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Padrões Espaço-Temporais de uma população de Felis silvestris catus habitando um fragmento urbano de Mata Atlântica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA BACHARELADO

Padrões Espaço-Temporais de uma População de Felis silvestris catus Habitando um Fragmento Urbano de Mata Atlântica

Islayni Brenda Dantas da Costa

NATAL, RN 2018

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ISLAYNI BRENDA DANTAS DA COSTA

Padrões Espaço-Temporais de uma População de Felis silvestris catus Habitando um Fragmento Urbano de Mata Atlântica

Monografia apresentada como pré-requisito para a conclusão do curso de graduação em Ecologia pela universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Profa. Dra. Hélderes Peregrino Alves da Silva.

NATAL, RN 2018

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ISLAYNI BRENDA DANTAS DA COSTA

Padrões Espaço-Temporais de uma População de Felis silvestris catus Habitando um Fragmento Urbano de Mata Atlântica

Monografia apresentada como pré-requisito para a conclusão do curso de graduação em Ecologia pela universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Natal, 05 de Julho de 2018.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Hélderes Peregrino Alves da Silva – Orientadora Departamento de Fisiologia e Comportamento, UFRN – Natal, RN

Prof. Dr. Arrilton Araújo de Souza – Convidado Departamento de Fisiologia e Comportamento, UFRN – Natal, RN

Me. Paulo Henrique Dantas Marinho – Convidado Departamento de Ecologia, UFRN – Natal, RN

Profa. Dra. Renata Gonçalves Ferreira – Suplente Departamento de Fisiologia e Comportamento, UFRN – Natal, RN

NATAL, RN 2018

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AGRADECIMENTOS

À toda a minha família, em especial, a minha querida mãe, Ilene, que tanto se empenha para o conforto de seus filhos;

Ao meu amado voinho, José Arlindo, que é simplesmente um amor de pessoa, e tanto me ajuda na vida;

À minha Orientadora, Prof. Dra. Hélderes Peregrino por toda a paciência para comigo, com os seus ensinamentos repassados;

A todo o corpo docente do curso de Ecologia que contribuiu de alguma forma para que eu chegasse até aqui;

Aos meus amigos do Projeto dos Gatos, Valeska Sophia, Paulo Ivo, Aline Júlia, pelos momentos de cooperação em campo e todos os momentos vividos durante a jornada do curso; À Valeska Sophia e toda a sua família que me hospedou em seu lar, sempre que foi necessário, e me tratou como se eu fosse um membro da família;

À minha madrinha, Zélia, que também me hospedou, durante o meu último semestre da faculdade, e me trata como sua segunda filha;

Ao meu irmão, Judson, que cedeu seu notebook, sempre que eu precisei para a escrita deste trabalho;

Ao meu namorado, Haryson, pelo companheirismo;

À todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para que eu conseguisse chegar até aqui;

Gratidão.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ………...……..8 2 METODOLOGIA ………...……….10 2.1 ÁREA DE ESTUDO …....………...……..10 2.2 DELINEAMENTO AMOSTRAL ………...……….11 2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ....………...…....12 3 RESULTADOS ………...………14

3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO ………...……14

3.2 TEMPO DE PERMANÊNCIA ………...…..15

3.3 EFEITO DO SEXO E DA ESTAÇÃO ………...…..18

3.4 TAXA MENSAL DE RENOVAÇÃO DA POPULAÇÃO …….……...…..20

3.5 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL - PADRÃO DE OCUPAÇÃO DA ÁREA...21

4 DISCUSSÃO ………...….……23

5 CONCLUSÃO ………...…27

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RESUMO

Os gatos domésticos (Felis silvestris catus) são considerados potenciais predadores vorazes e generalistas da fauna nativa de qualquer região onde se encontrem. Para avaliar o potencial prejuízo causado por esta espécie invasora, em um dado ambiente, tão importante quanto conhecer suas presas-alvo, é entender o tamanho de suas áreas de vida dentro do bioma e quais fatores influenciam o seu padrão de ocupação dentro destas. Assim, o presente estudo tem como objetivo avaliar o padrão espaço-temporal de uma população de Felis silvestris catus não domiciliados habitando um fragmento urbano de Mata Atlântica. A pesquisa foi realizada em um fragmento de Mata Atlântica conhecido como Mata dos Saguis, que mede cerca de 1,5 ha e está localizado no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em Natal, Brasil. A coleta de dados foi realizada durante 1 ano, de março de 2017 a março de 2018, sendo dividida em duas etapas, a primeira para a caracterização da população que habita a área, através de registros em planilhas de campo e fotos dos indivíduos, durante o período crepuscular do dia, uma vez por semana, no local de maior agregação dos animais (em torno da área onde ocorre suplementação alimentar com ração). A segunda etapa, referente a dispersão espacial dos indivíduos, foi feita a partir de rondas por todos os quadrantes de 10m x 10m da Mata dos Saguis, para em seguida localizar em um mapa de pontos o local de avistamentos dos indivíduos, utilizando o Software QGIS. Nossos resultados sugerem que a entrada de novos animais é o principal fator determinando a permanência da população ao longo do tempo. Os indivíduos se concentram nas áreas próximas aos pontos de suplementação alimentar, utilizam uma área maior da Mata dos Saguis durante a estação seca e que os machos apresentam áreas de ocupação maiores do que as fêmeas, devendo ser, por esse motivo, os principais alvos das ações voltadas para a proteção ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Felis silvestris catus, Mata Atlântica, padrão de ocupação,

