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Macro Brasil. Contratação de empréstimos permitiu alta dos gastos com pessoal de Estados e municípios

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Contratação de empréstimos permitiu alta dos

gastos com pessoal de Estados e municípios

Elevação das dívidas de Estados e municípios explicada principalmente pela ampliação da dívida bancária e externa. A dívida de Estados e municípios como proporção do PIB diminuiu até 2010, permaneceu estável entre 2011 e 2013 e aumentou desde então. Em termos nominais, a alta foi de R$ 203 bilhões, sendo 52% dessa elevação explicada pelas chamadas “outras dívidas” (24% do total no 1T15), que incluem as dívidas externa e bancária. Em particular, essa última foi vinculada à ampliação dos investimentos.

Cerca de 90% das dívidas de Estados e municípios refere-se a apenas dez entidades. O destaque é a dívida do Estado de São Paulo (33% da dívida total dos Estados e municípios), a qual se soma a dos Estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Santa Catarina e da Prefeitura da cidade de São Paulo.

Recuo da arrecadação do ICMS compensado pela alta de outras receitas correntes. As receitas fiscais de Estados e municípios, especialmente dos dez maiores devedores, está fundamentalmente relacionada à dinâmica da arrecadação tributária (61% do total), especialmente do ICMS. A maior parte dessas receitas permaneceu estável como proporção do PIB, exceto o ICMS, que recuou continuamente, de 5,42% em 2005 para 4,74% em 2014.

Aumento nas despesas primárias foi explicado pela alta na folha de pagamentos. Boa parte das despesas primárias dos principais devedores permaneceu estável como proporção do PIB entre 2005 e 2014. A exceção foi o aumento das despesas com pessoal (49% do total) em 0,9pp do PIB nesse período, sendo 1,24pp do PIB de 2011 a 2014. Em particular, os investimentos (7% do total) não cresceram de forma relevante como proporção do PIB, com alta de apenas 0,02pp do PIB na média por ano.

Operações de crédito viabilizaram aumento das despesas primárias com a folha de pagamentos entre 2011 e 2014. Esse processo pode ter sido possível em função da menor vinculação de receitas de Estados e municípios frente à União. Os empréstimos vinculados a certas iniciativas de investimento permitiram que parte do orçamento inicialmente proposto para os investimentos pudesse ter sido alocado para outras despesas correntes, especialmente com pessoal. Essa maior alocação para a folha de pagamentos elevou a rigidez do orçamento, dificultando o cumprimento do superavit primário neste ano. Esse comportamento contribui para nossa leitura menos favorável para as contas fiscais de Estados e municípios.

Macro Brasil

Este boletim foi preparado pelo Credit Suisse, em seu nome e em nome das empresas ligadas ao grupo Credit Suisse é distribuído a título gratuito, com a finalidade única de prestar informações ao mercado em geral. Apesar de ter sido tomado todo o cuidado necessário de forma a assegurar que as informações aqui prestadas reflitam com precisão informações no momento em que as mesmas foram colhidas, a precisão e exatidão de tais informações não são por qualquer forma garantidas e o Banco por elas não se responsabiliza. Este boletim é fornecido apenas

Análise Econômica Credit Suisse Brasil

Nilson Teixeira +55 11 3701 6288 nilson.teixeira@credit-suisse.com Iana Ferrão +55 11 3701 6345 Iana.ferrao@credit-suisse.com Leonardo Fonseca +55 11 3701 6348 leonardo.fonseca@credit-suisse.com Daniel Lavarda +55 11 3701 6352 daniel.lavarda@credit-suisse.com Tales Rabelo +55 11 3701 6353 tales.rabelo@credit-suisse.com

Análise Econômica Credit Suisse Brasil

Nilson Teixeira +55 11 3701 6288 nilson.teixeira@credit-suisse.com Paulo Coutinho +55 11 3701 6353 paulo.coutinho@credit-suisse.com Iana Ferrão +55 11 3701 6345 iana.ferrao@credit-suisse.com Leonardo Fonseca +55 11 3701 6348 leonardo.fonseca@credit-suisse.com Daniel Lavarda +55 11 3701 6352 daniel.lavarda@credit-suisse.com

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Contratação de empréstimos permitiu alta dos

gastos com pessoal de Estados e municípios

Elevação das dívidas de Estados e municípios explicado principalmente pela ampliação da dívida bancária e externa

A dívida de Estados e municípios aumentou de R$ 464 bilhões em 2010 para R$ 656 bilhões em dezembro de 2014, e R$ 667 bilhões no 1T15. A maior parte desse valor é composta por dívidas com o governo federal (R$ 504 bilhões em 1T15), que foram originadas quando da substituição das dívidas estaduais em poder do público por títulos federais, conforme estabelecido na Lei 9496/1997. Essa lei também definiu a remuneração das dívidas dos Estados com a União, a alocação de parte das receitas líquidas para o pagamento de juros e os parâmetros das metas de superavit primários de Estados e municípios.

