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O PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DE ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO: REVELANDO ÁREAS DE CONHECIMENTO

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ISSN 2176-1396

O PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DE ALTAS HABILIDADES/

SUPERDOTAÇÃO: REVELANDO ÁREAS DE CONHECIMENTO

Joyce Santiago de Moraes1 - UFSM Taís Marimon Barbieri2 - UFSM Sabrina Arruda de Vargas3 - UFSM Leandra Costa da Costa4 - UFSM Grupo de Trabalho – Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: FAPERGS Resumo

O Projeto de Pesquisa intitulado “Da Identificação à Orientação de Alunos com características de Altas Habilidades”, vinculado ao Grupo de Pesquisa Educação Especial: Interação e Inclusão Social (GPESP) da Universidade Federal de Santa Maria têm como objetivo identificar alunos com características de altas habilidades/superdotação (AH/SD), em alunos pertencentes aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental em escolas da rede Pública e Privada de ensino de Santa Maria/RS. Com isso, pretende-se promover o encaminhamento dos alunos identificados ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) de suas respectivas escolas. Nesse sentido, é que se apresenta o presente artigo, que parte do processo de identificação realizado em uma Escola Estadual de Educação Básica e em outra da rede Municipal da cidade de Santa Maria revelando os resultados obtidos nas diferentes etapas que permitem visualizar comportamentos e características de AH/SD para que posteriormente esses alunos possam ser encaminhados para o AEE, destacando também o caso de duas meninas. Fizeram parte desse processo o aluno (a), responsável, professores e colegas e também foram utilizados vários instrumentos elaborados por Freitas e Pérez (2012), como: Lista de Verificação de Identificação de Indicadores de altas habilidades/superdotação (LIVIAH/SD); Questionário para Identificação de Indicadores de altas habilidades/superdotação para o responsável (QIIAHSD-R); Questionário para Identificação de Indicadores de altas habilidades/superdotação para o professor (QIIAHSD-Pr); Autonomeação e nomeação pelos colegas, portanto participam desse processo o aluno(a), responsável, professores e colegas. Dentre os resultados obtidos, referente as inteligências acima da média encontradas dos alunos, isoladas e/ou combinadas, conforme propõe Gardner (1994), obteve-se o total de 14 alunos identificados com comportamentos e indicadores de AH/SD.

1 Acadêmica do curso de Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Bolsista

FAPERGS 2014/2015. santiagojoyce@outlook.com

2 Graduada em Educação Especial pela Universidade Federal de Santa Maria. Acadêmica do Curso de Pedagogia

e Pós-Graduanda da Especialização em Gestão Educacional ambos na Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: tais.marimon@hotmail.com

3 Graduada em Educação Especial e Especialista em Gestão Educacional pela Universidade Federal de Santa

Maria. Mestranda na Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: binarruda@hotmail.com

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Palavras-chave: Altas Habilidade/Superdotação. Processo de Identificação. Escola Introdução

Ao discutir a Educação Especial e o público que envolve essa área da educação, pouco se pronúncia a respeito dos estudantes com indicadores de Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). No entanto, o atendimento a esses estudantes já era previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996) quando é mencionado em seu artigo 59º que as escolas devem assegurar aos alunos com necessidades especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa

escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em

nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas

artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos

programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular (GRIFO NOSSO) (BRASIL, 1996, p.155).

Nota-se na citação acima que se iniciava o movimento ao encontro da flexibilização curricular para contemplar o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes com indicadores de AH/SD, os quais evidenciam singularidades e carecem de estratégias pedagógicas condizentes com suas necessidades. Porém, a escassez de informações acerca das AH/SD, bem como, do direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) ainda não estão presentes no cenário educacional, o que acarreta na dificuldade de professores e gestores em visualizar os indicadores de AH/SD e as potencialidades que estes estudantes apresentam. Mas afinal, quem são esses estudantes? Como conseguimos identificá-los? Para iniciar esta discussão, elenca-se um suporte normativo que estabelece as diretrizes da educação especial, que contempla também os alunos com AH/SD. A Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994), que caracteriza os alunos com indicadores de AH/SD como aqueles que apresentam notável desempenho e elevado potencial, isolados ou combinados, nos seguintes aspectos: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora. E a atual Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

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Educação Inclusiva (BRASIL, 2008, p. 15) complementa a definição de quem são estes estudantes, acrescentando que “[...] apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse”.

