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Autoavaliação da saúde em idosos: uma análise dos fatores associados com base nos dados da PNS 2013

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Título1: Autoavaliação negativa de saúde em idosos: uma análise dos fatores associados

com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013

Palavras-Chave: Envelhecimento, Autopercepção de Saúde, Determinantes Sociais de

Saúde.

Autores:

Autor: Luiz Alexandre Rodrigues da Paixão. Paixão, L.A.R. Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares – PPGDSCI/CEAM - Universidade de Brasília – UnB

Co-autora: Marília Miranda Forte Gomes. Gomes, M.M.F. Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares – PPGDSCI/CEAM - Universidade de Brasília - UnB Gama

*Trabalho apresentado no VII Congreso de la Asociación LatinoAmericana de Población e XX Encontro

Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Foz do Iguaçu/PR – Brasil, de 17 a 22 de outubro de 2016.

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Introdução

A população brasileira, a partir da segunda metade do século XX, começou apresentar mudanças na sua estrutura etária. As transformações se iniciaram com a queda das taxas de mortalidade infantil e com o aumento da esperança de vida ao nascer que aliados à queda dos níveis de fecundidade acarretaram no processo de envelhecimento da população (Vasconcelos e Gomes, 2012).

Em 1980, para cada grupo de 100 crianças menores de 15 anos, havia 10,5 idosos; em 2015, a razão foi de 34,2; e em 2050, a relação poderá ser de 100 para 172,7. A razão de dependência está cada vez mais elevada, apontando para o aumento de gastos assistenciais para a sociedade (IBGE, 2010).

Em consequência, o aumento do contingente da população considerada idosa irá proporcionar o surgimento de novas demandas para a área de saúde, bem como na área social - pois os maiores de 60 anos representarão um peso relativo em crescimento - como a composição da força de trabalho, as estruturas familiares e as transferências dentro das famílias, sobretudo devido aos novos arranjos familiares (PINHEIRO, 2009).

Considerado um avanço social, o envelhecimento da população evidencia o aumento da longevidade, sendo, assim, considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2005) como uma história de sucesso para políticas de saúde pública. Contudo, este processo traz consigo novos desafios, no sentido de proporcionar dignidade a esta população em processo de envelhecimento, ou seja, um envelhecimento ativo.

O envelhecimento ativo é um processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, à medida que as pessoas ficam mais velhas e, com a participação contínua nas questões sociais, econômicas, civis, culturais, espirituais, os idosos seguem com uma vida saudável, participativa, com independência, dignidade e seguridade social (OMS, 2005). O desafio posto para as políticas públicas é o fornecimento de serviços e benefícios que permitam aos idosos uma vida digna e ativa, o que depende especificamente da solidez e das políticas de seguridade social, a fim de prevenir ou atenuar o desamparo das gerações mais velhas (WONG, 2001).

Neste contexto, ocorre a necessidade de estudos epidemiológicos que auxiliem na compreensão do envelhecer, para desenvolver políticas de saúde voltadas a este segmento populacional. Com isso, entender os determinantes socioeconômicos e

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comportamentais relacionados às condições de saúde entre os idosos é fundamental para a elaboração de políticas públicas que, além de caracterizar, possam prevenir ou retardar os problemas de saúde, o que permite uma velhice ativa e o bem-estar dessa população, permitindo, assim, que o idoso possa usufruir integralmente os anos proporcionados pelo avanço da ciência (VERAS, 2007).

Diante disso, são necessários novos estudos com a finalidade de analisar este segmento populacional, especialmente na área de saúde, tanto do ponto de vista social e coletivo quanto do individual.

Um dos indicadores mais utilizados na avaliação do estado de saúde é a autopercepção de saúde, uma vez que ela prediz a mortalidade e o declínio funcional (BLAZER, 2008). O autorrelato da saúde reflete uma percepção integrada do indivíduo que inclui as dimensões biológicas, psicossocial e social, além de ser um preditor da mortalidade. É um indicador subjetivo e está relacionado com a demanda por saúde; é simples, sendo feita apenas a pergunta de como o indivíduo avalia a sua saúde.

