�I
CURSO
DE
JORNALISMO
DA
UFSC ANO
XXV,
NÚMERO
10
-FLORIANÓPOLIS,
JULHO
DE 2008
MP
abre
processo
para
investigar
caso
Feese
Depois
de 13 meses deintervenção
judicial,
ainvestigação,
baseada nosperíodo
em que ascontasforamauditadas,
2000a 2007, Aintervenção,
relatórios
daauditoria,
está
noMinistério Público
de SantaCatarina,
que encerradaemmarço
deste ano, provocou umareestruturação
dagestão
instaurou um Processo deInvestigação
Criminal
(PIC),
Otrabalho,
em an- de recursos, e osprocedimentos precisam
sercolocados
emprática pela
damento na25a Promotoria do Tribunal de
Justiça
doestado,
está
sob afundação, Hoje,
a Feescestá
semcredenciamento
junto
à Universidaderesponsabilidade
dopromotor
Davi doEspírito
Santo,Paralelamente
cor- Federal deSanta
Catarina(UFSC)
e enfrenta dificuldades para encontrar rem na Diretoria Estadual deInvestigações
Criminais(Deic)
oitoinquéritos
uma novadiretoriapermanene
A atual permanece apenasaté
novembro.que verificama
existência
de empresasprestadoras
deserviços
à
Feescno páginas4,5 e6Apesar
de
projetos
de
inclusão,
UFSC
ainda
enfrenta desafios
Com
oprojeto
INCLUIR,
auniversi-
inclusão de estudantescomoThiago
dade vai receber
R$
100 mil paraEvangelista, portador
deparalisia
ce-obras deacessibilidade físicaecom-
rebral,
quejá
cursou, comoouvinte,
pra de
equipamentos
para alunos o limite dedisciplinas
que a UFSCportadores
de necessidades espe-permite
e não temcondições
de cas Osinvestimentos,
noentanto,
prestar
um vestibulartradicional.
não são suficientes para promovera páginas8e9
ThiagoPradoNeris
:/>;."".;.. ,
"""1íIíllQÍ�'
,'.Thiago
tentaingressar
na universidade atravésdo vestibulardesde 2004Nova
regulamentação
estabelece
mudança
administrativa
nos
HUs
Medida determina que, até
2009,
todososhospitais
universitários
fede rais devemcriar uma unidade admi nistrativaprópria,
permitindo
oplane
jamento
financeiroindependente,
De acordo com oSintufsc,
ainiciativa é
um passo paraimplantar
afundação
estatal de direito
privado
nosHUs, página7Exportação
de
softwares
deve
atingir
RS 3,5
bilhões até
2010
O mercado é beneficiado
pela
Po lítica deDesenvolvimento
Produtivo,
conjunto
de medidas para desenvolver a
indústria
nacional,
lançada
emjunho,
Aindústria nacional de softvvaresexporta,
anualmente,
R$
800 mi lhões, EmFlorianópolis,
osetor vemcrescendo,
emmédia,
25%
ao ano,página10
•
'-::II
FICA
exibe filmes
de
40
países
Em
Goiás
Velho,
cineastas
ccoccrem no100 Festival.
Internacional de
Cinema
eVídeo
Ambiental
(Fica),
onde
produçÕes estrangeiras
são
malaria.
NaCidade
viveaartista
Goiandira
do
Couto
(foto),
conhecida
mundialmente
porpintar
comareias da Serra
Dourada.
página12
"Schummi" separa as fichas naACA
Pôquer
se
fortalece
no
país
mesmo
envolvido
em
polêmicas
judiciais
A
primeira
vitória
deum brasileironamaior
série
depôquer
domundo,
aWorld Series Of
Poker,
no dia 29 dejunho,
demonstrao crescimento doesporte
nopaís,
Mesmo com aspolêmicas
jurídicas
emtornodojogo
no
Brasil,
surgem cadavezmaisassociações
que reúnempraticantes
e
organizam
torneiosregularmente,
EmFlorianópolis,
aAssociação
deCarteado
EntreAmigos (ACA) possui
CNPJ
ealvará
de funcionamento, Nos sitesespecializados,
aparticipa
ção
de brasileiros também aumentae o
jogo
onlineé
encarado por váriospraticantes
comoumaprofissão,
página15
Campo
de
Petróleo
a
180
km da costa
de SC
produz
a
partir
de 2011
A
previsão
é
queocampo de Cavalo
Marinho,
descoberto em2001,
comporte
24 milhões debarris,
de acordocom oconsorcoexplorador
-composto
pelas
empresas NorseEnergy
(50%),
Petro bras(35%)
eBrasoil
(15%),
A reserva reacendea discussão entre
Paraná
e SantaCatarina
sobreo destino dosroya/
ties,
motivo de um processo movido por SC contrao IBGE,
2
Florianópolis,
julho
de2008+
ZERO
CURW DE JDRNAUSMD ANOXXV,NÚMERO10-FLORIANÓPOliS,JULHO DE 2008
JORNAL
LABORATÓRIO
ZERO AnoXXV- N°10-Julho 2008 Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC
Fechamento: 10 de
julho
CursodeJornalismo - CCE
-UFSC Trindade
-Fpolis
-CEP 88040-900 Tel.:(48)
3721-6599/3721-9490Blog:
www.zero.ufsc.br E-mail: zero@cce.ufsc.brREDAÇÃO
BeatrizFerran,CamilaBrandalise,CauêOliveira,
DanielleReis,EduardoWolff,ElaineAlmeida,
FernandaFriedrich,GrazieleFrederico,João GustavoMunhoz,Juliana DalPíva,JuliePhillipe,
LarissaLinder,LiviaAndrade,MayaraRinaldi,
NancyOutra
EDiÇÃO
Capaeopinião:João GustavoMunhoz,
ManuelaFranceschinfEntrevista: Grazielle SchneiderEspecial: FilipeSpeck,Juliana Dal PivaEducação:DanieleCarvalho,Juliana Gomes Economia:MarianaHilgert,Cristiane Barrionuevo Cultura: TársiaPaulaFariasEsporte:Elaine AlmeidaContracapa:NancyOutra
FOTOGRAFIA
cauêOliveira,DanielleRei�EduardoWolff,Fernanda
Ftiedrich,JoãoMunhoz,LauraDaudén,ThiagoPrado Neris
