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Artigo apresentado em forma de comunicação oral no II Colóquio Internacional de Ciências Sociais da Educação em 2015, na Universidade do Minho. Braga-Portugal. (332.6Kb)

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A Realidade de Uma Instituição Escolar Atípica. Contributos Para a

Compreensão Organizacional do IFRN a Partir do Ponto de Vista dos Alunos

André Luiz Ferreira de Oliveira

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) andre.oliveira@ifrn.edu.br

Resumo - É notável o crescimento quantitativo pelo qual passaram nos últimos anos os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia por todo o Brasil. No estado do Rio Grande do Norte não foi diferente. Em tratando-se de uma Instituição que possui características atípicas para uma organização educacional, visto que possui o ensino médio e superior sob a mesma administração e organização escolar, procura-se, agora, através de uma visão pluriangular e levando-se em consideração as poli-imagens organizacionais e suas metáforas, fazer uma análise sob o ponto de vista dos alunos para obter um olhar inverso ao tradicional e assim compreender de forma mais ampla este tipo de organização. Assim, neste texto, partindo da discussão dos modelos e teorias organizacionais tomando por base o caso do IFRN e, assim, serão levados em consideração os dados de um inquérito por questionário que foi aplicado aos alunos egressos do Ensino Médio, na modalidade integrada, que concluíram o curso de Informática entre os anos de 2010 e 2013. Esse estudo é parte integrante de uma pesquisa de doutoramento em desenvolvimento na Universidade do Minho, na especialidade de Organização e Administração Escolar que tem como público-alvo 900 alunos da instituição citada. Assim sendo, a fim de que se forme o quadro teórico de estudo e se perceba as dinâmicas institucionais, serão abordadas e discutidas as tipologias de quatro modelos organizacionais preconizados por Per-Erik Ellström (1984) (não se dispensando também os modelos Cultural e da Ambiguidade, além da recente perspetiva sobre a Hiperburocracia (LIMA, 2012), para se compreender as especificidades organizacionais da instituição.

Palavras-chave: Institutos Federais de Educação; Modelos e imagens organizacionais; Representações dos alunos egressos; Ensino médio e ensino superior

Introdução

Os Institutos Federais de Educação surgem no Brasil num período histórico determinado e com objetivos claros, sendo preciso compreendê-los no âmbito dos seus modelos organizacionais para que se possa perceber a sua atipicidade. Competem entre si e com as universidades, pelos alunos e pelo prestígio social, na base de indicadores de empregabilidade, de produção científica, de internacionalização, etc.

Em se tratando do estado do Rio Grande do Norte (RN), nos últimos nove anos (2007-2015), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) teve um acréscimo de 15 Campi (Cf. Site Institucional: www.ifrn.edu.br) que foram distribuídos pelo estado do RN (ver Figura 01), de modo a atender as metas de expansão do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Além disso, por ter se transformado em Instituto Federal, através da Lei nº 11.892,

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de 29 de dezembro de 2008, ampliou seus horizontes de atuação, com a oferta, inclusive, de cursos de pós-graduação.

Quanto ao crescimento quantitativo pelo qual passou a Rede Federal, especialmente o estado RN, a Figura 01 servirá para nortear a percepção da expansão da instituição. Assim, pode ser observado claramente que da fase I (cidades na cor laranja) para a fase II1 (cidades na cor

amarela), houve uma distribuição mais equilibrada das escolas cobrindo o máximo possível das mesorregiões do estado do RN, fato este que também aconteceu nas fases seguintes, cumprindo assim o que estava planejado no documento Concepção e Diretrizes (2008) do MEC, quanto as mesorregiões. A fase II contemplou o estado do RN com a criação de 9 unidades, o que inclui três dos quatro campi da fase 2,5 (Parnamirim, Nova Cruz e Natal-Cidade Alta) conforme gráfico abaixo. Por fim, de 2011 a 2014, vem a fase III da expansão em que foram criadas mais 208 novas escolas, totalizando 562 unidades espalhadas pelo Brasil e no RN foram criadas três unidades. As cidades em azul escuro (Parelhas e Lajes) são campi avançados, ou seja, vinculados à unidades já existentes e foram os últimos a serem entregues, 2014 e 2015 respectivamente. Por sua vez, as cidades em azul claro são as prováveis novas cidades que serão comtempladas com novos campi nos próximos anos, de acordo com os meios de comunicações locais.

