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CONCLUSÃO Nesta data, faço estes autos conclusos a(o) MM (a). Juiz(a) da 1ª Vara Federal. JRJDNI. Campos dos Goytacazes, 15 de fevereiro de 2016

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JUÍZA FEDERAL : GIOVANA TEIXEIRA BRANTES CALMON

PROCESSO : 0153065-15.2015.4.02.5103 (2015.51.03.153065-6)

AUTOR : MINISTERIO PUBLICO FEDERAL

RÉU : MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DA BARRA

CONCLUSÃO

Nesta data, faço estes autos conclusos a(o) MM(a). Juiz(a) da 1ª Vara Federal.

JRJDNI

Campos dos Goytacazes, 15 de fevereiro de 2016 MARIA THEREZA TOSTA CAMILLO

Diretor(a) de Secretaria

DECISÃO

Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público

Federal em face do Município de São João da Barra/RJ, objetivando decisão

liminar para compelir a edilidade a cumprir, no prazo de 60 (sessenta) dias, as seguintes providências:

a) regularizar as pendências encontradas no sítio eletrônico já

implantado, de links que não estão disponíveis para consulta (sem registro ou arquivos corrompidos), e promover a correta implantação do portal da transparência, previsto na Lei Complementar nº 131/2009 e na Lei nº 12.527/2011, assegurando que nele estejam inseridos, e atualizados em tempo real, os dados previstos nos mencionados diplomas legais e no Decreto nº 7.185/2010 (art. 7º), inclusive com o atendimento aos seguintes pontos:

a.1) quanto à despesa, a disponibilização de dados atualizados realtivos ao (art. 7º, inciso I, alínea “a” e “d” do Decreto nº 7.185/2010):

i) valor do empenho; ii) valor da liquidação; iii) favorecido;

iv) valor do pagamento;

b) disponibilizar as informações concernentes a procedimentos

licitatórios, inclusive (art. 8º, §1º, inc. IV, da Lei 12.527/2011): i) íntegra dos editais de licitação;

ii) resultado dos editais de licitação; iii) contratos na íntegra;

c) apresentar:                      JFRJ Fls 147

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i) as prestações de contas (relatório de gestão) do ano anterior (art. 48, caput, da LC 101/00);

ii) o relatório resumido da execução orçamentária (PRO) dos últimos 6 meses (art. 48, caput, da LC 101/00);

iii) o relatório de gestão fiscal (RGF) dos últimos 6 meses (art. 48,

caput, da LC 101/00);

iv) o relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informações genéricas sobre os solicitantes (art. 30, III, da Lei 12.527/2011);

d) fazer no site a indicação a respeito do serviço de informações ao

cidadão, contendo (art. 8º, §1º, c/c art. 9º, I, da Lei 12.527/11):

i) a indicação precisa no site de funcionamento de um SIC físico; ii) a indicação do órgão;

iii) a indicação de endereço; iv) a indicação de telefone;

v) a indicação dos honorários de funcionamento;

e) apresentar a possibilidade de envio de pedidos de informação de

forma eletrônica (E-SIC) (art. 10, §2º, da Lei nº 12.527/11);

f) apresentar a possibilidade de acompanhamento posterior da

solicitação (art. 9º, I, alínea “b” e art. 10, §2º da Lei 12.527/11);

g) não exigir a identificação do requerente, inviabilizando o pedido

(art. 10, §1º, da Lei 12.527/11);

h) disponibilizar o registro das competências e estrutura

organizacional do ente (art. 8º, §1º, inciso I, Lei 12.527/2011); e

i) disponibilizar os endereços e telefones das respectivas unidades e

horários de atendimento ao público (art. 8º, §1º, inciso I, Lei nº 12.527/11). Na sua inicial, o Ministério Público Federal articulou o seguinte:

“Com o intuito de analisar o cumprimento das Leis de Acesso à Informação e da Transparência – e a efetivação do princípio da publicidade inserto no artigo 37, caput, da Constituição Federal – pelos Municípios brasileiros, o MPF realizou avaliação dos portais e ferramentas de comunicação usadas pelas prefeituras e governos estaduais.

