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Um Estudo dos Óbitos Violentos no Brasil - 1980/95

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Um Estudo dos Óbitos Violentos no Brasil - 1980/95

*

Renata Lourenço Guagliardi IBGE/ENCE - IPEA

• Introdução

Nas últimas décadas, um conjunto de causas de morte vem aumentando sua importância em função do seu crescimento. São as mortes por causas externas, que incluem os homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos, quedas acidentais, etc, mais conhecidas pela denominação de óbitos violentos.

O fenômeno que se observa no Brasil é típico de países que experimentaram um rápido processo de urbanização e metropolização sem a devida contrapartida de políticas voltadas, particularmente, para a segurança e o bem-estar dos indivíduos que vivem nas cidades (Albuquerque&Oliveira, 1996). No Brasil, as proporções de óbitos por causas externas experimentaram aumentos significativos no período estudado (1980-1995), incidindo com maior peso sobre a população masculina, particularmente em alguns grupos de idade. Tal a importância desse conjunto de causas de morte, que o padrão de mortalidade brasileiro vem se modificando ao longo das últimas décadas. Em vista do exposto, fica evidente a importância da análise desse fenômeno no Brasil; esse estudo se concentrará nas Grandes Regiões. Como os óbitos violentos apresentam diferenciais quanto ao sexo, a idade do falecido e ao tipo de violência, o comportamento desses óbitos também será estudado segundo essas três varáveis.

Dada a importância desses óbitos nas últimas décadas nos níveis de mortalidade principalmente, nas regiões mais urbanizadas, serão construídas tábuas de mortalidade para verificar a influência desses óbitos nesses níveis.

Para tal, a base de dados nacional utilizada referente a mortalidade é fornecida pelo Ministério da Saúde através dos seguintes órgãos: Secretária Executiva/DATASUS e Fundação Nacional de Saúde/CENEPI, onde esta é originada pelo Sistema de

* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado

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Informação sobre Mortalidade (SIM). Vale ressaltar que os dados encontrados nesta base de dados foram coletados das declarações de óbito e os utilizados aqui apresentam-se no formato de CD-ROM.

• A importância dos óbitos violentos no total de óbitos: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação - 1980/95

1. Participação dos óbitos violentos no total de óbitos e dos óbitos violentos dos adultos jovens no total de óbitos violentos.

A tabela 1 apresenta tanto a proporção dos óbitos no total bem como a participação dos óbitos violentos do grupo de 15 a 39 anos para o Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação para os anos de 1980 e 1995.

Tabela 1: Proporção de óbitos violentos no total de óbitos e proporção de óbitos violentos de 15 a 39 anos no total de óbitos violentos

1980 e 1995 (%) Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação 1980 1995 1980 1995 Brasil 9,35 12,88 53,26 57,25 Regiões Norte 9,69 14,52 54,81 57,82 Nordeste 6,36 10,57 51,51 56,89 Sudeste 10,07 13,40 54,49 58,72 Sul 10,50 12,20 50,60 52,92 Centro-Oeste 14,36 18,15 54,10 56,12 Unidades da Federação Rondônia 13,42 22,92 59,91 56,47 Acre 9,69 14,36 57,97 61,22 Amazonas 9,41 14,31 54,52 60,45 Roraima 11,93 24,30 53,19 62,55 Pará 9,08 11,42 53,43 56,95 Amapá 8,15 19,77 50,00 59,73 Tocantins* - 12,86 - 51,79 Maranhão 10,01 10,31 50,75 55,85 Piauí 7,95 8,79 47,88 55,82 Ceará 8,39 10,85 56,23 55,31

Rio Grande do Norte 5,63 9,60 51,85 51,94

Paraíba 3,99 8,84 47,77 56,88 Pernambuco 6,02 12,00 53,26 60,27 Alagoas 5,03 11,27 55,07 58,49 Sergipe 6,69 12,52 49,80 57,78 Bahia 7,16 9,74 48,47 54,94 Minas Gerais 8,09 9,93 51,41 53,30 Espírito Santo 11,21 16,45 54,37 61,58 Rio de Janeiro 12,02 15,30 56,68 55,86 São Paulo 10,03 13,65 54,45 61,77 Paraná 11,24 13,47 49,90 52,97 Santa Catarina 10,97 13,83 50,72 54,89

Rio Grande do Sul 9,64 10,54 51,31 51,82

Mato Grosso 13,02 20,78 53,67 56,14

Mato Grosso do Sul 15,99 17,51 54,01 56,25

Goiás 13,54 16,08 53,55 55,38

Distrito Federal 15,45 21,91 56,15 57,50

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS. Nota: *A Unidade da Federação de Tocantins surgiu a partir de 1988.

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Primeiramente será feita uma abordagem do estudo a nível regional da participação dos óbitos por causas externas no total de óbitos, destacando-se a participação dos óbitos violentos no grupo de 15 a 39 anos, visto que quando comparada às proporções dos demais grupos de idade ela é bem superior; a seguir o padrão apresentado pelo Brasil. Quanto à participação dos adultos jovens no total de óbitos violentos, esta merece uma atenção especial. Vale ressaltar que em todas as regiões, entre 1980 e 1995, houve um crescimento na proporção de óbitos violentos para os adultos jovens; este fato pode ser explicado de diversas maneiras; como por exemplo, devido ao rápido processo de urbanização (vide gráfico 1a).

Gráfico 1a: Proporção de óbitos violentos de 15 a 39 anos, no total de óbitos violentos Grandes Regiões e Brasil - 1980 e 1995

52,92 50,60 51,51 54,49 54,10 54,81 57,82 56,89 58,72 56,12 0 10 20 30 40 50 60 70

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Grandes Regiões

Proporção (%)

1980 1995 Brasil_1980 Brasil_1995

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O mesmo pode-se falar do Brasil como um todo, onde pode ser observado que a participação de óbitos violentos para os adultos jovens no total de óbitos violentos aumentou entre 1980 e 1995, passando de 53,3% para 57,3% e além disto a participação de todos os óbitos violentos em relação aos óbitos totais também cresceu; em 1980, do total de óbitos violentos 9,4% eram violentos e em 1995 a proporção foi de 12,9% (vide

tabela 1 e gráfico 1b).

Como complemento fez-se a decomposição das causas de morte em naturais e violentas apresentando os valores absolutos destas causas de morte por Unidade de Federação (vide anexo tabela A.1).

1.1 Comparação da evolução da proporção de óbitos violentos e, em particular,

dos óbitos violentos de adultos jovens entre as Grandes Regiões

Comparando-se as cinco Regiões estudadas, tem-se que a região Norte foi a que teve o maior crescimento da proporção de óbitos violentos no Brasil (vide gráfico 1.1a), sendo este de 4,83% seguido dos respectivos percentuais de crescimento das demais regiões: Nordeste (4,2), Centro-Oeste (3,8), Sudeste (3,3) e Sul (1,7). Contudo, na Região Centro-Oeste encontrou-se as maiores concentrações de óbitos violentos, ficando a Norte em segundo lugar e a Sudeste em terceiro. Vale ressaltar que o Brasil em 1980 tinha uma proporção de 9,4% passando em 1995 para 12,9% (vide gráfico

1.1a).

Gráfico 1b: Participação dos óbitos violentos do grupo de 15 a 39 anos e

do total de óbitos violentos no total de óbitos

Brasil - 1980 e 1995

9,35

12,88

7,37

4,98

0

5

10

15

1980

Ano

1995

(%)

Total

15 a 39 anos

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Gráfico 1.1a: Proporção de óbitos violentos no total de óbitos, por região 1980 e 1995 9,69 6,36 10,07 10,50 14,36 14,52 10,57 13,40 12,20 18,15 0 5 10 15 20

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Região P ropor ç ã o (%) 1980 1995 Brasil 1995 Brasil 1980

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Ao comparar-se as Regiões quanto à proporção de óbitos violentos dos adultos jovens no total de óbitos, a Região Centro-Oeste é mais uma vez a que alcançou a maior proporção (vide gráfico 1.1b).

