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Relatório de Estágio realizado na Farmácia do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos

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Academic year: 2021

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(1)

Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos,

Sucursal Porto

Renato Fernando Sampaio do Cruzeiro

(2)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia do Laboratório Militar de Produtos Químicos e

Farmacêuticos, Sucursal Porto

Janeiro de 2020 a setembro de 2020

Renato Fernando Sampaio do Cruzeiro

Orientador: Dr.ª Rita Pereira

Tutor FFUP: Profª. Doutora Helena Carmo

(3)

Declaração de integridade

Eu, Renato Fernando Sampaio do Cruzeiro, abaixo assinado, nº 201506437, aluno do

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste

documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo

por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).

Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a

outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso

colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ______________ de 2020

(4)

Agradecimentos

Chegar ao fim e sentir saudade mostra que tudo valeu a pena. A caminhada que outrora parecia longa e penosa, passou num ápice e deixou marcas. Resta-me agradecer a todos que tornaram que participaram nela, aos que comigo partilharam o turbilhão de emoções e sentimentos e, principalmente, a todos aqueles que fizeram com que fosse tão especial… Quero agradecer,

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a todo o enredo envolvente, ao corpo docente, ao corpo administrativo e aos funcionários, conjuntamente, ornamentaram a minha passagem.

À comissão de estágios e, em particular, à Professora Drª. Helena Carmo, pela disponibilidade, pela prontidão na ajuda e pela motivação causada.

Aos colaboradores do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), no seu todo, por aceitarem de mãos abertas um desconhecido, por terem congregado esforços para evoluir positivamente e, sobretudo, por me terem permitido fazer e sentir parte integrante da equipa. Agradeço o ambiente desta equipa, é espetacular. Agradeço também de forma especial,

À Drª Rita e à Drª Fernanda, por todo o acompanhamento prestado, pela partilha desmedida de conhecimento, e pela calma, simpatia e vontade com que o fizeram. Transpareceram, naturalmente, o papel do farmacêutico e despoletaram em mim a vontade de o ser.

À Susana Barros e à Susana Queiroz, pela confiança depositada, por me encorajarem no atendimento e sobretudo pelas lições e pelos momentos partilhados.

À Anabela e à Cármen, pela bondade, pelos ensinamentos e pelos momentos passados no “backoffice”.

À dona Rosa, à dona Helena, ao Sr.º Manuel, ao Sr.º Amílcar e ao Sr.º Duarte, por todos os bons momentos passados.

Por fim, um agradecimento especial à minha família, por ter tornado tudo isto possível e aos meus amigos, pela ajuda, pelos momentos e por tornarem esta caminhada memorável e saudosa.

A todos, Obrigado!

(5)

Resumo

O presente relatório descreve as atividades desenvolvidas no Estágio Curricular em Farmácia Comunitária, etapa final da formação académica, com vista a capacitar as vertentes técnica e deontológica do exercício farmacêutico, e que resulta na posterior obtenção do grau Mestre em Ciências Farmacêuticas.

O estágio em Farmácia Comunitária foi realizado na farmácia de venda ao público do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, sucursal do Porto (LMPQFsP).

O relatório de estágio conta com duas partes. A parte I inicia-se com a história, estrutura e organização do local de estágio. Posteriormente, volta-se para a descrição das atividades desenvolvidas em cada valência da farmácia comunitária complementadas com relatos na primeira pessoa sobre vivências e, ainda, quando oportuno, completados com comentários, relações e/ou comparações com as Boas Práticas de Farmácia Comunitária (BPFC). Esta parte contempla, ainda, os serviços prestados pela farmácia ao público e, também, uma abordagem relativa à formação contínua durante o estágio.

A parte II, contempla os diversos temas e projetos desenvolvidos no contexto da farmácia de realização do estágio. No Tema A, pretendi através de uma formação interna elucidar a equipa do LMPQFsP sobre a problemática da Literacia em Saúde, destacar o papel do farmacêutico na sociedade atual e neste tema. Além disso, evidencio a importância da comunicação com o utente na farmácia comunitária. No Tema B, alio a informação necessária para ter uma participação ativa junto dos doentes no dia mundial da saúde oral, dia 20 de março, através da distribuição de panfletos relativos aos cuidados de higiene diária bem como aos cuidados especiais relativos a próteses dentárias. Contudo, a pandemia COVID-19 impossibilitou a realização da atividade nos moldes iniciais. O Tema C abordei a exposição solar e concretezei a criação de um website que torna o acesso à informação cosmética solar rápido, prático e conciso por parte do farmacêutico e auxilia no atendimento ao público. O Tema D surge com o intuito de auxiliar a equipa do LMPQFsP na conduta a abordar em situações como a gripe e a constipação. Assim, a materialização de um guia de bolso visa permitir apoiar, rever e completar alguns pontos destas doenças e satisfazer dúvidas dos utentes.

Deste modo, espero com o presente relatório transmitir o impacto que estes seis meses de estágio tiveram na minha formação profissional e pessoal.

(6)

Índice geral

Agradecimentos ... iii

Resumo ... iv

Índice geral ... v

Lista de abreviaturas... ix

Índice de anexos ... x

Índice de gráficos ... x

Índice de tabelas ... x

Introdução ... xi

Cronograma atividades desenvolvidas ... xi

Parte I ... 1

1. Estrutura e organização do Laboratório Militar de Produtos Químicos e

Farmacêuticos (LMPQF) ... 1

Enquadramento histórico do LMPQF ... 1

Localização e Horário de Funcionamento ... 2

Estrutura física e técnica do LMPQFsP ... 2

Fontes de informação... 3

Sistema informático ... 4

2.

Gestão da Farmácia ... 5

Seleção e aquisição ... 5

Receção e conferência de encomendas... 5

Armazenamento ... 6

Dispensa ... 7

Receitas ... 7

Sistemas de comparticipação ... 9

Validação ... 9

Conferência e entrega ... 10

Devolução de produtos ... 10

(7)

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) ... 11

Medicamentos genéricos ... 11

Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ... 11

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) ... 12

Medicamentos e Produtos Veterinários ... 12

Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC)... 12

Dispositivos Médicos ... 13

Suplementos alimentares ... 13

Serviços farmacêuticos prestados ... 13

Formação contínua ... 14

PARTE II ... 15

TEMA A – LITERACIA EM SAÚDE ... 15

Âmbito ... 15

Objetivo e métodos ... 15

Enquadramento teórico ... 15

Impacto no sistema de saúde ... 16

Literacia em Saúde em Portugal ... 16

Envolvimento de Portugal na temática Literacia em Saúde, os primeiros

passos

……….17

A importância do papel do farmacêutico na LS ... 18

Comunicação em farmácia comunitária para aumentar LS ... 18

Dificuldades na comunicação com o utente ... 19

Como ultrapassar as dificuldades de comunicação ... 19

Discussão ... 20

TEMA B – SAÚDE ORAL ... 21

Âmbito ... 21

Objetivo e métodos ... 21

Contextualização teórica ... 21

Reconhecer as principais doenças orais ... 22

Controlo dos fatores de risco ... 23

Higiene oral adequada ... 24

(8)

Resultados e conclusão ... 25

TEMA C – EXPOSIÇÃO SOLAR ... 25

Âmbito ... 25

Objetivos e métodos ... 26

Contextualização teórica ... 26

Efeitos da radiação UV no organismo ... 26

Mecanismos de defesa natural contra a radiação UV ... 27

Cuidados solares ... 27

Fotoproteção específica para pessoa e zona do corpo ... 28

Crianças e bebés ... 28

Fotoproteção facial ... 29

Fotoproteção corporal ... 29

Condições que necessitam cuidados especiais ... 30

Complementos à fotoproteção ... 30

Suplementos alimentares... 30

Pós solares ... 31

Resultados e conclusões ... 31

TEMA D - Guia de bolso “Gripe vs Constipação” ... 32

Âmbito e objetivo ... 32

Métodos ... 32

Enquadramento teórico ... 32

Gripe ... 32

Constipação ... 33

Sintomatologia ... 33

Febre... 33

Tosse ... 34

Espirros ... 35

Diarreia ... 35

Cefaleia ... 36

Dor de garganta ... 36

Mialgia ... 37

Congestão nasal ... 37

Fadiga ... 38

(9)