EDITORAÇÃO
AnnelizeConti,camilaBrandalise,CarolinaGrando,CauêOliveira,EduardoWolff,FláviaSchiochet,
FernandaFriedrich,Filipe Speck,GrazieleFrederico,
GrazielleSchneider,JoãoGustavoMunhoz,Juliana
DalPiva,JulianaGomes,LarissaLinder,Mariana
Hilgert,Nancy Dutra,PedroDellagnelo, ThiagoPrado
Neris,Vera Flesch
PROFESSOR-COORDENADOR
Tattiana Teixeira DRT-BA 1766
COORDENAÇÃO
GRÁFICA
Prof, LucioBaggio
DRT-SC 01084JP
MONITORIA
IsadoraPeron
AGRADECIMENTOS
Pró-reitoriade assuntosestudantis(PRAE)
������
Melhor
Peça
GráficaI,
II,
III,
IVeXISetUniversitário / PUC-RS
1988,89,
90, 91,
92 e98�
MelhorJornal-laboratório I Prêmio Foca
Sind, dos Jornalistas de
se,
2000�
3° melhor Jornal-laboratóriodoBrasil EXPOCOM 1994 Impressão:Grafinorte Circulação:Nacional Distribuição:Gratuita Tiragem:5.000exemplaresEDITORIAL
Será
inclusão social?
o
número
de
universitários
com
alguma
deficiência
é
de
5.078,
de
um
total de
quase
quatro
milhões
de
estudantes
\:.;((
,,"sestudantes que tenham cur
sado
integralmente
o ensinofundamental em escolas
pú
blicas terão direito apelo
menos metade das vagas a serem oferecidas por instituições
federais deensinosuperior
e de educação
profissional
etecnológica",
Isso é oque diz o
Projeto
de Lei546/07,
de autoria da senadora catarinense Ideli Salvatti
(PT-SC), aprovado
no último dia 10pela
Comissãode
Educação,
Cultura e
Esporte
(CE),
quesegue agora para
avaliação
na Câmara, Uma emenda
apresentada pelo
relator doProjeto,
o senador PauloPaim
(PT-RS), prevê
mais:pessoas com deficiência
terão acesso às vagas reser
vadas
independentemente
do fato de terem cursado aeducação
básica emescolaspúblicas,
A discussão abordada
pela
matériado ZERO em torno do sistema de cotas
atinge
um ponto mais relevante do que o monitoramento étnico ou
a
simples distribuição
de vagas em universidades: a inclusão social. O descaso diante do
exemplo
máximoda necessida de de interferência dopoder público
parapossibilitar
o acesso ao ensino e ao conhecimento torna a reserva de vagas no
mínimo contraditória,
O número de universitários com
algu
ma deficiência é de 5,078, de umtotal de
quasequatromilhões de estudantesrecen
seados
pelo
MEC em 2003, Essa não é aCHARGE
realidade de
Thiago
Evangelista,
Portador dedeficiência,
ojovem
já cumpriu,
comoouvinte,as
horas/aula
permitidas
pela
Universidade Federal de Santa
Catarina,
masnão é aluno da
instituição,
O seu sonhode cursaro ensino
superior
regularmente
matriculado esbarra no
processo
seletivoda universidade
-que não
disponibiliza
paraThiago
um outromeiodeseleção
quenão o vestibular
tradicional,
com ínfimasadaptações.
Thiago
é apenas um nouniverso de
24,6
milhõesde pessoas com
alguma
deficiência no Brasil:
visual,
auditiva,
mental,
física oumúltipla,
Em Santa Catarina, são
983,068 deficientes,
segundo
o último censorealizado,
em 2000,pelo
Instituto Brasileiro deGeo
grafia
e Estatística(IBGE),
A
Organização
dasNações
Unidas
(ONU)
e aOrgani
zação
Mundial da Saúde(OMS)
estimamque,acada
dia,
500 brasileiros tornam-sedeficientesem
conseqüência
de acidentes edoenças
que tenhamdeixadoseqüelas.
A
posição
deinstituições
como a UFSCem casos como ode
Thiago
mostra a fragilidade
da filosofia da inclusão social através das cotas,Às
escolas,
não deveria bastar o discurso ou apreocupação
ape nas com osqueseadequam
adeterminadaclassificação.
Aparticularidade
docasodeumcidadão que querentrarem uma uni
versidade e não consegue
é, sim,
um problema de todos,
Sobre
ochargista
FabrícioRezende, autor destacharge, tem 20anos
eestána3afase docursode DesignIndustrial da
Universidade do EstadodeSanta Catarina(Udesc)e a 2a
fasedocursodeDesign Gráfico da Universidade Federal
deSanta Catarina(UFSC), Querentraremcontatocom
ele? Escrevaparafabriciofaustinho@hotmail.com
Para
oschargistas
Sevocê édaquelesquequandolêuma
notícialogoaimaginanumacharge,desenhe
paraoZEROeenvieparaoe-mail zero@
cce.utsc.br. Suachargetambémpodeser
publicadanesseespaçoefazerpartedas
próximas ediçõesdonossojornal
CARTA
AO LEITOR
o
desafio
constante
o começo de maio os
repórteres
do ZERO tiveram acesso à
ação
civil
pública
movidapelo
Minis-tério Público de Santa Catarina contra
aFeese, Os
relatórios,
com cerca de 2,5mil
páginas,
continhaminformações
relativas à auditoriae aintervenção
nafundação
iniciadaem fevereiro de 2007,Algumas
notícias sobre o casoforampublicadas,
mas asensação
era que oprocesso acabara e não haveria mais
desdobramentos,
assim comopublicou
a assessoria de
imprensa
daUFSC,
naocasião. O
equívoco
foicorrigido
poucosdias
depois
com umadeclaração
dopromotor Davi do
Espírito
Santo, Mesmo
assim,
várias dúvidas suscitavaminvestigação:
o que havia realmentesido descoberto
depois
de um ano deanálise nascontasdos
projetos?
