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O país na carga dos caminhoneiros

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

DEPARTAMENTO DE JORNALISMO

ARTUR PEREIRA BÚRIGO

O PAÍS NA CARGA DOS CAMINHONEIROS

RELATÓRIO TÉCNICO do ​Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de ​Projetos Experimentais ministrada pelo Prof. Fernando Crocomo no segundo semestre de 2019 Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Locatelli

Florianópolis Dezembro de 2019

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FICHA DO TCC – Trabalho de Conclusão de Curso – JORNALISMO UFSC

ANO 2019

ALUNO (A) ARTUR PEREIRA BÚRIGO

TÍTULO O BRASIL NA CARGA DOS CAMINHONEIROS

ORIENTADOR (A) CARLOS LOCATELLI MÍDIA Impresso Rádio

X TV/Vídeo Foto Web site Multimídia

CATEGORIA Pesquisa Científica Produto Comunicacional

Produto Institucional (assessoria de imprensa) X Produto Jornalístico (inteiro) Local da apuração:

Reportagem

livro-reportagem ( ) Florianópolis ( ) Brasil ( X ) Santa Catarina ( ) Internacional ( ) Região Sul País: ____________

ÁREAS JORNALISMO; ECONOMIA; TRANSPORTE.

RESUMO Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo conhecer o contexto dos motoristas de caminhões que paralisaram o Brasil em maio de 2018 e estão em constantes manifestações contra o preço do diesel e outras legislações que os atingem. A citada "greve dos caminhoneiros" gerou diversos problemas que atingiram praticamente todos os brasileiros, ocasionando principalmente falta de combustível e de alimentos perecíveis e impactando negativamente a produção industrial brasileira naquele ano. O formato do projeto é uma série jornalística de três episódios voltada para a mídia televisiva com a seguinte divisão dos temas: I - Contexto do movimento e dos modais de transporte do país e prejuízos para a economia do Brasil decorrentes da paralisação de 2018; II - A rotina e os desafios de um caminhoneiro autônomo e III - O conflito econômico e judicial envolvendo a tabela do frete. Esse trabalho pretende problematizar os conflitos e contradições que existem entre a "classe" de motoristas de caminhão autônomos, as empresas embarcadoras e as transportadoras, além de demonstrar os desafios rotineiros dos caminhoneiros autônomos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer à minha família e aos meus amigos por todo o apoio concedido no período da graduação.

Ao jornalismo UFSC por possibilitar meu crescimento profissional e pessoal. Nele, encontrei ótimos amigos e uma namorada.

Em relação a este projeto, agradeço ao meu orientador, Carlos Locatelli, pelo direcionamento da pauta e apoio nos momentos difíceis.

O agradecimento também é estendido a todo mundo que me auxiliou de alguma forma durante a produção deste trabalho. Ao Roque Bezerra, pelo empréstimo de diversos materiais e auxílio na finalização do projeto, ao Andrey Frasson, pela ajuda na gravação de entrevista, a Manuella Mariani, por ter concedido imagens produzidas por ela para o meu trabalho, a Kaíky Goede, pelo empréstimo de equipamentos, e, claro, a Barbara Hammes por estar ao meu lado e também pelo apoio na gravação das passagens.

Também deixo o agradecimento para todos os entrevistados pela disposição de dar seu depoimento para um aluno, principalmente para o caminhoneiro autônomo Tiago Tomazi, por ter abrido mão de parte de sua privacidade e ter tido a disposição de comentar sobre os principais desafios de sua profissão em uma viagem de 400 quilômetros.

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo conhecer o contexto dos motoristas de caminhões que paralisaram o Brasil em maio de 2018 e estão em constantes manifestações contra o preço do diesel e outras legislações que os atingem. A citada "greve dos caminhoneiros" gerou diversos problemas que atingiram praticamente todos os brasileiros, ocasionando principalmente falta de combustível e de alimentos perecíveis e impactando negativamente a produção industrial brasileira naquele ano. O formato do projeto é uma série jornalística de três episódios voltada para a mídia televisiva com a seguinte divisão dos temas: I - Contexto do movimento e dos modais de transporte do país e prejuízos para a economia do Brasil decorrentes da paralisação de 2018; II - A rotina e os desafios de um caminhoneiro autônomo e III - O conflito econômico e judicial envolvendo a tabela do frete. Esse trabalho pretende problematizar os conflitos e contradições que existem entre a "classe" de motoristas de caminhão autônomos, as empresas embarcadoras e as transportadoras, além de demonstrar os desafios rotineiros dos caminhoneiros autônomos.

Palavras-chave: Jornalismo. Caminhoneiros autônomos. Tabela do frete. Transporte de

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DO TEMA………... 11 2. JUSTIFICATIVA DO TEMA E DO FORMATO………....13 3. OBJETIVOS………15 1.2.1 OBJETIVO GERAL...15 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....………... 15 4.PROCESSO DE PRODUÇÃO………16 4.1 PRÉ-PRODUÇÃO………..16 4.2 PRODUÇÃO/APURAÇÃO………16 4.3 GRAVAÇÕES……….18 4.4 ROTEIRO………...19 4.5 EDIÇÃO E FINALIZAÇÃO………..21 5 RECURSOS………..23 5.1 EQUIPAMENTOS………..23 6. DIFICULDADES E APRENDIZADOS………...24 7. FINALIDADES………...25 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………..26 9. BIBLIOGRAFIA……….27 10. ROTEIROS………28

