeste), São José de Piranhas (sul), Cachoeira dos Índios, Bom Jesus (os dois últimos a oeste) e Santa Helena (noroeste). A área do município, distante 468 quilômetros da capital estadual aproximadamente, é de 565,899 km². Possui 58.446 habitantes, sendo 52,2% (30.508) da população composta por mulheres e 47,8% (27.938) por homens (IBGE, 2010).

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Fonte: http://www.cprm.gov.br/rehi/atlas/paraiba/relatorios/CAJA046.pdf (acesso 17/11/2014)

Figura 01. Mapa do estado da Paraíba e em destaque a cidade de Cajazeiras-PB

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO

Antes de iniciar esse debate, é necessário apresentar que para Minayo (2007) a ideia de amostragem não é a mais indicada para certos tipos de investigações, especialmente aqueles de cunho qualitativo. Isto se deve ao fato que o “universo” em questão são as representações, as práticas, os saberes e as atitudes dos sujeitos em si.

Os participantes desta investigação foram constituídos por 18 acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal de Campina Grande campus Cajazeiras, Paraíba. Foi adotado como critério de inclusão somente os estudantes regulamente matriculados no nono período e que estavam cursando a disciplina “Estágio Supervisionado II – Rede Hospitalar”, correspondente ao período 2015.1. A escolha do nono período se deve em decorrência desses alunos já terem cursado todas as disciplinas teóricas. Foi adotado como critério de exclusão os acadêmicos que já tiverem realizado estágio extracurricular na Atenção Básica.

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Destaca-se que o total de alunos matriculados nessa disciplina foi de 29 acadêmicos, porém a conclusão da coleta de dados ocorreu a partir do momento que foi identificada a saturação teórica, ou seja, quando identificou que os depoimentos já exploraram uma determinada variação de elementos relativos ao assunto, e nas entrevistas subsequentes não surgirem elementos novos para a sua interpretação (FLICK, 2009).

4.4 COLETA DE DADOS

A coleta de informações foi realizada por meio da entrevista semiestruturada (APÊNDICE A), pois esta, segundo Gil (2008) ao mesmo tempo em que realça a presença do investigador, viabiliza todas as perspectivas possíveis para que o informante atinja a espontaneidade necessária, enriquecendo a pesquisa.

Foi realizada individualmente, constando de cinco questões abertas norteadoras sobre o assunto e respeitando a livre expressão de suas representações. As entrevistas foram gravadas com a autorização dos entrevistados, em local reservado. Antes de começar a transcrição, as entrevistas foram ouvidas várias vezes, visando à compreensão das falas.

4.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Para proceder à ordenação e organização dos dados empíricos, produzidos nas entrevistas semiestruturadas junto aos acadêmicos de enfermagem selecionados para esta investigação, foi recorrido ao processo metodológico do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que é uma ferramenta que viabiliza a representação do pensamento de um determinado grupo. É uma proposta metodológica que propõe a soma das ideias não de maneira numérica, mas operacionalizando de forma metodológica a expressão do pensamento coletivo por meio do discurso. É um processo complexo, que resulta, ao final, num conjunto de discursos subdividido em vários momentos, efetuados por meio de uma série de

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operações realizadas sobre o material verbal coletado na pesquisa (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

A proposta do DSC consiste, basicamente, em analisar o material construído por uma coletividade por meio dos depoimentos e em seguida, extrair as Ideias Centrais (IC) e suas respectivas Expressões-Chaves (ECH). Ao final, o conteúdo das respostas de sentido semelhante é reunido em discursos-sínteses redigidos na primeira pessoa do singular. Esse discurso-síntese representa a expressão da coletividade que o originou. É como se um único indivíduo, representante do grupo, falasse em nome de todos aqueles os quais representa (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

O DSC tem como finalidade, enquanto estratégia metodológica, visualizar com maior clareza uma dada representação que surge a partir de uma forma concreta do pensamento nos discursos dos sujeitos. Sua elaboração, como foi abordada, segue uma lapidação analítica de decomposição e é caracterizado, inicialmente, pela seleção das principais IC presentes nos discursos individuais e constituídos, posteriormente, em um único discurso, dando a idéia de que todos estão representados por uma única pessoa (PAULA; PALHA; PROTTI, 2004).

A correta utilização destas figuras metodológicas (ECH, IC e DSC), descritas a seguir, proporciona ao pesquisador um campo seguro para a organização e tabulação dos depoimentos, como também uma análise e interpretações seguras.