Resultados e Conclusão ... 38

Conclusão global do relatório de estágio ... 39

Referências Bibliográficas ... 40

(10)

Lista de abreviaturas

ADM – Assistência na Doença a Militares AINEs – Anti-inflamatórios Não Esteróides BPFC - Boas Práticas de Farmácia Comunitária CNP - Código Nacional do Produto CNP

DCI – Denominação Comum Internacional

DGS - Direção Geral de Saúde

DFAs - Deficientes das Forças Armadas DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica; FCE - Farmácia Central do Exército

FEFO - First expired, First out FPS - Fator de Proteção Solar

HLS-EU - European Health Literacy Survey

IARC - Agência Internacional de Investigação do Cancro IASFA - Instituto de Ação Social das Forças Armadas

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. IRS - Infecções Respiratórias Superiores

LMPQF – Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos

LMPQFsP - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, sucursal do Porto LS – Literacia em Saúde

MNF - Medidas Não Farmacológicas

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de venda Exclusiva em Farmácia

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica OF – Ordem dos Farmacêuticos

OMS – Organização Mundial de Saúde

PCHC - Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal PED - Prescrição Eletrónica Desmaterializada PEM - Prescrição Eletrónica Materializada PG - Prostaglandinas

PGE – Prostaglandinas do tipo E

PM - Prescrição Manual

PVP - Preço de Venda ao Público SNS - Serviço Nacional de Saúde

SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde UV - Ultravioleta

UVA - Ultravioleta A UVB - Ultravioleta B UVC - Ultravioleta C

(11)

Índice de anexos

Parte I

Anexo A.I - Preenchimento dos campos possíveis do Anexo VII ... 51

Anexo A.II - Webinar sobre o tema: Sistema imunitário: Selénio e Vitamina D. Pharma Nord .. 52

Anexo A.III - – Cursos Online Servier da Pharmacy Academy ... 52

Anexo A.IV - Ficha de inscrição em formações de diversas marcas do grupo Pierre Fabre ... 53

Parte II Anexo B.I - Suporte em PowerPoint para a apresentação oral à equipa do LMPQF ... 54

Anexo B.II - Panfleto sobre Higiene oral diária ... 59

Anexo B.III - Panfleto sobre cuidados especiais relativos às próteses... 60

Anexo B.IV - Visão geral do website ... 61

Anexo B.V - Guia de bolso “Constipação vs Gripe” ... 62

Anexo B.VI - Fotografia do Guia de bolso “Constipação vs Gripe” oferecido à equipa ... 67

Anexo B.VII - Fármacos capazes de induzir febre ... 68

Anexo B.VIII - Critérios de seleção da opção terapêutica no protocolo da febre ... 69

Índice de gráficos

Gráfico 1 - Nível de literacia para a saúde geral (%), em 3 estudos portugueses e comparação com HLS-EU (sem PT) ... 16

Gráfico 2 - Nível de literacia para a saúde geral (%), por Estado-Membro e Total (inclui PT) ... 17

Gráfico 3 - Níveis de Literacia em Saúde Geral, por grupos etários ... 17

Índice de tabelas

Tabela I - Escalões de comparticipação ... 9

Tabela II - Estado de saúde periodontal (em %)... 22

Tabela III - Número e percentagem de pessoas, com 20 ou + dentes e desdentados totais .... 22

Tabela IV - Fototipos de pele - Classifição de Fitzpatrick (83,84) ... 28

(12)

Introdução

O término da formação académica de um farmacêutico engloba,

obrigatoriamente, uma componente em farmácia comunitária, essencial para cimentar

os conhecimentos adquiridos ao longo do percurso académico. Em paralelo, um

primeiro contacto massivo com a área de formação proporciona a aquisição de

conhecimentos e competências necessárias para uma transição mais sustentada e

consciente para o mercado do trabalho.

De acordo com o Artigo 75.º da Lei n.º 131/2015, de 4 de setembro, o ato

farmacêutico integra um vasto conjunto de atividades (1). No LMPQFsP, no decurso do

exercício farmacêutico, o contacto com estas atividades ocorreu de forma natural. O

estímulo constante por parte de farmacêuticos experientes aliado à prática diária foram

fatores chave e consolidaram a sua compreensão. Em simultâneo, e na premissa de

uma formação contínua coerente com a profissão, participei em ações formativas.

Adicionalmente, desenvolvi quatro temas em sintonia com as exigências da farmácia.

A disposição das atividades encontra-se abaixo esquematizada.

Cronograma atividades desenvolvidas

Mês Atividade

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

Integração na farmácia Organização da farmácia Verificação de validades Encomendas e aprovisionamento Acompanhamento do atendimento Dispensa e aconselhamento Medição da tensão arterial Apoio ao Armazém logístico Desenvolvimento tema 1 Desenvolvimento tema 2 Desenvolvimento tema 3 Desenvolvimento tema 4

(13)

Parte I

1.

Estrutura e organização do Laboratório Militar de Produtos Químicos e

Farmacêuticos (LMPQF)

Enquadramento histórico do LMPQF

O LMPQF, criado a 16 fevereiro de 1918 segundo o Decreto n.º 3864, é um estabelecimento fabril do exército inicialmente designado por Farmácia Central do Exército(FCE) (2). A necessidade da sua criação foi despoletada aquando da participação lusitana na Primeira Guerra Mundial em Flandres (Bélgica) por forma a sucumbir a falta de apoio farmacêutico organizado e centralizado nas ações sanitárias. Desta forma, a FCE ficou encarregue de assegurar a logística farmacêutica, sobretudo, ao corpo militar (2).

Em 1947, decorrente da reforma dos estabelecimentos fabris do Ministério da Guerra, a FCE viu a sua missão restabelecida e foi-lhe atribuída a designação que ainda hoje contempla, “Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos”, constituindo a primeira indústria farmacêutica em Portugal. A missão do LMPQF focava-se, e passo a citar, na “manipulação e fabrico

de medicamentos e outros produtos químicos necessários ou requeridos pelos serviços de saúde militar e, ainda, o estudo de produtos respeitantes à guerra química e bacteriológica ou contrabater os meios químicos utilizados em tal modalidade de guerra” (3).

Em 1972, o Decreto-Lei n.º 252/72 de 27 de julho, concedeu ao LMPQF “personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira” (4).

Durante a sua história, o LMPQF ostenta inúmeros factos que o enaltecem. O primeiro prende-se com a utilização dos métodos laboratoriais do LMPQF e a sua adoção base na Farmacopeia Portuguesa IV e, desta forma, reconhecer a capacidade técnico-científica dos seus laboratórios de análise (1). Outro facto está inteiramente relacionado com a rápida capacidade de resposta do LMPQF, congratulada anteriormente como pioneira na indústria farmacêutica em Portugal e, atualmente, demonstrada pela sua aptidão nas respostas em situação de crise ou emergência nacional (1). Tomo como exemplos: a preparação do oseltamivir aquando da Gripe A; a produção de medicamentos em situações de suspensão/ausência no mercado nacional; a produção de solução alcoólica desinfetante na recente pandemia COVID-19.