Gráfico 1.1b: Participação dos óbitos violentos do grupo de 15 a 39 anos e do total de óbitos violentos no total de óbitos

Grandes regiões - 1980 e 1995 9,69 6,36 10,07 10,50 14,36 5,31 14,52 10,57 13,40 12,20 18,15 6,46 5,31 3,27 5,49 7,77 7,87 8,39 6,01 10,19 0 5 10 15 20

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Grandes regiões P art icip ão ( % )

Total 1980 15 a 39 anos_1980 Total 1995 15 a 39 anos_1995 Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito,

SUS

• Óbitos violentos, segundo os diferenciais por sexo - 1980/95

Da mesma forma que a mortalidade de uma maneira geral é diferencial por sexo, os óbitos violentos também são. Nesta seção será realizado um estudo baseando-se nos óbitos violentos contudo, com enfoque para a contribuição de cada um dos sexos no

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total destes óbitos e no total de óbitos mostrando a sensível concentração destes na população masculina (vide anexo tabelas A.2a e A.2b).

Primeiramente observa-se que a proporção de óbitos violentos masculinos no total de óbitos violentos no Brasil em 1980 superou a feminina, alcançando 79,7%

versus 20,3% das mulheres (vide gráfico 2a).

Gráfico 2a: Proporção dos óbitos violentos de cada sexo no total de óbitos violentos (%) Brasil

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

79,68 20,32 Homem Mulher 1980 1995 82,50 17,50 Homem Mulher

Em 1995 a superioridade do sexo masculino sobre o feminino quanto à proporção de óbitos violentos tornou-se mais expressiva, chegando ao ápice com 82,5% no total de óbitos violentos e a feminina declinou para o patamar de 17,5%.

Isto significa dizer, que os óbitos violentos masculinos representaram 7,5% dos óbitos totais no Brasil em 1980, enquanto os femininos apenas 1,9%. Vale lembrar que a proporção dos óbitos violentos totais em relação aos óbitos totais foi de 9,4% (vide

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9,35 12,88 7,45 10,62 1,90 2,25 0 5 10 15 1980 Ano 1995 Proporção (%)

Total Homem Mulher

Gráfico 2b: Proporção de óbitos violentos de cada sexo no total de óbitos Brasil

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Já em 1995 a proporção de óbitos violentos no total de óbitos elevou-se para ambos os sexos, porém a participação masculina (10,6%) continuou sendo maior que a feminina (2,3%); como resultado tem-se que a proporção de óbitos violentos totais no total de óbitos no Brasil foi de 12,9%.

2.1 Comparação dos óbitos violentos por sexo no total de óbitos violentos e no

total de óbitos entre as Grandes Regiões

Quanto a proporção de óbitos violentos por sexo no total de óbitos violentos para cada região, em 1980 a maior proporção masculina foi alcançada pela região Norte (81,4%) e a mínima pela Centro-Oeste (79,0%).Vale ressaltar que as regiões Norte e Sudeste (80,1%) apresentaram percentuais acima da média nacional (79,7%) (vide

tabela 2.1a).

Tabela 2.1a: Proporção dos óbitos violentos de cada sexo no total de óbitos violentos, Brasil e Grandes Regiões, 1980 e 1995

(%)

Proporção dos óbitos violentos de cada sexo no total de óbitos violentos

1980 1995

Homem Mulher Homem Mulher

Brasil 79,68 20,32 82,50 17,50 Regiões Norte 81,43 18,57 83,66 16,34 Nordeste 78,81 21,19 82,40 17,60 Centro-Oeste 79,02 20,98 80,91 19,09 Sul 79,28 20,72 80,00 20,00 Sudeste 80,06 19,94 83,38 16,62

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS

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Em 1995, a Região Norte (83,7%) permaneceu tendo a proporção de óbito masculina mais elevada, sendo que a mínima deslocou-se para a região Sul (80,0%) e igualmente ao ano anterior as regiões Norte e Sudeste (83,4%) ficaram com proporções masculinas acima da nacional (82,5%).

Através da tabela 2.1b abaixo conclui-se que em 1980 as regiões Centro-Oeste e Nordeste foram as que tiveram a maior e a menor proporção de óbitos violentos masculinos no total de óbitos de cada uma das Regiões; o mesmo pode-se afirmar para o sexo feminino, sendo que este atingiu proporções em patamares mais baixos.

Tabela 2.1b: Proporção de óbitos violentos de cada sexo no total de óbitos Brasil e Grandes Regiões, 1980 e 1995

(%)

Proporção de óbitos violentos de cada sexo no total de óbitos

1980 1995

Homem Mulher Total Homem Mulher Total

Brasil 7,45 1,90 9,35 10,62 2,25 12,88 Regiões Norte 7,89 1,80 9,69 12,14 2,37 14,52 Nordeste 5,01 1,35 6,36 8,71 1,86 10,57 Centro-Oeste 11,34 3,01 14,36 14,69 3,47 18,15 Sul 8,32 2,17 10,50 9,76 2,44 12,20 Sudeste 8,07 2,01 10,07 11,17 2,23 13,40

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito,

Brasil e Grandes Regiões

Vale ressaltar que a região Nordeste (5,0%) foi a única a ter a proporção de óbitos violentos masculinos no total de óbitos abaixo da proporção nacional masculina (7,5%).

Em 1995, este quadro se modificou tendo as regiões Norte e Sul trocando entre si suas posições no ranking, ou seja, a região Norte que era a quarta maior proporção passou a ter a segunda e a Sul que tinha segunda maior passou a ter a quarta. Contudo, a Centro-Oeste ainda mostrou-se com a máxima proporção (14,7%) e, além disso as regiões Nordeste (8,7%) e Sul (9,8%) foram as únicas que ficaram com a proporção de óbitos violentos masculinos no total de óbitos abaixo da proporção nacional (10,6%). • Desagregação dos óbitos violentos por grupos de idade - 1980/95

3. Óbitos violentos por grupos de idade

Conforme citada anteriormente, a abordagem por causas externas guarda especificidades importantes segundo algumas desagregações, sendo que a por grupos de idade é uma delas. Logo, será feito um estudo da participação relativa dos óbitos violentos segundo os grupos de idade, destacando-se os que evidenciaram as menores e

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maiores freqüências e como estas variaram ao longo do período em estudo (vide anexo

tabelas A.3.1a e A.3.1b). Além disto, os grupos onde estiverem concentrados os maiores

percentuais merecerão também um destaque especial quanto à proporção de óbitos violentos no total de óbitos do próprio grupo (vide anexo tabelas A.3.2a e A.3.2b).

3.1 Freqüência relativa dos óbitos violentos segundo os grupos de idade

Inicialmente, pode observar-se que em 1980 as maiores freqüências relativas concentraram-se nos grupos de idade entre 20 e 29 anos (aproximadamente 26,0% do total de óbitos); já os menores percentuais foram encontrados em pessoas menores de 1 ano e de 70 e mais anos (vide gráfico 3.1b).

Avaliando a evolução da freqüência relativa dos óbitos violentos segundo os grupos de idade quinze anos depois, tem-se que o perfil das causas violentas modificou-se um pouco ao longo deste período contudo, o grupo de 20 a 29 anos ainda concentrou 27,0% dos óbitos (vide gráfico 3.1b).