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ABSTRACT

The domestic cats (Felis silvestris catus) are seen as generalist and voratious hunters of the native fauna, whatever environment they are introduced. In order to evaluate the potential impact of this invasive species on a given environment, as important as to know who could be their target preys is to know the dimensions of their home ranges and understand which factors exert influence on their pattern of use inside that area. Thus, the present study aims to evaluate the spatio-temporal pattern of one free-roaming Felis silvestris catus population inhabiting an urban fragment of Atlantic Rainforest. The research was carried out on a fragment of Atlantic Forest known as Mata dos Saguis, which measures about 1.5 ha and is located on the campus of the Federal University of Rio Grande do Norte in Natal, Brazil. The data collection was carried out over a year, from March 2017 to March 2018, being divided into two stages, the first one aiming to characterizing the population using records of individual morphological characteristics in spreadsheets and individual identification through photographs, once a week during dusk in the gathering area (around the place where supplementary feeding was offered). The second stage referring to the spatial dispersion of the individuals and was made through weekly perimeter rounds crossing all 10 m x 10 m quadrants within the Mata dos Saguis to register the location of all sighted cats and then construct a point map using the Software QGis. Our results suggest that the entry of new animals is the main factor determining the permanence of the population over time. The individuals are concentrated in the areas near the food supplementation points; they use a larger area of the Mata dos Saguis during the dry season and that males have areas of occupation larger than females, so males should therefore be the main targets in actions aimed at environmental protection.

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1 INTRODUÇÃO

O gato doméstico (Felis silvestris catus) é descendente do gato selvagem africano (Felis silvestris lybica) (POCOCK, 1951) e sua origem ainda obscura, é datada de 9500 anos atrás quando os primeiros registros arqueológicos e antropológicos da relação homem-gato surgiram em Chipre (VIGNE et al., 2004). Os gatos se aproximaram dos humanos com o surgimento da agricultura que atraia roedores, se alimentando destes e controlando esta população indesejada pelos humanos. Desse modo, acabaram estreitando essa relação, até chegarem, algumas vezes, a depender da alimentação vinda dos humanos, como ração ou restos de alimentos, até se tornarem companheiros (LUMPKIN, 1993). Nos últimos 2000 anos os gatos têm sido dispersados para toda a parte do globo, viajando nos navios à vela como companhias de seus donos (LUMPKIN, 1993) ou como controladores de roedores (DICKMAN, 1996).

Os gatos, em geral, são animais naturalmente vorazes, com instinto caçador, solitários e territorialistas, e não toleram facilmente a invasão do seu território por um novo indivíduo (ARNOLD, 1993). Embora ambos os sexos apresentem grandes áreas de vida, baseado em seu condicionamento físico, nutricional e na estação do ano (KITTS-MORGAN et al., 2015), os indivíduos machos percorrem distâncias maiores do que as fêmeas (GUTTILLA, 2010; NATOLI, 1985), sendo aproximadamente 61 e 6 ha, respectivamente, para gatos semidomiciliados - considerando grandes áreas e com baixa interferência humana, como zonas rurais; enquanto em cidades, o tamanho da área de vida diminui, devido ao maior número de indivíduos (ARNOLD, 1993), uma vez que o tamanho da área de vida é inversamente proporcional a densidade populacional (LIBERG et al., 2000; HANMER et al., 2017), logo os indivíduos que vivem em lugares com menor número de construções (prédios, casas, galpões) apresentam taxas de deslocamento maiores do que aqueles que vivem em áreas urbanizadas (HANMER et al., 2017).

Gatos semidomiciliados apresentam áreas de vida menores do que a dos gatos asselvajados (LIBERG, 1984) e mostram se adequar facilmente aos ambientes naturais, assim como atuam como potenciais predadores da fauna nativa destas áreas (FERREIRA, 2011). Entre os ambientes urbanos, os gatos simpatizam menos com as áreas construídas do que jardins e áreas verdes, gastando mais tempo de seus dias em habitats com características mais naturais, um aspecto de se esperar, já que assim podem descansar ao evitar tumulto, além de ativarem seus instintos de caçadores (THOMAS, 2014; NATOLI, 1985). Ao contrário dos gatos domésticos que obtém a maior parte do seu alimento através dos humanos, os gatos asselvajados não mantêm contato e buscam seu próprio alimento na natureza (DICKMAN, 1996).