O objetivo deste trabalho é contribuir para a identificação dos determinantes sociais relacionados com a saúde do idoso, esta vista sob a dimensão subjetiva da percepção de como o idoso avalia a sua saúde. Com isso, descreve em que medida os fatores demográficos, sociodemográficos, de estilo de vida e a presença de doenças crônicas não transmissíveis estão relacionados com a autoavaliação negativa da saúde dos idosos no Brasil. Para isso, foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que foi realizada pelo Ministério da Saúde em 2013, em parceria com o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), e que teve como objetivo principal a produção de dados sobre a situação de saúde e os estilos de vida da população brasileira.

Autopercepção de saúde do idoso

A Organização Mundial de Saúde (2005) define saúde como um estado de bem-estar físico, mental e social. Com isso, propõe um envelhecimento ativo caracterizado principalmente pela participação dos idosos na sociedade de acordo com suas necessidades e anseios, além de proteção e segurança quando da sua necessidade.

Uma das possibilidades de analisar as condições de saúde é utilizar informações provenientes da percepção dos idosos em relação ao seu próprio estado de saúde que

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engloba questões objetivas de saúde e como os idosos as encaram, e o bem estar subjetivo dentro de suas realidades (ALVES, 2004).

A autopercepção de saúde do idoso é produto de múltiplos fatores determinantes, incluindo idade, sexo, oportunidades de educação, condições crônicas de saúde, estilos de vida, entre outros. Diversos estudos mostram correlação da autopercepção da saúde com variáveis demográficas e socioeconômicas, bem como comportamentais e com outras medidas de condições de saúde como, por exemplo, doenças crônicas (BARON-EPEL, 2001).

Uma desvantagem que pode ser citada é que, em certos inquéritos populacionais, a condição de saúde do idoso é relatada por outra pessoa no domicílio, devido a problemas físicos ou cognitivos, o que pode não representar a saúde percebida pelo próprio idoso. Sendo assim, deve-se ter cautela nas interpretações (HARTMANN, 2008).

Outra questão que deve ser considerada é a diferença nas percepções em diferentes culturas e grupos sociais e suas formas de considerarem a qualidade da saúde. Neste sentido, Carvalho et al (2015) destaca que a qualidade descrita da saúde e do bem-estar está relacionada com as expectativas que diferentes grupos e culturas possuem e que refletem de forma diferente pela valorização diferenciada que cada grupo estabelece para cada necessidade humana. Com isso, é necessário atenção nas comparações dos resultados das populações de diferentes países ou regiões.

No entanto, apesar das considerações, que podem ser consideradas limitações dos estudos, a identificação dos determinantes socioeconômicos e comportamentais, o entendimento de como eles se relacionam uns com os outros e como estes determinantes podem gerar desigualdades em saúde, a análise dos determinantes ainda se torna essencial bem-estar dos idosos (CAMPOS, 2009).

Material e Métodos

No ano de 2013, foi realizada, no Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). É uma pesquisa com base domiciliar representativa para Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Capitais, áreas urbanas e áreas rurais do país. Foi uma iniciativa do Ministério da Saúde (MS) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e

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Estatística (IBGE) e se tornará parte do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD) do IBGE (SIPD 2007).

O plano de amostragem da PNS foi desenvolvido a partir da Amostra Mestra do SIPD. Sendo assim, é caracterizada como uma subamostra cuja abrangência geográfica compreende os setores censitários da Base Operacional do Censo Demográfico de 2010.

O plano amostral, considerado complexo, foi elaborado mediante uma amostragem por conglomerados em três estágios de seleção. No primeiro estágio, foram selecionados os setores censitários das Unidades Primárias de Amostragem; no segundo estágio, foram selecionados os domicílios, por amostragem aleatória simples, de domicílios selecionados no estágio anterior; e, no terceiro estágio, por amostragem aleatória simples, foi selecionado um morador de 18 anos ou mais de idade entre todos os moradores adultos do domicílio, para responder o questionário individual.

Neste trabalho, foi respeitado o desenho amostral adotado pela PNS com a utilização do pacote complex samples do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), e inicialmente, realizou-se análise descritiva das variáveis independentes segundo a autopercepção da saúde dos idosos e, posteriormente, uma análise multivariada para cada um dos grupos de variáveis mantendo no modelo aquelas com associações estatisticamente significativas (p <0,05).

