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Relato sobre o programa de monitoria acadêmica da disciplina de Rodovias

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Academic year: 2021

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Relato sobre o programa de monitoria acadêmica da

disciplina de Rodovias

João Rodrigo G. Mattos (DEPROT/UFRGS)

Juliana Belardinelli (DEPROT/UFRGS)

João Fortini Albano (PPGEP/UFRGS)

Resumo

Este trabalho apresenta um relato sobre as atividades de apoio ao ensino realizadas na disciplina de Rodovias. Há muitos anos, o professor da disciplina desenvolve com os alunos um trabalho prático, desde então é necessário que exista um bolsista de monitoria acadêmica para auxiliar nas atividades. O aluno-monitor fica, exclusivamente, à disposição dos alunos para esclarecer possíveis dúvidas na realização do trabalho proposto. O programa de monitoria acadêmica já demonstrou ter um resultado satisfatório. São várias as vantagens decorrentes deste programa, pois os alunos da disciplina têm facilidade de consultar o monitor, o aluno-monitor tem a possibilidade de consolidar e aprofundar conhecimentos e o professor não fica sobrecarregado fora do seu horário de aula.

Palavras chave: Ensino de rodovias, monitoria acadêmica, estradas.

1 Introdução

O Departamento de Engenharia de Produção e Transportes (DEPROT), através da disciplina de Rodovias, desenvolve tradicionalmente com os alunos de graduação do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a realização de um trabalho prático que deve ser executado ao longo do semestre letivo. O trabalho proposto aos graduandos consiste na elaboração do projeto de um segmento de estrada. Esta atividade tem como objetivo principal ensejar aos alunos o desenvolvimento prático dos conhecimentos teóricos expostos previamente em sala de aula, proporcionando uma formação qualificada para os futuros profissionais do setor de engenharia rodoviária.

Para ajudar nos impasses e dúvidas oriundas do trabalho, a disciplina põe à disposição dos alunos, além do professor, um bolsista de monitoria acadêmica que atende por 12 horas semanais. Observa-se que os grupos que procuram atendimento fora do horário de aula conseguem desenvolver projetos mais satisfatórios do que os demais. Portanto, pode-se afirmar que os resultados são positivos em termos de aprendizado, pois os alunos, de uma maneira geral, sentem-se mais confiantes por terem desenvolvido um trabalho prático similar ao que é desenvolvido no mercado de trabalho profissional.

2 O setor rodoviário no Brasil

No que se refere ao setor de transportes brasileiro, é de conhecimento geral que o modo rodoviário predomina nas movimentações de passageiros e cargas. Então, para se ter uma idéia do porquê investir na qualificação de profissionais deste setor e para mensurar a importância das rodovias para o Brasil, serão apresentados alguns dados sobre a situação atual das rodovias nacionais.

A expansão da malha viária brasileira ocorreu a partir da década de 40, sendo que nos anos do Governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) e no período de 1967 até 1975 ocorreram as maiores expansões. Devido à crise fiscal do Estado e com a extinção do “Fundo Rodoviário Nacional”, na segunda metade dos anos 80, observou-se um crescimento mínimo da malha rodoviária, especialmente na rede Federal. Por conseqüência deste período de estagnação, a malha brasileira não evoluiu, possui pouca extensão pavimentada e apresenta condições precárias de conservação (CBIC, 2000).

Atualmente, no Brasil, a extensão total da malha rodoviária é de 1.610.076 km, sendo que a extensão pavimentada é de apenas 196.094 km, o que equivale a 12,2% da malha total (CNT, 2006a). Frente à escassez de recursos para investir nas rodovias, a solução encontrada pelo Governo foi de conceder alguns trechos rodoviários à iniciativa privada. A extensão da malha concessionada atinge 10.803 km.

O mau estado de conservação da rede proporciona diversos prejuízos econômicos ao país, como: perda de produção, aumento do custo operacional dos veículos, maiores riscos de acidentes, entre outros. Estimativas apontam que para recuperar a malha brasileira seriam necessários R$ 20 bilhões e ainda precisariam ser

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realizados investimentos anuais de R$ 2 bilhões em manutenção.

Desde 1995, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) realiza a Pesquisa Rodoviária. Esta pesquisa tem o objetivo de avaliar o estado geral de conservação da malha rodoviária. No ano de 2006, os resultados da avaliação foram os seguintes:

Tabela 1: Avaliação da malha rodoviária

Estado geral de conservação % Ótimo 10,8

Bom 14,2 Regular 38,4 Ruim 24,4 Péssimo 12,2

Fonte: Pesquisa Rodoviária CNT (2006b)

Conforme a pesquisa da CNT (2006b), constata-se que 75% dos trechos avaliados foram classificados como deficientes. Desse percentual, 54,5% apresentaram alguma imperfeição no pavimento, 70,3% têm deficiência na sinalização e 78,5% possuem problemas na geometria da via.

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Figura 3: Geometria perigosa na SP-101 (CNT, 2006)

O transporte de carga é responsável por ligar o setor de produção ao mercado consumidor, ou seja, é fundamental para economia do país. Deve-se, portanto, buscar continuamente o aprimoramento das condições operacionais e estruturais do setor de transportes.

