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A atuação da inteligência no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no porto de Santos

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JOSÉ CARLOS PEREIRA DA SILVA

A ATUAÇÃO DA INTELIGÊNCIA NO ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS NO PORTO DE SANTOS.

Praia Grande 2018

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JOSÉ CARLOS PEREIRA DA SILVA

A ATUAÇÃO DA INTELIGÊNCIA NO ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS NO PORTO DE SANTOS.

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato

Sensu em Inteligência de Segurança, da Universidade do

Sul de Santa Catarina, como requisito à obtenção do título de Especialista em Inteligência de Segurança.

Orientação: Prof. Dr. Camel André de Godoy Farah

Praia Grande 2018

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JOSÉ CARLOS PEREIRA DA SILVA

A ATUAÇÃO DA INTELIGÊNCIA NO ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS NO PORTO DE SANTOS.

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Inteligência de Segurança e aprovado em sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação Lato

Sensu em Inteligência de Segurança, da Universidade do

Sul de Santa Catarina.

Praia Grande, 06 de junho de 2018.

_____________________________________________________ Professor e orientador Camel André de Godoy Farah, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________________

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Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, o criador de tudo e todos, que tem me abençoado todos os dias. A minha amada família, motivação da busca pela vitória. Aos meus amigos, pelo companheirismo e apoio disponibilizado em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela oportunidade a mim concedida nesta fase de minha vida.

A minha esposa Simone, minhas filhas Kelly e Ketelin, pela compreensão e apoio, inclusive nos momentos de ausência.

Ao Professor Camel Farah, por suas orientações e motivação na continuidade deste trabalho.

Ao Marcelo Tupaíba, pelo seu exemplo profissional e pela troca de experiência.

Ao Daniel Oshiro pelas oportunidades e motivação a mim disponibilizadas dentro da área de pesquisa.

Aos Profissionais de Inteligência e de Segurança que investiram seu tempo e cooperaram para a realização desta pesquisa.

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RESUMO

A Segurança Pública há tempos vem desenvolvendo seus trabalhos institucionais com o assessoramento da Inteligência no Porto de Santos, cuja importância evidencia os resultados apresentados como essenciais para o aprimoramento da Segurança Pública e Portuária da região. O objetivo deste trabalho é verificar de que forma a Inteligência pode atuar no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos. Para a realização das pesquisas foram entrevistados profissionais de Inteligência e profissionais de Segurança, de reconhecida experiência e profundo conhecimento acerca do tema, isto, aliado à pesquisa bibliográfica e consulta as legislações em vigor. Realizou-se uma contextualização acerca do conceito da Atividade de Inteligência, Sistema e Subsistema de Inteligência do Brasil e explanação sobre a estrutura e funcionamento do Porto de Santos, para que se compreenda melhor a aplicação da Atividade de Inteligência no enfrentamento ao tráfico de drogas na região portuária de Santos, bem como seu amparo legal para atendimento e assessoramento aos diversos órgãos e organismos de Segurança Pública e Privada, cujo Porto de Santos tem se projetado como extrema importância para a economia nacional. Ao final, identificou-se como poderiam Segurança Pública e Segurança Privada cooperar para o enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos e concluiu-se que a atuação da Inteligência no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas tem imprescindível importância dentro do rol de responsabilidades investida a todos os órgãos e organismos de Segurança Pública ou Privada que diretamente ou indiretamente estão envolvidos com a segurança no Porto de Santos.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...09

2.ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E ORGANIZAÇÕES DE SEGURANÇA PRIVADA NA REGIÃO DO PORTO DE SANTOS ...12

2.1 PORTO DE SANTOS...12

2.1.1 Segurança Portuária...13

2.1.2 Segurança Privada...15

2.2 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA...16

2.3 SISTEMA E SUBSISTEMA DE INTELIGÊNCIA...19

2.3.1 Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) ...19

2.3.2 Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) ...20

2.4 METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO DE INTELIGÊNCIA...21

3. ATUAÇÃO DA INTELIGÊNCIA NO PORTO DE SANTOS ...24

3.1 ISPS-CODE E ATUAÇÃO DA INTELIGÊNCIA...24

3.2 CENÁRIO DO TRÁFICO DE DROGAS NA REGIÃO DO PORTO DE SANTOS...27

3.2.1 Rotas do tráfico de drogas...29

3.2.2 Apreensões de drogas...31

3.2.3 “Modus operandi” utilizado pelo tráfico de drogas na região portuária de Santos...32

3.2 A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DA INTELIGÊNCIA NO ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS NO PORTO DE SANTOS...34

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3.3 POSSIBILIDADES DE COOPERAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E ORGANIZAÇÕES DE SEGURANÇA PRIVADA NO ENFRENTAMENTO AO

TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS NO PORTO DE

SANTOS...35 4. CONCLUSÃO...40

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1 INTRODUÇÃO

O enfrentamento ao tráfico internacional de drogas tem sido um tema de crescente debate de nível global e, por conseguinte o Brasil tem externado sua preocupação em garantir a segurança de seus portos, em destaque para o Porto de Santos, que como principal porta do comércio do país também tem sido uma obsessão inegável de utilização pelo crime organizado e transnacional.

E consequentemente, surge em convergência a preocupação do setor público e privado, tendo em vista os ilícitos provocados pelo narcotráfico, principalmente quando a “droga” tem se tornado o impulsor para a prática de outros crimes para alimentar e fortalecer o crime organizado.

Com este mesmo viés, a Organização das Nações Unidas - ONU também tem aguçado os olhos do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e seu Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) para uma atuação voltada à segurança portuária, pois conforme a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a prática deste crime transnacional como é visto o tráfico internacional de drogas, ameaça também outras nações:

[...]o tráfico internacional de drogas e de armas apresenta-se como outra grande ameaça à segurança e à instabilidade mundiais, principalmente por suas múltiplas conexões: crime organizado em geral, terror, movimentos guerrilheiros, etc. (ABIN, p. 10, 2005)

Baseado no tema “A atuação da Inteligência no enfrentamento ao Tráfico Internacional de Drogas no Porto de Santos” este trabalho procurou empregar uma pesquisa para estabelecer o entendimento da Atividade de Inteligência para o subsídio governamental, em prol do enfrentamento ao tráfico internacional de drogas na região portuária de Santos, partindo da ideia de que o Porto de Santos precisa continuar suas atividades portuárias baseadas em rotas e transações internacionais, bem como coibir o comércio ilícito de drogas na tentativa de impedir tanto a entrada como a saída deste mal (drogas ilícitas), já que em concordância com Machado (1996, p. 9), o comércio de drogas ilícitas transcende às fronteiras e cujo cenário confirmou a necessidade de se responder ao seguinte questionamento: como a Inteligência pode atuar no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos?

Para tanto, procurou-se nortear a pesquisa nos seguintes objetivos específicos: apresentar a estrutura e ações da Inteligência de Segurança Pública e de Organizações de

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Segurança Privada na região do Porto de Santos; apresentar o cenário do tráfico de drogas na região do Porto de Santos; descrever a importância da atuação da Inteligência no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos; e apresentar as possibilidades de cooperação dos órgãos de Segurança Pública e organizações de Segurança Privada no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos.

Sendo assim, para o desenvolvimento deste trabalho foi adotado uma metodologia aplicada, empírica e de natureza descritiva, buscando analisar e descrever a importância da atuação da Inteligência no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas e demais fatores que possam atender os objetivos da pesquisa, afrontando as teses já existentes com os dados adquiridos.

