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MARIA ZENAIDE DA SILVA LIMA

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Academic year: 2021

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MARIA ZENAIDE DA SILVA LIMA

APAE - EXCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL: ENTRE O DISCURSO FILANTRÓPICO E O INSTITUCIONAL. UM ESTUDO DE CASO. A SÍNDROME DE DOWN NO MERCADO DE TRABALHO RIO-BRANQUENSE

(1981-2010)

RIO BRANCO 2011

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APAE - EXCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL: ENTRE O DISCURSO FILANTRÓPICO E O INSTITUCIONAL. UM ESTUDO DE CASO. A SÍNDROME DE DOWN NO MERCADO DE TRABALHO RIO-BRANQUENSE

(1981-2010)

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Bacharelado em História, vinculada ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre, sob a orientação da professora Msc. Geórgia Pereira de Lima, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em História.

RIO BRANCO 2011

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LIMA, Maria Zenaide da Silva. APAE exclusão e inclusão social: entre o discurso filantrópico e o institucional. Um estudo de caso. A Síndrome de Down no mercado de trabalho Rio Branquense (1981-2010). Rio Branco: UFAC, 2011. 78f.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UFAC

L732a Lima, Maria Zenaide da Silva, 1976 -

APAE - exclusão ou inclusão social: entre o discurso filantrópico e o institucional. Um estudo de caso. A Síndrome de Down no mercado de trabalho rio-branquense (1981-2010) / Maria Zenaide da Silva Lima - Rio Branco: UFAC, 2011.

78f : il. ; 30cm.

Monografia (Graduação em História) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre.

Orientadora: Professora Msc. Geórgia Pereira de Lima. Inclui bibliografia

1. APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. 2. Inclusão Social pelo trabalho. 3. Síndrome de Down – Estudo de caso. I. Título.

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APAE - EXCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL: ENTRE O DISCURSO FILANTRÓPICO E O INSTITUCIONAL. UM ESTUDO DE CASO. A SÍNDROME DE DOWN NO MERCADO DE TRABALHO RIO-BRANQUENSE

(1981-2010)

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Bacharelado em História, vinculada ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em História. Orientadora: Professora Msc. Geórgia Pereira de Lima

Rio Branco-AC, ___ de _______ de 2011

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Profª Msc. Geórgia Pereira de Lima – Presidente

________________________________________

Profª. Drª. Maria José Bezerra – Membro

________________________________________

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Aos meus pais Antonio Lima (in memoriam) e Maria das Graças, pelos ensinamentos e exemplos que contribuíram para minha formação, sem o apoio dos quais não teria chegado aonde cheguei.

Aos meus amados filhos Fernanda e Samuel, meu grande motivo de luta e aos quais quero deixar não só o exemplo como estudante, mas, acima de tudo, o respeito ao ser humano independentemente das diferenças.

Ao meu querido irmão Zeildo Lima, que em sua condição de especial (Down) me inspirou na escolha desta temática. A você, querido, todo meu carinho e respeito.

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Infinitas graças a Deus pela vida e pela oportunidade de poder, com este trabalho, louvar e compreender os desígnios de sua infinita sabedoria.

À Universidade Federal do Acre (UFAC), por ofertar o Curso de Bacharelado em História, que contribuiu sobremaneira para minha formação intelectual e preparo para o exercício do ofício de historiadora.

Aos professores do Curso de Bacharelado em História, pelo apoio em todos os momentos e pelo repasse de informações importantes aos graduandos.

À orientadora, professora-doutoranda em História Social Geórgia Pereira Lima, pelo vasto conhecimento nos estudos sobre educação especial, pelo muito que me ensinou e, principalmente, pela paciência com minha falta de experiência em pesquisa científica.

À professora-doutora Maria José Bezerra, pela constante disponibilidade e presteza com que esclareceu nossas dúvidas durante a realização deste trabalho, propiciando-nos vários momentos de aprendizagem, além de sempre nos incentivar e acreditar no objeto de estudo da presente pesquisa, sendo um exemplo de pessoa e profissional no exercício do magistério.

À APAE de Rio Branco, na pessoa de Maria Cecília Garcia de Lima, e ao SINE de Rio Branco, por meio de Heloísa Pantoja, pela disponibilidade e essencial ajuda na realização desta pesquisa.

Às amigas Verônica Maria e Janaira Souza, pela amizade e pelas inúmeras palavras de incentivo e carinho.

À minha querida filha Fernanda, grande companheira que, mesmo criança, soube compreender meus momentos de ausência

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para agradecer toda a ajuda que você me ofereceu.

À memória de Antonio Ferreira Lima, meu pai, pelo exemplo de vida e que, infelizmente, não teve a oportunidade de compartilhar este momento ao meu lado.

À minha querida mãe Maria da Graças Lima, por todo amor, carinho e apoio incondicionais.

Ao querido meu filho Samuel Furtado, que em sua inocência teve que suportar minhas ausências constantes, falta de paciência e atenção.

A todos os colegas de turma, em especial Antonio Francalino e Francisco Assis, pela convivência e parceria.

Às colegas e colaboradoras Adriana Azevedo e Adriana Alves, pela amizade e ajuda na elaboração deste trabalho.

Aos queridos amigos Edcleu Magalhães e Silvana Batista, pela amizade, companheirismo, auxílio e dedicação. Amigos que com certeza ficarão para sempre.

À minha irmã Zulene Lima, pelo apoio e por estar sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis.

Enfim, a todos que, de uma ou de outra maneira, colaboraram para a concretização deste trabalho, seja pela ajuda constante, seja com uma palavra de incentivo.

A todos meu muito Obrigada!

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“O que ainda me preocupa é a harmonia entre os homens, a confiança e o respeito que devem existir entre todos aqueles que, convivendo, constroem o presente e o futuro.

“Gostaria de ver, nesse conjunto de pessoas –

desde a portadora de deficiência mais profunda a mais talentosa, da mais desajustada a mais integrada –, todas

irmanadas e membros de uma só família, ajudando-se e respeitando-se mutuamente.” [Grifos nossos]

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APAE – Associação Pais e Amigos dos Excepcionais CF – Constituição Federal

DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis LDB – Lei de Diretrizes e Bases

MDE – Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

MEC – Ministério da Educação e do Desporto MPE – Ministério Público Estadual

PNE – Pessoas com Necessidades Especiais. PPP – Projeto Político Pedagógico

SD - Síndrome de Down

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SEMSUR – Secretaria Municipal de Serviços Urbanos TRE – Tribunal Regional Eleitoral

TJ/AC – Tribunal de Justiça do Acre UFAC – Universidade Federal do Acre SINE – Sistema Nacional de Emprego

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FIGURA 1 – Símbolo da APAE/AC...33

GRÁFICO 1 – Panorama geral – Rio Branco/Acre...62

GRÁFICO 2 – Trabalhadores com necessidades especiais encaminhados pelo SINE/AC...63

GRÁFICO 3 – Trabalhadores com necessidades especiais inscritos pelo SINE/AC...64

GRÁFICO 4 – Vagas de emprego para Pessoas com Necessidades Especiais...65 GRÁFICO 5 - Inscritos no SINE/AC por tipo de necessidades especiais...67

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TABELA 1 – Primeiras APAEs Brasil...32