Existiailegalidade?
Irregularidade?
Ou, comodefendiam
alguns professores,
era ape nas uma manobrapolítica
em ano deeleição
para reitor?Oexercício do
jornalismo
investigá
tivo é idealizado por muitos estudantes
ao
longo
dagraduação.
Nestes doismeses,descobrimos queescrever umama
téria não é tãodifícil quanto entender
os acontecimentos. O mais
complicado
é fazer uma
apuração
detalhadae nãose
perder
nasinformações
das fontes.Intensas
pesquisas,
20 entrevistas emuitas análises foram realizadas para
a reportagem "MP abre processo para
investigar
Feese". Aofim deste processocomeçamosa rever oconceitode
jorna
lismo
investígatívo.
Não seriaessa umaprática
necessáriaem todos osgêneros
jornalísticos?
Nessaedição
nosdespe
dimos do
ZERO,
deixando paraos colegas, no
próximo
semestre, o desafio demanter um caráter
questionador,
semsensacionalismos,
para o nossojornal
laboratório.
CARTAS
Sugestão
depauta
Olá, pessoal.
Parabénspelo jornal!
Reportagens
interessantesemuitobem
desenvolvidas,
formato e
editoração
idem. Bem,gostaria
desugerir
umamatériasobre
Golfe,
esportequevemcrescendo muitono Brasil nos últimos cinco anos eque
já
contacommaisde 25 milpraticantes.
Atendênciaéque elesetorne umesporte mais
popular
entrenós, Santa Catarinajá
contacomcinco campose
pelo
menos maisdoisem construção.
Desses,doisestãoemFloripa,
odoCostãoe ode
jurerê
Golf Club-quetemnoveburacos e está localizado no Clube
Doze,
em[urerê.
OJGC
foi fundado recentemente por pessoas queiniciaramhá pouconoesporteetem comoob
jetivo
difundiraprática
dogolfe.
MauroTonon,
Florianópolis
A
equipe
doZEROagradece
porsuasugestão.
Elajá
estáanotada.+
Florianópolis, julho
de2008Entrevistai
3
Nascidona
Argentina,
oprofessor
RosendoYunes veio paraoBrasil
quando
asituação
em seupaís
natalficou
complicada
porcausadaditadura, Em 1978,mudou-se para
Florianópolis
e setornouprofessor
daUFSC,alérn deauxiliarem
pesquisas
farmacológicas
paraoMinistériodaSaúde,Eleé
especialista
nosprincípios
ativos de
plantas
medicinaisepesquisador
ernassuntosdaevolução
n,ªs
disciplinas
biológicas,
.
o
professor disponibiliza
seue-mailpara quemtiver dúvidasou
quiser
debaterotemadaentrevista:
ryunes@qmc.ufsc,br
A
filosofia
entre
a
ciência
e
Deus
Rosendo Yunes
é
umhomem da
ciência
cujas
teorias contrastam
com asde muitos membros
da academia:
acredita
emDeus
epropõe
acomplementaridade
entre
ocientífico
e oespiritual.
Professor-doutor do
departamento
de
química
da
Universidade Federal de
Santa Catarina
(UFSC),
ele sugere
aexistência de
umaforça
maior que teria causado
oBig
Bang
e aevolução
das
espécies.
As chances
disso ter
sedado
ao acasosão
mínimas,
de
umsobre dez elevado
a umapotência
de
várias
casasdecimais. Nesta
entrevista,
Yunes fala
desse
encontro
nada convencional
entre
omístico
e opalpável,
entre
aciência,
afilosofia
e areligião.
[O universo}
surgiu
de
uma
grande
explosão (.
..).
Porém,
você vê
que todas
as
explosões
são
produzidas
por
alguém"
ZERO
-Como
surgiu
o seuinteres sepela
associação
dedisciplinas
como abiologia,
a filosofia e afísica
-representadas
na teoriada
evolução,
nosestudossobreamenteenas novasteoriasdouniverso?RosendoYunes- Eu tinha feitocursosdefi
losofiana
Argentina. Depois,
porvontadepessoal,
comeceiatrabalharcom essa
relação
defilosofiacom a ciência e escrevi um
livro,
lançado pela
editora da UFSC, chamadoA
auto-organização
da matéria: Acasoou
informação,
Noinício dosanos
80,
com aformulação
da Teoriado'
Caos,inicia-seum novo
paradigma
dafísica.Essafísica queé muito
in-box),
Oinfinito dos pequenos(partículas),
oinfinito dosenormes(universo)
e oinfinito dacomplexidade
(vida),
ouseja,
existeumaumentodacomplexidade,
O
problema
fundamentaléqueosreducionistaslimitama
explicação
de tudo às moléculase aosátomos.Eu
proponho
umreducionismo total.Atualmente,
vocênão
pode
considerarumátomo,
umamolécula,
como sefossem bolas de bilhar,Umátomo éumacoisa muitocomplexa,
como osexperimentos
com oátomodeBerílio,
noqual
ummesmoátomoestáemdoislugares
diferentesao mesmotempo, Portanto,asexperiências
vêm mostrandoqueamatérianão é tãomaterialas
sim...Existemdiversos físicosqueacreditamque tudo
nãose passa deuma
geometria
doespaço,ou
seja,
umageometria
sobre onada,Então eu,você,
tudo acabasetomandomera
informação,
informação matemática,
insignificante
emrelação
àgrandeza
deoutrascoisas.Seria o homem capaz de
comprovaraexistência deDeus?
