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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL Processo N° 0031092-25.2014.4.01.3400 - 4ª VARA FEDERAL
Nº de registro e-CVD 00643.2014.00043400.1.00117/00128
SENTENÇA TIPO A
PROCESSO N° 31092-25.2014.4.01.3400
CLASSE: 2200 - MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
IMPETRANTE: ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA CARREIRA DE ESPECIALISTA
EM MEIO AMBIENTE – PECMA/ASIBAMA-DF
IMPETRADA: SECRETÁRIA DE GESTÃO PÚBLICA DO MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO
SENTENÇA
Cuida-se de mandado de segurança, com pedido liminar, impetrado
pela ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA CARREIRA DE ESPECIALISTA EM MEIO
AMBIENTE – PECMA/ASIBAMA-DF em face de ato atribuído à Sra. SECRETÁRIA DE
GESTÃO PÚBLICA DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO,
no intuito de obter ordem no sentido de:
“5.a) confirmar a liminar e declarar a nulidade do ato coator que determina a absorção das Vantagens Pessoais Nominalmente Identificadas da remuneração dos substituídos;
5.b) restabelecer, definitivamente, o pagamento das Vantagens Pessoais Nominalmente Identificadas absorvidas em razão da Mensagem nº 554726 na remuneração dos ora beneficiários;
5.c) impedir, definitivamente, os descontos, determinados pelo ato coator, para reposição ao Erário dos valores decorrentes de VPNIs recebidas pelos filiados à Impetrante, bem como determinar a devolução dos valores descontados a esse título, desde a impetração deste Mandado de Segurança.”
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Às fls. 69/75, o pedido liminar foi parcialmente deferido. Em face de tal
decisão, foi interposto recurso de agravo de instrumento, pela União (fls. 103/131).
Informações prestadas às fls. 83/101.
O Ministério Público Federal se absteve.
Eis o que cabe relatar. DECIDO.
Não vejo motivos para alterar o entendimento externado quando da
análise do pedido liminar.
Conforme o alegado pela impetrante, a Mensagem nº 554726, do
MPOG, pressupõe natureza única para todas as VPNIs recebidas pelos servidores
públicos federais e entende que seria aplicável a todas o disposto no artigo 103 do
Decreto-Lei nº 200/67, ignorando, assim, que a regulamentação de cada VPNI decorre de
lei própria, que a instituiu.
Aduz a impetrante:
“A disciplina diferenciada fica evidente quando se comparam a VPNI do art. 103 do Decreto-Lei nº 200/67, a VPNI do art. 14, §4º da Lei nº 11.357/06 e a VPNI do art. 78, §1º, da Lei nº 11.357/06.
No caso da primeira (Decreto-Lei nº 200/67), o próprio diploma legal que a instituiu previu que a vantagem seria progressivamente absorvida. Também a última VPNI (art. 78, §1º, da Lei nº ________________________________________________________________________________________________________________________
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11.357/06) tem previsão de ser transitória e, por conseguinte, passível de absorção.
Não é essa, porém, a situação da outra VPNI (art. 14, §4º, da Lei nº 11.357/06), cuja lei instituidora e reguladora não prevê a absorção da vantagem e que, portanto, não pode estar sujeita a alterações de valor. E é exatamente nessa vantagem que se verifica a violação ao direito dos substituídos.”
Assim, verifica-se que a norma contida na Mensagem nº 554726 vem
sendo aplicada de forma generalizada – e, por tal motivo, equivocada – a todas as VPNIs
percebidas pelos substituídos, inclusive aquelas cuja absorção não encontra previsão na
correspondente norma instituidora.
A propósito, trago à baila recentíssima e oportuna decisão proferida
pela Desembargadora Federal Ângela Catão no Agravo de Instrumento nº
19465-39.2014.4.01.0000/DF, cujo processo principal versa sobre matéria idêntica à deduzida no
presente feito. Peço vênia à ilustre Desembargadora Federal para adotar suas razões,
também, como fundamentos desta sentença:
“(...) Segundo a Mensagem 554726, de 25.02.2014, da Secretária de Gestão Pública do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, transcrita na manifestação da União acerca do pedido de liminar (fls. 135/145), a partir da folha de pagamento de janeiro de 2014 deveria ser promovida a absorção da Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada – VPNI para aos servidores na mesma proporção da concessão de reajuste ou vantagem de qualquer natureza ocorrida
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Nº de registro e-CVD 00643.2014.00043400.1.00117/00128 naquela folha de pagamento.
Do texto da referida mensagem constou, verbis:
Relembramos que a VPNI, prevista nas diversas leis que tratam de reestruturação de carreiras e de estrutura remuneratória dos cargos, planos de cargos ou carreiras vinculadas ao Poder Executivo federal têm sua natureza jurídica estabelecida nos termos do artigo 103 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, nos seguintes termos:
Art. 103. Todo servidor que estiver percebendo vencimento, salário ou provento superior ao fixado para o cargo nos planos de classificação e remuneração, terá a diferença caracterizada como vantagem pessoal, nominalmente identificável, a qual em nenhuma hipótese será aumentada, sendo absorvida progressivamente pelos aumentos que vierem a ser realizados no vencimento, salário ou provento fixado para o cargo nos mencionados planos. (grifo nosso).
Para a Administração, toda e qualquer VPNI é decorrente de diferença proveniente de plano de classificação e reestruturação de carreira e remuneração e deve ser absorvida progressivamente pelos posteriores aumentos nos vencimentos ou proventos dos servidores.
Entretanto, nem todas as VPNIs pagas a servidores são instituídas para obstar a redução de vencimentos/proventos dos servidores decorrente da instituição de novos planos de reestruturação de carreira e de estrutura remuneratória.
Há VPNIs com natureza jurídica distinta, sujeitas ________________________________________________________________________________________________________________________
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exclusivamente à atualização decorrente de revisão geral de remuneração dos servidores públicos e que jamais poderão ser absorvidas.
Dessa forma, neste exame perfunctório da matéria, sem prejuízo da decisão de mérito, entendo que não há como ser determinada a absorção ou a redução de todas as VPNIs pagas aos servidores em função da concessão de reajuste ou vantagem de qualquer natureza a partir da folha de pagamento de 2014, de forma generalizada, devendo ser examinada a situação de cada servidor individualmente. (...)”.
Diante do exposto, confirmo a liminar parcialmente deferida às fls.
69/75 e CONCEDO, EM PARTE, A SEGURANÇA para declarar nula, em parte, a
Mensagem nº 554726/MPOG, determinando o restabelecimento do pagamento da
VPNI prevista no artigo 14, §4º, da Lei nº 11.357/06 aos substituídos da associação
impetrante. Deverá a parte impetrada se abster de descontar qualquer quantia a esse
título nos contracheques dos substituídos, e restituir aos mesmos qualquer valor
eventualmente descontado a tal título, desde a data da notificação/intimação.
Custas pela autoridade impetrada. Sem honorários advocatícios, por
força do artigo 25 da Lei nº 12.016/2009.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Oficie-se ao ilustre relator do agravo de instrumento nº
28096-69.2014.4.01.0000/DF, juntando cópia da presente.
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