Neste sentido, optou-se pelo modelo qualitativo de pesquisa, da qual teve seu foco no objetivo principal, que é verificar de que forma a Inteligência pode atuar no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos, procurando a obtenção das respostas ao problema de pesquisa e tendo o Porto de Santos como principal fonte de informações a ser explorado. Empregou-se o tipo de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, e para sua elaboração a utilização dos métodos dedutivo, indutivo e comparativo.

Segundo Gil (2002), a pesquisa abrange as diversas ideias sobre o tema proposto direcionando o assunto à familiaridade e aprimoramentos. Inicialmente buscou-se uma pesquisa bibliográfica na literatura já existente em livros e artigos científicos sobre as principais informações pertinentes à proposta do trabalho, além dos levantamentos de dados registrados em relatórios dos órgãos do governo, cuja forma de pesquisa permitiu-se investigar a atuação da Inteligência para o enfrentamento ao tráfico internacional de drogas, em exclusividade na região portuária de Santos, e que se teve no campo de pesquisa os órgãos de Segurança Pública e empresas Privadas e Públicas da região do Porto de Santos, cujas técnicas empregadas foram a entrevista e a consulta a documentos e bibliografias.

No capítulo inicial destacou-se o preconizado na Lei nº 12.815, de 5 de julho de 2013, que identifica as divisões entre as instalações portuárias que se localizam dentro de portos organizados e sua exploração pela União.

Explanou-se também o conceito de Inteligência, Sistema e Subsistema, explorando a transcrição legal das legislações em vigor e conceitos estabelecidos e apontados pela Agência Brsileira de Inteligência (ABIN), afim de se alcançar a compreensão da atuação da Inteligência no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos e também, de forma abrangente a apresentação da estrutura e ações da Inteligência de Segurança Pública e de organizações de Segurança Privada na região do Porto de Santos.

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No capítulo seguinte a pesquisa transcorreu sobre a atuação da Inteligência com referência à segurança portuária e o enfrentamento ao tráfico de drogas no Porto de Santos.

Também foram tecidos de forma exploratória os resultados de pesquisas e teses, levantamentos sobre a apresentação do cenário do tráfico de drogas na região do Porto de Santos e da importância da atuação da Inteligência no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos.

Por fim, foram apresentadas as possibilidades de cooperação dos Órgãos de Segurança Pública e organizações de Segurança Privada no enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no Porto de Santos, já que o Brasil tende a inclinar-se por providências impulsionadas por tratados internacionais tendo em vista a complexidade das atividades do Porto de Santos e sua importância para a economia nacional e internacional.

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2 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E ORGANIZAÇÕES DE SEGURANÇA PRIVADA NA REGIÃO DO PORTO DE SANTOS

As responsabilidades e objetivos dos órgãos de Segurança Pública e Privada pautadas nas legislações em vigor, norteiam e materializam a atuação das estruturas dos órgãos de Inteligência em todo o país, incumbindo-as de ser ferramenta prioritária e participativa no assessoramento para o alcance destes objetivos.

A Segurança Pública tem abarcado seus órgãos e organismos estruturais no comprometimento e interação com a segurança portuária de Santos afim de que se cumpra o emanado no Art. 144 da nossa Carta Magna, que estabelece: “a Segurança Pública, dever do estado, direito e responsabilidade de todos” (BRASIL, 1988).

Sendo assim, “a questão da Segurança Pública vem sendo assumida como responsabilidade de todos, sociedade e Estado” (LAITARTT et al, 2015, p. 21). Os autores apontam que embora se tenha as competências e responsabilidades dos órgãos que a compõem como um “sistema” a amplitude da ordem pública, sugere um contexto mais amplo de proteção da sociedade e do Estado e de prevenção às mais variadas formas de expressão da violência, e que para tal objetivo prevalece a necessidade de que a Atividade de Inteligência de Segurança Pública se desenvolva de forma articulada e cooperativa, preservando-se a repartição de competências previstas na Constituição Federal e assegurando parcerias que permitam o planejamento e a execução com eficiência das ações de preservação e de manutenção da ordem pública.

2. 1 PORTO DE SANTOS

Os Portos seguem certa divisão ou classificação, e por este viés há uma divisão entre instalações portuárias que se localizam dentro de portos organizados e instalações portuárias que se localizam fora de portos organizados.

Segundo o preconizado na Lei nº 12.815, de 5 de julho de 2013, em seu Art. 1° é feito a disposição sobre a exploração direta e indireta pela União de portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos operadores portuários e entende-se que:

Art. 1o [...]

§ 1o A exploração indireta do porto organizado e das instalações portuárias nele localizadas ocorrerá mediante concessão e arrendamento de bem público.

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§ 2o A exploração indireta das instalações portuárias localizadas fora da área do porto organizado ocorrerá mediante autorização, nos termos desta Lei.

§ 3o As concessões, os arrendamentos e as autorizações de que trata esta Lei serão outorgados a pessoa jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Art. 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária;

II - área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado; III - instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário;

IV - terminal de uso privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado. (BRASIL, 2013)

A categoria destes Portos implica uma administração exercida pela União de forma distribuída e assistida a cada região.

E conforme a Codesp (2014) temos o Porto de Santos localizado no centro do litoral do estado de São Paulo, estendendo-se ao longo de um estuário limitado pelas ilhas de São Vicente e de Santo Amaro, distando 2 km do oceano Atlântico e considerado um dos Portos Públicos e administrado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP).

2.1.1 Segurança Portuária

O Porto de Santos requer para sua segurança uma estrutura voltada exclusivamente à sua complexidade, tanto político como econômica e funcionalmente entre os seus vários entes envolvidos.

Para tanto o Porto de Santos além de seguir a legislação vigente no país norteia-se pelo atendimento ao emanado em acordos internacionais e estabelecidos pela Organização Marítima Internacional (IMO).

Mofati et. al (2005, p.3), explica que a IMO possui a competência de regulamentar o modal internacionalmente, pois é um organismo afiliado à Organização das Nações Unidas - ONU, e que a partir de um acordo multilateral efetuado entre os seus 161 países membros, concebeu o Código Internacional para Proteção de Navios e Instalações Portuárias – ISPS CODE.

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O ISPS- CODE especifica uma série de cuidados relativos à segurança das cargas que devem ser implementadas pelas autoridades portuárias e pelas companhias de navegação e que agregará novos procedimentos e informações ao comércio internacional. (MOFATI et. al, 2005, p.3)

Logo, Abreu (2015, p.30) diz que para o zelo da segurança portuária em área alfandegadas ou não, bem como as zonas de fundeio de navios, rodovias, acessos a portos e outras responsabilidades, diversos órgãos públicos interagem ou interferem no processo de segurança e controle de acesso às áreas portuárias com ênfase aos terminais alfandegados, destacando a Receita Federal do Brasil, aqui representada pela Alfandega do Porto de Santos e a Autoridade Portuária representada pela Companhia Docas do Estado de São Paulo – Codesp, subordinada à Secretaria de Portos da Presidência da República – SEP/PR.

Ainda com relação à segurança e administração portuária pode-se esclarecer a atuação de outros órgãos institucionais predominantes na região portuária de Santos.

A Marinha do Brasil, segundo Abreu (2015) é um órgão predominantemente normativo para o processo de controle do comércio exterior e a Secretaria da Fazenda é a responsável pelo alfandegamento das instalações portuárias, licitações das Estações Aduaneiras do Interior – EADI (recintos alfandegados fora da área primária dos portos), administração, fiscalização e controle aduaneiro nos portos e terminais portuários, sendo esta última exercida por órgãos descentralizados como as chamadas alfandegas.

