PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL (PRA)
Legislação aplicável
Lei 12.651/12
Decreto 7.830/12
IN MMA 02/2014 (CAR)
IN IBAMA 12/2014 (6 de Agosto)
Histórico: Programa Mais Ambiente Brasil (Dec. 7.029/2009)
OJN PFE-IBAMA 20/2010 - suspensa
Previsão genérica (art. 59 do novo CFlo)
A União, os Estados e o Distrito Federal deverão, no prazo de 1 (um) ano, contado a partir da data da publicação desta Lei, prorrogável por uma única vez, por igual período, por ato do Chefe do Poder Executivo, implantar Programas de Regularização Ambiental - PRAs de
posses e propriedades rurais, com o objetivo de adequá-las aos termos do Capítulo XIII,
da Lei 12.651/12 (art. 59 da Lei 12.651/12).
Art. 42. O Governo Federal implantará programa para conversão da multa prevista no art. 50 do Decreto no 6.514, de 22 de julho de 2008, destinado a imóveis rurais, referente a autuações vinculadas a desmatamentos em áreas onde não era vedada a supressão, que foram promovidos sem autorização ou licença, em data anterior a 22 de julho de 2008.
Regulamentação geral pela União: Decreto 7.830/12
Na regulamentação dos PRAs, a União estabelecerá, em até 180 (cento e oitenta) dias a partir da data da publicação desta Lei, sem prejuízo do prazo definido no caput, normas de caráter geral, incumbindo-se aos Estados e ao Distrito Federal o detalhamento por meio da edição de normas de caráter específico, em razão de suas peculiaridades territoriais, climáticas, históricas, culturais, econômicas e sociais, conforme preceitua o art. 24 da Constituição Federal (Lei 12.651/12, art. 59, § 1o)
Instalação do CAR como pressuposto à adesão ao PRA
O novo CFlo (art. 59, § 2
o) e o Decreto 7.830/12 (art. 11) são categóricos em
estipular que a “inscrição do imóvel rural no CAR é condição obrigatória para a adesão
ao PRA”.
Impedimento de autuação no prazo de 1 ano da implantação do CAR
Lei 12.651/12
Art. 59, § 4o No período entre a publicação desta Lei e a implantação do PRA em cada Estado e no Distrito Federal, bem como após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver
sendo cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
Decreto 7.830/12
Art. 14. O proprietário ou possuidor rural inscrito no CAR que for autuado pelas infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, durante o prazo de que trata o art. 11, poderá promover a regularização da situação por meio da adesão ao PRA, aplicando-se-lhe o disposto no art. 13.
Art. 11. A inscrição do imóvel rural no CAR é condição obrigatória para a adesão ao PRA, a que deverá ser requerida pelo interessado no prazo de um ano, contado a partir da sua implantação, prorrogável por uma única vez, por igual período, por ato do Chefe do Poder Executivo.
Conversão de multas e não anistia – REsp 1.240.122/PR
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. NOVO CÓDIGO FLORESTAL (LEI 12.651/2012). REQUERIMENTO. PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO CONTRA ACÓRDÃO. INVIABILIDADE. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. RECEBIMENTO COMO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC NÃO APONTADA. AUTO DE INFRAÇÃO. IRRETROATIVIDADE DA LEI NOVA. ATO JURÍDICO PERFEITO. DIREITO ADQUIRIDO. ART. 6º, CAPUT, DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO.
1. Trata-se de requerimento apresentado pelo recorrente, proprietário rural, no bojo de
"ação de anulação de ato c/c indenizatória", com intuito de ver reconhecida a falta de interesse de agir superveniente do Ibama, em razão da entrada em vigor da Lei 12.651/2012 (novo Código Florestal), que revogou o Código Florestal de 1965 (Lei 4.771)
e a Lei 7.754/1989. Argumenta que a nova legislação "o isentou da punição que o
afligia", e que "seu ato não representa mais ilícito algum", estando, pois, "livre das punições
impostas". Numa palavra, afirma que a Lei 12.651/2012 procedera à anistia dos infratores do Código Florestal de 1965, daí sem valor o auto de infração ambiental lavrado contra si e a imposição de multa de R$ 1.500, por ocupação e exploração irregulares, anteriores a julho de 2008, de Área de Preservação Permanente nas margens do rio Santo Antônio.