Figura 01: Mapa do RN com a distribuição geográfica dos campi de acordo com as fases de expansão

(Fonte: criado a partir do mapa da expansão dos Institutos Federais, BRASIL, 2013).

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Os Campi de Nova Cruz, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante foram construídos com recursos de emenda parlamentar e não pertenciam nem à fase 2 e nem à fase 3, portanto ficaram conhecidos como pertencentes à fase 2,5, sendo incluídos no Plano Plurianual (2008-2011) do Governo Federal. Apesar disso, apenas em 23 de abril de 2013 esses três campi, juntamente com o Campus Natal Cidade-Alta, tiveram sua autorização de funcionamento publicada através da Portaria Nº 330.

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Porém, esse tamanho crescimento, em um curto espaço de tempo, provocou mudanças e desperta inquietações sobre o atual modelo organizacional da instituição nessa nova fase. Dessa forma, a presente pesquisa surgiu com o objetivo de verificar, a partir do ponto de vista dos alunos, que modelos organizacionais o Instituto apresenta.

Histórico instituicional

Pode-se dizer que o histórico do IFRN tem início com uma das primeiras medidas do governo do presidente Nilo Peçanha, que foi a criação, em cada uma das 19 capitais nacionais, de uma Escola de Aprendizes e Artífices, destinada ao ensino profissional primário gratuito e subordinadas ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Dessa forma, em 23 de setembro de 1909, através do Decreto nº 7.655, essas Escolas são oficialmente criadas.

No que se refere à gestão organizacional, ainda de acordo com o Decreto nº 7.655 de 1909, essas escolas possuíam um diretor, um escriturário, tantos mestres de oficinas (professores) quantos fossem necessários e um porteiro contínuo.

Nesse contexto, a escola da capital do Rio Grande do Norte foi criada em 3 de janeiro de 1910 e de acordo com o Projeto Político Pedagógico a Escola de Aprendizes e Artífices de Natal foi instalada “[...] no prédio do antigo Hospital da Caridade, hoje Casa do Estudante, funcionando com os cursos de sapataria, alfaiataria, marcenaria, serralharia e funilaria [...]” (PPP, CEFET, 2007). Esses jovens frequentavam a escola, em regime de externato, das 10h às 16h e ganhavam, a partir de então, com um novo ofício, a oportunidade de garantir a sua sobrevivência de maneira a ter um futuro mais promissor.

Com a sua criação, a Escola possuía um sistema diferente de tudo que se tinha visto até então, ou seja, desde o seu nascimento já mostrava um certo diferencial como relata Luiz Cunha, em sua obra O ensino industrial-manufatureiro do Brasil (2000). Segundo este autor, essas instituições possuíam uma legislação específica que as diferenciavam das demais instituições particulares, das mantidas pelos governos estaduais e até mesmo das próprias escolas do Governo Federal, e assim, formava todo um sistema escolar, ou seja, “[...] tinham prédios, currículos e metodologia didática própria; alunos, condições de ingresso e destinação esperada dos egressos que as distinguiam das demais instituições de ensino elementar” (p:94). Porém, de acordo com o mesmo autor a criação das Escolas de Aprendizes e Artífices, no ano de 1909, em pleno surto da industrialização, foi um artifício do governo para conter os movimentos grevistas que aconteceram nos grandes centros industriais, no que ele chama de “antídoto” dos governantes contra a disseminação de ideias dos operários estrangeiros que traziam concepções de emancipação econômica e independência política, além da democracia dos Estados Unidos e de países da Europa. Dessa forma, com a industrialização que tomava conta do país, esses operários conseguiam influenciar boa parte do proletariado. Como parte de sua argumentação, Cunha (2000) diz que a criação das escolas nas capitais

