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Fake News: impactos e desafios enfrentados pela terceira idade

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Academic year: 2021

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FAKE NEWS: Impactos e desafios enfrentados pela terceira idade

FAKE NEWS: Impacts and challenges faced by the elderly

GT5 - DIVERSXS

Artigo Completo Para Comunicação Oral

OKADA, Tamires Cassia Rodrigues1 DELBIANCO, Natalia Rodrigues2

RESUMO

O presente artigo visa discutir sobre os impactos e desafios que a terceira idade se depara ao passo que as informações falsas se tornam corriqueiras no dia a dia. Lidar com os recursos tecnológicos e os diversos suportes nos quais as notícias são veiculadas, tem sido um desafio especialmente para o público da terceira idade, que em sua maioria possui dificuldades cognitivas e pouco incentivo à utilização correta das fontes de informação. Nos propondo desta forma, a refletir sobre as reais necessidades informacionais desses usuários e possíveis soluções acerca de um problema que envolve diversos contextos sociais. Em relação à metodologia foi realizado uma pesquisa descritiva exploratória, com participantes de um curso de inclusão digital, visando a observação sistemática, juntamente à um levantamento bibliográfico, a fim de compreender os pontos principais deste conflito. Como resultado desta análise, destaca-se a complexidade que envolve a relação entre os idosos e o espaço digital bem como a importância da inclusão desses usuários nesses ambientes.

Palavras-chave: Desinformação. Fake news. Terceira idade. Tecnologia. Idosos.

ABSTRACT

This article aims to discuss the impacts and challenges that elderly faces, while false information becomes common. Dealing with the technological resources and the diverse media in which the news is transmitted has been a challenge, specially for elderly people, which mostly have cognitive difficulties and almost none incitement about the correct use of information sources. In this way, we propose to reflect on the real informational needs of

1 Discente de graduação em Biblioteconomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Email: tamiresokada08@gmail.com.

2Discente de graduação em Biblioteconomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

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these users and possible solutions about a problem that involves several social contexts. Regarding the methodology, a descriptive research was carried out with participants of a course of digital inclusion, aiming at the systematic observation, with a bibliographic survey in order to understand the main points of this conflict. As a result of this analysis, we highlight the complexity that involves the relationship between the elderly and the digital space as well as the importance of including these users in these environments.

Keywords: Misinformation. Fake news. Elderly. Technology. Old-aged.

1 INTRODUÇÃO

Ante o aumento do fluxo de informações atualmente, o crescimento de notícias falsas tem feito parte do cotidiano na sociedade, de modo que os mais afetados são aqueles cuja instrução e conhecimento são limitados, em sua maioria idosos. Manusear um dispositivo eletrônico, ter acesso aos mais variados conteúdos sem a consciência de que nem todos se tratam de informações verdadeiras, abre espaço à insegurança e desmotivação por parte dos idosos, cuja distinção das fake news se torna quase impossível.

A relação entre ser humano e máquina, passa da complexidade de apenas manuseio, e é observada em relação à como cada indivíduo lida com o fluxo de informações, a interpretação relativa e os impactos, que por sua vez são potencializados ao entrar em contato com uma faixa etária acima dos 60 anos.

A adesão às redes sociais, anúncios advindos da internet e outros meios on line de informação são facilmente aceitos por esses grupos, uma vez que os mesmo buscam estar sempre entretidos. Com a idade, e alguns fatores como a solidão, falta de atenção e companhia por parte da família e amigos, faz com que esses usuários utilizem cada vez mais a internet e absorvam de forma quase integral aos conteúdos de notícias disponíveis. Tornando-os um alvo fácil para enganadores e propagadores de informações errôneas, tendo visto o quão vulneráveis são.

Um fator que pode ser decisivo em relação ao impacto de notícias falsas sobre essas pessoas é o grau de instrução de cada um. O simples contato com esse tipo de informação não define a compreensão, independente da veracidade do assunto ou não. A interpretação é relativa a cada ser, é pessoal, e depende de vários aspectos e experiências já vivenciadas, podendo ser um ponto crucial que determinará a condição de apropriação desses objetos.

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Por conseguinte, o trabalho tem como objetivo compreender como as fake news influenciam a terceira idade durante o processo informacional, como eles lidam com os recursos tecnológicos levando em conta a busca e o uso, a partir disso estabelecer uma relação entre eles; propor uma abordagem inicial a partir do desenvolvimento dos idosos durante o projeto social supracitado.