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1. APRESENTAÇÃO DO TEMA

No mês de maio de 2018, quando a economia do país havia saído recentemente de uma das piores recessões de sua história, uma movimentação atípica, que diverge das características mais comuns das paralisações feitas na história brasileira, impactou a nação. Motoristas de caminhão, uma classe muito heterogênea e sem lideranças definidas, conseguiram se comunicar e paralisar a maioria dos seus veículos nas estradas brasileiras como protesto ao elevado preço do diesel. Como reflexo dessa greve, o país beirou o caos, com falta de combustíveis, alimentos, medicamentos e outros tipos de insumos perecíveis. O Produto Interno Bruto (PIB) de maio de 2018 teve queda de 3,34% em relação ao mês anterior e resultado negativo de 2,90% em relação ao mesmo mês de 2017 (IBGE, 2018). Esses valores tiveram reflexo direto da paralisação dos caminhoneiros, que impactaram principalmente os setores da produção industrial e de serviços (Portal G1, 2018).

De acordo com pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT, 2019) sobre o perfil dos caminhoneiros brasileiros divulgada em janeiro deste ano, os autônomos representam 67% do total de motoristas de caminhão do país, possuem em média 46,5 anos e 99,7% deles são homens. 65% deles têm escolaridade até o segundo grau incompleto. Apesar de receberem um salário bruto de ​R$ 16,117,88 por mês, a renda mensal líquida média é de R$5,011,39, ou seja, grande parte de seus salários é consumida com combustível, pedágio e manutenção do caminhão. Os veículos dos caminhoneiros autônomos possuem em média 18,4 anos, 10 a mais que os caminhoneiros empregados. Esse fator faz com que os autônomos gastem cada vez mais parte dos seus salários com a manutenção das peças, que com o passar dos anos ficam mais desgastadas e tendem a causar mais prejuízos.

Esse trabalho de conclusão de curso pretende compreender todas as dinâmicas deste movimento, avaliando se pode voltar a acontecer a qualquer momento no Brasil. Por meio de uma série de reportagens em vídeo, foram entrevistados diversos atores envolvidos na greve, assim como especialistas que comentaram os aspectos econômicos, históricos, sociais e jurídicos abordados na série de reportagens.

Este projeto também pretende enriquecer o conteúdo acadêmico desenvolvido especificamente sobre esse tema. Como a movimentação dos caminhoneiros em prol da paralisação é recente, a maior fonte de pesquisas atualmente sobre esse assunto acontece por meio de reportagens que acompanharam e continuam repercutindo o assunto.

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2. JUSTIFICATIVA DO TEMA E DO FORMATO

Este tema foi escolhido porque há uma proximidade do autor com os impactos dos movimentos sociais brasileiros na economia do país, principalmente com manifestações que tenham muitas particularidades, como é o caso da greve dos caminhoneiros.

Além disso, como a economia do país segue estagnada, o investimento externo segue baixo e o receio de uma crise mundial ocasiona uma depreciação do real frente ao dólar, a cotação da moeda americana se mantém alta, e, por consequência, o preço do diesel, maior motivo para as manifestações de 2018, segue elevado. Soma-se a isso o fato do governo de Jair Bolsonaro seguir com as diretrizes econômicas do ex-presidente Michel Temer para o setor de combustíveis, atrelando o preço dos combustíveis que são vendidos no Brasil ao valor do derivado no mercado internacional. Por esta razão, quanto maior for a cotação do dólar, o preço do diesel também tende a ser maior.

Levando em conta os argumentos do parágrafo acima e também considerando reportagem do jornal Estado de São Paulo (2019), que demonstra a insatisfação dos caminhoneiros com o preço do diesel, pode-se afirmar que movimentos como o da paralisação dos caminhoneiros de maio de 2018 têm chances de voltar a se repetir. Essa hipótese foi demonstrada em reportagem da revista ​Época (2019), que registrou a reunião que evitou uma nova greve dos motoristas de caminhão.

Também faz-se necessário reproduzir e levar ao conhecimento dos espectadores os desafios diários vividos pelos caminhoneiros autônomos, que têm de trabalhar muitas vezes com pouca segurança, condições ruins das estradas e sujeitos a imprevistos que deterioram seus veículos, sendo que esses prejuízos, além de onerar os próprios caminhoneiros, também impossibilitam a realização do transporte de frete, sua principal fonte de renda.

A escolha por este tema também aconteceu para chamar a atenção sobre os conflitos entre as empresas embarcadoras, que contratam o frete, as transportadoras e agenciadores de carga, que por vezes terceirizam o serviço, e os caminhoneiros autônomos. Esse assunto é poucas vezes abordado nos telejornais brasileiros, mas foi um dos grandes motivos para a realização da greve de maio de 2018 e é o que dificulta a consolidação de uma tabela única do frete, assunto mais atual da reportagem e que até este momento ainda parece longe de chegar a um consenso.

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O formato de série de três episódios de cinco minutos cada foi pensando em uma adequação da reportagem com base no programa Jornal da Band, da TV Bandeirantes, que tradicionalmente produz séries de reportagens densas e explicativas sobre temas pertinentes na sociedade, de três a quatro episódios com duração entre cinco e sete minutos cada, como a série Cooperar é Preciso (2019), que aborda o crescimento das cooperativas em diversos setores da economia brasileira.

Além disso, com a separação da reportagem por episódios, a divisão dos temas se torna mais fácil, além de ser um formato que não ‘cansa’ os espectadores, pela pouca duração de cada episódio.