A análise foi feita com base em checklist elaborado pela ação número 4 de 2015 da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), cujo objetivo era: “Estabelecer estratégia articulada de fomento, monitoramento e cobrança do cumprimento da Lei nº 12.527/2011, em relação à transparência ativa e passiva”.

O checklist foi feito com base apenas em quesitos legais, colhidos da Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/11), da Lei da Transparência (Lei Complementar nº 131/2009) e do Decreto 7.185/10, que

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determinam a forma como deve ser a transparência administrativa do setor público.

Detectado o descumprimento às referidas leis, o MPF encaminhou ao São João da Barra – RJ recomendação com o objetivo de solucionar a demanda extrajudicialmente, dando prazo de 60 dias para sua regularização.

Após escoado o citado prazo, novo diagnóstico foi realizado, tendo algumas das irregularidades persistido, não restando alternativa ao Ministério Público Federal que não a propositura da presente ação civil pública.”

A inicial veio instruída com documentos juntados nas folhas 13/123. Termo de informação de prevenção juntado na folha 124.

Na folha 127, foi determinada a notificação do Município demandado, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.437/1992.

Nas folhas 130/133, o demandando apresentou resposta. Sustentou a edilidade que nunca se opôs à instalação do portal da transparência e que, atualmente, esse portal já foi criado e está na fase de “customização” para que seja disponibilizado. Sustentou que a demora na implantação do portal da transparência foi devido ao fato da limitação orçamentária. Em anexo, juntou documentos nas folhas 134/137.

Na folha 141, foi exarada certidão a respeito da possível prevenção apontada no termo de informação de prevenção de folha 124.

Sem mais, vieram os autos conclusos para decisão.

É o relato do necessário. Decido.

Inicialmente afasto eventual prevenção em relação ao processo nº

2007.51.03.002786-3, uma vez que a presente demanda tem causa de pedir e

pedido diversos daquela, conforme demonstra a certidão exarada na folha 141. A Lei Complementar nº 131/2009 alterou dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/00), incluindo mecanismos que visam a ampliar a transparência na gestão dos recursos públicos.

Nesse sentido, destacam-se os artigos 48 e 49 da LC nº 101/00 que determinam a liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso ao público. Os referidos dispositivos legais têm a seguinte redação:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: (Redação dada pela Lei Complementar nº 131, de 2009). I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos

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planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).

II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). (Grifei)

III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº 7.185, de 2010) Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao

procedimento licitatório realizado; (Incluído pela Lei

Complementar nº 131, de 2009).

II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). (Grifei)

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. (Grifei)

Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.

Em sintonia com as alterações promovidas pela Lei Complementar nº 131/09, a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) determinou que os órgãos públicos disponibilizassem informações relacionadas às suas atividades a quaisquer pessoas que solicitassem os dados, e, para cumprir a determinação legal, devem manter Serviços de Informação ao Cidadão, de forma clara e por meio de fácil acesso, expostos na internet, sobre a Administração Pública e para acompanhamento de programas, ações, projetos e obras governamentais. Veja-se a redação dos artigos 6º a 9º do referido diploma legal:

CAPÍTULO II

DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO

Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:

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I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação;

II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, autenticidade e integridade; e

III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e eventual restrição de acesso.

Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:

I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada;

II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos;

III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;

IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;

V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;

VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa:

a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos;

b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. § 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

§ 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.

§ 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo.

§ 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.

§ 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva documentação.

§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que comprovem sua alegação.

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Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. § 1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão constar, no mínimo:

I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público;

II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros;

III - registros das despesas;

IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados;

V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e

VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.

§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet).

§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:

I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão;

II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;

III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;

IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da informação;

V - garantir a autenticidade e a integridade das informações disponíveis para acesso;

VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso; VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora do sítio; e

VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008.

§ 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado mediante: I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e entidades do poder público, em local com condições apropriadas para:

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a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações; b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas unidades;

c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e

II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à participação popular ou a outras formas de divulgação.