Na análise estatística multivariada foi utilizada a regressão logística multinomial, com o objetivo produzir um modelo que permite a predição de valores tomados por uma variável categórica (autopercepção de saúde) que possui três categorias, a partir de outras variáveis explicativas (variáveis independentes).

O modelo de regressão adotado permitiu um olhar mais amplo entre as três diferentes categorias de percepção da saúde adotadas. Além disso, este modelo fornece a odds ratio (razões de chance) que mede a força da associação entre um fator e a variável dependente.

Foram elaborados quatro modelos de regressão com a inclusão de variáveis respeitando os quatro grupos de variáveis independentes. Os resultados das regressões estão apresentados na Tabela 3 sob a forma de razão de chance que apontam para o fator de proteção do risco (categoria com razão de chance menor que um) ou fator de risco (categoria com razão de chance maior que um), sendo o risco a autopercepção negativa de saúde.

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A variável dependente é auto relato da saúde dos idosos, classificada em três categorias1: muito boa/boa, regular e ruim/muito ruim, sendo a primeira selecionada como categoria de referência.

As variáveis selecionadas como explicativas para condição negativa percebida de saúde dos idosos foram agrupadas em quatro grupos:

1) variáveis demográficas: a idade, o sexo (masculino ou feminino) e a raça/cor (branca, negra2 e outras);

2) variáveis sociodemográficas: o nível de escolaridade mais elevado do idoso (sem instrução e ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo e médio incompleto, ensino médio completo e ensino superior incompleto e ensino superior completo), e a região geográfica de residência (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste);

3) variáveis de estilo de vida: alimentação adequada, prática de atividades físicas, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.

 Alimentação adequada – sendo agregada em três categorias (nenhum item, um a dois itens e três a quatro itens) que consideram: consumo de feijão em cinco ou mais dias da semana; consumo de frutas e verduras três vezes por dia em pelo menos cinco dias da semana; consumo de refrigerante ou suco artificial somente até quatro dias da semana e apenas um copo por dia; e consumo de carne e frango sem a gordura ou pele;

 Atividades físicas – sendo agregada em três categorias (não pratica, pratica de 1 a 4 dias da semana e pratica de 5 a 7 dias da semana) na qual aborda se o idoso pratica atividade física ou esporte e em que regularidade;

 Bebidas alcoólicas – sendo agregada em três categorias (não consome, consome menos de uma vez por mês e consome uma ou mais vezes por mês) no qual a pessoa respondeu qual a frequência que ela costumava consumir bebida alcoólica;

 Tabagismo – sendo agregada em três categorias (nunca fumou, fumante e ex-fumante) onde a pessoa respondeu se fazia uso de algum produto do tabaco que são fumados como, por exemplo, charuto ou cigarrilha.

1

O questionário da PNS classifica o estado de saúde em cinco categorias: (1) muito boa, (2) boa, (3) regular, (4) ruim e (5) muito ruim.

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4) Variável de saúde: categorizada pela quantidade de doenças crônicas não transmissíveis existentes (hipertensão arterial, diabetes, doença do coração como infarto, angina, etc, asma ou bronquite asmática, artrite ou reumatismo e câncer).

Resultados e discussão

A PNS apresentou um total de 200,6 milhões de pessoas em 2013, das quais quase a metade da população tinha até 29 anos de idade (46,4%) e 26,4 milhões tinham 60 anos ou mais de idade, ou seja, os idosos correspondiam a 13,2% da população, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 - Distribuição relativa da população brasileira, por faixa etária - 2013

Pode-se observar que a faixa de 40 a 49 anos de idade contempla 27,1 milhões de pessoas correspondendo a 13,5% da população, e aqueles com idades entre 50 e 59 anos correspondem a 11,5% do total.

A Tabela 2 mostra a distribuição relativa de idosos de acordo com a autopercepção de saúde, segundo os determinantes de saúde selecionados para os modelos de regressão. Observa-se que 44,4% das pessoas com 60 anos ou mais de idade perceberam sua saúde como muito boa ou boa e que somente 12,1% dos idosos auto avaliaram a saúde como ruim ou muito ruim.

