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Calibração dos Teores de Boro no Solo e nas Folhas da Cultura do Algodão cultivado em solo com condições de acidez variável.

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Academic year: 2021

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Calibração dos Teores de Boro no Solo e nas Folhas da Cultura do Algodão cultivado em solo com condições de acidez variável. Leandro Zancanaro, Joel Hillesheim & Luis Carlos Tessaro. Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso - FUNDAÇÃO MT.

RESUMO

As lavouras de algodão no Mato Grosso destacam-se no cenário nacional pelas produtividades elevadas, conseqüência do nível tecnológico dos produtores e técnicos da região e também pelas condições climáticas favoráveis. Outra característica das lavouras de algodão do estado é a utilização elevada de fertilizantes. As recomendações de adubação em muitas lavouras são praticamente as mesmas independentes da fertilidade do solo e do histórico de cultivo destes campos. O objetivo deste trabalho foi de iniciar a calibração dos teores de boro no solo e nas folhas de algodão e verificar a influência da condição de acidez do solo sobre a disponibilidade deste micronutriente, bem como o comportamento da variedade ITA 90 em solos com diferentes valores de saturação de bases. Para isto foi utilizado um experimento que foi implantado em 1997 pela FUNDAÇÃO MT em Campo Novo do Parecis – MT em um solo com textura argilosa, para o mesmo trabalho, porém com a cultura da soja. Os resultados obtidos demonstram que para o boro, o extrator água quente apresentou baixa sensibilidade para a extração no solo. As análises de folhas demonstram que o aumento da saturação de bases do solo não reduz os teores de boro nas folhas. A produtividade foi influenciada pelas doses de boro aplicadas. O rendimento de fibra e características da fibra produzida não foram influênciados pelos tratamentos. Considerando os resultados deste primeiro ano com a cultura do algodão não foi possível verificar quais os teores de boro no solo a partir do qual há baixa probabilidade de resposta a adubação, em função das limitações do método de extração do boro no solo. Os resultados demonstram que as análises de solos e de folhas devem sempre estar associados ao histórico de aplicação de boro. A cultura do algodão, variedade ITA 90, apresentou potencial elevado de produtividade mesmo em solo com saturação próxima a 30%. A elevação da saturação de bases do solo para valores acima de 40%, foi suficiente para atingir as maiores produtividades. A calagem não influenciou nas características da fibra produzida.

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Summary

The cotton crops have pushed Mato Grosso to leadership in the national scenario in high productivity, due to the technological level of producers and technicians as well as the favorable climatic conditions. Another factor about the yields in Mato Grosso is the heavy amount of fertilization doses. The recommendations of application of fertilizer are almost the same in many crops, it does not matter the historical cultivation on them. The purpose of this experiment was to start the calibration of the Boron rate in the and cotton leaves and check the influence of acid soil condition and this micronutrient which is available as well as the response of ITA 90 variety in soils with different values of base saturation. So that it was used an experiment that was introduced in 1997 by FUNDAÇÃO MT in Campo Novo do Parecis/MT in a clay soil, to the same experiment. However, in soybean crop. The results achieved show that for Boron, the extractor warm water has had a low sensibility to the extraction in soil. The analyses of cotton leaves show that the increasing of base saturation soil doesn’t decrease Boron rates in the leaves. The productivity was influenced by the application of Boron doses. Cotton fiber quality and yields weren’t influenced by the treatment. According to the results in this first year, about the cotton crop, it was not possible to check the rate of Boron have low probability in response to the application of fertilizer, in function of the limitation of Boron extraction methods in soil. The result show that the soil and leaves analyses must be related to the historical Boron application. The cotton crop, ITA 90 variety, has increased yields even in soil with an around 30% of saturation. The increasing to 40% or more of the soil base saturation was sufficient to get the higher – yielding. The application of lime hasn’t influenced in the fiber quality produced.

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11... INTRODUÇÃO

As lavouras de algodão em sua maioria são conduzidas em áreas cultivadas a vários anos com correção parcial ou total da fertilidade do solo, principalmente quando cultivadas em áreas que já foram cultivadas com algodão nas safras anteriores. No entanto, o manejo da adubação é praticamente o mesmo, independente do histórico de cultivo deste campo e das análises de solo.

O mesmo acontece com a utilização de micronutrientes e com a prática da calagem. A utilização de micronutrientes e de calcário na cultura é bastante intensa e de certa forma até empírica, uma vez que não há informações de pesquisa a respeito do uso destes insumos na cultura do algodão em condições edafoclimáticas como as existentes no Mato Grosso.