Quais
asdificuldades para tal?Eu creio que,
cientificamente,
nãohácomoprovaraexistência
de Deus.
Você, cientificamente,
pode chegar
até certolimite,
apartir
daívocêtemqueextrairasconseqüências
filosóficas de suaciência. Por
exemplo,
vamossupor aorigem
douniverso,você
pode
saber que elesurgiu
deumagrande
explosão,
oBig Bang, Porém,
vocêvêquetodas as
explosões
sãoproduzidas
poralgo
oualguém.
O incomum équeaquela explosão,
doBig Bang,
deuorigem
a umaordem,
o quesíg
nifica que a
entropia
dosistemaeraalgo
muitoespecial,
tinhaumvalor deumaordem máxima.Portanto, as chances disso terse dado ao acaso
são mínimas.
Segundo
Roger
Penrose, famosomatemático de
Cambridge,
são de um divididopor dezelevado a 123a
potência,
ouseja,
quasezero.O
problema
daorigem
davida tambéméparecido,
Há3,5bilhões de anosvocêencontraocódigo genético, exemplo
deorganização
lógico-matemático,
que contava com milhões de bits deinformação.
Comopensar que isso apareceuporacaso?
Finalmente,
arespeito
daevolução
damente humana existe um atrator que é
lógico
matemático,Sabemos queamatemáticaéaciên cia do infinito, Estamos assim orientados para
uminfinito, Tudoisso sãodados
científicos,
masnãoestoufalandoque aciênciaprovaaexistên
cia deDeus,isso vocêdecide desdesuafilosofia.
Eparao
senhor,
Deusexiste?Sim,paramim existesim,porquetodasas
espé
cies animaisforam aumentandoseu
conhecimento,
ohomem
especialmente.
Neles apareceamatemáticacomo um atratorem seumais alto grau,e o
mais interessanteéque,quantomaisabstrata elase
torna, aparentemente,melhorse
interpreta
arealidade, Entãoparece haver aíumaponte,umponto
ômega,
ouseja,
umcampoinformacional deatração
queseriacriadoporumDeus,oser
humano,
desdeseusprimórdios,
cultuafé em
símbolos,
divindadesetc. Isso temalgum
aspectorelativo àevolução?
Euacredito quesim,
É
umfator evolutivomuito
grande,
inclusivequando
selêostextosde Viktor Frankl, Elemostrouque,noscamposdeconcentração
deHitler,
aqueles
que tinhamumsentido,
umaféem
algo,
não necessariamenteem umaforça
superior,
sobreviviammaisaosmaus-tratos.Isso querdizerqueosentido da vida
ajuda
nasobrevivênciadoserhumano. Essafé
pode
ser em umDeus,
noamor,ou a umfilho...
Muitos autores
declaram, hoje
emdia,
ofim da ciência. Você acreditanisso?
Eu acredito que devemos conhecer 5% de todaessa
grandiosidade
douniverso. Nãoacreditonumfim da ciência.
Digam
aelesque vão se cansarde trabalhare, aindaassim,vai faltarmuita coisaparase
pesquisar (risos).
Nossa
ignorância
aindaé muitogrande",
Cauê Oliveira
oinfinitamen� pçquego:cientistasdeclaram que, para queocorra apossibilidade
dese aUmapartíCUla�Jemen\fM,seriaprecisoumacelerador departcuías
etroda
galáxia
o
infinitameh!tlt
complexo:acomplexidadedavida,traduzidan�ÇÓdjgp
genéticoe naeVolJ,lção,Odomínio desuamanipulação (clonagem)
pO(jê
incorrernasdiscuilfiíessobreaunicidade do corpoesobreadualidade
entreelee amente
ZERO
teressante,a meu ver,
Você considera que Eins
tein,
ao derrubar diversos tratados da física newtoniana, tornou-seum
paradigma
e mudou nossa maneira de ver as
situações
físicas?Sim,foium
paradigma
totalmente novo. Com isso, Einstein
mostrou que a matemática se
impõe
sobreosentidocomum.Osentido comum diz que, sevocê
deixaumacanetacair,épor que
existeuma
atração
daTerra. Paraele,
existeumageometria
doespaço. O corpodeformaesselocaleassim vaipara baixo.
Veja
comomudaaconcepção!
Etudo atravésde cálculos matemáticosque,mais
tarde,
foramcomprovados
com aanálise de desvios das luzesde estrelasquepassampróximas
aumcorponoespaço,
osenhor afirmaem seustextosqueamate
mática éuma
importantíssima função
paraseentenderarealidade.Entãocomoconsiderara
matemáticaum
código implícito
narealidade,
sendo que ela éum
código
criadopelo
homem?Naminha teoria,amatemáticaéparte cons
titutivado universo,nãoécriada
pelo homem,
éencontrada
pelo
homem, Isso é fundamental. Amatemáticaédescoberta embutidanarealidade,
osenhorquer
dizer,
então,
queamatemática
já
existiasem ocódigo
criadopelo
homem?Sim,elaestáembutidana
realidade,
eucreio que a matemática fundamentaessa realidade.Isso
explica,
porexemplo,
aevolução
doserhu mano,Estoumostrando queamatemáticae sualógica,
principalmente,
informamarealidade,
eque a
capacidade
cognitiva
emevolução
captamaisessa
informação,
Então,vocêtemmaisdo míniosobreanatureza.Apesar
desse domínio da naturezapelo
homem,
aindasomosinsignificantes
pertodaimensidão do universoe,a
partir disso,
o senhor discorre sobreosinfinitos da realidade.
Oquesãoessesinfinitose comoelesinfluem
nopensamentocientífico?