2. O requerimento caracteriza, em verdade, pleito de reconsideração da decisão colegiada proferida pela Segunda Turma, o que não é admitido pelo STJ. Nesse sentido: RCDESP no AgRg no Ag 1.285.896/MS, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Segunda Turma, DJe 29.11.2010; AgRg nos EREsp 1.068.838/PR, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, DJe 11.11.2010; PET nos EDcl no AgRg no Ag 658.661/MG, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, Quarta Turma, DJe 17.3.2011; RCDESP no CC 107.155/MT, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, Segunda Seção, DJe 17.9.2010; RCDESP no Ag 1.242.195/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 3.9.2010. Por outro lado, impossível receber pedido de reconsideração como Embargos de Declaração, sob o manto do princípio da fungibilidade recursal, pois não se levanta nenhuma das hipóteses do art. 535 do CPC. 3. Precedente do STJ que faz valer, no campo ambiental-urbanístico, a norma mais
rigorosa vigente à época dos fatos, e não a contemporânea ao julgamento da causa, menos protetora da Natureza: O "direito material aplicável à espécie é o então vigente à
época dos fatos. In casu, Lei n. 6.766/79, art. 4º, III, que determinava, em sua redação original, a 'faixa non aedificandi de 15 (quinze) metros de cada lado' do arroio" (REsp 980.709/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 2.12.2008).
4. Ademais, como deixa claro o novo Código Florestal (art. 59), o legislador não anistiou geral e irrestritamente as infrações ou extinguiu a ilicitude de condutas anteriores a 22 de julho de 2008, de modo a implicar perda superveniente de interesse de agir. Ao contrário, a
recuperação do meio ambiente degradado nas chamadas áreas rurais consolidadas continua de rigor, agora por meio de procedimento administrativo, no âmbito de
Programa de Regularização Ambiental - PRA, após a inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR (§ 2°) e a assinatura de Termo de Compromisso (TC), valendo
este como título extrajudicial (§ 3°). Apenas a partir daí "serão suspensas" as sanções aplicadas ou aplicáveis (§ 5°, grifo acrescentado). Com o cumprimento das obrigações previstas no PRA ou no TC, "as multas" (e só elas) "serão consideradas convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente".
5. Ora, se os autos de infração e multas lavrados tivessem sido invalidados pelo novo Código ou houvesse sido decretada anistia geral e irrestrita das violações que lhe deram origem, configuraria patente contradição e ofensa à lógica jurídica a mesma lei referir-se a "suspensão" e "conversão" daquilo que não mais existiria: o legislador não suspende, nem converte o nada jurídico. Vale dizer, os autos de infração já constituídos permanecem válidos e blindados como atos jurídicos perfeitos que são - apenas a sua exigibilidade monetária fica suspensa na esfera administrativa, no aguardo do cumprimento integral das obrigações estabelecidas no PRA ou no TC. Tal basta para bem demonstrar que se mantém incólume o interesse de agir nas demandas judiciais em curso, não ocorrendo perda de objeto e extinção do processo sem resolução de mérito (CPC, art. 267, VI).
6. Pedido de reconsideração não conhecido.
STJ, 2a T., v.u., PET no REsp 1.240.122/PR, rel. Min. Herman Benjamin, j. em 02/10/2012, DJe 19/12/2012
Mata atlântica (Lei 11.428/06)?
Antinomia de segundo grau: lei especial anterior v. geral posterior
Por enquanto Ibama não reconhece, somente admitindo para APP, RL e áreas de
uso restrito (IN Ibama 12/14, art. 1
o).
