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Desenvolvimento de formulações cosméticas contendo óleos vegetais para proteção e reparação capilar

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DE RIBEIRÃO PRETO. Desenvolvimento de formulações cosméticas contendo óleos vegetais para a proteção e reparação capilar. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas para obtenção do Título de Mestre em Ciências Área de Concentração: Medicamentos e Cosméticos Orientada: Lidiane Advíncula de Araújo Orientadora: Prof.a Dr.a Patrícia M. B. G. Maia Campos. Versão Corrigida da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Ciências Farmacêuticas em 23/04/2015. A versão original encontra-se disponível na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto/USP.. Ribeirão Preto 2015.

(2) AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.. Araújo, Lidiane Advíncula Desenvolvimento de formulações cosméticas contendo óleos vegetais para a proteção e reparação capilar. Ribeirão Preto, 2015. 90 p.; 30cm.. Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto/USP – Área de concentração: Medicamentos e Cosméticos. Orientadora: Maia Campos, Patrícia Maria Berardo Gonçalves 1. Cabelo 2. Formulações cosméticas. 3. Óleos vegetais. 4. Radiação solar 5. Alisamento Químico.

(3) FOLHA DE APROVAÇÃO. Lidiane Advíncula de Araújo Desenvolvimento de formulações cosméticas contendo óleos vegetais para a proteção e reparação capilar. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas para obtenção do Título de Mestre em Ciências Área de Concentração:Medicamentos Cosméticos. e. Orientadora: : Prof.a Dr.a Patrícia M. B. G. Maia Campos. Aprovada em: Banca Examinadora. Prof. Dr. ____________________________________________________________ Instituição: _____________________________ Assinatura:____________________. Prof. Dr. ____________________________________________________________ Instituição: _____________________________ Assinatura:____________________. Prof. Dr. ____________________________________________________________ Instituição: _____________________________ Assinatura:____________________.

(4) Dedicatória. Aos meus pais, Antônio e Lúcia, pelo apoio e amor de sempre, e por serem meus eternos exemplos.. Aos meus irmãos, Ludmilla e Antônio, pela presença fundamental em todas as etapas da minha vida..

(5) Agradecimentos A Deus, por sempre me iluminar e dar forças para conseguir cumprir os meus objetivos. A minha orientadora, Prof.a Dr.a Patrícia Maia Campos, pela oportunidade da realização do mestrado, pela orientação e por ter me ensinado muito além do que o relacionado ao meu projeto. Ao Professor Gilberto Úbida por gentilmente ter me permitido utilizar o Simulador Solar, e ao técnico Fernando Grine, pela cordial ajuda na utilização desse equipamento. Ao Professor Oswaldo de Freitas por ter me cedido seu laboratório para utilização do Texturômetro, e ao Hugo Favacho pela disponibilidade de sempre em me auxiliar. Ao Professor Pedro Rocha-Filho por gentilmente me permitir utilizar o equipamento Chromameter. Ao técnico Rodrigo Silva pela atenção e disponibilidade de sempre para a realização das análises do MEV. À tecnica Ieda Prado, pela essencial ajuda nas análises de Fluorescência. Às Professoras Maria José Fonseca, Maria Valéria Velasco e Juliana Marchetti pelas valiosas sugestões no meu exame de qualificação. Ao técnico do laboratório, Luiz Fernando, pela sua colaboração. Às pós-graduandas do NEATEC, Carla, Daiane, Lívia, Marina e Wanessa, pelos ótimos momentos de descontração e conversas sempre produtivas. Às alunas de iniciação científica, Flávia, Marcella, Stefânia e Gabriela, presentes desde o início do desenvolvimento do meu projeto e à toda equipe NEATEC. À Tais Wagemaker, pela inestimável ajuda e amizade, essenciais para que eu finalizasse meu projeto. A Mariana, Jirrah, Raquel, Tulio e Flávio por toda ajuda nas etapas iniciais do desenvolvimento do meu projeto e na adaptação em Ribeirão Preto. A Karini Costa e Natália Gonçalves pela amizade e apoio. Vou sempre me lembrar de vocês. Aos amigos da pós-graduação..

(6) Às minhas amigas, Layla, Lilian, Thays, Ana Paula, Adriane, Camila, Carol e Isadora, que, como em todas as etapas da minha vida, aqui também foram essenciais. Às minha primas, Natália, Thais e Thiela pelo apoio de sempre. Ao meu namorado, Eduardo Barreira, pelo apoio e companherismo de sempre, fazendo com que tudo se tornasse mais leve. A todos os familiares e amigos que, de alguma forma, participaram deste momento e torceram por mim.. Muito Obrigada!.