Gráfico 3.1b: Freqüência relativa dos óbitos violentos segundo os grupos de idade Brasil, 1980 e 1995 10,61 14,14 12,61 10,78 9,11 7,14 2,50 3,22 1,55 1,83 2,33 2,60 3,41 4,15 5,46 1,16 2,00 2,21 3,20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Menos1 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 a 79 80 e + Ignorado G rupos d e id a d e Freqüência relativa (%) 1980 1995

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Alguns grupos de idade, como o de menores de 1 ano, tiveram sua freqüência reduzida no total de dos óbitos violentos; enquanto outros, como os de idades entre 15 a 44 e 80 e mais anos, tiveram aumentadas suas freqüências no total de óbitos violentos. Todavia, as menores freqüências puderam ser observadas principalmente, nos grupos de

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idade de menores de 1 ano e no de 75 a 79 anos e o ápice concentrou-se em pessoas no auge do período de idade ativa.

Deve-se ressaltar o aumento das participações dos óbitos violentos nos grupos de 1 a 4 anos e 5 a 9 anos, quase que dobrando nesse período; provavelmente este acréscimo está ligado a um aumento na violência doméstica.

3.1.1 Comparação entre os perfis apresentados pelas freqüências relativas das Grandes Regiões

Da tabela 3.3.1 podemos concluir que em todas as Grandes Regiões não houve evidência de mudanças na distribuição dos óbitos violentos por grupos de idade.

Tabela 3.3.1: Freqüência relativa de óbitos violentos, segundo os grupos de idade e Grandes Regiões 1980 e 1995

(%)

Grupos Grandes Regiões

de Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Idade 1980 1995 1980 1995 1980 1995 1980 1995 1980 1995 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Menos1 1,51 0,93 1,53 0,75 1,25 0,94 1,36 2,33 1,51 1,44 1 a 4 6,03 3,96 4,46 2,43 3,31 1,58 3,81 1,87 5,14 2,77 5 a 9 5,32 3,75 4,86 3,18 3,28 1,59 3,64 2,35 4,49 2,75 10 a 14 5,06 4,47 5,22 4,00 3,83 2,65 4,66 3,48 4,06 3,67 15 a 19 11,06 11,69 9,38 10,45 10,37 10,76 10,42 10,06 10,15 10,29 20 a 24 13,94 14,12 13,02 13,76 14,54 14,81 12,86 12,50 13,75 13,77 25 a 29 12,79 12,36 11,39 12,74 12,46 12,98 10,86 11,30 11,79 12,53 30 a 34 8,55 10,72 9,52 10,95 9,35 10,83 8,55 10,22 10,19 11,11 35 a 39 8,48 8,94 8,20 8,99 7,78 9,34 7,91 8,84 8,23 8,44 40 a 44 6,54 6,71 6,95 7,08 6,72 7,06 7,19 7,66 7,47 7,09 45 a 49 4,42 5,25 5,26 5,58 5,76 5,26 6,27 6,03 5,05 5,53 50 a 54 3,74 4,35 4,38 4,18 4,70 3,90 5,37 4,70 4,15 4,55 55 a 59 2,91 2,80 3,50 3,45 3,71 3,13 4,07 4,39 2,57 3,63 60 a 64 2,33 2,55 2,71 2,41 3,00 2,48 3,23 3,14 2,40 2,84 65 a 69 1,72 1,64 2,65 2,50 2,52 2,25 2,87 2,75 2,14 2,14 70 a 74 1,54 1,16 2,14 1,74 2,10 1,80 2,18 2,44 1,27 1,52 75 a 79 1,04 0,63 1,55 1,54 1,80 1,56 1,74 1,92 1,08 1,33 80 e + 0,79 2,31 1,46 2,16 2,32 2,55 1,89 3,23 1,25 1,71 Ignorado 2,23 1,67 1,83 2,11 1,19 4,51 1,11 0,79 3,32 2,90

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Mais uma vez destaca-se a grande participação dos grupos de idade entre 15 e 29 anos, pois estes apresentam as maiores freqüências relativas de óbitos violentos.

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3.2 Estrutura dos óbitos violentos no total de óbitos dentro de cada grupo de idade

Através da tabela 3.2 pode-se observar que os grupos que apresentaram as maiores e menores freqüências relativas da seção anterior, também são os que assumiram as proporções máximas e mínimas na estrutura de óbitos violentos no total de óbitos dentro de cada grupo.

Tabela 3.2: Proporção de óbitos violentos no total de óbitos, segundo os grupos de idade Grandes Regiões e Brasil, 1980 e 1995

(%)

Grupos Grandes Regiões

de Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Idade 1980 1995 1980 1995 1980 1995 1980 1995 1980 1995 1980 1995 Total 9,69 14,52 6,36 10,57 10,07 13,40 10,50 12,20 14,36 18,15 9,35 12,88 Menos1 0,47 0,85 0,28 0,63 0,62 1,68 0,79 4,10 1,03 2,67 0,52 1,64 1 a 4 7,25 16,56 3,65 11,18 10,68 18,80 12,02 18,96 15,58 26,44 7,77 16,56 5 a 9 24,18 40,04 21,47 38,30 35,89 40,48 34,28 47,02 37,34 53,63 30,33 41,75 10 a 14 31,76 42,62 30,59 44,34 43,64 50,69 42,53 55,49 40,09 57,96 38,99 49,65 15 a 19 39,74 56,08 38,32 57,01 58,11 71,72 55,16 69,54 52,16 68,86 51,87 66,99 20 a 24 40,29 57,66 42,38 59,31 58,24 68,29 57,46 67,34 54,87 67,02 53,65 65,66 25 a 29 36,93 51,54 36,09 50,01 47,61 51,98 50,46 54,92 45,77 58,21 44,95 52,39 30 a 34 30,24 43,31 28,24 39,21 34,16 38,81 38,30 44,46 38,78 47,28 33,63 40,43 35 a 39 26,37 34,65 21,96 30,88 24,42 29,03 28,96 33,42 28,89 35,25 24,96 30,60 40 a 44 18,16 23,84 15,82 22,01 17,30 20,77 21,12 24,05 23,81 27,72 18,00 22,06 45 a 49 13,88 18,65 12,05 14,65 12,65 14,40 14,68 16,30 15,61 19,61 13,08 15,24 50 a 54 9,80 13,39 8,40 9,94 8,61 9,70 10,57 10,71 11,88 14,49 9,10 10,37 55 a 59 7,68 7,84 6,05 6,92 6,26 6,44 6,91 7,90 6,89 10,06 6,41 7,06 60 a 64 5,89 6,02 4,29 4,33 4,51 4,28 4,75 4,54 6,15 7,07 4,62 4,56 65 a 69 3,33 3,32 3,20 3,49 3,27 3,31 3,60 3,30 4,77 5,05 3,38 3,43 70 a 74 2,50 2,48 2,13 2,21 2,55 2,59 2,55 2,82 2,61 3,53 2,46 2,60 75 a 79 1,88 1,27 1,45 1,76 2,30 2,36 2,13 2,30 2,47 3,28 2,06 2,22 80 e + 1,19 2,38 1,01 1,12 2,18 2,10 1,79 2,21 2,78 2,39 1,83 1,87 Ignorado 20,06 27,46 9,29 13,00 23,03 52,56 14,46 38,48 26,78 25,73 16,55 35,38

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Brasil

Pode-se observar na Região Sudeste, que para os grupos de 15 a 19 e 20 a 24 anos no primeiro período aproximadamente 58,0% dos óbitos foram por causas externas e, portanto mortes evitáveis. Para o segundo período a participação destes óbitos aumenta substancialmente atingindo 72,0% e 68,0%para o grupo de 15 a 19 e 20 a 24 anos, respectivamente.

Dado que essas causas de morte estão associadas, como comentado anteriormente, ao processo de urbanização e metropolização as Regiões Norte e Nordeste apresentaram os menores percentuais.