Quanto a calagem, SILVA (1999), em um experimento conduzido em Guaíra-SP, observou que índices de saturação de bases na faixa de 60% possibilitou obter um patamar de 90% da máxima produtividade, sendo economicamente viável. A seção de Algodão do IAC recomenda atingir saturação de bases de 60% no mínimo, através da calagem. Nos estados de São Paulo e Paraná a calagem estava direcionada, na maioria dos casos, não para elevar a saturação de bases por si só, e sim para reduzir o risco com toxidez de manganês. Nas condições dos solos de cerrado, em que o solo é deficiente em manganês, a realização da calagem para a neutralização do alumínio trocável no solo seria suficiente.

Segundo ROSOLEM (2001), o problema com micronutrientes que ocorre com maior freqüência é a deficiência de boro. Para este autor, em solos arenosos, pobres em matéria orgânica, que recebem calagem e são bem adubados com macronutrientes, existe a possibilidade de ocorrência de deficiência de zinco, e com menor probabilidade, de manganês e de cobre. Na literatura é comum encontrar citações referentes a toxicidade do boro, quando utilizado em quantidade maiores do que a literatura cita. Esta observação se for confrontada com o manejo do boro em muitas lavouras de algodão; com aplicações de quantidade de boro de 3 kg/ha ou mais, sob cultivos sucessivos de algodão; com produtividades elevadas, inclusive superiores a 300 @/ha, fazem questionar estes limites de toxicidade.

Portanto este trabalho vem de encontro às necessidades atuais dos produtores com o objetivo de verificar a influência da acidez do solo sobre a absorção de boro, bem como determinar os níveis críticos deste nutriente tanto no solo como na planta, quantificando desta forma a influência destes insumos agrícolas no rendimento final do algodão.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Três Marcos, no município de Campo Novo do Parecis, sendo o primeiro ano de condução deste experimento com a cultura do algodão. A área em que o experimento foi conduzido é a mesma onde foi conduzido um ensaio com soja, durante quatro anos, também com o objetivo de avaliar resposta a micronutrientes. O experimento foi montado em blocos ao acaso, com parcelas de 10 m x 6,0 m (60 m2), com 6 linhas de cultivo.

Em 1997, para a instalação do experimento de calibração dos teores de micronutrientes no solo e nas folhas da soja foi realizada a abertura de uma área de cerrado. Na instalação deste experimento foi realizada a aplicação de 1.5, 3.0, 4.5, 6.0, 7.5 e 9.0 toneladas de calcário dolomítico. As quantidades de calcário foram aplicadas nas parcelas e as doses de B (0, 1, 3, 5, 7 e 10 kg/ha de B) nas subparcelas, aplicadas a lanço antes do plantio, na forma de ulexita com 15% de B e incorporadas com grade em período anterior ao primeiro cultivo. Na época da implantação do ensaio com soja, quantidades de calcário foram incorporadas buscando atingir os níveis de saturação de bases (V%) de 30%, 40%, 50%, 60%, 70% e 80%. No entanto, os níveis de saturação de bases alcançados após 4 anos de condução do ensaio variaram de 20 a 60%. Por este motivo, para a implantação do experimento com algodão, em setembro de 2001 foram aplicadas 2 t/ha de calcário calcítico em todas as parcelas. O zinco, o manganês e o cobre foram aplicados nas quantidade de 6.0, 6.0, e 4.0 kg/ha, respectivamente, na forma de sulfato de zinco, sulfato de manganês e sulfato de cobre.

Antes do plantio da soja da safra 2000/2001, quarto ano de cultivo da área, o experimento foi cultivado no sistema convencional (1 passagem de grade 28” + 1 niveladora). O boro foi reaplicado nas quantidade específicas por tratamento e incorporadas ao solo. As quantidades aplicadas em 5 anos de cultivo variaram de 0 a 20 kg/ha de boro. Por este motivo, que na apresentação e discussão dos resultados as quantidades de boro aplicadas expressas em quilogramas de boro por hectare serão expressos da seguinte maneira: 0+0; 1+1, 3+3, 5+5, 7+7, 10+10, de modo que a quantidade total aplicada de boro em cinco anos de cultivo deste solo seja, 0, 2, 6, 10, 14 e 20 kg/ha de boro.

Na safra 2001/2002 não foi realizada a aplicação de nenhum micronutriente. Isto para avaliar o efeito residual da calagem e das doses de micronutrientes aplicadas em 1997 e 2000.