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3. OBJETIVOS

3.1.1 Objetivo Geral

Problematizar as manifestações de motoristas de caminhão, focando na paralisação de maio de 2018, que gerou sérios problemas sociais e econômicos para o país e na tabela do frete, que pretende solucionar esse conflito.

3.1.2 Objetivos Específicos

● Analisar o contexto histórico e econômico dos modais de transporte do país;

● Identificar o impacto que a paralisação de maio de 2018 teve na economia do país;

● Compreender o conflito entre os caminhoneiros, as empresas embarcadoras e as empresas de transporte, contextualizando a tabela do frete e seus aspectos político, jurídico e econômico;

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4. PROCESSO DE PRODUÇÃO

4.1 PRÉ-PRODUÇÃO

A pré-produção teve início em meados de maio de 2019, com a leitura de reportagens aprofundadas divulgadas na imprensa sobre a situação dos conflitos envolvendo os caminhoneiros autônomos um ano após a greve de 2018, que durou 14 dias. A partir da definição do tema para o Trabalho de Conclusão de Curso, comecei a pesquisar bibliografias específicas sobre o tema e me deparei com a primeira dificuldade: como a movimentação é muito recente e até inédita, não existem estudos acadêmicos dedicados a pesquisar especificamente este tema. Portanto, a maior parte das minhas fontes de pesquisa foi feita com reportagens que contextualizam o assunto, abordando os aspectos econômicos, jurídicos e sociais da categoria de caminhoneiros autônomos e da greve de 2018.

A partir da escolha do tema, foram dois meses de conversas com o meu professor orientador Carlos Locatelli para a definição e limitação da pauta. Inicialmente, meu objetivo era abordar também a questão da mobilidade urbana e a deterioração das estradas catarinenses e brasileiras, mas optamos por focar nos tópicos mais atuais envolvendo os conflitos em relação aos caminhoneiros autônomos, principalmente em relação à tabela do frete, por ser um problema que ainda não foi resolvido e que atinge a situação de várias categorias do transporte rodoviário brasileiro. Franciscato (2003, p.6) discute sobre o quesito atualidade na atividade jornalística:

Um dos sentidos da expressão “atualidade” é a idéia de ação no tempo presente. Pode-se dizer que atual é aquilo que ocorre no momento mesmo em que é percebido pelos nossos sentidos – algo de que iremos fazer uma ‘representação’ (idéia, imagem, discurso) antes de ter sofrido uma modificação substantiva. Mas também pode se considerar como atual o que está em ato, em movimento, em processo de execução. Um passo inicial para caracterizar a noção de atualidade é a de aproximar seu sentido a uma noção de experiência temporal do cotidiano.

4.2 PRODUÇÃO/APURAÇÃO

A produção iniciou em meados de agosto, na busca e contato por fontes para entrevistas. Optei por iniciar a busca por entrevistados que estudam os aspectos abordados na reportagem, entrando em contato com professores na área de logística e cadeia de produção - para comentar sobre o panorama logístico brasileiro, contextualizando a dependência do

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modal de transporte rodoviário no país - e na área jurídica e econômica, para discutir os aspectos jurídicos e econômicos envolvendo a tabela do frete.

Preferi iniciar a apuração com essas fontes especialistas para entender com mais profundidade o contexto do transporte rodoviário no país, para que eu tivesse o conhecimento necessário para abordar os tópicos mais pertinentes nas entrevistas que eu faria com as fontes mais envolvidas no conflito principal que a série de reportagens procurou reproduzir.

Após a realização das entrevistas com essas fontes “especialistas”, começou a etapa que se tornou a mais árdua do projeto: encontrar um caminhoneiro autônomo que pudesse servir como personagem da reportagem, e que ele concordasse em contar sua história de vida e rotina enquanto trabalhava dirigindo o seu caminhão.

Após alguns contatos, consegui encontrar possíveis fontes para ser personagem, porém as dez primeiras tentativas foram rejeitadas. Apesar de ter conhecimento sobre o assunto, os primeiros caminhoneiros autônomos que contatei rejeitaram a possibilidade de viajar ao meu lado, justificando de diversas formas: a viagem seria muito desgastante; não queriam se responsabilizar por outra pessoa durante a viagem; não podiam entrar com um caroneiro no pátio de de carregamento e descarregamento de carga; e a imprevisibilidade do trajeto, que poderia durar de três dias a duas semanas.

A partir dessas recusas, comecei a procurar por caminhoneiros que fizessem trajetos mais curtos, pois seria mais fácil de convencê-los a me dar ‘carona’ durante a viagem. Com essa estratégia, consegui fazer a entrevista com Tiago Tomazi, caminhoneiro autônomo de Criciúma - minha cidade natal -, que faria a viagem até Itajaí, com trajeto que tem, em média, quatro horas de duração.

Após a principal entrevista do meu projeto, retomei o contato com as fontes que faltavam para que todos os envolvidos no conflito abordado por este trabalho explicassem a sua versão dos fatos.

O contato com o representante das empresas transportadoras de cargas em Santa Catarina foi fácil e a entrevista feita no dia seguinte, em contraste com o representante do setor de fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em Santa Catarina. Após duas semanas tentando contato, ele solicitou que eu enviasse meu pedido de entrevista para a ouvidoria da ANTT, em Brasília, que me respondeu, por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Infraestrutura, que não iam comentar sobre o assunto. Neste

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caso, penso que se eu fosse de um veículo da mídia tradicional, a entrevista seria feita sem encaminhamentos que atrasaram a apuração.