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Fatores limitantes, sejam bióticos e/ou abióticos, podem dificultar, se presentes ou facilitar, se ausentes, o crescimento de qualquer população (INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS-USP, 2018). Para a espécie Felis silvestris catus, climas mais quentes, como as regiões de clima tropical úmido, são favoráveis para que as fêmeas possam procriar até três ninhadas por ano, com quatro a seis filhotes em cada gestação (AMERICAN BIRD CONSERVANCY, 2004). Os gatos domésticos não domiciliados de ambos os sexos se concentram próximos às áreas que apresentam suplementação alimentar (TENNENT, 2005; TENNENT & DOWNS, 2008; AMERICAN BIRD CONSERVANCY, 2004). Dados da literatura sugerem que essa disponibilidade de alimento é mais determinante para a aglomeração das fêmeas (LIBERG, 1984), que também é influenciada pela disponibilidade de locais com refúgios adequados como, pedras, troncos de árvores, buracos nas paredes, utilizados para a realização do parto e manutenção da prole (NATOLI, 1985). Para os machos, por outro lado, a distribuição espacial é influenciada principalmente pelo número de fêmeas sexualmente maduras no local (LIBERG, 1984). Esta tendência dos gatos não domiciliados de agruparem-se em torno de fontes de alimento gera um debate entre os riscos em alimentar os animais, principalmente próximo às áreas de conservação ambiental, ou não alimentá-los e deixar a prática da caça como única opção de alimentação.

Gatos selvagens e semidomiciliados podem viver livremente em altas densidades, e devido ao fato de serem predadores vorazes, apresentam potenciais riscos à vida dos animais nativos (KITTS-MORGAN et al. 2015), assim, quanto mais longe de paisagens naturais que abrigam uma alta diversidade de espécies nativas, menores as chances de impacto e pressão de predação exercida pelos gatos, levando em conta também o fato deles serem generalistas e oportunistas e caçarem uma ampla gama de táxons (FERREIRA et al., 2014; FERREIRA, 2011). A diferença entre o tamanho das áreas de vida desses animais em ambientes rurais e urbanos deve ser levada em consideração na criação de zonas de exclusão de gatos para áreas de paisagens naturais, e também áreas de conservação e preservação ambiental. METSERS et al. (2010) sugerem que estas zonas de exclusão devem ter pelo menos 2,4 km de largura em ambientes rurais, podendo ser a metade em áreas urbanas.

Tão necessário quanto conhecer as presas-alvo dos gatos, é compreender o tamanho da sua área de vida (local onde eles vivem e que usam para se deslocar) e os fatores que influenciam seu deslocamento (KITTS-MORGAN et al., 2015). Diante da escassez de dados na literatura acerca do potencial impacto da presença desta espécie invasora no bioma Mata Atlântica, o presente estudo teve como objetivo geral caracterizar e avaliar o padrão espaço-temporal de uma população de Felis silvestris catus não domiciliados em um fragmento urbano

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de Mata Atlântica, considerando as possíveis diferenças entre os sexos e estações. Os objetivos específicos foram (1) Caracterizar os indivíduos da população de Felis silvestris catus, quanto ao sexo, fase de vida e, quando possível, a identificação individual baseada em padrões morfológicos (tamanho, pelagem, marcas, cicatrizes); (2) avaliar a estabilidade da população através do cálculo da taxa mensal de renovação e a taxa de permanência dos indivíduos na Mata, ao longo do período do estudo; (3) analisar o padrão de ocupação da área da Mata, para machos e fêmeas, nas estações seca e chuvosa.

2. METODOLOGIA

2.1 Área de Estudo

Este estudo foi realizado na Mata dos Saguis (5°50'34.7"S 35°12'05.0"O), que consiste em um pequeno fragmento de Mata Atlântica com fitofisionomia de restinga, com cerca de 1,5 ha. O fragmento está localizado ao lado do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e sua vegetação é caracterizada como aberta, semi-aberta e fechada (NETO, 2012) (Figura 1). Segundo a classificação de Koppen (1900), o clima da região é do tipo As, definido como tropical chuvoso, com verão (21 de Dezembro a 21 de Março) seco e período de chuvas ocorrentes no outono (21 de Março a 21 de Junho) (Jacomine et al., 1971). A

Subestação Elétrica - UFRN

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B

Figura 1. (A) Mapa de satélite da área da Mata dos Saguis, apresentando o tipo de cobertura vegetal no fragmento de Mata e quadrantes de 10x10m. Triângulo vermelho indicando o local onde ocorreu a suplementação alimentar oferecida aos animais. (B) Mapa esquemático da localização da Mata dos Saguis – UFRN.