(7) “A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem” João Guimarães Rosa.

(8) i. RESUMO. ARAÚJO, L.A. Desenvolvimento de formulações cosméticas contendo óleos vegetais para a proteção e reparação capilar. 2015. 90f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015.. A fibra capilar está exposta a danos diários, como radiação solar, poluição, ato de pentear, higienização e fatores endógenos, além de tratamentos químicos, com o alisamento capilar. Assim, os produtos cosméticos possuem grande importância, uma vez que são desenvolvidos de forma a restaurar a fibra capilar danificada, que é mais porosa e hidrofílica, e proteger os cabelos de danos futuros. Os óleos vegetais destacam-se como importantes constituintes de produtos cosméticos, seguindo uma tendência mundial de incorporar ingredientes naturais em formulações para cuidados da pele e cabelos. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi desenvolver formulações cosméticas contendo óleos vegetais para a proteção e reparação capilar. Para tal, foram selecionados os óleos vegetais de abacate, argan e moringa, e desenvolvidas formulações contendo os óleos isolados ou associados, para aplicação em cabelos submetidos ao alisamento químico. Além disso, na etapa de pré-tratamento, foi incorporado um filtro solar às formulações. Em seguida, foi feito um direcionamento racional da escolha da formulação com maior potencial para ser utilizada nas etapas posteriores, usando a análise sensorial em mechas de cabelo e avaliação das propriedades mecânicas do fio. A formulação contendo a associação dos 3 óleos vegetais foi selecionada e, então, submetida aos estudos de estabilidade e reologia. Ao final das análises, as formulações mais adequadas à proposta do estudo foram selecionadas e aplicadas em mechas de cabelo submetidas a radiação solar, em duas etapas: pré e pós-tratamento, em relação à indução do dano. Com isso, o objetivo foi verificar se os cosméticos desenvolvidos teriam efeitos na prevenção ou recuperação dos danos causados pela radiação solar. Assim, foram avaliadas imagens obtidas por meio de Microscopia Eletrônica de Varredura, além da resistência mecânica do fio, dosagem da perda de triptofano por avaliação da intensidade de fluorescência e medidas da variação da cor da fibra capilar. Observou-se que os melhores resultados obtidos com os óleos vegetais foi na avaliação da resistência capilar, enquanto a adição do filtro solar teve impacto positivo também na redução da degradação do triptofano. Além disso, de maneira geral, os resultados indicam que o pré-tratamento foi mais eficaz em proteger a fibra capilar, quando comparado à capacidade de recuperar os danos por meio do pós-tratamento. Entretanto, o pós-tratamento foi importante para melhoria das propriedades sensoriais e para proteção de danos futuros. Com isso, dentre as formulações desenvolvidas, a que continha a associação dos óleos vegetais e do filtro solar, utilizada na etapa de prétratamento, foi a que levou aos melhores resultados, quando aplicada em mechas de cabelo.. Palavras-chave: cabelo, formulações cosméticas, óleos vegetais, radiação solar, alisamento químico..

(9) ii. ABSTRACT. ARAÚJO, L.A. Development of cosmetic formulations with vegetable oils for hair care. 2015. 90f. Dissertation (Master). Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015.. Hair is a very important and distinctive feature that plays a major role in self perception and is part of the individual's identity. The hair fiber is exposed to daily damage, such as solar radiation, pollution and grooming, and endogenous factors, besides chemical treatments such as hair straightening. Therefore, cosmetic products are of great importance, since they are developed to restore the damaged hair fiber and to protect the hair from further damage. Vegetable oils stand out as important cosmetic ingredients, following a global trend to add natural ingredients in formulations for skin and hair care. In this context, the aim of this study was to develop cosmetic formulations containing vegetable oils for hair protection and repairing . For this purpose, three vegetable oils (avocado, argan and moringa oil) were selected for the development of cosmetic formulations for use in straightened hair. After that, the most suitable formulation was selected based on the results of sensory analysis and mechanical properties evaluation on hair tresses. The formulation containing the combination of 3 vegetable oils was selected and then evaluated in terms of stability studies and rheological behaviour. This way, the most appropriate formulations were selected and applied to strands of hair exposed to solar radiation in two different stages: pre and post-treatment in relation to the induction of the damage. Thus, the objective was to verify if the developed formulations would have effects in the prevention or repairing of solar damage hair. For this purpose, observations in Scanning Electron Microscopy, tensile properties evaluation, tryptophan degradation, and color measurements of the hair fiber were performed. Regarding the vegetable oils, the best results were found in the the tensile properties evaluation, whereas the addition of sunscreen had a positive impact on the assessment of the tensile properties evaluation and in the tryptophan degradation analysis, as well. Moreover, the results indicate that the pre-treatment was most effective than the post-treatment. Nevertheless, the posttreatment was important to improve the sensory properties. Thus, among the developed formulations, the one containing the combination of vegetable oils and the sunscreen, used in the pre-treatment, led to the best results when applied to hair tresses. Keywords: hair, cosmetic formulation, vegetable oils, solar radiation, hair straightening.