As Expressões-Chaves (ECH) podem ser definidas como fragmentos, trechos ou transcrições literais do discurso que devem ser destacadas pelo pesquisador e que revelam a essência de todo o conjunto do discurso observado. Apresentam-se, portanto, como uma espécie de comprovação e justificativa da existência da IC (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

Recomenda-se retirar das ECH tudo que é irrelevante, inexpressivo, secundário, além das particularidades da fala do sujeito que demonstram as individualidades, como por exemplo, nomes, datas, estado civil, idade e história individual, retendo o máximo possível da essência do pensamento, tal como ele aparece no discurso analisado (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

Além disso, é fundamental ter cautela ao decompor o discurso, resultando assim em um material rico e significativo de ECH, produzindo com mais facilidade o DSC correspondente. Se não forem retiradas as particularidades da fala do sujeito, este virá repleto de atributos individuais que, provavelmente, irão impedir ou

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dificultar a construção de um discurso mais genérico que envolva a Representação Social (RS) sobre um fenômeno (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

Já a Ideia Central IC é um nome ou expressão linguística que revela e descreve da maneira mais sintética e precisa possível, o sentido de cada um dos discursos analisados, e de cada conjunto homogêneo de ECH, que irá dar origem posteriormente, ao DSC. Essas IC podem expressar descrições diretas do sentido do depoimento, revelando “o que foi dito”, ou descrições indiretas que apresentam o tema do depoimento “ou sobre o que” seu sujeito enunciador fala (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

Segundo Lefèvre e Lefèvre (2005), o DSC é um discurso síntese redigido na primeira pessoa do singular e composto pelas expressões chaves que possuem a mesma IC, é a principal dentre as figura metodológicas aqui discutidas, sendo também uma proposta de organização e tabulação de dados qualitativos de natureza verbal.

Por meio do DSC, o discurso produzido pelos depoimentos não se anulam e nem se reduzem a categorias. O que se busca é a reconstrução, utilizando-se pedaços dos discursos individuais, de discursos-síntese que expressem um determinado modo de pensar característico de determinado grupo presente em um mesmo contexto (GOMES; TELLES; ROBALLO, 2009).

O objetivo do DSC é construir o sujeito social ou coletivo do discurso e o discurso coletivo correspondente, fazendo o social falar como se fosse um sujeito, e isso não por um passe de mágica, nem a partir de uma instância científica supostamente transcendente, mas, como dita o rigor científico, utilizando procedimentos explícitos, transparentes e padronizados, passíveis, desta forma, de críticas e contestações (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

O pensamento coletivo não está conectado ao somatório dos pensamentos individuais, portanto, a uma representação numérica percentual, mas, ao discurso da coletividade, ao imaginário social, às representações sociais, ao pensamento preexistente. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2006).

Logo, o DSC representa um expediente ou recurso metodológico destinado a tornar mais claras e expressivas as representações sociais, permitindo que um determinado grupo social possa ser visto como autor e emissor de discursos comuns, compartilhando entre seus membros. Com o sujeito coletivo, os discursos não se anulam ou se reduzem a uma categoria comum unificadora, já que o que se

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busca fazer é precisamente o inverso, ou seja, reconstruir, com pedaços de discursos individuais, como em um quebra-cabeça, tantos discursos síntese quantos se julgue necessário para expressar uma dada “figura”, um dado pensar ou uma representação social sobre um fenômeno (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

O pensamento, materialmente falando, planeja-se como discurso e consequentemente demonstra a importância de se conhecer o discurso da coletividade para, assim, conhecer como o coletivo pensa. Ao se conhecer o teor do pensamento desta coletividade, pode-se compreender a forma como ela age (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2006).

Vale ressaltar que com o DSC, não se busca uma simples soma aritmética, ou agregação dos discursos iguais apresentados por diferentes sujeitos, com intuito de se formar um “bolo discursivo”. Mais do que isso, ele visa construir a expressão simbólica do contexto ao qual pertencem os indivíduos (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

Em relação à análise do conteúdo das entrevistas dos acadêmicos, inicialmente, foi realizado a leitura flutuante das falas com o intuito de compreender o conjunto das transcrições. Posteriormente, foram necessárias leituras sucessivas para que fosse possível identificar os núcleos de sentido relacionados às questões norteadoras que compuseram o roteiro da entrevista. Em seguida, foram identificadas as Expressões-Chaves (ECH) em cada resposta, representadas pelas falas literais dos estudantes. Destas expressões, serão construídas as Ideias Centrais (IC), que serão organizadas em categorias e agrupadas e divididas em temáticas para a construção dos Discursos do Sujeito Coletivo (DSC). Vale destacar que cada temática irá surgir como resultado das respostas das perguntas norteadoras realizadas pelo pesquisador por ocasião das entrevistas.