[...] mostra uma preocupação mais política do que econômica. A população estava muito desigualmente distribuída pelas unidades da Federação, assim como as atividades manufatureiras, que se concentravam no Distrito Federal e em São Paulo. Essa preocupação política se manifestou, ainda, na localização de cada escola sempre na capital do estado, sede do poder político, mesmo quando as atividades manufatureiras concentravam-se em outra cidade, [...]. Dito de outro modo: as

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escolas de aprendizes artífices constituíram uma presença do governo federal nos estados, oferecendo cargos aos indicados pelos políticos locais e vagas para alunos a serem preenchidas com os encaminhados por eles. A contrapartida não seria difícil de imaginar: o apoio político ao bloco dominante no plano federal (CUNHA, 2000, p:95).

Infere-se da crítica de Cunha (2000) em relação a criação das Escolas de Aprendizes e Artífices um elo de conotação diferente entre a política e a educação. Na visão do autor, o que aconteceu na verdade foi a inserção, no plano educacional brasileiro, de mais um jogo político de interesses, no qual seu objetivo final era criar alianças em cada Estado, seja através dos cargos ocupados por indicados políticos, seja através das vagas destinadas aos alunos encaminhados por eles e, assim, garantir votos para a próxima campanha eleitoral. Sua afirmação se baseia no fato da população estar distribuída de forma desigual por todo o território brasileiro, o que partindo-se desse ponto de vista não justificaria a implantação de uma unidade em cada capital e sim, dever-se-ia implantar no eixo onde estivessem os maiores centros de manufatura do momento, ou seja, São Paulo e Distrito Federal.

A partir de então, ao longo dos anos, o IFRN vem se desenvolvendo de acordo com um modelo organizacional bem distinto em relação ao que se encontra em instituições educacionais de outras partes do mundo. Na Europa, por exemplo, o ensino secundário está totalmente desvinculado, organizacionalmente, do ensino superior. No Instituto, o ensino médio, como é chamado no Brasil, e o superior andam em paralelo na mesma estrutura organizacional, sob o mesmo regimento interno, organização didática, resoluções e gestão.

Modelos formais que regulam a instituição

Ao iniciar essa seção serão apresentados, de forma breve alguns documentos que dão sustentação a regulação da instituição para que, assim, se possa compreender melhor a sua estrutura organizacional. Dessa forma, de acordo com Art. 2º do Regimento Geral do IFRN, aprovado pela Resolução nº 15 do CONSUP do IFRN, de 2010, a sua administração geral é feita por seus órgãos colegiados deliberativos e por seus órgãos executivos, nos níveis da administração geral e da administração de cada Campus, em que se desdobra a sua estrutura organizacional, objetivando a integração e a articulação dos diversos órgãos situados em cada um dos níveis. O Art. 3º define a organização geral do IFRN em (i) órgãos colegiados; (ii) órgãos executivos de administração geral: (a) Reitoria; (b) campi; e (iii) órgãos de assessoramento e de controle geral (IFRN, 2010).

Antes de tudo, porém, é importante destacar que, segundo Costa (1996), em uma organização escolar esses modelos, teorias, perspectivas, marcos, paradigmas se confundem e dificilmente conseguiríamos atrelar uma organização escolar a um modelo específico e, consequentemente, definir o tipo de organização que estamos tratando. Dessa forma, surge naturalmente uma primeira dificuldade, tendo em vista se tratar de um campo investigativo complexo, ou seja, “plurifacetado, constituído por modelos teóricos (teorias organizacionais) que enformam os diversos posicionamentos, encontrando-se, por isso, cada definição de organização vinculada aos pressupostos teóricos dos seus proponentes” (COSTA, 1996, p:12). Entretanto, Licínio Lima diz que “[...] a imagem da escola como organização é, porventura, uma das imagens menos

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difundidas, seja no domínio das representações sociais de professores, alunos, pais, etc, seja mesmo no domínio académico” (LIMA, 1992, p:47).