III
•
4
I
Especial
Florianópolis, julho
de2008O.
quebra-cabeça
de
uma
fundação
Da
Intervenção
do
MP
aos
processos de
investigação,
o
ZERO
revela
as
peças-chave
do
caso
Feesc
assados três meses do fim da
intervenção
judicial
na Fundação
deEnsinoeEngenharia
deSanta Catarina
(Feese),
começama aparecer
explicações
sobre o que ocorreu durante os 13 mesesde auditoria nos
projetos.
Documentosanalisados neste
período
resultaramem sete relatórios.
individuais,
de dicados a cada um dos coordena dores deprojeto:
AriovaldoBolzan,
RicardoMachado, José
Eduardo deLucca,
Jorge
MárioCampagnolo,
Victor
Juliano
Negri,
José
CarlosZanini e Gilberto Inácio Klaumann e a
algumas
empresasprestadoras
deserviço
àfundação
que não tiveram existênciacomprovada.
AS.rregula
ridades constatadas
pelos
auditoresestãoemprocesso de
investigação
noMinistério Público deSanta Catarina
(MP-SC)
e naDiretoria Estadual deInvestigações
Criminais(Deic)
[leia
matériana
página 5].
As
suspeitas
sobre osprojetos
gerenciados
com o aval daFeesecomeçaramem
julho
de2005,com asações
trabalhistascontraafundação,
relativasaos
projetos
do LaboratóriodeEnsinoaDistância
(LED).
Asacusações
dos ex-funcionários aponta.ram contratos
irregulares
e uso indevido da
imagem
da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC),
em 20 cursos realizados
pelo
LED,
entre 1995 e 2003. Asdenúncias fo
ram feitas por trabalhadores autô nomos- o relatório levanta
alguns
casos- envolvidosno
projeto
deensino a distância. Porserem contra
tadoscomo
bolsistas, quando
foram demitidos não tiveram os direitos trabalhistasassegurados
e recorre ramàJustiça
para obterindenização
pelos
danos financeiros sofridosapós
ademissão.
Osanalistas de
finanças
econtrole da Controladoria-Geral da União
(CGU),
Jairo
Martins eRogério
Augusto
Collares,
diante das inúmerasações
trabalhistas no Tribunal daJustiça
do Trabalho(1JT),
iniciarama
investigação.
Aanálise foi feitasobre os
procedimentos
adotados emrelação
aooferecimento doscursos adistância e os acordos
judiciais
firmados entre os ex-funcionários
e aFeese. Asconstata
ções
daCGUprovarama
penhora
de bens da universidadecomogarantia de pagamento
das
ações
trabalhistase usoindevido dasins
talações
eimagem
daUFSC paraa
realização
decursosdoLED.
Em
função
das denúncias trabalhistas,
o INSS,representado
pela
Delegacia
Previdenciária de Florianópolis,
deu início a umaauditorianos
projetos
dafundação,
verificando comoconstavamosregistros
de funcionáriose orecolhimento do Fundo
de Garantia por
Tempo
deServiço
(FGTS)
eImposto
de Renda.Os auditores identificaramque o
principal
método utilizado para gerenciamento dos
projetos
era o mecanismode apresen
tação
denotasfiscaispara reembolso de
serviços.
O métodoera usado tanto por
funcionários,
quedeveriam receber
salários,
quanto po�empresas contra
tadas para realizar todo o trabalho do
projeto.
Masafundação
eauniversidade,
quando
recebemre-cursos
privados
oupúblicos,
tornamse as
responsáveis
pela
execução
doprojeto
e nãopodem, pela
Lei Fede ral8.666/93,
repassar esse trabalhoa um terceiro. Como as
fundações
estão livres do processo de
licitação
na
prestação
deserviços
públicos,
aosubcontratarempresaselasestariam
ferindo a
legislação,
redirecionandoo que seriasua
atribuição
a entidades
privadas.
Asnotasfiscais
apresentadas
para reembolso tambémsemostraramincompatíveis.
No postoSantaMônica,
localizado na avenida Madre Benve
nuta, em
Florianópolis,
porexemplo,
foi emitido
um'
cupom fiscal comprovando
o consumodeR$
1.050emgasolina
comum eálcool,
nodia9de outubro de2002. Notasfiscais derestaurantes também foram entendidas
pelo
INSScomosubterfúgio
para pagamentos
1OO:o{uncionários
ou empresas.A mais'gravemostraumvalor de
R$1.035
naLanchoneteeRestauranteda
Família,
no bairroCórrego
Grande,
nodia14 de setembro de2003,
emnomedeumaúnicapessoa física.
nário daFeese,Ronnie
Fey,
dono daGlobal Minds
Serviços
de Informática
Ltda,
com 87% do faturamentoligado
à Feese.o� casos que levantaram maio res
suspeitas
foram os das empresasPaidéia,
Ásia,
L ;1 Visioneer e PKSolution Consultoria. Embora todas
tivessem
registradas
na ruaAniceto Zac
chi,
emPalhoça,
naGrande
Florianópo
lis,
os auditores doINSS não compro
varam a existência
das
prestadoras
deserviço
naquele
lo cal. Osprofessores
Wladimir Arthur
Fey,
dodepartamento
de CiênciasContábeis,
eJosé
FranciscoSalm,
da
Administração,
são osproprietá
riosda
Paidéia,
quepossui
40% do faturamentorelacionadaa
projetos
daFeese.
Registrada
na mesma sala daPaidéia,
a empresaÁsia
Consultoriatem76%dasuareceita
ligada
àfundação,
e épropriedade
de LieneFey,
mãedo funcionário daFeese Ronnie
Fey.
A PK SolutionConsultoria,
pertencente ao
ex-superintendente
daFeese, Gilberto Inácio
Klaumann,
obteve90%dosseus
ganhos
comprojetos
nafundação.
TeleviaeVissioneersão as outrasduas
registradas
noprédio
emPalhoça,
cuja
existêncianãofoi
comprovada.