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Observando-se este percentual para os grupos de 1a 4 e 5 a 9 anos, verifica-se que a Região Centro-Oeste destaca-se das demais pela alta magnitude desses valores, 15,6% e 37,3% para 1980 e 26,4% e 54,0% para 1995, respectivamente; sofrendo expressivo aumento na participação desses óbitos entre os dois períodos analisados, percentuais estes, bem acima da média nacional.

3.2.1 Comparação, entre as Grandes Regiões, do aumento relativo dos óbitos violentos em alguns grupos de idade no total de óbitos dos respectivos grupos, entre 1980 e 1995

Considerando-se agora a proporção de óbitos violentos no total de óbitos por três grandes grupos de idade, 0 a 14, 15 a 39 e 40 anos e mais de idade segundo as Grandes Regiões pode-se confirmar algumas conclusões obtidas através da estrutura por idade mais desagregada. As tabelas 3.2.1 e 3.2.1a, apresentam respectivamente, a proporção de óbitos violentos em alguns grandes grupos de idade em 1980 e 1995 e a variação desta proporção no período analisado.

1980 e 1995

(%)

Proporção de óbitos violentos em alguns grupos selecionados Total 0 a 14 anos 15 a 39 anos 40 anos e + Brasil 1980 9,35 4,03 40,50 5,50 1995 12,88 9,09 48,57 6,06 Norte 1980 9,69 4,03 34,81 6,34 1995 14,52 8,56 48,24 6,99 Nordeste 1980 6,36 2,30 32,64 4,53 1995 10,57 6,58 45,87 4,93 Sudeste 1980 10,07 4,67 42,51 5,51 1995 13,40 9,19 48,24 6,26 Sul 1980 10,50 5,98 45,00 5,84 1995 12,20 12,87 51,36 5,80 Centro-Oeste 1980 14,36 7,53 43,27 8,31 1995 18,15 13,97 53,75 8,98

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Tabela 3.2.1: Proporção de óbitos violentos de alguns grupos no total de óbitos dos respectivos grupos, Brasil e Grandes Regiões

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Brasil e Grandes Regiões

(%)

Incremento relativo

Total 0 a 14 anos 15 a 39 anos 40 anos e +

Brasil 37,70 125,73 19,95 10,10 Norte 49,84 112,38 38,60 10,21 Nordeste 66,28 186,57 40,51 8,79 Sudeste 32,99 96,73 13,48 13,74 Sul 16,26 115,22 14,12 -0,68 Centro-Oeste 26,44 85,65 24,20 8,07

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Tabela 3.2.1a: Aumento relativo dos óbitos violentos em alguns grupos de idade no total de óbitos dos respectivos grupos, entre 1980 e 1995

Brasil e Grandes Regiões

Na tabela 3.2.1 acima, observa-se que o grupo de adultos jovens, como dito anteriormente foi o mais atingido. A proporção de óbitos violentos no total de óbitos a nível de Brasil e Grandes Regiões sofreu mudanças significativas entre 1980 e 1995. Em 1980, esta proporção era maior nas Regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste em ordem decrescente, sendo que na primeira, este percentual atingiu 14,4%. Em 1995 a região Centro-Oeste continuou na liderança, contudo a região Norte que ocupava um discreto quarto lugar em 1980, passa para segundo lugar. As causas desta ”elevação no ranking” são a pobreza crescente, a luta por terras, a prostituição infantil e a falta de iniciativas governamentais. Considerando-se os grupos de idade em 1980, a região Centro-Oeste também concentrou os maiores percentuais no grupo de 0 a 14 anos e no de 40 anos e mais, sendo que para o grupo de adultos jovens, 15 a 39 anos perdeu para a Sul. As regiões Norte e Nordeste apresentaram os menores percentuais destes óbitos no grupo de 15 a 39 anos, comportamento esperado visto que estas Regiões não apresentaram o mesmo grau de desenvolvimento e de urbanismo que as demais.

Em 1995, a região Centro-Oeste apresentou as maiores proporções nos três grandes grupos. Contudo se observarmos o crescimento relativo do grupo de 15 a 39 anos na tabela 3.2.1. acima, a região Nordeste, teve o maior aumento relativo neste período de quinze anos, na ordem de 40,5% em relação à 1980.

Para os óbitos violentos no grupo de menores de quinze anos, o aumento da região Nordeste chegou a 186,57%, constituindo-se no maior acréscimo neste período. Este fato mostra que as Regiões menos desenvolvidas, como a Nordeste, vêm rapidamente se aproximando dos percentuais verificados nas Regiões mais desenvolvidas. Comparando-se a proporção de óbitos violentos no grupo de 0a 14 anos

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e 15 a 39 anos no total de óbitos dos respectivos grupos entre as Regiões Nordeste e Sudeste em 1980 e 1995, pode-se confirmar a afirmação anterior.

• Distribuição dos óbitos violentos segundo os principais tipos de violência: homicídios, suicídios, acidentes, outros e ignorados - 1980/95

4. Óbitos violentos por tipos de violência

Aqui irá se apresentar a contribuição dos principais tipos de violência para assim, poder se estudar a evolução da proporção de óbitos violentos entre 1980 e 1995.

Considerando-se os principais tipos de violência, tem-se que tanto em 1980 como em 1995, os acidentes 1 foram os que apresentaram as maiores participações no total de óbitos violentos para o Brasil e Grandes Regiões. Em 1980, as maiores e menores proporções de acidentes ocorreram nas Regiões Norte (50,7%) e Centro-Oeste (39,9%), respectivamente; vale ressaltar que a média nacional foi de 47,9%. Já em 1995, os acidentes continuaram a apresentar as maiores proporções, sendo que a máxima e a mínima foram observadas nas Regiões Sul (61,8%) e Sudeste (50,3%) e além disso, a média nacional foi de 53,0% representando um acréscimo de aproximadamente 5% em relação a 1980; esse aumento está provavelmente ligado ao rápido processo de urbanização sofrido pelo país e ao deslocamento da população para as grandes metrópoles (vide tabela 4a). Em termos absolutos estes óbitos corresponderam no Brasil a 33.573 em 1980, alcançando 60.771 em 1995.

1 Incluem-se aqui os seguintes acidentes: atropelamento, demais acidentes, queda,

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Tabela 4a: Distribuição relativa dos óbitos violentos, segundo os principais tipos de violência Brasil e Grandes Regiões, 1980 e 1995

(%)

Tipos de violência Total de

Homicídio Suicídio Acidentes Outros Ignorados óbitos violentos Brasil 1980 19,81 5,55 47,89 0,00 26,75 100,00 1995 32,33 5,74 53,01 0,02 8,91 100,00 Grandes Regiões Norte 1980 21,62 4,63 50,68 0,00 23,06 100,00 1995 32,44 4,75 54,11 0,02 8,68 100,00 Nordeste 1980 23,33 3,59 48,50 0,00 24,58 100,00 1995 33,78 4,70 53,52 0,02 7,97 100,00 Sudeste 1980 20,73 5,15 49,66 0,00 24,46 100,00 1995 36,29 4,55 50,34 0,00 8,82 100,00 Sul 1980 13,56 9,21 44,30 0,00 32,93 100,00 1995 18,54 10,88 61,80 0,06 8,71 100,00 Centro-Oeste 1980 18,78 4,75 39,90 0,00 36,57 100,00 1995 28,71 6,90 52,13 0,01 12,24 100,00

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Brasil e Grandes

Regiões Ano

O segundo tipo de violência com maior percentual em 1980, foi o dos ignorados2 que correspondeu a aproximadamente 26,8% do total de óbitos violentos no Brasil, tendo como percentuais máximo e mínimo o da Região Centro-Oeste (36,6%) e o da Norte (23,1%), respectivamente. A causa ignorada deve-se a dificuldade de conceituação de algumas causas externas.