2 A INFORMAÇÃO E A DESINFORMAÇÃO

No decorrer dos anos desenvolveu-se na sociedade a chamada “Sociedade da Informação (SI)”, iniciada durante a 1ª Revolução Industrial, no século VIII, destaca-se a máquina a vapor, na 2ª Revolução Industrial foi-se evidenciado o petróleo e a eletricidades, na 3ª Revolução Industrial destacou a tecnologia, a qual ficou conhecida como a Revolução Técnico Científica, ocorrida após a Segunda Guerra Mundial. De forma que nesse contexto, elabora-se uma economia baseada na informação, na tecnologia. Houve durante os períodos da Guerra Fria e da Segunda Guerra Mundial o avanço dos meios de comunicação, o que colaborou para a disseminação de informações.

Se faz necessário abordar então, o que é informação, Pinheiro (2009, p. 67) destaca que a informação “[...] pode ser reconhecida como parte integrante de toda atividade humana, individual e coletiva, podendo ser armazenada em suportes essenciais para a geração de conhecimento.”. O mesmo autor argumenta que “dessa forma, a informação pode ser compreendida como instrumento transformador da consciência do indivíduo e de toda a sociedade.” (PINHEIRO, 2009, p. 68).

Diante disso, houve uma explosão na área tecnológica e informacional, e essa situação trouxe consigo vários problemas comunicacionais e informacionais, já que no mundo havia mais informação do que se conseguia filtrar e processar. Com isso a recuperação de informação tornou-se difícil. A sociedade ficou saturada com tanta informação, nessas circunstâncias a Ciência da Informação (CI) é consolidada, uma vez que ela cuidaria dos problemas e das questões relacionadas à informação.

A CI trabalha com a disseminação da informação, com os fluxogramas, com os usuários envolvidos nesse meio, com os caminhos percorridos pela própria informação, com os sistemas que serão utilizados para fazer tais estudos, com o sistema em si e o sistema para

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o usuário, bem como, trabalha para salvaguardar as informações. Para o armazenamento e para salvaguardar informações instituições como Arquivos, Bibliotecas e Museus foram firmadas durante sua formação.

Segundo Araújo (2014, p.10) a CI possui características, entre elas

[...] preocupação não com a custódia, a posse de documentos, mas com a sua circulação, sua disseminação, a promoção de seu uso de maneira mais produtiva possível. Depois, o foco não propriamente nos documentos (registro físico) mas em seu conteúdo ou, dito de outro modo, na informação contida nos documentos.

A preocupação desenvolvida nessa ciência era com o pós-custodial, perpassa a guarda e o armazenamento de informação, como o próprio autor afirmou anteriormente, o que instigava era a disseminação, a circulação e os caminhos que essa informação percorreria, deixando-a de fácil acesso.

Com o avanço tecnológico a facilidade em disseminar informações tornou-se uma realidade. Usuários são bombardeados o tempo todo por uma variedade grande de informação, e elas podem ser verdadeiras ou não. As informações chegam ao usuário por meios de comunicação diferentes, eles podem ser formais ou não, dentre eles encontram-se a tv, a internet, o jornal, o rádio, os livros, até mesmo uma discussão. Essa variedade informacional principalmente dentro da web, traz a problemática relacionada a qualidade da informação, em saber o que é relevante ou não, o que é verdadeiro e o que não é.

A partir disso, os autores Leite e Matos (2017, p. 2336) destacam que:

A popularização de termos como ‘fakenews’, ‘pós-verdade’ e ‘desinformação’ tem trazido à tona uma recente preocupação com a veracidade e a confiabilidade das informações disseminadas na web, as quais acabam formando opiniões e construindo pretensos conhecimentos, baseados em informações falsas ou imprecisas.

Vale destacar que o termo desinformação se trata de um conceito pouco explorado e que tem total ligamento com as fake news. Os pesquisadores Brito e Pinheiro (2015) destacam em seu estudo que o conceito de desinformação estaria ligado a vários significados,

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porém dentre eles os autores abordam três como sendo os principais, a ausência da informação, a informação manipulada e o engano proposital.

O anseio pela informação faz com que os indivíduos deixem de lado a preocupação com a qualidade e com a veracidade do que estão buscando ou estão recebendo. Além de não compararem a informação recebida de um lugar, com outro, confiantes de que tudo que estão lendo é verídico. Essa situação foi possível com a instauração da web social, também conhecida como web 2.0, por permitir uma maior interação do usuário com a internet, além do desenvolvimento das diversas redes sociais, que auxiliam no processo de divulgação.