Idealmente a matriz de transportes deveria ser equilibrada entre os diferentes modos de transporte. Porém, a realidade brasileira se mostra pouco desenvolvida na logística de transporte, pois apresenta poucos terminais intermodais (Benatti, 2006). Dessa forma, ocorre uma distorção na matriz de transportes brasileira, a qual apresenta maioria absoluta de participação do modo rodoviário para transportar cargas e passageiros.

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Diante do contexto apresentado, pode-se ter uma noção de quão importante se faz o transporte rodoviário para o desenvolvimento do Brasil. Avaliando o estado geral da malha viária, percebe-se que ainda há muito o que fazer. No entanto, é necessário investir na qualificação dos profissionais para que possam desenvolver bons métodos de trabalho frente à limitação de recursos.

3 Programa de monitoria acadêmica

Sabendo da situação precária em que se encontram a maior parte das rodovias brasileiras, a Escola de Engenharia da UFRGS demonstra grande preocupação em levar aos alunos aplicações práticas dos conhecimentos expostos em sala de aula. Dessa forma, a disciplina de Rodovias desenvolve tradicionalmente com os alunos um trabalho prático.

Nessa atividade, os alunos dividem-se em grupos para a realização das cargas de trabalho que são passadas semanalmente em aula. O trabalho consiste na realização do projeto de um trecho rodoviário a partir do arquivo de um terreno digitalizado.

O projeto deve ser entregue ao final do semestre. A ênfase dessa atividade está no projeto geométrico e de terraplenagem de uma via. O trabalho apresenta algumas características peculiares: é uma atividade trabalhosa, que exige muito tempo de dedicação e os colegas de grupo precisam desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe (García e Albano, 2004).

O desenvolvimento do projeto consome muito tempo na execução de tarefas fora da sala de aula. Então, para dar mais opções aos alunos, o Departamento disponibiliza, além do professor, um bolsista de monitoria acadêmica. Esse bolsista é selecionado entre os alunos que já foram aprovados na disciplina de Rodovias. Para tanto, o aluno deve demonstrar domínio da matéria ensinada, conhecimentos básicos de ferramentas computacionais de desenho CAD (Computer Aided Design) e de programação em planilhas eletrônicas (MS Excel).

O aluno-monitor ganha uma bolsa da Universidade para auxiliar nas atividades de ensino da disciplina. A carga horária semanal é de 12 horas. Nesse período, o monitor de Rodovias fica, exclusivamente, à disposição dos alunos para ajudar nos impasses e esclarecer dúvidas quanto a realização do trabalho.

São várias as vantagens decorrentes do programa de monitoria acadêmica, pois os alunos da disciplina têm grande acessibilidade para consultar o monitor, o professor não fica sobrecarregado fora do seu horário de aula e o aluno-monitor tem a possibilidade de consolidar e aprofundar conhecimentos. O aluno-monitor consegue desenvolver, com o passar do tempo, boa capacidade didática para explicar conceitos específicos do projeto geométrico e de terraplenagem de uma rodovia.

Constata-se, ao longo dos anos, que os grupos que procuram atendimento fora do horário de aula conseguem desenvolver projetos mais satisfatórios que os demais. Observa-se também que, geralmente, os alunos que foram monitores da disciplina acabam seguindo na área de transportes, seja trabalhando em empresas ou ingressando no curso de pós-graduação.

4 Conclusões

A infra-estrutura viária brasileira tem ênfase no modo rodoviário. Porém, é carente de qualificação e pesquisas para aprimorar as técnicas de projeto e construção de rodovias. A UFRGS tenta desenvolver com os alunos trabalhos similares aos que devem ser feitos no mercado de trabalho, proporcionando assim uma formação qualificada aos futuros profissionais do setor de infra-estrutura rodoviária.

Pode-se afirmar, portanto, que o programa de monitoria acadêmica da disciplina de Rodovias demonstrou ser satisfatório. Os resultados de sua implantação são positivos em termos de aprendizado, pois apresenta vantagens a todos os envolvidos no processo de ensino. Em particular, o aluno-monitor consegue desenvolver uma percepção mais ampla de diversos cenários e situações envolvidas no projeto de uma rodovia. Isso ocorre porque existe uma interação entre os alunos e o monitor, na qual há uma troca de idéias visando o melhoramento do projeto. O aluno-monitor consegue passar sua experiência por já ter analisado vários traçados rodoviários para uma mesma planta topográfica.

Ao realizar esse projeto proposto em Rodovias, os alunos, de uma maneira geral, sentem-se mais confiantes por desenvolverem um trabalho com exigência profissional. Esse reconhecimento da qualidade do ensino proporcionada aos estudantes, ocorre também por parte das empresas de engenharia, muitas delas buscam

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Referências Bibliográficas

BENATTI, F. 2006. Plano nacional de logística de transportes: entraves e perspectivas. Centro de Excelência em Engenharia de Transportes, CENTRAN.

CBIC. 2000. Rodovias brasileiras: limitações e possibilidades. Câmara Brasileira da Indústria da Construção. 1ª Conferência Nacional da Indústria da Construção – CONFIC, São Paulo.

CNT. 2006a. Boletim estatístico. Confederação Nacional do Transporte, Brasília. CNT. 2006b. Pesquisa rodoviária CNT. Confederação Nacional do Transporte, Brasília.

GARCÍA, D. S. P. e ALBANO, J. F. 2004. Um relato sobre o ensino de estradas na UFRGS. Anais da IV Semana de Engenharia de Produção e Transportes, Porto Alegre.

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