(10) iii. LISTA DE FIGURAS. Figura 1. Exemplos de ligações químicas que ocorrem entre as cadeias de queratinas constituintes do fio de cabelo..........................................................................................05. Figura 2. Estruturas morfológicas principais do fio de cabelo.........................................07. Figura 3. Diferentes camadas cuticulares ........................................................................09. Figura 4. Estrutura da camada do córtex do fio de cabelo...............................................10. Figura 5. Descrição dos tratamentos realizados nas mechas de cabelo submetidas às análises sensoriais............................................................................................................36. Figura 6. Distribuição das mechas de cabelo nos grupos de tratamento..........................42. Figura 7. Valores de pH obtidos para as 12 formulações de pré-tratamento desenvolvidas (FPE1-12), durante os 7 primeiros dias após o preparo...................................................54. Figura 8. Valores de pH obtidos para as 10 formulações de pós-tratamento desenvolvidas (FPO1-10), durante os 7 primeiros dias após o preparo ..........................55. Figura 9. Somatório das notas dadas pelas voluntárias para os parâmetros (1) Brilho e (2) Sedosidade, na etapa de pré-tratamento....................................................................57. Figura 10. Somatório das notas dadas pelas voluntárias para os parâmetros (1) Brilho e (2) Sedosidade, na etapa de pós-tratamento.....................................................................57.

(11) iv. Figura 11. Valores de Força Máxima (gf) resisitida pelo fio de cabelo até sua ruptura na etapa de pré-tratamento com Hidróxido de Guanidina (H.G.).........................................59. Figura 12. Valores de Força Máxima (gf) resisitida pelo fio de cabelo até sua ruptura na etapa de pré-tratamento com Tioglicolato de Amônio (T.A.) .........................................60. Figura 13. Valores de Força Máxima (gf) resisitida pelo fio de cabelo até sua ruptura na etapa de pós-tratamento com Tioglicolato de Amônio (T.A.) ........................................61 Figura 14. Reograma de pré-tratamento com ativos, proporção BA:AC igual a 3:3, armazenada no (A) ambiente, (B) 37°C, (C) 45°C e (D) 4°C, por um período de 28 dias...................................................................................................................................63 Figura 15. Reograma de pré-tratamento veículo, proporção BA:AC igual a 3:3, armazenada no (A) ambiente, (B) 37°C, (C) 45°C e (D) 4°C, por um período de 28 dias...................................................................................................................................63 Figura 16. Reograma de pós-tratamento com ativos, proporção BA:AC igual a 3:4, armazenada no (A) ambiente, (B) 37°C, (C) 45°C e (D) 4°C, por um período de 28 dias...................................................................................................................................64 Figura 17. Reograma de pós-tratamento veículo, proporção BA:AC igual a 3:4, armazenada no (A) ambiente, (B) 37°C, (C) 45°C e (D) 4°C, por um período de 28 dias...................................................................................................................................64 Figura 18. Valores de Força Máxima (N) obtidos para as mechas de cabelo, submetidas ou não ao tratamento com as formulações cosméticas desenvolvidas, antes e após exposição ao Simulador Solar..........................................................................................68 Figura 19. Micrografia Eletrônica de Varredura do fio de cabelo virgem em um aumento de 1.000 vezes (A) e 5.000 vezes (B), com detalhes da cutícula com camadas sobrepostas em um cabelo saudável.................................................................................73 Figura 20. Micrografia Eletrônica de Varredura do fio de cabelo após exposição a um simulador solar por 144h. Aumento de 1.000 vezes (A) e 5.000 vezes (B, C e D), com detalhes da cutícula com células fragmentadas e exposição do córtex............................73 Figura 21. Micrografia Eletrônica de Varredura do fio de cabelo submetido ao pré tratamento com formulação veículo em um aumento de 1.000 vezes (A) e 5.000 vezes (B), com detalhes da cutícula preservada, com células sobrepostas................................74.