Atualmente, o departamento industrial do LMPQF é responsável pelo fabrico de vários medicamentos, como exemplo a vaselina esterilizada, pomada e pós antimicóticos, solução de clorexidina, metadona e pasta de cocaína, com interesse quer para as Forças Armadas, quer a nível nacional (5). Recentemente, a Lei n.º 33/2018 de 18 de julho, estabeleceu a autorização da produção de “medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis, para fins

medicinais.” por parte do LMPQF (6).

Com o passar dos anos, o LMPQF viu a sua missão redefinida e alargada. No presente, esta assenta fundamentalmente em 4 áreas (1):

Área operacional - confere, essencialmente, apoio logístico de aquisição, produção e distribuição de medicamentos e outro material de consumo sanitário, incluindo dispositivos médicos e reagentes, aos Hospitais Militares, outras unidades e órgãos das FA e ao Serviço Nacional de

(14)

Saúde (SNS); constitui reservas estratégicas em situações de emergência; presta serviços do ramo sanitário, através de análises de água, desinfeções, desinfestações e desratizações.

Área de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID&I) - referência em projetos de interesse nacional, através da produção medicamentos não rentáveis para as indústrias farmacêuticas tais como: derivados do plasma, medicamentos órfãos e alguns fármacos abandonados pela indústria; o projeto mais vanguardista é o Biobanco de Identificação Genética.

Área de formação - através de quadros militares e estágios;

Área assistencial - apoio farmacêutico aos militares, familiares e aos Deficientes das Forças Armadas (DFAs) e estendido a entidades como a Polícia de Segurança Pública e a Guarda Nacional Republicana.

A 6 de agosto de 2019, o Decreto-Lei n.º 102/2019, anuncia o último marco da história do LMPQF, que acabou por interferir na minha passagem pela farmácia: a “fusão do Laboratório Militar

de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF) no Exército, como órgão de apoio a mais de um ramo, retirando-lhe personalidade jurídica.” (7).

A farmácia militar, apesar de sujeita às mesmas regras e aos mesmos regulamentos das Forças Armadas, rege-se pelas BPFC sendo o ato de dispensa farmacêutica transversal às normas e orientações gerais da dispensação, no entanto, passíveis de algumas exceções que pretendo clarificar ao longo da redação deste relatório. A primeira exceção, devido à condicionante de depender hierarquicamente do Ministério da Defesa, e não do Ministério da Saúde, é a limitação no poder de inspeção e licenciamento por parte da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) (6).

Localização e Horário de Funcionamento

O LMPQF apresenta a sua sede em Lisboa e está ramificado em sete sucursais geograficamente distribuídas pelo país e, que passo a enumerar: Sucursal de Lumiar, Olivais (sucursal sede), Oeiras, Santa Margarida, Évora, Coimbra e Sucursal do Porto.

Entre estas, ressalvo particular interesse na Sucursal do Porto, local de realização do meu estágio, situado na Avenida da Boavista, no interior das instalações do Hospital das Forças Armadas - Pólo do Porto. O horário de funcionamento da farmácia militar é: segunda-feira a sexta-feira (exceto feriados) das 8h30-13h00 e das 14h00-16h30. O horário estipulado para os estagiários difere na hora de entrada ao serviço, transitada para as 9h00.

Estrutura física e técnica do LMPQFsP

Respetivamente à estrutura física, as instalações do LMPQFsP encontram-se repartidas por dois pisos. O piso superior é constituído por gabinetes do ramo administrativo, instalações sanitárias e por uma sala de convívio onde são feitas as refeições. Por sua vez, o piso inferior está confinado à farmácia de venda ao público e ao armazém da sucursal, local de armazenamento de produtos farmacêuticos destinados a abastecer as Unidades de Saúde Militares e Santas Casas do País.

O local do meu estágio, a farmácia de venda ao público, esta encontra-se subdividida em diferentes setores: uma sala de espera espaçosa, disposta com várias cadeiras, uma balança para medição da massa corporal e um frigorífico para armazenar os artigos que necessitam dessa

(15)

condição. Este espaço dispõe de um sistema de dispensa de senhas para gerir as filas e promover a organização dos utentes. Adjacente a este espaço está a zona de atendimento, composta por três postos de atendimentos incluindo um prioritário que figuram como uma separação física entre a zona de espera, os expositores e o backoffice da farmácia. Estes expositores, ao abrigo do Código de Publicidade do Decreto-Lei n.º 330/90, de 23 de outubro, contam apenas com Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e incluem: medicamentos sazonais: protetores solares, produtos para a tosse, constipação, febre, consoante a estação; Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC) e suplementos alimentares (8). O backoffice funciona como uma área comum para o armazenamento da maioria dos medicamentos e, inclui Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), MNSRM, suplementos alimentares, dispositivos médicos e outros produtos farmacêuticos. No backoffice ocorre a receção de encomendas, funções administrativas e funciona como o local de interligação entre a estomatologia e fornecedores de material dentário.

Para além disso, a farmácia tem presente uma área de preparação de manipulados, atualmente em desuso, e o Gabinete de Seguimento Farmacoterapêutico, uma sala privada onde ser fornece aconselhamento farmacêutico em situações mais delicadas e, em paralelo, é o local de medição dos parâmetros bioquímicos como tensão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos.

Assim sendo, a farmácia, com um espaço amplo, bastante acessível, cómodo e rigorosamente climatizado, obedece ao mencionado no artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto - “as farmácias devem dispor de instalações adequadas a garantir a segurança, conservação e preparação dos medicamentos”, bem como, “a acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e do respetivo pessoal” (9).

Utilizando como apoio o mesmo decreto lei, relativamente à estrutura técnica da farmácia, cada farmácia “dispõe, pelo menos, de um diretor técnico e de outro farmacêutico”, os quais podem “ser coadjuvados por técnicos de farmácia ou por outro pessoal devidamente habilitado” (9). Posto isto, passo a enumerar quadro farmacêutico da SucPorto: Dr. Paulo Santos (Tenente-Coronel Farmacêutico, Chefe da Sucursal do Porto); Dr.ª Isabel Moreira, Dr.ª Fernanda Marques e Dr.ª Rita Pereira (Diretora técnica) (Farmacêuticas); Manuel Pinto da Costa (Coordenador Técnico); Susana Queirós e Susana Barros (Ajudante Técnicas de Farmácia), Helena Rodrigues, Anabela Gonçalves e Duarte Santos (Assistentes Técnicos), Cármen Cruz e Rosa Pereira (Assistentes Operacionais) e Amílcar Raimundo (Encarregado Operacional).

Fontes de informação

O farmacêutico está num patamar que exige um caráter de obrigatoriedade em deter, relacionar e aplicar uma grande variedade de informação. Surge ainda uma constante necessidade de atualizar a informação que possui nas diferentes áreas em que atua e aumentar a bagagem científica, promovendo informação e conselhos ao doente mais concisos e com boa base científica. Face à infinidade de informação disponível, o acesso a fontes de informação figura como uma prática recorrente deste setor. Estas fontes de informação em saúde devem ser altamente fidedignas e podem estar dispostas quer em formato papel quer em formato digital, cada um deles com as respetivas limitações e, este último, com certas vantagens, quanto à frequência de atualização, à facilidade de acesso e na dinâmica e interatividade ligada à consulta.