Com relação à faixa etária, a maior concentração de pessoas era na faixa dos 60 a 64 anos de idade com 8,4 milhões de idosos, e na faixa de 65 a 70 anos o número de idosos totaliza 7,6 milhões. Estes dois grupos etários abarcam 61% da população idosa

0 a 17 anos 54.265.049 27,1 27,1 18 a 29 anos 38.839.368 19,4 46,4 30 a 39 anos 30.961.573 15,4 61,9 40 a 49 anos 27.129.450 13,5 75,4 50 a 59 anos 22.970.236 11,5 86,8 60 anos ou mais 26.407.831 13,2 100,0 Total 200.573.507 100,0

Faixa etária Total

população %

% acumulado

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no Brasil. Além disso, até os 70 anos de idade os idosos tiveram uma avaliação mais positiva da saúde. Os idosos do sexo masculino corresponderam a 44% da população idosa do país e 47,1% deles avaliaram sua saúde como muito boa ou boa. Por outro lado, a maioria das mulheres idosas perceberam sua saúde como regular e 13% como ruim ou muito ruim. A maioria dos idosos que se declararam da raça/cor branca perceberam sua saúde de forma positiva e os negros de forma mais negativa em sua maioria.

Percebe-se também que quanto maior a escolaridade do idoso maior o percentual de pessoas que avaliaram a saúde como muito boa ou boa. Por outro lado, idosos com menor grau de instrução perceberam sua saúde como regular e ruim ou muito ruim.

A maioria de idosos com avaliação positiva da saúde estava concentrada nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, e os maiores percentuais de avaliação negativa da saúde ficaram por conta dos idosos que residiam nas regiões Norte e Nordeste, com 16,1% e 17% respectivamente.

Observando a questão da alimentação adequada, observa-se que a maioria dos idosos que não se alimentava adequadamente avaliou a saúde como regular (51,8%) e 46,5% daqueles que tinham se enquadravam em uma alimentação mediana (com um a dois itens) avaliaram positivamente a sua saúde.

Quando à prática de atividades físicas ou esportes, observa-se que 65,6% daqueles que praticavam atividades de 5 a 7 dias por semana avaliaram sua saúde como muito boa ou boa. Por outro lado, o maior número relativo de idosos que avaliaram negativamente a saúde (10,3%) não praticavam atividades físicas.

Considerando o hábito de consumir bebidas alcoólicas, a maioria, ou seja, 60,3% que consumiam bebidas alcoólicas uma ou mais vezes por mês avaliaram positivamente sua saúde, mas esta categoria corresponde a 15,6% da população idosa, sendo que 76%, ou quase 21 milhões de idosos não consumiam bebidas alcoólicas.

Com relação ao hábito de utilização do tabaco como fumo, a maioria, independente da condição de fumante ou não, avaliou positivamente sua saúde. No entanto, 56,4%, ou seja, quase 15 milhões de idosos afirmaram que nunca havia fumado.

No tocante às doenças crônicas não transmissíveis, 61% dos idosos que não possuíam doenças crônicas autoavaliaram a saúde como muito boa ou boa, e 39,6% daqueles que possuíam mais de 4 doenças crônicas avaliaram negativamente sua saúde.

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Tabela 2 - Distribuição relativa dos idosos segundo as variáveis demográficas, sociodemográficas, de estilo de vida e de saúde, de acordo com a forma como auto

avaliaram sua saúde – 2013

Muito boa/Boa Regular Ruim/Muito ruim Total

Total 44,4 43,5 12,1 26.407.831 Faixa etária 60 a 64 anos 48,4 41,4 10,2 8.420.223 65 a 70 anos 45,1 43,6 11,4 7.605.402 71 a 74 anos 42,4 45,7 11,8 3.695.135 75 a 80 anos 38,0 46,1 15,8 3.589.647 Mais de 80 anos 41,6 43,4 14,9 3.097.424 Sexo Masculino 47,1 42,0 10,9 11.517.634 Feminino 42,4 44,7 13,0 14.890.197 Raça/cor Negros 37,8 46,0 16,2 11.844.357 Brancos 49,7 41,6 8,6 14.163.947 Outra 50,7 36,9 12,4 399.528 Escolaridade