2.2 Delineamento Amostral

Os critérios utilizados na coleta de dados demográficos e parâmetros associados a dinâmica populacional foram definidos a partir de um Estudo Piloto, que teve como finalidade a obtenção de um conhecimento prévio da população de gatos que ocorrem na Mata. Este estudo foi realizado durante 2 meses antes de iniciar o levantamento de dados acerca do padrão de ocupação da Mata e consistiu em três etapas.

Na primeira etapa, foi feita a definição de quadrantes de 10m x 10m na área da Mata, caracterização da área de estudo em função da cobertura vegetal, interferência humana (prédios, trilhas), uso específico por parte dos animais (latrinas) e área de suplementação alimentar. Na segunda etapa, foi feita a aplicação da técnica de contagem com uso de iscas atrativas (sachês de ração para gatos) em diferentes horários do dia, para que se definisse o local e horário de maior movimentação e presença dos gatos (e que fosse passível de constante monitoramento), visando aumentar a probabilidade de contagem da totalidade de indivíduos presentes na área. Por fim, a terceira etapa consistiu no levantamento de parâmetros associados à dinâmica populacional, como sexo, fase de vida (filhote, juvenil, adulto), sendo esta última definida a partir da fase de vida atribuída no primeiro avistamento do animal. Quando possível,

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procedeu-se a identificação individual do animal baprocedeu-seada em padrões de pelagem, marcas, cicatrizes ou qualquer outra característica que permitisse a diferenciação entre indivíduos.

Os avistamentos foram registrados em planilhas de campo e catálogo de identificação visual (fotografias), que eram atualizados à medida que novos indivíduos apareciam. A partir desse estudo foi possível definir o horário e local (em torno da área na qual alimentadores suplementam os indivíduos com ração e restos de alimentos) de maior ocorrência de animais, bem como a adequação do esforço amostral com relação ao intervalo máximo entre sessões de registros que permitisse um acompanhamento eficiente das variações na composição da população.

Após o término do estudo piloto, a etapa referente ao levantamento de dados associados ao padrão de ocupação dos indivíduos na Mata dos Saguis ocorreu uma vez por semana, no período crepuscular (o qual foi considerado com maior movimentação dos indivíduos na fase clara do dia, visto que essa espécie apresenta hábitos noturnos (FERREIRA, 2011) e por questões de visualização dos indivíduos e segurança do pesquisador, não seria viável a pesquisa visual à noite), durante 1 ano (28/03/2017 - 28/03/2018). Houve dois meses nos quais só foi possível proceder duas sessões para coleta de dados (Junho/2017 e Dezembro/2017). Foi empregado o uso do Sistema de Posicionamento Global (GPS) por meio de aplicativo celular com sistema operacional Android (Satellite Check). Também uma vez por semana, no período crepuscular, iniciava-se a “ronda” (inspeção realizada por todos os transectos estabelecidos na vegetação, para a visualização dos indivíduos ali presentes). Quando da ocorrência de visualização de um ou mais indivíduos em determinado ponto de determinado quadrante, foi registrada a coordenada indicada pelo GPS do lugar exato de onde o indivíduo foi observado. Se durante a ronda, novos indivíduos surgissem, eles também foram fotografados e catalogados.

Para a identificação de quais indivíduos eram considerados residentes (só eram avistados na área da Mata) e quais ocupavam também com frequência as áreas próximas (considerados visitantes), antes do início das rondas, foram realizadas vistorias no entorno da Mata. As vistorias ocorreram no Setor de Aulas IV da Universidade, distante aproximadamente 8 metros do limite leste da Mata, e ocorreu durante o período de 2 meses, de Outubro a Dezembro de 2017.

2.3 Análise Estatística

Para efeito de análise, foi considerada a frequência mensal de avistamentos para os animais individualmente identificados, e o mês de registro de avistamento para os animais não

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identificados individualmente, sendo estes dados somados para compor a frequência mensal total de avistamentos (identificados individualmente + não identificados). Para todos os efeitos, os meses de Junho/2017 e Dezembro/2017 foram desconsiderados. Na análise descritiva foi calculada a taxa mensal de renovação da população, para cada mês do estudo, os indivíduos identificados foram classificados como já avistados se foram avistados no mês anterior ou antes; e os indivíduos identificados que não foram avistados até o mês anterior, bem como todos os indivíduos não identificados individualmente que foram avistados naquele mês, foram classificados como novos avistamentos. A taxa mensal de renovação da população representa o percentual de: animais avistados pela primeira vez/número total de animais avistados, a cada mês. E, considerando apenas os animais individualmente identificados, foi calculado o tempo médio de permanência (período entre o primeiro e último avistamento). Para analisar a diferença na frequência de avistamentos entre machos e fêmeas e entre animais em diferentes fases de vida (filhotes, juvenis e adultos), em cada estação, foi utilizado o teste de Mann-Whitney, e para avaliar diferenças na frequência de avistamentos entre estações, para cada sexo, foi utilizado o teste de Wilcoxon, sendo para ambos considerado o nível de significância p< 0,05.