Art. 1º - Esta Instrução Normativa define os procedimentos relativos ao requerimento de suspensão de aplicação de sanções decorrentes de infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em áreas de preservação permanente,
de reserva legal e de uso restrito, e de declaração de conversão da sanção pecuniária em
serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, nos termos do § 5º do art. 59 da Lei nº 12.651, de 2012.
Art. 59, § 4
o, aparentemente restringe à APP, RL e áreas de uso restrito.
1APP em áreas urbanas?
Só imóveis rurais (arts. 42 e 59).
Adesão ao PRA etc. substitui o licenciamento ambiental?
Prazo para requerimento
1 § 4o No período entre a publicação desta Lei e a implantação do PRA em cada Estado e no Distrito Federal, bem como após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
1 ano contado a partir da implantação do PRA e após a inscrição do imóvel no
CAR, podendo haver prorrogação por igual período, uma única vez, por ato do Chefe
do Poder Executivo (art. 59, § 2
o).
Necessidade do imóvel estar no SISCAR, que pressupõe a integração dos sistemas
estaduais ao federal.
Após assinará termo de compromisso, que constituirá título executivo
extrajudicial (art. 59, § 3
o). Efetuado perante o órgão estadual.
Requerimento de suspensão da sanção deve ser feita pelo proprietário/possuidor
(IN Ibama 12/14, art. 4
o), que o endereçará a autoridade julgadora.
Conversão em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do
meio ambiente
A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções
decorrentes das infrações mencionadas no item anterior e, cumpridas as obrigações
estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a regularização ambiental das
exigências desta Lei, nos prazos e condições neles estabelecidos, as multas referidas neste
artigo serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso de áreas rurais
consolidadas conforme definido no PRA (art. 59, § 5
o).
Limite temporal para suspensão
OJN 49/13: até se transformar em crédito público
Desnecessidade de execução ou de pagamento.
Não efetuado o requerimento de suspensão da sanção como ficariam as custas na
execução fiscal, caso não se adotasse o limite temporal da OJN 49?
Dever do proprietário/possuidor pedir a suspensão se encontra na IN Ibama 12/14,
art. 4
o, que o endereçará a autoridade julgadora.
Prossegue processo administrativo até fase anterior a inscrição?
Eficiência e economicidade da atuação administrativa.
Suspensão da prescrição punitiva?
Enquadramento legal da infração
Multas do IBAMA são pelos artigos 49-50 do Decreto 6.514/08
Art. 49. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa, objeto de especial preservação, não passíveis de autorização para exploração ou supressão:
Parágrafo único. A multa será acrescida de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou fração quando a situação prevista no caput se der em detrimento de vegetação primária ou secundária no estágio avançado ou médio de regeneração do bioma Mata Atlântica.
Art. 50. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, objeto de especial preservação, sem autorização ou licença da autoridade ambiental competente:
§ 1o A multa será acrescida de R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração quando a situação prevista no caput se der em detrimento de vegetação secundária no estágio inicial de regeneração do bioma Mata Atlântica.
§ 2o Para os fins dispostos no art. 49 e no caput deste artigo, são consideradas de especial preservação as florestas e demais formas de vegetação nativa que tenham regime jurídico próprio e especial de conservação ou preservação definido pela legislação.
Artigo 42 do novo CFlo respalda artigo 50 (casos de obras autorizáveis).
Como dividir quando o AI incluir APP, RL e eventualmente bioma mata atlântica,
por exemplo?
Suspensão criminal (art. 60)
A assinatura de termo de compromisso para regularização de imóvel ou posse
rural perante o órgão ambiental competente, suspenderá a punibilidade dos crimes
previstos nos arts.
38 (Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção),
39 (Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente) e
48 (Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação) a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, enquanto o termo estiver sendo cumprido