Com o objetivo de fazer cumprir as determinações da legislação em epígrafe, o Ministério Público Federal, após detectar diversas deficiências nos portais de transparência dos Municípios que compõe a área de atribuição da PRM/Campos, expediu recomendações àqueles entes federativos (fls.30/31), dentre eles a edilidade ora demanda nesta ação civil pública (fls.88/95), objetivando a implantação adequada do “Portal da Transparência” em seus sítios oficiais eletrônicos, ou a adequação dos sites já existentes aos comandos legais vigentes.

Em que pese o esforço do Ministério Público Federal com a finalidade de auxiliar a implantação das novas medidas junto ao Município de São João da Barra/RJ, verifico que a edilidade ainda não cumpriu adequadamente o que determina a mencionada legislação. No ponto, destaco que o próprio ente federativo admite, em sua manifestação nos autos (fls. 130/133), não ter instalado o portal da transparência.

Ressalto o fato de que a Recomendação nº 11/2015 datou de maio de 2015 (fls. 89/95), e que, após quase um ano, a edilidade vem, em sua manifestação nos autos (fls.130/133), sustentar que o portal está na fase de “customização” e que o atraso se devia ao fato de que a criação desse portal tem um custo elevado, e dessa forma estaria limitada pela lei orçamentária.

Essa alegação em nada favorece o município, considerando que a determinação legal existe desde 2011, ou seja, há mais de 5 (cinco) anos, tempo razoável para que o ente federativo pudesse ter inserido esse suposto custo no seu plano plurianual e nas sucessivas leis orçamentárias anuais.

Ainda que não fosse assim, também não prospera a alegação de limite orçamentário pelo fato de a Controladoria Geral da União e o Portal do Software Público Brasileiro disponibilizarem soluções gratuitas, seguindo o modelo de acessibilidade do Governo Eletrônico, ou seja, com auxílio federal o portal já poderia ter sido instalado a custo zero ou, no mínimo, módico.

Ainda no ponto, assevero que o município demandado não juntou nenhuma prova nos autos das suas alegações, seja no sentido de demonstrar que de fato o portal da transparência está na fase final, seja da suposta inviabilidade orçamentária para o cumprimento da Lei de Acesso à Informação. Todo esse contexto factual é indicativo suficiente de que o ente federativo, ora demandado nesta ação civil pública, tem se mostrado resistente, em uma época em que o combate à corrupção no âmbito da Administração Pública deste país tem sido fortemente travado pela sociedade, em dar cumprimento a uma legislação que veio contribuir para a materialização de

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princípios constitucionais basilares de um Estado Democrático de Direito (art. 1º da CRFB/88) – princípio da impessoalidade, da moralidade e da publicidade - e que se encontram expressos no texto constitucional (art. 37, caput, da CRFB/88).

Destarte, entendo que há plausibilidade jurídica na prédica do Ministério Público Federal.

Quanto ao periculum in mora, tenho que também está presente no caso concreto.

Com efeito, o E. Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência consolidada no sentido de que, em ações de improbidade administrativa, o deferimento da medida cautelar de indisponibilidade de bens prescinde da demonstração concreta pela parte requerente do periculum in mora, pois esse é implícito, e milita em favor da sociedade (REsp 1366721/BA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 19/09/2014, recurso julgado pela sistemática do art. 543-C do CPC).

No caso em análise, entendo que a conduta do ente federativo demandado de negar cumprimento, de forma adequada, à legislação federal em questão ofende princípios constitucionais basilares, podendo caracterizar, inclusive, ato de improbidade administrativa, notadamente em relação ao disposto no art. 11 da Lei nº 8.429/92.

Dessa forma, tenho que deve ser aplicado na presente demanda o referido entendimento do Tribunal da Cidadania no sentido de que o periculum

in mora é presumido e é em prol da sociedade.

Por fim, não vislumbro o periculum de irreversibilidade da medida liminar pleiteada pelo Ministério Público Federal.

