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Estudo da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde da atenção primária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

JOEL CARVALHO PONTE

ESTUDO DA SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE

DA ATENÇÃO PRIMÁRIA.

Piracicaba 2020

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JOEL CARVALHO PONTE

ESTUDO DA SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE

DA ATENÇÃO PRIMÁRIA.

Dissertação de Mestrado Profissional apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Gestão e Saúde Coletiva.

Orientador: Dr. Marcelo de Castro Meneghim

Piracicaba 2020 ESTE TRABALHO CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO JOEL CARVALHO PONTE E ORIENTADA PELO PROF. DR. MARCELO DE CASTRO MENEGHIM.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Odontologia de Piracicaba

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Dissertação de Mestrado Profissionalizante, em sessão pública realizada em 31 de agosto de 2020, considerou o candidato JOEL CARVALHO PONTE aprovado.

PROF. DR. MARCELO DE CASTRO MENEGHIM

PROFª. DRª. INARA PEREIRA DA CUNHA

PROFª. DRª. LUCIANE MIRANDA GUERRA

A Ata da defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

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DEDICATÓRIA

À Deus, porque sem Ele nada seria possível.

Aos meus pais José Feliciano e Paula, meus irmãos Janiel e Jordan, minha família que foi minha base, sustentáculo e porto seguro nos momentos mais difíceis, principalmente minha esposa Raphaelle e minhas filhas Ana Beatriz e Ana Liv.

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AGRADECIMENTOS:

À Universidade Estadual de Campinas, na pessoa do Magnifico Reitor Prof. Dr. Marcelo Knobel.

À Faculdade de Odontologia de Piracicaba, na pessoa do Senhor Diretor, Prof. Dr. Francisco Haiter Neto.

À Coordenadoria de Pós-Graduação, na figura da Senhora Coordenadora Prof. Dra. Karina Gonzales Silvério Ruiz.

Ao Professor Dr. Marcelo de Castro Meneghim, que além de orientador foi um grande amigo durante este período, deu todas as instruções e guiou meus caminhos nesta empreitada.

Ao Centro Universitário INTA-UNINTA na pessoa do Reitor Dr. Oscar Spíndola Rodrigues Júnior pelo incentivo e apoio.

À Pro-reitoria de Pesquisa do UNINTA na pessoas da Dra. Chrislene Carvalho. Aos meus colegas do Mestrado, por dividir comigo os momentos de insegurança.

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RESUMO

A Síndrome de Burnout (SB) ou “do Esgotamento Profissional” é reconhecida mundialmente como um dos grandes problemas psicossociais que afetam a qualidade de vida de profissionais de diversas áreas, principalmente daquelas que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos, gerando uma importante questão ocupacional e social. Este estudo é composto por dois artigos: um produzido através de pesquisa bibliográfica e outro por meio de pesquisa de campo. Esta pesquisa teve como objetivo principal determinar a prevalência de Síndrome de Burnout em profissionais de saúde que atuam na atenção primária no município de Sobral (CE), e também conhecer por meio da literatura científica as consequências da Síndrome de Burnout (SB) e do estresse no trabalho de profissionais que atuam na atenção primária em saúde (APS). Trata-se de um estudo descritivo, epidemiológico, transversal. No primeiro artigo foi realizada uma revisão bibliográfica com uma exploração de produções científicas das consequências da Síndrome de Burnout (SB) e do estresse no trabalho. Como resultado da pesquisa bibliográfica foi possível concluir que as consequências da Síndrome de Burnout têm efeitos negativos para a empresa, para o trabalhador e sua profissão. O segundo artigo teve como objetivo determinar a prevalência de Síndrome de Burnout em profissionais de saúde que atuam na APS. Foi identificado que 17,55% da população estudada apresenta SB. Destes que apresentam a SB, a maioria (74,41%) são do sexo feminino, com média de idade 33 anos; (51,16%) são solteiros ou sem companheiro(a) fixo; (53,48%) são enfermeiros; (76,74%) têm alguma religião; (51,16%); possuem algum tipo de pós-graduação; (51,81%) não tem filhos; (51,16%) têm casa própria; (74,41%) ganham de 1 a 3 salários mínimos por mês; (65,11%) não possuem outro emprego; (62,79%) trabalham uma carga horária de 40horas por semana. Quanto às dimensões da SB, o questionário de Maslach revelou que (61,5%) apresentam baixa realização profissional; (44,4%) apresentaram sintomas de exaustão emocional e (9,7%) apresentaram sintomas acentuados de despersonalização, enquanto a maioria (67,1%) apresentaram baixos índices de despersonalização. Conclusões: A prevalência de Síndrome de Burnout é considerada alta entre os profissionais da APS e que se faz necessário traçar estratégias de enfrentamento e prevenção, pois os acometidos por esta síndrome se encontram em situação de fragilidade e vulnerabilidade física e mental, comprometendo a sua qualidade de vida e a qualidade do serviço prestado ao usuário do SUS.

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ABSTRACT

Burnout Syndrome (SB) or “Professional Exhaustion” is recognized worldwide as one of the major psychosocial problems that affect the quality of life of professionals in several areas, especially those involving health care, education and human services, generating an important occupational and social issue. This study consists of two articles: one published through bibliographic research and the other through field research. This research had as main objective to determine the prevalence of Burnout Syndrome in health professionals who work in primary care in the city of Sobral (CE), and also to know through scientific literature as consequences of Burnout Syndrome (SB) and stress in the work of professionals working in primary health care (PHC). This is a descriptive, epidemiological, cross-sectional study. In the first article, a bibliographic review was carried out with an exploration of scientific productions of the consequences of Burnout Syndrome (SB) and stress at work. As a result of the bibliographic research it was possible to conclude that the consequences of Burnout Syndrome have negative effects for the company, the worker and his profession. The second article aimed to determine the prevalence of Burnout Syndrome in health professionals working in PHC. The prevalence of (17.55%) was found in the studied population. With regard to the characteristics of the studied population, we obtained: (51.8%) nurses; (13.1%) dentists; (8.6%) doctors; (6.5%) psychologists; (5.3%) social work; (3.7%) physical therapists; (0.4%) speech therapists; (3.3%) nutritionists; (4.1%) physical educator; (0.4%) occupational therapist and (3.7%) pharmacists. Of those who answered, we found that the majority (79.6%) were female; the majority (93.5%) have religion / spirituality; (59.6%) has some type of postgraduate qualification; (51%) have no children; (53.9%) own a home; (69.8%) earn between 1 and 3 minimum wages; (75.1%) have no other job; (88.8%) work 40 hours or more per week. Regarding the dimensions of the Burnout syndrome, the majority (44.5%) had moderate symptoms of emotional exhaustion; (66.9%) mild symptoms of depersonalization and (61.7%) with symptoms of low professional achievement. The results revealed that more than half of the evaluated professionals had a high to moderate degree of risk for developing Burnout Syndrome. With the two articles carried out, we conclude that BS is frequent among PHC workers and that they cause negative effects on work and on the supply of that work in PHC.