Com a introdução da web 2.0 a participação dos usuários no processo de inserção de conteúdo na web, aumentou consideravelmente, o que resulta em mais informações sem organização adequada, sem gerenciamento adequado, sem seleção adequada. A partir dos autores Silva, Pinho Neto e Dias (2013, p.285) fica evidenciado que “[...] quanto mais conteúdo criado pelos usuários é inserido na Internet, mais complexo se torna o processo de confiabilidade nas informações disponíveis.”.

É válido mencionar a caracterização proposta por Ambinder e Marcondes (2011, p. 351) para a web 2.0, “[...] se caracteriza por uma concepção mais descentralizada. Nesta Web, o usuário participa ativamente da criação, seleção e troca de informações, podendo não só acessar, mas também alterar o conteúdo a qualquer momento.”.

Sobre tudo o que se lê na internet e o que se compartilha os autores, Silva, Pinho Neto e Dias (2013, p.286) elucidam que “a quantidade de informação gerada de forma excessiva, sem nenhum critério de seleção, organização, filtro e disseminação, fez surgir na sociedade um verdadeiro descontrole para absorção destas, principalmente de forma qualitativa [...]”.

Em um contexto no qual a informação e a tecnologia estão em destaque, além das barreiras de seleção da informação, da veracidade, é preciso também saber lidar com os aparatos tecnológicos, que comumente vem a ser um desafio para muitas pessoas atualmente. As gerações mais velhas possuem mais dificuldade se comparada às mais novas, que por sua vez já nascem dentro da era tecnológica, pode-se perceber de maneira geral que a falta de domínio de alguns mecanismos interfere no que é absorvido pelo usuário, criando lacunas nos processos informacionais. A facilidade das pessoas em acreditar nas ditas fake news, se tornou quase um hábito, a não dominação dos suportes, e a falta de conhecimento sobre muitas fontes

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informacionais podem impedir que o usuário tenha total controle sobre a qualidade e a veracidade do que lê.

Com base no que foi apresentado, este trabalho manterá o foco na terceira idade, bem como o papel que essa geração apresenta em relação às novas tecnologias, seus anseios e suas dificuldades.

3 TERCEIRA IDADE E A TECNOLOGIA

Com o avanço da ciência na área da saúde, em novas tecnologias, tratamentos e alimentação, a expectativa de vida tem aumentado consideravelmente em todo o mundo. Se há 20, 30 anos atrás um indivíduo de 50 anos já era considerado como idoso, hoje pode-se dizer que estão no auge da maturidade adulta, desfrutando de novas experiências e quebrando conceitos.

Ademais, segundo definição da Organização Mundial de Saúde (2002, p. 4, tradução nossa)

São considerados idosos os indivíduos com 60 anos ou mais, este limite mínimo de idade pode variar de acordo com cada país, contudo a idade cronológica, não necessariamente acompanha as mudanças relacionadas às condições de envelhecimento, entre outros aspectos que se relacionam com o desenvolvimento físico e mental de cada sujeito em seus variados contextos.

Embora estejam enquadrados como integrantes da terceira idade, as novas tendências tecnológicas e a inclusão digital não deixou de alcançar esses grupos. No entanto, os desafios encontrados durante este processo de adaptação são inúmeros, se tratando de uma geração que não dispunha de tais recursos digitais em sua formação, e que vem de certo modo, lutando para tentar sobreviver à nova era digital. Sob essa perspectiva, Santos e Almêda (2017, p. 60) elucidam, “os indivíduos da terceira idade são considerados imigrantes digitais, os quais podem se deparar com algumas limitações no uso das ferramentas tecnológicas, em virtude das suas sofisticações/atualizações e complexidade de domínio na utilização”.

Se para a geração atual já se faz complexa a utilização de alguns suportes eletrônicos, para a geração passada o desafio vai ainda mais além. Dificuldades motoras, físicas,

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cognitivas e sensoriais interferem na inclusão digital do idoso, fazendo com que este percurso seja ainda mais desafiador.

É necessário contudo, que não haja exclusão e nem mesmo se subestime a capacidade desses usuários, garantindo o acesso à informação e o uso de seus suportes, independentemente do formato. Sendo assim, no que diz respeito ao adulto idoso, o Estado deve oferecer recursos não apenas para educação escolar regular, mais também para o ensino das novas tecnologias (inclusão digital). Para que os idosos consigam exercer a sua cidadania, sem o sentimento de exclusão da sociedade por não acompanhar os avanços tecnológicos (TAVARES; SOUZA, 2012).