Além disto, é relevante mencionar o aporte teórico de estudiosos na área, que estruturam e auxiliam o processo de identificação em suas diferentes etapas e o AEE. Os autores utilizados são: Renzulli (2004) com a Concepção dos Três Anéis da Superdotação, o Modelo Triádico de Enriquecimento e Gardner (2000) com a teoria das Inteligências Múltiplas.

Após essa breve contextualização dos estudantes com indicadores de AH/SD, temos como objetivo neste trabalho discutir o processo de identificação realizado em duas escolas da cidade de Santa Maria, sendo uma municipal e outra estadual, buscando explicitar sobre as áreas em que os alunos foram identificados. Em seguida, descreveremos a identificação de duas alunas da escola municipal, enfocando nas percepções da equipe executora do projeto.

As concepções de Altas Habilidades/Superdotação

Na concepção de Renzulli (2004) a pessoa os estudantes com indicadores de AH/SD deve apresentar três comportamentos, sendo eles: habilidade acima da média, comprometimento com a tarefa e criatividade. Assim, a intersecção destes três comportamentos resultaria nas AH/SD. Sobre estes comportamentos Vieira (2012) esclarece

A habilidade acima da média consiste no potencial de desempenho superior em qualquer área determinada do esforço humano e que pode ser caracterizada por dois aspectos: habilidade geral e específica (...). O comprometimento com a tarefa é uma forma refinada ou focalizada de motivação, que funciona como a energia colocada em ação em relação a uma determinada tarefa, problema ou área específica do desempenho [...]. A criatividade para Renzulli (1986) é característica de todas as pessoas com altas habilidades/superdotação e envolve aspectos que, geralmente, aparecem juntos na literatura, como: fluência, flexibilidade e originalidade de pensamento e, ainda, abertura a novas experiências, curiosidades, sensibilidade e coragem para correr riscos (VIEIRA, 2012, p. 313).

Ainda sobre a Concepção dos Três Anéis, Renzulli (2004) é enfático ao dizer que estes três comportamentos devem aparecer ao mesmo tempo no desenvolvimento de uma atividade, no entanto, não necessariamente na mesma intensidade. Desta forma, o estudante pode apresentar um dos comportamentos e ir desenvolvendo os outros dois ao longo do tempo. Pois, segundo Maliczewski (2012, p. 20) “a criatividade e o comprometimento com a tarefa são características variáveis que dependem do indivíduo e, muitas vezes, de fatores externos”.

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Para Gardner (2000) a inteligência é um potencial biopsicológico, que pode ser ativada na valorização de uma determinada inteligência dentro de um cenário cultural, resolvendo problemas ou criando produtos. Segundo Pérez (2008)

A idéia de inteligência como potencial permite afirmar que: 1) as inteligências não são estáticas nem quantificáveis e 2) podem ser desenvolvidas em maior ou menor grau. Sua característica biopsicológica lhe adjudica origem tanto genética quanto ambiental. A capacidade de serem ativadas ou não de acordo com o contexto cultural é muito clara se pensarmos em diferentes configurações socioculturais. (Grifos do autor) (PÉREZ, 2008, p. 30).