Keywords: Burnout syndrome. Health Professionals. Primary Care

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 2. ARTIGOS

2.1 Artigo: Epidemiologia e consequências da Síndrome de Burnout no trabalho: uma revisão bibliográfica de literatura.

2.2 Artigo: Prevalência e perfil epidemiológico da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde que atuam na atenção primária.

3 DISCUSSÃO 4 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS

Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Anexos

Anexo 1 – Questionáriodo Instrumento Maslach Burnout Inventory (MBI).

Anexo 2 – Questionário para Avaliação Socioeconômica

Anexo 3 – Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa Anexo 4 – Comprovante de Submissão de artigo

Anexo 5 – Relatório de similaridade

10 12 13 30 43 45 46 47 50 53 54 56 58

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1 INTRODUÇÃO

A Síndrome de Burnout (SB) ou do “esgotamento profissional” é uma síndrome psicológica proveniente da tensão emocional crônica que é vivenciada pelo trabalhador em seu ambiente de trabalho. Tem como características ou dimensões a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional. Foi identificada pela primeira vez em 1974 pelo psicanalista nova-iorquino Hebert Freudenberger que a identificou e diagnosticou em si mesmo.

Sobre as dimensões da SB, a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional trazem consigo sintomas que caracterizam a doença.

Entende-se por exaustão emocional quando o trabalhador é acometido por uma sobrecarga física, emocional e psicológica. Nem sempre se faz presente somente pelo excesso de trabalho, mas pode ser ocasionada também por excesso de conflitos, responsabilidades ou estímulos cognitivos e emocionais.

A despersonalização é um processo psíquico no qual surge a impressão de que se é estranho a si mesmo, de que o sentir e o agir carecem de participação afetiva, efetuando-se de modo quase automático.

A baixa realização profissional se caracteriza quando o indivíduo começa uma sensação de incapacidade, baixa autoestima, desmotivação e infelicidade no trabalho, afetando até a habilidade e a destreza.

Os profissionais que trabalham diretamente com o sofrimento alheio têm maiores probabilidades de desenvolvê-la1. Pelas características próprias de suas funções, os profissionais da área da saúde estão ainda mais susceptíveis, uma vez que trabalham cotidianamente com pacientes, normalmente, com estado de saúde debilitado2. Àqueles que são atuantes na Atenção Primária em Saúde (APS) têm o encargo de prevenir e reduzir agravos, realizar a promoção, reabilitação e manutenção da saúde de forma integral3.

A atenção primária na saúde é a porta de entrada do usuário no Sistema único de Saúde (SUS), que ocorre preferencialmente nas unidades básicas de saúde (UBS) e nos

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Núcleos de Apoio em Saúde da Família (NASF). É o momento do primeiro contato do usuário com os profissionais de saúde, momento do estabelecimento de vínculo com o paciente. A grande importância de se estudar essa síndrome nesses profissionais está no fato de que os acometidos pela síndrome se tornam profissionais endurecidos, sem empatia, o que gera dificuldade na relação com os pacientes.

No que diz respeito a epidemiologia desta síndrome em profissionais da APS os dados são escassos, sobretudo no Brasil3. Poucas pesquisas realizadas até o momento, uma delas, realizada pelo Conselho Federal de Medicina no Brasil, com uma amostra de 7,7 mil profissionais de todos os estados revelou que 23,1% dos médicos apresentam a SB em alto grau4.

Identificar o problema, desenvolver estratégias de prevenção da SB, melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida dos profissionais que atendem na atenção primária, certamente levará a um maior grau de satisfação no ambiente de trabalho e, por consequência, a melhoria no atendimento da população e maior satisfação do usuário.

Diante disso, esta dissertação é composta por dois artigos, o primeiro trata de uma revisão bibliográfica com uma exploração de produções científicas, visando o conhecimento por meio da literatura, da Síndrome de Burnout (SB), sua epidemiologia e suas consequências. E o segundo se caracteriza como um estudo epidemiológico e transversal que objetivou determinar a prevalência e o perfil epidemiológico da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde que atuam na atenção primária no município de Sobral (CE).

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2 ARTIGOS

Esta dissertação está baseada na Resolução CCPG/002/06/UNICAMP, que regulamenta o formato alternativo de impressão das Dissertações de Mestrado, permitindo a inserção de artigos científicos de autoria do candidato. Por se tratar de pesquisa envolvendo seres humanos, o projeto de pesquisa deste trabalho foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), tendo sido aprovado sob protocolo CAAE nº: 19115319.9.0000.5418. Os artigos serão submetidos à Revista Brasileira de Medicina do Trabalho.

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2.1 Artigo

Título do Artigo: Epidemiologia e consequências da Síndrome de Burnout no trabalho: uma revisão bibliográfica de literatura.