Já a Polícia Federal intervém no setor portuário por meio das Delegacias Especiais de Polícia Marítima – DEPOM, com patrulhamento da área portuária e de fundeio com o objetivo de coibir crimes como roubos, furtos, prostituição, tráfico de drogas e contrabando nas áreas específicas e a bordo das embarcações.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo – Codesp é a responsável pela harmonização da infraestrutura logística oferecida pelos diversos modais de transportes, quais sejam, hidroviário ou aquático, ferroviário, rodoviário e duto viário. (CODESP, 2014)

Outras autoridades portuárias são designadas a atuarem diretamente na vida do Porto de Santos, já que segundo a Codesp (2014) implica o reconhecimento como autoridades portuárias a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Polícia Federal (PF), Receita Federal do Brasil (RFB) e Secretaria dos Portos (SEP).

O Decreto nº 1507, de 30 de maio de 1995 criou em seu Art. 1º a Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (COMPORTOS) para elaborar e implementar o sistema de prevenção e repressão a atos ilícitos nos portos,

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terminais e vias navegáveis, prevendo em seu Art. 2° que sua composição seja integrada por um representante e respectivo suplente dos Ministérios da Justiça, que a presidirá, da Marinha, da Fazenda, das Relações Exteriores, e dos Transportes.

No âmbito dos Estados o mesmo Decreto criou a Comissão Estadual de Segurança Pública nos Portos Terminais e Vias Navegáveis (CESPORTOS), e seu Art. 4º prevê sua composição por representantes do Departamento de Polícia Federal, da Capitania dos Portos, da Secretaria da Receita Federal, das Administrações Portuárias e do Governo do Estado.

Sobre os processos envolvendo cargas, os terminais portuários também dividem responsabilidades com os órgãos públicos sobre o controle e armazenamento das cargas.

Abreu (2015) ressalta que:

...o terminal portuário, seja ele um operador portuário responsável pela operação de carga ou descarga de um navio na área do porto público organizado ou privado, ou o recinto alfandegado responsável pela guarda (armazenamento) desta carga até o efetivo desembaraço e entrega ao exportador/importador, deve zelar pelo controle ininterrupto de acessos às suas áreas. (ABREU, 2015, p. 32)

A região do Porto de Santos deve então ser protegida pelos entes governamentais, empresas públicas e privadas e autoridades portuárias eminentemente estruturadas e amparadas pela legislação em vigor e que devem interagir mutuamente para fins de segurança e administração das atividades portuárias.

2.1.2 Segurança Privada

Também participativos, com responsabilidades de grande relevância na segurança das instalações e atividades portuárias, encontra-se a Segurança Privada, que tem atuado por meio de seus agentes em quase todo o complexo portuário de Santos.

De acordo com os limites legais da legislação pertinente à atividade de Segurança Privada, a Lei 7.102/83 dispõe sobre a segurança para estabelecimentos financeiros e também estabelece normas para a constituição e o funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, além de outras providências.

A Portaria nº 3.233/2012-DG/DPF, disciplina o trabalho de Segurança Privada em todo o território nacional, a qual descreve em seu art. 1º, caput, o controle das atividades de Segurança Privada, armada ou desarmada, desenvolvidas pelas empresas especializadas, que possuem serviço orgânico de segurança, profissionais e também a regulamentação e a fiscalização dos planos de segurança dos estabelecimentos financeiros.

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A Segurança Privada, conforme publicado no Projeto Segurança Pública para o Brasil, Brasil (2002, p. 79) não substitui a Segurança Pública e sua eficácia e qualidade dependem do bom funcionamento dos serviços públicos de segurança, de forma que se torna possível e desejável a integração da Segurança Privada às metas da política de Segurança Pública, estabelecendo formas legais e transparentes de colaboração entre vigilantes e policiais. O mesmo projeto também aponta como ponto relevante sobre o papel da Segurança Privada no fortalecimento da Segurança Pública, que no Brasil ou em outras partes do mundo a segurança privada não pode mais ser encarada de forma simplista e maniqueísta.

Já os terminais portuários procuram utilizar os serviços de Segurança Privada para melhorarem o controle de acesso às suas áreas, prestando auxílio, promovendo a ordem e segurança de funcionários e clientes, bem como a guarda de valores e patrimônio.

Sobre a responsabilidade dos terminais portuários, Abreu (2015) ressalta a importância da Segurança Privada nas suas atividades:

Suas atividades dependem diretamente de todo o processo de controle de entrada e saída de pessoas e veículos nessas áreas e cabe aos seguranças privados contratados por esses terminais portuários efetuar os controles previstos pelas autoridades e agentes do processo de segurança e controle de acesso... (ABREU, 2015, p.32)

2.2 ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

A Atividade de Inteligência, no Brasil, passou por uma grande mudança após a promulgação da Constituição de 1988 e o novo ordenamento jurídico evidenciou a necessidade de reavaliar e reestruturar a atividade, seus órgãos e sistemas.

O órgão central de Inteligência de Estado do Governo Federal na época era o Serviço Nacional de Informações (SNI), que havia sido criado em 1964 e tornou-se extinto em 1990. A atividade de Inteligência passou por uma fase de transição que a partir do então SNI deu lugar ao Departamento de Inteligência (DI), posteriormente, à Subsecretaria de Inteligência (SSI) e 10 anos depois da promulgação da Carta Magna, no ano de 1999, os sistemas e subsistemas de Inteligência começaram a ser reestruturados.

Sobre a Atividade de Inteligência (AI) a ABIN (2006, p 27) diz que o vocábulo Inteligência estende-se além de sua acepção ou relevância iniciais, pois o termo e seu significado adquiriram ampla abrangência dando lugar a outras formas das quais ouvimos falar, como a Inteligência competitiva, empresarial, financeira, previdenciária, policial, entre outras que existem.

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A “Inteligência” é conceituada conforme a Lei n° 9.883, de 07 de dezembro de 1999, que instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência e criou a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) como seu órgão central:

§ 2o Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como Inteligência a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.

E segundo a mesma Lei a ABIN tem sob sua responsabilidade a função de planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de Inteligência do País, obedecidas a política e as diretrizes previamente traçadas nos termos da legislação em vigor.

Sendo assim, os órgãos de segurança precisam atuar por meio de suas agências, com ações especializadas, de forma a obter as informações de caráter confiável e restrito, necessárias para o subsídio das tomadas de decisões e também procurar obter a salvaguarda e prevenção de seus ativos, bem como a proteção do conhecimento.

Haja vista que conforme Branco (2015, p. 61) o inimigo pode estar bem próximo e que as pessoas, muitas vezes, mudam seus comportamentos e suas atitudes, pressionadas por circunstâncias imprevisíveis que a vida lhes coloca no caminho, e acabam por optarem pelo caminho do crime, movidas por ambições e sentimentos de poder e grandeza.

Nos dias de hoje, considerando que as leis que regem a sociedade e os valores morais que pautam a conduta dos brasileiros não orientam as atitudes de parcela ponderável de nossa população, é bastante provável que ações de qualquer natureza, contrariando os usos, os bons costumes, a ética e a própria legislação em vigor, possam provir a qualquer momento de pessoas até então consideradas acima de quaisquer suspeitas. (BRANCO, 2015, p.61)

E desta forma o preconizado na Política Nacional de Inteligência – PNI (2016) diz que a atividade de Inteligência segue como exercício permanente de ações especializadas, voltadas para a produção e difusão de conhecimentos norteando e assessorando as autoridades governamentais, a qual divide-se fundamentalmente em dois grandes ramos: Inteligência e ContraInteligência.