Assim, Gardner (2000) em sua teoria amplia a possibilidade do entendimento sobre inteligência, evidenciando que é possível o aparecimento deste potencial em diferentes áreas do conhecimento. Em sua teoria, são elencadas oito inteligências, sendo elas: Inteligência Linguística, Inteligência Lógico - Matemática, Inteligência Musical, Inteligência Corporal-Cinestésica, Inteligência Espacial, Inteligência Interpessoal, Inteligência Intrapessoal e a Inteligência Naturalista. Ao detalhar cada uma das inteligências sugeridas por Gardner (2000), Vieira (2012, p. 310-311) as caracteriza da seguinte forma:

a)Linguística: compreende a capacidades de manipular diferentes áreas da linguagem: sua estrutura – evidenciada através de uma rica rede de regras implícitas e funcionais (sintaxe), seus significados (semântica) e seu uso prático (pragmática).

b) Lógico-matemática: os processos utilizados por essa inteligência incluem

categorização, classificação, inferência, generalização, cálculo e levantamento e averiguação de hipóteses [...]. c) Espacial: é responsável pela capacidade de orientação no mundo físico e por realizar transformações sobre estas percepções [...]. d) Corporal-cinestésica: manifesta-se pela capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos utilizando o corpo ou partes do mesmo e seus movimentos, de maneira altamente diferenciada e hábil, para propósitos expressivos [...]. e)

Naturalista: demonstra grande interesse no reconhecimento e na classificação de

numerosas espécies da flora e da fauna e de seu meio ambiente [...]. f) Musical: possibilita a compreensão, discriminação, percepção, expressão e transformação das formas musicais (ritmo, tom, melodia, timbre dos sons) [...]. g) Intrapessoal: é a capacidade de reconhecer e lidar com seus sentimentos enquanto eles estão ocorrendo. Essa habilidade é popularmente conhecida como autoconhecimento, constitui-se como ponto de partida para o crescimento e para a implementação de mudanças [...]. h) Interpessoal: é a capacidade de lidar com outras pessoas e, através dela implementar e realizar determinados objetivos [...]. (GRIFOS NOSSOS)

Dessa forma, é importante destacar que as teorias/concepções a respeito das AH/SD envolvem diferentes áreas do conhecimento e permitem visualizar comportamentos e indicadores que estão presentes nos estudantes favorecendo um conhecimento mais amplo e específico na temática.

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O Processo de Identificação

O processo de identificação dos indicadores de AH/SD abordado nesse estudo se constitui em um Projeto de Pesquisa intitulado “Da identificação à orientação de alunos com altas habilidades/superdotação” o qual objetiva identificar alunos com características de AH/SD pertencentes aos anos iniciais do ensino fundamental da rede pública do município de Santa Maria. O referido projeto é realizado pelos integrantes do Grupo de Pesquisa Educação Especial: Interação e Inclusão Social (GPESP) da Universidade Federal de Santa Maria, sob orientação da Profª Drª Soraia Napoleão Freitas.

Desta forma, a identificação é de extrema importância para que os alunos com AH/SD tenham suas lacunas preenchidas no âmbito escolar, assim, se torna fundamental o olhar sensível para com esses sujeitos, para que possamos identificar quais suas principais necessidades e qual a melhor forma de suprir essas carências. Nesse ponto, se faz fundamental conhecer a realidade do aluno, tal como seu histórico familiar e sua desenvoltura em sala de aula em contato com os professores.

Essa identificação é realizada em várias etapas que permitem visualizar comportamentos e características de AH/SD para que posteriormente esses alunos possam ser encaminhados para o AEE. Fazem parte desse processo vários instrumentos elaborados por Freitas e Pérez (2012) que são utilizados, como: Lista de Verificação de Identificação de Indicadores de altas habilidades/superdotação (LIVIAH/SD); Questionário para Identificação de Indicadores de altas habilidades/superdotação para o responsável (QIIAHSD-R); Questionário para Identificação de Indicadores de altas habilidades/superdotação para o professor (QIIAHSD-Pr); Autonomeação e nomeação pelos colegas, portanto participam desse processo o aluno(a), responsável, professores e colegas.