RESUMO

Trata de um estudo descritivo, do tipo revisão bibliográfica com exploração de produções científicas, que teve como objetivo conhecer por meio da literatura cientifica as consequências da Síndrome de Burnout (SB) em profissionais que atuam na atenção primária. Para esta revisão, foram consideradas as fases da pesquisa mencionadas por Whittemore13: identificação do problema que foi verificar as consequências da Síndrome de Burnout no trabalho e objetivo da pesquisa; pesquisa da literatura com foco sobre o tema a ser estudado; avaliação dos dados aplicando critérios de inclusão e exclusão; análise dos dados extraindo das fontes primárias as características da amostra e método, que, no caso, foi qualquer referência ao conceito, epidemiologia da Síndrome de Burnout e os fatores a que estão relacionadas. Como última fase, foi realizada a apresentação da síntese, que retrata a construção dos conceitos e seus fatores relacionados. Foi realizada uma consulta à base de dados do Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), tendo sido utilizados os descritores DeCS/MeSH “Síndrome de Burnout”, “Médico”, “Enfermeiro”, “Profissionais da Saúde” considerando “qualquer descritor (OR)“. A busca considerou as publicações dos últimos dez anos (2010-2019) que gerou os seguintes tópicos: O conceito da Síndrome de Burnout; Epidemiologia da Síndrome de Burnout; Consequências da Síndrome de Burnout no ambiente de trabalho. Considerou-se que os problemas de saúde mental podem se apresentar em concomitância com outras doenças psiquiátricas ou até desencadeá-las, como a Síndrome de Burnout, seguido por transtorno depressivo. As consequências da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde da atenção primária têm efeitos negativos para o trabalhador e sua profissão, para o serviço de saúde e para o usuário.

Palavras-Chave: Síndrome de Burnout. Médico. Enfermeiro. Profissionais da Saúde.

ABSTRACT

It is a descriptive study, of the bibliographic review type with the exploration of scientific productions, which aimed to know through the scientific literature the consequences of the Burnout Syndrome (SB) in professionals who work in primary care. For this review, the research phases mentioned by Whittemore13 were considered: identification of the problem that was to verify the consequences of Burnout Syndrome at work and research objective; literature search focusing on the topic to be studied; data evaluation using inclusion and exclusion criteria; analysis of data extracting from the primary sources the characteristics of the sample and method, which, in this case, was any reference to the concept, epidemiology of Burnout Syndrome and the factors to which they are related. As a last stage, the synthesis was presented, which depicts the construction of the concepts and their related factors. A query was made to the database of Scielo, Virtual Health Library (VHL), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (Lilacs), using the descriptors DeCS / MeSH “Burnout Syndrome”, “Physician "," Nurse "," Health Professionals "considering" any descriptor (OR) ". The search considered publications from the last ten years (2010-2019) that

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generated the following topics: The concept of Burnout Syndrome; Epidemiology of Burnout Syndrome; Consequences of Burnout Syndrome in the workplace. It was considered that mental health problems may present with other psychiatric illnesses or even trigger them, such as Burnout Syndrome, followed by depressive disorder. The consequences of Burnout Syndrome in primary care health professionals have negative effects for the worker and his profession, for the health service and for the user.

Keywords: Burnout syndrome. Doctor. Nurse. Health professionals.

Introdução

O impacto do trabalho na saúde física e mental dos profissionais tem sido considerado importante nos últimos anos1. A fonte de realização profissional nem sempre é o trabalho, uma vez que ele, muitas vezes, pode gerar problemas de insatisfação e exaustão, podendo prejudicar a qualidade dos serviços prestados2.

A Síndrome de Burnout (SB) ou “do Esgotamento Profissional” é uma Síndrome Psicológica proveniente da tensão emocional crônica que é vivenciada pelo trabalhador, tendo como característica a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional. Comumente acomete os profissionais que realizam o seu trabalho em contato direto com o público3. Sendo reconhecida em todo o mundo, a SB é considerada como um dos grandes problemas psicossociais que afetam a qualidade de vida de profissionais de inúmeras áreas, especialmente daquelas que demandam cuidados com saúde, educação e serviços humanos, gerando uma importante questão ocupacional e social4.

A SB não acomete somente os trabalhadores da saúde e profissionais da educação. São acometidas também as pessoas cujas profissões os expõem à tensão e ao estresse intenso, tais como policiais, corretores de bolsa, contadores, diretores ou executivos de empresas, treinadores e desportistas, controladores de tráfego aéreo. O Ministério da Previdência Social afirmou que em 2007, foram afastados do trabalho 4,2 milhões de indivíduos, sendo que em 3.852 foram diagnosticados com SB5.

Esta síndrome contribui com implicações financeiras negativas, pois tem sido associada a aposentadorias precoces, absenteísmo e rotatividade de trabalhadores. A prevalência da SB nos profissionais de saúde mostra taxas de ocorrência variando entre 30 e 47%. Em países desenvolvidos, essa taxa chegou a 27,6%. No Brasil a ocorrência é de 10%4. Desde 1974, quando foi descrita pela primeira vez, a SB vem sendo estudada por diversos

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pesquisadores, especialmente na área da educação5. A partir dos anos 90, estudos sobre os efeitos do trabalho na saúde mental dos profissionais da saúde como estresse e SB, vêm aumentando progressivamente4. Estudo realizado com médicos de família portugueses, que atuam em Centros de Atenção Primária à Saúde (APS), constatou que um percentual significativo, na faixa de 4,1% a 32,4% destes profissionais, apresenta SB6.

Apesar do maior interesse sobre o tema, a SB ainda é pouco conhecida entre os trabalhadores e a população geral. Sugestões de medidas preventivas e interventivas, voltadas aos profissionais da área de saúde, poderão refletir em mais qualidade na prestação dos serviços à população7. Na área da saúde, observa-se maior número de estudos no grupo ocupacional dos enfermeiros e médicos que atuam em hospitais, principalmente nos serviços de urgência/emergência e unidades de terapia intensiva8.

Trabalhos com a população de profissionais que atuam na Atenção Primária ainda são escassos, embora, haja necessidade do cuidado à saúde mental desses que atuam na porta principal do Sistema Único de Saúde9. O indivíduo que ingressa na universidade procura uma profissão que o satisfaça emocional e financeiramente. Expectativa observada também na área de saúde onde, desde o início, o estudante traz consigo diversas motivações acerca da profissão, que serão lapidadas com as dificuldades, desencantos e recompensas no decorrer do curso. Às vezes, essa expectativa é frustrada pela adversidade no exercer da profissão almejada, o que o torna suscetível à SB10.

Desta maneira, a SB se configura pelo esgotamento emocional extremo, tendo como característica uma sensação de exaustão emocional e inadequação, frustração, fadiga, perda de interesse pelas atividades diárias, afastamento da vida pessoal, perda de produtividade e apatia. Além destes, outros sintomas como cefaleias crônicas e problemas digestivos podem acompanhar a SB11.