Preocupado com a escassez de depoimentos de caminhoneiros para o meu trabalho, entrei novamente em contato com as fontes que já tinha falado, mas todos recusaram mais uma vez a entrevista. Também procurei o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Santa Catarina (Sindicam), que tem sede em Lages. Eles me indicaram o contato do representante da Grande Florianópolis. Após três semanas de tentativa de entrevista com esse representante, ele não respondeu mais aos meus contatos. Eu também aproveitei, no dia em que fiz a gravação das passagens, em um posto que reúne caminhoneiros na Grande Florianópolis, para buscar por mais fontes para o meu trabalho. Conversei novamente com vários caminhoneiros, mas todos eles recusaram a entrevista.

Em razão dessas dificuldades, o trabalho ficou com depoimentos de apenas um caminhoneiro, que apenas aceitou fazer a gravação após o intermédio de um contato familiar.

4.3 GRAVAÇÕES

O processo de gravações das entrevistas foi particularmente árduo porque, além de fazer as perguntas para o entrevistado e ficar atento às suas respostas, eu tinha de ficar atento a todos os aspectos técnicos da filmagem, como qualidade da imagem, enquadramento e qualidade do áudio. Tudo isso foi mais complicado ainda porque eu não possuo equipamento próprio, então tive que ficar alternando entre equipamentos do departamento de Jornalismo, que quase nunca estavam disponíveis, e outros equipamentos emprestados por amigos e familiares, o que gerou diferentes resoluções de imagem nas entrevistas feitas para este trabalho, além de todas as gravações serem feitas com uma só câmera, prejudicando a edição dos materiais, que fica muito mais dinâmica com o uso de mais de uma câmera, captando ângulos diferentes. Thomaz (2007, p.61) comenta sobre a prioridade que o videorrepórter dá para o formato de seu produto:

[...] ​reforça a presença de um autor-narrador e sua veiculação não está limitada aos canais de TV educativos ou por assinatura. Outro diferencial é que o videorrepórter privilegia a informação em detrimento da qualidade plástica.

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As gravações feitas em local interno foram um pouco menos difíceis, pois os ambientes eram controlados, não tinham ruídos e o uso do tripé me deu a segurança para focar nas perguntas feitas aos entrevistados.

A gravação mais desafiadora foi realizada na viagem com o caminhoneiro autônomo. As dificuldades foram desde falta de iluminação, pelo fato da viagem ter acontecido no período da noite, barulho do som do motor do caminhão, que poderia se sobrepor à fala do caminhoneiro, falta de estabilidade para a câmera, pois além de não ter como usar o tripé naquele contexto, o caminhão balançava muito durante o trajeto, até na questão da entrevista em si, pois priorizei o contato visual com o caminhoneiro, deixando de lado por muitas vezes a atenção na qualidade da imagem, que em alguns momentos ficou desfocada, o que também aconteceu em razão da baixa iluminação.

Apesar de todas as dificuldades, este estilo de entrevista, chamado de videorreportagem, também possui diferenciais positivos em relação aos formatos tradicionais de captação de imagens, como comenta Thomé (2011, p.22):

Dentre as possibilidades de produção da videorreportagem, uma se destacou na hora da análise teórica para esse projeto, a videorreportagem documental, que fundamenta a proposta da série de videorreportagens: As videorreportagens documentais apresentam características comuns com os documentários, mas possuem uma particularidade em relação aos documentários convencionais: o fato de o mesmo profissional operar a câmera e fazer as entrevistas. E este fator interfere consideravelmente na linguagem que o videorrepórter utiliza para gravar seu material: câmera na mão, maior intimidade com o personagem e, consequentemente, desempenho mais desenvolto dos 27 entrevistados, facilidade de locomoção e até mesmo de entrar em locações (lugares) onde uma equipe jamais poderia chegar, seja pela limitação física do espaço, seja pela limitação imposta pelos entrevistados. Outra característica importante refere-se ao produto autoral, que revela a identidade de cada videorrepórter. Todos esses fatores contribuem para que o produto final seja diferenciado enquanto linguagem.

. 4.4 ROTEIRO

Levando como base os temas definidos de cada episódio, planejei o roteiro de forma individual com as especificidades de cada capítulo. O primeiro, que pretende identificar os

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problemas que causaram a greve do ano passado, por ser mais explicativo, teve uma concentração maior de depoimentos de especialistas, o que gera mais credibilidade do que se fosse apenas relatado por meio de “off”s, feitos com a minha voz. Optei por inserir um assunto mais atual ao fim do primeiro episódio para não deixá-lo com foco apenas nos acontecimentos do passado. Por isso, incluí alguns depoimentos do caminhoneiro Tiago Tomazi sobre a opinião dele acerca da possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros no país.

O segundo episódio, focado na rotina de um caminhoneiro autônomo, é dedicado principalmente para mostrar ao espectador os desafios que essa classe enfrenta, abordando não só aspectos econômicos, mas também que são inerentes à profissão, como saudades da família e desconforto por passar a maior parte da semana em um veículo. A questão econômica toma maior parte do episódio por ser a principal causa para a greve dos caminhoneiros no ano passado e o motivo de maior disputa atual com a Política Nacional de Pisos Mínimos, assuntos muito debatidos na série de reportagens. Por razão disso e do limite do tempo, tive de deixar outros assuntos importantes de fora e que foram citados pelo Tiago, como segurança e companheirismo entre os caminhoneiros.