Já em 1995, o tipo de violência que se apresentou com a segunda maior proporção no total de óbitos violentos foi o homicídio, onde a Região Sudeste apresentou a proporção máxima (36,3%) e a Sul a mínima (18,5%) em torno da média nacional que foi de 32,3%. Vale ressaltar que esse tipo de violência foi o que apresentou o maior aumento no período analisado. Em termos absolutos passou de 13.887 em 1980 para 37.059 em 1995, o que correspondeu a um aumento de aproximadamente 166,7% (vide tabela 4b). O declínio dos óbitos violentos por causas ignoradas declinou em todas as Grandes Regiões podendo representar uma melhoria do sistema quanto à captação da causa de morte.

2 Quaisquer valores que não correspondam a um valor válido das tabelas disponíveis na base

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Tabela 4b: Aumento relativo dos principais tipos de violência e do total de óbitos violentos Brasil e Grandes Regiões, 1980 e 1995

(%)

Aumento relativo, segundo o tipo de violência

Homicídio Suicídio Acidentes Outros Ignorados Total de óbitos violentos Brasil 166,86 68,93 81,01 - -45,52 63,53 Grandes Regiões Norte 206,15 109,30 117,86 - -23,21 104,06 Nordeste 153,26 129,25 93,01 - -43,28 74,91 Sudeste 181,78 42,29 63,20 - -41,96 60,99 Sul 89,56 63,82 93,43 - -63,31 38,65 Centro-Oeste 201,61 186,82 157,79 - -33,94 97,30

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Brasil e Grandes Regiões

Como a participação dos ignorados apresentou-se relativamente alta principalmente em 1980, então, optou-se por retirá-los do total de óbitos violentos e recalcular a participação dos demais tipos de violência neste novo total (vide tabela 4c).

Tabela 4c: Distribuição dos óbitos violentos segundo os principais tipos de violência, excluindo-se os ignorados Brasil e Grandes Regiões, 1980 e 1995

Tipos de violência Total de

Homicídio Suicídio Acidentes Outros óbitos violentos Brasil 1980 27,04 7,58 65,38 0,00 100,00 1995 35,49 6,30 58,19 0,02 100,00 Grandes Regiões Norte 1980 28,10 6,02 65,87 0,00 100,00 1995 35,52 5,20 59,25 0,02 100,00 Nordeste 1980 30,94 4,76 64,31 0,00 100,00 1995 36,71 5,11 58,16 0,03 100,00 Sudeste 1980 27,45 6,81 65,74 0,00 100,00 1995 39,80 4,99 55,21 0,01 100,00 Sul 1980 20,22 13,73 66,05 0,00 100,00 1995 20,31 11,92 67,70 0,07 100,00 Centro-Oeste 1980 29,61 7,49 62,90 0,00 100,00 1995 32,72 7,87 59,40 0,01 100,00

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Brasil e Grandes Regiões Ano

Com o procedimento adotado, os acidentes continuaram a apresentar dominância, confirmando o que foi citado anteriormente, sendo que em 1980, as participações máximas e mínimas foram alcançadas pelas Regiões Sul (66,1%) e Centro-Oeste (62,9%), respectivamente. Vale ressaltar que a média nacional de acidentes foi de 65,4%. Já em 1995, este tipo de violência continuou sobressaindo-se dos demais, sendo que a maior e a menor proporções foram a da Região Sul (67,7%) e a da Sudeste (55,2%).

Neste novo total de óbitos violentos, o homicídio foi o segundo tipo de violência com maior participação, tanto em 1980 como em 1995 e além disso foi tipo de violência que assistiu ao mais significativo aumento (31,2%) de suas proporções (vide tabela 4d).

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Essa causa da morte aumentou em 45% na Região Sudeste representando assim o maior crescimento entre os dois períodos de todas as Grandes Regiões. Já a Região Sul manteve aproximadamente os mesmos níveis dessa causa no período de quinze anos.

Brasil e Grandes Regiões, 1980 e 1995

(%)

Tipos de violência

Homicídio Suicídio Acidentes Outros Brasil 31,23 -16,93 -10,99 -Grandes Regiões Norte 26,40 -13,58 -10,05 -Nordeste 18,66 7,42 -9,57 -Sudeste 45,00 -26,78 -16,02 -Sul 0,45 -13,19 2,50 -Centro-Oeste 10,49 5,07 -5,56 -Brasil e Grandes Regiões

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de SUS.

Tabela 4d: Aumento relativo das proporções dos principais tipos de violência em relação ao total de óbitos violentos, excluindo-se os

Em 1980, as Regiões Nordeste (30,9%) e Sul (20,2%) foram as que apresentaram as proporções de homicídio máxima e mínima; já em 1995 foram as Regiões Sudeste (39,8%) e Sul (20,3%), respectivamente. Com relação a média nacional, o aumento do número de homicídios correspondeu a 186,7% e em termos absolutos, o salto foi de 13.887 ocorrências em 1980 para 37.059 em 1995.

A base de dados utilizada neste estudo oferece somente para 1995, a possibilidade de se observar a contribuição de cada um dos tipos de acidentes no total de acidentes, o que nos permite afirmar que os demais acidentes apresentaram as maiores proporções (vide tabela 4e). Vale ressaltar que os ignorados foram novamente excluídos devido a sua alta participação. Na causa que inclui os demais acidentes, provavelmente as colisões de trânsito com vítimas fatais participam com percentuais

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elevados.

Tabela 4e: Distribuição relativa de cada acidente no total de tipos de acidentes, sem os ignorados

Brasil e Grandes Regiões, 1995

(%)

Tipos de acidentes

Atropelamento Demais acidentes Queda Afogamento Outro Total

Brasil 33,06 39,82 8,39 10,41 8,32 100,00 Norte 29,54 31,85 7,82 17,47 13,32 100,00 Nordeste 30,29 36,14 7,26 13,25 13,06 100,00 Sudeste 40,04 38,03 10,36 7,50 4,06 100,00 Sul 29,21 46,20 7,85 9,66 7,08 100,00 Centro-Oeste 37,15 41,53 8,35 6,92 6,05 100,00

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS. Brasil e Grandes

Regiões

A Região Sul (46,2%) obteve a maior proporção de demais acidentes e a Norte (31,9%) a menor.

O segundo tipo de acidente que mais ocorreu foi o atropelamento, com proporções máxima e mínima apresentadas pelas Regiões Sudeste (40,0%) e Sul (29,2%).

• Influência dos óbitos violentos nos níveis de mortalidade - 1980/95 5.1 Hipóteses e procedimentos para a construção das Tábuas de Vida

Na hipótese de não existência dos óbitos violentos, devemos retirar da estrutura etária de óbitos por sexo os respectivos óbitos violentos, e acrescentar à população estes óbitos, já que, se não morreram, estariam presentes na população nos anos estudados.

Como nos dois anos estudados as datas de referência das populações foram 01/07/80 e 01/07/95, alguns destes óbitos teriam ocorrido antes de 01/07, e outra parte após 01/07. Para os óbitos que ocorreram antes de 01/07, estes indivíduos não foram contabilizados na população em primeiro de julho de cada ano. Para os óbitos que ocorreram depois de 01/07 estes indivíduos estavam presentes nesta data.Como desconhecemos a distribuição destes óbitos mês a mês, vamos supor que eles se distribuem uniformemente ao longo do ano, de forma que metade tenha ocorrido antes do meio do ano e a outra metade depois. Logo, vamos agregar à população em primeiro de julho de cada ano estudado a metade destes óbitos.