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa teve início após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição de ensino, sob número 953.865. A participação no estudo foi iniciada mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B), elaborado em duas vias, assinado pelo

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convidado a participar da investigação, bem como pelo pesquisador responsável. Em ambas as vias, consta o contato telefônico dos responsáveis pela pesquisa e do CEP.

O estudo respeitou a condição humana e cumpriu todos os requisitos de autonomia, não-maleficência, justiça e equidade, dentre as outras exigências explícitas na resolução 466/2012 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012b).

Foi realizado, aos sujeitos do estudo, esclarecimento quanto aos objetivos, métodos, benefícios previstos ou potenciais riscos da pesquisa. Também foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, informando a garantia do anonimato e a liberdade em participar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa.

O estudo apresentou riscos mínimos, já que não envolvia a realização de procedimentos invasivos, mas poderia ocorrer insatisfação do entrevistado em decorrência de abordar os conhecimentos específicos sobre um determinado tema. Nesse caso, o pesquisador estava preparado para intervir sugerindo a suspensão da entrevista, deixando o participante à vontade para decidir sobre a sua participação no estudo posteriormente.

Por outro lado, benefícios potenciais estavam atrelados a participação desses sujeitos tais como: maior compreensão das atividades específicas do enfermeiro a fim de evitar a realização de ações de outros profissionais e consequentemente se distanciar do principal processo de trabalho da enfermagem, ou seja, o cuidar.

Após o término da pesquisa, as entrevistas gravadas e demais materiais utilizados foram guardados com os pesquisadores, em arquivos específicos para esse fim, por um período mínimo de cinco anos após a publicação deste trabalho de conclusão de curso.

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5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 APRESENTAÇÃO DOS DISCURSOS COLETIVOS

Temática 01 - Descrição da Atenção Básica a partir dos conhecimentos dos acadêmicos de Enfermagem.

Quadro 01 - Categoria e número de acadêmicos participantes da temática 01. Cajazeiras, PB, 2015.

CATEGORIAS Nº DE ACADÊMICOS

CATEGORIA 01 - Acesso inicial à rede de Atenção à Saúde.

7

CATEGORIA 02 - Ambivalência entre as ações de promoção e prevenção com o modelo tradicional na Atenção Básica.

10

A primeira categoria aborda a Atenção Básica como sendo o acesso inicial à rede de Atenção à Saúde. Para a construção do DSC dessa categoria, participaram sete alunos (A1; A5; A7; A9; A13; A14; A17).

Categoria 01 - Acesso inicial à rede de Atenção à Saúde.

DSC 01: A Atenção Básica é a porta, primeira porta de entrada do SUS (Sistema Único de Saúde) para a população, é lá onde o paciente recebe os primeiros cuidados na sua saúde. A Atenção Básica seria a atenção mais primária da saúde, ela é a mais voltada para essa questão da atenção inicial do processo saúde doença, é a primeira procurada pelo paciente e é onde ele é encaminhado para atenções especializadas, no caso de não conseguir resolver o problema dele ali. É onde tem o contato direto com a população, seria um local mais fácil para população. A Atenção Básica é importante, porque muitas pessoas só têm (Atenção Básica) como ponto de referência.

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Nota-se nesse DSC que os alunos observam a Atenção Básica como um serviço importante, por ser a porta de entrada para a população resolver os seus problemas de saúde. A Atenção Básica, ainda segundo esse DSC, seria o serviço que faria a conexão com os demais níveis de atenção, a partir de uma ordem hierárquica de especialização de ações e tecnologias.

O projeto de Saúde Coletiva criado nos anos 70 no Brasil buscou um novo padrão explicativo do processo saúde, doença e cuidado e experimentou, para isto, projetos inovadores de intervenção no campo da organização dos serviços. A possibilidade de ampliar a Atenção Primária à Saúde segundo o paradigma da determinação social da doença implicava organizar o sistema e os serviços de saúde em função das necessidades da população, em que a Atenção Primária à Saúde se colocaria como a porta de entrada ao sistema de saúde, organizado hierarquicamente (MENDONÇA; VASCONCELLOS; VIANA, 2008), sendo, assim, notório do discurso dos estudantes a compreensão desses princípios organizativos no campo da Atenção Primária à Saúde/ Atenção Básica.