Assim exposto, o presente estudo tem o objetivo de conhecer por meio da literatura científica as consequências da Síndrome de Burnout e do estresse no trabalho de profissionais que atuam na atenção primária.

Material e Métodos

Trata-se um estudo descritivo, do tipo revisão bibliográfica com exploração de produções científicas. Para esta revisão, foram consideradas as fases da pesquisa mencionadas por Whittemore13: identificação do problema que foi verificar as consequências da Síndrome de Burnout no trabalho e objetivo da pesquisa; pesquisa da literatura com foco sobre o tema a

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ser estudado; avaliação dos dados aplicando critérios de inclusão e exclusão; análise dos dados extraindo das fontes primárias as características da amostra e método, que, no caso, foi qualquer referência ao conceito, epidemiologia da Síndrome de Burnout e os fatores a que está relacionada. Como última fase, foi realizada a apresentação da síntese, que retrata a construção dos conceitos e seus fatores relacionados.

As bases de dados de literatura científica e técnicas consultadas foram: Literatura Latino-Americana e de Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e ScientificElectronic Library

Online (SciELO). Essas bases de dados foram selecionadas, considerando-se o interesse em

conhecer a construção desse conhecimento uma vez que a Síndrome de Burnout ainda precisa ser mais difundida em todo o mundo. Os descritores foram selecionados a partir da terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS-BIREME), em português; são eles: “Síndrome de Burnout”, “Médico”, “Enfermeiro”, “Profissionais da Saúde”. A busca considerou as publicações dos últimos dez anos (2010-2019).

Após a leitura dos resumos, foram selecionadas 20 publicações segundo pertinência e consistência do conteúdo, foram observados os seguintes critérios de inclusão: estudos disponíveis na íntegra, em open acess, de 2010 a 2019, publicações originais, na língua portuguesa, que adotaram uma abordagem quanti-qualitativa, considerando o objetivo do estudo e o protocolo de revisão elaborado previamente. Os critérios de exclusão: artigos repetidos, artigos não acessíveis em texto completo, resenhas, anais de congresso, artigos de opinião, artigos de reflexão, editoriais, artigos que não abordaram diretamente o tema deste estudo e artigos publicados fora do período de análise.

Os resultados e discussões foram divididos em três tópicos: A Síndrome de Burnout, Epidemiologia da Síndrome de Burnout e As consequências da Síndrome de Burnout no trabalho, a seguir:

A Síndrome de Burnout (SB):

A SB, conhecida como síndrome do esgotamento profissional, foi descoberta por

Hebert Freudenberger, psicanalista nova-iorquino, que em 1974, constatou-a em si mesmo. O

termo Síndrome de Burnout vem do inglês to burn out, que significa “queimar-se por completo” e tem como característica a dedicação exagerada à atividade profissional25

.

É uma síndrome psicológica desencadeada pelo estresse crônico no ambiente de trabalho. Os níveis de atenção e concentração exigidos para a realização das tarefas, associados à pressão exercida pelo ambiente de trabalho, são potenciais causadores da SB

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também chamada de síndrome do esgotamento profissional com número no Código Internacional de Doença CID 10 – Z73.0. Esta patologia consiste em um tipo de resposta prolongada aos estressores emocionais e interpessoais vindo do contexto organizacional. Para o Ministério da Saúde14 (p.191) “resulta da vivência profissional em um contexto de relações sociais complexas, envolvendo a representação que a pessoa tem de si e dos outros”.

A SB é um processo que se desenvolve com o passar dos anos e dificilmente é percebida em seus estágios iniciais. Seu desenvolvimento é lento e raramente agudo e seu início é marcado por uma sensação física ou mental de mal-estar indefinida e pela presença de um excessivo e prolongando nível de tensão24.

É constituída de três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional.

A exaustão emocional é caracterizada pela falta de energia por certo sentimento de esgotamento de recursos com relação ao trabalho, tendo como maior causa o conflito pessoal nas relações e a sobrecarga de atividades. Está relacionada à carência de recursos emocionais e ao sentimento de inutilidade, tendo como um dos sintomas mais comuns o receio e o temor de voltar ao trabalho no dia seguinte, podendo apresentar manifestações físicas e psíquicas15. A exaustão emocional ocorre quando o trabalhador é acometido por uma sobrecarga física, emocional e psicológica. Nem sempre se faz presente somente pelo excesso de trabalho, mas pode ser ocasionada também por excesso de conflitos, responsabilidades ou estímulos cognitivos e emocionais.

A despersonalização é um processo psíquico no qual surge a impressão de que se é estranho a si mesmo, de que o sentir e o agir carecem de participação afetiva, efetuando-se de modo quase automático.

A baixa realização profissional se caracteriza quando o indivíduo começa uma sensação de incapacidade, baixa autoestima, desmotivação e infelicidade no trabalho, afetando até a habilidade e a destreza.

Toda e qualquer atividade pode vir a desencadear a SB, mas as profissões que mantêm contato constante e direto com outras pessoas, especialmente quando esta relação é considerada de ajuda, são as mais afetadas, como: professores, médicos, policiais, psicólogos17.

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A SB é uma doença vinculada ao trabalho e tem um público especial. É mais encontrada nos profissionais da área de saúde e da educação por estarem intrinsecamente ligados aos seus pares e por eles terem afetividade23.

Todos os profissionais que sofrem pressões no cotidiano laboral, correm o risco de adquirir a SB. O indivíduo sente um esgotamento físico e mental que traz vários sintomas para a sua vida profissional e pessoal. As causas e os sintomas não são universais. Dependendo das características da pessoa e das circunstâncias em que esta se encontre, o grau e as manifestações são diferentes1.

Partindo das análises sobre a Psicologia Social o nexo entre saúde mental e trabalho exige articular vários níveis de análise: o indivíduo, o interpessoal, o grupal, o organizacional e/ou institucional e o social, a complexidade dos fenômenos tornando recomendável o uso de diversos métodos e técnicas para a produção e para uma maior aproximação entre a realidade psicossocial e o conhecimento produzido19. A inclusão e a relação das pessoas com o mundo do trabalho e das empresas exercem um papel relevante para estas mesmas pessoas, compreendendo que as referidas análises podem ter um nível baixo de estresse vivenciado no ambiente laboral11.