Até fund. Incompleto 37,0 48,2 14,8 18.667.110

Fund. completo e Med. Incompleto 47,4 44,8 7,8 2.122.493

Med. completo e Sup. Incompleto 59,2 35,1 5,7 3.100.637

Superior completo 78,9 18,1 3,0 2.517.592 Grandes regiões Norte 36,0 47,9 16,1 1.428.558 Nordeste 35,0 47,9 17,0 6.661.215 Sudeste 50,0 41,1 8,9 12.651.274 Sul 45,7 42,2 12,1 3.980.812 Centro-Oeste 43,6 43,5 12,9 1.685.971 Alimentação adequada Nenhum item 38,7 51,8 9,5 1.541.181 Um a dois itens 45,5 42,1 12,4 19.591.724 Três a quatro itens 41,9 46,4 11,7 5.274.926 Atividade física Não pratica 44,0 45,7 10,3 136.982 1 a 4 dias da semana 56,4 39,3 4,2 3.360.868 5 a 7 dias da semana 65,0 29,9 5,1 2.268.853

Consumo de bebidas alcóolicas

Não consome 39,8 46,4 13,8 20.055.899

Menos de 1 vez por mês 56,7 35,0 8,3 2.231.391

Uma ou mais vezes por mês 60,3 34,1 5,6 4.120.542

Tabagismo Nunca fumou 45,1 44,0 10,9 14.847.746 Fumante 45,5 38,6 15,9 3.339.358 Ex-fumante 42,7 44,6 12,7 8.220.728 Doenças crônicas Nenhuma 61,0 32,9 6,0 9.002.147 Uma doença 43,4 45,2 11,3 9.311.939 2 a 3 doenças 27,8 53,6 18,7 7.706.894 4 ou mais doenças 12,8 47,7 39,6 386.851

Fonte: Elaboração própria. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.

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A Tabela 3 apresenta as razões de chance calculadas para cada uma das variáveis que foram inseridas na análise.

O primeiro Modelo apresenta as razões de chance para a autopercepção regular e ruim de saúde de acordo com as variáveis demográficas de idade, sexo e raça/cor dos idosos. Observa-se que quanto maior a idade, maior a chance do idoso de perceber sua saúde de forma negativa. Como apontado por Alves (2004), a idade é considerada por muitos pesquisadores como um fator fundamental de bem-estar na velhice e, que com o avançar da idade, o idoso tem a tendência de relatar problemas com a sua saúde. Os idosos do sexo feminino têm 19% mais chance de relatar sua saúde como regular e 34% mais chance de relatarem percepção ruim da saúde. Isso corrobora a desigualdade de gênero e que influencia na saúde do idoso. Os idosos que se declararam pertencentes à raça/cor parda ou preta também apresentam maiores chances de relatarem sua saúde de forma negativa em relação àqueles que se declararam brancos, principalmente quando a percepção é ruim ou muito ruim.

Em seguida, foram agregadas as variáveis sociodemográficas (Modelo 2) divididas em nível mais elevado de instrução e região geográfica de residência dos idosos. Tomando como referência o nível mais baixo do grau de instrução (sem instrução e ensino fundamental incompleto), idosos com ensino fundamental completo e médio completo tem 24% e 52%, respectivamente, menos chance de relatarem sua saúde como regular e ruim/muito ruim. Observou-se neste estudo que quando maior o grau de instrução, menor a chance dos idosos relatarem problemas com a sua saúde. Estudos como de Lauderdale (2001) mostram que a escolaridade é um determinante estrutural da saúde. Neste sentido, a educação tem efeito direto na capacidade de geração de renda, acesso às informações de alimentação adequada, cuidados com a saúde que proporciona uma vida saudável. Quando às regiões geográficas, observa-se em que todas as regiões os idosos apresentaram maiores chances de autorrelato negativo da saúde que na região Sudeste do Brasil. Os idosos da região Norte apresentam 41% a mais de chance de relatarem sua saúde como regular e 85% como ruim ou péssima. Já aqueles residentes da região Nordeste tiveram mais chances de relatarem sua saúde de forma negativa, sendo que 96% de chance a mais de apontarem sua saúde como ruim que os idosos da região Sudeste. Como apontado por Vasconcelos e Gomes (2012), as transformações na população não ocorrem simultaneamente em todas as regiões do país, pois a esperança de vida e as taxas de mortalidade infantil ainda são destoantes entre as regiões.