Entre os depoimentos do caminhoneiro Tiago Tomazi, optei por inserir, por meio dos “off”s, os dados levantados pela pesquisa da CNT, indicando que as falas dele representam a mesma opinião da maioria dos entrevistados. Além disso, os dados da pesquisa da CNT, dispostas na tela junto de imagens aéreas, ajudam a dar maior fôlego para o episódio, que tem depoimentos apenas de uma fonte. Escolhi deixar apenas uma fonte neste episódio pois imaginei que não faria sentido um especialista comentar sobre as dificuldades que um caminhoneiro enfrenta se já possuía os depoimentos do próprio caminhoneiro, que sente tudo aquilo ‘na pele’ e tem mais propriedade para falar sobre o assunto.

Procurei inserir no segundo episódio, de alguma forma, uma prévia da explicação dos conflitos existentes na Política Nacional de Pisos Mínimos - ou tabela do frete. O assunto é muito mais abordado no terceiro episódio, mas pensei ser importante ser introduzido ainda no segundo episódio, o que, na minha opinião, facilita a compreensão do espectador sobre o tema.

No terceiro e último episódio optei por, no início, contextualizar a nova Política de Pisos Mínimos, que entrou em vigor no início de novembro. Como o tema é polêmico entre os próprios caminhoneiros, inseri pequenos trechos de dois áudios de caminhoneiros autônomos,

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um a favor e outro contra a regulação em vigor. Optei por colocar esses áudios também com o objetivo de não deixar passar em branco a forma de comunicação entre os caminhoneiros, que acontece majoritariamente em grupos do WhatsApp, e mostrar que é uma categoria que, diferente de outras categorias de trabalhadores, possui diversas lideranças que dificilmente concordam sobre os principais assuntos relativos à profissão. Ainda no terceiro episódio optei por mostrar o conflito entre as transportadoras e os caminhoneiros, com depoimentos do representante da Federação das Empresas de Transporte de Cargas de Santa Catarina (Fetrancesc) , Maurus Fiedler, e do caminhoneiro Tiago Tomazi. No final, abordei a questão jurídica da tabela do frete, pois ela aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal, que pode mudar totalmente a maneira com que os conflitos presentes na Política Nacional de Pisos Mínimos são enfrentados.

Para a finalização do episódio e da série de reportagens, optei por comentar sobre a situação atual do conflito, que permanece indefinida, resumindo os principais pontos que ainda estão em negociação e ocasionaram a greve do ano passado. E, por último, coloquei um depoimento do caminhoneiro autônomo Tiago Tomazi, que resume a situação da categoria no país. Ele reforça aquilo que foi comentado pelos depoimentos dos entrevistados nesta série de reportagens, considerando os caminhoneiros autônomos como o elo fraco de todo o conflito do setor de transportes rodoviários do país.

4.5 EDIÇÃO E FINALIZAÇÃO

Como a câmera que eu usei não tinha adaptação para microfone externo, tive que gravar o áudio das entrevistas no celular, o que me tomou bastante tempo na edição para equalizar áudio e vídeo. Outra dificuldade, como já citei anteriormente neste relatório, é baseada na questão de usar apenas uma câmera, o que dificulta para dar dinâmica à edição. Como tentativa para a resolução desse problema, optei por não deixar os depoimentos muito longos, além de mudanças de quadros na própria imagem e outras imagens que intercalaram com a imagem dos depoimentos dos entrevistados.

Para ilustrar os ​off​s, utilizei de diferentes estratégias. No início do primeiro episódio, para simbolizar o transtorno que a greve dos caminhoneiros do ano passado causou ao país, coloquei diversas manchetes de portais de notícias do período. Nos outros episódios, em que utilizei mais essa ferramenta de ​off​, alternei entre quadros diferentes dos entrevistados e

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imagens de plano aberto e aéreas. Como não tinha tantas imagens deste tipo em alta qualidade, solicitei imagens produzidas pela colega Manuella Mariani, dando os devidos créditos.

Para deixar a edição mais dinâmica, também usei como artifícios caracteres que auxiliam no entendimento do que estava sendo dito, principalmente para ilustrar números e porcentagens. Esta estratégia foi utilizada principalmente no segundo episódio.

No terceiro episódio, inseri depoimentos em áudio de dois caminhoneiros autônomos, de 20 segundos cada. Também com o objetivo de deixar a edição mais dinâmica e facilitar o que estava sendo dito, transcrevi as falas de cada um e as disponibilizei na tela para o espectador, que pode ouvir e ler o depoimento de cada um.

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5 RECURSOS

5.1 EQUIPAMENTOS

As gravações foram feitas utilizando uma câmera, a Canon T3, com a lente 18-55mm. Além das câmeras, foram utilizados em alguns momentos um microfone de lapela omnidirecional e em outros o microfone direcional shotgun da marca Boom. Os dois estiveram conectados ao celular, que fez a gravação dos áudios. De apoio para a câmera Canon, foi utilizado um tripé fotográfico WF modelo MT3770. Entre outros equipamentos utilizados estão 1 cartão de memória de 32GB, 1 cartão de memória de 16GB e 2 cartões de memória de 8GB, todos modelo SanDisk MicroSD. E para a edição, foi utilizado um notebook Acer. Todos os equipamentos citados são ou de origem própria ou emprestados. Os custos estão listados na tabela:

Produto Custo Aproximado

Câmera Modelo Canon T3 R$1.200,00

Lente Canon 18-55mm R$300,00

Cartão de Memória 32GB SanDisk R$100,00

Cartão de Memória 16GB SanDisk R$40,00 Cartão de Memória 8GB SanDisk R$20,00

Tripé Fotográfico WF modelo MT3770

R$220,00

Microfone de Lapela Omnidirecional R$55,00

Notebook Acer R$ 2.200,00

Microfone Direcional Shotgun Boom R$ 200,00

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6. DIFICULDADES E APRENDIZADOS

Como citei ainda neste relatório, minhas maiores dificuldades foram no fato de fazer a série de reportagens sozinho, como um videorrepórter, e ter acesso a caminhoneiros para entrevistá-los.