Essas dívidas com a União, apesar de majoritárias, não explicaram a maior parte da alta do endividamento geral dos Estados e municípios nos últimos anos. Como proporção do PIB, a dívida de Estados e municípios diminuiu até 2010, permaneceu estável entre 2011 e 2013 e aumentou desde então. Em termos nominais, a alta foi de R$ 203 bilhões entre 2010 e o 1T15, sendo que 52% desse aumento foi explicado pelas chamadas “outras dívidas”. A participação de “outras dívidas” no endividamento geral cresceu de 12% em 2007 para 24% no 1T15. Nesse conjunto (Gráfico 1):

 A alta da dívida externa e da dívida bancária explicaram o aumento de “outras dívidas” de modo quase equivalente. Em um primeiro momento, o aumento da dívida externa contou com a maior abertura para empréstimos do exterior vinculados a investimentos específicos, principalmente obras de infraestrutura financiadas por organismos internacionais. Em grande parte, a alta da dívida externa em 2014 e início de 2015 deveu-se à depreciação cambial.

 O aumento das dívidas com instituições bancárias decorreu, principalmente, de operações de swap de dívida com o Tesouro, especialmente aquelas renegociadas e originadas do não cumprimento de condições preestabelecidas de pagamento à União. Quando os Estados e municípios deixam de cumprir o fluxo programado de pagamentos de juros ou amortizações, em função de restrição temporária de caixa, o valor não pago é reincorporado ao estoque da dívida, porém com uma remuneração substancialmente mais elevada que no contrato original1. Assim, do ponto de vista dos Estados, faz sentido substituir uma dívida cara com o governo federal por uma dívida mais barata com instituições bancárias. Essas operações de swap de dívida não alteraram o nível geral de endividamento no curto prazo, apenas sua composição.  Especialmente a partir de 2013, o Tesouro autorizou a contratação de empréstimos

bancários por Estados e municípios para ampliar os investimentos públicos e, não necessariamente, para reduzir a dívida com a União. A ampliação dos investimentos é a principal explicação para a elevação das dívidas dos Estados e municípios e, consequente, para o recuo do superavit primário dessas entidades nos últimos anos.

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Gráfico 1: Dívida de Estados e municípios bilhões

Fonte: Banco Central, Credit Suisse

Cerca de 90% das dívidas de Estados e municípios refere-se a 10 entidades

A maior parte da dívida dos governos regionais está concentrada em poucas entidades. O destaque é a dívida do estado de São Paulo (R$ 218 bilhões em dezembro de 2014), que representa mais de 33% da dívida total de Estados e municípios (Gráfico 2):

 Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e a Prefeitura da cidade de São Paulo respondem por 81% do endividamento total.

 A soma das dívidas do Paraná, Goiás, Bahia, Pernambuco e Santa Catarina eleva aquele percentual de 81% para 91% do total da dívidas de Estados e municípios. Gráfico 2: Principais dívidas de Estados e municípios

bilhões, em dezembro de 2014

Fonte: Banco Central, Credit Suisse

47 45 43 58 61 81 159 329 370 366 406 428 457 497 376 415 409 464 489 538 656 98 481 579 % do PIB 13,8 13,4 12,3 11,9 11,2 11,4 11,2 11,9 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 163 504 667 Mar-15 12,0 Outras dívidas Dívida com o Tesouro Nacional

(Lei 9496/1997) Disponibilidades líquidas Dívida externa Dívida bancária

Dívida renegociada com o gov. federal

Mar-15 2013 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2014 28 108 101 -74 29 105 82 -57 55 55 47 44 39 36 31 9 11 19 27 34 49 71 13 19 17 23 28 41 60 -31 -40 -40 -37 -40 -44 -64 163 Outras dívidas Demais Principais devedores 91 9 218 90 88 75 58 18 16 12 10 10 São Paulo Rio de Janeiro Minas Gerais Sao Paulo (capital) Rio Grande do Sul Paraná Goiás Bahia Pernambuco Santa Catarina PE BA MG GO SP RJ SC RS PR