A variedade de algodão utilizada foi a ITA 90. O plantio foi realizado no dia 24 de dezembro de 2001. O tratamento fitossanitário foi realizado conforme padrão da região. A adubação de plantio utilizada foi 500 kg/ha da fórmula 04-18-12, sem nenhum micronutriente. A primeira e a segunda

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adubação de cobertura foram realizadas aos 27 e 58 dias após a emergência, com 250 kg/ha de 20-00-20, respectivamente. O fertilizante utilizado na cobertura (20-00-20) não tinha boro. Para evitar a contaminação dos experimentos foi necessário fazer uma seleção de matérias primas mediante análises de fertilizantes, para a posterior formulação do fertilizante de plantio e de cobertura.

A amostragem de folha ocorreu quando o algodão estava com 88 dias após a emergência, coletando-se a folha com pecíolo do quinto ramo produtivo da haste principal a partir do ápice. Foram coletadas no mínimo 30 folhas por parcela. Os parâmetros avaliados foram: análise de solo, análise de folhas, produtividade em caroço, rendimento de fibra e características da fibra.

Na colheita foi realizada a coleta de 20 capulhos por parcela útil para a análise da qualidade da fibra. Foi coletado um capulho por planta localizado no terço médio da planta, na primeira posição.

As características da fibra foram avaliadas, no SENAI/CETIQT – RJ, com a utilização do aparelho HVI, possibilitando avaliar o micronaire, o conteúdo de açúcar, a resistência, a uniformidade, o comprimento, o grau de amarelecimento, a cor, o índice de fiabilidade, o conteúdo de fibras curtas, alongamento, grau de reflexão.

A análise estatística quanto a produtividade e demais parâmetros avaliados foi submetido a análise de variância e teste de Duncan ao nível de 5% de significância.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste experimento não houve efeito significativo da calagem, porém a produtividade foi afetada pelas doses de boro aplicadas. A interação entre calagem e quantidade aplicada de boro foi significativa. Considerando as respostas da cultura do algodão dentro de cada condição de acidez do solo, verifica-se que o aumento de produtividade de algodão ocorreu até a quantidade de 6 kg/ha de boro, exceto nos tratamentos com saturação de bases de 48,8%. Considerando apenas as médias de todas as condições de acidez do solo, os maiores aumentos de produtividade ocorreram até a aplicação de 6 kg/ha de boro, embora mostrando uma tendência de aumento até as maiores doses utilizadas (Tabela 1). Os tratamentos não influenciaram o rendimento de fibra.

Tabela 1: Produtividade do algodão em caroço em função da quantidade de boro aplicada e condição de acidez do solo. Campo Novo do Parecis - MT. Safra 2001/2002.

Calcário - t/ha B kg/ha 1,5 3 4,5 6 7,5 9 Média ...V% ... 30,1 38,2 41,9 48,8 51,1 55,3 0+0 287,49 225 257,59 298,1 240,80 261,77 261,79 c* 1+1 294,03 313,11 290,97 308,78 313,60 317,53 306,34 b 3+3 315,95 304,72 328,89 304,38 329,98 305,21 314,86 ab 5+5 307,98 312,31 332,94 320,72 310,14 323,4 317,92 ab 7+7 317,87 309,96 313,22 349,88 311,88 331,69 322,42 a 10+10 317,24 328,86 351,43 312,04 337,53 318,66 327,63 a Média 306,76 ab 298,99 b 312,51 ab 315,65 a 307,32 ab 309,71 ab 308,49 * Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de significância de 5%.

Em solo de cerrado, os tratamentos que nunca receberam adubação com boro, mesmo após 5 cultivos (4 de soja e 1 de algodão), na média possibilitou produtividade de 262 @/ha. Esta produtividade pode ser considerada elevada, considerando as adubações realizadas no Estado do Mato Grosso para a cultura do algodão. Os aumentos de produtividade ocorreram com maior intensidade até a quantidade aplicada de 6 kg/ha de boro em 5 cultivos, com 315 @/ha (Tabela 1), resultando em aumento médio de 53 @/ha de algodão em caroço. Porém, nos tratamentos com saturação de bases de 41,9% e 51,1%, a aplicação de 6 kg/ha de boro, em cinco anos de cultivo, possibilitou no quinto cultivo aumento de produtividade de 71 e 89 @/ha, de algodão em caroço.