Assim, ao se falar em modelos organizacionais e das teorias administrativas que os sustentam é preciso, inicialmente, conhecer a sua origem e refletir um pouco sobre eles, bem como se precisamos necessariamente enquadrá-los, ou não, em algum modelo já existente. Na visão de Anísio Teixeira, em seu artigo Que é administração escolar? (1961), “O administrador é homem que dispõe dos meios e dos recursos necessários para obter alguns resultados. Resultados certos [...]” (n.p.) mas que se diferenciam quando trata-se da administração voltada a empresas e da educacional. Nesse mesmo contexto, Querino Ribeiro também diferencia em sua obra Planificação educacional (2005) os dois tipos de administração, além da figura do administrador à do estudioso de administração, apesar de dizer que “de fato, a escola de hoje é uma empresa facilmente caracterizável pelo próprio rol de seus problemas – de pessoal, de material, de serviços, de financiamento [...]” (p:86). Ou seja, se analisada apenas de acordo com esses parâmetros poderá assemelhar-se a uma empresa, porém, se for vista a partir do ponto de vista do conceito de administração educacional faz-se muito mais ampla. De forma análoga, diferencia o termo “administração” de “organização” escolar. Enquanto o primeiro é composto de várias fases, onde a primeira é o planejamento, a organização é uma dessas fases2 (segunda) contida

dentro do conceito mais amplo de administração.

Assim, de acordo com os princípios básicos da administração e a partir dos trabalhos de Frederick Taylor (1856-1915) e Henry Ford (1863-1947) nos Estados Unidos (Administração Científica), bem como de Henri Fayol (1841-1925) na França (Teoria Clássica da Administração) e Max Weber (1864 - 1920) na Alemanha (Teoria da Burocracia), vários autores como Teixeira (1961), Ribeiro, Q. (2005), Paro (1987, 1999), Zung (2013) e outros passaram a desenvolver seus trabalhos tendo os primeiros como base de sustentação para suas argumentações. Assim, a partir dessas leituras pode-se inferir que, para a compreensão dos modelos organizacionais educacionais atuais, é preciso também o entendimento da Teoria Geral da Administração (TGA), seja a científica, seja a clássica, mas sob um olhar de acordo com a época em que cada teoria é aplicada. Porém, há uma exceção para esse entendimento: na educação. De acordo com Vitor Paro, em seu artigo Parem de preparar para o trabalho (1999), ele deixa claro que “[...] os objetivos que se buscam na empresa capitalista não são apenas diferentes, mas antagônicos aos buscados na escola” (p:102, grifo do autor). Ou seja, para o autor, apesar do Brasil viver sob a ótica do capitalismo atualmente, suas escolas não devem seguir esses princípios pregado pelas ideias neoliberalistas. Talvez tenha sido com essa concepção que tenha surgido, recentemente, o Programa Universidade para Todos (PROUNI) e de forma antagônica o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) no país, visto que o primeiro concede bolsas para o estudante frequentar as universidades privadas, enquanto que o segundo financia esse tipo de estudo.

2 Segundo Ribeiro, Q. (2005, p:87) as fases da administração constituem-se de planejamento, organização, gerência, avaliação e relatório, que por sua vez se adéquam aos setores de pessoal, material, serviços e financeiro.

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Atipicidade institucional

A partir da leitura da Figura 02, pode-se inferir que a Rede Federal, e especialmente o IFRN, está a desenvolver-se quantitativamente de maneira muito rápida. Ao olhar para a sua natureza organizacional, seu rol de cursos, seu currículo, seu modelo de gestão e sua autonomia, percebe-se alguns diferenciais em relação as outras instituições educacionais, nomeadamente, em relação a seus níveis de ensino distintos. Assim, ao tratar-se dessa atípica instituição de ensino e para tentar entender as relações existentes entre os níveis médio e superior, será apresentado uma visão diferente da tradicional, ou seja, a partir dos alunos, para então compreender como é que esta instituição que é, em sua origem de ensino médio, providencia educação superior, além de funcionar sob a mesma administração.

Figura 02: Evolução de matrículas desde a primeira fase de expansão do IFRN

(Fonte: Construído a partir dos Relatórios de Gestão do IFRN de 2003-2014).

