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ABCESSO PULMONAR PNEUMOLOGIA

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Academic year: 2021

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PNEUMOLOGIA

ABCESSO

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ABCESSO PULMONAR

INTRODUÇÃO

DEFINIÇÃO

Abcesso pulmonar é uma coleção de tecido pulmonar morto (necrose pulmonar) causada por uma infecção microbiana. Atente para o termo “infecção microbiana”, uma vez que essa infecção pode ocorrer por conta da ação patogênica de diferentes tipos de microrganismos, desde bactérias comuns (i.e., Streptococcus pneumoniae) a micobactérias (i.e.,

Mycobacte-rium tuberculosis), fungos (i.e., Aspergillus spp) e até parasitas (i.e., Entamoeba histolytica).

Alguns autores optavam no passado pela diferenciação entre abcesso e “pneumonia necro-tizante” ou “gangrena pulmonar”, porem podemos dizer que essas definições fazem parte de uma mesma linha temporal. A pneumonia necrotizante seria um estágio mais inicial, em que existem múltiplas cavidades menores (até 2 cm) de tecido morto, enquanto o abcesso seria uma cavidade maior (de mais de 2 cm).

CLASSIFICAÇÃO

A classificação pode ser feita com base em três aspectos: • Agudo (<1 Mês) e Crônico (>1 Mês)

Primário (Ex.: paciente hígido ou apenas com comorbidade que predisponha à aspi-ração) ou Secundário (a doença de base que propicie à formação de abscesso, como bronquiectasia, câncer de pulmão, imunossupressão, etc).

Patógeno causador (Ex.: Streptococcus pneumoniae)

FISIOPATOLOGIA

A formação de um abcesso acontece devido à complicação de uma infecção do parênquima pulmonar. Essa infecção ocorre mais comumente a partir das pneumonias aspirativas, mar-cadas pelas bactérias anaeróbias, normalmente provenientes da cavidade oral.

Para que essa chegada do germe de boca à via aérea inferior ocorra, em geral é necessário algum fator de risco, como disfagia ou redução do nível de consciência, que facilite a

bron-coaspiração (por exemplo, estado pós-ictal, embriaguez, trauma crânio-encefálico e

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alta carga microbiana no material aspirado. A condição predisponente clássica nesse

as-pecto seria a infecção periodontal – nesses pacientes, o evento aspirativo levaria grande quantidade de bactérias, especialmente anaeróbios, às vias aéreas inferiores.

Note que a causa nem sempre é broncoaspirativa. Na doença de Lemierre, por exemplo, o paciente possui uma infecção peritonsilar que dissemina para a região parafaríngea e pro-voca uma tromboflebite supurativa de veia jugular. Essa complicação pode se associar à for-mação de trombos infectados com potencial de embolizar e levar as bactérias até o pulmão. De maneira semelhante, o paciente usuário de droga endovenosa pode ter uma endocardite

da valva tricúspide, a qual pode gerar êmbolos sépticos que irão impactar no leito das

arté-rias pulmonares e, assim, infectar o parênquima com uma alta carga microbiana.

MICROBIOLOGIA

Os abcessos costumam ser polimicrobianos e formados por anaeróbios da cavidade oral como Peptostreptococcus, Prevotella, Bacterioides (exceto Bacterioides fragillis),

Fusobac-terium e S. anginosus (esse último, um anaeróbio facultativo). Outros agentes microbianos,

que podem estar implicados principalmente em abscessos monomicrobianos, seriam: • S. aureus

K. pneumoniae S. Pyogenes

Burkholderia pseudomallei Haemophillus influenzae tipo B Legionella

Nocardia Actinomyce

Lembrando que o paciente HIV+ pode formar abcessos por patógenos atípicos, como fun-gos, micobactérias e bactérias como a Pseudomonas aeruginosa (germe mais comum no imunocomprometido).

QUADRO CLÍNICO

O quadro clínico normalmente varia de acordo com o tipo de microrganismo, porém a prin-cipal diferenciação ocorre entre os abscessos por anaeróbios e pelo Staphylococcus aureus.

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Os sintomas do abscesso por patógenos anaeróbios são aqueles que acompanham uma infecção crônica do parênquima pulmonar associados a algumas queixas relativas à necrose das vias aéreas, como:

• Febre • Tosse

Dor pleurítica Sudorese noturna • Anemia

• Escarro fétido e azedo* • Hemoptise

(*) O cheiro fétido e o sabor azedo estão associados justamente com a presença de tecido pulmonar necrosado no escarro, sendo esses sinais semiológicos importantes na hora de diferenciar uma simples pneumonia de um abscesso pulmonar.