Observa-se então que a Inteligência e ContraInteligência possuem características distintas e que atuam de forma simbiótica, intrínsecos do emprego do Ciclo de Inteligência, composto por fases organizadas e que tem por objetivo atender as necessidades de

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Inteligência conduzindo a informação adequada e oportuna ao responsável pela tomada de decisões.

O ramo Inteligência é voltado prioritariamente às oportunidades na produção do conhecimento, para isto corresponde às ações normalmente voltadas a busca ou coleta por meio de técnicas operacionais de Inteligência afim de que se possa posteriormente difundir este conhecimento em exclusividade e restritamente aos tomadores de decisão.

I – Inteligência: atividade que objetiva produzir e difundir conhecimentos às autoridades competentes, relativos a fatos e situações que ocorram dentro e fora do território nacional, de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a ação governamental e a salvaguarda da sociedade e do Estado; (PNI, 2016)

Já o ramo Contrainteligência foca a produção de conhecimento na proteção e salvaguarda da instituição e dos seus integrantes, pois procura atuar preventivamente no controle do pessoal, do material e instalações, haja vista que se trabalha exclusivamente para a prevenção ao provável e inesperado, ou seja, tenta não somente fixar barreiras como também meios de detecção ou pretensão de ações investidas por inimigos tanto no campo interno como externo, bem como a disponibilidade para gestão e controle de riscos e ameaças e vulnerabilidades.

II – ContraInteligência: atividade que objetiva prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a Inteligência adversa e as ações que constituam ameaça à salvaguarda de dados, conhecimentos, pessoas, áreas e instalações de interesse da sociedade e do Estado. (PNI, 2016)

E conforme Branco (2015, p.63) a Contrainteligência atua por meio de três segmentos: a Segurança Orgânica (SEGOR), a Segurança Ativa (SEGAT) e a Segurança de Assuntos Internos.

A Segurança Orgânica procura agir com suas ações de cunho defensivo, para proteção do pessoal, da documentação, das instalações, do material, das Operações de Inteligência, das comunicações e telemática e da informática.

A Segurança Ativa, como um conjunto de medidas de caráter eminentemente ofensivo é voltada à detecção, identificação, avaliação, análise e neutralidade das ações adversas dirigidas contra a sociedade e o Estado e suas medidas são desenvolvidas por meio da Contrapropaganda, da Contraespionagem, da Contrassabotagem e do Contraterrorismo.

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A Segurança de Assuntos Internos é um conjunto de medidas destinadas ao assessoramento às ações de correção das instituições de Segurança Pública, e conforme Branco (2015, p.71) algumas polícias incumbem este procedimento e responsabilidade a estruturas conhecidas como Corregedorias.

2.3 SISTEMA E SUBSISTEMA DE INTELIGÊNCIA

A Segurança Pública no Brasil faz uso da atividade de Inteligência por meio de um “Sistema”, ou seja, formam um conjunto de elementos que devem interagir entre si.

Sendo assim, com relação aos órgãos de Inteligência, entende-se que também atua de maneira sistemática na produção de conhecimentos, os quais podem utilizar as informações compartilhadas para estratégias e ações de Inteligência voltadas à observação de situações que possam oferecer algum perigo ou ameaça à sociedade ou Estado.

No que tange às atividades de Inteligência, é fundamental a troca de informações entre as estruturas que realizam esse tipo de atividade. Daí a razão maior para que atuem de maneira sistemática na necessária produção de conhecimentos voltados ao estabelecimento de estratégias ou adoção de medidas obstativas, por exemplo, a uma situação que possa pôr em risco as pessoas, a sociedade e o Estado. (KRIEGER et al, 2011, p.30)

2.3.1 Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN)

O Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) criado pela Lei nº 9.883, de 07 de dezembro de 1999, integra as ações de planejamento e execução das atividades de Inteligência do País, e, portanto, se pode entender como um sistema que tende a formar um todo organizado e que estabelece relações tanto internamente como também com o ambiente externo. A mesma Lei também criou a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e assim estabeleceu seus fundamentos:

§ 1o O Sistema Brasileiro de Inteligência tem como fundamentos a preservação da soberania nacional, a defesa do Estado Democrático de Direito e a dignidade da pessoa humana, devendo ainda cumprir e preservar os direitos e garantias individuais e demais dispositivos da Constituição Federal, os tratados, convenções, acordos e ajustes internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte ou signatário, e a legislação ordinária. (BRASIL, 1999)

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O Decreto nº 4.376 de 13 de setembro de 2002, regulou a organização e o funcionamento do SISBIN, bem como definiu quais são os órgãos federais integrantes, sem vínculos de subordinação entre esses órgãos e com a observação da prevalência da atuação sistêmica, contudo, possibilitando a integração no SISBIN dos órgãos de Inteligência das unidades da Federação.

E desta forma o mesmo Decreto conduz ao entendimento de que o SISBIN também atua na proteção das informações sensíveis e estratégicas do Estado brasileiro, reunindo órgãos e estruturas capazes de colaborar, de modo decisivo, em variados temas, a exemplo daqueles relacionados a questões financeiras, tributárias, econômicas, sociais, ambientais, de infraestrutura, de política externa e de segurança.

2.3.2 Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP)

A partir da criação do SISBIN, e posterior regulamentação organizacional foi criado o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) pelo Decreto nº 3.695, de 21 de dezembro de 2000.

Com relação ao SISP, Laitartt et al. (2015) dizem que:

A criação do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) vem ao encontro da necessidade de reformulação de um modelo mais voltado às novas demandas sociais e que tenha por objetivo a promoção do desenvolvimento social. Isso tende a reflexos diretos na segurança, e também auxilia na produção de informação e conhecimento para uma atuação mais efetiva contra os problemas sociais que acabam culminando em conflitos. (LAITARTT et al, 2015, p. 18)

A estrutura do SISP está alocada num sistema de cooperação entre os entes de forma a proporcionar de forma intencional o fluxo de informações entre si.

Cepik (2005, p.119) diz que o SISP foi estabelecido para organizar de forma cooperativa os fluxos de informações nas áreas de Inteligência Criminal, Inteligência de Segurança (interna), bem como Contrainteligência, sendo este subsistema coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça, de forma que os principais órgãos do SISP são o Departamento de Polícia Federal (DPF) e o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), no Ministério da Justiça, além de componentes do Ministério da Fazenda (COAF, COEPI e SRF), do Ministério da Integração Regional, do Ministério da Defesa (SPEAI), do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (ABIN e SENAD), além das polícias civis e militares dos 26 estados e do Distrito Federal.

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A SENASP tem sua atuação por meio de seu órgão central de Inteligência de segurança pública no país, que é a Coordenação-Geral de Inteligência (CGI), sendo assim, Laitartt et al. (2015, pag. 19) explicam que a CGI tem a função de realizar a produção de informação e de conhecimento para assessorar as decisões do Secretário Nacional de Segurança Pública, nas mais diversas áreas de atuação.

2.4 METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO DE INTELIGÊNCIA

No Brasil, a Atividade de Inteligência busca a produção do conhecimento de Inteligência, com base na aplicação de uma metodologia própria, capaz de disponibilizar um conhecimento para utilização em decisões de nível tático ou estratégico.

Segundo a publicação da Agência Brasileira de Inteligência: “A Inteligência trata fundamentalmente da produção de conhecimentos com objetivo específico de auxiliar o usuário a tomar decisões de maneira mais fundamentada”. (ABIN, [2016?]), no entanto a produção do conhecimento de Inteligência advinda desta metodologia tende a traçar os caminhos de comprometimento com a verdade, credibilidade, objetividade e obter como resultado final, o conhecimento de conteúdo lógico e significativo.