Os resultados do processo de identificação em foco se desenvolveram em uma Escola Estadual de Educação Básica do município de Santa Maria tendo início no ano de 2014 em diferentes etapas. Desta forma, foi realizado contato telefônico com a escola para agendar a primeira etapa do processo de identificação. Assim, deram-se início as conversas informativas, que tinham como intenção explicar o objetivo do projeto supracitado e sua temática central.

Nesse primeiro encontro na escola com os professores, a equipe do projeto contou com a participação de quatro professoras que aceitaram colaborar no processo de

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identificação de seus alunos, sendo elas do primeiro, segundo e quintos anos do ensino fundamental.

Na segunda etapa do processo de identificação, foram realizadas conversas com as educadoras para explanar as AH/SD, seus indicadores, suas diferentes formas de visualização e para sanar dúvidas existentes sobre a temática mencionada. Nesta etapa também se realizou os aspectos éticos do processo que consistia na assinatura do terno de aceite para a participação no mesmo.

O conhecimento dos professores a respeito das AH/SD é fundamental, em razão de que serão os responsáveis por conduzir a aprendizagem e fazerem essa “ponte” para a boa relação entre os alunos, pois do contrário, se torna dificultoso o acesso a esses sujeitos. Com isso, defendemos a ideia de que esses alunos possuem especificidades, devendo a instituição de ensino responsabilizar-se pelo posterior atendimento dos mesmos, seja em sala de aula regular ou em sala de recursos multifuncionais. De acordo com Freitas e Pérez (2012, p. 07),

O professor, no cotidiano escolar, precisa reconhecer e responder às necessidades diversificadas de seus alunos, bem como trabalhar diferentes potencialidades, segundo os estilos e ritmos de aprendizagem, assegurando com isso uma educação de qualidade. Porém, só a formação do professor não é suficiente para o estímulo da criatividade e das inteligências individuais dos alunos, pois, além da ação docente em sala de aula, existem outros fatores que devem ser levados em consideração, como o currículo apropriado e flexibilizado que conduzirá a práticas heterogêneas.

Destaca-se que este período de interação com as professoras teve duração média de 10 a 15 dias, conforme a disponibilidade apresentada pela a escola e pelas profissionais. Após esse contato com a escola e professoras, foi iniciado então o processo de identificação com os alunos. Para os alunos do primeiro e segundo ano do ensino fundamental foram aplicadas as atividades do livro “Toc Toc Plim Plim5” (VIRGOLIM, 1999), e para os alunos do quinto ano do ensino fundamental foram utilizados nesse processo os questionários sugeridos por Freitas e Pérez (2012), sendo eles Autonomeação e Nomeação por colegas6. Nas turmas de primeiro e segundo ano houve a participação média de 16 alunos e do quinto ano em média 20 alunos.

5 Material utilizado como instrumento “avaliativo”, no processo de identificação, destinado aos alunos que estão

em processo inicial de alfabetização. Tem o objetivo de verificar níveis de criatividade, por meio de atividades textuais e/ou ilustrativas.

6 Questionário realizado com os alunos para verificar quais são suas áreas de potencial e quem tem maior

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Depois dos questionários preenchidos foram realizadas as análises dos mesmos, obtendo-se, inicialmente, uma média de 23 crianças, em observação7.

A partir desse resultado, tivemos acesso aos nomes dos alunos pré-indicados, foi então entregue para as suas respectivas professoras um questionário específico de seus alunos, em observação, material fundamental para a análise final. Após, marcamos um encontro com os pais para a aplicação do questionário (FREITAS ; PÉREZ, 2012), referentes aos seus filhos8. Devido os compromissos da escola e também ao não comparecimento de alguns pais, não foi possível concluir o processo de identificação no ano de 2014, retornando assim o processo no primeiro semestre de 2015 para finalização.