(12) v. Figura 22. Micrografia Eletrônica de Varredura do fio de cabelo submetido ao pré tratamento com formulação veículo adicionada de filtro solar em um aumento de 1.000 vezes (A) e 5.000 vezes (B), com detalhes da cutícula preservada, com células sobrepostas.......................................................................................................................75 Figura 23. Micrografia Eletrônica de Varredura do fio de cabelo submetido ao pré tratamento com formulação veículo adicionada dos óleos vegetais em um aumento de 1.000 vezes (A) e 5.000 vezes (B), com detalhes da cutícula preservada, com células sobrepostas.......................................................................................................................77 Figura 24. Micrografia Eletrônica de Varredura do fio de cabelo submetido ao pré tratamento com formulação veículo adicionada de filtro solar e óleos vegetais em um aumento de 1.000 vezes (A) e 5.000 vezes (B), com detalhes da cutícula preservada, com células sobrepostas...................................................................................................77 Figura 25. Micrografia Eletrônica de Varredura do fio de cabelo submetido ao póstratamento com formulação veículo em um aumento de 1.000 vezes (A) e 5.000 vezes (B), com detalhes da cutícula com regiões danificadas, com células fragmentadas e exposição do córtex .........................................................................................................77 Figura 26. Micrografia Eletrônica de Varredura do fio de cabelo submetido ao póstratamento com formulação veículo adicionada de filtro solar e óleos vegetais em um aumento de 1.000 vezes (A) e 5.000 vezes (B), com detalhes da cutícula preservada, com células sobrepostas ..................................................................................................78. Figura 27. Intensidade de Fluorescência (u.a.) obtidos para as mechas de cabelo submetidas a diferentes tratamentos com formulações cosméticas, antes ou após exposição no Simulador Solar, e seus respectivos controles (Cabelo virgem e cabelo irradiado sem nenhum tratamento cosmético).................................................................80.

(13) vi. LISTA DE TABELAS. Tabela 1 - Descrição das camadas da cutícula e seus respectivos conteúdos percentuais de cistina....................................................................................................07 Tabela 2 - Composição de ácido graxos (%) em diferentes óleos vegetais..................19 Tabela 3 - Composição das formulações de pré-tratamento contendo óleo de argan, abacate e moringa desenvolvidas na etapa inicial........................................................29 Tabela 4 - Composição das formulações de pré-tratamento contendo óleo de argan, abacate e moringa desenvolvidadas na etapa inicial....................................................31 Tabela 5 - Composição das formulações de pré-tratamento e pós tratamento, contendo óleo de argan, abacate e moringa da segunda etapa de desenvolvimento....................33 Tabela 6 - Valores de DL*, Da* e Db* obtidos para as mechas de cabelo empregando o equipamento Skin Colorimeter®................................................................................71. Tabela 7 - Valores de DL*, Da* e Db* obtidos para as mechas de cabelo empregando o equipamento Chromameter®.....................................................................................72.

(14) vii. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. 18-MEA. Ácido 18-metileicosanoico. ABIHPEC. Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pesosal, Perfumaria e Cosméticos. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. CI. Cabelo Irradiado. CIE. Comissão Internacional de Iluminação. CMC. Complexo da Membrana Celular. CV. Cabelo Virgem. FAPESP. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. FCFRP. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto. FPE. Formulação de Pré-tratamento. FPO. Formulação de Pós-tratamento. HG. Hidróxido de Guanidina. KAP. Proteínas Associadas de Queratina. TA. Tioglicolato de Amônio. VPE. Veículo de Pré-tratamento. VPEF. Veículo de Pré-tratamento adicinado de filtro solar. VPEO. Veículo de Pré-tratamento adicinado dos óleos vegetais. VPEOF. Veículo de Pré-tratamento adicinado dos óleos vegetais e filtro solar. VPO. Veiculo de Pós-tratamento. VPOO. Veiculo de Pós-tratamento adiconado dos óleos vegetais. USP. Universidade de São Paulo. UV. Ultravioleta.