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Estes resultados demonstram que a cultura do algodão é exigente e responsiva a boro, ao contrário de nutrientes como o cobre, porém a aplicação de 6 kg/ha de boro praticamente foi suficiente para obter as maiores produtividades. Os resultados médios podem justificar, em parte, a preocupação acentuada por parte dos produtores e técnicos com a adubação de boro, na cultura do algodão. No entanto, estes produtores e técnicos estão utilizando praticamente as mesmas quantidades de boro para todos os campos, independente do histórico de cultivo destas áreas, além de utilizarem quantidades superiores a 3 kg/ha de boro por cultivo de algodão, chegando em alguns casos a 7 kg/ha de boro por cultivo.

O histórico de cultivo destes campos é muito importante. Os resultados do experimento demonstram isto. A primeira aplicação de boro foi na instalação deste experimento em 1997, nas quantidades de 0, 1, 3, 5, 7 e 10 kg/ha de Boro, a lanço e incorporado, conforme os tratamentos. Após esta aplicação foram realizados três cultivos de soja, sem aplicação de boro. Uma segunda aplicação foi realizada em 2000, repetindo as quantidades aplicadas, conforme os tratamentos. Após esta segunda aplicação foi realizado dois cultivos; soja (safra 2000/2001) e algodão (safra 2001/2002).

Os resultados obtidos com algodão nesta safra (2001/2002) e que estão sendo discutidos neste relatório foram obtidos sem adicionar boro na adubação. Ou seja, a resposta da cultura do algodão verificada neste experimento, refere-se a resposta desta cultura ao aproveitamento do boro já existente no solo, residual das adubações corretivas realizadas em 1997 e 2000. O plantio de algodão sem adubação com boro, mesmo 1 ano após a última aplicação de boro no solo, não impediu que produtividade de 315 @/ha fosse obtida, mesmo nos tratamentos em que receberam 6 kg/ha de boro no total; (3 kg/ha em 1997 e 3,0 kg/ha em 2000). Sempre lembrando que a utilização de 6 kg/ha de boro em 5 anos de cultivo, já foi suficiente para ter os maiores ganhos de produtividade. A simples aplicação de 2 kg/ha de boro, em áreas que nunca haviam recebido boro, já possibilitou ter ganhos de produtividade de 44,6 @/ha, atingindo produtividade de 306 @/ha. Em algumas condições de acidez do solo este aumento chega aos valores de 72 @/ha de algodão em caroço. Ou seja, os resultados permitem afirmar que em lavouras em que o algodão está sendo cultivado em sucessão à lavoura de algodão, pode-se utilizar adubação de boro em menores quantidades que na safra anterior. Em áreas cultivadas com soja e que vão ser cultivadas com algodão, com solo de textura média a argilosa, a adubação corretiva de 6 kg/ha, apresenta residual para no mínimo 3 anos.

As adubações elevadas de boro praticadas nas lavouras de algodão do Mato Grosso podem ser associado a vários motivos: ao potencial produtivo elevado das lavouras no Estado; medo por parte dos

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técnicos e produtores da redução de produtividade pela deficiência de boro em função da falta de informações para as condições do Mato Grosso; resposta a boro, em valores absolutos, até as maiores quantidades aplicadas; risco de toxidez de boro na cultura do algodão menor que a citada na literatura; e dificuldade em estimar a disponibilidade de boro à cultura do algodão através das análises de solo.

Nas tabelas 2 e 3 são apresentados os resultados das análises de solo quanto a boro em função de todos os tratamentos, antes do plantio e após a colheita do experimento, respectivamente.

Tabela 2: Teores de boro no solo, antes do plantio do algodão, em função da quantidade de boro aplicada e da condição de acidez do solo. Média de 4 repetições. Campo Novo do Parecis -MT. Safra 2001/2002. Calcário - t/ha B kg/ha 1,5 3 4,5 6 7,5 9 Média ...V% ... 30,1 38,2 41,9 48,8 51,1 55,3 43,52 0+0 0,28 0,26 0,30 0,30 0,30 0,31 0,29 1+1 0,32 0,33 0,34 0,33 0,32 0,42 0,34 3+3 0,31 0,39 0,38 0,35 0,38 0,38 0,37 5+5 0,43 0,37 0,42 0,41 0,54 0,50 0,45 7+7 0,45 0,42 0,56 0,43 0,49 0,43 0,46 10+10 0,46 0,46 0,52 0,43 0,49 0,57 0,49 Média 0,38 0,37 0,42 0,38 0,42 0,44