Segundo os autores citados a cima, nos anos 90 foi regulamentado o Sistema Único de Saúde (SUS), o desafio foi revisar as prioridades do Ministério da Saúde em relação à organização da Atenção Básica à Saúde. Passou-se, então, a organizá-la com base na integração entre a unidade/profissionais da saúde e a comunidade, dentro do território adscrito, tendo por referência o Programa Saúde da Família (PSF), criado em 1994 (MENDONÇA; VASCONCELLOS; VIANA, 2008) o que fortaleceu o maior contato entres os atores sociais envolvidos na produção do cuidado, também observado no DSC 01.

Convergindo ainda com o discurso dos participantes da pesquisa, destaca-se que a Atenção Básica (AB), no Brasil, é desenvolvida com o mais elevado grau de descentralização, capilaridade e próximo da sociedade. Deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde. Tem como princípios a universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, responsabilização, humanização, integralidade da atenção, equidade e participação social. A AB visualiza o sujeito em sua particularidade e inserção sociocultural, buscando a construção da atenção integral (BRASIL, 2011a).

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Para a portaria 2.488 de 21 de outubro de 2011, a AB é caracterizada por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção eficientes e eficaz, que cause um impacto na situação de saúde e autonomia das pessoas (BRASIL, 2011a).

Conforme ainda a portaria supracitada, a AB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação. Essa estratégia visa à reorganização dos serviços de saúde, fazendo com que haja uma expansão, qualificação e consolidação da AB, impactando assim diretamente na vida das pessoas. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) possibilita o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial da rede de atenção, acolhendo os usuários. As Unidades Básicas de Saúdes (UBS) instaladas perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem desempenham um papel central na garantia à população de acesso a uma atenção à saúde de qualidade (BRASIL, 2011a).

Segundo Rezende et al. (2009), com a consolidação da capacidade de resolução da AB, a maioria das problemáticas de saúde da sociedade serão resolvidos, e consequentemente haverá uma redução do fluxo de usuários para os níveis de maior densidade tecnológica, racionalização do uso de suprimentos e dos recursos terapêuticos mais dispendiosos, proporcionando, com isso, maior acesso da população aos serviços de saúde. Percebe-se menção no DSC dos estudantes de que a ESF é o primeiro local procurado pela população para a resolução dos seus problemas, com isso haverá uma redução do fluxo para os outros níveis de saúde.

Nota-se coerência no discurso dos estudantes acerca dos princípios organizativos presentes na AB, mas, cabe destacar, limitação no aspecto desse serviço ser um dos acessos à Rede de Atenção à Saúde, pois de acordo com o decreto 7.508 de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, menciona a Atenção Básica como a porta preferencial, porém não a única. São considerados também portas de entradas a atenção de urgência e

(35)

emergência, a atenção psicossocial, e as especiais de acesso aberto (BRASIL, 2011b).

A segunda categoria aborda a ambivalência entre as ações de promoção e prevenção ao modelo tradicional na Atenção Básica, participaram desse DSC 10 alunos (A2; A3; A5; A6; A8; A10; A11; A12; A14; A15).

Categoria 02 - Ambivalência entre as ações de promoção e prevenção com o modelo tradicional na Atenção Básica.

DSC 02: Eu acho que é um serviço de atenção primária que vai atender os problemas antes mesmo que ele aconteça, tipo ele vai evitar problemas. A Atenção Básica funciona mais para evitar que a doença apareça como forma de promoção, proteção e prevenção de saúde e cuidar também dos problemas que a pessoa já tem, os problemas que as pessoas já são acometidas com eles. Por exemplo, pessoas portadoras de hanseníase, portadores de TB (tuberculose), pessoas portadoras de doenças crônicas, que convivem com doenças DST's (Doenças Sexualmente Transmissíveis). A atenção primária tá ali para dá um suporte tanto na parte de medicação com na parte de informação, atender as gestantes no pré-natal, ou seja, ela tá ali para cuidar de problemas primários que não aconteceram ainda, como forma de prevenção. É um serviço que é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), uma intervenção do ministério da saúde pra trazer pra comunidade uma melhor saúde no intuito de abranger toda a integralidade da saúde. É trazer a saúde mais pra perto da população. A Atenção Básica tem essa função de promover saúde, prevenir doenças, atuar na recuperação do paciente e realizar procedimentos mais simples como curativos, planejamento familiar, pré-natal. Ela é a atenção primária, aquela não relacionada à hospitalização. Mas vão ocorrer tantos métodos curativos como métodos preventivos à doença.