(16)

No mesmo seguimento, a farmácia dispõe, em formato papel, de alguns livros de saúde e da área do medicamento, tais como o “Simposium Terapêutico”, o “Prontuário Terapêutico” e o “Índice Nacional Terapêutico”. As exigências do dia a dia na farmácia, fizeram com que o “Prontuário Terapêutico” fosse o livro mais consultado pois, como referi anteriormente, a organização da maioria dos produtos da farmácia obedece à classificação do prontuário terapêutico. Por sua vez, as fontes de informação em saúde de acesso online foram substancialmente mais requeridas que as de formato em papel. Neste ramo, existe uma enorme panóplia de fontes de informação. Para me guiar tomei especial relevo a fontes regulamentares com informação veiculada por entidades regulamentares oficiais, a nível nacional ou europeu: INFARMED e European Medicines Agency (EMA), respetivamente. Na plataforma do INFARMED existe uma grande diversidade de bases de dados que, pelo caráter de recomendação/aplicação obrigatória aliados à constante atualização e rapidez de acesso, apresentam bastante utilidade. São exemplo o Prontuário Terapêutico online, o Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos online, a Farmacopeia Portuguesa e a Plataforma Infomed. Esta última auxilia imenso a profissão farmacêutica pois disponibiliza o acesso a documentos oficiais: Resumo das Características do Medicamento e Folheto Informativo; inclui classificação farmacoterapêutica, classificação quanto à dispensa, taxa de comparticipação e preço de venda ao público (PVP). Para além destas, fontes de informação secundárias (PubMed) e terciárias (Medscape Drug, A-Z Drug Facts (Drugs.com)) também foram pontualmente utilizadas.

Sistema informático

O sistema informático utilizado na SucPorto está devidamente certificado pelas autoridades competentes, é simples, intuitivo e multifuncional. Apesar do sistema informático utilizado não coincidir com os utilizados em aula ("SIFARMA: SIFARMA2000 e Novo Módulo de Atendimento"), as valências aí adquiridas facilitaram a aprendizagem neste sistema.

Este sistema facilita as tarefas diárias, uma vez que apresenta variadas funcionalidades. Esta ferramenta auxilia nos processos de gestão da sucursal e no atendimento ao balcão. Na gestão da sucursal permite fundamentalmente rececionar encomendas e gestão dos stocks, possibilitando efetuar transações entre farmácia comunitária - armazém - farmácia hospitalar. Para além disso, o sistema também elabora sugestão de encomenda sempre que um ou vários artigos atinjam um valor igual ou inferior ao mínimo estabelecido, contudo o farmacêutico responsável possui a decisão em seguir ou rever a sugestão base.

No apoio ao utente, este sistema, promove o bom aconselhamento ao utente através de vários atalhos e dicionário científico que apresenta, como “Ver RCM”, “Ver Ficha do Artigo” - contém informações como localização do artigo, ver se é sujeito ou não a receita médica. Para além disso, uma mais valia, é a possibilidade de criar ficha de utente, permitindo aceder ao seu histórico e, com isso, resolver dúvidas do utente sobre a medicação corrente e detetar possíveis incompatibilidades.

Ao longo de todo o meu estágio mantive sempre um contacto assíduo com as diferentes utilidades deste software. Inicialmente, sobretudo no “backoffice”, manuseava ferramentas mais direcionadas com a organização dos produtos por meio de consulta da localização dos artigos bem como identificação de prazos de validade. Numa fase posterior, no sentido de fortalecer o aconselhamento farmacêutico, este sistema demonstrou, igualmente, muita utilidade.

(17)

2.

Gestão da Farmácia

A gestão da farmácia envolve um conjunto de etapas interligadas e estritamente necessárias por forma a proporcionar prestar prontamente serviços aos utentes dotados de qualidade. Uma gestão correta da farmácia através de uma boa logística permite ainda minimizar custos e auxilia o cumprimento das BPFC. Amplamente relacionado com a gestão da farmácia figura o ciclo do medicamento com foco na gestão do stock farmácia que integra processos de seleção e aquisição de medicamentos, receção e conferência de encomendas, armazenamento dos produtos de acordo com normas e orientações de stockagem, logística e conservação por forma a disponibilizar uma dispensa de medicamentos de qualidade. Do mesmo modo, o processo de devolução de produtos permite assegurar a não acumulação de excedentes. Devido a multiplicidade de etapas é exigido uma gestão da farmácia integrada com todos os colaborados, através do desempenho rigoroso das funções estabelecidas coadjuvadas pelas qualidades do sistema informático.

Seleção e aquisição

O processo de seleção e aquisição de encomendas no LMPQFsP faz parte das funções dos farmacêuticos. É executado naturalmente com recurso ao sistema informático na funcionalidade “Gestão de encomendas”. O mecanismo base para proceder às encomendas resulta da estipulação prévia de stock mínimo e máximo relativo a cada produto de acordo com a exigências da farmácia. A partir daí e por diferença com o stock atual, o sistema informático gera uma sugestão de encomenda que é revista e passível de alterações pelo farmacêutico, auxiliado por gráficos representativos das tendências de cada produto, desenvolvidos pelo sistema. Paralelamente, há a possibilidade de realizar encomendas específicas perante pedidos específicos dos utentes. Estas encomendas são, por norma, realizadas via contacto telefónico direto com o fornecedor ou por via

gadget que está diretamente ligada ao sistema de encomendas.

Todavia, o critério de seleção de produtos avalia as caraterísticas e perfil do utente, aspetos como a sazonalidade, campanhas e promoções. O perfil dos utentes é característico: idosos, ex-militares e, frequentemente, com deficiência (DFAs). Por conseguinte, é perfeitamente normal que ao perfil farmacoterapêutico do idoso, tratamento da hipertensão, de dislipidemias e diabetes estejam também associadas doenças neurológicas e do foro psiquiátrico, provavelmente, consequência do tempo militar. Paralelamente, associado às necessidades dos DFAs, é frequente a seleção e aquisição de dispositivos médicos, produtos de higiene e material ortopédico.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de observar a realização destas encomendas. Adicionalmente, satisfiz o pedido de vários utentes, maioritariamente, através de encomendas via gadget e, por vezes, através do contacto telefónico direto com o fornecedor.

Receção e conferência de encomendas

A receção de encomendas e a respetiva conferência é realizada segundo um critério temporal. Caso a encomenda tenha sido pedida até às 13h00, os produtos chegam à farmácia no período da tarde. Se a encomenda for realizada num horário posterior, apenas será entregue na manhã do dia seguinte. Aquando da conferência procede-se à verificação quantitativa e qualitativa dos produtos pedidos, confirma-se todos os valores monetários presentes na fatura, a taxa de

(18)

Imposto de Valor Acrescentado (IVA), o PVP e o total líquido. Nesta primeira fase, a prioridade de conferência direciona-se aos medicamentos que necessitam de condições especiais de conservação, medicamentos de frio e estupefacientes e psicotrópicos, de modo a manter os requisitos exigidos (9). A fase posterior, consiste em introduzir os produtos requeridos no sistema informático, as respetivas validades e, se necessário, proceder a atualizações do preço, no caso de modificações da margem em produtos sem preço marcado ou se os valores que constam no sistema diferem dos valores dos SPMS, em produtos de preço fixo. Em alguns produtos, nomeadamente não medicamentos, poderá ser necessário imprimir a etiqueta com os itens identificativos do produto (PVP, código de barras e Código Nacional do Produto (CNP)). Isto ocorre, geralmente, em produtos que não tenham códigos de barras ou que tenham mais do que um.

No decorrer do meu estágio, contactei inúmeras vezes com os procedimentos acima descritos que, juntamente com o armazenamento, foram essenciais no contacto primordial com os medicamentos e no processo de assimilação de nomes comerciais.

Armazenamento

Finda a etapa de receção de encomendas prossegue-se ao armazenamento das mesmas. A prioridade de armazenamento destina-se aos medicamentos que necessitam de condições especiais de conservação, medicamentos de frio, armazenados no frigorífico à temperatura de 2 a 8°C, e estupefacientes e psicotrópicos, armazenados no cofre com acesso restringido aos farmacêuticos (10). O aspeto seguinte a considerar prende-se com as reservas previamente efetuadas e, portanto, com o respetivo armazenamento no local destinado para o efeito.