Metodologia da pesquisa

Imaginando a instituição como uma pirâmide, onde no topo está a reitoria e toda a equipe de gestores, no centro os órgãos de regulação e na base os estudantes, esse estudo não seguirá o fluxo convencional que seria escutar o que dizem os gestores e os órgãos de regulação sobre o desenvolvimento e andamento institucional. Essa pesquisa traz como fio condutor a visão dos estudantes sobre a instituição para só então contrabalancear com o que diz o outro lado da pirâmide. Assim sendo, a partir desse estudo poderá ser compreendido como os alunos enxergam a instituição como organização escolar e a suas percepções sobre o advento da expansão.

Para tanto, a ferramenta selecionada para refletir sobre o que os estudantes dizem sobre a expansão e a organização escolar foi o inquérito por questionário. O público alvo são as quatro primeiras turmas dos cursos integrado de informática3 dos campi da primeira fase da expansão:

Campus Ipanguaçu, Campus Natal-Zona Norte e Campus Currais Novos. De forma a ter-se um parâmetro de comparação também foi aplicado o inquérito aos alunos do Campus Natal-Central do mesmo curso integrado de informática.

3 Foi escolhido o curso de informática por ser um curso comum à todos os campi do Estado e entende-se por integrado os cursos nos quais os alunos têm aulas das disciplinas propedêuticas e técnicas com a duração de quatro anos, o que corresponde ao ensino médio no Brasil.

6 Figura 03: Distribuição dos alunos inqueridos (Campus x quantidade)

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Assim sendo, resumidamente, para os campi da primeira fase serão inquiridos alunos que entraram em 2007, 2008, 2009 e 2010 e concluíram respectivamente em 2010, 2011, 2012 e 2013 e para os alunos do Campus Natal-Central os que ingressaram em 2008, 2009 e 2010 e se formaram em 2011, 2012 e 2013, totalizando 900 alunos.

Os dados foram coletados entre os meses de abril e julho de 2015, com os alunos das turmas de informática já citado anteriormente, além de ter sido implementado através do formulário de pesquisa do Google Docs. Assim, dos 900 alunos matriculados que iniciaram os respectivos cursos conforme Figura 03, houve um total de 293 evasões4, ou seja, 32,55% dos matriculados,

distribuidos da seguinte forma: o Campus de maior evasão foi o Natal-Zona Norte com 37,5%, em 2º lugar Ipanguaçu com 34,20%, em 3º Currais Novos com 29,9% e quem menos teve evasões foi o Campus da capital do estado, o Natal-Central, com 29,53%. Esses dados iniciais são apenas para localizar o leitor sobre o público alvo da pesquisa e o primeiro problema percebido: a evasão. Sobre esse assunto, num anterior trabalho, Oliveira (2013) teve a oportunidades de se debruçar sobre o fenômeno da evasão num dos cursos oferecidos, em um dos campus do IFRN: “É preciso buscar a cada dia a redução das elevadas taxas de evasão, para que seja aumentado o número de alunos que concluem seus estudos, de preferência, com um alto rendimento e aproveitamento das oportunidades acadêmicas que surgem no decorrer do curso”.

Dito isso, para a coleta os dados foi enviado um link do formulário para o e-mail de 675 alunos (dos 900), no qual houve um retorno de 98 e-mails por problemas nas caixas postais dos destinatários, ou seja 14,51% não receberam o inquérito e ao final de quatro envio, com intervalo de 10 dias aproximadamente, obtivemos 242 respostas. Em um segundo momento, para alcançar um número maior de respondentes, realizaram-se ligações para celulares e residências dos alunos egressos (exceto para os que evadiram), explicando o objetivo da pesquisa e solicitando que os mesmos respondessem ao questionário. Assim, obtivemos mais 64 contribuições, o que totalizou 306 respostas. Na sequência, demos início a análise dos dados no qual serão apresentados algumas conclusões neste texto.