TABELA 2 – APAEs criadas no Brasil...33

TABELA 3 – Quadro de pessoal da APAE de Rio Branco...42

ABELA 4 – Quadro de funcionários por empresa...55

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RESUMO

Este trabalho traz um olhar acerca do processo de inclusão, com base nos “Direitos da Pessoa com Necessidade Especial”, contextualizando historicamente da exclusão à igualdade formal. Nesse sentido, apresenta ampla reflexão sobre um tema tão pouco explorado pela historiografia, notadamente a regional. O estudo realizado permite desvendar questões pertinentes à historicidade de sujeitos sociais marginalizados e culmina por lançar um “olhar” sobre a complexidade do conceito de dignidade humana e suas contradições, inclusive em face do global desmonte do Estado de Bem-Estar Social, de cujos benefícios passamos ao largo. O propósito da pesquisa realizada consistiu em delinear uma instigante trajetória de sujeitos históricos, pessoa com Necessidade Educacional Especial. No decorrer da pesquisa, buscou-se destacar as lutas deste segmento em prol de seus interesses e direitos, diante de um panorama de enormes desigualdades materiais, de discriminação social e de um Estado muitas vezes omisso e desaparelhado. Nesta conjuntura, surge a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), com o objetivo de proporcionar o atendimento a essa clientela, tratada por muito tempo como hipossuficientes, classificados por brasileiros de “segunda classe”, na perspectiva do reconhecimento da efetiva igualdade, que transcende o caráter formal das leis, corporificando-se em direitos cidadãos. No decorrer da investigação histórica desenvolvida, fez-se uso da metodologia da História Oral, o que possibilitou capturar o que pais e profissionais esperam da política de inclusão dos sujeitos sociais especiais, proporcionando, assim, o diálogo entre oralidade e história.

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This paper presents a look about the process of inclusion, based on the "Rights of Persons with Special Needs", deletion of historically contextualizing the formal equality. In this sense, it presents a broad reflection on the theme so little explored by historiography, notably the regional level. The study allows unravel issues relevant to the history of marginalized social subjects and culminates by launching a "look" of the complexity of the concept of human dignity and its contradictions, even in the face of the global dismantling of the State of Social Welfare, whose benefits passed off. The purpose of the survey was to outline a compelling trajectory of historical subjects, people with Special Educational Needs. During the study, we sought to highlight the struggles of this segment on behalf of their interests and rights, against a backdrop of huge material inequalities, social discrimination and a state often silent and is not equipped. At this juncture, there APAE (Association of Parents and Friends of Exceptional Children), with the goal of providing care for these patients, long treated as a disadvantage by Brazilians classified as "second class" in view of the recognition of true equality which transcends the formal character of the laws, embodying in civil rights. In the course of historical research developed, it was used the methodology of oral history, which allowed capture what parents and professionals expect the policy of social inclusion of special subjects, thus providing the dialogue between orality and history.

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INTRODUÇÃO...15

CAPÍTULO 1 - APAE: EDUCAÇÃO, CIDADANIA E DIREITOS

SOCIAIS...18

1.1 Recompondo passado e presente: da exclusão à inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais...19

1.2 O Brasil no contexto da inclusão social: da resistência à legitimidade das

políticas...26

1.3 APAE: da invisibilidade à visibilidade social de Pessoas com Necessidades

Especiais...31

CAPÍTULO 2 - A APAE E SUAS POLÍTICAS DE ATUAÇÃO NO ACRE:

...36

2.1 APAE: entre a filantropia e assistência social: uma experiência social de homens e mulheres em defesa do outro...37

2.2 A sociedade instituída e a APAE: os vários “olhares” dos impactos sociais de

uma proposta educacional inclusiva...41

2.3 Entre a ação educativa e a constituição de uma rede economicamente viável: a

Síndrome de Down num recorte de cidadania para o trabalho...49

CAPÍTULO 3 - A APAE E A INCLUSÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO: ...57

3.1 O projeto pedagógico da APAE: entre a sedução e a desilusão...58

3.2 A inserção do egresso dos cursos da APAE no mercado de trabalho rio-branquense...60

CONSIDERAÇÕES FINAIS...72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...75

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INTRODUÇÃO

A presente monografia busca tratar a questão dos direitos da Pessoa com Necessidade Especial pela ótica da história e atuação na defesa dos direitos dessas pessoas com o auxílio da APAE - Rio Branco e as contribuições que essa entidade trouxe à população rio-branquense desde a década de 1980 aos dias atuais, não como reprodutores de modelos arcaicos e insatisfatórios frente às atuais e graves demandas sociais do país, mas como possibilidade de transformação do que se mostra injusto e excludente.

Com tal desiderato, reconhece-se a imprescindibilidade do tratamento interdisciplinar da matéria tanto quanto permitem as limitações advindas de um tema que é acentuadamente poroso a outras ciências, indicando parte da doutrina que o estudo das necessidades especiais é, na verdade, um estudo de toda a humanidade.

Nesse passo, a estrutura do trabalho antes referida se dirige, num primeiro momento, à análise de Pessoas com Necessidades Especiais, fazendo uma contextualização desde a Idade Antiga aos dias atuais, para então rumar à evolução e o surgimento da APAE no Brasil e, posteriormente, no Acre, especificamente sua capital, Rio Branco.

Considerando a opção de tratar a questão em estudo no âmbito do Acre, enfatizamos a inclusão de pessoas com Síndrome Down na terceira parte, além de abordar os limites e possibilidades dessas pessoas conforme preceitua o Direito brasileiro.

O tema é, a propósito, como indicado por parte da doutrina, um fenômeno do século XX, embora as necessidades especiais acompanhem desde sempre a humanidade. Fatores e circunstâncias variados confluíram para que no século referido houvesse o despertar para o assunto, consoante abordagem no trabalho.

É com tais ideias que se buscou fundamentalmente pensar como a APAE - Rio Branco pode viabilizar os caminhos do respeito às diversidades, da igualdade efetiva e da cidadania como algo vivo e presente no cotidiano de todos nós.

Inicialmente, no primeiro capítulo busca-se tecer algumas considerações acerca do contexto histórico que acompanha as Pessoas com Necessidades Especiais.

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Para que, através dessas etapas, o caro leitor possa compreender as concepções e etapas pelas quais os PNEs passaram até chegar à nossa contemporaneidade, a historicidade que acompanha esse tema vai desde a segregação até o que conhecemos hoje como inclusão. Faz uma síntese da década de 90 e da importância que, através da Declaração Mundial de Salamanca (Espanha), o conceito de inclusão tomou e que a partir de então passa a ser visto como uma possibilidade de visibilidade social a esse grupo de pessoas que por muito tempo ficou à margem da sociedade e sem vez de participação. É dessa forma que tento explicar o surgimento e quais as contribuições da APAE em Rio Branco.

Na sequência, temos como perspectiva contextualizar o surgimento da APAE na cidade de Rio Branco, tendo como premissa a ideia da assistente social Cecília Maria Garcia Lima, que, como precursora de tais ideias no Estado, teve a iniciativa de criação dessa instituição na capital.

Apesar das grandes dificuldades e dos parcos recursos, houve a necessidade de se buscar apoio de outras pessoas. Dessa forma, surgiu a ideia de se criar um espaço que pudesse atender as problemáticas das Pessoas com Necessidades Especiais. É nesse contexto que surge a APAE em Rio Branco.

Na pesquisa, os dados iniciais foram levantados por meio de entrevistas (formais/informais) e pesquisa documental em organismos que atuam na área, incluindo a APAE e o SINE.