De seguida, os artigos que não necessitam de condições especiais de conservação têm critérios diferentes de armazenamento. Em primeiro plano, os medicamentos, acondicionados de acordo com a conjugação de diferentes critérios, como classificação quanto à dispensa e via de administração e forma farmacêutica. Paralelamente estão organizados segundo a classificação do “Prontuário Terapêutico Nacional” e de acordo com a norma FEFO (First expired, First out) por forma a permitir uma melhor gestão do stock da sucursal. Os restantes produtos, suplementos alimentares, cosméticos e produtos de higiene corporal e dispositivos médicos, são organizados de forma menos estratificada. Dependendo do produto são acondicionados por critérios como marca, laboratório, ordem alfabética e tamanho da embalagem.

Com o intuito de conferir a veracidade dos stocks informáticos é realizada, mensalmente, uma conferência de todos os produtos em stock. Ocorre ainda uma gestão das validades para que produtos com prazo de validade menor ou igual a 2 meses sejam destacados para as prateleiras direcionadas a escoamento rápido através de desconto adicional. Exceção para os MSRM, que são colocados de lado, em local não exposto, para que possamos alertar o doente, no caso da venda do medicamento, do prazo de validade curto e para que no caso de não serem vendidos, sejam devolvidos ao fornecedor no primeiro dia útil do mês do término da validade.

No âmbito da armazenagem, os critérios de armazenamento e, em particular a organização segundo o prontuário terapêutico, são uma mais valia para consolidar, assimilar e associar o nome comercial ao princípio ativo e à respetiva classe farmacoterapêutica. Na fase inicial de atendimento, por vezes tinha dúvidas sobre qual seria o objetivo terapêutico de um determinado medicamento,

(19)

porém quando me dirigia à estante para resgatar o medicamento, rapidamente o identificava. Esta organização aliada ao contacto de diário com estes produtos, por intermédio de armazenamento de encomendas, verificação do stock e gestão das validades, facilitou, sem dúvida, o processo de aprendizagem e adaptação aos diversos medicamentos.

Dispensa

O ato de dispensa farmacêutica culmina todas as etapas escondidas no ciclo do medicamento. A fim de proporcionar uma dispensa de qualidade, o farmacêutico deve apoiar-se em boas fontes e munir-se de ferramentas úteis para um aconselhamento de qualidade. No mesmo seguimento, durante esta etapa na comunicação farmacêutico – utente, o primeiro deve ser capaz de identificar e mitigar possíveis incompatibilidades, promover a saúde e a farmacovigilância ao utente (9). Esta etapa é a essência do ato farmacêutico e a que confere visibilidade à profissão.

Na concretização do meu estágio e decorridas 3 semanas comecei a observar e a auxiliar o pessoal técnico da farmácia durante o ato de atendimento e dispensa de medicamentos. Durante esse período procurei esclarecer todas as dúvidas e interiorizar o procedimento necessário para realizar a dispensa de forma autónoma. Recordo que a grande maioria das dúvidas se prendiam com as receitas, principalmente com as receitas manuais e, particularmente sobre os itens que deveriam obrigatoriamente figurar para, mais tarde, a receita ser validada. Na semana seguinte, a orientadora de estágio incentivou-me a inverter os papéis, e passei a ter o papel ativo no momento de atendimento e dispensa, inicialmente coadjuvado pelo pessoal técnico da farmácia e, mais tarde, de forma autónoma. Sempre que suscitavam dúvidas ou não me sentisse devidamente qualificado para promover um aconselhamento farmacológico digno, solicitava auxílio às farmacêuticas e era prontamente correspondido. Com o tempo, descobri funcionalidades úteis do sistema informático que permitiram responder mais rapidamente a questões colocadas pelos utentes. A prática ajudou-me a colmatar falhas, ganhar confiança e, principalajudou-mente, despoletou em mim a utilidade e o papel importante do farmacêutico na sociedade.

Apercebi-me do quão importante e difícil é passar a mensagem que pretendemos. Por forma a promover o uso racional do medicamento é imperativo transmitir toda a informação pertinente. Uma forma simples de o promover reside em escrever a posologia nas embalagens dos medicamentos. Durante o meu estágio verifiquei que esta pequena ação torna os utentes mais seguros e promove a empatia com o utente.

No decurso do estágio estimulei, junto aos utentes, a preferência por medicamentos genéricos ao evidenciar a mesma qualidade, segurança e eficácia que o original e benefícios económicos a título individual e para o país.

Receitas

Neste momento, coexistem 2 tipos de prescrição: Prescrição Manual (PM), efetuada em documento pré-impresso e Prescrição por meios eletrónicos. Enquanto não for possível a total desmaterialização da prescrição, coexistirão 2 formas: Prescrição Eletrónica Materializada (PEM) na qual a prescrição é impressa; Prescrição Eletrónica Desmaterializada (PED) ou receita sem papel, acessível por equipamentos eletrónicos (11).

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Independentemente do tipo de prescrição, é de carater obrigatório constar na receita os seguintes campos: numeração da receita; identificação do médico prescritor; local de prescrição; dados do utente; entidade financeira responsável; identificação do medicamento (11). No que concerne à identificação do medicamento na prescrição eletrónica, esta é feita pela denominação comum internacional (DCI), podendo ser prescrito pela denominação comercial nas seguintes situações: “a) Prescrição de medicamento com substância ativa para a qual não exista medicamento genérico similar comparticipado ou para o qual só exista original de marca e licenças; b) Medicamentos que, por razões de propriedade industrial, apenas podem ser prescritos para determinadas indicações terapêuticas; c) Justificação técnica do prescritor quanto à insusceptibilidade de substituição do medicamento prescrito.”(11).Para além destes campos é ainda necessário constar: forma farmacêutica, dosagem, tamanho da embalagem, quantidade de embalagens, posologia (carácter opcional), Código Nacional da Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), comparticipações especiais, data da prescrição, validade da prescrição e ainda têm de conter logótipo “SNS - Serviço Nacional de Saúde - 40 Anos” (12). A posterior validação, apenas será aceite se constarem todos estes campos.

Apesar do despacho n.º 2935-B/2016 referir que “é obrigatória a prescrição exclusiva através de receita eletrónica desmaterializada a partir de 1 de abril de 2016, em todo o SNS.”, por forma a dotar a prescrição mais autêntica, segura, fiável e promovendo praticas com sustentabilidade ambiental, ainda não foi possível a total desmaterialização da prescrição (13,14). Esta tipologia de receita tem ainda a vantagem de, na mesma prescrição, permitir prescrever diferentes tipos de linhas de prescrição e tratar cada linha individualmente, podendo constar num único receituário fármacos comparticipados e não comparticipados (10,13). Outra vantagem reside na possibilidade de o utente proceder ao levantamento da sua medicação de forma única ou gradual e até em farmácias diferentes (10,13). Relativamente à validade, este tipo de receita tem validade de 30 dias, exceto caso se trate de uma receita renovável com linhas de tratamento prolongado em que a validade se estende para 6 meses (10,13). O prazo de validade para as PM é de 30 dias e não podem ser renováveis. Já as PEM podem ser renováveis em tratamentos de longa duração, se emitidas em 3 vias separadas e têm validade de 6 meses. Em tratamentos não prolongados são não renováveis, emitidas numa única via e com validade de 30 dias (10,13).