Análise preliminar dos resultados

Dessa forma, ao iniciar essa etapa é preciso delinear o objetivo principal desse questionário que é tentar identificar, preliminarmente, a visão dos alunos quanto aos órgãos e instrumentos de regulação de uma organização, bem como a forma que eles caracterizam o IFRN sob o ponto de vista organizacional. Assim, quanto ao primeiro aspecto (órgãos e instrumentos de regulação), pode-se constatar que apesar dos documentos formais e conselhos darem voz para a representatividade estudantil, poucos conhecem ou participam do processo. Quando foi questionado se haviam participado, enquanto alunos, ou como egressos dos órgãos como o Conselhor Superior (CONSUP), o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPEX), Conselho escolar, Colegiado da diretoria acadêmica, Colegiado de curso ou Conselho de classe, 90,1% (272) dos alunos disseram que não havia participado de nenhum deles. A maior participação foi no Conselho de classe (5,6%) e a menor no CONSUP (1%).

4 Está sendo considerado evasão todos os casos registrado no Sistema Acadêmico que indique que, por algum motivo, o aluno não pertence mais aquele campus, seja porque ele tenha trancado, cancelado, transferido (interno ou externo), jubilado ou mesmo evadido.

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Quando foram questionados se conheciam os documentos formais que dão sustentação às ações da instituição, ou seja, o Projeto Político Pedagógico (PPP), o Regimento geral e internos aos campi, o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o Projeto Pedagógico de Curso (PPC) e a Organização didática, o resultado foi o seguinte: 54,2% conheciam (pouco, bastante ou muito) o PPP; 61,1% conheciam o Regimento geral e 61,8% o interno; 25,2% o PDI; 52% o PPC; e 46,7% a Organização didática, dentre os critério de conhecimento citado acima (pouco, bastante ou muito). Assim, pode-se afirmar que o documento que eles menos conhecem é o PDI, enquanto o que mais declaram conhecer é o Regimento Geral e Interno. O PDI é um documento de natureza norteadora para as ações futuras da instituição, no qual foi construído a partir da participação democrática de todos da comunidade escolar a partir do Sistema Unificado de Administração Pública (SUAP) da Instituição (IFRN, 2015b), ou seja,

Enquanto instrumento de planejamento e gestão que considera a nova identidade institucional a partir de suas raízes históricas e do atual contexto socioeconômico, este PDI oferece subsídios para uma melhor compreensão da instituição emergente no que diz respeito a sua filosofia de trabalho, à função social a que se propõe, às diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, a sua estrutura organizacional e às atividades acadêmicas que desenvolve e/ou pretende desenvolver, em sintonia com as demandas sociais e os arranjos produtivos locais (IFRN, 2015a, p:7).

Já quanto os Regimentos, este são documentos que delimitam o formato organizacional da instituição, seja em nível macro (quando envolve a organização de todos os campi), seja quanto a cada um dos campi individualmente. Esse é um dado interessante, que justifica a relevância desse estudo, que tem como ponto de partida o conhecimento organizacional dos alunos, onde poucos conhecem o documento que norteia as ações dos gestores para os anos seguintes, mas a maioria conhece a infraestrutura atual da instituição e dos campi em que estudam, portanto passam a ter mais propriedade em emitir uma opinião sobre tal.

Assim sendo, passando para a análise no campo organizacional e para inferir o ponto de vista dos alunos, foram propostas sete afirmações nas quais eles iriam se posicionar, em uma escala de 0 (discordância total) a 10 (concordância total) como o IFRN se caracterizaria. As perguntas envolviam conceitos claros sobre cada um dos modelos debatidos, por autores como Ellström (1984), Costa (1996), Morgan (2006), Lima (1998, 2011, 2012) e outros.

Assim, o primeiro enunciado dizia que “O IFRN é uma instituição hierárquica que se caracteriza pelo controle e o cumprimento estrito das normas legais”, ou seja, essa afirmação faz referência ao Modelo Racional-Burocrático e como resposta, os alunos em sua grande maioria (87,3%) concordam com a afirmação. Morgan (2006) ao criar a imagem de máquina da organização ratifica esse pensamento, visto que as máquinas para cumprirem com suas metas seguem rigorosamente o que foi previamente estabelecido, de modo racional, sem questionamentos. Assim, esse modelo apresenta, a racionalidade quando tenta adequar os meios para atingir os seus objetivos