Percebe-se no DSC que os acadêmicos enxergam a AB como um serviço que busca a promoção e proteção da saúde e prevenção de doenças, assim como a recuperação da saúde dos indivíduos.

Corroborando com o DSC, segundo Starfield (2002) a Atenção Primária aborda os problemas mais comuns na comunidade, oferecendo serviços de prevenção, cura e reabilitação para melhorar a saúde e o bem-estar dos indivíduos. A atenção primária difere da atenção secundária, de curta duração e do manejo da enfermidade a longo prazo (atenção terciária) por várias características. A atenção primária lida com os problemas mais comuns e menos definidos, geralmente em unidades comunitárias como consultórios, centros de saúde, escolas, lares e no

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próprio posto de saúde. Os pacientes têm acesso direto a uma fonte adequada de atenção que é continuada ao longo do tempo, para diversos problemas e que inclui a necessidade de serviços preventivos.

Apesar de ser presente no DSC dos estudantes que a finalidade da AB é buscar a promoção e a prevenção, o que acaba sendo prioritário no discurso são as práticas prescritivas, com ênfase no agir por meio de atividades curativistas, medicamentosas, tendo como objeto de trabalho a doença, em detrimento do sujeito, marcando assim, a ambivalência das falas.

Para Fernandes et al. (2013) esse modelo tradicional de cuidados na ESF, com práticas verticalizadas e fragmentadas, possuem como núcleo do processo de trabalho a doença, cuja solução seria objetiva e prática, com foco no tratamento medicamentoso, guiando os usuários a uma equivocada interpretação dos seus problemas de saúde.

Para Ceccim e Feuerwerker (2004) o modelo médico hegemônico ou tradicional não atende as necessidades da população e convive de forma contraditória nas práticas das equipes de saúde. É preciso encontrar novos caminhos junto aos serviços para que o trabalho seja mais resolutivo e contribua para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e das coletividades, entretanto, nos serviços de AB a atuação dos profissionais está prioritariamente centrada em ações curativas e individuais.

Isso mostra que atualmente na área da saúde, o modelo biomédico ainda é vigente, bem como presente na AB. Esse modelo tem como propósito a cura das doenças e a recuperação da saúde, isto é, atua quando a doença já está instalada, não valorizando ações de prevenção e promoção.

Observa-se, portanto que AB é um espaço ambivalente de práticas, ou seja, ao mesmo tempo em que busca romper com o paradigma tradicional de assistência à saúde, com a implementação de ações da clínica ampliada, ela ainda é muito marcada por ações prescritivas e curativas, conforme observado no DSC.

(37)

Temática 02 - Como o acadêmico de Enfermagem percebe o Enfermeiro na Atenção Básica.

Quadro 02 - Categorias e número de acadêmicos participantes da temática 02. Cajazeiras, PB, 2015

CATEGORIAS Nª DE ACADÊMICOS

CATEGORIA 03 - O Enfermeiro na gerência do cuidado e protagonista

da Atenção Básica. 13

CATEGORIA 04 - Diversidade de papeis desempenhados pelo

Enfermeiro na Atenção Básica 06

A terceira categoria nos mostra a percepção dos alunos sobre o enfermeiro como um profissional essencial na Atenção Básica, principalmente por meio das ações de gerência do cuidado, tendo participado desse DSC 13 alunos (A1; A2; A5; A6; A7; A8; A9; A10; A11; A13; A15; A16; A18).

Categoria 03 - O Enfermeiro na gerência do cuidado e protagonista da Atenção Básica.

DSC 03: O enfermeiro hoje na Atenção Básica ele é a peça chave, porque na verdade ele hoje tem a função de gerente da unidade, assim também como ele desempenha a questão assistencial. Então, hoje a ESF (Estratégia Saúde da Família), a própria Atenção Básica ela seria inviável sem a presença do enfermeiro, porque ele é a peça chave da estrutura atual da Atenção Básica. Dentro da Atenção Básica eu vejo o enfermeiro como uma peça fundamental, que deve tá capacitado pra desenvolver educação em saúde, ele tem que tá capacitado pra coordenar a equipe. Ele tem que tá preparado para atuar na equipe, capacitar a equipe, atender as demandas, conhecer a sua comunidade, desenvolver ações com a comunidade pra auxiliar na promoção da saúde. Ele é um gestor no caso, e tá ali para informar ele é como uma peça chave entre a secretaria de saúde, o ministério e a comunidade. É como se fosse um elo entre eles. Assim o enfermeiro é como se fosse a chave de tudo, porque é ele que vai dá o suporte a população é como se ele fosse guiar [...] Ele não só exerce as funções de enfermagem, mas de administrador também e muitas vezes lhe dá com os conflitos dos próprios funcionários. Então eu acredito que é de fundamental importância. Acho que o enfermeiro desempenha um

(38)

dos papeis mais importantes lá dentro, porque além da pratica dele, ele atua como organizando tudo.