Tabela 3: Teores de boro no solo, após o plantio do algodão, em função da quantidade de boro aplicada e da condição de acidez do solo. Média de 4 repetições. Campo Novo do Parecis - MT. Safra 2001/2002. Calcário - t/ha B kg/ha 1,5 3 4,5 6 7,5 9 Média ...V% ... 30,1 38,2 41,9 48,8 51,1 55,3 0+0 0,30 0,29 0,29 0,28 0,33 0,32 0,30 1+1 0,32 0,34 0,26 0,29 0,33 0,29 0,31 3+3 0,34 0,31 0,27 0,33 0,30 0,31 0,31 5+5 0,38 0,31 0,32 0,33 0,36 0,30 0,33 7+7 0,42 0,33 0,34 0,36 0,33 0,32 0,35 10+10 0,40 0,38 0,34 0,29 0,42 0,39 0,37 Média 0,36 0,33 0,30 0,31 0,34 0,32 0,33

Os teores de boro no solo, extraídos pelo método da água quente, aumentaram com a quantidade aplicada de boro no solo, porém a aplicação de 20 kg/ha de boro durante cinco cultivos, possibilitou aumentar os teores de boro no solo em apenas 0,2 e 0,06 mg/dm3 de boro, considerando as

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análises de solo antes do plantio da cultura do algodão e após a colheita, respectivamente, em relação ao tratamento testemunha, que nunca recebeu boro na adubação.

Apesar de ter ocorrido o aumento dos teores de boro no solo estes aumentos foram em termos absolutos pequenos e variáveis entre as amostragens realizadas (Tabela 3). O aumento dos teores de boro no solo proporcionada pela adubação realizada ao longo dos 5 anos de cultivo desta área, proporcionou aumento dos teores de boro nas folhas e aumento de produtividade (Tabelas 1 e 4). No entanto, as análises foliares apresentaram uma maior sensibilidade que as análises de solo para estimar a disponibilidade de boro do solo à cultura do algodão.

Tabela 4: Teores de boro nas folhas do algodão em função da quantidade de boro aplicada e da condição de acidez do solo. Média de 4 repetições. Campo Novo do Parecis - MT. Safra 2001/2002. Calcário - t/ha B kg/ha 1,5 3 4,5 6 7,5 9 Média ...V% ... 30,1 38,2 41,9 48,8 51,1 55,3 0+0 29,10 28,98 21,43 26,20 26,88 22,70 25,88 1+1 27,75 26,23 28,75 27,68 25,93 25,00 26,89 3+3 34,33 37,30 38,23 33,43 36,73 34,48 35,75 5+5 36,85 37,48 37,98 41,28 55,95 41,08 41,77 7+7 45,63 45,33 47,88 47,13 56,75 44,55 47,88 10+10 44,68 50,93 53,68 45,83 59,40 51,90 51,07 Média 36,39 37,70 37,99 36,92 43,60 36,62 38,20

Os resultados permitem dizer que a metodologia de extração de boro do solo utilizada (método da água quente), apesar de apresentar correlação com os teores de boro absorvido e com a produtividade, é um método que apresenta baixa sensibilidade para a extração de boro do solo. A baixa sensibilidade do método de extração do boro no solo, associada ao receio dos produtores e técnicos em perder produtividade em função da deficiência de boro, acaba sendo também um dos fatores que contribuem para as adubações elevadas de boro na cultura do algodão praticada no Mato Grosso. As análises foliares apresentaram maior sensibilidade que a análise de solo para estimar a disponibilidade de boro à cultura do algodão.

A produtividade de algodão aumentou com a elevação dos teores de boro no solo e teores de boro nas folhas de algodão. Os menores valores de boro no solo foram obtidos no tratamento que nunca recebeu boro na adubação, 0,29 e 0,30 mg/dm3, antes e após a colheita do algodão, respectivamente. Na média, os maiores teores de boro no solo obtidos nos tratamentos foram de 0,49 e 0,36 mg/dm3 de boro,

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justamente os tratamentos com as maiores aplicações de boro. Porém, os maiores aumentos de produtividade ocorreram até a aplicação de 6 kg/ha de boro, com teores médios de boro de 0,37 e 0,31 mg/dm3, antes e após a colheita do algodão, respectivamente. Ou seja, apesar que na média dos tratamentos houve aumento de produtividade até os maiores teores de boro no solo, os maiores aumentos de produtividade ocorreram até teores de boro muito próximos aos tratamentos que nunca receberam boro, possibilitando concluir que realmente a metodologia atual de extração de boro do solo é pouco sensível para estimar a disponibilidade de boro à cultura do algodão.