Ante o exposto, defiro o pedido liminar, nos termos da fundamentação epigrafada, e determino que o Município de São João da Barra comprove nos autos, no prazo de 90 (noventa) dias, sob pena de multa diária de R$500,00 (quinhentos reais), a correta implantação do Portal da Transparência, na forma prevista na LC nº 101/00, com redação dada pela LC nº 131/2009 e na Lei nº 12.527/2011, bem como no Decreto nº 7.185/2010, notadamente no que tange aos seguintes pontos:

a) regularizar as pendências no sítio eletrônico já implantado, de links que não estão disponíveis para consulta (sem registro ou arquivos

corrompidos), e promover a correta implantação do portal da transparência, previsto na Lei Complementar nº 131/2009 e na Lei nº 12.527/2011, assegurando que nele estejam inseridos, e atualizados em tempo real, os dados previstos nos mencionados diplomas legais e no Decreto nº 7.185/2010 (art. 7º), inclusive com o atendimento aos seguintes pontos:

a.1) quanto à despesa, a disponibilização de dados atualizados realtivos ao (art. 7º, inciso I, alínea “a” e “d” do Decreto nº 7.185/2010):

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Tel.: (22) 3054-3214 Fax.: (21) 3054-3212 – 01vf-ca@jfrj.jus.br i) valor do empenho;

ii) valor da liquidação; iii) favorecido;

iv) valor do pagamento;

b) disponibilizar as informações concernentes a procedimentos

licitatórios, inclusive (art. 8º, §1º, inc. IV, da Lei 12.527/2011): i) íntegra dos editais de licitação;

ii) resultado dos editais de licitação; iii) contratos na íntegra;

c) apresentar:

i) as prestações de contas (relatório de gestão) do ano anterior (art. 48, caput, da LC 101/00);

ii) o relatório resumido da execução orçamentária (PRO) dos últimos 6 meses (art. 48, caput, da LC 101/00);

iii) o relatório de gestão fiscal (RGF) dos últimos 6 meses (art. 48,

caput, da LC 101/00);

iv) o relatório estatístico contento a quantidade de pedidos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informações genéricas sobre os solicitantes (art. 30, III, da Lei 12.527/2011);

d) fazer no site a indicação a respeito do serviço de informações ao

cidadão, contendo (art. 8º, §1º, c/c art. 9º, I, da Lei 12.527/11):

i) a indicação precisa no site de funcionamento de um SIC físico; ii) a indicação do órgão;

iii) a indicação de endereço; iv) a indicação de telefone;

v) a indicação dos honorários de funcionamento;

e) apresentar a possibilidade de envio de pedidos de informação de

forma eletrônica (E-SIC) (art. 10, §2º, da Lei nº 12.527/11);

f) apresentar a possibilidade de acompanhamento posterior da

solicitação (art. 9º, I, alínea “b” e art. 10, §2º da Lei 12.527/11);

g) não exigir a identificação do requerente, inviabilizando o pedido

(art. 10, §1º, da Lei 12.527/11);

h) disponibilizar o registro das competências e estrutura

organizacional do ente (art. 8º, §1º, inciso I, Lei 12.527/2011); e

i) disponibilizar os endereços e telefones das respectivas unidades e

horários de atendimento ao público (art. 8º, §1º, inciso I, Lei nº 12.527/11).

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Tel.: (22) 3054-3214 Fax.: (21) 3054-3212 – 01vf-ca@jfrj.jus.br Intimem-se.

Cite-se.

Após a contestação, manifeste-se o Ministério Público Federal em réplica e especifique as provas que pretende produzir, justificando-as. Prazo: 10 (dez) dias.

Em seguida, especifique o Município demandado as provas que pretende produzir, justificando-as. Prazo: 10 (dez) dias.

Publique-se. Intimem-se.

Campos dos Goytacazes/RJ, 23 de fevereiro de 2016

GIOVANA TEIXEIRA BRANTES CALMON

Juíza Federal Substituta

1ª Vara Federal de Campos dos Goytacazes/RJ

Assinado eletronicamente de acordo com a Lei nº 11.419/2006

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