Branco (2015) diz que por meio da filosofia e dentro dela a lógica serve para organizar os pensamentos do profissional de Inteligência da qual segue uma metodologia dotada por algumas escolas do pensamento científico, que seguindo uma adaptação para a Atividade de Inteligência, procura reduzir o grau de incerteza e erros que possam ocorrer e também influenciar de forma negativa no resultado final dos conhecimentos produzidos, sendo então a lógica dividida em lógica formal e lógica material, das quais é obtida a coerência interna do pensamento e as condições que decorrem das relações do pensamento com os diversos objetos a que se deve aplicar e que o resultado final da produção do conhecimento é traduzido pelos trabalhos do analista de Inteligência como sendo fruto de um conhecimento de conteúdo lógico e significativo, decorrente de um processo conduzido pelo seu “pensamento criador”, fundamentado em uma doutrina e seguindo rigorosamente uma metodologia.

Para o correto exercício da ISP é imperativo o uso de metodologia própria, de procedimentos específicos e de técnicas acessórias voltadas para a produção do conhecimento, excluídas a prática de ações meramente intuitivas e a adoção de procedimentos sem orientação racional. (DNISP, 2009)

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Branco (2015), também diz que a metodologia é composta por 4 (quatro) fases, que vem a ser o “Planejamento”, “Reunião”, “Processamento”, e a “Formalização e difusão”, que inserem na execução da fase da “produção” do Ciclo de Produção do Conhecimento (CPC) ou Ciclo da Atividade de Inteligência como é estabelecida na Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP) e numa breve exposição de suas fases temos:

Fase do Planejamento – É a fase na qual se determina o que deverá gerar o

conhecimento, como também o tempo em que o assunto será discutido e estudado, bem como, em alguns casos, o tempo de sua produção, de forma que são estabelecidos os objetivos, as necessidades, as prioridades e a cronologia, com uma definição dos parâmetros e técnicas a serem utilizadas a partir dos procedimentos mais simples para os mais complexos.

Fase da Reunião – Nesta fase o agente de Inteligência deve reunir os dados

adquiridos pela coleta de dados e investigações, sendo essas informações adquiridas sobre o assunto discutido, de forma que conforme a DNISP (2009) esta reunião de dados é esquematizada por meio de pesquisa, consulta aos arquivos e bancos de dados, ligações com órgãos congêneres, por meio de acionamento do elemento de operações e/ou autorização judicial em hipótese de sigilo legal e investigação criminal.

Fase do Processamento – A partir deste momento o conhecimento é produzido,

tornando-se uma fase intelectual, pois o analista percorre quatro etapas, não necessariamente de forma cronológica, sendo: Avaliação, Análise, Integração e Interpretação. O mesmo autor observa que a DNISP reúne na fase do Processamento duas das fases da metodologia da produção do conhecimento preconizada pela Doutrina Nacional de Inteligência: a da Análise e síntese e a da Interpretação. O analista de Inteligência determina a pertinência e o grau de credibilidade dos dados e/ou conhecimentos, expressando na formalização o estado de certeza, de opinião ou de dúvida do analista.

O Especialista de Inteligência percorre esta fase por meio da posse de sua competência funcional e aplicação da Técnica de Avaliação de Dados (TAD).

A TAD é adquirida pelo completo conhecimento e sistemático emprego das etapas por ela preconizadas.

A competência funcional é a faculdade concedida a um especialista de Inteligência para avaliar um dado, decorrente de função ou cargo por ele exercido, ou seja, é uma atribuição regulamentar. (DNISP, 2009)

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Já a aplicação da TAD compreende conforme a DNISP (2009) o julgamento da fonte e o conteúdo, sendo que no julgamento da fonte, busca-se avaliar seu grau de idoneidade observando-se os aspectos, Autenticidade, Confiança e Competência. Já no julgamento do conteúdo, devem ter como verificação os aspectos Coerência, Compatibilidade e Semelhança. Esta aplicação pode ter sua praticidade, conforme a Doutrina, por meio de duas tabelas mencionadas por Branco (2015) para que o especialista de Inteligência possa completar sua Avaliação, Análise, Integração e Interpretação:

Tabela1 - de julgamento da fonte Tabela 2 - de julgamento do conteúdo A: inteiramente idônea 1: confirmado por outras fontes B: normalmente idônea 2: provavelmente verdadeiro C: regularmente idônea 3: possivelmente verdadeiro D: normalmente inidônea 4: duvidoso

E: inidônea 5: improvável

F: não pôde ser avaliada 6: não pôde ser avaliado

Fonte DNISP 2009

Fase da Formalização e difusão – “Nesta fase, o conhecimento produzido será

formalizado em Documentos de Inteligência e disponibilizado para o usuário ou outras agências de Inteligência – atendidos os princípios do sigilo e da oportunidade e a necessidade de conhecer – e posteriormente arquivado”. (BRANCO, 2015)

Da Cruz (2013, p. 66) apud Silveira e Cruz (2011) alerta que a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública dispõe uma diferenciação dos conhecimentos produzidos sob os seguintes fatores: os diferentes estados em que a mente humana pode situar-se em relação à verdade (certeza, opinião, dúvida e ignorância); os diferentes graus de complexidade do trabalho intelectual necessário à produção do conhecimento (juízo e raciocínio); e a necessidade de elaborar, além de trabalhos relacionados com fatos e/ou situações passadas e presentes, outros, voltados para o futuro.

E como resultado de todo esse processo, “a Inteligência oferece às autoridades nacionais conhecimentos com credibilidade, completude e objetividade”. (ABIN, [2016? ])

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3 ATUAÇÃO DA INTELIGÊNCIA NO ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS NO PORTO DE SANTOS.

A segurança portuária, por intermédio do atendimento legal que norteia as ações e responsabilidades referentes a cada ente envolvido com a Segurança Pública, se engaja pelo cumprimento às diretrizes emanadas em Planos de Segurança e cumprimento das legislações nacionais em vigor e acordos internacionais.

3.1 ISPS-CODE E ATUAÇÃO DA INTELIGÊNCIA

Segundo a Codesp (2014), os Portos Organizados possuem Planos de Segurança Pública Portuária (PSPP) e as demais instalações portuárias (terminais) possuem Plano de Segurança Portuária. Os Planos de Segurança (PSPP e PSP) contemplam as disposições do Plano Nacional de Segurança Portuária (PNSP) e do Código Internacional de Proteção de Navios e Instalações Portuárias da Organização Marítima Internacional – ISPS CODE/IMO.

O Plano Nacional de Segurança Portuária, PNSP (2002) prevê sua instituição voltada ao aperfeiçoamento do Sistema de Segurança Pública nos Portos, terminais e vias navegáveis, visando reprimir e prevenir o crime e a impunidade, aumentando a segurança e a tranquilidade dos mesmos e, portanto, exigindo o efetivo envolvimento de diferentes órgãos governamentais em todos os níveis, entidades privadas e sociedade civil, dos quais fazem uso da Inteligência para obterem melhor e estrategicamente o alcance de seus objetivos.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos o Código Internacional para Segurança de Navios e Instalações Portuárias (ISPS - CODE, na sigla em inglês), visto como uma norma internacional de segurança para controle de acessos e monitoramento foi submetido por exigência deste (Estados Unidos) que os portos do mundo todo adotassem medidas especiais de segurança mais rígidas, dos quais o Brasil também tem procurado se adequar.