Outra questão que surge é a de que se esses indivíduos não morreram por causas externas, poderiam ter morrido por outras causas durante o ano e que não estão sendo

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levadas em consideração, conseqüentemente sobrestimariam os níveis de mortalidade (esperança de vida ao nascer) encontrados. Esta questão pode em parte ser rebatida com o seguinte argumento, a maioria dos óbitos violentos está concentrada no grupo de adultos jovens (15 a 40 anos) onde a mortalidade por causas naturais é muito baixa. Logo, esses indivíduos que deixaram de morrer por causas violentas estarão sujeitos à baixas probabilidades de morte neste intervalo e conseqüentemente será muito pequeno o número destes indivíduos que serão atingidos por estas causas, tornando mínima a influência nos níveis de mortalidade. Este procedimento foi proposto por Albuquerque em 1997.

As populações por sexo e grupos de idade em primeiro de julho para o Brasil e Grandes Regiões em 1980 e 1995, foram obtidas utilizando-se as populações totais projetadas pelo Departamento de População e Indicadores Sociais - DEPIS / IBGE para o período 1980-2010. Na suposição de que as estruturas não sofreram grandes modificações entre 01/09 (Censo) e 01/07 (Projeção), aplicou-se a participação relativa de cada grupo de idade na população total, do Censo, na população projetada, para obter as estruturas por sexo e grupos de idade em 01/07/80 e 01/07/95.

Como a finalidade principal do trabalho é estudar a influência dos óbitos violentos nos níveis de mortalidade dentro de cada região, optou-se por não se corrigir os óbitos. Apesar da existência de sub-registro dos óbitos e que este sub-registro é diferencial por região, este fato não trará grandes prejuízos aos fins propostos, pois o objetivo principal é verificar de que forma estes óbitos influenciaram os níveis de mortalidade do Brasil e de cada região entre 1980 e 1995, isto é, a diferença entre níveis de mortalidade se existissem ou não os óbitos violentos. Logo, deve-se ter em mente que as vidas médias a partir de uma idade x qualquer, encontradas nas tábuas, podem estar maiores do que deveriam ser, principalmente no Brasil e nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, em virtude de não ter sido aplicado nenhum fator de correção do sub-registro de óbitos. Contudo, como já foi dito, o objetivo é verificar a evolução da diferença entre os níveis de mortalidade se existissem ou não os óbitos violentos. O erro que poderia ser introduzido ao não se corrigir os óbitos, seria um sub-registro diferencial segundo o ano, 1980 e 1995, mas estudos recentes, mostram que neste período, não houve mudanças significativas do sub-registro nestas grandes regiões.

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A metodologia utilizada para a conversão das taxas centrais de mortalidade em probabilidades de morte foi a proposta por Reed - Merrell e a para obter os valores do tempo vivido entre 0 e 1 ano e 1 a 4 anos à de Coale & Demeny.

Metodologia para a construção de Tábuas de Vida:

1º) Transformação da taxas centrais de mortalidade (nMx) em probabilidades

de morte (nqx), através das relações propostas por Reed-Merrell.

• Mortalidade de menores de 1 ano:

q0 = 1- e- M0 (0,9539 – 0,5509 M0)

• Mortalidade do grupo de 1 a 4 anos:

4q1 = 1 – e-4 * 4M1 (0,9806 – 2,079 4M1)

• Para os grupos qüinqüenais restantes:

5qx = 1 – e-5 * 5Mx - 0,008 * 53 * 2 x M 5

2º) Cálculo dos valores de 1L0 e 4L1 (Relações propostas por J. Coale e

Paul Demeny)

1L0 = K0 * l0 + (1 – K0) l1 4L1 = K1 * l1 + (4 – K1) l5

Onde K0 e K1 são “fatores de separação” que assumem os seguintes valores:

a) Quando 1q0 ≥ 0,1

Fatores Mulheres Homens

K0 0,350 0,330

K1 1,361 1,352

b) Quando 1q0 < 0,1

Fatores Mulheres Homens

K0 0,05 + 3,0 * 1q0 0,0425 + 2.875 * 1q0

(21)

Para o último intervalo de idade, isto é, o intervalo em que o limite superior é indefinido a expressão de Lx, será:

∞Lx = lx / ∞Mx já que ∞Mx = ∞dx / ∞Lx = lx / ∞Lx ∴

∞Lx = ∞dx / ∞Lx

A seguir é apresentado em tabelas, um resumo das tábuas de vida com as funções lx, Tx e ex para homens e mulheres com e sem óbitos violentos respectivamente

para os anos de 1980 e 1995.

Nas tabelas A.5b1 e A.5b2 (vide anexo) encontram-se os valores da vida média aos 15 anos temporária de 50 anos, isto é, o número médio de anos que um indivíduo de 15 anos esperaria viver até os 65 anos. Esta informação é importante para se ter noção de quantos anos os óbitos violentos retiram dos jovens de 15 anos dentro do período de vida economicamente ativa.

Os gráficos a seguir apresentam as diferenças entre os valores da vida média na idade x sem e com óbitos violentos para os dois sexos separadamente nos anos de 1980 e 1995.

Diferença entre os valores da vida média na idade x (sem e com óbitos violentos), por sexo Brasil e Grandes Regiões, 1980 e 1995

Fonte: Departamento de População e Indicadores Sociais - DEPIS/IBGE e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 0 1 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 Grupos de idade Diferença BR NO NE SE SU CO Homens - 1980 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 0 1 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 Grupos de idade Diferença BR NO NE SE SU CO Homens - 1995 0,00 0,50 1,00 1,50 0 1 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 Grupos de idade Diferença BR NO NE SE SU CO Mulheres - 1980 0,00 0,50 1,00 1,50 0 1 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 Grupos de idade Diferença BR NO NE SE SU CO Mulheres - 1995

(22)

No Brasil em 1980 a diferença entre as esperanças de vida ao nascer sem e com óbitos violentos para a população masculina foi de 2,4 anos, isto é, um recém-nascido esperaria viver 2,4 anos a mais no Brasil se não tivesse existido os óbitos violentos. Para 1995, esta diferença subiu para 3,0 anos, um aumento relativo da perda do número médio de anos que um recém-nascido esperaria viver de 23,6% com relação a 1980. Para a população feminina o panorama é menos desolador, em 1980 a perda foi de pouco menos de um ano (0,71), em 1995 esta perda alcançou 0,76 ano, um aumento relativo da perda de 6,4%.

As perdas na esperança de vida ao nascer por sexo, para 1980 e 1995 estão apresentadas nas tabelas 5a1 e 5a2 abaixo, que apresentam também a variação relativa no período.

Tabela 5a1: Esperança de vida ao nascer e perdas em anos, devido aos óbitos violentos para o sexo masculino Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação - 1980 e 1995

Esperança de vida ao nascer (anos)

1980 1995 Brasil 64,94 67,36 2,42 67,39 70,38 3,00 23,62 Grandes Regiões Norte 70,27 72,46 2,19 71,99 74,67 2,68 22,54 Nordeste 69,71 71,60 1,90 71,23 73,64 2,41 26,95 Sudeste 62,41 65,03 2,62 64,99 68,37 3,38 28,92 Sul 64,22 66,71 2,49 67,09 69,95 2,86 14,77 Centro-Oeste 67,36 70,29 2,93 67,81 71,39 3,58 22,16 Unidades da Federação Rondônia 61,79 65,48 3,69 67,19 71,56 4,37 18,43 Acre 66,61 68,66 2,05 68,54 71,68 3,14 52,89 Amazonas 69,42 71,61 2,19 70,86 73,53 2,67 22,09 Roraima 67,41 70,93 3,53 68,95 73,73 4,78 35,48 Pará 68,53 70,66 2,13 73,82 75,79 1,97 -7,56 Amapá 69,63 71,23 1,60 68,91 73,00 4,09 156,22 Tocantins* - - - 75,25 77,42 2,17 -Maranhão 89,67 91,16 1,48 79,45 81,09 1,64 10,60 Piauí 82,70 84,32 1,62 76,46 77,91 1,45 -10,26 Ceará 80,62 82,79 2,17 72,99 75,48 2,49 14,91