Esta síndrome gera um esgotamento emocional, físico e psíquico em decorrência de trabalhos estressantes e excessivos, que levam o trabalhador à desistência, resultante da má adaptação do homem com suas tarefas diárias, fazendo com que os profissionais fracassem perdendo o significado de seu vínculo com a profissão20.

Uma pesquisa realizada sobre a SB e o conhecimento da pericia médica municipal da capital da Paraíba, uma vez que esta patologia foi contemplada pelo Ministério da Saúde, em 1999, como doença ocupacional, foi observado que os resultados apontaram que os peritos tinham desconhecimento da legislação e da referida síndrome. Desta maneira sugeriram que havia a necessidade de uma intervenção de políticas públicas que proporcionem um maior preparo dos médicos peritos24.

Foi observado em uma pesquisa com profissionais de enfermagem que estes demonstraram pouco conhecimento sobre a SB. Existe a necessidade de uma maior divulgação sobre esta patologia, pois se os profissionais desconhecem as causas e os sintomas dessa doença, em caso de serem acometidos não terão como buscar formas efetivas de prevenção ou intervenção26.

Acredita-se que para o indivíduo executar a sua atividade laboral com êxito e competência é necessário o seu bem-estar no âmbito profissional e pessoal. No entanto, quando um trabalhador se dedica exageradamente à sua profissão, e, por algum motivo, acha

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que não é reconhecido, pode ter como resultado alguns problemas psicossociais, como, por exemplo, a Síndrome de Burnout que é um tema que tem sido alvo de pesquisa em vários segmentos sociais.

Epidemiologia da Síndrome de Burnout

Ao pesquisar sobre a epidemiologia da SB verificou-se na literatura alguns trabalhos, mas não direcionados a atenção primária em saúde, que é o caso desta pesquisa. Viu-se que outros atores são personagens de outras pesquisas, especialmente na área da educação.

No período de 2001 a 2013, a Espanha foi o país que mais realizou publicações de pesquisas sobre a SB relacionada ao trabalho na APS, responsável por cerca de 50% de todas as pesquisas no mundo. O Brasil vem em seguida com 25% dos artigos. Constatamos que a principal categoria profissional estudada no contexto da APS foram os médicos com 65%, em seguida os enfermeiros e 10% dos estudos incluíram toda a equipe de saúde da família46.

Sobre a epidemiologia da Síndrome de Burnout em outros países, como por exemplo nos Estados Unidos, foi observado que a SB provoca um custo calculado de mais de $150 bilhões anualmente para as organizações, por advirem da insatisfação, do absenteísmo, da rotatividade e da aposentadoria precoce devido a síndrome. No Canadá foi evidenciado que os profissionais enfermeiros eram os que possuíam uma das taxas mais altas de licenças médicas entre todos os trabalhadores de um hospital, o que se devia, especialmente, a Síndrome de Burnout, como também ao estresse induzido pelo trabalho e às lesões musculoesqueléticas21.

No que concerne a epidemiologia da Síndrome de Burnout, ressaltam que tem aspectos bastante curiosos como a possibilidade de ser iniciada na fase universitária e se prolongar para a vida profissional, sendo que nos primeiros anos da carreira profissional, as mulheres são as mais vulneráveis ao desenvolvimento da síndrome, provavelmente devido à dupla carga de trabalho que concilia a prática profissional e as tarefas domiciliares. No que diz respeito ao estado civil, as pessoas sem parceiro estável manifestam com mais frequência27.

Em pesquisa realizada que teve como objetivo analisar as variáveis da SB em profissionais de enfermagem e médicos que atuam na Unidade de Emergência de um hospital geral, através de uma pesquisa quantitativa, foi obtido como resultado na equipe médica que as médias de Desgaste Emocional e Despersonalização são maiores do que na de enfermagem e a Incompetência, similaridade em ambas. Variáveis relacionadas ao Contexto do Trabalho

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apresentaram escores elevados nas duas categorias, a equipe médica obteve médias mais altas18.

No que diz respeito à população geral, pouco se sabe sobre a prevalência da Síndrome de Burnout.

Entre profissionais médicos já se sabe que a síndrome afeta mais de 40% destes profissionais em um nível suficiente para comprometer o bem-estar pessoal ou o desempenho profissional destes.

A prevalência da SB ainda é incerta, mas dados sugerem que acomete um número significativo de pessoas, variando de aproximadamente 4,0 a 85,7%, conforme a população estudada21. O Ministério da Saúde afirma que:

A síndrome afeta principalmente profissionais da área de serviços ou cuidadores, quando em contato direto com os usuários, como os trabalhadores da educação, da saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários, professores (p. 192)14.

Estudo realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) com uma amostra de 7.700 médicos de todo o Brasil revelou dados considerados alarmantes. A maior parte destes profissionais (57%) apresentou algum grau preocupante da SB, sendo que 33,9% foram considerados como uma manifestação moderada e 23,1% se revelaram com um nível grave da síndrome. Esta pesquisa apresentou como resultados para as três dimensões da SB: média de 2,62 para a exaustão emocional; média de 1,94 para a despersonalização; e média de 2,03 para a realização profissional. O CFM reportou ainda que um em cada cinco médicos tem vivenciado esgotamento ou estafa resultante do exercício da sua profissão29. Portanto afeta mais de 40% destes profissionais em um nível suficiente para comprometer o bem-estar pessoal ou o desempenho profissional destes.

Em termos epidemiológicos, de acordo com uma pesquisa coordenada por uma instituição americana, a Internacional Stress Management Association (ISMA-BR), em 2002 a doença já afetava 30% da população ativa do Brasil, e já foi responsável por um prejuízo de cerca de 4,5% no PIB nacional25.

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Sobre a sintomatologia, a SB é uma síndrome psicológica que advém em resposta aos estresses no trabalho e se constituindo de três formas: inicialmente com a exaustão emocional, representando a dimensão básica do estresse individual. A pessoa refere sensação de estar sobrecarregado e esgotado dos próprios recursos emocionais e físicos; uma outra forma é o indivíduo se despersonalizar, o que para estes pesquisadores é um componente representante do contexto interpessoal que refere à resposta negativa, insensibilidade ou resposta de afastamento excessivo do trabalho; e, por fim, a baixa realização profissional, descrita como uma tendência do trabalhador se autoavaliar de forma negativa, sentindo-se infeliz e insatisfeito com seu desenvolvimento profissional30.