O segundo capítulo se concretizou através de pesquisa documental e utilização da história oral por meio de entrevistas com a assistente social Maria Cecília, que atualmente assume o cargo de coordenadora técnica e que nos dá detalhes dos passos que foram decisivos para a criação da instituição filantrópica, que na atualidade atende um número significativo de Pessoas com Necessidades Especiais, inclusive tendo a preocupação, como consta no Projeto Político-Pedagógico, de criar estratégias para incluí-las no mercado de trabalho, o que está exemplificado melhor no terceiro capítulo.

Por fim, no terceiro capítulo buscou-se abordar a grande problemática deste trabalho, que é fazer um estudo sobre as propostas da inclusão social, visando principalmente o mercado de trabalho rio-branquense, destacando os mecanismos que estão sendo criados para que tais propostas se efetivem.

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Vale destacar que no presente estudo se fez um recorte quanto à necessidade especial - as pessoas com Síndrome de Down -, analisando os percentuais e as possibilidades de inserção dessas pessoas no mercado formal de trabalho tanto através da APAE – Rio Branco quanto do SINE, sendo este último um órgão governamental criado também para o atendimento dessa finalidade.

Fazendo uma análise da eficácia do PPP da APAE – Rio Branco, no que concerne à participação e inclusão de PNEs no mercado de trabalho, recorremos ao SINE para saber se de fato o mercado de trabalho absorve a mão-de-obra capacitada nos cursos oferecidos pela APAE – Rio Branco. Os resultados das políticas e estratégias utilizadas pelas instituições mencionadas anteriormente integram o corpo desta monografia.

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1.1 – Recompondo passado e presente: da exclusão à inclusão de Pessoas com

Necessidades Especiais

“Um pensava que era pobre. Aí, disseram que eu não era pobre, eu era necessitado. Aí, disseram que era autodefesa eu me considerar necessitado, eu era deficiente. Aí, disseram que deficiente era uma péssima imagem, eu era carente. Aí, disseram que carente era um termo inadequado. Eu era desprivilegiado. Até hoje eu não tenho um tostão, mas já tenho um grande vocabulário.”

Feiffer

Ao abordar o tema da inclusão social de Pessoas com Necessidades Especiais, particularmente a inclusão no mercado de trabalho da pessoa com Síndrome de Down na cidade de Rio Branco, dos anos 90 à década de 2000, importa conceber o processo socioeducativo que envolve esta temática.

Dessa forma, podemos contextualizar nosso tema sob duas perspectivas históricas da década de 1960 e 1990, distintas entre si, mas possuidoras de um núcleo comum: as leis estabelecidas no país quanto ao trato dos chamados Pessoas com Necessidades Especiais (PNEs).

Vale ressaltar que o histórico a seguir servirá para situar historicamente a temática. Contudo, pensamos que o aprofundamento deste tema ainda deverá ser alvo de estudo de fôlego, possivelmente a ser realizado noutro momento.

O processo histórico que permite compreender, ao longo do tempo, os dois aspectos contraditórios acerca da inclusão e exclusão dos chamados PNEs remonta à sociedade humana na antiguidade clássica, uma vez que um dos fatores importantes da inclusão social era destacado pela habilidade e destreza para a guerra. Naquele momento, a história registra a “etapa do extermínio” - a pessoa com necessidades especiais não tinha direito à vida. Na fase seguinte, no período conhecido como “etapa filantrópica”, a criança com necessidade especial passou a ser concebida como inválida e incapaz. Se no primeiro momento não havia garantia de vida, no segundo assegurava-se a vida, mas a tornava um peso social. Nesse caso, as ações tinham caráter assistencialista e paternalista.

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Assim, a historicidade dos PNEs mostra que até o século XVIII os registros dão conta da segregação desses sujeitos sociais em organizações religiosas. No fim do século XVIII, com o processo de industrialização, a educação também se estendeu para os filhos das classes trabalhadoras.

No século XIX, com o advento das luzes e das ciências, tem-se o começo do atendimento especial e, particularmente, da área de reabilitação, bem como a primeira legislação específica sobre a questão das Pessoas com Necessidades Especiais, contudo, focada no conceito de deficiência orgânica, projetando a ideia da pessoa inválida, modelo clínico avaliativo outorgado até as décadas de 1970 e 1980 do século XX, quando a medicina e a legislação passam a apontar novas tendências.

A década de 1990 fora um período de conquistas para os Sujeitos Sociais Especiais. Em 1994, houve a Conferência Mundial de Salamanca, na Espanha, país que lança as bases políticas em direção a uma educação inclusiva, que passa a ser vista como um plano progressivo de inclusão social escola-comunidade no contexto educacional, público e privado.

A Declaração de Salamanca (1994) aborda os Princípios, Política e Prática em Educação Especial. Trata-se de uma resolução das Nações Unidas adotada em Assembleia Geral, a qual apresenta os Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para Pessoas com Necessidades Especiais.

É importante ressaltar que a Declaração de Salamanca é considerada mundialmente um dos mais importantes documentos que visa a inclusão social, juntamente com a Convenção sobre os Direitos da Criança (1988) e a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990).

Contudo, essas garantias legais fazem parte da tendência mundial que vem consolidando as bases de uma educação inclusiva, sendo os movimentos iniciados a partir das décadas de 60 e 70 do século passado em favor dos direitos humanos e contra instituições segregacionistas.

Nesse sentido, buscou-se um consenso internacional sobre o direito de todas as crianças de serem educadas nos sistemas regulares de educação, a exigir um processo progressivo e contínuo de inclusão social escolar.

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Há algumas décadas, especialmente a partir dos anos 60, os trabalhos de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari abordam o tema. O termo “exclusão” foi utilizado por Foucault em seu livro “A História da Loucura na Idade Clássica” (1961) para expressar as formas com os significados de “banimento”, “reclusão” e “expulsão”. Para ele, exclusão está diretamente relacionada às formas de distribuição de poder, encontrando-se o termo ligado a controle social e disciplinarização, circulação de poder e constituição de hierarquia.

Destaca, ainda, Foucault em suas análises as diferentes modalidades segregadoras, que eram consideradas um processo totalmente natural pela sociedade, a partir do século XVII. Durante esse tempo, os doentes mentais, por exemplo, eram encarcerados e, por vezes, até acorrentados, no caso de oferecerem algum tipo de “perigo” aos funcionários ou aos demais internos das instituições psiquiátricas. A segregação em instituições psiquiátricas, severamente criticada na literatura foucaultiana, abriu uma discussão nas últimas décadas do século passado sobre o significado da segregação social.

Ao abordar o tema, Gimeno Sacristán (1995) afirma que a segregação pode ser em função da origem de moradia (formação dos guetos, como dos negros), da origem étnica, religiosa ou sexual1, e chama a atenção para o problema da participação de alunos ciganos em escolas espanholas, alertando que a escola deve estar preparada para a diversidade, oferecendo um currículo multicultural.

O aperfeiçoamento da democracia foi outro aspecto que veio questionar a segregação social. Na atualidade, presta-se atenção maior à diversidade, respeitando-se os diferentes grupos étnicos, sociais, religiosos, culturais e sexuais.

Nesse sentido, as teorias multiculturalistas combatem a estigmatização de determinados grupos sociais, e a consequente inferiorização. Isso acontece, por exemplo, com as prostitutas e os hansenianos, que acabaram fazendo valer seus direitos e reivindicam maior informação à sociedade para que o preconceito seja superado.