Contudo, têm sido denotados vários esforços para atingir uma supremacia das PED em detrimento das PM e das PEM. Relativamente às duas últimas, a legislação portuguesa tem restringido ao máximo a sua utilização. De acordo com a portaria n.º 390/2019 de 29 de outubro de 2019, à semelhança com as PM, as PEM poderão continuar a existir, apenas em “situações de falência do sistema informático, de indisponibilidade da prescrição através de dispositivos móveis, ou nas situações de prescrição em que o utente não tenha a possibilidade de receber a prescrição desmaterializada ou de a materializar.”(15). É notória a intenção de acabar com este receituário, pois exceções como consultas ao domicílio ou inadaptação do prescritor já foram retiradas.

Durante o meu estágio contactei com todas as prescrições. De facto, as PED diminuem a margem de erro e mostram-se superiores às restantes em todos os aspetos e, por isso, estou de acordo com todas as pressões políticas no sentido de desmaterializar as prescrições.

(21)

Sistemas de comparticipação

A comparticipação dos medicamentos representa uma parcela significativa na despesa pública em saúde de do estado português (16). Esta forte contribuição permite a equidade no acesso aos medicamentos e garante a sustentabilidade do SNS.

O Decreto-Lei n. º48-A/2010, de 13 de maio promulga a comparticipação de medicamentos através de dois regimes: um regime geral e um regime especial aplicado em função dos rendimentos dos beneficiários, onde se incluem os pensionistas, e/ou em função das patologias ou grupos especiais de utentes, disponibilizadas na plataforma INFARMED com referência à respetiva comparticipação e legislação (17,18).

A comparticipação do Estado referente ao regime geral de comparticipação do preço dos medicamentos é subdividida em 4 escalões (Tabela I), que variam consoante a indicação terapêutica do medicamento prescrito (19).

Tabela I - Escalões de comparticipação

A B C D

90% 69% 37% 15%

No que concerne aos subsistemas de saúde, no LMPQF apenas são aceiteis beneficiários dos subsistemas da Assistência na Doença aos Militares (ADM), que engloba Assistência na Doença aos Militares da Guarda (ADMG) e Polícia de Segurança Pública (SAD/PSP). Desta forma, os serviços farmacêuticos do LMPQFsP forneciam apoio farmacêutico exclusivo aos militares, ex-militares, aos seus familiares e ainda, aos DFAs que beneficiam de um regime de comparticipação excecional previsto na Portaria n.º 1034/2009, de 11 de setembro (20).

Validação

A validação da prescrição médica, ao nível dos MSRM, é essencial para garantir a sustentabilidade da farmácia. Apenas prescrições corretamente validadas serão comparticipadas. Assim, uma prescrição é válida quando conforme com a legislação e tem presente todos os campo inumerados no ponto 2.4.1.. Portanto, perante uma prescrição, o farmacêutico é responsável pela análise crítica a nível clínico e pela verificação da conformidade dos termos legais de prescrição.

Durante o meu estágio, a inconformidade mais comum prendia-se com não mencionar a Portaria n.º 1034/2009 nas PM e PEM, de menção obrigatória para os DFAs, no caso de dispositivos médicos, suplementos alimentares, PCHC e de apoio, comparticipados a 100% para estes doentes desde que prescritos e dispensados numa instituição militar. Neste caso específico, outro erro pontual residia no facto de medicamentos e estes produtos constarem na mesma prescrição, o que não é permitido para haver comparticipação pela ADM. Contudo, o facto de a farmácia estar inserida no hospital militar facilita estes constrangimentos, uma vez que num espaço curto de tempo estes problemas são resolvidos dada a proximidade entre todos os serviços.

Do mesmo modo, a aposição da vinheta médica nas PM era esquecida. É importante ter conhecimento dos possíveis erros que as receitas contêm, por forma a detetá-los atempadamente e resolver o problema em tempo útil. As receitas eletrónicas ou PED colmatam estes erros frequentes, pelo que devem ser direcionados todos os esforços para desmaterializar as prescrições.

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Conferência e entrega

A despeito da conferência e entrega do receituário, estas etapas compreendam a conferência do receituário, a organização final da faturação e a posterior entrega com vista à respetiva comparticipação por parte das entidades competentes.

A conferência é necessária nas PM e nas PEM, com o propósito da deteção de possíveis erros humanos durante o momento da dispensa de medicamentos. A frequência de conferência é diária a fim de detetar os erros precocemente e ser possível o contacto atempado com o utente e retificar o erro. No ato da dispensa de MSRM comparticipados, na PM e PEM, é imperativo imprimir o comprovativo de faturação, realizado no verso. Neste constam informações como a identificação do LMPQFsP, a data da dispensa, informações relativas ao utente e aos medicamentos dispensados bem como o exercer do direito de opção. Dispõe, ainda, do organismo de comparticipação (21).Adicionalmente, o utente tem que assinar o comprovativo, como prova de levantamento dos medicamentos (19). No caso de o utente beneficiar simultaneamente da comparticipação do SNS e da ADM, procede-se à fotocópia do comprovativo e direciona-se a original para o centro de conferência do SNS e a fotocópia para o Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA), responsável pela comparticipação da ADM.

A entrega do receituário ocorre de acordo com as regras estabelecidas no “Manual de Relacionamento das Farmácias com o Centro de Conferência de Faturas do SNS” (22). Assim, as PM e PEM são organizadas por entidades e lotes de 30 receitas. Por sua vez, as PED são igualmente organizadas por entidades, no entanto não apresentam limite por lote. No “fecho de mês” é efetuada a impressão dos verbetes de identificação de cada lote e são emitidas as faturas a fim de serem enviados para a sede do LMPQF, em Lisboa. A sede, consequentemente, envia estas receitas às respetivas entidades (Centro de Conferência do SNS e IASFA) para que o LMPQF seja reembolsado da respetiva comparticipação.

Inicialmente no atendimento ao balcão era complicado interligar os diferentes modos de atuação na faturação consoante os dois diferentes regimes de comparticipação abrangidos pela farmácia. O acompanhamento da conferência e entrega do receituário permitiu esse esclarecimento e melhorar o modo de ação ao balcão.

Devolução de produtos

Perante algum erro de faturação, pedido por engano ou faturação de um produto não pedido, ante a retirada de produtos do mercado pelo INFARMED ou pelo detentor de autorização de introdução de mercado (AIM), diante da receção de produtos danificados bem como com período de validade curto, procede-se à devolução do produto ao fornecedor. Posto isto, associa-se o produto à fatura em questão, descreve-se o motivo da devolução, confere-se as quantidades e o PVP e procede-se à emissão da nota de devolução. O débito do produto pode ser troca pelo mesmo produto, através de um crédito para utilizar à posteriori ou devolução do valor.

Durante o meu estágio, vivenciei este processo em várias ocasiões e pelos distintos motivos, com exceção da faturação de um produto não pedido. Destaco a retirada em massa das embalagens do medicamento levotiroxina Eutirox™ perante a substituição gradual da fórmula antiga pela nova.

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3.

Caracterização dos produtos existentes no LMPQFsP

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM)

Um medicamento de uso humano é sujeito a receita médica quando este acarreta risco direto ou indireto para a saúde (23), por isso, necessitam de maior vigilância e acompanhamento farmacoterapêutico. Dentro desta categoria, quanto ao tipo de prescrição, esta pode ser de receita médica: não renovável (antibióticos); renovável (tratamentos crónicos); especial (estupefacientes e psicotrópicos) e restrita, de uso reservado a meios específicos (doentes em regime de ambulatório) (22).Esta tipologia medicamentosa é de venda exclusiva em farmácias e apresenta PVP fixo.

Medicamentos genéricos

O medicamento genérico “é um medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados” (24). A sua comercialização inicia-se após período de proteção de patente do produto de referência terminar e identificam-se “pelo seu nome, seguido da dosagem, da forma farmacêutica e da sigla «MG», que devem constar do seu acondicionamento secundário” (22).