Incluir a terceira idade no meio tecnológico é essencial ao desenvolvimento da sociedade, para Ferreira e Silva (2012, não paginado)

A Lei no 10.741 de 1o de outubro de 2003, chamada de estatuto do idoso, regulamenta o incentivo de cursos voltados à inclusão digital do idoso às novas tecnologias de comunicação e informação, no seu capítulo 5, § 1o, relativo à cultura, esporte e lazer, rege que “os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna”.

Um enfoque em programas que possibilitem a inclusão desses indivíduos de forma ativa na sociedade também os auxilia no processo de ressignificação pessoal. Tavares e Souza (2012), afirmam que promover ações e políticas de inclusão digital é uma forma de oportunizar ao idoso a possibilidade de usufruir da gama de conhecimento que na atualidade estão disponíveis nos ambiente web (revistas, jornais, portais acadêmicos, blogs).

Dentro deste contexto, nota-se o aparecimento de alguns projetos que visam envolver idosos com o intuito de promover valores auxiliando na democratização ao acesso às tecnologias da informação. Contribuir para que tais ações permitam a inserção desses grupos na sociedade, significa colaborar para que todos exerçam o direito de cidadão comum.

3.1 PROJETO CIDADANIA

O projeto Cidadania e Inclusão Digital, se trata de um projeto gratuito que foi desenvolvido pelo Centro Educacional Marista Ir. Acácio em parceria com estudantes de

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graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) do câmpus de Londrina. Visa promover o fortalecimento e o empoderamento das famílias nas múltiplas dimensões das suas relações sociais. Constitui-se numa proposta de reflexão contínua e sistemática acerca de diferentes temáticas objetivando o acesso a informações que contribuem para o fortalecimento da cidadania e promovem autonomia entre seus participantes.

O espaço em que o projeto ocorre é cedido pelo Centro Educacional que presta serviços de convivência e fortalecimento de vínculo para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, entre 6 à 17 anos de idade. Oferece ainda cursos de nível técnico concomitante, e para a realização deste projeto disponibiliza além do espaço físico, toda a estrutura de materiais e equipamentos necessária. Durante a ministração das aulas também fica aberta a Biblioteca Interativa, para que os participantes e comunidade possam realizar empréstimos e consultar outra fontes de informação.

Esta ação conta com a duração de oito encontros tendo esses quatro horas de duração, nos quais são ministrados cursos de informática básica às famílias de educandos do centro e membros da comunidade. O foco principal neste projeto é alcançar os idosos, objetivando além do ensino à informática, promover rodas de conversa sobre diversas temáticas propondo reflexões acerca do contexto social dos mesmos. Dirige-se a disponibilizar o acesso a informações que contribuam para o fortalecimento da cidadania, a identidade cultural, coletiva e individual das famílias. Promovendo desta forma autonomia entre os participantes e fomentando o envolvimento da comunidade em ações que propiciem conquista.

4 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória, com uma abordagem qualitativa, visando a reflexão dos assuntos abordados. Vale ressaltar que uma pesquisa descritiva “[...] têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre as variáveis.” (GIL, 2002, p.42). Já uma pesquisa exploratória segundo Gil (2002, p. 41) “[...] têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.”.

Para obter uma dimensão maior dos problemas enfrentados, foi realizada uma análise em um grupo de idosos ingressantes do projeto de inclusão digital, oferecido pela PUCPR em

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parceria ao Centro Educacional Marista Ir. Acácio em Londrina-PR. O estudo buscou evidenciar as principais dificuldades em relação à identificar notícias reais e falsas, e os impactos sofridos, diante das experiências observadas. Para isso, foi observado o comportamento dos participantes, e realizado concomitantemente um levantamento bibliográfico acerca dos desafios enfrentados pelos idosos, quando se tratando de recursos informacionais digitais.

Com base no tema e nos assuntos abordados, foram levantadas algumas questões de pesquisa, quais sejam: Quais os desafios dos idosos em relação às tecnologias? Quais as fontes mais utilizadas por eles? Como eles reagem às fake news?

5 RESULTADOS

Em observação ao contexto que foi analisado, além das dificuldades que já foram mencionadas no decorrer deste trabalho como, as limitações físicas ocasionadas devido ao envelhecimento, a letargia no aprendizado e a dificuldade em utilizar os equipamentos permearam este estudo.

O primeiro desafio dos participantes surgiu com procedimentos de iniciação à máquina e navegação na internet. Nem mesmo as instruções sobre a utilização das ferramentas de busca foram introduzidas devido às inúmeras dúvidas que surgiram durante o processo.