Foi muito difícil conciliar a atenção à qualidade técnicas das imagens enquanto fazia as entrevistas, mas desde o início decidi privilegiar o conteúdo. Fazer a principal entrevista da série dentro de um caminhão de 35 anos de estrada também foi um grande desafio. Além da baixa iluminação, pelo trajeto ter ocorrido à noite, o veículo não tinha encosto para passageiro, o que me fez ficar em uma posição desconfortável para fazer a filmagem durante toda a viagem. Além disso, o motor fazia muito barulho, mas penso que não prejudicou o aúdio da entrevista.

Como também utilizei apenas uma câmera em todas as entrevistas, tive que usar algumas técnicas de edição para dar mais dinâmica às entrevistas. Além disso, a sincronização dos áudios dos depoimentos com os vídeos, que foram gravados separadamente, também gerou algumas horas de esforço.

Além dos caminhoneiros, o contato com todas as outras fontes foram fáceis e as entrevistas agendadas sem problemas - sem considerar a ANTT, que não quis se manifestar. Para fazer a viagem com um caminhoneiro, prioridade do projeto, cheguei a contatar mais de dez fontes, desde membros de sindicato até amigos de familiares. Para a minha primeira opção, de fazer uma viagem longa, tive o convite negado por todos. Minha única alternativa foi ter de fazer em uma viagem curta, de Criciúma para Itajaí, mas que penso que tenha sido suficiente para abordar os principais assuntos sobre o tema deste projeto. O ponto negativo de fazer uma viagem curta e à noite é a dificuldade em realizar boas imagens para cobertura de off​s.

Tive muitos aprendizados com a produção deste projeto. Desde fazer todas as etapas de uma reportagem - apuração, produção, gravação, edição e finalização - sozinho, até sobre adaptar a pauta de acordo com os acontecimentos mais recentes. Também foi muito importante o aprendizado que fui absorvendo com a apuração da pauta de focar mais nos aspectos que atingem a dignidade e a qualidade de vida dos atingidos nos conflitos - nesse caso, os caminhoneiros autônomos - do que eventuais prejuízos econômicos ao país - minha ideia inicial.

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Também pude entender por que uma série de reportagens em vídeo envolve tantos profissionais e demora tanto para ser produzida. São muitos processos realizados e um projeto como esse demanda muito planejamento.

Além disso, pude aprimorar minhas técnicas de gravação e edição de vídeos e locução de ​off​s.

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7. FINALIDADES

Este projeto de conclusão de curso tem como finalidade aperfeiçoar a prática e conhecimento de produção e edição em jornalismo em vídeo do autor, aliado ao aperfeiçoamento das técnicas de apuração e entrevista.

O tema escolhido tem abrangência nacional, e que era pouco estudado até a greve que paralisou o país em maio de 2018. A pauta, que tem clara relevância jornalística, não trata sobre algo do passado, pois o governo ainda não atendeu completamente às reivindicações dos motoristas de caminhão e eles, por mais de uma vez, já demonstraram interesse em iniciar uma nova manifestação. O trabalho também pretende desmistificar a profissão dos caminhoneiros autônomos, que por muitas vezes é estereotipada e os desafios a que eles são submetidos são pouco abordados.

O assunto também levanta questionamentos antigos, mas que ainda não foram resolvidos, como a grande dependência do país por apenas um tipo de modal para o transporte de cargas e a qualidade das estradas brasileiras.

Este trabalho também tem como finalidade ampliar o conteúdo acadêmico sobre esse assunto, que ainda não foi muito discutido e analisado pelo pouco tempo decorrente desde a greve.

Prioritariamente, o projeto, apesar de ser pensado e idealizado para o uso comercial, não deverá ser comercializado.

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28 10. ROTEIROS 1º episódio VÍDEO CAPA CAM 1 GC: Artur Búrigo OFF CAM 1 OFF RODA VT 42” GC: Mônica Luna

Professora Engenharia de Produção

ÁUDIO

Artur: ​Há um ano e seis meses, o país vivia 9 dias de caos com a greve dos

caminhoneiros/// Esta série de reportagens pretende abordar as circunstâncias que levaram a esse limite, quais as soluções para os problemas, e principalmente, se existe a possibilidade de haver uma nova greve deste tipo no país.

Artur: 21 de maio de 2018. Após três dias de ameaças de paralisação contra o aumento do preço do diesel, 21 Estados registram os primeiros bloqueios parciais ou totais de rodovias./// A população,

acostumada a conviver com outros tipos de greve, como do transporte público ou bancária, é apresentada pela primeira vez à greve dos caminhoneiros./// Foram nove dias de caos na vida dos brasileiros, que viram a gasolina nos postos acabar, os alimentos no mercado ficarem em falta e até ambulâncias não atender emergências por falta de combustível.

