Teoria
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Teoria da Constituição (verfassungslehre) como uma teoria
política do direito constitucional e como teoria científica do
direito constitucional.
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É política porque pretende compreender a ordenação
constitucional do político, através da análise, discussão e
crítica da força normativa, possibilidades e limites do direito
constitucional.
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É científica porque procura descrever, explicar e refutar os
fundamentos, ideias, postulados, construção, estruturas e
métodos (dogmática) do direito constitucional.
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Aspiração de Teoria Crítica e normativa da constituição em 3
sentidos:
• Como instância crítica das soluções constituintes consagradas nas leis fundamentais e das propostas avançadas para a criação e revisão de uma constituição nos momentos constitucionais.
• Como fonte de descoberta das decisões, princípios, regras e alternativas, acolhidas pelos vários modelos constitucionais.
• Como filtro de racionalização das pré-compreensões do intérprete das normas constitucionais, procurando evitar que os seus prejuízos e pré-conceitos jurídicos, filosóficos, ideológicos, religiosos e éticos afetem a racionalidade e razoabilidade indispensáveis à observação da rede de complexidade do Estado de Direito democrático-constitucional.
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Filosofia do constitucionalismo: Locke, Rousseau,
Montesquieu e Tocqueville. Articulação de um conjunto de
conhecimentos temáticos, experiências práticas e ideias
normativas sobre o modo de se ordenar
jurídico-constitucionalmente a polis.
Tendências
Teoréticas
Fundamentais
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Compreensão formal-processual da Constituição:
• Constituição como instrumentos formais de garantia, despidos de
qualquer conteúdo social e econômico.
• Inclusão de atividades socioestatais no texto constitucional teria como consequência a perda da “juridicidade” e “estatalidade”. Conduziria, então, à “inversão”, “introversão” e “perversão” da lei constitucional (Forsthoff) .
• Ponto de contato é concepção de que as leis fundamentais são simples instrumentos de governo, de natureza processual e não material (Hennis)
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Críticas:
• esvaziamento da força normativa perante a dinâmica social e política;
• Processo e forma só têm sentido, num Estado democrático,
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Compreensão material da Constituição – duas ideias
fundamentais:
• Legitimidade material – necessidade de a lei fundamental
transportar os princípios materiais informadores da sociedade e do estado.
• Abertura constitucional – Constituição deve possibilitar o
confronto e a luta política dos partidos e das forças políticas portadores de projetos alternativos para a concretização dos fins constitucionais.
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O pretende a Constituição?
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Logo, conteúdo temporalmente adequado, conteúdo apto a
permanecer dentro do tempo.
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Ideia da constituição aberta: relativiza-se a função material da
tarefa da constituição e justifica-se a desconstitucionalização
de elementos substantivadores da ordem constitucional (const.
econômica, trabalho, social, cultural)
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O que é Constituição?
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“... Unifica e confere validade às normas
jurídicas.” (Inocêncio Coelho)
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Percepção de Kelsen – Norma fundamental
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Norma fundamental Natureza
Teorias
da
Constituição
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Ernst Forsthoff – como garantia do status
quo econômico e social.
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Henis - como instrumento de governo; lei
processual.
•
Häberle - como ordem-quadro da
República; lei necessária, fragmentária,
indeterminada e carecida de interpretação. É
um resultado – temporário e historicamente
condicionado
–
de
um
processo
de
interpretação conduzido à luz da publicidade.
•
Baulin - como norma fundamental em que se
projeta e se realiza uma sociedade em devir e
transformação; lei superior que indica as
mudanças e se definem os processos de
conformação do sistema político, realidade social
e ordenamento jurídico. Perspectiva Jurídica e
Sociopolítica.
•
Krüger - como programa de integração e
representação nacionais; Constituição do Estado,
contendo apenas o que diz respeito à comunidade
nação, totalidade política. Subconstituições –
economia, trabalho, social e cidadã.
•
Burdeau - como estatuto do poder;
relacionada ao Estado de Direito.
•
Hesse - como ordem jurídica fundamental de
uma comunidade ou o plano estrutural para a
conformação jurídica de uma comunidade,
segundo certos princípios fundamentais.
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Luhman - é o elemento regulativo do sistema
político.
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Carl Schmitt - tem quatro critérios: absoluto,
relativo, positivo e ideal para a formação de um
conceito integral de constituição.
•
Lasalle - como soma dos fatores reais de poder
•
Constituir: ser ou ter como a parte principal;
formar (-se), compor (-se)
•
Conceito
de
Constituição:
É
a
lei
fundamental de uma Nação, decorrente da
organização dos seus elementos essenciais:
um sistema de normas jurídicas, escritas ou
costumeiras, que regula a forma do Estado, a
forma de seu governo, o modo de aquisição e o
exercício do poder, o estabelecimento de seus
órgãos, os limites de sua ação, os direitos
fundamentais do homem e as respectivas
garantias; em síntese, É O CONJUNTO DE
NORMAS QUE ORGANIZA OS ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS DO ESTADO.