No entanto, o conhecimento acerca das redes sociais e notícias veiculadas pela internet é unânime, embora nem todos os indivíduos possuam contas em redes sociais ou mesmo computadores em casa. Muitos possuem um contato indireto com os anúncios e notícias, seja por meio de familiares ou outros usuários que transmitem essas informações, havendo um poder maior de influência sobre esses idosos, uma vez que eles confiam nessas fontes sem mesmo saber sua autenticidade.

Para os idosos com pouco acesso à internet, o contato com as fake news, vem por intermédio de outros sujeitos, se submetendo à interpretação e julgamento pessoal do mediador desta informação. Nestes grupos ainda prevalece os meios de informação mais comuns como, a televisão e o rádio.

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Se por um lado, há desinformação pelos idosos que não dominam a tecnologia, e acabam por depender de terceiros para ter acesso à determinados tipos de notícias, por outro, aqueles que já possuem perfil em redes sociais tem um pouco mais de autonomia. Contudo, do mesmo modo ficam à mercê de enganadores, notícias falsas, promoções e até do comércio eletrônico. Surge assim, o risco da instalação de vírus que permitem o roubo de dados e fazem com que esses usuários sejam o alvo perfeito. O acesso a esses sites perigosos, se da por meio de links que direcionam para notícias de interesse à terceira idade, na maioria das vezes relacionadas à descontos para idosos, saúde e benefícios.

Ainda que haja obstáculos incontáveis na apropriação de notícias, sendo elas falsas ou não, um fator determinante que está coligado à experiências, senso crítico e nível de escolaridade é a interpretação de todo o conteúdo que se recebe.

Segundo o Dicionário do Livro: da escrita ao livro eletrônico, desenvolvido pelas autoras Faria e Pericão (2008, p. 413), interpretar é: “explicar, de forma clara, o que há de obscuro num texto, numa lei, num autor [...].” A carência de uma boa base educacional afeta diretamente na interpretação que o usuário tem, quanto menos escolaridade ele tem mais difícil é para ele entender com clareza uma informação. Na geração em questão sabe-se que a educação nunca foi o foco principal da vida de muitos deles, logo a dificuldade em interpretar é apenas uma que interfere no processo informacional.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do artigo foi compreender como as fake news influenciam e se fazem presente na terceira idade, evidenciando a relação entre eles, bem como os recursos tecnológicos e as fontes mais utilizadas. As questões de pesquisas mencionadas no início do trabalho foram respondidas durante o desenvolvimento do mesmo. Quais sejam, os desafios dos idosos em relação às tecnologias, as fontes mais utilizadas por eles, e como eles reagem às fake news. Toda essa análise é possível com a ajuda do embasamento teórico exposto sobre

os dois

assuntos, bem como a observação feita.

Diante do conteúdo apresentado, considera-se que o grande aumento de informações atualmente resulta em um fluxo informacional gigantesco e de difícil administração. Para

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aqueles que desejam veicular conteúdo seguro de fontes confiáveis, o conflito com informações falsas é inevitável.

Qualquer usuário é potencialmente atingido pelas fake news, corriqueiramente, independentemente da faixa etária fica cada vez mais difícil filtrar o que é verídico. Fica claro que é decisório a forma como tais informações são absorvidas, uma vez que eliminar alguns dados é quase impossível. A subjetividade das notícias e sua apropriação fica sujeita às interpretações pessoais de cada indivíduo. No entanto, os idosos, por possuírem um perfil mais frágil não só é atingido por frequentes fake news, mas é também lesado.

A partir dessa reflexão, a terceira idade se torna deliberadamente o objeto central de falsários que desejam não somente propagar informações falsas, mas se aproveitar da ingenuidade e falta de conhecimento desses indivíduos.

O confronto entre a terceira idade e as notícias falsas que circulam no meio eletrônico de comunicação, se tornaram um desafio que necessita de bases mais sólidas, para que este problema seja amenizado, visto que sua resolução integral é quase impossível. Pequenos passos rumo à democratização da informação e o acesso às fontes digitais, são primordiais na construção de novos horizontes para os idosos.

Um grupo que habitualmente tem sido esquecido pela sociedade, sente os impactos do descaso em relação ao ensino, ao suporte público para que ações de inclusão social e digital sejam ofertadas. O grupo observado neste estudo se tratou de idosos, moradores de uma região periférica, com condições ainda mais precárias para exercerem seus direitos de cidadãos.

Ainda que os idosos em sua generalidade possam sofrer impactos com notícias falsas, aqueles com elevado grau de instrução, poder aquisitivo e experiências socioculturais, tendem a ser significativamente menos penalizados.

A necessidade de aprofundar ainda mais o estudo em relação a este universo se faz clara, de modo que haverá continuação da pesquisa.

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