O Ministério da Saúde ressalta sobre a necessidade da diferenciação entre a SB, entendido como uma resposta ao estresse do trabalho, e de outras formas de resposta ao estresse. A pessoa com SB mostra condutas e atitudes negativas no que diz respeito aos usuários, aos clientes, à empresa e ao trabalho, revelando uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais tanto para o trabalhador quanto para a empresa.

Sonnentag e Frese42 agrupam em oito categorias os estressores no ambiente de trabalho:

físicos – condições de trabalho aversivas, tal como barulho, sujeira, elevada temperatura; relacionado à tarefa do trabalho – inclui pressão por tempo e metas, sobrecarga; função estressora – ambígua ou de conflito, mal definida; social – inclui pobre relação social com chefia, colegas de trabalho, relações interpessoais conflituosas; relacionado ao plano de trabalho – decorrente do tempo de trabalho (longas horas); relacionado à carreira – inclui instabilidade no trabalho e pobre possibilidade de oportunidades; traumáticos – exposição a desastres, acidentes ou atividades de alto risco; mudança organizacional – contempla fusão entre organizações, achatamento da estrutura organizacional e implementação de novas tecnologias (p.455)42.

Consideram ainda que estas categorias ainda precisam de uma fundamentação teórica explícita. Porém, essa classificação admite maior compreensão quanto ao entendimento das reações ao estresse que acomete fisiológica e emocionalmente e também o comportamento do ser humano, inclusive em seu tempo para atividades de lazer e vida familiar. Defendem que as emoções negativas, como a raiva, tristeza e medo, por exemplo, desencadeiam resposta fisiológica ao estresse, o que provoca uma maior liberação de hormônios, como catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e corticosteroides (cortisol). E explicam que, em síntese, o corpo da pessoa reage ao estresse através dos sinais do hipotálamo que chegam às glândulas adrenais, desta maneira, adrenalina e noradrenalina são liberadas, aumentando a frequência

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cardíaca e a pressão sanguínea, e acionam o sistema imunológico, reações indispensáveis à satisfação das exigências do agente estressor (físicos ou psicológicos)42.

Em seguida, o hipotálamo libera o hormônio liberador de corticotrofina (CRH), e a hipófise produz o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que ativa o córtex adrenérgico, acarretando a produção de corticosteroides (CO) em humanos, especialmente o cortisol. Se o estressor for severo o suficiente, e a exposição do ser humano a ele for prolongada, por consequência terá a depleção das defesas somáticas, sendo a resposta ao estresse contínua, e, logo, a vulnerabilidade a desenvolver doenças mentais e físicas42 como a SB. As respostas de cada pessoa são diferenciadas aos estressores, seja pela personalidade, pelo manejo do estresse através das estratégias de coping, ou ambos36-37.

Há estudo afirmando que a SB enfraquece o interesse de alguns membros da equipe de saúde por práticas inovadoras, contribuindo como fator impeditivo na disseminação de condutas baseadas em evidências43-44.

[...] os indivíduos que estão neste processo de desgaste estão sujeitos a largar o emprego, tanto psicológica quanto fisicamente. Eles investem menos tempo e energia no trabalho, fazendo somente o que é absolutamente necessário e faltam com mais frequência. Além de trabalharem menos, não trabalham tão bem. Trabalho de alta qualidade requer tempo e esforço, compromisso e criatividade, mas o indivíduo desgastado já não está disposto a oferecer isso espontaneamente. A queda na qualidade e na quantidade de trabalho produzido é o resultado profissional do desgaste (p.42)44.

Estudos evidenciaram que se o estresse no trabalho é intenso e contínuo, traz como consequência algumas enfermidades, tais como: doenças cardiovasculares, problemas imunológicos e problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão, falhas de memória, fadiga e SB, sendo a última o foco principal deste estudo37.

A Atenção Básica/Atenção Primária à Saúde (AB/APS) – termos equivalentes segundo a Política Nacional de Atenção Básica45 – tem uma prevalência maior de SB do que em outros níveis de atenção à saúde2.

Tanto no Brasil quanto em outros países do mundo, são poucos os estudos que abordam a revisão de literatura direcionando a SB e Atenção Primária à Saúde. Estes fatos dificultaram a comparação dos resultados da pesquisa deles com outras da mesma natureza, indicando ser imprescindível mais investimentos em estudos sobre a SB46.

Verificou-se que são muitos os pontos que permanecem sem esclarecimentos, mas de forma geral, os pesquisadores aqui estudados concordam que a SB traz consequências

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negativas no campo institucional, social e pessoal. Fazendo uma síntese dos diversos estudos viu-se que:

 Para a organização:

A instituição tem um aumento em seus gastos (tempo, dinheiro) com a consequente rotatividade de funcionários acometidos pela SB, assim como com o absenteísmo destes43.

 Para o indivíduo:

O indivíduo pode apresentar fadiga constante e progressiva; dores musculares ou osteomusculares (na nuca e ombros; na região das colunas cervical e lombar); distúrbios do sono; cefaleias, enxaquecas; perturbações gastrointestinais (gastrites até úlceras); imunodeficiência com resfriados ou gripes constantes, com afecções na pele (pruridos, alergias, queda de cabelo, aumento de cabelos brancos); transtornos cardiovasculares (hipertensão arterial, infartos, entre outros); distúrbios do sistema respiratório (suspiros profundos, bronquite, asma); disfunções sexuais (diminuição do desejo sexual, dispareunia/anorgasmia em mulheres, ejaculação precoce ou impotência nos homens); alterações menstruais nas mulheres. Em relação ao psiquismo, pode apresentar: falta de concentração; alterações de memória (evocativa e de fixação); lentificação do pensamento; sentimento de solidão; impaciência; sentimento de impotência; labilidade emocional; baixa autoestima; desânimo1.

Pode ocorrer o surgimento de agressividade, dificuldade para relaxar e aceitar mudanças; perda de iniciativa; consumo de substâncias (álcool, café, fumo, tranquilizantes, substâncias ilícitas); comportamento de alto risco e até suicídio1.