Rio Grande do Norte 70,22 71,92 1,70 71,02 73,32 2,30 35,33

Paraíba 62,19 63,92 1,73 70,60 72,96 2,35 35,93 Pernambuco 58,98 61,34 2,35 65,50 68,83 3,33 41,57 Alagoas 59,81 61,71 1,90 67,04 69,95 2,90 52,90 Sergipe 66,00 68,13 2,13 67,88 71,33 3,45 61,85 Bahia 72,05 73,85 1,80 72,32 74,30 1,98 9,83 Minas Gerais 62,94 65,04 2,11 68,06 70,28 2,22 5,45 Espírito Santo 64,08 67,04 2,97 67,09 70,89 3,80 28,00 Rio de Janeiro 60,62 64,00 3,38 61,92 66,30 4,38 29,45 São Paulo 62,84 65,35 2,51 64,78 68,26 3,48 38,92 Paraná 63,34 66,03 2,69 67,05 70,06 3,01 12,25 Santa Catarina 65,88 68,30 2,42 67,56 70,52 2,96 22,20

Rio Grande do Sul 64,46 66,81 2,35 66,96 69,63 2,68 13,75

Mato Grosso 75,57 77,72 2,14 70,08 73,71 3,62 69,17

Mato Grosso do Sul 66,64 70,38 3,74 66,39 70,25 3,86 3,07

Goiás 66,10 68,94 2,84 67,82 71,07 3,26 14,72

Distrito Federal 64,80 67,66 2,87 66,80 70,92 4,12 43,96

Fonte: Departamento de População e Indicadores Sociais - DEPIS/IBGE e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Sem violência Com violência

Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação

Diferença Relativa (%) entre as perdas Perda em anos Com violência Sem violência Perda em anos

(23)

Tabela 5a2: Esperança de vida ao nascer e perdas em anos, devido aos óbitos violentos para o sexo feminino Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação - 1980 e 1995

Esperança de vida ao nascer (anos)

1980 1995 Brasil 71,31 72,02 0,71 74,86 75,62 0,76 6,34 Grandes Regiões Norte 75,76 76,35 0,59 77,65 78,25 0,61 3,12 Nordeste 74,71 75,22 0,51 77,01 77,57 0,55 7,19 Sudeste 69,54 70,33 0,79 73,64 74,46 0,83 5,13 Sul 70,77 71,54 0,77 74,48 75,35 0,86 12,03 Centro-Oeste 72,23 73,16 0,93 74,44 75,48 1,04 11,44 Unidades da Federação Rondônia 67,27 68,21 0,93 74,24 75,26 1,03 9,87 Acre 72,79 73,50 0,71 76,95 77,78 0,83 16,81 Amazonas 74,82 75,41 0,59 76,62 77,26 0,63 7,53 Roraima 77,50 77,85 0,35 75,67 76,77 1,10 209,63 Pará 74,23 74,80 0,57 78,36 78,78 0,42 -26,47 Amapá 74,27 74,77 0,50 78,00 78,85 0,85 70,98 Tocantins* - - - 80,56 81,30 0,74 -Maranhão 94,08 94,54 0,46 87,94 88,42 0,48 5,09 Piauí 85,90 86,31 0,41 84,32 84,78 0,46 12,06 Ceará 84,84 85,37 0,53 79,03 79,51 0,48 -8,67

Rio Grande do Norte 75,74 76,20 0,46 77,13 77,68 0,55 19,32

Paraíba 67,58 67,94 0,36 75,57 76,13 0,56 55,17 Pernambuco 65,00 65,59 0,59 72,37 73,05 0,68 14,84 Alagoas 66,55 67,06 0,51 73,26 73,81 0,55 7,58 Sergipe 71,16 71,70 0,55 73,26 74,11 0,85 55,02 Bahia 76,97 77,59 0,62 77,54 78,08 0,55 -11,98 Minas Gerais 68,84 69,57 0,73 74,92 75,69 0,77 5,61 Espírito Santo 70,74 71,53 0,79 74,38 75,29 0,91 15,79 Rio de Janeiro 68,84 69,74 0,90 71,97 72,91 0,94 3,54 São Paulo 70,16 70,91 0,75 73,78 74,58 0,80 5,97 Paraná 69,24 70,11 0,87 73,89 74,79 0,90 4,21 Santa Catarina 72,09 72,80 0,71 74,93 75,81 0,88 24,81

Rio Grande do Sul 71,61 72,33 0,73 74,75 75,58 0,82 13,03

Mato Grosso 78,73 79,30 0,57 75,92 76,86 0,94 64,61

Mato Grosso do Sul 71,81 72,88 1,08 73,67 74,69 1,01 -6,17

Goiás 71,05 72,01 0,96 73,76 74,76 1,01 4,76

Distrito Federal 71,33 72,27 0,94 75,70 77,01 1,32 39,79

Fonte: Departamento de População e Indicadores Sociais - DEPIS/IBGE e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 1979 a 1997, dados de declaração de óbito, SUS.

Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação

Diferença Relativa (%) entre as perdas Com violência Sem violência Perda em anos Com violência Sem violência Perda em anos

Os resultados encontrados confirmam as análises anteriores, os óbitos violentos afetaram de uma maneira mais forte a Região Centro-Oeste. Contudo, nos dois anos estudados, as Regiões Sudeste e Sul apresentaram as maiores diferenças relativas entre as esperanças de vida ao nascer com e sem óbitos violentos, sendo a primeira Região na população masculina (28,9%) e a segunda na feminina (12,0%). A perda em termos de número médio de anos que um recém-nascido do sexo masculino esperaria viver em 1995 chegou a ser de 3,38 anos na Região Sudeste e a na Região Sul em relação à população feminina, esta perda foi de 0,86 ano.

A Região Norte que em 1980 juntamente com a Nordeste apresentou as menores perdas em anos, em 1995, continuou a apresentar as menores perdas já que as proporções destes óbitos eram bem menores.

Os jovens de 15 anos que iniciam seus períodos de vida economicamente ativa, se vêem diante de uma diminuição de suas expectativas de vida até os 65 anos de idade por causa dos óbitos violentos. As tabelas A.5b1 e A.5b2 (vide anexo) mostram o número médio de anos que um indivíduo de 15 anos esperaria viver até os 65 anos, por sexo, para os anos de 1980 e 1995.

(24)

Um jovem de 15 anos esperava viver em média 45,04 anos até os 65 anos, no Brasil em 1980. Uma jovem esperava viver 47,26 anos, um adicional de 2,22 anos em relação aos homens. Não existindo os óbitos violentos esta diferença teria sido de 1,03 anos. Em 1995, o diferencial entre os sexos elevou-se para 2,81 anos com o aumento dos óbitos por causas externas no período. Excluindo os óbitos violentos, os maiores ganhos foram tanto em 1980 como em 1995, nas Regiões Sudeste (homens) e Centro-Oeste (mulheres), em função da alta incidência destes óbitos. Os valores do número médio de anos vividos entre 15 e 65 anos para os homens tiveram um acréscimo de 1,68 anos e 2,21 anos para 1980 e 1995 respectivamente; já para as mulheres o acréscimo foi de 0,36 ano para 0,40 ano entre 1980 e 1995.