De acordo com a legislação em vigor, as farmácias devem dispor de, pelo menos, três dos cincos medicamentos genéricos com preço mais baixo do mesmo grupo homogéneo ou CNPEM (22). Os medicamentos genéricos são essenciais para garantir a sustentabilidade do SNS. Por forma a estimular a preferência por genéricos, o Estado compensa as farmácias no valor de 0,35 cêntimos por cada unidade de medicamento genérico vendido, caso este corresponda a um dos quatro mais baratos existentes no mercado (25). O LMPQF, contudo, não recebe estes incentivos.

No decurso do estágio, foi possível observar o paradigma e o estigma que envolve os genéricos. As pessoas afirmam não tomar genéricos derivado ao receio de prejudicarem a saúde. Denotei também que os utentes mais familiarizados com a temática dos genéricos não hesitam na sua escolha. Uma vez que muitos dos utentes não estão perfeitamente consciencializados com o papel dos genéricos estimulei a sua preferência evidenciando a mesma qualidade, segurança e eficácia que o medicamento de referência e alertei para os benefícios económicos a título individual e, particularmente, para o SNS.

Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos são MSRM capazes de induzir tolerância e dependência física e psíquica. Portanto, é necessário seguir procedimentos rigorosos e medidas de controlo apertadas em conformidade com a legislação em vigor (26). De acordo com esta, a requisição, armazenamento e dispensa destes medicamentos está sujeita a um regime diferente.

Desta forma, o circuito destes medicamentos inicia com o pedido do produto pelo farmacêutico. Ao pedir diretamente à marca é necessário preencher o anexo VII (original e duplicado), no entanto, quando se pede ao armazenista não é feito; de seguida a receção é acompanhada pelo original do pedido que é arquivado num dossier (no mínimo por um período de três anos); o medicamento é armazenado, obrigatoriamente, no cofre; aquando da dispensa é necessário inserir informaticamente um conjunto de requisitos: a identificação do doente ou

(24)

representante legal e do médico, número da prescrição, identificação da farmácia, data da dispensa e nome do medicamento a dispensar (26). Por fim arquiva-se o impresso que detém as informações da dispensa e a assinatura do utente, durante três anos (27).

Durante o estágio, procedi à dispensa destes medicamentos e ainda surgiu a oportunidade de contactar e preencher os campos permitidos do anexo VII, conforme ilustrado no Anexo A.I.

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)

Ao contrário do descrito no ponto 3.1., estes medicamentos não necessitam de um acompanhamento tão rigoroso no que respeita à farmacovigilância. São não comparticipados, o PVP estabelece-se aplicando a margem da farmácia sobre o preço de venda à farmácia. Excetuando os MNSRM-EF, além de dispensados na farmácia, os MNSRM são de igual modo dispensados em locais de venda livre autorizados (22).

Perante a deteção de um uso incorreto destes medicamentos, como futuro farmacêutico tive a oportunidade de intervir, alertando para os eventuais efeitos secundários, o que permitiu transmitir um maior conhecimento ao doente, sensibilizando para os potencias perigos inerentes à automedicação. Um exemplo concreto foi ilustrado por um utente que fazia uma toma recorrente de Vibrocil®, contudo, o uso excessivo pode induzir taquifilaxia e conduzir a congestão nasal por efeito “rebound” (28). A intervenção foi nesse sentido, alertar o utente de que o uso prolongado pode ter efeito contrário ou até a congestão que tinha no momento seria já a consequência.

Medicamentos e Produtos Veterinários

Esta classe de medicamentos não possui stock fixo na farmácia, contudo foram pretendidos por vários utentes e, consequentemente encomendados e disponibilizados. Ainda assim, esta é uma área que necessita de um acompanhamento criterioso e informativo do farmacêutico de modo a garantir uma correta manipulação dos fármacos, por parte dos tutores de animais, a este fim destinado.

Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC)

Os PCHC definem-se como “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em

contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais” (29).

No início do meu estágio, o conhecimento acerca desta área era muito diminuto e residia apenas no reconhecimento das diferentes preparações farmacêuticas e as respetivas indicações, contudo não me sentia confortável e com formação suficiente para ser capaz de promover um aconselhamento criterioso e com qualidade. Deste modo, e reconhecendo que é uma área bastante solicitada nas farmácias recorri à leitura dos diversos catálogos presentes na farmácia e na internet. Paralelamente decidi desenvolver dois dos temas de estudo nesta área, relativamente à saúde oral, higiene diária e cuidados especiais e ainda um Website relativo à exposição e proteção solar. Fruto disso, atualmente, sinto-me melhor preparado.

(25)

Dispositivos Médicos

Um dispositivo médico é um “instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo (...) cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja totalmente alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos (...), sendo usado para fins que vão desde diagnóstico, prevenção e atenuação de uma doença, lesão ou deficiência, substituição e alteração da anatomia ou de um processo fisiológico até controlo da conceção.” (30).

No contexto de farmácia comunitária, estão descritos na plataforma INFARMED, um vasto número de dispositivos médicos passíveis de dispensa em farmácia (31).Porém, o perfil dos utentes da farmácia apela à existência de material ortopédico, de penso, coletores de urina, fraldas e material dentário (implantes e próteses dentárias). Convém referir que a farmácia militar presta serviços de intermediação de dispositivos médicos, vulgarmente não comercializados em farmácia comunitária, como próteses de diferentes tipologias, óculos graduados, entre outros, de aquisição mais complexa para os utentes da farmácia e, particularmente, para os DFAs.

Neste âmbito, no LMPQFsP, a classe dos dispositivos médicos perfaz um grande volume de vendas devido, em grande parte, aos DFAs que os adquirem sem encargos.

No início do estágio senti algumas dificuldades, mas com o decorrer do mesmo fui aprimorando esta área fruto, em grande parte, do apoio dado ao armazém do LMPQFsP que abastece as Santas Casa da Misericórdia e as Unidade Militares do país com medicamentos e dispositivos. Este contacto próximo tornou-se enriquecedor.

Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares são definidos como “géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico” (32).

Estes, em contexto de venda em farmácia, têm obrigatoriamente de apresentar um CNP, no entanto, diferenciam-se dos medicamentos vendidos na farmácia na medida em que são considerados apenas géneros alimentícios, como o supracitado, sendo regulados pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) através do estabelecimento da “definição, execução e avaliação das políticas de saúde de segurança alimentar”, com a fiscalização ao encargo da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) (33).

Durante o meu estágio, e novamente associado ao perfil dos utentes, verifiquei que os suplementos mais procurados destinavam-se a melhorar o desempenho da função cognitiva e cardiovascular, a combater o cansaço, fadiga e, ainda, as carências nutricionais.

Serviços farmacêuticos prestados

Como mencionado anteriormente, a farmácia dispõe de um gabinete de Seguimento Farmacoterapêutico onde se efetuam medições dos diversos parâmetros bioquímicos como tensão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos. No período anterior à pandemia COVID -19, a medição da tensão arterial foi o parâmetro que mais avaliei. Desde então, esses serviços estiveram encerrados aos utentes. Alem disso, efetua um serviço de intermediação entre a estomatologia e o protésico, para a elaboração de todo o tipo de próteses dentárias

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Adicionalmente, a farmácia presta um serviço do foro ambiental na “consciencialização para a especificidade do medicamento enquanto resíduo”, através da Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos, VALORMED® (34).

Formação contínua

No exercício de qualquer função profissional é notável a necessidade de uma formação contínua. Na área da saúde estas exigências aumentam face à constante atualização e à inconstância da informação. No decurso da atividade farmacêutica é essencial que o farmacêutico se mantenha informado a nível científico, ético e deontológico, de modo a assegurar uma prática profissional de qualidade. Nesse sentido, a participação em ferramentas de partilha de informação, como formações, cursos, webinares, congressos ou seminários, ganha relevância e permite atualizar-se face às novas descobertas e inovações e, ainda, cimentar conhecimentos já adquiridos.