 Para a APS:

A atenção primária na saúde é a porta de entrada do usuário no Sistema único de Saúde (SUS), que ocorre preferencialmente nas unidades básicas de saúde (UBS) e nos Núcleos de Apoio em Saúde da Família (NASF). É o momento do primeiro contato do usuário com os profissionais de saúde, momento do estabelecimento de vínculo com o paciente. A grande importância de se estudar essa síndrome nesses profissionais está no fato de que os acometidos pela síndrome se tornam profissionais endurecidos, sem empatia, o que gera dificuldade na relação com os pacientes.

(24)

Acontece minimização na qualidade do trabalho por mau atendimento, procedimentos equivocados, negligência e imprudência. A predisposição a acidentes aumenta devido a faltas de atenção e concentração43-44.

O abandono psicológico e físico do trabalho pelo indivíduo acometido pela SB leva a prejuízos de tempo e dinheiro para o próprio indivíduo e para a instituição que tem sua produção comprometida30-44. Para que seja possível, por exemplo, o estabelecimento de relações terapêuticas entre o profissional e o paciente. A prevenção à SB está entre as principais recomendações feitas pelo National Guideline Clearinghouse às empresas43.

 Para a sociedade:

O indivíduo acometido pela SB pode provocar distanciamento dos familiares, até filhos e cônjuge. Já os clientes mal atendidos arcam com prejuízos emocionais, físicos e financeiros que podem se estender aos seus familiares e até ao seu ambiente de trabalho44. Devido ao endurecimento afetivo as pessoas que são acometidas pela SB são vistas como desumanas e podendo apresentar sintomas como descomprometimento com os resultados, conduta voltada a si mesmo, alienação, ansiedade, irritabilidade e desmotivação22.

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Considerações Finais

Sabe-se que existe uma linha tênue que separa a saúde do processo de adoecimento. É necessário que o indivíduo separe parte de suas energias e recursos a favor da saúde mental. Sobre a Síndrome de Burnout fica claro que para acontecer mudanças positivas, as decisões nas na organização do ambiente de trabalho têm de ser abalizadas em evidências científicas sobre a abordagem e a prevenção de doenças que acometam a saúde mental dos trabalhadores.

Problemas de saúde mental, como a SB, podem se apresentar em concomitância a outras doenças psiquiátricas e até mesmo desencadeá-las ou agravá-las. Conclui-se que a SB trás consequências negativas para a empresa, para o trabalhador e sua profissão e se faz necessário um maior conhecimento desta síndrome para a prevenção à saúde dos trabalhadores da APS, à saúde do cuidador.

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2.2 Artigo

Título do Artigo: Prevalência e perfil epidemiológico da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde que atuam na atenção primária.

RESUMO

Introdução: O termo burnout designa que um indivíduo chegou ao limite da sua capacidade adaptativa. A Síndrome de Burnout compromete o serviço da Atenção Primária em Saúde (APS), porta de entrada do usuário no sistema único de saúde (SUS), na medida em que provoca o endurecimento do profissional e consequentemente compromete e dificulta a formação do vínculo com o paciente. Objetivo: determinar a prevalência e o perfil epidemiológico da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde que atuam na atenção primária no município de Sobral (CE). Método: pesquisa epidemiológica, transversal, aplicada aos profissionais de nível superior da atenção primária do município de Sobral. Realizada no período de dezembro de 2019 até fevereiro de 2020. Os questionários e o TCLE foram enviados por meio eletrônico utilizando a ferramenta Google Forms e o uso de aplicativo de telefone celular para disparos destes formulários. A avaliação da SB foi realizada através do questionário “Maslach Burnout Inventory (MBI)” com questões relacionadas ao enquadramento e avaliação das três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e realização profissional e um outro questionário avaliando as características sociodemográficas e de saúde dos profissionais. Resultados: Foi identificado que 17,55% da população estudada apresenta SB. Destes que apresentam a SB, a maioria (74,41%) são do sexo feminino, com média de idade 33 anos; (51,16%) são solteiros ou sem companheiro(a) fixo; (53,48%) são enfermeiros; (76,74%) têm alguma religião; (51,16%); possuem algum tipo de pós-graduação; (51,81%) não tem filhos; (51,16%) têm casa própria; (74,41%) ganham de 1 a 3 salários mínimos por mês; (65,11%) não possuem outro emprego; (62,79%) trabalham uma carga horária média de 40horas por semana. Quanto às dimensões da SB, o questionário de Maslach revelou que (61,5%) apresentam baixa realização profissional; (44,4%) apresentaram sintomas de exaustão emocional e (9,7%) apresentaram sintomas acentuados de despersonalização, enquanto a maioria (67,1%) apresentaram baixos índices de despersonalização. Conclusões: A prevalência de Síndrome de Burnout é considerada alta entre os profissionais da APS e que se faz necessário traçar estratégias de enfrentamento e prevenção, pois os acometidos por esta síndrome se encontram em situação de fragilidade e vulnerabilidade física e mental, comprometendo a sua qualidade de vida e a qualidade do serviço prestado ao usuário do SUS.

Palavras-chave: Síndrome de Burnout. Exaustão emocional. Despersonalização. Realização profissional. Atenção Primária.

ABSTRACT

Introduction: The term burnout means that an individual has reached the limit of his adaptive capacity. The Burnout Syndrome compromises the Primary Health Care (PHC) service, the user's gateway to the Unified Health System (SUS), insofar as it causes the professional to harden and consequently compromises and makes it difficult to form a bond with the patient. patient. Objective: to determine the prevalence and epidemiological profile of Burnout Syndrome in health professionals working in primary care in the city of Sobral (CE). Method: cross-sectional epidemiological research, applied to higher education professionals in primary care in the municipality of Sobral. Held in the period from December 2019 to February 2020.