Para a população feminina a influência dos óbitos violentos foi bem menor. As perdas no número médio de anos que um indivíduo de 15 anos esperaria viver até os 65 anos ficaram sempre abaixo de 1,4 anos. A diferença entre os valores da vida média aos 15 anos temporária de 50 anos, com e sem óbitos violentos, para a população masculina da Região Nordeste, entre 1980 e 1995 foi a que sofreu o maior aumento da perda neste período, da ordem de 32,5% (vide anexo tabela A.5b1). Quando se fala da mortalidade dos adultos jovens, esquece-se dos menores de 15 anos, cujos percentuais de óbitos violentos no total de óbitos vêm aumentando significativamente nos últimos anos. Os percentuais de óbitos violentos das Regiões menos desenvolvidas aproximam-se rapidamente das Regiões mais desenvolvidas.

• Conclusão

Inicialmente, foi comprovado um crescimento significativo da proporção de óbitos violentos no total de óbitos no Brasil entre 1980 e 1995 onde, o valor absoluto de óbitos violentos aumentou de 70.104 para 114.644.

A região Centro-Oeste destacou-se no período analisado por ter alcançado as maiores proporções destes óbitos contudo, o maior aumento relativo destas proporções foi atingido pela região Nordeste (66,3%).

Vale salientar que os óbitos violentos dos adultos jovens tiveram grande participação no total de óbitos violentos e em geral, foram responsáveis por mais da metade desses óbitos.As regiões Norte (1980) e Sudeste (1995), destacaram-se

(25)

apresentando as maiores proporções de óbitos violentos no grupo de idade de 15 a 39 no total de óbitos violentos sendo, 54,8% e 58,7%, respectivamente.

Quanto aos diferenciais dos óbitos violentos por sexo, constatou-se que a participação masculina no total de óbitos violentos superou a feminina no período estudado, representando 79,7% (1980) e 82,5% (1995) destes óbitos.

Em 1980, tem-se que a proporção masculina máxima e mínima de óbitos violentos no total de óbitos violentos foi alcançada pelas regiões Norte (81,4%) e Centro-Oeste (79,0%). Vale ressaltar que acima da média nacional (79,7%) ficaram as regiões Norte e Sudeste (80,1%).Já em 1995, a proporção máxima continuou sendo a da região Norte (83,7%), sendo que a mínima passou a ser a da região Sul (80,0%). Novamente as regiões Norte e Sudeste (83,4%) ficaram com proporção acima da média nacional (82,5%).

Além disso, em 1980, tem-se que as regiões Centro-Oeste e Nordeste foram as que tiveram a maior e a menor proporção de óbitos violentos masculinos no total de óbitos de cada uma das Regiões; o mesmo pode-se afirmar para o sexo feminino, sendo que este atingiu patamares mais baixos. Vale ressaltar que a região Nordeste (5,0%) única a ter a proporção de óbitos violentos masculinos no total de óbitos abaixo da média nacional masculina (7,5%). Em 1995, a região Centro-Oeste ainda mostrou-se com a máxima proporção (14,7%) e as regiões Nordeste (8,7%) e Sul (9,8%) foram as únicas que ficaram com a proporção de óbitos violentos masculinos no total de óbitos abaixo da média nacional masculina (10,6%).

Conforme pôde ser visto anteriormente, o grupo de idade de 15 a 39 anos (adultos jovens) mereceu destaque especial devido à sua grande participação no total de óbitos violentos. Já os grupos de idade de menores de 1 ano e maiores de 70 anos, alcançaram as menores proporções.

Entre 1980 e 1995, destacou-se o aumento das participações dos óbitos violentos nos grupos de 1 a 4 anos e 5 a 9 anos, quase que dobrando nesse período; provavelmente este acréscimo esteve relacionado a um aumento na violência doméstica. A região Centro-Oeste destacou-se das demais pela alta magnitude desses valores, percentuais estes, bem acima da média nacional.

(26)

De um modo geral em todas as Grandes Regiões, não houve evidência de mudanças radicais na distribuição dos óbitos violentos por grupos de idade.

Como as causas externas de morte estão associadas ao processo de urbanização e metropolização, as regiões Norte e Nordeste apresentaram os menores percentuais.

O aumento relativo dos óbitos violentos também foi mais sentido no grupo dos adultos jovens. Em 1980, a proporção de óbitos violentos deste grupo de idade no total de óbitos do mesmo foi maior na região Sul (45,0%) e menor nas regiões Norte e Nordeste, comportamento esperado visto que estas Regiões não apresentaram o mesmo grau de desenvolvimento e de urbanismo da demais. Já em 1995, a região Centro-Oeste apresentou as maiores proporções de. a proporção de óbitos violentos. Contudo, observou-se que o maior crescimento relativo do grupo de 15 a 39 anos durante este período de quinze anos ocorreu na região Nordeste, na ordem de 40,5% em relação à 1980.

Para os óbitos violentos no grupo de menores de quinze anos, o aumento da região Nordeste chegou a 186,57%, constituindo-se no maior acréscimo neste período. Este fato mostra que as Regiões menos desenvolvidas, como a Nordeste, vêm rapidamente se aproximando dos percentuais verificados nas Regiões mais desenvolvidas.

Considerando-se agora os principais tipos de violência, tem-se que os acidentes foram os que apresentaram as maiores participações no total de óbitos violentos para o Brasil e Grandes Regiões. Como a participação dos ignorados apresentou-se relativamente alta principalmente em 1980, devido à dificuldade de conceituação de algumas causas externas então, optou-se por retirá-los do total de óbitos violentos e recalcular a participação dos demais tipos de violência neste novo total.

Com o procedimento adotado, os acidentes continuaram a apresentar dominância sendo que em 1980, as participações máximas e mínimas foram alcançadas pelas regiões Sul (66,1%) e Centro-Oeste (62,9%), respectivamente.

Já em 1995, este tipo de violência continuou sobressaindo-se dos demais, sendo que a maior e a menor proporções foram a da região Sul (67,7%) e a da Sudeste (55,2%).

(27)

O homicídio foi o segundo tipo de violência com maior participação, tanto em 1980 como em 1995 e além disso, foi o tipo de violência que assistiu ao mais significativo aumento (31,2%) de suas proporções. Essa causa da morte aumentou em 45% na região Sudeste representando assim o maior crescimento entre os dois períodos de todas as Grandes Regiões.

Por último, provou-se a nítida influência dos óbitos violentos nos níveis de mortalidade, isto é, a diferença entre níveis de mortalidade devido à existência ou não dos óbitos violentos. No Brasil a diferença entre as esperanças de vida ao nascer sem e com óbitos violentos para a população masculina foi de 2,4 anos (1980) e 3,0 anos (1995), representando um aumento relativo da perda do número médio de anos que um recém-nascido esperaria viver de 23,6% com relação a 1980. Para a população feminina, o aumento relativo foi de 6,3%, passando de uma perda de 0,71 ano (1980) para 0,76 ano (1995).

Constatou-se também que os jovens de 15 anos se vêem diante de uma diminuição de suas expectativas de vida até os 65 anos de idade por causas dos óbitos violentos. Em 1980, um jovem esperaria viver em média 45,0 anos até os 65 anos e uma jovem 47,3 anos; já em 1995, os mesmos esperariam viver 44,9 anos e 44,7 anos. Sem os óbitos violentos, o número médio de anos vividos entre 15 e 65 anos teve um acréscimo, representando para os homens um aumento de 1,7 ano e 2,2 anos para 1980 e 1995 respectivamente e, para as mulheres o acréscimo foi de 0,36 ano (1980) e 0,40 ano (1995).

• Bibliografia

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GREVILLE, T.N.E. Métodos rápidos para la construcción de las tablas abreviadas de mortalidad. Santiago do Chile: Celade. (Serie D, 10), septiembre, 1968.

(28)

ALBUQUERQUE, Fernando R.P. de C. Oiveira, C., Juarez de. Aspectos Gerais da Evolução dos óbitos por causas externas no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, novembro de 1996 (Textos para discussão, 85).

Referências

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