Já a formação de abscesso por S. aureus costuma ser um processo mais fulminante do que o dos anaeróbios, em que o quadro é:

• Agudo/subagudo;

• Acomete mais adolescentes e adultos jovens, frequentemente secundário a quadro gripal como por influenza;

Possui alta taxa de mortalidade (mesmo com uso do antibiótico); • Pode evoluir com sepse e até choque séptico.

DIAGNÓSTICO

Devemos lembrar que o diagnóstico deve levar em conta a possibilidade de o quadro ser

primário ou secundário. Nos abscessos secundários, a doença subjacente pode ser, por

exemplo, uma neoplasia pulmonar, o que torna a análise dos exames de imagem ainda mais fundamental.

Usualmente a Radiografia de Tórax (RX) é suficiente para analisar a lesão, porém, sempre que houver dúvida, devemos lançar mão da tomografia computadorizada de tórax (TC), a qual pode distinguir melhor uma lesão do parênquima de uma lesão pleural e estudar a ana-tomia do pulmão acometido.

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Os testes microbiológicos são peças-chave no diagnóstico para definir quais são os agentes microbianos causadores daquela infecção, porém não devemos retardar o tratamento

an-timicrobiano até o resultado desses testes. Geralmente esses testes serão não-invasivos -

culturas de sangue e de escarro (quando presente) principalmente.

Contudo, podemos utilizar também métodos de obtenção de amostras diretas do abscesso para reduzir a chance de contaminação da amostra por germes colonizadores das vias aé-reas. São exemplos a biópsia transtorácica por punção, a biópsia transbrônquica e o lavado broncoalveolar (esses dois últimos via broncoscopia). Por serem mais invasivos em geral fi-cam reservados principalmente para pacientes que não respondem ao tratamento empírico inicial em 5-7 dias.

Figura 01. Radiografia de tórax em PA com seta vermelha

indicando área de formação de abscesso com nível hidroaéreo.

As regiões mais acometidas pelos abscessos são a região posterior do lobo superior e a

região superior do inferior ou médio. São justamente aquelas situadas de forma mais

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Naqueles em que há empiema associado à formação de fístula broncopleural entre o abs-cesso e essa cavidade, também convém a realização de toracocentese diagnóstica para en-vio do material para cultura.

TRATAMENTO

ANTIBIÓTICOTERAPIA

Na era prévia ao advento da antibioticoterapia até 33% dos pacientes com abcesso pulmo-nar morriam, enquanto o restante seguia com a resolução espontânea. O tratamento hoje é quase sempre empírico, podendo ser alterado com o resultado dos testes microbiológicos ou da biópsia.

A terapia deve ser baseada em antibiótico com boa penetração no parênquima do pulmão e que consiga cobrir anaeróbio facultativos e estritos. Geralmente é utilizado um esquema com penicilina, como ampicilina + sulbactam, ou com carbapenêmico como o imipenem ou o meropenem. Nos pacientes alérgicos a beta-lactâmicos podemos usar a clindamicina. Nos casos em que houver alta suspeita de abscesso por S. aureus, as opções preferidas são a oxacilina e a linezolida, sendo a vancomicina também uma opção (sendo a primeira a ideal para os MSSA e as duas últimas reservada para os MRSA). O esquema inicial pode ter uma dessas drogas associadas ou pode haver a conversão do tratamento para monoterapia com uma delas após resultados dos testes microbiológicos (lembrando que o esquema empírico sempre deve cobrir anaeróbios).

Há grande controvérsia sobre o tempo de tratamento. As referências mais atuais indicam em geral um acompanhamento radiográfico a partir da 3ª semana e interrupção de terapia após involução importante a completa do abscesso no raio-x, o que geralmente ocorre após

6 a 8 semanas. Parte desse tratamento pode ser feito ambulatorialmente com droga oral

(como a amoxicilina-clavulanato) naqueles que respondem clinicamente ao tratamento pa-renteral nas primeiras duas a três semanas.

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CIRURGIA

Abcessos complicados podem ser indicados para o tratamento cirúrgico. Tratam-se daque-les que não respondem ao antibiótico de escolha (o que pode ocorrer por obstrução brôn-quica associada, tamanho maior que 6 cm ou germe resistente como causa), possuem uma

neoplasia associada ou evoluíram para uma hemorragia importante. A cirurgia pode seguir

pela retirada de apenas o lobo pulmonar afetado (lobectomia), pela retirada de um pulmão inteiro (pneumectomia) ou apenas pela drenagem.

REFERÊNCIAS

Curso de Pneumologia - Síndromes Infecciosas do Pulmão – Abcesso Pulmonar (Professor Lucas Campos). Jaleko Acadêmicos. Disponível em <https://www.jaleko.com.br>.

Referências

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