Com relação ao padrão de ocupação da área, a partir das coordenadas de localização dos animais avistados dentro da mata, obtidos durante as rondas semanais, utilizando o programa QGis 2.18 foi aplicada a função de densidade fixa de Kernel (mapa de calor), calculada por sexo e estação, que permite identificar as áreas mais frequentemente visitadas pelos animais invasores.

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3. RESULTADOS

3.1 Características Gerais da População

Durante o período do estudo foram realizadas 43 rondas, totalizando 461 avistamentos, sendo 173 de fêmeas, 272 de machos e 16 de animais para os quais não foi possível definir o sexo. O número de avistamentos por indivíduo foi variável, desde apenas um avistamento a 22 avistamentos do mesmo indivíduo, ao longo do período de estudo. Foram avistados 34 machos, sendo 21 adultos, 11 juvenis e 2 filhotes individualmente identificados; 30 não identificados individualmente, sendo 8 adultos, 6 juvenis, 2 filhotes e 14 machos para os quais não foi possível a definição de idade pelo tamanho. Com relação às fêmeas foram avistadas na área 25 fêmeas, sendo 7 adultas, 15 juvenis, 3 filhotes individualmente identificados; e 16 não identificadas individualmente, sendo 6 adultas, 5 juvenis e 5 fêmeas para as quais não foi possível definir a idade. Além destes animais não identificados individualmente, mais 16 animais, para os quais também não foi possível a determinação do sexo (não identificado individualmente/sexo não definido), totalizando 121 indivíduos avistados na área da Mata, e mais 5 animais avistados na circunvizinhança imediata do entorno da Mata (Setor de aulas IV) (Tabela 1).

Tabela 1. Número de indivíduos identificados e não identificados avistados durante a estação seca e chuvosa na Mata dos Saguis e no Setor IV, classificados por sexo e fase de vida. O mesmo indivíduo pode se repetir entre as estações. M = macho; F = fêmea; N.D. = sexo não definido; N.D.* = sexo e fase de vida não definidos.

Estação Chuvosa

Identificados Não Identificados Sem Coordenadas Setor IV

N.D. N.D.* M F M F M F M F Filhote 2 1 2 0 0 0 0 0 0 0 Juvenil 9 11 6 5 1 1 0 0 1 0 Adulto 12 5 7 4 2 1 0 0 4 0 Sem Idade 0 0 6 5 0 0 0 0 0 0 Total 23 17 21 14 3 2 0 0 5 11 Estação Seca

Identificados Não Identificados Sem Coordenadas Setor IV

N.D. N.D.* M F M F M F M F Filhote 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 Juvenil 8 13 0 0 0 0 2 0 0 0 Adulto 16 5 1 1 0 0 0 3 0 0 Sem Idade 0 0 7 0 1 0 0 0 0 0 Total 25 21 8 1 1 0 2 3 0 0

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3.2 Tempo de Permanência

Para o cálculo do tempo de permanência foram utilizados os dados apenas dos animais individualmente identificados. Considerando tanto o número de meses de avistamento, quanto o número de avistamentos dentro de cada mês, foi observada grande variabilidade entre os indivíduos (Figura 2A e B), demonstrando que a maior permanência e uso da área não mostrou relação com maior visibilidade do animal pelos observadores. Para a população de animais individualmente identificados como um todo, 54,62% permanecerem três meses ou menos sendo avistados na área, e apenas seis animais foram avistados ao longo de todo o período do estudo (Figura 3). Com relação a idade, dos vinte e quatro juvenis identificados individualmente, 50% permaneceram na população por mais de três meses, destes, dez indivíduos atingiram a fase adulta, durante o período estudo.

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Figura 2. Número de avistamentos a cada mês (comprimento de cada cor da barra) e tempo de permanência em meses (número de cores na barra e parênteses), para machos (A) e fêmeas (B), ao longo do tempo de estudo.

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Figura 3. Tempo de permanência dos animais individualmente identificados, considerando o mês do primeiro até o último avistamento, para machos e fêmeas adultos, juvenis (setas) e filhotes.

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3.3 Efeito do Sexo e da Estação

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os avistamentos de machos e fêmeas (Teste U de Mann-Whitney, p>0,05), seja considerando as duas estações conjuntamente, ou para as estações chuvosa e seca isoladamente (Teste U de Mann-Whitney, p>0,05). Não foram observadas também diferenças estatisticamente significativas na frequência de avistamentos entre estações, para ambos os sexos (Teste de Wilcoxon, p>0,05). Por outro lado, para os animais para os quais não foi possível a determinação do sexo (SND), foi observada uma frequência de avistamentos significativamente maior na estação chuvosa que na estação seca (Teste de Wilcoxon, df = 18, Z=2,98, p=0,0028) (Figura 4).