De acordo com a Resolução 2 da Conferência (adotada em 12 de dezembro de 2002) a Conferência Diplomática sobre Proteção Marítima realizada em Londres em dezembro de 2002 adotou novas disposições na Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar de 1974 e então disposto em Português como Código Internacional para a Proteção de Navios e Instalações Portuárias - Código ISPS, conforme referido na regra XI-2/1 da SOLAS 74, com suas emendas.

Sendo assim, as inspeções dos terminais e as concessões dos certificados são direcionadas como responsabilidades da Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos,

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Terminais e Vias Navegáveis (Conportos), seguindo o código internacional passado pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês).

Na parte “A” da Resolução 2 da Conferência (adotada em 12 de dezembro de 2002) explicita os objetivos do Código ISPS, dos quais possuem caráter obrigatório o seu atendimento e que se refere ao Capítulo XI-2 da Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar de 1974, e que em análise podemos notar a importância da atuação da Inteligência, que por intermédio do resultado da utilização oportuna das ações de inteligência, as informações adequadamente tratadas, podem ser conduzidas e disponibilizadas aos tomadores de decisões para que estes possam cumprir ou ao menos nortearem o melhor caminho para atingir os objetivos pré-estabelecidos e acordados internacionalmente e de extrema relevância para a segurança portuária.

1.2 Objetivos

Os objetivos deste Código são:

1. estabelecer uma estrutura internacional envolvendo a cooperação entre Governos Contratantes, órgãos Governamentais, administrações locais e as indústrias portuária e de navegação a fim de detectar ameaças à proteção e tomar medidas preventivas contra incidentes de proteção que afetem navios ou instalações portuárias utilizadas no comércio internacional;

2. estabelecer os papéis e responsabilidades dos Governos Contratantes, órgãos Governamentais, administrações locais e as indústrias portuária e de navegação a nível nacional e internacional a fim de garantir a proteção marítima;

3. garantir a coleta e troca eficaz de informações relativas a proteção;

4. prover uma metodologia para avaliações de proteção de modo a traçar planos e procedimentos para responder a alterações nos níveis de proteção; e

5. garantir que medidas adequadas e proporcionais de proteção sejam implementadas. (CODIGO ISPS, p.4, 2002)

Nota-se também, que a Atividade de Inteligência pode e deve ser empregada indiscutivelmente tanto para o enfrentamento como para o combate ao tráfico de drogas na região portuária de Santos, haja vista que não somente o viés preventivo como também o repressivo pode ser oportunamente enriquecido e fortalecido pela Atividade de Inteligência, quando envolvida ou articulada dentro das ações previstas pelo Código ISPS, pois segundo Brito (2007, p. 45) o emprego das ações de inteligência no combate ao crime organizado pode assumir facetas como o planejamento estratégico das ações de segurança pública, com base na coleta e no processamento de informações de caráter nacional e internacional, como a apresentação de rotas de tráfico, dados sobre o consumo em várias regiões do país, as novas tipologias, inclusive o mapeamento das atividades das organizações criminosas e das

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características dos diversos grupos que atuam em variados setores, estabelecendo-se as conexões.

A atuação da Inteligência pode também ser integrada no conjunto de todas as ações das Instituições Públicas e Organizações Privadas para o atendimento dos requisitos funcionais do Código ISPS, pois conforme Brito (2007, p. 45) outra aplicação da atividade de inteligência por parte de um órgão como a ABIN está relacionada ao fornecimento de informações táticas, relevantes para a inteligência policial estadual ou federal.

1.3 Requisitos funcionais

A fim de atingir seus objetivos, este Código incorpora uma série de requisitos funcionais. Estes incluem, mas não se limitam a:

1. coletar e avaliar informações referentes a ameaças de proteção e troca de tais informações com os Governos Contratantes apropriados;

2. requerer a manutenção de protocolos de comunicação para navios e instalações portuárias;

3. prevenir o acesso não autorizado a navios, instalações portuárias e suas áreas restritas;

4. prevenir a introdução de armas não autorizadas, dispositivos incendiários ou explosivos em navios ou instalações portuárias; 5. prover meios de acionar um alarme como reação a ameaças ou incidentes de proteção;

6. requerer a elaboração de planos de proteção para navios e instalações portuárias com base em avaliações de proteção; e 7. requerer treinamento e exercícios para garantir a familiaridade com os planos e procedimentos de proteção. (CODIGO ISPS, p.4, 2002)

Os objetivos do código hoje norteiam muitos processos de segurança nas instalações portuárias e navios e, segundo os profissionais de segurança entrevistados na pesquisa, sendo necessário que os empresários tomem ciência que se trata de um investimento que pode ser utilizado para promover sua empresa no mercado, haja vista os altos padrões de segurança Internacional. Por outro lado, o Estado deve proporcionar aos negócios certificados com o Código ISPS, vantagens que motivem o empresário a manter os investimentos na área de segurança, que trazem benefícios aos governos, pois as ocorrências envolvendo tráfico de drogas, armas e clandestino podem prejudicar a imagem do País internacionalmente.

Segundo a pesquisa, o Código ISPS é considerado por muitos gestores de segurança um dos principais motivos para investimentos tecnológicos, material e humano, e é através dos objetivos do Código ISPS que se consegue alcançar um alto grau de segurança, em especial nas Instalações Portuárias, pois os empresários preferem o investimento ao invés das consequências do não cumprimento, já que podem em alguns casos ser catastróficas e as penalidades aplicadas pelas autoridades competentes podem, por exemplo, chegar a multas de

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até R$ 1.000.000,00, cassação da Declaração de Ciência (DC) que permite a operação com navios internacionais, ou os dois, e que também podem contribuir para a perda de clientes e desgaste da imagem perante o mercado nacional e internacional.

A atuação da Inteligência pode ser então introduzida nas ações direcionadas ao atendimento do ISPS-CODE para fatos e eventos que venham a comprometer a segurança portuária, por meio dos setores governamentais, estruturados pelo SISBIN e coordenados pela ABIN, como também operacionalizada pelos órgãos de Segurança Pública e em cooperação inclusive internacionalmente, já que a Atividade de Inteligência se torna ferramenta primordial também às ações de Segurança Patrimonial que podem então ser contempladas por operações de Inteligência e Contrainteligência, podendo envolver todo o Porto de Santos, outras regiões e até mesmo outras nações.

Desta forma, observa-se que Código ISPS, hoje é visto como uma ordem de operações, um planejamento na organização dos Portos e com vistas a intensificar a proteção marítima, sendo assim, um terreno fértil para a atuação da Inteligência no Porto de Santos, já que segundo o item 1 do preâmbulo do anexo do próprio Código ISPS, seus requisitos formam a estrutura internacional das quais navios e instalações portuárias podem cooperar para detectar e dissuadir atos que ameacem a proteção no setor de transporte marítimo.

3.2 CENÁRIO DO TRÁFICO DE DROGAS NA REGIÃO DO PORTO DE SANTOS

A atuação do Crime Organizado (CO) na região do Porto de Santos tem se intensificado ao longo do tempo, e desenvolvido entre outros crimes, o tráfico de drogas cuja modalidade tem alertado não somente o governo nacional como também outras nações.

Brito (2007, p. 38) salienta que um dos seguimentos mais lucrativos do crime organizado é o tráfico de drogas, principalmente cocaína, heroína e anfetamina, estimando-se a movimentação de cerca de US$ 300 bilhões a US$ 500 bilhões por ano e que os traficantes geralmente vinculam-se a outros como os responsáveis pelo tráfico de armas, de forma que o negócio não somente passa a envolver dinheiro como também mercadorias e, por conseguinte a troca de armas por substâncias entorpecentes e vice-versa.