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Figura 04: Avaliação quanto ao Modelo Racional-Burocrático

O segundo enunciado afirmava que O IFRN é uma instituição que cumpre as normas legais, mas por vezes toma decisões que não se enquadram nessas normas. Nessa questão os alunos ficaram bem divididos, com 22,2% de indecisos, sendo que há uma certa vantagem para a concordância (40,8%), sobre a discordância (37%). Ou seja, exatamente como o “modelo díptico” (LIMA, 1998), que apresenta uma visão com polos bem distintos, o resultado sugere uma instituição divida entre os que concordam com as ações instituicionais e os que percebem na ações escolares um pouco de dualismo político e que por algum motivo essas ações são retiradas do seu eixo normatizador.

Figura 05: Avaliação quanto ao Modelo Díptico

O terceiro enunciado, que tem como elemento central o modelo político, diz que O IFRN é uma instituição que toma as suas decisões após um processo negocial e após a satisfação dos interesses de cada grupo em particular. Mais uma vez surge uma alta incidência de indecisos (23,9%), e o grupo dos que concordam com essa afirmação prevalece (44,7%), contra 31,4%. O modelo político traz à tona os vários tipos de conflitos que existem nas organizações, que digam-se de passagem “[...] é normal e digam-sempre estará predigam-sente [...]” nas mesmas. (MORGAN, 2006, p:191). Assim, ao estudar as organizações sob essa ótica, estamos a analisar os diferentes tipos de interesses e de poder que andam em paralelo no dia-a-dia institucional, bem como os jogos políticos que há entre indivíduos ou entre grupos, bem como também as coalizões.

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Figura 06: Avaliação quanto ao Modelo Político

Por sua vez, o quarto enunciado faz referência aos processos ditos democráticos, como por exemplo o PDI, existentes no seio da instituição. A afirmação feita foi a seguinte: O IFRN é uma instituição que funciona na base do diálogo, da participação coletiva e da tomada de decisão democrática. Como resultado, os alunos demonstram uma visão diferenciada de Lima (2010), quanto ao diagnóstico sobre a hiperburocratização. Ou seja, o conceito anunciado por Lima, não se concretizou no caso do IFRN, de acordo com a visão dos alunos, que poderia ter na construção do PDI um exemplo clássico, visto que foi feito a partir de uma consulta a comunidade, utilizando-se de meios informáticos que, utilizando-segundo o autor, tende a utilizando-ser mais consoante com o hiperburocrático. Apesar disso, a visão dos alunos, em sua maioria (59,2% contra 22,8% e 18% de indecisos) é que a instituição tem, sim, um carater democrático, apesar do viés de natureza hiperburocrático.

Figura 07: Avaliação quanto aos processos democráticos

O quinto enunciado, traz como elemento central o modelo cultural no qual as instituições podem ser construídas. Para tanto, foi afirmado que O IFRN é uma instituição com uma identidade cultural que define a sua ação em função dos valores e da sua história

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Figura 08: Avaliação quanto ao Modelo Cultural

Como pode ser visto, os alunos concordam em sua grande maioria (88,5%) que ao metaforizar a organização com o modelo cultural estamos comparando-a a uma “[...] minissociedade, com seus valores, rituais, ideologias e crenças próprias” (MORGAN, 2006, p:136) e assim, ao fazer essa comparação, imagina-se que ela busque o seu desenvolvimento afim de alcançar os mesmos elementos de uma sociedade. É nesse ponto que o modelo cultural entra em ação ao analisarmos o seu potencial, no que tange o desenvolvimento de uma escola.

O sexto enunciado, traz em seu âmago a essência do Sistema Social como modelo organizacional e diz que O IFRN é uma instituição que legitima a sua ação tendo em conta as influências externas e a sua imagem social. Esta foi a questão onde os alunos tiveram o maior consenso quanto a concordância (88,8%) e dessa forma, o modelo de sistema social, “valoriza especialmente o estudo da organização informal, dos processos de integração, de interdependência e de colaboração, admitindo a existência de consenso entre os objetivos [...]” (LIMA, 2011, p:21). Não se pretende com esse modelo, igualmente aos já abordados anteriormente, estabelecê-lo como único para explicar as organizações educativas apesar de ser facilmente metaforizado como sistema orgânico, biológico, ecológico e até físico (LIMA, 2011, p:22). Ellström faz uma observação importante quando refere que “In contrast both to the rational-and to the political model, the social system model views organizational processes as spontaneous, adaptive responses to internal or external demands, rather than as intentional action” (ELLSTRÖM, 1983, p:234). Ou seja, esse modelo tem a espontaneidade das ações como ponto forte para responder aos problemas internos e externos de uma organização.