Por sua vez, Amaral (1994, p.14) estabelece uma comparação entre os problemas vividos pelo movimento feminista no Brasil e o movimento pela integração das Pessoas com

1 Apud Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental Educação Especial,

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Necessidades Especiais, ao afirmar que existe uma notável semelhança entre os dois grupos que se reflete pelas mesmas lutas, em busca do direito à inclusão e à identidade social.

Em sua análise, Amaral (1994), apoiando-se no livro “Elogia da Diferença”, afirma que o mesmo poderia ser dito das Pessoas com Necessidades Especiais: mudado o seu lugar social, viram-se divididas entre passado e presente, entre memória e projeto - da morte ou isolamento à presença no mundo, do “infantilismo” socialmente construído à maturidade possível a cada um.

Como se sabe, a escola regular, durante muito tempo, excluiu o aluno com necessidade especial, seja rejeitando sua matrícula, recomendando a segregação (“... ele deve ir para uma escola especial”), seja considerando-o um cidadão de segunda classe (aceita-o, mas não promove seu desenvolvimento educacional).

O livro “Programa de Capacitação de Recursos Humanos” (1998, p.12) traz questões abordadas pelo sociólogo francês Bordieu2, que afirma que a linguagem é um capital

linguístico e quem fala melhor tem um preço melhor: o da autoridade linguística. Dessa

forma, tenta-se traçar uma possível comparação entre o capital linguístico e a educação. Se considerarmos que a educação é uma forma de investimento, o capital humano é maior e mais poderoso para aqueles que aprendem mais, melhor e mais rápido. Nesse caso, as Pessoas com Necessidades Especiais estariam levando um enorme prejuízo. E isso ocorre porque até hoje ainda existe o estigma de que elas não têm capacidade de se educar e de produzir.

Dessa forma, têm-se dificuldades de se incluir no mercado de trabalho os sujeitos Sociais Especiais de forma eficiente, o que, na verdade, constitui inverdade. Por quê? Porque há atividades ocupacionais que são mais bem desempenhadas por pessoas que possuem alguma necessidade especial. Por exemplo, um surdo é capaz de desempenhar atividade que envolve muitos ruídos de forma mais eficaz, tendo em vista que o barulho não o incomoda e, portanto, não distrai sua atenção. Um cego pode trabalhar melhor em revelação de radiografias (“câmara escura”), pois a falta de luz não o prejudica.

2 Apud Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental Educação Especial,

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Não podemos negar que a necessidade especial traz uma limitação, mas, como afirma Edler (1997, p.54):

Sem deixar de reconhecer as limitações impostas pela deficiência (um surdo não pode ouvir, um cego não pode ver (...), fica o alerta de que tais limitações, por si só, não são impeditivas de auto-realização dos indivíduos). O contexto social, com suas regras, é que lhes impõe pautas de condutas que, se não forem cumpridas, torna-os desviantes, incapacitados [...]

Porquanto as Pessoas com Necessidades Especiais viam-se sem memória e sem projeto, passaram da morte ou isolamento à presença no mundo, sendo tratadas frequentemente de forma infantil. Todavia, é mister observar que o tratamento dado às Pessoas com Necessidades Especiais, ao longo da história da humanidade, também se transformou.

No entanto, é possível constatar alguns avanços, lentos, mas graduais, na maneira como a sociedade lidou com o sujeito social especial. Na era pré-cristã, período da Antiguidade, os sujeitos sociais especiais estavam despossuídos. Eram exterminados, sacrificados em homenagem aos deuses.

Durante a Idade Média, com o auge da religiosidade, filhos com necessidades especiais eram entendidos como “castigo de Deus” e era necessário levarem uma vida de abnegação, protegendo-o e compadecendo-se dele. Sobre isso, Mazzotta (1996, p. 16) afirma que:

A própria religião, com toda sua força cultural, ao colocar o homem como „imagem e semelhança de Deus‟, ser perfeito, inculcava a idéia da condição humana como incluindo perfeição física e mental. E não sendo „parecidos com Deus‟, os portadores de deficiências (ou imperfeições) eram postos à margem da condição humana.

Nos últimos séculos, mormente a partir do XVII, assim como a loucura era tratada de forma segregacionista, em asilos, também a Pessoa com Necessidade Especial era segregada

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da sociedade. Emergiu então, a partir do século XIX, uma nova mentalidade: instituições educacionais dedicadas a prover uma educação especializada e o movimento social da filantropia, considerando que aqueles que se dedicassem à ajuda e à assistência a esse segmento da população “alcançariam o reino dos céus”.

Foi com base nesse entendimento que, segundo Mazzotta (1996, p.29,) D. Pedro II funda no Brasil o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamim Constant, e o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional de Educação de Surdos. Dessa forma, observamos que no curso do tempo, do extermínio da Pessoa com Necessidade Especial até chegar o início de uma tentativa de educação, e desta à inclusiva, existiram avanços. Do século passado aos dias atuais, ocorreu um despertar quanto aos direitos humanos, particularmente no âmbito da educação.

No Brasil, portanto, séculos separam as primeiras iniciativas para a superação dos estereótipos construídos pelo olhar universalizador e discriminante instituído pela sociedade do momento em que amigos e pais de sujeitos especiais uniram esforços para criar um lugar onde as crianças com necessidades especiais tivessem as mesmas oportunidades de acesso à educação e à saúde.

Nesse intuito, surge a APAE, em 1954. Contudo, o discurso da cidadania no Brasil só teve início a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, que, contrariamente às Constituições anteriores, estabeleceu amplos direitos sociais para os segmentos ditos “minorias” ou marginalizados.

A partir de então foram organizados/fortalecidos vários movimentos sociais para lutar pelos direitos de negros, mulheres, índios, idosos e Pessoas com Necessidades Especiais.

A questão da cidadania, que até então era preocupação das ONGs, diante da falência ou incapacidade do Estado de atender as necessidades desses segmentos sociais, passou a ser incorporada nos projetos dos governos municipais, estaduais e federais, que, através das secretarias sociais e/ou entidades criadas para essas finalidades, priorizaram o desenvolvimento de ações voltadas para as garantias dos direitos sociais, através de vários programas e projetos de inclusão social.

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É nesse contexto histórico, particularmente brasileiro, com mais de dois séculos e meio, que se pode agora, no âmbito dessa pesquisa, começar a discutir o conceito de inclusão social, entendido como o resultado de múltiplas lutas no tempo e no espaço para inserir os sujeitos com necessidades especiais em um convívio social “normal”.

Cabe salientar que, no universo dessa pesquisa, entende-se por inclusão reunir todos os indivíduos, independentemente de cor, raça, religião e etnia, inclusive Pessoas com Necessidades Especiais, que buscaram através de inúmeras lutas, auxiliados por movimentos sociais, o direito a valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidades da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, inclusive direito à educação e ao trabalho, não bastando apenas que sejam “colocados” dentro das escolas e no mercado de trabalho, mas que sejam aceitos e respeitados a partir de suas habilidades, e não vistos conforme os estigmas ainda existentes.

Partindo desse principio, no qual se buscam formas de incluir a Pessoa com Necessidade Especial em um convívio com a sociedade, é que nasce a luta pela igualdade, tendo em vista que, até meados do século XX, tinha-se uma ideia de que a Pessoa com Necessidade Especial tinha que ser tratada como alguém incapaz de estudar, trabalhar ou exercer atividades como qualquer outra pessoa.