Criou-se no Brasil um mercado interessante para os traficantes, porque eles não precisam pagar com dinheiro os serviços que prestam aos seus colegas na Europa e nos EUA. Em um carregamento de 100 kg de cocaína que entra no Brasil, os brasileiros se encarregam de despachar 80 kg para fora e ficam com 20 para distribuir aqui. A droga no Brasil é barata. O

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traficante é temido pela população. A comunidade ajuda porque tem medo de vingança. Não dá só para fazer força-tarefa, entrar, comandar operação e sair, porque você não consegue apoio da população.(BRITO, 2007)

O comércio ilícito da droga parece incombatível, já que não se consegue um tratamento jurídico de caráter único e global, a fim de se exterminar definitivamente este mal que se espalha por todas as nações e, desestimular não somente o consumo de drogas como também deixar de ser vantajoso financeiramente a sua transação comercial.

Brito (2007) diz que as vendas de heroína, cocaína e maconha rendem aproximadamente US$ 122 bilhões por ano e que a utilização de complexas estruturas corporativas e transações envolvendo bancos, empresas imobiliárias e outras instituições financeiras, por traficantes e seus associados, trouxe dificuldade adicional à apreensão de ativos originados pelo tráfico de drogas. Sobretudo, os traficantes e seus cúmplices encontram brechas legais na legislação bancária, fiscal e financeira, embora o tráfico ilícito de substâncias entorpecente esteja tipificado no ornamento jurídico do País, do qual o parágrafo único e Art. 2º da Lei 11346/06 identificam como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, devendo ser proibidas em todo o território nacional, bem como o plantio, à cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos que possam extrair ou produzir drogas.

Em consequência, as organizações do crime organizado atuam de forma crescente e transnacional, aumentando seu poder econômico e influência política no mundo inteiro.

Gonçalves (2003, p.9) aponta que o fortalecimento do Crime Organizado (CO) segue por ramificações nos mais diversos tipos de atividades ilícitas, do narcotráfico à extorsão e corrupção, passando pela prostituição, tráfico de pessoas e órgãos, tráfico de armas e lavagem de dinheiro, inclusive mantendo cooperação de caráter empresarial entre si e formando conglomerados transnacionais para promoverem os delitos.

Seguindo esta linha de raciocínio, Silva (2013, p.14) diz que obrigatoriamente deve ser empregado a estratégia de enfrentamento ao narcotráfico dirigida ao amplo conjunto de atividades que integram o Crime Organizado (CO), como o branqueamento, a corrupção e terroristas que, em alianças estratégicas temporárias com o CO recebem deste financiamento, armas e documentos falsos a troco de segurança em corredores de passagem da droga e de contrabando nas zonas em conflito e de controle sobre os campos de cultivo.

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3.2.1 Rotas do tráfico de drogas

Assim como outros portos, o Porto de Santos tem ficado exposto as tentativas ilícitas, já que para melhorar o comércio portuário é necessário que haja um aumento na movimentação de cargas dentro do porto e muitas vezes por meio de rotas que acabam por interessar ao crime organizado.

Com relação a movimentação de cargas os registros divulgados pela ANTAQ (2016) divulgaram que a movimentação de contêineres nos Portos e nos Terminais de Uso Privados (TUPs) teve Santos (SP) em liderança com 32 milhões de toneladas no ano de 2016 e permanecendo como o Porto de maior influência no conjunto de movimentação de contêineres na América Latina, pois de acordo com o publicado pela Secretaria Nacional dos Portos, Brasil (2017) a atividade do Porto de Santos foi de 29,18% da movimentação total quando comparado aos demais portos brasileiros entre janeiro e dezembro de 2017 e a movimentação de contêiner no Porto de Santos atingiu 45,47% comparado aos demais portos brasileiros, entre janeiro e dezembro de 2017.

A Europa oriental, a região ao sul e leste do Mediterrâneo, o Brasil e a Nigéria, além do México tem se distinguido como áreas de trânsito. Em quase todos os casos, os traficantes fazem uso de meios de transporte intermodais, escondendo a droga em containers ou em outros tipos de carregamento deslocados pela marinha mercante, por caminhões ou ferrovias. (MACHADO p. 5, 1996)

E sobre as rotas do tráfico de drogas Filho e Vaz (1997) dizem que as características estruturais do narcotráfico no Brasil se desenvolveram a partir da condição de país de trânsito, o qual faz com que grupos atuantes neste segmento do narcotráfico, estejam operacionalmente vinculados às estruturas e organizações de países produtores e consumidores, e por consequência, ligações com grandes cartéis internacionais.

A América Latina, segundo Coggiola (2015, p. 3) permanece na qualidade de maior produtora mundial de cocaína, sendo a Colômbia a detentora do controle da maior parte do tráfico internacional (a pequena parte restante é dividida entre a máfia siciliana e a Yakuza japonesa). A cocaína gera "dependência" em indivíduos e grupos econômicos, até mesmo nas economias de alguns países, como por exemplo, nos bancos da Flórida, em algumas ilhas do Caribe ou nos principais países produtores (Peru, Bolívia e Colômbia), sendo que nestes países, a corrupção torna-se generalizada, pois os narcotraficantes controlam o governo, as forças armadas, o corpo diplomático e até as unidades encarregadas do enfrentamento ao

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tráfico, de forma que não há setor da sociedade que não tenha ligações com os traficantes e até mesmo a Igreja recebe contribuições destes.

O narcotráfico procura escapar da fiscalização, monitoramento e repressão das forças de segurança, de forma a adquirir características de inovação e mutabilidade no tempo e no espaço, claramente evidenciado nas rotas utilizadas, que são constantemente transformadas, esquecidas por um tempo e depois reativadas e modificadas conforme a demanda.

As rotas de tráfico variam de região para região, dependendo muito do mercado consumidor, valoração do produto e do tipo de droga, não existindo uma regra absoluta, uma vez que as rotas se adaptam e se alteram conforme a repressão aumenta. Apesar de ocorrerem em menores quantidades em termos de eventos, as apreensões ocorridas na via marítima concentram as maiores quantidades de cargas apreendidas por evento. (CEDIS, p. 8, 2015)

Cabe destacar que segundo Filho e Vaz (1997) parte da droga reexportada do Brasil para a América do Norte e a Europa advinda da Colômbia, Peru e Bolívia, frequentemente passando pelo Paraguai utilizam aeroportos clandestinos, pistas de aterrissagem em fazendas, caminhões transportadores de madeira e de gado com fundos falsos, além de automóveis particulares, de forma que a pasta básica que entra no Brasil através do Paraguai é produzida e processada em localidades de cultivo e colheita da coca e após o processamento das folhas seu peso é reduzido, o que facilita o transporte por via aérea, fluvial ou terrestre.

Das centenas de rotas fluviais e marítimas utilizadas pelos narcotraficantes no Brasil, boa parte possui conexões com a Bacia Amazônica, segundo Filho e Vaz (1997), indo tanto em direção ao Atlântico quanto aos países andinos, e outra rota fluvial importante serve a região de Corumbá, Mato Grosso do Sul e quase todo o Paraguai possui rotas fluviais utilizadas pelo narcotráfico.

O mesmo autor ressalta que outras rotas empregadas pelo tráfico internacional de drogas são as que se originam nos portos brasileiros, por onde saem as grandes exportações de minérios, e também de grãos, procedentes do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País.

Desta forma, com relação a principal rota da droga que sai da Bolívia, Colômbia e do Peru com destino à Europa, passando pelo oeste da África é o Brasil, e também se observa a utilização dos rios de fronteira, por onde a droga entra livremente, cruza o oceano em barcos e contêineres e chega até os consumidores europeus.