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A maior participação desses Estados e municípios no endividamento total também significa que os mesmos têm maiores encargos com juros e, consequentemente, uma maior necessidade de obter resultado primário mais elevado. Nesse sentido, esse conjunto relativamente restrito de governos regionais2 também responde pela maior parte do esforço primário dos governos regionais (Gráfico 3):

 A dinâmica do superavit primário apurado no conceito acima da linha (Tesouro Nacional) para esse grupo restrito de governos é muito semelhante à dinâmica do superavit primário para a totalidade dos governos regionais apurado abaixo da linha (Banco Central). Portanto, a análise restrita aos Estados e municípios com maior dívida com a União é uma boa aproximação para a dinâmica das contas fiscais da totalidade dos Estados e municípios.

 O superavit primário acima da linha excedeu as metas fiscais desse conjunto de governos regionais em todos os anos desde 2006, com exceção do período que se seguiu a junho de 2014.

 As metas fiscais desse conjunto específico não só foram gradualmente reduzidas desde 20073 (0,50% do PIB naquele ano até 0,06% do PIB em 2014), como também variaram bastante ao longo do ano fiscal. Isso sugere que alterações nas leis de diretrizes orçamentárias dos Estados e municípios para mudar as metas são relativamente comuns.

Gráfico 3: Resultados primários dos governos regionais % do PIB, acumulado em 12 meses

Fonte: Tesouro Nacional, Banco Central, Credit Suisse

2 Estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo,

além da prefeitura da cidade de São Paulo.

3 Em nenhuma ocasião, as metas foram revisadas para cima em magnitude maior do que 0,01pp do PIB.

-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

Dez-05 Dez-06 Dez-07 Dez-08 Dez-09 Dez-10 Dez-11 Dez-12 Dez-13 Dez-14

Superavit primário dos10 principais devedores (acima da linha)

Superavit primário total de Estados e municípios (abaixo da linha) Superavit primário dos

10 principais devedores (abaixo da linha)

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Recuo do superavit primário dos dez governos regionais com maior endividamento, apesar da alta das receitas primárias como proporção do PIB

O superavit primário avaliado acima da linha para o conjunto dos dez principais devedores aumentou de 0,69% do PIB em 2005 para 0,93% do PIB em 2007, recuando gradualmente a 0,06% do PIB em 2014 (Gráfico 4). Esse recuo ocorreu apesar do aumento das receitas primárias para esse conjunto de governos regionais de 0,43pp do PIB no período, já que as despesas primárias aumentaram 1,05pp do PIB.

O recuo com os pagamentos programados de juros da dívida foi mais moderado, de 0,59% do PIB em 2005 para 0,43% do PIB em 2014. Nesse caso, o saldo em relação ao pagamentos de juros, eventualmente utilizado para a amortização da dívida com o Tesouro ou outras operações similares, recuou significativamente a partir de 2008, tornando-se praticamente nulo em 2012 e negativo em 2013 e 2014. Esse saldo nulo ou negativo coincide com o período de estabilidade e posterior expansão do endividamento das dívidas de Estados e municípios.

Gráfico 4: Receitas e despesas primárias dos dez

governos regionais com maiores dívidas Gráfico 5: Resultados fiscais dos dez governos regionais com maiores dívidas (acima da linha)

% do PIB % do PIB

Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse

Recuo na arrecadação do ICMS compensado pela alta de outras receitas correntes

As receitas fiscais de Estados e municípios, especialmente desse conjunto de dez maiores devedores, está relacionada à dinâmica da arrecadação tributária, especialmente do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

 Cerca de 61% das receitas dos dez maiores devedores são receitas tributárias. Os 39% restantes correspondem, principalmente, a transferências constitucionais ou voluntárias da União ou de outras unidades da federação (17%), contribuições previdenciárias (8%) e demais receitas correntes (10%), constituídas de receitas diretamente arrecadadas, via fornecimento de serviços junto ao público, pagamentos de passivos tributários, renegociações de dívidas tributárias, entre outras (Gráfico 6). 9,7 9,6 9,6 10,2 9,9 9,9 9,8 9,9 10,0 10,1 -9,0 -8,9 -8,7 -9,2 -9,4 -9,4 -9,1 -9,4 -9,7 -10,0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 0,69 0,74 0,93 0,92 0,51 0,55 0,63 0,47 0,24 0,06 Despesas primárias Receitas primárias Superavit primario (acima da linha) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Pagamento de juros

com serviços da dívida Superavit primario (acima da linha) Diferença 0,7 0,7 0,9 0,9 0,5 0,5 0,6 0,5 0,2 0,1 -0,6 -0,6 -0,5 -0,5 -0,5 -0,4 -0,4 -0,4 -0,4 -0,4 0,10 0,17 0,41 0,41 0,05 0,12 0,22 0,02 -0,16 -0,36

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 Dentre as receitas tributárias, a arrecadação do ICMS é a mais relevante, representando 77% do total. Os demais 23% são relativos a outros tributos estaduais e municipais.