Aprimeira
pertence à Alzira
Salvador,
cunhada deKlaumann,
eteve90%desuareceitaligada
àfundação.
Asegunda,
cujos
donossãosogros de
Klaumann,
Martinho e Palmira
Salvador,
recebeuR$1,85
milhões daFeese noperíodo
de2000a2005.
As
irregularidades apontadas pelos
auditoresdo INSSembasarama
ação
civil
pública
queresultounaintervenção
judicial
naFeese,emfevereiro de 2007. O processo,no entanto, começou a se
configurar
emnovembro de2003,
àsvésperas
dosegundo
turnodas
eleições
parareitor daUFSC. Naocasiãoasenadora Ideli Salvatti
(PT
SC)
discursou emplenário
sobre asdenúncias feitas
pelo
INSS. Com asacusações
vindo àtona,João
Alexan dre MassuliniAcosta,responsável pela
25' Promotoria de
Justiça,
reuniu asanálises da
Delegacia
Previdenciária.Em 2007, o
juiz
LuizFelipe
Caneveracatou a
prerrogativa
e afastouadiretoria atuante à
época.
Agerência
passouentão às mãosda administra dora Fátima
Ribeiro,
compoder
de deliberação
ecoordenação.
Por meiodelicitação,
aempresaBDO Trevisanfoi contratadapara realizaraauditoria nascontas de todososprojetos
entre2000e2007.
Empresas
subcontratadas
pertenciam
a
professores
e
servidores
d'1
UFSCou
a
funcionários
da
Feesc
Subcontratação
de empresas Osdelegados
da Previdência constataramsubcontratação
de36
empresas
prestadoras
deserviço
àFeesc.Dezessetedelas
pertenciam
a professores ou servi
dores da UFSC ou,
ainda,
a funcionários da
fundação.
Umdoscasoséode
José
CarlosZanini,
professor
dodepar
tamento de
Enge-nharia Mecânica
e
proprietário
daTríplice
Consulto-ria,Cedese
J&V,
comrespectivamente
64%,
74%e67%dofaturamento vol tado paraprestação
deserviços
aosprojetos.
Outroexemplo
é o funcío- Graziele FredericoEntenda
o
que
aconteceu
l(
__
illt�tab1hiSfas.·.·
.•
· ..cIPtn.·
•. • ..·.n...
.... ., • "'.. ". "�'" a \�IiVinte açõestrabalhistas, impetradasnoTribunal deJustiçadoTrabalho, deramorigem a um
relatórionão-homologadopelaControladoria-Geral da União(CGU),vazadoàimprensaduranteas
eleiçõespara reitornaUFSC,em2007. No documentoestáorelato decomo aCGU encaminhou
asdenúnciase aconstataçãodeusoindevido do dinheiro daFeese,do espaço físicoedonome
daUniversidade.
_-••iili(.}\;�·.
Asaçõestrabalhistas levaramoINSSafiscalizarosCOlltratosempregaticiosdafundação.Concluiu
seQue houveprestaçãoc'ôr 'ascomnotas
frias paraopagamentodetécnico-administrativos
edocentes daUFSC,empregadosdaprópriaFeeseealunos bolsistas. A Previdência Social
reclamouumadívida deR$35milhões,dosquaiscercadeR$6milhões
já
foram sentenciados.As
falhas
apontadas pelas
auditorias da
CGU
e
do
INSS
embasaram
a
ação
civil
pública
••
_IjD�ae:.::_Jiiél3I
PorcontadaapuraçãofeitanaDelegacia Previdenciária,a25aPromotoria do Ministério Público
do EstadodeSanta Catarina(MP-SC) ajuizouumaaçãocivilpúblicapara realizarumaauditoria
independentenascontasdaentidade. OjuizLuísFelipeCaneverafastouadiretoria àépocae
designouFátima Ribeirocomoadministradoraprovisória.Nalicitaçãoconduzidapelainterventora,
foi contratadaaempresa BOO Trevisan para apurarirregularidadesnagestãodosrecursos.
�,de�!--?atinfe��
I'\IBY@"Y,.,",�'�i_ �;lYH'�o,'--, �}'�,�
Devidoaograndevolume dematerial recolhido, a 25' Promotoriapediuaprorrogaçãoda
intervençãode seis para 13meses.
o MP-SC solicitaà Diretoria Estadual deInvestigaçõesCriminais(Deic)averificaçãode documentos
relacionadosaoito empresas quepoderiamestarenvolvidasemfraudesnaprestaçãodeserviços
à Feese,
��liiili_'Ri1ijllitlilij1;'
Para regularizarosprojetos, foi desenvolvidoum novo modelodegestão pela interventora,
publicadodia 18 de marçonoManual da Feese. Aalteraçãonoprocedimentode compra dos
projetosnãoagradouoscoordenadores. Eles deveriam elaborarumpré-planejamentodoscustos
a seraprovado pela fundação.Outropontomodificadoeraqueoscontratosdeveriamserfechados
diretamentecomaUFSC. Afundação,nessecaso,teriaopapeldeapoio,restritoà compra de
pequenosequipamentoseàcontrataçãodefuncionáriostemporários.
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'li�.í.;$J'"k';')'ílf1\li:'V�-.§[",:���!rMqvt�il!i':::;"':':-·_H;;:'_---' ,__
:--_",'�_:���:�'t0:t;éj_-:::-\y<::�L�;:�:::,:
IUmanovadiretoriatomapossee secomprometecom oMP-SCacumprirossistemas adotadose
aprovadosnaintervenção judicial,mantendoaequipequeparticipoudaimplantaçãodesse modelo. Osintegrantessomentepoderiamsair porjustacausa ouvontadeprópria.