(15) SUMÁRIO Resumo..............................................................................................................................i Abstract.............................................................................................................................ii Lista de Figuras................................................................................................................iii Lista de Tabelas................................................................................................................vi Lista de abreviaturas e siglas..........................................................................................vii 1 Introdução...................................................................................................................... 01 2 Revisão Bibliográfica.....................................................................................................04 2.1 Estrutura da fibra capilar...............................................................................................05 2.1.1 Cutícula......................................................................................................................07 2.1.2 Córtex.........................................................................................................................09 2.1.3 Medula.......................................................................................................................10 2.2 Danos capilares causados pela radiação solar...............................................................10 2.3 Danos capilares causados por alisamentos químicos ...................................................12 2.4 Óleos vegetais e sua aplicação em cosméticos capilares..............................................15 2.5 Desenvolvimento de formulações cosméticas capilares...............................................19 3 Objetivo...........................................................................................................................21 3.1 Objetivo Geral...............................................................................................................22 3.2 Objetivos Específicos....................................................................................................22 4 Material e Métodos........................................................................................................23 4.1 Matérias-primas............................................................................................................24 4.2 Equipamentos e Acessórios..........................................................................................25 4.3 Mechas de cabelo..........................................................................................................26 4.4 Desenvolvimentos de formulações...............................................................................26 4.5 Testes de estabilidade...................................................................................................34 4.5.1 Centrifugação.............................................................................................................34 4.5.2 Estabilidade preliminar..............................................................................................34 4.5.3 Determinação do pH..................................................................................................34 4.6 Estabilidade acelerada..................................................................................................34 4.7 Protocolo de tratamento das mechas............................................................................35 4.7.1 Protocolo inicial........................................................................................................35 4.7.2 Aplicação das substâncias alisantes..........................................................................35 4.7.3 Descrição dos grupos de mechas..............................................................................36 4.7.3.1 Pré-tratamento.......................................................................................................36 4.7.3.2 Pós-tratamento.......................................................................................................36 4.8 Seleção das formulações finais....................................................................................37.

(16) 4.8.1 Análise sensorial em mechas de cabelo...................................................................37 4.8.1.1 Protocolo análise sensorial....................................................................................37 4.8.2 Avaliação das propriedades mecânicas....................................................................38 4.8.2.1 Descrição dos grupos de mechas..........................................................................38 4.9 Avaliação da estabilidade das formulações................................................................40 4.9.1 Reologia...................................................................................................................40 4.9.2 Avaliação do pH......................................................................................................41 4.10 Avaliação das mechas de cabelo expostas à radiação solar......................................41 4.10.1 Tratamento das mechas..........................................................................................41 4.10.2 Exposição das mechas à radiação solar ................................................................42 4.10.3 Avaliação das propriedades mecânicas da fibra capilar.........................................43 4.10.4 Avaliação da variação de cor das mechas de cabelo .............................................44 4.10.4.1 Skin Colorimeter®...............................................................................................44 4.10.4.2 Chromameter® CR400.........................................................................................45 4.10.5 Microscopia Eletrônica de Varredura.....................................................................45 4.10.6 Decomposição do Triptofano.................................................................................46 5 Resultados e Discussão.................................................................................................47 5.1 Desenvolvimento de Formulações...............................................................................48 5.1.1 Formulações Capilares..............................................................................................48 5.1.2 Etapas do desenvolvimento.......................................................................................49 5.1.3 Desenvolvimento de formulações de pré-tratamento (FPE).....................................52 5.1.4 Desenvolvimento de formulações de pós-tratamento (FPO)....................................53 5.2 Avaliação da Estabilidade............................................................................................54 5.2.1 Centrifugação.............................. .............................................................................54 5.2.2 Estabilidade Preliminar.............................................................................................54 5.2.3 Acompanhamento do pH..........................................................................................54 5.2.4 Estabilidade Acelerada.............................................................................................55 5.2.5 Análise Sensorial......................................................................................................56 5.3 Avaliação das propriedades mecânicas da fibra capilar..............................................58 5.4 Estudo Reológico das Formulações.............................................................................62 5.5 Acompanhamento do pH..............................................................................................65 5.6 Avaliação das mechas de cabelo expostas à radiação solar.........................................65 5.6.1 Avaliação das propriedades mecânicas.....................................................................65 5.6.1.1 Diâmetro dos fios de cabelo...................................................................................65 5.6.1.2 Avaliação da resistência do fio de cabelo..............................................................66 5.6.2 Avaliação da variação de cor das mechas de cabelo................................................69 5.6.3 Microscópio Eletrônico de Varredura......................................................................72 5.6.4 Degradação do Triptofano........................................................................................79 6 Conclusão......................................................................................................................81 7 Referências Bibliográficas...........................................................................................83.

(17) 1. Introdução.