 Dentre as transferências (17%), a maior participação é relativa a outras transferências correntes (70%), que incluem, todas as transferências da União, com exceção das transferências por repartição de receita. Exemplos das transferências consideradas são: repasses para o fundo de educação básica (Fundeb), repasses relativos às receitas com royalties de petróleo e mineração, repasses da Cide-combustíveis, compensação aos Estados exportadores (Lei Kandir), entre outros programas específicos.

Gráfico 6: Receitas primárias dos dez governos regionais com maiores dívidas % do total

Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse

A maior parte das receitas tributárias permaneceu aproximadamente estável nos últimos anos como proporção do PIB, exceto a arrecadação do ICMS, que recuou continuamente desde 2005. O recuo das receitas do ICMS (de 5,42% do PIB em 2005 para 4,74% do PIB em 2014) foi a principal razão para a redução de 0,47pp do PIB nas receitas tributárias dos dez principais devedores estaduais e municipais (Gráfico 7). As mudanças legislativas de caráter mais geral foram pouca, tendo sido mais concentradas nos últimos anos (uniformização das alíquotas do ICMS de importação em 2012, e regulamentação da cobrança de ICMS sobre comércio eletrônico em abril de 2015). Nesse sentido, o recuo nas receitas do ICMS pode ser explicado por conta de mudanças nas legislações estaduais do imposto, particularmente em função da intensificação das desonerações tributárias específicas determinadas a partir de leis estaduais. O recuo nas receitas do ICMS não foi compensado por um aumento das transferências correntes, que permaneceram aproximadamente estáveis como proporção do PIB no período (Gráfico 8).

ITCD 0,4 ITBI 1,7 IPVA 1,1 IRRF ISS Outras taxas ICMS Receitas tributárias Transferências correntes Contribuições 8% Transferências de capital 1% Receitas patrimonial 3% Demais receitas correntes 10% Demais receitas de capital 0% 61% 17% Receitas primárias Convênios ICMS Fundo de participação dos Estados e municípios Demais 22 6 2 70 77,0 6,9 5,1 4,4 IPTU 3,3

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Gráfico 7: Receitas tributárias dos dez principais

devedores estaduais e municipais Gráfico 8: Transferências aos dez principais devedores estaduais e municipais

% do PIB % do PIB

Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse

A compensação do recuo das receitas tributárias que elevou as receitas primárias decorreu de:

 Aumento nas demais receitas correntes (de 0,75% do PIB em 2005 para 1,37% do PIB em 2014), especialmente no período entre 2005 e 2008 (de 0,75% para 1,30% do PIB) – nesse conjunto específico de receitas, o destaque foi o aumento em diversas receitas correntes, que incluem indenizações e restituições, receitas com multas e pagamentos de juros de obrigações para com os governos estaduais e municipais, entre outras (Gráfico 9).

 Aumento nas receitas de contribuições (de 0,49% do PIB em 2005 para 0,80% do PIB em 2014) – o movimento contínuo foi explicado pelas maiores contribuições previdenciárias (Gráfico 10). Essas maiores receitas não correspondem, no entanto, a um aumento líquido de receitas, já que se tratam da contrapartida pelo aumento das despesas a folha de pagamentos (tanto aumento salarial, quanto crescimento vegetativo). Outras IRRF ITBI ISS IPTU ITCD IPVA ICMS 5,42 5,25 4,95 5,11 4,84 4,88 4,76 4,79 4,75 4,74 0,42 0,43 0,45 0,45 0,49 0,44 0,43 0,44 0,43 0,43 0,11 0,11 0,11 0,09 0,10 0,10 0,10 0,11 0,10 0,11 0,14 0,17 0,18 0,18 0,18 0,18 0,19 0,21 0,20 0,20 0,18 0,20 0,20 0,22 0,20 0,22 0,21 0,22 0,25 0,27 0,30 0,30 0,30 0,31 0,32 0,29 0,29 0,29 0,31 0,31 6,63 6,51 6,25 6,40 6,18 6,19 6,05 6,15 6,13 6,16 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Demais transferências correntes Convênios Transf. de ICMS Fundo de Participação dos Estados e municípios 1,81 2005200620072008200920102011201220132014 0,42 0,42 0,39 0,40 0,36 0,34 0,37 0,36 0,35 0,38 0,14 0,12 0,12 0,12 0,110,11 0,11 0,10 0,11 0,10 0,04 0,05 0,050,04 0,03 0,03 0,03 0,03 1,19 1,061,16 1,23 1,28 1,25 1,21 1,171,13 1,16 1,76 1,61 1,71 1,80 1,74 1,72 1,66 1,621,67