�'lliíillll�,_II_�':'�!::'�:;;��irr�'t:i���g1�1f���'��j;�,�i'��- �;t:;�
Apõs13meses,oMP considerouosrelatóriossatisfatórios, Paraotérmino daintervenção judicial,
umasérie de regras deveriaserseguidapelafundação,Dentreelas,duasforamnegadas pelanova
diretoria. Umapediaacontrataçãodeumgerenteadministrativo fora do âmbito universitário. A
outra,garantiaamanutençãode todaaequipeQue trabalhoucom ainterventoranocargo. Comoa
diretoria assumiuosoutroscompromissos,oMinistério autorizouofinal daintervenção.
�)§f.&:..���:.:£L..;.&...� i&
1
·§f�:����EB\U
�
de,legaimente,agestãodeFátimaReginaacabarem30 deabril,oMP-Sesugeriuque elacontinuasse por maisumtempo,auxiliandonaimplementaçãodonovomodelo.Oscoordenadores,
noentanto,
rechaçaram
aproposta,e afuncionáriaÂngela
Espfndolaassumiuocargo de Fátima..I
__:.?!��)
,,01_@wm;:7m'friiI""!\'lliiilíIDN@1\'lltJlili'jjUm diadepoisda saida deFátima,oMP-SCentrouemcontatocomodiretor-presidenteCarlos
Speller,questionandoasaída da interventora. Para evitar<lesgaste político,elee osprofessores t
AlvaroLezanaeDenizar Martins renunciaramaoscargos de chefia.
,ll'&;;�""":;'��� ."',"
;�:�,�_'/H::Q�l,.,.:j?}:;:�
��:i:i'�{_-�i&-
I
O MP abriuumProcedimentoInvestigatórioCriminal paraapurarirregúlaridades apontadas
pelaauditoria.O trabalho estánafaseinicial,aanálise dedocumentos,eosenvolvidos devem
começaraserouvidosembreve.
-ZERO
Florianópolis, julho
de2008Especial
I
5
LauraDaudén
Relatórios
apontam
irregularidades
cometidas
por
coordenadores de
projetos
Ao final da
ação
civilpública,
proposta
pela
25a Promotoria do Ministério Público de Santa Catarina
(MP-SC),
foramproduzidos
seterelatórios
individuais,
referentesaoscoordenadores de
projetos.
Davido
Espírito
Santo, promotorqueresponde
atualmentepela
curadoria defundações,
afirma que nos documentos constamas maiores irre
gularidades
levantadasnaauditoriada empresaBDOTrevisan,durantea
intervenção
judicial.
Os
principais
problemas
nasatividadesdizem
respeito
aopagamento aempresas epessoas não vincu
ladasaos
projetos;
asubcontratação
deempresas,inclusive de
professores
eservidores daUFSCefuncionários
da Feese; e,
ainda,
a transferência derecursos das contas dosprojetos
para
particulares.
Ariovaldo
Bolzan,
vice-reitoraté maio deste ano,
justifica
o envolvimento dos coordenadores nos
relatórios individuais
pelas relações
próximas
entre eles. Naprática,
orelacionamento direto deBolzan só
pode
sercomprovado
com RicardoMachado,
com quem mantém sociedade na Resume
-Reciclagem
Ltda.Asociedadenasceuem umdos
projetos
realizadopelos
dois professores,
com recursosgerenciados
pela
Feese. Averbapara apesquisa
de
tecnologia
sobreareciclagem
doisopor
veio de uma empresa externa, que osdois
preferem
não identificar. Bolzan e Machado afirmam
ter aberto um espaço
privado
para o desenvolvimento dapesquisa
porque aUFSC não ofereciaainfra-es
truturanecessária.
A Resume foi mantida
integral
mente, até 2003, com a verba cap
tada inicialmente no
projeto
viafundação.
Oobjetivo
eradesativá-ladepois
do desenvolvimentodatecnologia,
mas,segundo
osprofessores,
isso aindanão aconteceuporcausa
do interesse de outros
engenheiros
no
negócio.
Os sócios agora trabalham nos processos de repasse dos
royalties
paraa Universidade. O dinheiro
que veiodainiciativaprivada
foi intermediado
pela
Feese paraseradministradoemoutraesfera
priva-o
que
eles dizem
da,
mesmo com agarantia
dosprofessores denãoteremlucradocom o
empreendimento.
O único benefício financeiro recebido Pilr Bolzan eMachado,
garantem,seriaabolsa depesquisa
pagapela fundação.
Se os dois
professores
fossemsomente
engenheiros
e desvinculados da UFSC, não seria necessária
a
mediação
dafundação
porque aparceria
poderia
ser apenas entredois
membros
do setorprivado.
Osrecursosforam investidosno
projeto
de Bolzane Machado porque ambos
já
desenvolviampesquisa
na instituição
atendendo ao interesse da empresa. "Para quepudéssemos
receberabolsaeadministrarodinhei
ro, fizemos uso
da
Feese",
explicam
os coordenadores.Nesses oito anos, os
projetos
coordenados por Bolzan também pa
garam
R$
96
mil para pessoas nãolistadas formalmentenoscontratos.
Foramgastos também
R$
85 mil nacomprade passagensaéreaserodo
viárias,
além de estadia em hotéisem nomedepessoas nãovinculadas formalmente aos
projetos.
"Estesgastos não constavam no contrato
inicial,
mas a dinâmica mudava e as novasdespesas
deveriam ser incluídas",
justifica
Bolzan.No relatório de
José
Eduardo DeLucca,foi constatado
R$
190milcomopagamentoapessoas eempresas não
registradas
nosprojetos.
NascontasdeJorge
MárioCampagnolo,
airregularí
dade ficouem
R$
25mil;
noscontratosde Victor
Juliano
Negri,
os gastos alcançaramovalor de
R$
53 mil.A
situação
evidenciaaausência decontrole da
fundação
sobre o que defato era feito nascontasdos
projetos.
Como Bolzan e outros coordenadores
pagavam
viagens
e isso não constavadevidamentena
contabilidade,
osauditoresentenderamqueaFeese nãocon
seguia
controlar todas asdespesas
quepassavam
pelos
projetos
dafundação,
deixandobrechasnacontabilidade.