(18) Introdução |2. O Brasil ocupa o terceiro mercado mundial em consumo de produtos de higiene, cosméticos e perfumaria. Nesse cenário, cosméticos capilares ocupam posição de destaque, sendo considerado o segundo maior mercado mundial, segundo dados do Euromonitor (ABIHPEC, 2014) O cabelo é um componente marcante da imagem do corpo com importância na inserção social e auto percepção, fazendo parte da identidade do indivíduo. Além disso, é uma das poucas características físicas que podem ser alteradas facilmente, em relação a características como cor, comprimento e forma (BOLDUC; SHAPIRO, 2001). A fibra capilar está exposta a danos diários, como radiação solar, poluição, ato de pentear, higienização e fatores endógenos. Além disso, os tratamentos químicos também são responsáveis por significativas alterações da estrutura capilar, diminuindo a resistência do fio à quebra e impactando na sensação ao toque e brilho. Sendo assim, práticas como alisamento químico danificam a fibra capilar levando a perda significativa de aminoácidos essenciais. Outro dano inerente aos processamentos químicos da fibra capilar é a remoção de uma camada de ácidos graxos que, em cabelos saudáveis, encontra-se ligada covalentemente a cutícula. Com isso, o fio torna-se mais susceptível à eletricidade estática e frizz induzido pela umidade, além de perder importantes atributos sensoriais, como sedosidade e brilho (BOLDUC; SHAPIRO, 2001; KHUMALO et al., 2010; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014). Apesar dos diversos danos associados aos alisamentos químicos, a realização desses procedimentos é crescente no país, principalmente devido a predominância dos cabelos crespos e ondulados. Além disso, a radiação solar também danifica significativamente a fibra capilar, tornado-a mais frágil, com prejuízo de suas propriedades sensoriais e alterações na cor. Esse dano possui grande relevância no Brasil, devido ao clima característico da maior parte do país, com alta incidência de radiação solar em grande parte do ano. Por tudo isso, destaca-se a importância dos cosméticos, uma vez que são desenvolvidos de forma a restaurar a maleabilidade do cabelo, diminuir a eletricidade estática, reduzir a fricção entre os fios e recondicionar a fibra danificada, que é mais porosa e hidrofílica (BOLDUC; SHAPIRO, 2001). Dessa forma, atuam tanto na prevenção, quanto na reparação de danos. Nesse contexto, os óleos vegetais destacam-se como importantes constituintes de produtos cosméticos, seguindo uma tendência mundial de incorporar ingredientes naturais nessas formulações (KLEIMAN; ASHLEY; BROWN, 2008; VERMAAK et al., 2011). Os.

(19) Introdução |3. óleos vegetais tem sido utilizados há anos como fonte de energia, alimento, uso medicinal e pra aplicações cosméticas (ZIMBA; WREN; STUCKI, 2005). Possuem a capacidade de revestir a superfície dos fios e tem importante papel na melhora das propriedades sensoriais e manutenção da camada cuticular, que possui como uma das principais funções a proteção da região do córtex capilar (GUILLAUME; CHARROUF, 2011a, 2011b; RELE; MOHILE, 1999, 2003). Para este trabalho foram selecionados os óleos de abacate, argan e moringa, devido a composição rica em ácidos graxos e grande capacidade emoliente desses óleos. O emprego dos óleos acima mencionados, isolados ou em associação, em formulações para os cuidados dos cabelos, resultou em um produto com potencial para prevenção e tratamento da fibra capilar danificada por tratamentos químicos e também pela radiação solar. Finalmente, cabe ressaltar a importância do desenvolvimento racional de formulações cosméticas para os cabelos, de forma a assegurar que cumpram o objetivo proposto baseado não somente em dados da literatura ou no seu efeito potencial, mas também em medidas objetivas e na percepção das voluntárias, que representam os possíveis usuários do produto. Dessa maneira, as formulações foram desenvolvidas e avaliadas quanto à estabilidade, sendo consideradas adequadas para os objetivos propostos neste estudo..

(20) 2. Revisão Bibliográfica.

(21) Revisão Bibliográfica |5. 2.1. Estrutura da fibra capilar O cabelo é uma fibra com diâmetro de 50-100 µm, composta por células mortas, principalmente preenchidas por queratina. Os folículos capilares estão invaginados no couro cabeludo e são as estruturas essenciais de crescimento do cabelo. Na base de cada folículo, as células se proliferam e um complexo processo de síntese de proteínas, alinhamento estrutural e queratinização, transformam o citoplasma em um material fibroso, conhecido como cabelo (BHUSHAN, 2008; WOLFRAM, 2003). O desenvolvimento do fio de cabelo é um processo cíclico dinâmico que depende não só do local do seu crescimento, mas também de aspectos como idade, hábitos nutricionais e fatores hormonais (WOLFRAM, 2003). O cabelo humano consiste de aproximadamente 65-95 % de queratina, sendo que os demais constituintes são água, lipídeos (estruturais e livres), pigmentos e elementos-traço (BHUSHAN, 2008; BOLDUC; SHAPIRO, 2001; ROBBINS, 2012; WOLFRAM, 2003). As queratinas são um grupo de mais de 30 proteínas do citosqueleto, que possuem diâmetro entre 7 e 11 nm, sendo chamadas de filamentos intermediários. São polímeros de alto peso molecular formados por longas cadeias de aminoácidos ligados por diferentes tipos de interações, como ligações dissulfeto, ligações de hidrogênio, interações de van der Walls e ligações salinas (BHUSHAN, 2008; ERIK et al., 2008; ROBBINS, 2012; SWIFT, 1999; WOLFRAM, 2003), conforme apresentado na Figura 1. Figura 1 – Exemplos de ligações químicas que ocorrem entre as cadeias de queratinas constituintes do fio de cabelo. Fonte: Adaptado de Bhushan, 2008.. Embora as ligações de hidrogênio sejam relativamente fracas e prontamente desfeitas em presença de água, são as mais numerosas e possuem grande importância na manutenção da estabilidade da estrutura de α-hélice da queratina. Essa interação ocorre entre grupos amido ao.