A

B

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machos, fêmeas e animais para os quais não foi possível definir o sexo (SND), durante as estações chuvosa (A) e seca (B).

Com relação ao sexo e idade, durante as estações seca e chuvosa, não houve diferença na frequência de avistamentos entre as fases de vida, para ambos os sexos, Teste de Kruskall-Wallis, p>0,05); embora, durante a estação seca, tenha sido avistado um maior número de indivíduos juvenis em relação a estação chuvosa, principalmente fêmeas juvenis (Figura 5).

A

(20)

B

Figura 5. Mediana, quartis, valores máximo e mínimo e outliers para a frequência de avistamentos de fêmeas (verde) e machos (azul) nas três fases de vida (filhote, juvenil, adulto) e animais de idade não definida fêmeas (NDF) e machos (NDM), na estação chuvosa (A) e seca (B).

3.4 Taxa Mensal de Renovação da População

Analisando este índice, observamos uma alta taxa percentual de novos indivíduos na população no primeiro terço do estudo, com uma tendência à diminuição do avistamento de novos indivíduos ao longo dos dois terços finais, variando esta Taxa de Renovação de 91,31% no mês de abril/17 a 11,77% no mês de março/18, com média de 58,86%, para o período total do estudo.

Considerando que foram avistados mais indivíduos machos do que fêmeas, ao longo do estudo, ao calcular esta taxa de renovação para cada sexo separadamente, foi observada proporção média mensal de 38,60% de novos indivíduos, entre os machos, e de 37,44% entre as fêmeas, quando consideramos todos os meses do estudo conjuntamente, não havendo diferença estatisticamente significativa entre machos e fêmeas (Teste U de Mann-Whitney, p> 0,05) (Figura 6).

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Figura 6. Proporção de animais avistados pela primeira vez e já avistados anteriormente, com relação ao total de animais avistados a cada mês, para os 12 meses de estudo.

3.5 Distribuição Espacial - Padrão de Ocupação da Área

A partir da produção dos Mapas de Kernel, para ambos os sexos nas estações seca e chuvosa, foi possível observar que os machos apresentaram uma área de ocupação maior do que as fêmeas, e que tantos as fêmeas quanto os machos ocuparam áreas maiores durante a estação seca do que durante a estação chuvosa (Figura 7 A, B, C e D). A cor vermelha indica a maior densidade de indivíduos, e o azul indica menor densidade; as áreas vermelhas ocorreram principalmente próximas ao local abastecido diariamente por alimentação suplementar por humanos e nas áreas do entorno próximo ao setor IV, onde também havia suplementação alimentar. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 fev/18 mar/18

av istam ento (% ) meses do estudo

% machos novos % fêmeas novas % novos sexo não def % já avistados

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Figura 7. Mapa de Kernel, apresentando a densidade de registros de avistamento de machos e fêmeas durante as estações seca e chuvosa na área da Mata dos Saguis. (A) fêmeas na estação chuvosa, (B) fêmeas na estação seca, (C) machos na estação chuvosa, (D) machos na estação seca. Áreas com maior adensamento de pontos representadas em vermelho.

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4 DISCUSSÃO

A população de gatos encontrada na Mata dos Saguis-UFRN foi relativamente grande, considerando tanto a pequena área da Mata, quanto em comparação ao resultado de outros estudos que buscaram observar a área de vida desses indivíduos com a ajuda de rádio-colar (TENNENT et al., 2008; O ECO, 2015). De acordo com as variações de densidade dos pontos de registro de localização dos animais durante as rondas, apresentado nos mapas de Kernel, podemos observar que os animais tenderam a se concentrar nas áreas próximas ao local de alimentação. Em ambientes urbanizados, mesmo sendo seres solitários e territorialistas, estes felinos se veem obrigados a conviver entre si. Todavia, esta gregariedade forçada, não evita comportamentos agressivos diante da chegada de novos indivíduos (FERREIRA, 2011). A disponibilidade de alimento no mesmo local, ao longo do tempo, favorece a formação de grupos sociais na área (LAUNDRÉ, 1977), ao contrário do que ocorre quando estão presentes vários pontos de alimentação e esta oferta é descontínua; neste caso, contribuindo para a dispersão desses indivíduos sem aumentar sua abundância (HASPEL et. al., 1993). Os dados do presente estudo corroboram os achados de estudos anteriores, no que diz respeito à importância de um ponto de alimentação fixo para a aglomeração dos indivíduos no entorno deste local (TENNENT, 2005; TENNENT & DOWNS, 2008; AMERICAN BIRD CONSERVANCY, 2004).