Funcionário-coordenador
O caso de Gilberto Klaumann
foge
à regra dos outros seis nomescitados ao final da auditoria. Du
ranteos oitoanos
analisados,
Klau-- AriovaldoBolzaneRicardoMachado: consideram queaauditoriaestáincompleta
porquenão foramchamadosaprestaresclarecimentos.
I
i
I
- José EduardoDeLucca
eVictorJuliano de Negri:afirmam não saberqueseus
nomesestão citadosnaaçãocivilpública.
-JorgeMárioCampagnolo:ciente dasituação,diz estartranqüilocom ospareceres.
- José Carlos ZaninieGilbertoInácio Klaumann: foram
procuradosinúmerasvezespela
reportagem,masnão retornaramose-mailse ostelefonemasnuncaforamatendidos.
mann coordenou 35
projetos
nafundação,
apesardenãoserdocentedaUFSC.Até novembro de2002,tra
balhavana Feese, mas seu vínculo
formal era de servidor
público
daUniversidade.A
partir
destadata,
foi contratadocomofuncionário.Nos dois
primeiros
anos recebia seu salário em forma de bolsa deextensão
pelas
atividades realizadasdentroda
fundação.
Oregistro,
tantocomo servidorquanto como empre
gado implica problemas
para Feese,Primeiro, elenão
poderia,
como servidor
público,
ser remuneradopelas
suasatividades funcionaisnafunda
ção.
Segundo,
Klaumann acumulou também asfunções
desuperinten
dente e
coordenador,
de modo queobteve sozinho total controlesobreo
processo de
captação
egerenciamen
todos
projetos.
Como
superintendente,
Klaumannfazia tambémpartedoConse
lho Curador. E,
segundo
o8°artigo
do estatuto da Feese, os curadores
não
podem
ser remuneradospelo
exercício dafunção.
Seuúnicocargo
passível
de salário seria, portan to, acoordenação
deprojetos.
Essatambémnão seriaviável desde2002
já
que ele não recebia bolsas e simsalário. Klaumannnãoera umpes
quisador
daUniversidade,
mascaptavarecursosparadesenvolvimento
de
pesquisa.
Seuvínculoeraempregatício
apenascom aFeese.Nos oito anos emquecoordenou
projetos
nafundação,
Klaumanncontratou as empresas PKSolution LtdaeNextMillenium.Asduaspres tadoras de
serviço
tiveramaexistência
questionada pelos
auditores doINSS.Além
disso,
90%deseusfaturamentosadvém daFeese, Oconflito
deinteressesfica estabelecido quan
doseverifica que Klaumannésócio
daPK Solutione sua esposa apro
prietária
daNextMillenium.Os sete relatórios individuais
apontamas mesmas deficiênciasno
controle administrativo da
fundação
-pontosqueagora devemserinves
tigados
pelo
MP-SC. Ossete coorde nadores aindanãoforamprocurados
pelo
MinistérioPúblico paraprestaresclarecimentos.
(G.F.)
Totalnnovinnentado
pelos
professores
Klaumann R$38milhões Zanini R$16mílhões Bolzan R$11 milhões Campagnolo R$6milhões Lucca R$2 milhões Machado R$2 milhões Negri R$1milhãoDocumentos daauditoriacomprovam
pagamentos
apessoasnão vinculadasaoscontratosMinistério
Público
e
Deic
abrem
processos
de
investigação
Comofim da
intervenção
judicial
naFundação
deEnsinoeEng.etrbaria
deSanta Catarina
(Feese),
as investigações
para apurarpossíveis
irregularidades
continuamnaDiretoriaEstadual de
Investigações
Criminais(Deic)
e noMinistérioPúblico doEstado de Santa Catarina
(MP-SC).
Otrabalho,
queé realizadoem parceriaentre asduas
instituições,
aindanão
possui
prazo de conclusão.Desdeofinal de2007,ainda du
rante a
intervenção
judicial,
o MP SC solicitou à Deicque conferisse aexistência de empresas fantasmas
prestadoras
deserviços
àfundação.
Ao
total,
são oito processos criminaisde
verificação
emandamento,
cada um relacionado a umaempresa diferente.
"É
umprocedimento
demorado,
pois
exige
queverifiquemos
documentosjunto
à Fazendaeinformações
com os Correios evizinhos,
por
exemplo,
parasabersesãofeitas atividadesnaqueles
lugares", explica
o
delegado
CélioNogueira
Pinheiro,
responsável pelo
caso.Tambémestãosendo tomados
depoimentos
de donos das empresasemembros daFeese..
Ao final das
investigações
daDeic,umrelatórioseráencaminhado
à
Justiça,
que decidirá sobre aabertura de processos. Se
comprovado
crime, os envolvidos
podem
responder por
falsificação
de documentos(entre
doisaseisanosdeprisão,
maismulta)
e crimestributários,
comosonegação
deimpostos (entre
doisacincoanos de
prisão,
maismulta).
"Mas,
porenquanto,nãopodemos
tirar conclusõesporque a
perícia
nãofoi
finalizada",
diz.Na 25aPromotoria, opromotor
Davi
Espírito
Santo continua no comando do caso. O trabalho está na
fase
inicial,
de análise dedocumentos,
e aspessoas queserãoouvidas respon
derão na
condição
deinvestigadas.
"É preciso
ter cuidado para separaraqueles
queatuaramdemá-fédaque
les queestavamirregulares", explica.
Devidoao
grande
volume dematerial,
espera-seconcluiroprocesso investi
gatório
criminal(PIC)
dentro deum ano. Casoseja
comprovada
aculpa
dos
investigados,
elesserãodenuncia dos àJustiça
comum.Aocontrário,
oprocessoserá
arquivado.
ZERO
NancyOutra