(22) Revisão Bibliográfica |6. longo das cadeias polipeptídicas. Além disso, o grande número de cadeias laterais de aminoácidos possibilitam interações que são relativamente estáveis em ambiente aquoso, mas prontamente desfeitas em contato com ácidos ou bases. Apesar da grande contribuição das interações mencionadas, as ligações dissulfeto na cistina são as principais responsáveis pela estabilidade da estrutura da queratina (WOLFRAM, 2003). Dentre os numerosos aminoácidos presentes na estrutura capilar, a cistina é um dos mais importantes, estando presente em grande proporção. Cada unidade de cistina é formada a partir da ligação entre os átomos de enxofre de duas cisteínas, presentes em diferentes porções das cadeias polipeptídicas. Essa ligação, denominada ligação dissulfeto, dissulfídica ou ponte de dissulfeto, é do tipo covalente e muito importante na determinação das propriedades físicas e mecânicas da fibra capilar (MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014). Essa alta incidência de ligações cruzadas entre resíduos adjacentes de cisteínas, juntamente com a susceptibilidade de ocorrência de reações de redução ou oxidação dessas ligações, caracterizam o principal alvo de ação da maioria das modificações químicas na estrutura capilar, que resultam na alteração de suas propriedades físico-químicas. (MIRANDAVILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014). As fibras capilares não são contínuas em seu comprimento, uma vez que são resultado da combinação de grupos compactos de células dentro do folículo piloso, que resultam em três componentes morfológicos básicos: cutícula, córtex e medula (BHUSHAN, 2008; BOLDUC; SHAPIRO, 2001; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014; ROBBINS, 2012; ROGERS, 2004; WOLFRAM, 2003). Apesar dessa divisão em três componentes, a fibra capilar é altamente organizada e de composição complexa (Figura 2)..

(23) Revisão Bibliográfica |7 Figura 2- Estruturas morfológicas principais do fio de cabelo. Fonte: Adaptado de Bhushan, 2008.. 2.1.1 Cutícula A cutícula é a região mais externa do fio de cabelo, sendo composta primariamente de queratina com uma estrutura com 5-10 células que se sobrepõem na região longitudinal da fibra, de forma que apenas 1/6 de sua superfície seja visível (BHUSHAN, 2008; BOLDUC; SHAPIRO, 2001; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014). As células cuticulares são achatadas e com 0,5µm de espessura e 50µm de comprimento. No processo de maturação e queratinização, uma estrutura estratificada se desenvolve dentro de cada célula da cutícula. Com isso, existem diferentes camadas com composições distintas em relação ao conteúdo de cistina, conforme descrito na Tabela 1, (ROBBINS, 2012; WOLFRAM, 2003).. Tabela 1 - Descrição das camadas da cutícula e seus respectivos conteúdos percentuais de cistina.. Camada da Cutícula. Conteúdo de cistina (%). Epicutícula. ~12. Camada A. ~30. Exocutícula. ~15. Endocutícula. ~3. Complexo da Membrana Celular. ~2. Fonte: Adaptado de Bhushan, 2008..