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A “Cocaína” na sua forma pura, é apontada como a droga de maior incidência nas apreensões no Porto de Santos e segundo o publicado na CEDIS (2015) a rota Europa (França, Holanda, Alemanha, Espanha, Itália, Bélgica) destaca-se como a mais utilizada pelo Tráfico Internacional de Drogas a partir do Porto de Santos.

3.2.2 Apreensões de drogas

O Porto de Santos, com foco no ordenamento federal tem seguido adequação ao atendimento dos requisitos internacionais, seguindo a tendência do transporte de cargas e segundo Mofati, et al. (2005) que se dá majoritariamente através da modalidade marítima e que atende mais de 70% do comércio internacional, sendo que a logística dos portos vem ganhando destaque nos últimos anos a partir da globalização e abertura dos mercados, tornando-se fator de competitividade e de acesso com destaque além dos custos, localização e aduana, também a “segurança” tem se apresentado como grande relevância.

Os apontamentos sobre os resultados obtidos pela intensa movimentação do poder público através dos órgãos institucionais em operações bem-sucedidas, com esforço particularmente na região do Porto de Santos e voltados exclusivamente ao enfrentamento ao tráfico de drogas, chamaram a atenção pela quantidade de drogas aprendidas e divulgadas constantemente pela mídia local, e que o resultado das pesquisas aponta como sendo a Cocaína a droga de maior apreensão no Porto de Santos.

Sobre as intensas apreensões, a edição de 04 de setembro de 2017 do jornal A Tribuna, encontrado no endereço eletrônico http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/policia/pf-faz-operacao-contra-trafico-internacional-de-drogas-em- santos/? cHash= 075a81f3 62646508bc8abb844b6780c0, destacou:

A Polícia Federal, em conjunto com a Receita Federal, deflagrou, na manhã desta segunda-feira (4), a operação intitulada Brabo, que visa o enfrentamento ao tráfico internacional de drogas no País. Em Santos também houve prisões e apreensões. Durante a tarde, em coletiva à imprensa, delegados da entidade colocaram fim à ação, mas garantiram que continuarão as investigações. (ATRIBUNA, 2017)

O Jornal Folha de São Paulo, encontrado no endereço eletrônico http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/11/1932736-receita-apreende-maior-carga-de-cocaina-do-ano-no-porto-de-santos.shtml, publicou no dia 03 de novembro de 2017 matéria sobre a maior apreensão de cocaína do ano, realizada pela Receita Federal no Porto de Santos, na Baixada Santista, com 1098 kg da droga dividida em 32 bolsas e escondidas em uma carga

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de leveduras e que seria levada para o porto da Antuérpia. A matéria também traz em destaque que segundo a Receita Federal houve a superação do resultado da operação anterior, realizada no dia 23 de outubro do mesmo ano, considerada até então como a maior apreensão do porto santista, que tinha como apreensão 936 Kg da droga. A mídia local também destacou que as apreensões de drogas no Porto de Santos chegaram a 10.604 toneladas apenas no ano de 2017.

Há de se constar que de acordo com os profissionais de segurança portuária entrevistados, dá-se o mérito pelo grande volume de operações realizadas a certo aumento na fiscalização e atuação dos órgãos de segurança, principalmente a Receita Federal Brasileira (RFB) e a Polícia Federal (PF) devido as constantes operações em conjunto realizadas, além de uma cobrança mais efetiva por estes órgãos, via CESPORTOS, não só pela correta implantação, mas também a manutenção dos Planos de Segurança Pública Portuária (PSPP) pelas instalações portuárias, com auditorias e sanções aos terminais não conformes. E também ao aumento exponencial da demanda pela cocaína na Europa, aliado ao amplo domínio do crime organizado no mercado interno, tendo o Brasil como principal entreposto da cocaína entre a América do Sul e a Europa.

As grandes quantidades de drogas apreendidas na região do Porto de Santos, segundo os resultados das entrevistas teve seu sucesso creditado aos órgãos de segurança, tendo em vista um incremento nas medidas de controle, investimentos em novos equipamentos, ao trabalho de “Inteligência” e principalmente à maior colaboração e trabalho interagências, tanto no Brasil, a exemplo das operações em conjunto envolvendo a PF e RFB, como também a melhoria da troca de informações e sinergia com os países e agências do Exterior.

A pressão externa dos países signatários de programas internacionais de segurança, tais como Operador Econômico Autorizado (OEA), ISPS - CODE, etc., de forma direta e indireta, também proporcionou motivação nas apreensões, devido ao excesso de cargas contaminadas nos últimos anos que é um fator importante a ser considerado, pois além de o Brasil ser signatário do ISPS - CODE, o excesso de descontrole torna-se ruim para a imagem do Brasil, inclusive comercialmente.

3.2.3 “Modus operandi” utilizado pelo tráfico de drogas na região portuária de Santos Os “modus operandi” e as formas diversas de transporte ilegal de drogas se apresentam aos mais diversos destinos e independente da sua origem.

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Machado (1996, p.5) diz que o crime organizado procura principalmente fazer uso da utilização de contêineres para esconderem drogas e a levarem ao seu destino final, no entanto, o crime organizado tem buscado a qualquer custo manter as transações de sua organização e nas últimas décadas, segundo Gonçalves (2003) as atividades criminosas passaram por uma série de mudanças, transformando suas ações cada vez mais organizadas por parte de delinquentes e organizações criminosas, destacando que as organizações criminosas aperfeiçoaram seu “modus operandi”, atualmente com caráter muito mais complexo e transnacional.

Algumas modalidades utilizadas por criminosos para fazerem uso de contêineres ou navios no Porto de Santos para transportarem drogas, são frequentemente arquitetadas e utilizadas aleatoriamente e oportunamente.

Conforme as pesquisas, principalmente o resultado obtido nas entrevistas,

atualmente o “rip-on / rip-off” (uma das técnicas utilizadas pelos narcotraficantes), ocorre quando a droga é colocada clandestinamente no contêiner antes do embarque, sem o conhecimento do dono da carga e posteriormente retirada da mesma forma no porto de destino e geralmente são utilizados contêineres com cargas de mercadorias que dificultam as ações de fiscalização e detecção, os quais são violadas ainda no retro porto ou em locais próximos aos terminais portuários, e a droga é normalmente colocada próximo às portas de contêineres, em mochilas de forma que possam ser facilmente retiradas, o que torna a operação “rip-on / rip off” muito rápida. Geralmente são utilizados lacres clonados e o peso do contêiner é compensado retirando-se parte da carga.

Outra modalidade muito utilizada nos últimos anos é o embarque por “içamento”, que consiste em “içar” a droga em bolsas de aproximadamente 30 kg, a partir de uma embarcação de pequeno porte normalmente com apoio de pessoas de dentro do Navio, geralmente tripulantes e estivadores.

Contudo, segundo um dos Coordenadores de Segurança Portuária entrevistado, após uma ação da PF em agosto de 2017 que culminou na morte de quatro traficantes, esta modalidade foi desestimulada e a intrusão de drogas no interior de veículos (caminhões e veículos prestadores de serviço) no interior dos terminais para posterior prática do “rip-on /

rip-off” já dentro da instalação portuária constitui outra técnica, porém menos utilizada, tendo

em vista o alto risco e custo elevado, no entanto, existem inúmeros outros tipos de “modus

operandi”, porém o “rip-on / rip-off” e “içamento” foram as técnicas mais utilizadas nos

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