Artur: Como chegamos nessa situação? Por que o diesel ficou tão caro? Como o Brasil ficou tão dependente do transporte rodoviário de cargas? Nós fomos atrás das respostas para essas perguntas.

Para Mônica Luna, professora da Universidade Federal de Santa Catarina especialista em engenharia de transportes, políticas erradas de governo provocaram essa situação.

Deixa inicial: “Existe uma oferta muito maior do transporte rodoviário..”

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GC: Orlando da Silva Neto Professor de direito

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Deixa final: “pra que seja viável ter um modo ferroviário, um modo marítimo de cabotagem”.

Artur: ​Ela ainda chama a atenção para a situação dos caminhoneiros autônomos em todo esse cenário.

Deixa inicial “De um lado nós temos grandes embarcadores..”

Deixa final “Inferior ao custo daquele transporte”

O professor da UFSC especializado em direito econômico, Orlando da Silva Neto, comentou sobre as causas econômicas que ocasionaram a greve, focada

principalmente na política de preços da Petrobras, que, no governo Michel Temer, decidiu atrelar os preços dos combustíveis ao valor praticado no mercado

internacional.

Deixa inicial: “um descompasso entre a oferta de serviços..”

Deixa final: “desse excesso de oferta” Artur: Um ano e meio após a greve, a situação do país parece se manter a mesma. Com previsão do crescimento do PIB para menos de um por cento para 2019, o dólar chegando a níveis recordes e o preço do óleo diesel nos mesmos

patamares de maio de 2018, a tensão por uma nova greve dos caminhoneiros se mantém. Para o caminhoneiro autônomo Tiago Tomazi, de 35 anos, a baixa atividade econômica é refletida na pouca demanda pelo transporte de cargas.

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30 RODA VT 33” GC: Tiago Tomazi Caminhoneiro autônomo OFF RODA VT 25” CAM 1

Deixa inicial “Não mudou nada, inclusive ficou pior”

Deixa final “Hoje eu tô fazendo sete, cinco..”

Artur: Tiago discorda, porém, da possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros.

Deixa inicial: “Pode esquecer..

Deixa final: “mas teve cara que se quebrou”

Artur: No próximo episódio da série ‘O País na Carga dos Caminhoneiros’, você vai conferir como é a rotina de um motorista de caminhão autônomo, seus desafios e

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31 2º episódio VÍDEO CAM 1 GC: Artur Búrigo OFF RODA VT 20” GC: Tiago Tomazi Caminhoneiro autônomo OFF ÁUDIO

Artur: No segundo episódio da série ‘O País na Carga dos caminhoneiros, vamos

acompanhar a rotina de um caminhoneiro autônomo. Ao lado de Tiago Tomazi, de 35 anos, vamos de Criciúma a Itajaí, trajeto que ele faz de duas a três vezes por semana transportando cerâmica para exportação.

Artur: ​No início da tarde, Tiago faz o carregamento da carga em uma empresa de revestimentos cerâmicos, atividade econômica característica do sul

catarinense. O processo dura cerca de duas horas e Tiago volta para casa, com a viagem até Itajaí programada para começar às 7 horas da noite.

Quando pode, Tiago escolhe viajar no período noturno. Segundo ele, a economia dos pneus é muito maior do que durante o dia, além de evitar trânsito nas rodovias, que gera maior consumo de combustível. Com segundo grau incompleto e um curso técnico de mecânica, Tiago vem de uma família de caminhoneiros autônomos. Começou na profissão há seis anos, quando seu pai quebrou a perna no momento em que colocava a lona no caminhão.

Deixa inicial: “o que não é mecânico é caminhoneiro”

Deixa final: “os outros são mecânicos. O que não é mecânico é caminhoneiro” Artur: O perfil de Tiago é parecido com a média dos caminhoneiros autônomos em pesquisa feita pela Confederação Nacional

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dos Transportes e divulgada no início deste ano. Segundo os dados levantados pela CNT, 65% possuem segundo grau

incompleto, além de terem, em média 46,5 anos, sendo 99,4% desses profissionais homens.

Perguntado sobre como é ser um

caminhoneiro autônomo, Tiago diz que a profissão tem prós e contras.

Deixa inicial: “O bom é que ninguém te manda”

Deixa final: “pro cara te dar a carga”

Artur: Nesta viagem de Criciúma para Itajaí, de cerca de 800 quilômetros em ida e volta, Tiago recebeu 1100 reais para o trajeto de ida e 750 para o trajeto de volta, chamado frete de retorno. Apenas com combustível, ele gastou 900 reais. Contando com o dinheiro gasto com o pedágio, Tiago recebeu, como receita líquida, 900 reais. Nesse valor não está embutido o custo com o desgaste do caminhão, como pneus, que custam cerca de 1500 reais cada e tem vida útil de um ano, além das peças, que têm de passar por manutenção frequente no caminhão que já tem 35 anos de estrada.

Deixa inicial: “Nesse frete meu” Deixa final: “autônomo, não”

Artur: A reportagem entrou em contato com o setor responsável pela fiscalização na unidade regional catarinense da ANTT e obteve como retorno uma nota da

Assessoria de Comunicação do Ministério da Infraestrutura informando que não irá se manifestar.

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33 OFF RODA VT 30” OFF RODA VT 16” OFF RODA VT 16”

Artur: Para Tiago, o objetivo da greve de maio do ano passado, que resultou em uma tabela de preços para o frete, deveria ser outro.

Deixa inicial: “Na verdade era pra trabalhar em cima..”