No entanto, isso começa a mudar principalmente dentro da área da educação, onde as discussões começam a surtir efeitos, pois agora se precisaria de um profissional preparado para lidar com a educação das pessoas especiais. Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN n. 9394/96 reconhece o preparo do professor para trabalhar com o aluno com necessidades educacionais especiais como condição sine qua non para que a inclusão se estabeleça conforme preceitua o artigo 59, ao estabelecer que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades; [...] III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. (LDBEN n. 9394/96)

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Portanto, a historicidade que envolve a questão dos PNEs nos permite compreender o processo de inclusão social desses sujeitos sociais, atualmente definido pelas políticas públicas do Estado, resultantes das inúmeras lutas pela não-exclusão, mas, também, uma construção socialmente constituída ao longo da história das sociedades filantrópicas até a afetiva organização do Estado Nacional.

1.2 O Brasil no contexto da inclusão social: da resistência à legitimidade das políticas públicas

Em fins da década de 60, a integração surgiu como palavra de ordem para os que se interessavam e estavam envolvidos com o seu atendimento. A integração é o processo que visa o estabelecimento de condições que facilitem a participação da Pessoa com Necessidades Educacionais Especiais na sociedade, obedecendo aos valores democráticos de igualdade, participação ativa e respeito a direitos e deveres socialmente estabelecidos.

A colocação do aluno, por exemplo, numa escola especial significou para muitos um retrocesso, numa época, num espaço. Entretanto, para alguns deles, que se encontravam anteriormente em hospitais, representou um avanço social. Quanto às classes especiais, permitiu que os alunos vivessem experiências como os demais alunos em várias situações escolares, no que houve um retrocesso. Se comparar com outros países que naquela época mantinham o aluno com necessidade especial mental leve em escolas especiais, houve um avanço.

De certo modo, essa prática estava associada aos movimentos de desrotulação e desinstitucionalização. Eles abriram caminho para o surgimento do paradigma da inclusão, como desafio a todos nós educadores, para o terceiro milênio – matricular todas as crianças e jovens nas escolas regulares da comunidade em que vivem, a menos que existam fortes razões para agir de outra forma.

Com uma opção política pela organização de um sistema educacional inclusivo, vem coroar um movimento para assegurar a todos os cidadãos, inclusive aos com necessidades educacionais especiais, a possibilidade de aprender a administrar a convivência digna e respeitosa numa sociedade complexa e diversificada.

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Contudo, é relevante destacar o processo que comporta a temática da inclusão em razão da atual abordagem educacional relativa às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (PNE). Nesse sentido, é pertinente discorrer sobre o significado mais amplo do conceito oposto, o da exclusão.

O tema exclusão adquiriu força maior no Brasil na última década. A exclusão tem articulação direta com a dinâmica social como um todo, em especial com os desdobramentos do modo de produção capitalista3. Assim, são excluídos do processo de produção todos aqueles que, por uma razão ou outra, não conseguem produzir de forma rápida e eficiente.

O que se considera na atualidade como exclusão social, na realidade, abrange diferentes concepções ao longo da história. As pessoas que apresentam dentro do contexto social uma disfunção ou inadaptação individual acabam por gerar ações governamentais ou de parte da sociedade civil organizada que se traduzem em uma técnica corretiva de reparação, caracterizada por uma intervenção social, do tipo filantrópico ou de assistência social.

As dificuldades ou limitações que levam a essa inadaptação podem, entretanto, ser superadas pelo sistema educacional ou ainda através de diferentes acompanhamentos feitos por serviços especializados.

O problema da exclusão social no Brasil não é novo, e talvez por isso mesmo seja tão inaceitável. Nem mesmo a industrialização conseguiu amenizar o contexto de desigualdades vigente.

Pensar o desenvolvimento nacional implica “incluir” largas parcelas da sociedade, sobretudo no que se atém aos segmentos subalternos, tendo como horizonte a instauração de uma sociedade de todos e para todos.

Nesse sentido, o quadro abismal de desigualdades existente no Brasil inspirou os congressistas quando da elaboração da Constituição de 1988 no que diz respeito a instituir medidas que possam gradativamente rever a situação de exclusão das “minorias” por meio de programas/projetos de intervenção social frente às implicações sociais geradas pela política

3

Fontes, 1997, Apud Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental Educação Especial, 1998. p. 10.

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macroeconômica nacional. Considerando o exposto acima, a temática cidadania passou a significar a instauração de uma sociedade com direitos e oportunidades iguais para todos.

Existiram, e existem, também esforços quanto à questão do abuso sexual de crianças e adolescentes, bem como direcionados para a realidade de desassistência e violência das crianças ditas de “rua” ou inseridas precocemente no mundo do trabalho, o que culminou na elaboração e aprovação do Estatuto da Criança e Adolescente. Como parte desse processo, grupos sociais articulados ou não com os partidos políticos, sobretudo os de esquerda, passaram a desenvolver trabalhos comunitários por meio de voluntários.

O voluntariado social, inclusive através da mídia nacional, passou a ser visto como estratégia de resultados quanto a superar/minimizar os graves percentuais de brasileiros excluídos. O debate da inclusão social se expandiu, propiciando a realização de seminários, mudanças na legislação vigente e a criação de estatutos. A esse respeito, merece ser ressaltado o Estatuto do Idoso (aprovado em 1 de outubro 2003) e culmina com a lei federal de nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, quanto à obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e a implementação do sistema de cotas para negros nas universidades. Acrescentando-se que a lei 11.645, de 10 de março de 2008.

Diante do exposto, ressalta-se que o “governo Lula” 4, formado por uma ampla frente de partidos políticos, elegeu como prioridade governamental instaurar o “Brasil de todos”, slogan que expressa um conjunto de ações sociais que vêm sendo realizadas, algumas numa ação consorciada com empresas públicas, ONGs, iniciativa privada, associações de classes e meios de comunicação (televisão, jornais, rádios).

A perspectiva vislumbrada é incluir o maior número possível de pessoas numa proposta de elevação da autoestima. Para mudar a concepção de que o brasileiro tem de si mesmo como inferior, perdedor, incapaz, foi realizada a campanha “O Melhor do Brasil é o Brasileiro”, inspirada na frase do folclorista Luiz da Câmara Cascudo.

A valorização da terra e da gente brasileira caracterizada pela diversidade em vários aspectos torna-se alvo das atenções da sociedade civil organizada, envolvendo nesse contexto também as igrejas no que concerne ao desenvolvimento de trabalhos comunitários que

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reforcem os laços de família, a superação de hábitos de dependência química, violência e preconceitos, a geração de emprego e renda e suporte aos pequenos e médios produtores nos diversos setores da economia nacional.

Embora o modelo econômico capitalista seja a opção viável do governo Lula, caracterizado como de “esquerda”, certos princípios do socialismo são contemplados como filosofia nas diretrizes das políticas governamentais.

Nesse horizonte se insere a questão das Pessoas com Necessidades Especiais, conforme preceitua a Constituição Federal, lei n°.7853/89, e as medidas viabilizadas em relação ao ingresso destes no mercado de trabalho. A esse respeito, a lei 8.213/99 estabelece o percentual de até 5% (cinco por cento).

A educação ocupa lugar primordial na estratégia de desenvolvimento de um país. Principal fator de modernidade é um instrumento efetivo para a formação da cidadania. Por esse motivo, são intrínsecas suas relações com as condições de participação social. Sintonizando com os princípios tão claramente defendidos pela sociedade, o governo brasileiro precisa dar destaque à educação, defendendo a ideia de que sem ela todos os direitos da pessoa tornam-se sem valor.