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Figura 09: Avaliação quanto ao Modelo de Sistema Social

Por fim, o sétimo e último enunciado, trata sobre a visão anárquica das organizações e afirma que O IFRN é uma instituição cuja missão é vaga e as suas ações nem sempre obedecem a uma política racionalmente definida. Essa foi a única questão em que, os que discordaram, foi maioria (84,6%) sobre os que concordaram, apesar de que diferentemente do que se possa imaginar o termo anarquia não sugere uma imagem negativa da escola, mas sim, diferente. Dessa forma, essa metáfora “[...] permite visualizar um conjunto de dimensões que poderão ser encontradas nas organizações escolares (se não em todas, pelo menos em algumas) [...]” (COSTA, 1996, p:89).

Figura 10: Avaliação quanto ao Modelo Anárquico Síntese das representações dos alunos

Assim sendo, após considerar os modelos (Racional-Burocrático (R), Díptico (D), Político (P), Hiperburocrático (H), Cultural (C), Sistema Social (S) e o Anárquico (A)), cruzar seus conceitos e teorias com o sistema organizacional que é visto no IFRN (na opinião dos alunos) e, por fim, ao levar em consideração a atipicidade da instituição, pode-se dizer que na organização estudada todos os modelos citados encontram eco nas respostas dos alunos, não sendo possível dizer, claramente, se existe um modelo onde ela melhor se caracterize.

Porém, é possível dizer que, dentre os modelos anunciados, aqueles que apresentaram maior prevalência (mais de 80%), na visão dos alunos, foram o sistema social, o cultural, o racional-burorático e o anáquico, nesta ordem. Ou seja, poderia-se inferir, a partir disso, que a instituição

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tem suas ações pautadas principalmente pelas influências externas e pelo valor dado à imagem social, cujo elemento foi burilado ao longo de sua história e dos seus valores culturais, apesar de que todos eles foram sustentandos na base da racionalidade, para alcançar e cumprir a sua, bem definida, missão, diante das múltiplas dimensões.

De forma menos intensa, com uma percentagem de concordância entre os 20% e os 45%, excluindo os indecisos, surge respectivamente os modelos político, díptico e o hiperburocrático. Assim, de acordo com essa visão, os alunos imaginam a organização como a união de interesses e grupos distintos, o que acaba por dividir a opinião entre aqueles que acham que a instituição executa suas ações dentro das normas legais e os que acreditam no não cumprimento delas, apesar de que creem na democracia dos seus processos, por mais hiperburocráticos que sejam.

Figura 11: Imagem criada pelos alunos dos modelos organizacionais

Após a análise, essas são as duas imagens que prevalecem, de acordo com alunos, da instituição e, por isso, a partir desses pressupostos e do surgimento desses dois grupos, que aqui chamarei pelas letras iniciais dos modelos, de SCRA e PDH, respectivamente, no qual a percentagem média de concordância do primeiro foi de 87,3% e do segundo de 36,1%, pode-se concluir que a maioria dos alunos acreditam que o IFRN é composto predominantemente pelos modelos SCRA, enquanto que os três modelos restantes (PDH), obteve uma representatividade muito baixa, confirmando assim que a maioria (63,9%) dos alunos acreditam haver outros modelos, a exemplo do SCRA, que representem melhor a instituição.

Por fim, a sua atipicidade pode ser percebida a partir das múltiplas dimensões já citadas, nas quais pode-se relacionar com a articulação entre o ensino médio e superior, que de forma conjunta, porém incipiente, integram o sistema organizacional dessa instituição.

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