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Gráfico 9: Demais receitas correntes dos dez

principais devedores estaduais e municipais Gráfico 10: Receitas de contribuições dos dez principais devedores estaduais e municipais

% do PIB % do PIB

Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse

Aumento nas despesas primárias foi explicado pela alta na folha de pagamentos

Boa parte das despesas correntes permaneceu estável como proporção do PIB entre 2005 e 2014, ao menos para o conjunto dos principais devedores da União, cujo esforço fiscal responde pela maior parte da dinâmica do superavit primário de Estados e municípios. A exceção mais clara foi o aumento das despesas com pessoal (49% do total) no período em 0,89pp do PIB (Gráfico 11), com alta de 1,24pp do PIB entre 2011 e 2014. Em geral, todas as demais despesas primárias permaneceram aproximadamente estáveis, inclusive as despesas financeiras (i.e., não primárias). Em particular, os investimentos (7% do total)4 não foram ampliados como proporção do PIB de modo relevante, apesar de algumas versões lhe atribuírem a responsabilidade pelo recuo do superavit primário desses entes nos últimos anos. Os investimentos como proporção do PIB foram ampliados ao longo dos últimos quatro anos, mas isso decorreu do caráter sazonal dessas despesas, que tendem a ser contraídas no primeiro ano de governo e elevadas nos anos subsequentes à medida que se aproximam as eleições. Na comparação entre as duas legislaturas (2007 a 2010 e 2011 a 2014), não houve um acréscimo significativo nessas despesas (média de 0,02pp do PIB por ano – Gráfico 12).

4 Na abertura por despesas primárias dos dez principais devedores da União, tem-se ainda participação de 15% em transferências

(de Estados para municípios, por meio de repartição de receitas do ICMS, ou mesmo para outros estados), 27% relativos a demais despesas correntes, 3% a demais inversões financeiras.

Dívida Ativa Receita patrimonial (líquida) Outras receitas correntes 2006 2008 2010 2012 2014 0,06 0,09 0,04 0,05 0,05 0,07 0,07 0,07 0,06 0,06 0,18 0,38 0,40 0,40 0,36 0,37 0,32 0,30 0,27 0,31 0,50 0,52 0,63 0,85 0,75 0,72 0,85 0,89 1,08 1,00 0,75 1,98 1,08 1,30 1,16 1,16 1,24 1,26 1,40 1,37 Receitas Previdenciárias Outras contribuições 2006 2008 2010 2012 2014 0,13 0,13 0,16 0,16 0,16 0,16 0,15 0,17 0,16 0,21 0,36 0,31 0,37 0,380,49 0,48 0,47 0,52 0,54 0,59 0,49 0,44 0,53 0,54 0,65 0,64 0,610,69 0,70 0,80

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Gráfico 11: Principais despesas correntes dos dez

principais devedores estaduais e municipais Gráfico 12: Principais despesas de capital dos dez principais devedores estaduais e municipais

% do PIB % do PIB

Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse

Operações de crédito viabilizaram aumento das despesas primárias com pessoal entre 2011 e 2014

Houve, especialmente entre 2011 e 2014, certa dissonância entre a dinâmica das receitas e das despesas primárias. As receitas primárias cresceram apenas 0,36pp do PIB no período, ao passo que as despesas primárias aumentaram em 1,28pp do PIB. Desse montante, 1,24pp do PIB decorreu da elevação das despesas com folha de pagamentos. Parte significativa dessa diferença foi financiada pelo crescimento do endividamento, especialmente por meio de operações de crédito5, que aumentaram de modestos 0,13% do PIB para 0,46% do PIB no período (Gráfico 13). Naturalmente, outras fontes específicas de receitas também contribuíram – como no caso das contribuições e receitas diretamente arrecadadas – para compensar ao menos parcialmente o aumento dos gastos primários.