Como cita o texto do Ministério da Educação (MEC, 2005), tem-se que proporcionar a convivência com as diversidades educacionais especiais e maior possibilidade de desenvolvimento acadêmico e social, dando acessibilidade aos PNEs nas escolas, nas também na capacitação de profissionais nas escolas tanto para os professores quanto para os demais funcionários.

Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas. Nos movimentos sociais vinculados aos direitos das pessoas com necessidades especiais, é sabido, sempre esteve presente de forma veemente a preocupação em informar as sociedades de todo planeta de que muitas das necessidades especiais não significam incapacidade para quem as possui. Ou seja, independentemente da limitação, que nem sempre atinge os limites da incapacidade, a grande maioria está apta a expressar sua vontade, a exercer seus direitos, e os quer exercer. Têm necessidade de aprender, têm curiosidade e muitas habilidades.

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Creio que na prática esse princípio funcionaria se fossem dadas as ferramentas a essas crianças. Demerval Saviani (1993) aborda que só vamos acabar com a divisão de classes quando dermos a elas ferramentas (conteúdos) para que a classe dominada possa reivindicar seus direitos. Esse conceito se aplica muito bem no que se atêm as Pessoas com Necessidades Especiais quanto às oportunidades de aprendizagem.

Considerando o exposto acima, convém ressaltar que a Declaração de Salamanca (1994) apresenta aspecto inovador ao enfatizar que:

[...] proporcionou uma oportunidade única de colocação da educação especial dentro da estrutura de „educação para todos‟ firmada em 1990 [...] promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia da inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem.

O referido documento também ampliou o conceito de necessidades educacionais especiais, incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for. Assim, a idéia de "Necessidades Educacionais Especiais" passou a incluir, além das crianças com necessidades especiais, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou permanentes na escola, as que estejam repetindo continuamente os anos escolares, as que sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram distantes de quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais ou as que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo.

Tornou-se evidente o impacto do conteúdo da mencionada Declaração quanto à inclusão na educação, ao destacar que:

O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos

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como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, usando recursos e parcerias com a comunidade [...]. Dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra de que possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva [...].

Portanto, é nesse contexto das lutas pelos direitos sociais de todos que se insere a APAE, na perspectiva da inclusão educacional de crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais.

1.3 - APAE: da invisibilidade à visibilidade social de Pessoas com Necessidades Especiais

De acordo com Federação Nacional das APAES (1997), a Associação de Pais e

Amigos dos Excepcionais é um Movimento que se destaca pelo pioneirismo, tendo em vista ter sido fundada no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1954, na ocasião da chegada ao Brasil de Beatrice Bemis, procedente dos Estados Unidos, na condição de membro do corpo diplomático norte-americano e mãe de uma pessoa com Síndrome de Down. Ressalta-se que a referida senhora, em seu país de origem, havia participado da criação de mais de duzentas e cinquenta associações de pais e amigos e admirava-se por não existir algo semelhante no Brasil.

Devido à influência dessa mulher, um grupo, congregando pais, amigos, professores e médicos de excepcionais, fundou a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do Brasil. A primeira reunião do Conselho Deliberativo ocorreu em março de 1955, na sede da Sociedade de Pestalozzi do Brasil, que colocou à disposição desta parte de um prédio, para que instalasse uma escola para crianças excepcionais, conforme desejo do professor La Fayette Cortes.5

A entidade no âmbito da sede provisória iniciou suas atividades criando duas classes especiais, com cerca de vinte crianças. A escola desenvolveu-se, seus alunos tornaram-se

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adolescentes e necessitaram de atividades criativas e profissionalizantes. Nessa perspectiva, a Federação Nacional das APAES afirma que surgiu, assim, a primeira oficina pedagógica ligada à carpintaria destinada às Pessoas com Necessidades Especiais no Brasil, por iniciativa da professora Olívia Pereira.

Esse fato se reveste de grande significado, tendo em vista que pela primeira vez no Brasil discutia-se a questão da Pessoa com Necessidade Especial, num grupo de famílias que trazia para o movimento suas experiências como pais de pessoas especiais e, em alguns casos, também como técnicos na área.

Para uma melhor articulação de suas propostas, sentiram a necessidade de criar um organismo nacional. A primeira ideia era a formação de um conselho e a segunda, a criação da Federação de APAES. Prevaleceu esta última, que foi fundada no dia 10 de novembro de 1962 e funcionou durante vários anos em São Paulo, no consultório do médico Stanislau Krynsky. O primeiro presidente da diretoria provisória eleita foi médico Antonio Clemente Filho.6 Diante dessas articulações de idéias, surgiram as primeiras APAES no Brasil, como mostra a figura a seguir.

Tabela 1: Primeiras APAES no Brasil

APAE ESTADO DATA DE FUNDAÇÃO

Rio de Janeiro RJ 11/12/1954

Brusque SC 14/09/1955

Volta Redonda RJ 09/04/1956

Fonte: FEDERAÇÃO NACIONAL DAS APAES, 1997.

Com a aquisição da sede própria, a Federação foi transferida para Brasília. Adotou-se como símbolo a figura de uma flor ladeada por duas mãos em perfil, desniveladas - uma em posição de amparo e a outra, de proteção.

6

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FIGURA 1 – Símbolo da APAE/RIO BRANCO

Fonte: http://www.riobranco.apaebrasil.org.br/

O movimento logo se expandiu para outras capitais e depois para o interior das demais unidades da federação brasileira. Atualmente, decorridos cinquenta e três anos, existem mais de duas mil APAES, distribuídas no território nacional. Convém mencionarmos que é o movimento filantrópico de maior impacto no Brasil e no mundo, na sua área de atuação. É uma explosão de multiplicação, verdadeiramente notável sob todos os aspectos, levando-se em conta as dificuldades de um país como o nosso, terrivelmente carente de recursos no campo da educação e, mais ainda, na área de educação especial.

Para que se possa constatar a amplitude da atuação das APAES, apresentamos o quadro abaixo, no qual podemos observar o crescimento desse movimento e as datas de fundação das entidade.

Tabela 2: APAES criadas no Brasil

.

ESTADO APAE DATA DE FUNDAÇÃO

Acre Rio Branco 31/07/1981

Alagoas Maceió 20/08/1964

Amazonas Manaus 04/05/1973

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Bahia Salvador 03/10/1968

Ceará Fortaleza 28/08/1965

Distrito Federal Brasília 22/08/1965

Espírito Santo Vitória 27/05/1965

Goiás Goiânia 15/05/1969

Maranhão São Luís 10/03/1971

Minas Gerais São Lourenço 01/06/1956

Mato Grosso do Sul Campo Grande 10/06/1967

Mato Grosso Cuiabá 06/10/1967

Pará Belém 30/11/1962

Paraíba João Pessoa 23/03/1957

Pernambuco Recife 27/10/1961

Piauí Teresina 04/06/1968

Paraná Curitiba 06/10/1962

Rio de Janeiro Rio de Janeiro 11/12/1954

Rio Grande do Norte Natal 31/10/1959

Rondônia Vilhena 12/02/1981

Roraima - -

Rio Grande do Sul São Leopoldo 07/08/1961

Santa Catarina Brusque 14/09/1955

Sergipe Aracaju 27/08/1967

São Paulo Jundiaí 07/08/1957

Tocantins Araguaína 22/01/1986

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A expansão e atuação da Federação Nacional e das Federações Estaduais, seguindo a mesma linha filosófica da primeira, permitiram e incentivaram a formação de novas APAES. Estas, através de congressos, encontros, cursos, palestras e atividades correlatas, sensibilizam a sociedade em geral, bem como viabilizam os mecanismos que garantem os direitos da cidadania da Pessoa com Necessidade Especial no Brasil.