Poucos indivíduos filhotes foram avistados ao longo do estudo, o que sugere uma taxa de abandono ou sobrevivência menor de filhotes em relação a juvenis e adultos. Um estudo sobre o abandono de cães e gatos em abrigos da Espanha mostrou que os indivíduos adultos e idosos permanecem por mais tempo nos abrigos até serem adotados, do que os filhotes, no entanto a entrada desses animais nos abrigos se dá em maior número pelos adultos, seguidos por filhotes e em menor número de idosos (FATJÓ et al., 2015). Ou seja, os animais adultos parecem compor a maior parte da população de animais abandonados, provavelmente pelo maior apelo afetivo dos filhotes, que pode ser perdido quando o animal alcança a maturidade, como também o início da atividade reprodutiva na idade adulta, podendo ambos os fatores estimular o abandono. No presente estudo foram avistados mais indivíduos machos do que fêmeas. Vários fatores podem ter contribuído para este registro. Questões metodológicas, dado que a determinação do sexo foi feita através de visualização direta, pode ter contribuído, pois a caracterização visual do sexo em fêmeas é mais difícil do que em machos. Dessa forma, a maioria dos animais para os quais não foi possível definir o sexo pode ser constituída de fêmeas. Outro fator é o comportamento de espaçamento territorial das fêmeas, que tendem a mudar de

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área de ocupação durante os episódios reprodutivos, em busca de áreas protegidas para guardar os filhotes. Outro estudo acerca da área de vida de gatos não domiciliados mostrou maior número de fêmeas do que de machos, embora no segundo período do estudo tenha encontrado o dobro do número de machos juvenis do que de fêmeas juvenis (NATOLI, 1985), outros não encontraram diferença entre o número de machos e fêmeas (DEVILLAR et al. 2003; GEHRT et al., 2013)

Ao final do estudo, mais de 90% dos animais que eram avistados já haviam sido avistados em algum momento anteriormente, o que permite supor que o tempo de estudo foi adequado para o conhecimento da composição da população. Todavia, mesmo ao final do estudo ainda havia a entrada de animais novos, que foi uma constante ao longo do tempo de estudo. O tempo de permanência dos indivíduos dentro da população foi considerado baixo, visto que a maioria dos indivíduos permaneceram na população três meses ou menos, quando o tempo total do estudo foi um ano. Muitos animais deixaram de ser vistos na área ao longo do período de estudo, sendo contabilizados apenas como desaparecidos, visto que a metodologia usada não permite afirmar o que aconteceu com o indivíduo fora da área de estudo. Em uma população de gatos residindo em um parque hospitalar da França, foi observado que fêmeas entre 1 e 2 anos de idade são as que realmente dispersam permanentemente da população, e as que permaneceram na população apresentavam compleição corporal maior do que as que desapareceram, sugerindo que as fêmeas maiores conseguiram monopolizar as áreas com recurso alimentar, causando a expulsão das fêmeas subordinadas (DEVILLARD et al., 2003). A maior competição por recursos e territorialidade entre fêmeas poderia ser um fator explicativo para o menor número de fêmeas do que de machos, observado durante o estudo. Todavia, estudos anteriores sugerem que sejam os machos os indivíduos que apresentam maior competição por território e territórios maiores, que sobrepõem o território das fêmeas (KERBY and MACDONALD, 1988).

Além disso, de acordo com o acompanhamento da população, foi observável um número significativo de novos indivíduos juvenis que chegaram à população e permaneceram até, no mínimo, atingir sua fase adulta. O maior tempo de permanência de indivíduos juvenis pode estar refletindo a maior capacidade de adaptação comportamental dos animais nesta fase do desenvolvimento ontogenético, na qual não apresentam mais a fragilidade e dependência da fase de filhote, nem fixaram ainda rotinas comportamentais, como os adultos, embora Natoli (1985) tenha observado que os indivíduos juvenis não se dispersam para áreas longe de onde as fêmeas realizam o parto, talvez porque eles tenham nascido ali e por motivos como risco de competição e mesmo predação não queiram se aventurar.

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Uma vez que foi registrado apenas um nascimento que pode ser confirmado e acompanhado, não sendo registrados avistamentos de filhotes para as demais fêmeas grávidas, podemos argumentar que foi a chegada de novos indivíduos o fator responsável pela manutenção do tamanho da população em um patamar estável. Populações de gatos de vida livre que estão conectadas de alguma maneira, mesmo que sejam conexões fracas, desde que indivíduos possam transitar entre elas, mostram que qualquer intervenção de manejo e controle reprodutivo em uma das populações é pouco eficiente, se não for replicada nas demais. Por exemplo, uma população que recebeu práticas de manejo reprodutivo, mas continua a receber indivíduos em função do abandono contínuo, tende a continuar crescendo (IRELANDO & NEILAN, 2016). Modelos matemáticos mostraram que a sobrevivência dos indivíduos adultos apresenta maior efeito no tamanho da população do que a sobrevivência dos filhotes e a própria taxa de reprodução das fêmeas adultas (MILLER et. al., 2014). Todos estes estudos sugerem que, para as populações de animais não domiciliados ocupando áreas urbanas, não é a taxa de reprodução das fêmeas o que determina a manutenção ou mesmo o crescimento das populações. Estes dados não apoiam então, a adoção da prática de captura-castração soltura isoladamente como ferramenta para o controle populacional. Iniciativas de Educação Ambiental, visando diminuir a frequência de abandonos, seria então uma ferramenta essencial para este controle.