Ou seja, mesmo utilizando 20 kg/ha de boro durante 5 cultivos não foi possível obter os teores de boro no solo de 0,6 mg/dm3, considerados como nível crítico pela literatura. No entanto, mesmo não atingindo os valores de 0,6 mg/dm3 de boro no solo, foi possível obter produtividades de 328 @/ha sem a realização de nenhuma aplicação de boro, seja, via solo ou via foliar na referida safra.

Os menores teores de boro nas folhas de algodão (26 mg/kg de matéria seca) foram verificadas nos tratamentos sem a aplicação de boro, possibilitando obter 262 @/ha de algodão em caroço. Segundo Silva & Carvalho (1994) citados por STAUT & KURIHARA (2001) e SILVA (1999), este teor de boro nas folhas de algodão seria classificada como baixo. Estes autores, consideram os teores de boro nas folhas do algodão em muito baixos, baixos, médios e altos, quando os teores forem <20, 20-35, 35-60 e >50 mg/kg, respectivamente.

Os maiores valores de boro nas folhas de algodão obtidos foram de 51 mg/dm3, sendo classificado segundo Silva & Carvalho (1994) citados por STAUT & KURIHARA (2001) e SILVA (1999), como nível alto de boro nas folhas. Apesar das análises de folhas apresentarem uma maior sensibilidade para interpretar ou estimar a disponibilidade de boro no solo, a interpretação de ambas tem que ser cautelosa.

No experimento a aplicação de 2 kg/ha de boro possibilitou na média aumentos de produtividade de 44 @/ha, porém os teores de boro nas folhas de algodão praticamente não alterou. O tratamento que nunca recebeu boro apresentou teores médios de boro nas folhas de 26 mg/kg e quando se aplicou 2 kg/ha de boro o teor de boro na folha foi de 27 mg/kg. Como foi discutido anteriormente, os maiores aumentos de produtividade ocorreram até a aplicação de 6 kg/ha de boro, com teores de boro nas folhas de 36 mg/kg, teores abaixo dos teores considerados adequados pela literatura.

Considerando os resultados deste experimento, pode-se inferir que para a cultura do algodão o histórico de adubação de boro das áreas é tão importante quanto as análises de solo e de folhas de

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algodão, já que as análises de solo e de folhas, podem ser considerados como pouco eficientes em estimar a disponibilidade de boro à cultura do algodão.

O cultivo de algodão em solos com diferentes teores de boro no solo e diferentes condições de acidez do solo não apresentou diferenças quanto as características da fibra produzida.

4. CONCLUSÕES:

Considerando apenas os resultados do primeiro ano de condução deste projeto e as condições em que estes experimentos foram conduzidos pode-se concluir que:

1. O método de extração de boro do solo apresenta uma baixa sensibilidade para estimar a disponibilidade de boro para a cultura do algodão;

2. As análises de folhas são mais eficientes que a análise de solo (considerando os métodos utilizados nos laboratórios de análises de solos e de folhas do Mato Grosso) em estimar a influência da acidez do solo sobre a disponibilidade de boro à cultura do algodão;

3. Não foi possível estimar o nível crítico de boro no solo para a cultura do algodão devido a baixa sensibilidade do método de extração de boro no solo. Há necessidade de fazer uma seleção de novos métodos de extração de boro no solo;

4. A adubação corretiva de boro é uma estratégia eficiente de corrigir deficiências deste nutriente, tendo a vantagem de apresentar efeito residual de no mínimo 4 anos;

5. A variedade de algodão ITA 90 apresenta tolerância a acidez do solo, apresentando produtividade elevadas mesmo com saturação de bases do solo de 30%; sendo que as maiores produtividades foram obtidas com saturação de bases na faixa de 45% a 50%;

6. A variedade de algodão ITA 90 apresenta resposta reduzida a calagem, sendo que as maiores produtividades são obtidas quando a saturação de bases do solo estiver na faixa de 45% a 50%; 7. O rendimento de fibra e as características da fibra produzida não foram influenciadas pelas doses de

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SILVA, N. M. Nutrição mineral e adubação do algodoeiro no Brasil. In. CIA, E.; FREIRE, E. C. & SANTOS, W. J., eds. Cultura do Algodoeiro. Piracicaba. Potafós. 1999. p. 57-92.

STAUT, L. A. & KURIHARA, C. H. Calagem e adubação. In. EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária do Oeste. Algodão Tecnologia de Produção. Dourados, 2001. p.103-122.

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