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Manual de Direito Administrativo I Gustavo Mello Knoplock

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Academic year: 2021

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Na verdade, aquela decisão do STF foi em ação na qual um particular propunha ação de perdas e danos diretamente contra o prefeito, pleiteando o ressarcimento de prejuízos decorrentes de um decreto de intervenção editado contra o hospital do particular; não se pode afirmar com certeza que esse entendimento será ampliado a qualquer agente público, mas devemos ter em mente o teor da decisão: “servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer”.

 DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA!!!

Infelizmente, essa questão é de fato muito controversa, já tendo sido admitidas, em questões de concurso público, respostas diferentes, inclusive pela mesma banca examinadora, em concursos diversos.

QUESTÃO COMENTADA AFRFB – 2012 – ESAF

Em relação ao tema da Responsabilidade Civil do Estado, analise as questões a seguir, identificando se são verdadeiras (V) ou falsas (F).

II. ‘O cidadão prejudicado pelo evento danoso poderá mover ação contra pessoa jurídica de direito público e contra o agente do Poder Executivo responsável pelo fato danoso em litisconsórcio facultativo, já que são eles ligados por responsabilidade solidária.

Comentário

Infelizmente a afirmativa foi considerada correta, contrariando decisão do STF e se contrapondo ao gabarito dado pela mesma banca em outra questão anterior. Apesar de inúmeros recursos, o gabarito inicial acabou sendo mantido.

7.3.4. Prescrição

O particular prejudicado poderá pleitear o ressarcimento de seus prejuízos pela Administração enquanto ainda não tiver ocorrido a respectiva prescrição. O Decreto no 20.910/1932 inicialmente estipulou, para as entidades da Administração

Direta, autarquias e fundações públicas, que tal prescrição ocorreria em cinco anos, conferindo verdadeiro privilégio a estas pessoas jurídicas de direito público, uma vez que, para as entidades de direito privado, valiam os prazos prescricionais previstos no então vigente Código Civil, maiores que o referido prazo de cinco anos. É o que se convencionou chamar de prescrição quinquenal de suas dívidas, prerrogativa conferida às pessoas jurídicas de direito público e, posteriormente, estendida às

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pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos por força do art. 1o-C da Lei no 9.494/1997.

Ocorre que, com o advento do atual Código Civil, Lei no 10.406, de 10/01/2002,

o instituto da prescrição recebeu diversas alterações; nesse sentido, o art. 206, §3o, V, dispõe agora que prescreve em três anos a “pretensão de reparação civil”,

significando dizer que se o particular não exercer a sua pretensão indenizatória frente a terceiros nesse prazo de três anos, não poderá mais fazê-lo.

Em decorrência dessa alteração legislativa, surgiu a polêmica acerca de qual prazo prescricional seria aplicável à Administração. É sabido que a lei especial prevalece sobre a lei geral, assim, considerando-se que o Código Civil é legislação geral e a Lei no 9.494/1997 é lei especialmente voltada às pessoas jurídicas de

direito público e pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, poderíamos deduzir que a essas pessoas aplicar-se-ia ainda o prazo prescricional de cinco anos da Lei no 9.494/1997. A isso se somaria o fato de que o Código Civil dispõe

regras de direito privado, enquanto que, ao Poder Público, aplicam-se normas de direito público tais como as da referida lei.

Em visão oposta, temos que as regras de direito público são aquelas que prevejam prerrogativas ao Estado, colocando-o em posição privilegiada em relação ao particular, ao qual são aplicáveis as regras comuns de direito privado, o que, na espécie, não estaria ocorrendo, uma vez que a prescrição trienal de suas dívidas é mais benéfica do que a prescrição quinquenal. Assim, por exemplo, a prescrição contra uma empresa estatal que explora atividade econômica (assim como as demais pessoas privadas não prestadoras de serviço público) ocorreria em 3 anos, enquanto que a prescrição contra o Estado ocorreria em 5 anos, conferindo-lhe desvantagem em relação ao setor privado.

 DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA!!!

Nesse sentido, na opinião abalizada de José dos Santos Carvalho Filho, “a prescrição da pretensão de terceiros contra a Administração, no que tange à responsabilização civil, passou de quinquenal para trienal”, de forma a assegurar-lhe regra mais benéfica, no entanto, ainda não há consenso na doutrina e na jurisprudência sobre a matéria.

A par dessa discussão, acho que, em uma questão objetiva de concurso público, a afirmativa genérica de que “dentre as prerrogativas asseguradas às pessoas jurídicas de direito público encontra-se a prescrição quinquenal de suas dívidas” deve ser considerada correta.

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QUESTÃO COMENTADA ANALISTA/CERPRO – 2008 – CESPE/UnB

Uma concessionária do serviço público federal causou danos morais a determinado usuário do serviço. Nesse caso, a responsabilidade da concessionária será objetiva, e o prazo prescricional da ação, de 5 anos.

TCE-ES – 2009 – CESPE/UnB

Maria utilizava todos os dias determinada linha de ônibus, de empresa concessionária de serviço público. Como eram muito comuns assaltos em determinada região da cidade, devido à ausência de policiamento ostensivo, mesmo após as várias correspondências e solicitações encaminhadas ao secretário de segurança pública, Maria acabou sendo morta por um projétil disparado por Pedro, que estava em uma parada de ônibus assaltando Jorge, que resistiu ao assalto, o que acabou por forçar Pedro a efetuar os disparos. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta a respeito da responsabilidade civil do Estado.

A – Conforme recente entendimento do STJ, na situação descrita, o prazo prescricional da ação civil de reparação de danos contra o Estado é de cinco anos, conforme preceitua o Código Civil.

B – ... Comentário

Na primeira questão, a afirmativa foi considerada correta, retratando disposição literal da Lei no 9.494/97 de que o prazo prescricional de pessoa jurídica de

direito privado prestadora de serviço público seria de 5 anos; na segunda questão, o gabarito não foi a letra A, uma vez que o prazo prescricional seria de cinco anos conforme preceitua a Lei no 9.494/97, e não o Código Civil (ou na visão

minoritária, seria de 3 anos conforme o Código Civil, mas nunca 5 anos conforme o CC, como está afirmado).

Entendemos, portanto, que a posição doutrinária majoritária é a de que o prazo prescricional é de 5 anos, nesse sentido combinando com entendimento recente do STJ:

As ações de indenização contra a Fazenda Pública prescrevem em cinco anos. Por se tratar de norma especial, que prevalece sobre a geral, aplica-se o prazo do art. 1o do Dec. no 20.910/1932, e não o de três anos previsto

no CC. Precedentes citados: EREsp 1.081.885-RR, DJe 1o/2/2011 e AgRg

no Ag 1.364.269-PR, DJe 24/9/2012. AgRg no AREsp 14.062-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 20/9/2012.

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QUESTÃO COMENTADA INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL/RJ – 2008 – FGV

Na hipótese de automóvel que venha a cair em buraco, na via pública, gerando dano ao seu proprietário, o Poder Público deverá ser acionado no prazo de: a) 1 ano; b) 2 anos; c) 3 anos; d) 4 anos; e) 5 anos. Comentário

O gabarito foi letra C, e não a letra E, reconhecendo-se a prescrição na hipótese de responsabilidade civil do Estado em três anos, e não em cinco, conforme posição de José dos Santos Carvalho Filho.

Até aqui tratamos do prazo prescricional das ações movidas pelos particulares em face do Estado. Quanto à prescrição relativa às ações movidas pelo Estado em face dos particulares, aí incluindo a ação regressiva do Estado contra o agente público causador do dano a terceiros, o prazo é o de três anos previsto no CC, uma vez que essa é a legislação privada aplicável aos particulares.