Após essas etapas entramos em contato com os pais, um momento que sempre é muito especial durante o processo de identificação, pois é aqui que, muitas vezes, os pais conseguem expor seus anseios em relação à maneira diferente com que seus filhos se sentem, é um momento de troca de informações valiosas para o bom relacionamento de pais e filhos, e também para concluir nosso trabalho de forma satisfatória.

Nesse encontro as mães das duas alunas se fizeram presentes, chegaram muito animadas e curiosas, comentando que as meninas haviam mencionado sobre a conversa que havia sido anteriormente realizada com a equipe executora. Ambas, confirmaram a capacidade de comprometimento com as tarefas que suas filhas realizavam e habilidades para as áreas da leitura, escrita e desenho. Também se mostraram preocupadas com o fato das meninas conversarem pouco com elas e relataram que nas poucas vezes em que ocorria alguma comunicação era sempre no sentido de reclamar para não irem à escola.

O relato das mães e das meninas nos leva a discutir sobre como a convivência com os colegas e a aceitação desses é importante para a qualidade de vida dos sujeitos superdotados, influenciando diretamente nas suas vidas particulares. Nesses casos supracitados, é visível o sofrimento das crianças por não serem compreendidas e pela parte dos pais por não saberem como ajudar seus filhos nesse processo.

Depois de identificados os alunos, foram elaborados e entregues os pareceres dos alunos que foram identificados com indicadores de AH/SD à escola. A partir do momento em que acontece a identificação desses sujeitos e que esses são encaminhados ao atendimento

7 Constitui o grupo de alunos que encontram-se em “observação” os que foram apontados pelos professores,

conforme prevê o método avaliativo do questionário, e que aguardam a conclusão do processo de identificação.

8 Questionário realizado com os pais e/ou responsáveis para verificar se os indicadores de AH/SD ocorrem no

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educacional especializado (AEE) e que os professores pensam em atividades curriculares que os contemplem, esses alunos passam a conviver com seus pares, passando a e se sentirem aceitos pelos colegas, apresentando melhorias em seu comportamento e em suas relações afetivas, tanto de amizade como com os próprios familiares.

Dessa forma, apresentamos logo abaixo o quadro equivalente aos resultados obtidos referentes as inteligências acima da média encontradas dos alunos, isoladas e/ou combinadas, conforme propõe Gardner (1994), obtendo o total de 14 identificados:

Quadro 1 :Inteligências Acima da Média isoladas e/ou combinadas:

Fonte: Elaborado pelos autores

Conforme a tabela foi possível perceber que nove alunos apresentam inteligência na área linguística, três alunos na área lógico-matemática, sete alunos na inteligência interpessoal e somente um aluno apresenta inteligência naturalista. É possível verificar também que dentre os 14 alunos identificados dez deles apresentam indicadores de AH/SD em duas ou mais inteligências.

Ainda sobre a tabela, percebemos que dos dez alunos que apresentam indicadores de AH/SD em mais de duas áreas do conhecimento, nove deles apresentam inteligência do tipo acadêmico (aquelas apreciadas e valorizadas pela escola, como português e matemática), porém ao conseguirem produzir algo a partir dos problemas reais que encontram eles tornam-se alunos com AH/SD do tipo produtivo-criativa. De acordo com Renzulli (2014, p. 5):

Sexo/ Idade

Espacial Corporal Musical Linguística Lógico-matemática Inter-pessoal Intra-pessoal Naturalista F / 11 X X F / 10 X X M / 14 M / 6 X X F / 13 X M / 10 M / 12 X X M / 10 X X X F / 11 X F / 6 X M / 6 X F / 11 X X M / 10 X X F / 12 X

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A superdotação produtivo-criativa descreve aqueles aspectos da atividade humana e do envolvimento nos quais se recompensa o desenvolvimento de materiais e produtos originais que são propositalmente elaborados para terem um impacto em uma ou mais audiências. As situações de aprendizagem elaboradas para promover a superdotação produtivo-criativa enfatizam o uso e aplicação de informações (conteúdo) e habilidades de pensamento de uma forma integrada, indutiva e orientada para problemas reais.