A passagem pelo LMPQFsP, só por si, foi grandiosa e gratificante na obtenção de novos conhecimentos. A passagem de conhecimento ocorreu a vários níveis. Inicialmente, o constante embate com os produtos existentes na farmácia, durante a verificação dos stocks, gestão das validades, receção e aprovisionamento de encomendas permitiu que a informação fluísse naturalmente. Numa segunda fase, o contacto crescente com o atendimento e, consequente, o contacto intrínseco com os utentes despoletaram a necessidade de procurar mais informação, de forma inteligente, rápida e pronta, por forma a esclarecer potencias dúvidas e questões colocadas. De igual modo, houve a necessidade de expandir as áreas de conhecimento e em cada área conhecer as particularidades diferenciadoras de cada produto. A experiência de toda a equipa do LMPQFsP e, particularmente das farmacêuticas, foi, certamente, uma mais valia neste ponto. A partilha de conhecimento, a tranquilidade e a prontidão com que o fizeram permitiram solucionar dúvidas, aumentar o aporte científico e adotar medidas e procedimentos mais corretos.

Concomitantemente, face à iminência de não estar devidamente informado, a procura informação era recorrente. Aliada à pesquisa autónoma, marquei presença em cursos e formações online, e, em webinares, nomeadamente:

• PharmaNord:

o Sistema Imunitário: Selénio e Vitamina D, dia 04-06-2020, 18h00 – 19h00; [Anexo A. II] o Nutrientes para manter as articulações saudáveis, dia 16-06-2020, 18h00 – 19h00; • Cooprofar:

o A importância da vacinação ao longo da vida, dia 07-06-2020, 21h00 – 22h00;

• Pharmacy academy: encontro-me a frequentar os “Cursos Online Servier da Pharmacy Academy” através das credenciais fornecidas à farmácia e a mim disponibilizadas, sobre diversas temáticas tal como evidencia o Anexo A.III.

De salientar que por força da Pandemia COVID-19, as formações presenciais na área da dermocosmética, em que estava já inscrito [Anexo A. IV], foram canceladas.

(27)

PARTE II

TEMA A – LITERACIA EM SAÚDE

Âmbito

No decurso do meu estágio apercebi-me da importância da transmissão de informação científica ao utente devido ao perfil de utente da farmácia, maioritariamente idoso, que, de uma forma geral, não tem acesso a outra fonte científica e fidedigna. Esta transmissão ganha ainda mais relevância pela tendência à polimedicação característica desta faixa etária.

Este tema torna-se ainda mais pertinente devido ao tempo disponível no atendimento de cada utente, que conjuga a disponibilidade temporal caraterística desta faixa etária e afluência moderada na farmácia, e, sobretudo, graças à boa relação entre o binómio Farmacêutico-Utente. Em suma, o facto de se tratar de uma farmácia pública, afasta em certa medida o mediatismo de pressões publicitárias e promocionais permitindo assim, agir de acordo com o Código Deontológico do Farmacêutico.

Objetivo e métodos

Assim sendo, os objetivos passaram por elucidar a equipa do LMPQFsP sobre esta problemática, reconhecer o papel preponderante do farmacêutico na sociedade atual e neste tema, e no que remete à comunicação com o utente na farmácia comunitária, identificar as principais barreiras e dificuldades bem como apresentar métodos e ferramentas para as ultrapassar. Assim, conciliando os objetivos, substancialmente mais virados para a vertente do papel do farmacêutico enquanto profissional de saúde e à instrução do mesmo nas medidas a adotar para desempenhar um papel ativo promotor de saúde e de literacia em saúde (LS), e, ciente do papel que ocuparei na sociedade, da importância do ato farmacêutico, do impacto deste desafio, do sentido de fazer parte deste movimento e perante o aval positivo da orientadora de estágio, decidi, através de uma

formação interna, transparecer o ponto de situação e o impacto da LS no contexto nacional. Para

isso reuni toda a informação pertinente e, através de suporte Powerpoint [Anexo B.I], transmiti o conhecimento adquirido à equipa da farmácia, como ferramenta de auxílio e de promoção de saúde aquando do acompanhamento e aconselhamento ao balcão.

Enquadramento teórico

O tema LS, está atualmente muito em voga, no entanto a génese do conceito surgiu pela primeira vez na literatura científica em 1974 no artigo “Health education as social policy” (35), direcionado à educação para a saúde no foro educacional, ligado às escolas e ao sistema educativo. O conceito foi evoluindo até que, em 1998, a Organização Mundial de Saúde (OMS) marcou a sua posição relativamente a esta temática e definiu LS como o conjunto de “competências cognitivas e sociais e a capacidade da pessoa para aceder, compreender e utilizar informação por forma a promover e a manter uma boa saúde” (36). Atualmente tem-se verificado que a falta de LS apresenta um paralelismo com literacia geral baixa, nível de conhecimentos sobre saúde reduzidos com impacto negativo no sistema de saúde.

(28)

Impacto no sistema de saúde

A evidencia científica diz-nos, por intermédio de vários estudos (37–39), que níveis inadequados de LS se traduzem em piores condições de saúde, nomeadamente fruto de situações evitáveis, doenças crónicas não transmissíveis como hipertensão, diabetes, obesidade. Para além disso, pessoas com baixos níveis de LS são mais propensas a adotar comportamentos de risco (sedentarismo, exposição exagerada ao sol, consumo de álcool e tabaco). Por conseguinte, estas pessoas estão associadas a maiores taxas de mortalidade e morbilidade. Igualmente preocupante é o uso deficiente dos serviços de saúde que resulta em gastos desnecessários. Este desequilíbrio na balança é traduzido pela menor utilização de cuidados preventivos, como exames de rotina, rastreios, e menor taxa de vacinação. Fatores estes que, posteriormente, se manifestam em maiores taxas de hospitalizações e recurso às urgências hospitalares.

Em Portugal, a implicação da LS na gestão de recursos e redução de gastos adicionais em saúde não está estudada. No entanto, identificando a diabetes, cancro e doenças cardiovasculares como as condições mais prevalentes e dispendiosas no sistema de saúde e, uma vez relacionadas com fatores de risco modificáveis, a LS revela um papel preponderante na prevenção, eficácia dos cuidados de saúde e, por sua vez, na redução dos custos em saúde (40). É, portanto, um tema essencial para a sustentabilidade do SNS e de caráter prioritário na política nacional.

Literacia em Saúde em Portugal

Por forma a aferir o estado da LS em Portugal retirei dados dos três estudos realizados até ao momento (41–43). Todos eles foram desenvolvidos em concordância com o Inquérito do Europeu à LS (HLS-EU — European Health Literacy Survey), por forma a conhecer os nível de LS em Portugal, comparar com os resultados publicados pelo consórcio europeu para a LS, “European

Health Literacy Project Consortium (HLS-EU Consortium)” (44), identificar as limitações e barreiras

e, através destas, direcionar recursos no sentido da sua melhoria.

O gráfico 1 expõe o resultado dos 3 inquéritos realizados em Portugal e a comparação com os resultados do relatório HLS-EU (44). A análise comparativa dos estudos publicados em Portugal mostra a existência de 2 estudos concordantes, contudo o estudo não concordante é o que apresenta uma amostra maior. No cômputo geral dos 3 estudos, os valores de LS reduzida (soma de LS problemática e LS inadequada) são maiores comparativamente aos que figuram no relatório HLS-EU.

Gráfico 1 - Nível de literacia para a saúde geral (%), em 3 estudos portugueses e comparação com HLS-EU (sem PT). (Extraído de (39))

Referências

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