Percebe-se no DSC03 que os acadêmicos visualizam o enfermeiro dentro da Atenção Básica, como um profissional essencial, o qual é responsável não só pelas ações de cuidado direto, mas também pelas atividades de cuidado indireto, ou seja, as práticas gerenciais pertinentes ao serviço.

Nota-se ainda nesse discurso, que os participantes da pesquisa compreendem a importância da relação de aproximação dessas duas dimensões (cuidado e gerência) do processo de trabalho do enfermeiro, isto é, a gerência do cuidado, a qual proporciona qualidade e efetividade das ações realizadas, tornando-o ctornando-om isstornando-o um prtornando-ofissitornando-onal essencial para tornando-o btornando-om desempenhtornando-o da Atençãtornando-o Básica.

Segundo Christovam, Porto e Oliveira (2012), a gerência do cuidado acontece quando ocorre uma articulação e integração entre as ações de cuidado e gerência, dessa forma o enfermeiro desenvolve a sua melhor prática profissional. Percebe-se nesse momento uma complementaridade e entrelaçamento do cuidar (cuidado direto) e gerenciar (cuidado indireto), formando uma relação dialética e não dicotômica dessas ações, tendo como resultado a integralidade das atividades do enfermeiro.

É perceptível no DSC que o enfermeiro é visto como o responsável pela gerência do cuidado, sendo assim ele acaba se tornando o protagonista na AB e consequentemente um líder da equipe, além de gestor, e elo entre os serviços públicos e a comunidade e vice-versa, diminuindo assim a distância entre os mesmos, sendo também um intermediador que busca resolver conflitos tanto da equipe quanto da comunidade.

No estudo de Marta et al. (2010), sobre a gestão de conflitos como competência gerencial do enfermeiro, percebe-se que este profissional possui conhecimentos, habilidades e atitudes para administrar conflitos nas instituições de saúde, principalmente as atreladas a comunicação e ao relacionamento interpessoal, o que reverbera em um ambiente saudável de convivência, seja com a comunidade, seja com os demais membros da equipe de saúde, algo imprescindível para o desenvolvimento das ações propostas pela Atenção Básica.

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Corroborando com isso segundo Santos (2007), o enfermeiro que trabalha na Unidade Básica de Saúde, passou a assumir um papel importante não apenas na prestação de ações de cuidado, como também na gestão da unidade e na interlocução entre as esferas municipal, estadual e federal.

De acordo com a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, é função exclusiva do enfermeiro a coordenação, planejamento, organização, execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem. Percebe-se assim que esse conjunto de ações estão incorporados na realização das atividades de supervisão. Logo, a supervisão é uma atividade gerencial essencial para esse profissional, onde ele pode exercê-la com respaldo legal (BRASIL, 1986). Como é possível observar no DSC, o enfermeiro é o profissional responsável pelo planejamento e organização das ações de serviço na AB.

Outro ponto presente no DSC foi a menção das ações educativas como práticas de gerência do cuidado. Para Fernandes et al. (2015) as ações de educação em saúde, como atividade de gerência do cuidado na ESF devem valorizar as questões subjetivas, sociais e dialógicas, no objetivo de fomentar a integralidade do cuidado realizado e o empoderamento dos atores sociais envolvidos.

Identifica-se, portanto, que o enfermeiro que atua na AB precisa desenvolver um conjunto de competências que lhe possibilitem atingir os objetivos a que se propõe enquanto profissional de saúde inserido numa equipe multiprofissional. O trabalho do enfermeiro neste âmbito é diversificado, pois além do cuidado ao indivíduo, grupos da comunidade e famílias, compreende também práticas gerenciais, em especial a gerência do cuidado conforme abordado anteriormente. Esta atividade, ao ser exercida, possibilita a consolidação da identidade profissional do enfermeiro, tornado, com isso, visível as ações tanto para a sociedade, quanto as instituições de saúde.

A quarta categoria trata diversidade de papeis desempenhados pelo enfermeiro na Atenção Básica, participaram desse DSC 06 alunos (A1; A3; A4; A13; A14; A17).

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