Devemos apenas atentar para o fato de que quando o prejuízo aos cofres públicos é causado a partir de um ato ilícito do agente, e não apenas por uma atuação regular e lícita, não ocorrerá a prescrição, uma vez que, nos termos do art. 37, § 5o,

da Constituição Federal, as ações de ressarcimento de prejuízos causados ao erário a partir de atos ilícitos são imprescritíveis.

QUESTÃO COMENTADA PROCURADOR TCM/RJ – 2008 – FGV

Analise as assertivas a seguir:

I. O Poder Público Municipal foi condenado em ação de responsabilidade civil pelos danos causados por seu servidor a terceiros. Caberá ação regressiva em face do servidor, ação esta cujo prazo prescricional é de três anos e em que se verificará se a conduta do servidor foi culposa lato sensu.

AFRFB – 2012 – ESAF

Em relação ao tema da Responsabilidade Civil do Estado, analise as questões a seguir, identificando se são verdadeiras (V) ou falsas (F).

IV. São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao Erário movidas pelo Estado contra seus servidores que tenham praticado ilícitos dos quais decorram prejuízos aos cofres públicos.

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Comentário

Na primeira questão, o item I está correto, uma vez que a prescrição ocorre no prazo de três anos previsto no CC, considerando que a questão não afirmou ter o agente cometido um ato ilícito. Na segunda questão, a afirmativa é verdadeira, em se tratando de atos ilícitos.

7.4.

Responsabilidade do Estado por atos legislativos e jurisdicionais

Até aqui estudamos a possibilidade de responsabilização do Estado por seus atos administrativos, ao atuar em suas funções administrativas desempenhadas por qualquer um de seus Poderes, mas, além disso, existe também a possibilidade de o Estado vir a causar danos a um particular também em razão de suas funções legislativa e jurisdicional. Esse tema tem gerado muita controvérsia na doutrina, havendo correntes contrárias que serão apresentadas a seguir.

7.4.1. Responsabilidade por atos legislativos

Entende a doutrina majoritária que, como a lei é uma norma geral e abstrata, obrigando e sendo dirigida a toda a coletividade, caso esta venha a causar prejuízos financeiros aos administrados, não caberá a estes reclamar indenização ao Estado, via ação civil, pelos prejuízos suportados. O fundamento para essa impossibilidade é que os danos financeiros porventura havidos com aquela lei se dirigem a todos, igualmente, razão pela qual deverão eles aceitar essa impo sição legal. Além disso, defende-se que os cidadãos não poderiam responsabilizar o Estado por atos dos parlamentares que são os representantes do povo eleitos pelos próprios cidadãos.

Nesse sentido se aceita, excepcionalmente, a possibilidade de respon sabilização do Estado pelos atos legislativos que não tenham o caráter de generalidade, ou seja, os atos legislativos de efeitos concretos, que são aqueles que atingem não toda a coletividade, mas sim pessoas determinadas. Tomemos como exemplo uma lei que diminui a altura máxima permitida para construções em determinada região, causando, portanto, prejuízo a todos os proprietários: como essa lei é geral, dirigida a todos, o prejuízo será igualmente suportado por eles sem que possam reivindicar indenização; entretanto, uma lei que diminua a altura dirigida apenas a determinada rua, alcançando apenas pequena quantidade de lotes ainda não edificados, havendo vários prédios já construídos de altura correspondente à anteriormente permitida, poderá dar direito a esses proprietários de reivindicar a reparação de seus prejuízos. Como aqui a diminuição da altura de novas edificações irá beneficiar toda a coletividade, não é justo que apenas alguns poucos particulares assumam os prejuízos, sendo portanto devida a indenização a estes.

A doutrina majoritária tem entendido, ainda, ser cabível a responsabilização civil do Estado por danos causados por leis declaradas inconstitucionais pelo STF,

Referências

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