Com relação ao padrão de ocupação da área da Mata dos Saguis, tanto o sexo dos indivíduos quanto a estação do ano parecem ter causado um efeito significativo. O número de indivíduos machos avistados foi um pouco maior do que o das fêmeas e, tanto as fêmeas como os machos se concentraram nas áreas próximas ao local de alimentação, no entanto, os machos adentraram mais na Mata. Segundo LIBERG (1984), as fêmeas apresentam um padrão de ocupação ao determinar sua distribuição ao redor de pontos de alimentação, enquanto a área de vida dos machos é mais influenciada pela abundância de fêmeas, principalmente no período de acasalamento. Na maioria dos estudos é observado que os machos apresentam maiores áreas de vida que fêmeas (GUTTILLA, 2010; NATOLI, 1985), o que está de acordo com o registrado no presente estudo, embora alguns estudos não tenham observado diferenças significativas no tamanho da área de vida entre machos e fêmeas (LANGHAM & PORTER, 1991). Com relação a influência do horário, outros estudos observaram que durante a noite, o deslocamento de ambos os sexos foi maior do que durante o dia (TENNENT, 2005). Este aspecto não pôde ser avaliado no presente estudo, uma vez que o método de registro utilizado foi a procura visual, não podendo ser executada no período noturno. Todavia, dado o longo tempo de acompanhamento e o grande número de indivíduos acompanhados, consideramos que a amostra seja representativa do perfil de ocupação da área, mesmo não tendo contemplado o período

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noturno.

A estação do ano, seca e chuvosa, mostrou-se um fator determinante no tamanho da área de ocupação pelos machos e fêmeas (FERREIRA, 2011). O fato de eles terem sido mais vistos na estação seca, pode dever-se à altura baixa da vegetação, que permitiu a visualização de mais indivíduos. Ao contrário da estação chuvosa, onde a vegetação estava mais alta e facilitou para que os gatos usassem como abrigos e esconderijos, ou terem se dispersado para os prédios ao arredor da Mata, com o mesmo intuito. Embora não tenham sido encontradas referências que confirmem.

De forma geral, observamos que, ao final do período de acompanhamento, a maioria dos animais da colônia já havia sido individualmente identificada, o que sugere que o tempo de estudo foi suficiente para um eficiente levantamento da população residente em torno da área da Mata dos Saguis. Ao longo de todo este ano, sempre foram avistados animais dentro da mata, o que implica por si só em potenciais impactos ao ambiente e à fauna nativa, sob a forma de contaminação do ambiente, transmissão interespecífica de patologias bacterianas e virais, predação e competição com espécies nativas. FINKLER and TERKEL (2011) argumenta que para o manejo de uma população de gatos de vida livre e não domiciliados é relevante associar a situação socioeconômica da comunidade em torno e o nível de tratamento recebido por possíveis cuidadores (como pessoas que fazem a suplementação alimentar desses indivíduos), uma vez que quanto maior o cuidado recebido, menores os níveis de agressão apresentado pelos animais, assim como menores os níveis de cortisol presente nas fêmeas castradas, e melhoria do bem-estar desses animais. Os dados do presente estudo, um dos primeiros a abordar aspectos da dinâmica populacional de indivíduos de Felis silvestres catus não domiciliados em um fragmento urbano de Mata Atlântica, mostra como essa populações são dependentes da suplementação alimentar advinda dos humanos e como pouco indivíduos conseguem persistir em um ambiente novo.

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5 CONCLUSÕES

Considerando as características específicas da área estudada, foi possível concluir que: - A presença de pontos de alimentação suplementar sistemática favorece a aglomeração dos animais;

- Com a finalidade de proteção ambiental, deve ser evitada essa prática nas proximidades de áreas de preservação;

- Dada a baixa frequência de nascimentos e a alta taxa mensal de renovação observados na população, iniciativas que visem à diminuição da prática de abandono seriam as mais eficazes, isoladamente ou em conjunto com a abordagem de captura-castração-soltura, para o controle das populações de animais não domiciliados;

- Com relação ao potencial impacto ambiental causado pela presença de felinos não domiciliados em áreas de preservação ambiental, animais juvenis, em especial machos, por ocupar áreas mais extensas no interior da mata, parecem representar maior potencial invasivo.

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