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( FP)
AULAS DE QUÍMICA PREPARATÓRIAS PARA O ENEM: AULAS DE
REVISÃO, INTENSIVAS E DINÂMICAS
Flavio Brasileiro1(IC) *, Ludmilla Lopes 2(IC), Ronald Gonçalves3(IC), Amanda Magalhães4(IC), Gustavo Rodrigues5(IC), Jeferson Alves6(IC), Mayura M. M.
Rubinger7(PQ), Rita de C. Balbino8(FM). 1-7
Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Química; 1flavio.brasileiro@ufv.br;
2ludmilla.lopes@ufv.br; 3ronalds.goncalves@yahoo.com; 4amanda.c.costa@ufv.br; 5gustavo.penha@ufv.br; 6jeferson.alves@ufv.br; mayura@ufv.br; 8Escola Estadual Doutor Raimundo Alves Torres,
rita.balbino@hotmail.com.
Linha de trabalho: Formação de professores. Resumo
É consenso que um dos objetivos dos estudantes da terceira série do EM seja tirar uma nota no ENEM suficiente para garantir seu acesso ao Ensino Superior. Com a redução do número de aulas de Química nas escolas estaduais em Minas Gerais, fica difícil para o professor ao mesmo tempo iniciar temas novos e revisar o conteúdo de anos anteriores de forma a auxiliar os alunos na preparação para o ENEM. Este trabalho apresenta um relato de experiência de bolsistas do PIBID-Química da UFV, na organização e realização de aulas de revisão para o ENEM para alunos da terceira série de uma Escola Estadual do município de Viçosa. A metodologia escolhida foi a resolução de exercícios de provas anteriores do ENEM, em aulas aos sábados na UFV. Ao mesmo tempo que esse projeto auxiliaria na aprendizagem dos alunos, consistiria em mais oportunidades de formação dos licenciandos em atividades de regência.
Palavras-chave: Formação de professores, Preparação para o ENEM, Aulas extraclasse.
Introdução
Para ingressar na maioria das instituições públicas de Ensino Superior no Brasil, é necessária a inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) que, por sua vez, utiliza a nota que o aluno obteve no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para realizar a seleção. Segundo o edital do ENEM, a Matriz de Referência de Ciências da Natureza e suas Tecnologias inclui tópicos de química que são abordados durante todo o Ensino Médio (EM).
Tendo em vista a extensão do conteúdo e a curta carga horária semanal disponível para as aulas de química (2 horas na terceira série), a professora supervisora da área de Química do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) de uma das escolas parceiras da Universidade Federal de Viçosa (UFV), solicitou a organização de uma revisão de conteúdos aos sábados, com a participação dos bolsistas do PIBID-Química. A
Escola Estadual Doutor Raimundo Alves Torres (ESEDRAT), a maior do município, tem 222 estudantes matriculados na terceira série EM.
Além de melhorar a aprendizagem em Química, o projeto visava aumentar o interesse dos estudantes pelo exame do ENEM e incentivá-los à continuidade de estudos após a conclusão do EM. Pensando nisso, foi proposto que as aulas se realizassem dentro do Campus da UFV, para que os estudantes conhecessem o ambiente universitário e se sentissem encorajados a buscarem o Ensino Superior. O objetivo do referente trabalho é relatar a experiência dos licenciandos em Química como “professores” e ao mesmo tempo realizar junto com os alunos, revisão do conteúdo de química com base nas questões do ENEM.
Detalhamento das Atividades
O projeto teve a participação de seis bolsistas do PIBID- Química que atuavam na escola. A equipe de bolsistas selecionou questões do ENEM e as separou em três conjuntos, conforme predominassem aspectos de temas estudados na primeira, segunda e terceira série. As atividades com os alunos foram realizadas em um Pavilhão de Aulas da UFV, em três sábados consecutivos do mês de outubro de 2016, semanas antes da realização das provas do ENEM.
Previamente, os bolsistas se reuniram para analisar as questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do ENEM dos anos de 2009 a 2015 e selecionar aquelas em que conteúdos da área de Química estavam presentes. Após essa primeira seleção, as questões foram categorizadas em conteúdos da primeira, segunda e terceira séries do EM de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM). A partir dessa análise, foram criados três cadernos de questões, com 20 questões cada um, todas retiradas do ENEM.
Com o intuído de organizar as atividades com uma dinâmica diferenciada das aulas tradicionais, as aulas foram divididas em dois momentos. No primeiro momento, foi entregue aos alunos o caderno de questões e solicitado que em 30 minutos eles resolvessem as dez primeiras questões, uma vez que a média de tempo disponível no ENEM é de 3 minutos por questão. Como instrução, foi dito que não era necessário saber responder todas as questões, pois aquele momento era principalmente para encontrarem as dificuldade e brechas de conteúdo para o trabalho seguinte. Além disso, foi solicitado que se não soubessem a
resolução da questão que não copiassem do colega, uma vez que se fizessem isso não seria possível identificar a dificuldade ou a dúvida do aluno na hora da resolução da questão.
No segundo momento, os bolsistas disponibilizaram para os alunos as respostas das questões de acordo com o gabarito oficial do MEC. Com a correção realizada, os bolsistas fizeram as análises individuais de cada questão, perguntando quantos alunos acertaram e quantos erraram, identificando-se as questões que prioritariamente seriam discutidas. Durante a discussão de cada questão-problema, o raciocínio utilizado para que os estudantes chegassem às respostas dadas foi analisado pelo grupo. Diante disso, a correção era realizada com acréscimo das explicações necessárias. E a revisão foi realizada a partir das dúvidas dos alunos sobre os conteúdos de química mais frequentes no ENEM. Finalizado o primeiro bloco de questões, a mesma sistemática foi aplicada a outro conjunto de 10 questões.