Perspectivas
• Sociológica – Ferdinand Lassale• Sociologismo jurídico;
• Fruto da ascensão da sociologia como ciência;
• É resultado das forças sociais, cabendo ao poder constituinte apenas formalizar essas relações da sociedade em uma “folha de papel”.
• a Constituição não se sustenta numa norma transcendente, porque a sociedade rejeita a pura normatividade, desvinculada de seus anseios.
• Nada vale o papel, se o seu conteúdo não refletir os “fatores reais de poder”.
• Esses fatores reais convertem-se em fatos jurídicos quando
são transportados para uma “folha de papel”.
• Assim, a Constituição escrita só é boa e durável se corresponde à Constituição real;
• A essência da Constituição reside na soma dos fatores reais. Se estes não equivalem ao papel, o papel sucumbe;
• Ex: impeachment – sucumbiram os fatores reais em prol da
força normativa da Constituição;
• Pena de morte – a maioria da população pode apoiá-la, mas
•
Perspectiva Política – Carl Schmitt
• Faceta do sociologismo;
• É documento político, porque trata da relação entre
governantes e governados;
• É expressão da “decisão política fundamental”, tomada no exercício do poder constituinte;
• Constituição somente expressa a decisão política, as demais matérias inseridas no texto são leis constitucionais. A
distinção aproxima-se dos sentidos formal (leis constitucionais) e material (Constituição)
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Perspectiva jurídica – Hans Kelsen
• É o maior grau de normas jurídicas dentro do sistema, que conferem validade às normas inferiores e têm sua validade determinada pela “lei fundamental”, que é uma norma
hipotética de que todos devem obedecer ao ordenamento normativo;
• Ligada ao racionalismo. Constituição como produto da razão;
• “A força normativa da Constituição – Hesse – as normas constitucionais contêm uma força própria, decorrente apenas de seu caráter normativo, impositivo, imperativo. Essa força é capaz de produzir mudanças na sociedade;
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Sentido material
• Conjunto de normas inseridas na Constituição que dizem respeito à organização do Estado, estrutura do poder
político e direitos e garantias fundamentais;
• Conteúdo próprio da Constituição;
• Definição das matérias típicas da Constituição;
• Conforme a Declaração dos Direitos do Homem (Revolução
Francesa), são materialmente constitucionais a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais.
• “Na verdade, tudo o que está inserido na Constituição é
constitucional. Se não fosse, haveria hierarquia entre normas constitucionais, o que o sistema jurídico não permite.”
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Sentido formal
• Conjunto de normas qualificadas em relação a outras
normas como hierarquicamente superiores;
• Conjunto de normas de organização do Estado e do poder;
• Constituição em sentido formal é “um conjunto de normas e princípios contidos num documento solene estabelecido
pelo poder constituinte e somente modificável por processos especiais previstos no seu próprio texto” (José Afonso da Silva, Aplicabilidade, p. 40);
• A distinção entre formal e material aproxima-se da distinção de Carl Schmitt entre constituição e leis constitucionais;
• Supremacia da Constituição
• Decorre da rigidez das normas constitucionais e significa a
superioridade da Constituição no ordenamento jurídico;
• Pode ser material, por dispor a Constituição sobre a organização
do Estado e a estrutura do poder;
• Pode ser formal – somente possível se falar em formal quando
houver rigidez, uma vez que a rigidez é que garante a supremacia formal da Constituição;
• Elementos das Constituições (J. A. da Silva e J. H. Meirelles Teixeira
• As Constituições contemporâneas contêm matérias de diversa
natureza, organizadas pelo poder constituinte, que podem ser agrupadas nos elementos das constituições, os quais, por sua vez, se dividem em cinco categorias:
• Elementos orgânicos: normas que regulam a estrutura do
Estado e do poder. CF 88 – Títulos da Organização do Estado, Organização dos Poderes, Forças Armadas e Segurança
Pública, Tributação e Orçamento;
• Elementos limitativos: direitos e garantias fundamentais direitos individuais, direito de nacionalidade, e direitos políticos. Limitam a ação do Estado e o poder dos órgãos estatais. Excetuam-se os direitos sociais;
• Elementos sócio ideológicos: normas que revelam a concepção de Estado , o modelo intervencionista e democrático. CF 88 – direitos sociais, ordem econômica e financeira, ordem social;
• Elementos de estabilização constitucional: normas que asseguram a defesa da Constituição e do Estado e das instituições democráticas. CF 88 – ação de
inconstitucionalidade, intervenção, defesa do Estado;
• Elementos formais de aplicabilidade: regras de aplicação da Constituição. CF 88 – disposições transitórias, 5º,§1º.