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Tabela 3 - Razões de chances dos modelos para autopercepção de saúde regular e ruim/muito ruim dos idosos, segundo as variáveis selecionadas

Não foram identificadas alterações significativas nas razões de chances quanto ao sexo quando incluídas as variáveis sociodemográficas quando incluídas a variáveis de escolarização e região geográfica. No entanto, os idosos negros apresentaram menos chances de relatarem sua saúde negativamente.

Regular Ruim/Muito Ruim Regular Ruim/Muito Ruim Regular Ruim/Muito Ruim Regular Ruim/Muito Ruim Idade 1,01 1,03 1,00 1,02 1,00 0,96 0,99 0,95 Sexo Masculino (referência) 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Feminino 1,19 1,34 1,19 1,35 1,08 1,41 0,98 1,07 Raça/cor Branco (referência) 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Negro 1,48 2,58 1,08 1,76 1,54 1,86 1,38 1,66 Outra 0,88 1,45 0,94 1,54 1,27 0,20 1,51 0,32 Escolaridade

Até Ensino Fund. Incompleto (referência) 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Fund. Completo e Med. incompleto 0,76 0,48 0,59 0,17 0,56 0,16

Med. Completo e Sup. incompleto 0,48 0,31 0,39 0,13 0,37 0,12

Superior completo 0,19 0,13 0,16 0,09 0,16 0,08 Região Sudeste (referência) 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Norte 1,41 1,85 2,38 1,63 2,83 2,66 Nordeste 1,42 1,96 2,65 2,06 2,97 2,81 Sul 1,06 1,58 1,71 2,23 1,51 1,70 Centro-Oeste 1,12 1,46 1,64 1,19 1,78 1,50 Alimentação adequada

Nenhum item (referência) 1,00 1,00 1,00 1,00

Um a dois itens 0,32 0,23 0,38 0,34

Três a quatro itens 0,70 0,81 0,71 0,82

Atividade física

Não pratica (referência) 1,00 1,00 1,00 1,00

5 a 7 dias da semana 0,69 0,24 0,59 0,20

1 a 4 dias da semana 0,44 0,26 0,36 0,20

Consumo de bebidas alcóolicas

Não consome (referência) 1,00 1,00 1,00 1,00

Menos de 1 vez por mês 0,54 0,41 0,57 0,48

Uma ou mais vezes por mês 0,65 0,27 0,77 0,40

Tabagismo

Nunca fumou (referência) 1,00 1,00 1,00 1,00

Fumante 0,48 1,22 0,50 1,50

Ex-fumante 1,15 1,32 1,02 1,07

Doenças crônicas

Uma doença (referência) 1,00 1,00

Nenhuma 0,35 0,14

2 a 3 doenças 1,09 2,16

4 ou mais doenças 6,01 47,25

Fonte: Elaboração própria. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.

Modelo 4 - Variáveis de Saúde Modelo 3 - Variáveis Estilo de Vida Modelo 1 - Variáveis Demográficas Modelo 2 - Variáveis Sociodemográficas

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O próximo passou foi agregar as variáveis de estilo de vida (Modelo 3) para verificar se alguns hábitos – alimentação, prática de atividades físicas, consumo de bebidas alcóolicas e tabagismo, tornam-se, em geral, fatores de proteção para a autopercepção negativa da saúde dos idosos. A alimentação adequada da forma que foi considerada neste trabalho, uma vez adotada como estilo de vida, trouxe menos chance dos idosos perceberem sua saúde de forma negativa do que aqueles idosos que não se alimentam de forma adequada. Observou-se que aqueles que adotam dois ou três itens de uma alimentação saudável têm 77% menos chance de autoperceberem a saúde como ruim ou muito ruim. No entanto, quando observada a categoria de quatro ou mais itens de uma alimentação saudável, esta chance diminui para 19%, provavelmente por se tratarem de recomendações médicas.

A prática de atividades físicas também foi um fator que pode ser considerado de proteção da avaliação negativa da saúde, uma vez que idosos que praticavam atividades de um a quatro dias da semana tiveram menos chance de relatarem sua saúde negativamente que aqueles que não praticavam atividades físicas.