A mesma metodologia foi utilizada nos três dias, sendo três horas de atividades em cada dia. Cada aula foi coordenada por uma dupla de bolsistas. O primeiro dia foi dedicado principalmente a assuntos da terceira série, o segundo dia para assuntos da primeira série e por fim, no último dia assuntos da segunda série.
Análise e Discussão do Relato
A professora da escola explicou o projeto aos estudantes e coletou inscrições. Os bolsistas também passaram em cada classe, divulgando e incentivando-os a participarem. Apesar de todos os alunos da terceira serie do EM da ESEDRAT (222 alunos) terem sido convidados, e muitos terem se inscrito (87), houve pequena adesão de estudantes. No primeiro sábado, compareceram 16 alunos (figura 1), 12 no segundo (figura 2) e 7 alunos no último.
Figura 2: Aula do dia 15 de outubro de 2016
A semana entre as duas primeiras aulas foi recesso na escola (comemorações do dia do professor). Isso pode ter contribuído para o baixo comparecimento dos alunos. Além disso, não foi possível o contato com as turmas entre um sábado e outro, para verificar o motivo do baixo comparecimento e reforçar o convite à participação. Outro fator incluiu um grupo de alunos que trabalham, inclusive aos sábados.
Porém, a baixa adesão pode vir de um desestímulo crescente pela educação e aprendizagem, e grande dificuldade de motivação dos jovens para o estudo (KRAWCZYK, 2011). Isso tem sido identificado por outras equipes do PIBID no país, de forma que não é um fenômeno apenas local e tem complicadas e variadas origens (FREITAS-REIS et al. 2015). Esses autores relatam que em Juiz de Fora, município mais populoso da Zona da Mata e próximo a Viçosa, uma porcentagem significativa dos estudantes do EM de escolas públicas não realiza nenhum tipo de atividade extraclasse, sendo as atividades que mais interessam aos demais são os esportes e atividades religiosas. Uma minoria se dedica a cursos de línguas, pré-vestibulares e outros cursos.
Entretanto, para o grupo de alunos que participou dos três dias de atividades, as aulas foram positivas e melhoraram os seus conhecimentos em química. Para os licenciandos, apesar de serem surpreendidos pela baixa procura pelas aulas, o projeto foi uma oportunidade para conhecerem melhor a realidade dos estudantes, tanto em conhecimentos como em habilidades para a solução de problemas. Com o decorrer da atividade, percebeu-se que muitos alunos precisariam de mais tempo para a resolução das questões que o tempo disponível durante uma prova do ENEM. Foi perceptível que uma das principais dificuldades encontradas pelos estudantes está na interpretação do texto da questão, não necessariamente relacionada a conhecimentos de química. Também foi possível verificar quais são os assuntos considerados mais difíceis pelos estudantes. Cálculos estequiométricos e a resolução de problemas que envolvem raciocínios matemáticos ou até operações matemáticas básicas incluem-se nesta categoria.
Considerações Finais
O pequeno número de alunos interessados pelo projeto foi, a princípio, desestimulante para os licenciandos, considerando o total de alunos da escola e as expectativas dos bolsistas PIBID- Química. Porém, com a realização do projeto, os bolsistas desenvolveram uma visão mais crítica da situação dos alunos em relação à aprendizagem e à motivação para o conhecimento. Assim, houve melhoria em sua formação docente.
O projeto necessita de modificações e melhorias. Percebeu-se que, talvez seja interessante fazer revisões de conteúdo com maior frequência e não só no último ano escolar. É preciso que a escola encontre caminhos que ajudem os alunos a acreditarem que chegar ao Ensino Superior será possível e mostrar o conteúdo de uma forma mais prazerosa para que os jovens se interessem mais pela Química. Talvez assim, a participação tanto em classe como em atividades complementares se torne mais expressiva, melhorando a formação dos estudantes do EM.
É necessário ressaltar que, na escola o projeto foi tão bem acolhido pelo corpo docente que, para o ano de 2017, está prevista a participação das áreas de Química e Biologia nas aulas de revisão, que começarão mais cedo dentro do ano letivo.
Referências
BRASIL, Orientações Educacionais Complemetantares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+). Ciências da Natureza e Matemática e suas tecnologias. Brasil: MEC, 2006 BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza e Matemática e suas tecnologias. Brasil: MEC, 2000
BRASIL, INEP. Edital ENEM 2016. Disponível em
<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/edital/2016/edital_enem_2016.pdf>. Acesso em 28/04/2017
BRASIL, Ministério Da Educação e Cultura. Sistema de Seleção Unificada (SISU). Disponível em <http://sisu.mec.gov.br/sisu#o_que_e_preciso>. Acesso em 28/04/2017
FREITAS-REIS, I.; AFONSO, A. F.; FARIA, F. L.; FRANCO-PATROCÍNIO, S.; FERNANDES, J. M.; FERRAZ, V. G. L.; CRUZ, M. B.; MELO, U. O.; MELO, L. G.; SOUSA, A. G.; BRITO, F. R.; PENHA, J. C.; MONTANHA, M. A. U.; CERQUEIRA, P. L.; SILVA, R. C. A.; FARIA, S. J. Repensando o Pibid-Química da UFJF por Meio da Compreensão do Perfil dos Alunos das Escolas Parceiras. Química Nova na Escola. v. 37, n. 3, p. 224-231, 2015.
KRAWCZYK, N. Reflexão sobre alguns desafios do ensino médio no Brasil hoje. Cadernos
de Pesquisa. v. 41, n. 144, pp. 752-769, 2011. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/cp/v41n144/v41n144a06.pdf>. Acesso em 28/04/2017.