Assim, a APAE vem a ser constituída, integrada por pais e amigos de uma comunidade significativa de alunos com necessidades especiais, contando, para tanto, com a colaboração da sociedade em geral, do comércio, da indústria, dos profissionais liberais, dos políticos, enfim, de todos quantos acreditam, apostam e lutam pela causa da Pessoa com Necessidades Especiais.

Todavia, a entidade, apesar de gozar do registro como associação de utilidade pública nos âmbitos federal, estadual e municipal, defronta-se com as mais diversas dificuldades, essencialmente no tocante a pessoal e à questão financeira. Os últimos recursos talvez sejam insignificantes se comparados à importância do compromisso que todo integrante do movimento tem diante da sociedade, da família e da própria Pessoa com Necessidades Educacionais Especiais.

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2.1 - APAE: entre a filantropia e a assistência social de homens e mulheres em defesa do outro

“Nós não devemos deixar que as incapacidades das pessoas nos impossibilitem de reconhecer as suas habilidades.”

Hallahan e Kauffman

Neste capítulo, nosso propósito é contextualizar historicamente a APAE - Rio Branco, destacando suas realizações no campo da assistência social ligadas à filantropia e os desafios com que ela se defronta na atualidade.

A APAE da cidade de Rio Branco foi fundada em julho de 1981, a partir da ideia inicial da assistente social Cecília Maria Garcia Lima, que, ao tomar conhecimento dos trabalhos desenvolvidos pela APAE de São Paulo, sensibilizou-se com a causa das Pessoas com Necessidades Especiais, passando a ser a maior idealizadora quanto à implantação de uma APAE na capital do Estado do Acre. (PPP, APAE – RIO BRANCO, 2006, p.12).

Importante destacar que Cecília Lima, mesmo sem dispor de dados concretos, era conhecedora da existência de um grande número de pessoas sem atendimento, pois o Centro de Ensino Especial Dom Bosco7, que prestava assistência, não possuía capacidade para absorver a clientela existente nem os recursos materiais e humanos necessários à prestação de serviços com qualidade.

No entanto, apesar do forte desejo e da boa vontade de inúmeras pessoas, conseguiu sensibilizar a sociedade quanto à problemática das Pessoas com Necessidade Especial Intelectual no Acre, tarefa, a propósito, de difícil envergadura.

A campanha de implantação da APAE em Rio Branco teve início em 1980, data instituída como o Ano Internacional da Pessoa com Necessidades Especiais. Nessa época, por coincidência, a capital acreana recebia a visita da professora Maria Monteiro de Medeiros, membro da diretoria da APAE de Manaus (AM).

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O primeiro passo dado foi a convocação de várias pessoas da sociedade para a realização da primeira assembleia geral, que foi realizada no dia 30 de julho de 1981, na sede social da Associação Desportiva Vasco da Gama, com o objetivo de discutirem sobre a necessidade da união dos pais e amigos das Pessoas com Necessidades Especiais visando criar uma associação que tratasse da causa desse segmento.

De acordo com o relato de Cecília Maria, para a concretização desse propósito realizaram-se inúmeras reuniões preparatórias, que culminaram na nomeação dos membros do conselho deliberativo, a saber: Dr. Arthur Chalub Leite, Nazaré Dourado de Souza, Francisca Letícia Holanda de Souza, Dr. Fernando Inácio dos Santos, Wellyton Melo de Souza, Ana da Silva da Silveira, Dr. Helio Cardoni, Guilherme Chalub, Raimunda Holanda de Paula e Edilce Lima, os quais nomearam os membros da primeira diretoria, constituída por Ceres Afonso da Silva, Cecília Maria Garcia Lima de Souza, Maria do Socorro Milone, Siglia Monteiro Abrahão, Normélia Maria Rodrigues Pinho, Rosineide Moura Brasil Meire, Ivan Ferreira da Silva, Maria do Carmo Pismel da Silva, Enaldy Magalhães Silva, Emilia Alves de Souza e Neuza Murata Yonekura. (ATA DA APAE-RIO BRANCO, n° 2, 1981, p.1)

É mister acrescentar que, em virtude da valiosa contribuição prestada tanto na condição de médico responsável pelo diagnóstico das crianças com necessidade especiais quanto pela participação na fundação da instituição, o nome do Dr. Arthur Chalub Leite está presente na designação oficial da instituição, denominada Centro de Atendimento Especial Dr. Arthur Chalub Leite - APAE- Rio Branco.

Naquela oportunidade, outra contribuição importante era ofertada pela senhora Marlize Braga, que, sendo colunista social, tinha acesso à mídia local, o que facilitava a divulgação dos trabalhos desenvolvidos pela APAE - Rio Branco, bem como a aquisição de doações. Vale destacar que a APAE de Rio Branco, conforme o projeto político pedagógico da instituição, é uma entidade que objetiva

[...] atender Pessoas com Necessidades Especiais por meio de modalidade de ensino, oferecendo oportunidades educacionais que possam garantir o desenvolvimento de suas competências e habilidades, a fim de contribuir para desenvolver plenamente o seu potencial e/ou superar ou minimizar suas dificuldades. (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, APAE- RIO BRANCO, 2006, p. 24.)

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Uma vez lançado o desafio de materializar o sonho de criação da entidade, partiu-se para a implantação da APAE - Rio Branco, priorizando sua organização jurídica. Nesse sentido, desenvolveram-se ações quanto à:

Criação de uma legislação de suporte da Instituição, registro das Atas em Cartórios, expedição de ofícios junto ao governo do Acre e ao prefeito de Rio Branco para tornar a Instituição de utilidade pública, bem como junto à Federação Nacional das APAES para o registro da APAE de Rio Branco, elaboração e publicação do Estatuto, divulgação através de rádios, televisão e jornais da criação da Instituição, seus objetivos e relevância social, encaminhamentos de convites às autoridades municipais e governamentais com o intuito de arrecadar recursos. (ATA DA APAE - RIO BRANCO, de n° 4, 1981, p.2)

No entanto sem dispor de recursos financeiros, seus membros tiveram que “cair em campo” para arrecadar as verbas exigidas à implantação da entidade. Sendo assim, os passos iniciais para “fazer acontecer” a APAE, segundo relato de Cecília Maria Garcia Lima, consistiram em buscar contribuições junto à comunidade rio-branquense.

Os primeiros recursos arrecadados se originaram da doação de 1.000 exemplares do livro “Oração do Sol”, de autoria do senhor Calixto, esposo de Isabel Monteiro, e de inúmeras rifas, participação em feiras de bondade, doações e atividades correlatas. Foram formadas comissões para ir às empresas, na busca de novos sócios, definição e levantamento da clientela a ser atendida pela APAE de Rio Branco, tendo-se como principal preocupação o local de funcionamento desta.

Cecília Maria Garcia Lima ainda acrescenta que as principais dificuldades enfrentadas para a criação da APAE na cidade de Rio Branco se deveram à inexistência, na ocasião de sua criação, de convênios com instituições governamentais e privadas, frente à carência de profissionais qualificados que atuassem na área:

(40)

Naquela época, o quadro de pessoal era composto de 5 (cinco) psicólogos e 3 (três) fisioterapeutas no Estado, não existindo ainda fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e neurologista infantil. Outros fatores que se tornaram obstáculo eram a discriminação e o preconceito por parte da sociedade, o que reforçava a resistência de pais e familiares, que por desconhecer os tipos de atendimentos oferecidos pela instituição se recusavam em apresentar seus filhos a uma instituição como deficientes.