Esses números sugerem uma violação ao princípio da chamada regra de ouro da execução de despesas públicas, presente na Constituição Federal, a qual pretende coibir o financiamento de despesas correntes (e.g., despesas com pessoal) por intermédio de operações de crédito6. Esse processo pode ter sido possível em função do menor nível de vinculação de receitas de Estados e municípios na comparação com a União. Nesse caso, os empréstimos vinculados a determinadas iniciativas de investimento permitiram que parte do orçamento inicialmente proposto para os investimentos pudesse ter sido alocado para outras despesas correntes, especialmente com a folha de pagamentos.

5 E, em menor grau, pela alienação de bens.

6Artigo 167, inciso III da Constituição Federal de 1988: “É vedada a realização de operações de crédito que excedam as despesas

de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta”. Esse artigo da Constituição foi disciplinado pelos artigo 32 e 33 da Lei Complementar 101/2000. Demais despesas correntes 0,59 1,68 2,59 4,06 8,92 0,57 1,61 2,62 3,99 8,79 2006 0,52 1,53 2,65 3,89 8,59 0,51 1,57 3,11 3,81 9,00 2008 0,46 1,57 3,20 3,79 9,02 0,42 1,58 3,14 3,68 8,82 2010 0,41 1,50 3,16 3,71 8,79 0,44 1,52 3,17 4,06 9,19 2012 0,41 1,55 2,76 4,59 9,30 0,43 1,53 2,66 4,95 9,57 2014 Transferências constitucionais Juros e encargos da dívida Pessoal e encargos sociais 2006 2008 2010 2012 2014 0,54 0,12 0,31 1,01 0,56 0,10 0,75 1,43 0,42 0,18 0,31 0,96 0,56 0,19 0,35 1,11 0,67 0,20 0,38 1,27 0,80 0,18 0,32 1,31 0,58 0,16 0,35 1,12 0,54 0,12 0,39 1,10 0,68 0,16 0,42 1,28 0,74 0,16 0,36 1,26 Investimentos Concessão de empréstimos Aq. de títulos Inversões financeiras Amortização de dívida

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Gráfico 13: Receitas de capital dos dez principais devedores estaduais e municipais

% do PIB

Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse

A maior concentração das despesa com folha de pagamentos dificulta a implementação de ajustes fiscais, à medida que o pagamento de salários e encargos não pode ser simplesmente adiado. Ao mesmo tempo, iniciativas de cortes de pessoal tendem a enfrentar maior resistência política. A menor participação relativa dos investimentos e o caráter decrescente das demais despesas correntes também sugerem que iniciativas de ajustes advindos dessas fontes específicas tendem a produzir, comparativamente, menor impacto.

Nesse sentido, a abertura das contas dos principais devedores da União ratifica nossa visão menos favorável para a dinâmica das contas fiscais de Estados e municípios em 2015. Nossa expectativa é que a contribuição dessas entidades ao esforço primário no ano seja próxima de zero, apesar do resultado relativamente favorável dos três primeiros meses do ano. Em especial, entendemos que:

 O aumento na concentração das despesas primárias em folha de pagamento, indiretamente possível pela anuência dada pelo Tesouro à tomada de empréstimos pelos Estados e municípios, ampliou a rigidez orçamentária, potencialmente restringindo o alcance dos ajustes fiscais em nível local.

 O recuo nas receitas tributárias observado, sob a provável influência de desonerações tributárias específicas de ICMS, amplia a fragilidade das finanças estaduais, à medida que deposita a expectativa de realizar o ajuste fiscal pelo lado das receitas sobre alíneas de peso relativo bastante menor.

Operações de crédito Outras receitas de capital Transferências de capital Alienação de bens Amortização de empréstimos 0,02 0,03 0,02 0,03 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,12 0,09 0,05 0,02 0,11 0,10 0,02 0,07 0,09 0,15 0,03 0,04 0,03 0,06 0,09 0,09 0,08 0,08 0,09 0,08 0,02 0,03 0,02 0,05 0,05 0,10 0,04 0,04 0,04 0,03 0,07 0,07 0,04 0,11 0,17 0,18 0,13 0,38 0,49 0,46 0,26 0,26 0,17 0,26 0,45 0,49 0,29 0,59 0,73 0,75 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

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