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The questionnaires and the informed consent form were sent electronically using the Google Forms tool and the use of a cell phone application to shoot these forms. The SB evaluation was carried out through the questionnaire “Maslach Burnout Inventory (MBI)” with questions related to the framing and evaluation of the three dimensions: emotional exhaustion, depersonalization and professional achievement and another questionnaire evaluating the sociodemographic and health characteristics of the professionals. Results: It was identified that 17.55% of the studied population has BS. Of those who have BS, the majority (74.41%) are female, with a mean age of 33 years; (51.16%) are single or without a steady partner; (53.48%) are nurses; (76.74%) have any religion; (51.16%) have some type of post-graduation; (51.81%) have no children; (51.16%) have their own home; (74.41%) earn from 1 to 3 minimum wages per month; (65.11%) do not have another job; (62.79%) work 40 hours a week. As for the dimensions of BS, the Maslach questionnaire revealed that (61.5%) have low professional achievement; (44.4%) had symptoms of emotional exhaustion and (9.7%) had marked symptoms of depersonalization, while the majority (67.1%) had low levels of depersonalization. Conclusions: The prevalence of Burnout Syndrome is considered high among PHC professionals and it is necessary to outline coping and prevention strategies, as those affected by this syndrome are in a situation of fragility and psychological vulnerability, compromising their quality of life and the quality of the service provided to SUS users.

Keywords: Burnout syndrome. Emotional exhaustion. Depersonalization. Professional achievement. Primary attention.

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Burnout (SB) ou do “esgotamento profissional” é uma síndrome psicológica proveniente da tensão emocional crônica que é vivenciada pelo trabalhador em seu ambiente de trabalho. Tem como características ou dimensões a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional. Foi identificada pela primeira vez em 1974 pelo psicanalista nova-iorquino Hebert Freudenberger que a identificou e diagnosticou em si mesmo.

Sobre as dimensões da SB, a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional trazem consigo sintomas que caracterizam a doença.

Entende-se por exaustão emocional quando o trabalhador é acometido por uma sobrecarga física, emocional e psicológica. Nem sempre se faz presente somente pelo excesso de trabalho, mas pode ser ocasionada também por excesso de conflitos, responsabilidades ou estímulos cognitivos e emocionais.

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A despersonalização é um processo psíquico no qual surge a impressão de que se é estranho a si mesmo, de que o sentir e o agir carecem de participação afetiva, efetuando-se de modo quase automático.

A baixa realização profissional se caracteriza quando o indivíduo começa uma sensação de incapacidade, baixa autoestima, desmotivação e infelicidade no trabalho, afetando até a habilidade e a destreza.

Os profissionais que trabalham diretamente com o sofrimento alheio têm maiores probabilidades de desenvolvê-la1. Pelas características próprias de suas funções, os profissionais da área da saúde estão ainda mais susceptíveis, uma vez que trabalham cotidianamente com pacientes, normalmente, com estado de saúde debilitado2. Àqueles que são atuantes na Atenção Primária em Saúde (APS) têm o encargo de prevenir e reduzir agravos, realizar a promoção, reabilitação e manutenção da saúde de forma integral3.

A atenção primária na saúde é a porta de entrada do usuário no Sistema Único de Saúde (SUS), que ocorre preferencialmente nas unidades básicas de saúde (UBS) e nos Núcleos de Apoio em Saúde da Família (NASF). É o momento do primeiro contato do usuário com os profissionais de saúde, momento do estabelecimento de vínculo com o paciente. A grande importância de se estudar essa síndrome nesses profissionais está no fato de que os acometidos por esta síndrome se tornam profissionais endurecidos, sem empatia, o que gera dificuldade, compromete a formação do vínculo e a relação com os pacientes.

O termo burnout designa que um indivíduo chegou ao limite da sua capacidade adaptativa1-2, sendo usado para descrever o sofrimento do homem em seu ambiente de trabalho, congruente a perda da motivação e alto nível de insatisfação3. O ambiente do trabalho muitas vezes é estressante levando ao adoecimento do indivíduo, em razão do aumento de produtividade e busca por melhores salários4, não podendo ser desvinculada de sua atividade profissional e de seu contexto micro e macro laboral3.

Muitas vezes o ritmo de trabalho se contradiz com os ritmos biológicos do indivíduo, refletindo diretamente na saúde do trabalhador e perpassando em suas diversas relações sociais do cotidiano5, surgindo a perda da capacidade adaptativa traduzida por sintomas de estresse que, ao longo prazo, colaboram para o adoecimento e aparecimento do estresse crônico ocupacional também conhecido como síndrome do Esgotamento Profissional ou SB 6-7

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Assim, é possível se observar que nos últimos anos, têm sido muito discutidas a relação entre estresse ocupacional e saúde mental dos trabalhadores, especialmente devido aos altos níveis de incapacidade temporária, absenteísmo, aposentadorias precoces e riscos à saúde associados à atividade profissional.

Diante do exposto, o presente estudo tem o objetivo de determinar a prevalência e o perfil epidemiológico da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde que atuam na atenção primária no município de Sobral (CE).

MATERIAL E MÉTODO

Este estudo se caracteriza como epidemiológico, transversal, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) CAAE nº: 19115319.9.0000.5418.

O estudo foi realizado no período de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020 e aplicado aos profissionais de nível superior que atuam na atenção primária do município de Sobral, lotados nas unidades básicas da saúde (UBS) e nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) do município de Sobral – Ceará – Brasil, cidade polo da 11a CRES (Coordenadoria Regional de Saúde) do Ceará.

Os questionários e o TCLE foram enviados por meio eletrônico utilizando a ferramenta Google Forms e o uso de aplicativo de telefone celular para disparos destes formulários. A avaliação da SB foi realizada através do questionário “Maslach Burnout

Inventory (MBI)” com questões relacionadas ao enquadramento e avaliação das três

dimensões: exaustão emocional, despersonalização e realização profissional e um outro questionário avaliando as características sociodemográficas e de saúde dos profissionais.

Dos 512 indivíduos que receberam o questionário, 253 responderam. Destes que responderam, foram excluídos 8 questionários por estarem em desacordo com os critérios de inclusão e exclusão. A amostra então foi de 245 voluntários de um universo de 512 profissionais. Esta amostra proporcionou um poder do teste (1-β) de 0,80, com nível de significância α de 0,05, para um tamanho de efeito de 1,8.

Foram incluídos todos os profissionais que têm vínculo formal com a secretaria municipal de saúde, que atuam na atenção primária de saúde e que têm nível superior. Foram excluídos os profissionais sem vínculo formal com a secretaria municipal de saúde, os que já possuem diagnóstico prévio de doença psiquiátrica e aqueles que não quiseram participar da pesquisa.

Referências

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