Os atendimentos propriamente ditos destinados à clientela tiveram início no ano de 1983, em uma pequena casa de madeira cedida por Francisco Ferreira Lima, pai de Cecília Maria Garcia Lima, graças às doações de móveis e utensílios pelos demais membros da diretoria.

Os primeiros alunos eram provenientes da Escola Dom Bosco8, selecionados por meio de uma triagem, tendo em vista que a instituição de ensino, até aquele momento, era o único órgão do Estado que atendia todos os tipos de necessidades especiais por dispor de profissionais qualificados, ficando a APAE responsável pelo atendimento de seis alunos, considerados “educáveis e treináveis”, provenientes do Centro Educacional Dom Bosco.

A APAE funcionou naquele local até o ano de 1993, quando se mudou para a sede própria construída pelo governo Edson Cadaxo. Atualmente funciona num prédio com 1.500 metros quadrados de área construída, em uma área total de oito mil metros quadrados, localizada na Rua Major Ladislau Ferreira, 67, Conjunto Esperança I, bairro Floresta, em Rio Branco, e atende cerca de 250 alunos.

Contando com espaço físico próprio, composto por salas de aula, sala de fisioterapia e fonoaudióloga, salas de psicólogos, laboratório de informática, gabinete dentário e outros, oferece diversos serviços a sua clientela: assistência médica, assistência pedagógica e toda a estrutura de cursos profissionalizantes que garante e possibilite o desenvolvimento social, cultural, artístico e profissional das Pessoas com Necessidades Especiais. Todavia, apesar dos avanços alcançados, as carências ainda são muitas, pois o espaço físico disponível está insuficiente para a demanda.

Como destaca o Projeto Político Pedagógico “Educar para a Vida” (PPP- APAE, 2006), APAE tem suas ações voltadas para o atendimento de Pessoas com Necessidade

(41)

Especial mental, entre outras especiais, ofertando na modalidade de ensino os seguintes níveis: Estimulação Precoce de 0 a 3 anos, Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissionalizante, Sala de Recursos - AEE, Laboratório de Informática, Acompanhamento Itinerante, Assistência Social, Psicologia, Fisioterapia, Apoio à Família e Artes (Dança e Teatro).

Conforme o relato de Cecília Maria, a APAE, como organização não-governamental sem fins lucrativos, é dirigida por uma diretoria executiva formada por pais e amigos da causa “Pessoas com Necessidades Especiais” e está composta da seguinte forma: Presidente: Wellyton Melo de Souza, vice-presidente: Francisca Timóteo dos Santos, primeiro-diretor-secretário: Rosilene Araújo Moreira, segundo-diretor-secretário: Mirian de Moura Magalhães, primeiro-diretor-tesoureiro: Luiz Melquiades Américo de Souza, segundo-diretor-tesoureiro: Cislene Balica Monteiro, diretor de patrimônio: Maria Gomes Pimentel, diretor social: Paulo Sérgio Soriano de Abreu, e procurador-geral: Marcos Rangel da Silva.

O Conselho Administrativo, por sua vez, é composto de um Conselho Fiscal e conselheiros efetivos. Tem como gestores Alcides Silva de Souza, Cláudio Camelo Barbosa e Francisco Ferreira Lima. Atualmente atuam como conselheiros suplentes Cecília Luiz Teixeira, Francisco Ney Bezerra e José Feliciano Gomes da Silva.

Portanto, a trajetória da APAE - Rio Branco é a demonstração da capacidade de realização de um conjunto de pessoas idealistas e pragmáticas, que ousaram sonhar e realizar um sonho, possibilitando que crianças com necessidades especiais possam ter direitos e oportunidades iguais, ou seja, inclusão e cidadania.

2.2 – A sociedade instituída e a APAE: os vários “olhares” dos impactos sociais de uma proposta educacional inclusiva

Na atualidade, a APAE de Rio Branco conta com o apoio de algumas entidades municipais, estaduais e federais, sendo o governo do Estado, através da Secretaria de Educação, o responsável pela dotação dos recursos humanos, como: professores, técnicos e

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pessoal de apoio. Recebe também ajuda do governo federal, por meio de convênio de beneficio de prestação continuada.

Tem parcerias também com a Eletroacre, firmada pelo convênio APAE - Energia, através do qual recebe um percentual das doações dos assinantes da Companhia de Eletricidade, e com a Secretaria Municipal de Educação, no caso da merenda escolar.

Acrescenta-se ainda que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) apadrinha os alunos nas comemorações de fim de ano, a Receita Federal doa produtos apreendidos que sejam de utilidade, o Ibama faz doações de madeira apreendida, a Semsur corta a grama e faz a limpeza do quintal, o Senac e o Tribunal de Justiça do Estado do Acre auxiliam, quando se faz necessário, disponibilizando grande quantidade de xerox, a Ufac disponibiliza cartuchos recicláveis, Manutenção do Desenvolvimento do Ensino (MDE), a Cooperativa dos Artesões, o Detran, o Ministério Público Estadual e o Juizado de Pequenas Causas fazem doações de sacolões, além de possibilitar que pessoas cumpram penas alternativas prestando serviços à instituição.

Fica evidente que a APAE - Rio Branco é viabilizada por estabelecer parcerias com vários órgãos, os quais oferecem pequenas doações, porém imprescindíveis a um atendimento de qualidade.

No que se refere ao quadro de pessoal, Cecília Maria, na condição de coordenadora técnica, afirma que, por meio de ações consorciadas, é possível contar com uma equipe qualificada de profissionais.

Tabela 3 - Quadro de pessoal da APAE – Rio Branco

QUANTIDADE PROFISSIONAIS

44 PEDAGOGOS

1 PSICOLÓGO

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1 DENTISTA

1 ASSISTENTE SOCIAL

1 FISIOTERAPEUTA

1 TERAPEUTA OCUPACIONAL

* Até o momento não foi disponibilizado

Fonte: Projeto Político-Pedagógico da APAE, 2006. p. 18.

No entanto, esses profissionais ainda são insuficientes para atender a demanda da clientela, porque a APAE atende aproximadamente 250 alunos, número bem maior que o do corpo funcional. No que se refere à proposta pedagógica de educação, ela esta é centrada nas possibilidades de educação dos alunos com necessidades educacionais especiais, tendo como horizonte a conquista da cidadania e o alcance da autonomia intelectual, moral e social.

As ações pedagógicas do Centro Educacional Dr. Arthur Chalub Leite - APAE - Rio Branco estão fundamentadas nas leis constitucionais vigentes para a educação. A Constituição de 1988, em seu Artigo 6°, preceitua que a educação é um direito de todo brasileiro, e no Artigo 203, capítulo IV, enumera: “... a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”.

Destacam-se neste texto os objetivos da assistência social às Pessoas com Necessidades Especiais. Por sua vez, o Artigo 208, Inciso III, relaciona os deveres do Estado com a educação, prescrevendo o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências „preferencialmente‟ na rede regular de ensino”, culminando com o Artigo 213, ao estabelecer que “os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidas a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas”.

Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), datada de 20 de dezembro 1996, em seu capítulo V, Artigo 58, expressa:

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