O processo de identificação também consistiu na observação consistente e persistente das características encontradas nestes alunos, que foram registradas posteriormente na construção dos pareceres e entregues para a escola. Algumas das características encontradas nos mesmos foram: independência, autossuficiência, curiosidade, ideias inovadoras, sensibilidade, liderança, boa argumentação, perfeccionismo, comprometimento, dentre outras. O que nos mostra que apesar destes alunos se destacarem mais nas disciplinas escolares, aquelas valorizadas no cenário cultural, eles conseguem resolver os problemas de forma criativa e inovadora, assim como propõe Renzulli (2014) ao falar sobre a superdotação produtivo-criativa.

Dessa forma, elencamos como exemplo o caso de duas meninas de 12 e 13 anos, que frequentavam o sétimo ano, em 2014, ambas, colegas e identificadas na área das artes e linguística. Esses casos, em específico, foram solicitados pela equipe diretiva da escola, onde já havia conhecimento sobre o trabalho realizado pelo projeto na cidade de Santa Maria - RS. As meninas foram notadas, devido ao fato de, se isolarem dos colegas da turma e não demonstrarem desejo de interagir com os mesmos, estando sempre silenciosas e apáticas ao que acontecia na sala de aula, permanecendo na maioria das vezes apenas uma na companhia da outra, e mesmo assim , entre elas a interação era restrita.

O que mais chamou atenção das professoras e da equipe executora do projeto foi o fato de, ambas desenharem muito bem e escreverem perfeitamente a língua inglesa, sem nunca terem feito nenhum curso que as capacitassem para isso. E apesar da escola oferecer aula de artes e de inglês, sendo essas uma vez por semana, não seria suficiente para que as alunas apresentassem o nível em que se encontravam, destoando totalmente do restante da turma.

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Imagem 1 : Imagem dos desenhos coletados durante o processo de identificação que foi realizado em uma Escola Estadual de Educação Básica

Fonte: Autoria dos alunos (as) que participaram do Processo de Identificação

É perceptível a habilidade das meninas, são crianças que se destacam pela orientação espacial dos desenhos, sendo esses ricos em detalhes e refletindo suas personalidades. Podemos notar nos desenhos, que na maioria, o rosto é escondido pelos cabelos e todos apresentam uma única personificação, nos remetendo a maneira solitária e diferente a que ambas se sentiam no ambiente de ensino.

Deste modo, todos os dados obtidos são levados em consideração, para que a identificação seja a mais precisa possível, é importante destacar que existem mitos em torno das AH/SD, pois muitas pessoas associam esses alunos a pessoas extremamente desenvolvidas em diversas áreas de conhecimento, não permitindo a esses a possibilidade do erro e/ou dificuldades. Outro fato preocupante é que em alguns casos, se esses sujeitos não se sentirem aceitos perante seus colegas passam a negar suas habilidades, com intuito de se tornarem “normais”, para adequar-se ao ambiente escolar, buscando através disso a tão almejada aceitação.

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Durante o processo de identificação tivemos o prazer de nos aproximar das alunas e com o decorrer do desenvolvimento das conversas, na tentativa de uma maior aproximação, foi possível que elas relatassem um pouco da maneira como se reconheciam. Ambas declararam não gostar da escola por se identificarem como “diferentes” e “incompreendidas”, tendo como único meio de fugir da realidade que se apresentava, mesmo que por breves momentos, o desenho, o que confirma o relato das professoras que disseram que elas passavam a aula inteira desenhando e pintando, totalmente aleatórias do que acontece naquele ambiente de ensino.