Deixa final: “não tem condições cara, o litro de diesel”

Artur: A opinião dele não é diferente da maioria dos caminhoneiros do país. Ainda segundo a pesquisa da CNT, 51,3% dos caminhoneiros reivindicam um valor menor do combustível, enquanto os que querem aumento do valor do frete são 26,2%. Além do preço do diesel, um dos assuntos mais comentados por Tiago Tomazi durante a viagem, foi sobre como conviver com a saudade da família. Ele mora com uma mulher e dois filhos. Quase 30% dos caminhoneiros apontam o convívio familiar comprometido como ponto negativo da profissão.

Deixa inicial: “Nesse ramo tu tem que aprender a lidar com a saudade”

Deixa final: “ tem que dar o conforto pra eles, né”

Artur: Após sair às 7h da noite de Criciúma, Tiago completou sua primeira viagem da semana quando retornou de Itajaí para sua cidade natal no dia seguinte.

Deixa inicial: “Tem hora que tu para pra analisar”

Deixa final: “Dá vontade de pegar e jogar a toalha”

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CAM 1

Artur: No último episódio da série ‘O País na Carga dos Caminhoneiros, vamos abordar o assunto mais polêmico da atualidade. A Política Nacional de Pisos Mínimos, também conhecida como Tabela do Frete. Tida como solução para os

problemas que ocasionaram a greve do ano passado, a nova resolução entrou em vigor no começo de novembro e já é polêmica.

3º episódio VÍDEO CAM 1 GC: Artur Búrigo OFF ÁUDIO

Artur: Este último episódio da série ‘O País na Carga dos Caminhoneiros’ é focado na Política Nacional de Pisos Mínimos,

também conhecida como Tabela do Frete. A medida que foi discutida por todas as

entidades envolvidas no conflito, já enfrenta resistências econômicas e judiciais.

A ANTT restabeleceu, no dia 13 de

novembro, a resolução 5849, que define as regras gerais, a metodologia e os

coeficientes dos pisos mínimos do

transporte rodoviário de cargas. A medida, elaborada pela Escola Superior de

Agricultura "Luiz de Queiroz, da USP, já havia entrado em vigor em julho, mas foi revogada três dias depois após pressão dos caminhoneiros autônomos.

Entre as principais mudanças da resolução que está agora em vigor, estão o acréscimo obrigatório do valor do pedágio no

momento da contratação do frete, além de norma que determina a negociação do lucro e de despesas de alimentação e tributos entre transportadores e caminhoneiros.

A nova resolução divide opiniões entre os caminhoneiros. Para alguns, ela é positiva, para outros, é uma solução proposta pelo governo que não atende os interesses da categoria. A reportagem teve acesso a dois

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35 RODA VT 22” RODA VT 28” OFF RODA VT 37” GC: Maurus Fiedler

Diretor Executivo Fetrancesc

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GC: Tiago Tomazi Caminhoneiro autônomo

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áudios de caminhoneiros autônomos, um a favor e outro contrário à nova Política de Pisos Mínimos.

Deixa inicial: “Piso mínimo, como o próprio nome ja diz”

Deixa final: “Porque o diesel tá caro”

Deixa inicial: “Só que aí, os ​bonitos​..” Deixa final: “Que não sou caminhoneiro”

O diretor executivo da ​Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina​, Maurus Fiedler, participou das negociações e defende a nova resolução em vigor.

Deixa inicial: “A gente teve uma participação bastante efetiva”

Deixa final: “a dignidade dos motoristas autônomos”

O caminhoneiro autônomo Tiago Tomazi reclama da participação dos agenciadores de carga, que terceirizam o serviço de transporte que é pago pelas empresas. Deixa inicial: “ A transportadora vai liberar cinco cargas”

Deixa final: “sem fazer nada, só pra imprimir folha”

Para o diretor executivo da Fetrancesc, os agenciadores de carga desempenham papel oposto aos dos operadores e

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36 RODA VT 42” OFF CAM 1 OFF RODA VT 1’05”

GC: Orlando da Silva Neto Professor de Direito

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transportadores logísticos, que têm frota própria e contratam os autônomos de acordo com a demanda.

Deixa inicial: “Aquelas pessoas que estão no mercado”

Deixa final: “estourando pro lado mais fraco”

A reportagem entrou em contato com o setor responsável pela fiscalização na unidade regional catarinense da ANTT e obteve como retorno uma nota da

Assessoria de Comunicação do Ministério da Infraestrutura informando que não irá se manifestar.

Artur: Desde quando entrou em vigor pela primeira vez, a tabela do frete foi

questionada judicialmente. A medida seria pauta de um julgamento no Supremo Tribunal Federal no dia 4 de setembro, mas a pedido da Advocacia Geral da União, o ministro relator do caso, Luiz Fux, adiou o julgamento para que as partes envolvidas no processo pudessem chegar a um acordo.

Para Orlando da Silva Neto, p​rofessor da UFSC especializado em direito econômico, não há uma clara inconstitucionalidade na tabela do frete.

Deixa inicial: “uma tabela única”

Deixa Final: “começando a contratar frota própria”.

No momento, o cenário do setor deve continuar indefinido. Com a economia do

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CRÉDITOS

país crescendo em passos lentos, a Política Nacional de Pisos Mínimos ainda

questionada e o preço do combustível aumentando cada vez mais, a negociação dos fretes de cargas deve seguir reduzindo a receita e a qualidade de vida dos

caminhoneiros autônomos. Deixa inicial: Tá feia a situação do autônomo.

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Referências

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