Já o consumo de bebidas alcoólicas trouxe um fator curioso, pois aqueles idosos que consumiam bebidas alcoólicas menos de uma ou mais de uma vez por mês apresentaram menos chance de relatarem sua saúde de forma negativa que os idosos que não consumiam bebidas alcoólicas. Isso aponta para o fato da proibição médica, se houver, devido a alguma doença crônica já existente no idoso que pode significar uma limitação de escolhas no estilo de vida.

Destaca-se o hábito de fumar no qual os idosos que eram ex-fumantes apresentaram 32% a mais de chance de relatarem sua saúde como ruim ou muito ruim, comparando-se com aqueles que nunca fizeram uso do tabaco. Ainda, aqueles que eram fumantes tinham 32% mais chances de avaliarem sua saúde negativamente. Neste sentido, OMS (2002) traz que o hábito de fumar além de aumentar os riscos de doenças não transmissíveis, ele leva também a perdas importantes na capacidade funcional e assim, este hábito está fortemente relacionado com o estado de saúde.

Com a inclusão das variáveis de abarcam o estilo de vida dos idosos, as mulheres apresentaram maior chance de relatarem sua saúde negativamente (41%) que os homens idosos. Este fato também pode ser observado em idosos negros que sofreram aumento na chance de relatarem sua saúde como ruim ou muito ruim. Idosos residentes nas regiões Nordeste e Sul também sofreram alteração na razão de chance quando da inclusão das variáveis de estilo de vida. No Nordeste, os idosos tiveram 2 vezes mais

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chances de relatarem sua saúde de forma negativa que aqueles residentes na região Sudeste. Já os idosos com níveis de instrução mais elevados sofreram redução nas chances de perceberem sua saúde de forma negativa o que mostra que o estilo de vida tem relação com a escolarização dos idosos.

No último modelo foram acrescentadas as variáveis de estado de saúde. Como esperado, as doenças crônicas não transmissíveis se apresentaram como fortes determinantes de saúde entre os idosos. Idosos com nenhuma doença crônica têm 35% menos chance de relatarem sua saúde como regular e 14% menos chance de relatarem a saúde como ruim ou muito ruim que aqueles com uma doença crônica. Observa-se que as razões de chances vão aumentando ao passo que os idosos apresentam mais doenças crônicas.

A partir daí, observou-se uma alteração nas razões de chances do sexo e da raça/cor. Tanto para percepção regular como para a percepção ruim ou muito ruim da saúde das mulheres idosas bem como das negras, diminuíram as chances quando da inclusão da variável relativa a presença de doenças crônicas. Este fato aponta para uma relação intrínseca entre a presença de doenças crônicas não transmissíveis e o sexo dos idosos.

Em contrapartida, com a inclusão da variável do estado de saúde no modelo, as chances dos idosos perceberem sua saúde de forma negativa aumentaram para aqueles residentes nas regiões Norte e Nordeste, o que aponta para o fato dos idosos destas regiões serem mais afetados quando da presença de doenças crônicas não transmissíveis que na região Sudeste.

Idosos que tinham hábitos de fumar tiveram 50% a mais de chances de relatarem sua saúde como ruim ou muito ruim quando as doenças crônicas foram consideradas no modelo.

Considerações finais

A importância de estudos que possam identificar os determinantes sociais de saúde dos idosos e como eles se relacionam tem se tornado indispensável para a redução das desigualdades em saúde. O bem estar físico, mental e social bem como a ausência de enfermidades devem ser levados em consideração quando se tenta definir o estado de saúde dos indivíduos.

(14)

Este estudo buscou identificar as relações entre percepção mais negativa da saúde dos idosos com diversos fatores. Identificar e analisar estas associações são pontos importantes para a elaboração de políticas públicas específicas visando o bem estar e a equidade. Ações ou políticas voltadas para cada determinante social de saúde podem provocar a redução das desigualdades de saúde existente na população idosa. Sugere-se que ações integradas dos determinantes sociais relacionados com a autopercepção negativa de saúde podem acarretar na promoção da saúde e na questão do bem-estar dos idosos.

De qualquer forma, deve-se considerar que políticas de conscientização do processo de envelhecer com saúde bem como novas oportunidades de ocupação e lazer podem interferir na perspectiva individual do idoso, bem como na forma coletiva, pois seja qual for a perspectiva, os resultados envolvem o idoso, seus familiares, a comunidade em que vivem e também os órgãos de assistência social.

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