É importante destacar, nesse contexto, que o fato das referidas alunas desenharem durante as aulas não as impossibilitou em nenhum momento de manter uma boa média no seu processo avaliativo na escola. Através das conversas com os professores e com as próprias alunas, todos esses pontos observados e evidenciados deixaram claros os indicadores de AH/SD nas alunas.

Considerações Finais

Ao tratar da discussão em relação às AH/SD e o processo de identificação no contexto escolar, buscou-se realizar um entrelaçamento com os conhecimentos teóricos e práticos, a fim de dar uma visualização geral das etapas desenvolvidas, bem como dos resultados obtidos apontando possibilidades para esse público da Educação Especial que em muitos casos não é visualizado em sala de aula.

Muitos alunos (as) com indicadores de AH/SD não são percebidos no ambiente escolar em função dos comportamentos que demonstram, sendo muitas vezes rotulados como alunos (as) que apresentam falta de interesse entre diversos comportamentos. Essa invisibilidade acarreta muitas vezes em “perdas”, ou “adormecimento” de talentos e áreas de conhecimento e também desmotivação pelo ambiente escolar e demais aprendizagens que são ofertadas.

Também é relevante destacar que a idéia de que alunos (as) com AH/SD podem se desenvolverem sozinhos sem necessitar de auxílio é extremamente equivocada, pois a mediação ou intervenção a ser ofertada a esse alunado exerce influência determinante no seu processo de desenvolvimento como um todo.

Através desse estudo, portanto, foi possível serem visualizadas as diferentes áreas de interesse dos alunos com AH/SD que necessitam e tem direito por lei de receber o AEE objetivando assim estimular e potencializar essas diferentes inteligências.

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Dessa forma, direcionando o olhar para a importância do AEE para alunos com AH/SD é que se percebe a necessidade de desenvolver espaços educativos de construção não só de saberes, mas de personalidades humanas autônomas, críticas e principalmente ambientes onde crianças e adolescentes possam desenvolver e estimular os seus potenciais.

O contexto educacional necessita ofertar ações que viabilizem o respeito e a valorização das manifestações dos diferentes potenciais, já que os mesmos se constituem uma realidade que está presente, possibilitando assim para todos os alunos indistintamente, ou seja, independente da sua área de interesse, meios favoráveis de continuar se desenvolvendo e se interessando por novas aprendizagens.

Por fim, é importante assegurar um ensino com vistas a buscar potencialidades de seu alunado, objetivando meios eficientes de atender as suas necessidades educacionais especiais valorizando e respeitando as suas individualidades e especificidades.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.

______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. Disponível

em:<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf> Acesso em: 25 jul. 2015.

_____. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC/SEESP, Brasília, 2008. FREITAS, S. N. & PÉREZ, S. G. P. B. Altas Habilidades/Superdotação: atendimento especializado. Marília: ABPEE, 2012.

GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

_______, H. Inteligência: um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

MALICZEWSKI, Fernanda. O Atendimento Educacional Especializado para alunos com altas habilidades/superdotação na rede municipal de ensino de Porto Alegre. Monografia (Especialização em Educação Especial e Processo Inclusivos) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

PÉREZ, Susana. G. P. B. Ser ou não ser, eis a questão: o processo de construção da identidade na pessoa com altas habilidades/superdotação adulta. Tese de Doutorado: Porto Alegre, 2008.

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RENZULLI, Joseph. S. O que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Revista Educação. Tradução de Susana Graciela Pérez Barrera Pérez. Porto Alegre – RS, ano XXVII, n. 1, p. 75 - 121, jan/abr. 2004. RENZULLI, J. Modelo de enriquecimento para toda a escola: um plano abrangente para o desenvolvimento de talentos e superdotação. Revista Educação Especial. Tradução de Susana Graciela Pérez Barrera Pérez. Santa Maria – RS, v. 27, n. 50, p. 539 - 562, set./dez. 2014.

VIEIRA, Nara. J. W. Altas Habilidades/Superdotação. In: SILUK, A. C. P. (org).

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