(24) Revisão Bibliográfica |8. Cada célula cuticular é circundada pelo complexo da membrana celular (CMC) e, assim, separada das células vizinhas. Esse complexo consiste em um núcleo central composto por polissacarídeos e também uma pequena porção proteica (camada δ) entre duas camadas lipídicas (camadas β) (WOLFRAM; LINDERMANN, 1971; WOLFRAM, 2003). A camada externa das células cuticulares é revestida por uma fina membrana denominada epicutícula, que também é recoberta por uma camada de ácidos graxos covalentemente ligados, com predominância do Ácido 18-metileicosanóico (18-MEA), que corresponde à camada β externa do CMC (Figura 3). Sendo assim, essa camada age como um lubrificante, diminuindo a fricção entre as fibras capilares e provê uma superfície hidrofóbica (BHUSHAN, 2008; WEI; BHUSHAN; TORGERSON, 2005). Imediatamente abaixo da epicutícula, encontra-se a camada A, com aproximadamente 110 nm de espessura (ROBBINS, 2012). A camada A possui alta concentração de cistina, aproximadamente 30%. Dessa forma, é a camada cuticular que possui a maior densidade de ligações cruzadas, resultando em considerável resistência química e mecânica, além de baixo grau de intumescimento quando em contato com a água (BHUSHAN, 2008; ROBBINS, 2012). Imediatamente adjacente a ela, encontra-se o maior componente da cutícula, a exocutícula, com espessura de 100-300 nm e 15-20% de conteúdo de cistina. Da mesma forma, confere resistência química e mecância devido a sua alta concentração de cistina, embora a densidade das ligações dissulfeto entre as proteínas dessa camada seja menor, quando comparada à camada A (BHUSHAN, 2008; ROBBINS, 2012; WOLFRAM, 2003). Imediatamente abaixo, situa-se a endocutícula e, de maneira distinta, possui baixo teor de cistina, em torno de 3%, sendo rica em resíduos de aminoácidos ácidos e básicos. Essa camada possui uma característica importante como um canal facilitador da passagem de substâncias, devido a sua baixa densidade de ligações cruzadas e caráter hidrofílico, que a torna com grande potencial de intumescimento em presença de água. (BHUSHAN, 2008; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014; ROBBINS, 2012; WOLFRAM, 2003). Dessa maneira, como resultado das composições variadas, as camadas cuticulares reagem de maneira distinta a diferentes procedimentos químicos e também à presença de água e surfactantes (ROBBINS, 2012). A Figura 3 ilustra a localização das diferentes camadas cuticulares, descritas anteriormente..

(25) Revisão Bibliográfica |9 Figura 3- Diferentes camadas cuticulares. Fonte: Adaptado de Bhushan, 2008.. 2.1.2 Córtex Apresenta-se como o componente dominante do cabelo, sendo constituido por células alongadas, de aproximadamente 100µm de comprimento. As células encontram-se firmemente unidas e orientadas paralelamente ao eixo da fibra e embebidas em uma matriz cortical rica em cistina. Além disso, possui material de ligação intercelular, o CMC do córtex capilar. O CMC consiste de membranas celulares e material adesivo, que une as células, sendo não-queratinoso e com baixo conteúdo de cistina (2%) (BHUSHAN, 2008; DIAS et al., 2008; ERIK et al., 2008; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014; WOLFRAM, 2003) O córtex possui uma estrutura hierárquica, indo da α-hélice de queratina, que por meio de ligações químicas entre duas cadeias formam um dímero. Por sua vez, 16 desses dímeros constituem as microfibrilas (interfilamentos), e essas, juntamente com a matriz cortical, se.

(26) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 10. rearranjam formando as macrofibrilas e as células que irão formar o fio de cabelo propriamente dito, conforme Figura 4 (CHOU; BUEHLER, 2012). Os interfilamentos possuem baixo conteúdo de cistina, aproximadamente 6%, e a matriz cortical é rica em cistina, com aproximadamente 21% e é constituída por proteínas associadas de queratina (KAP). Figura 4 –Estrutura da camada do córtex do fio de cabelo. Fonte: Adaptado de Chou, 2012. Os grânulos de melanina encontram-se aleatoriamente distribuídos no córtex capilar e são responsáveis pela coloração dos cabelos. Existem dois tipos de melanina: a eumelanina , cuja cor varia do preto ao marrom, e a feomelanina, que varia do amarelo ao marrom-avermelhado, sendo que se assume que esses dois tipos originam-se de um mesmo caminho metabólico (SANTOS NOGUEIRA; JOEKES, 2004). No cabelo, as melaninas atribuem proteção fotoquímica às proteínas, ao absorver e filtrar a energia recebida, dissipando-a na forma de calor, atuando assim, como um desativador químico de radicais livres (ROBBINS, 2012; SANTOS NOGUEIRA; JOEKES, 2004) 2.1.3 Medula A medula encontra-se situada no centro da estrutura capilar e não está presente em todos os fios de cabelo. Apresenta contribuição negligenciável para as propredades mecânicas do cabelo (BHUSHAN, 2008) e um menor número de estudos para avaliar sua importância e função, embora se discuta a sua influência nas propriedades óticas do fio de cabelo.. 2.2 Danos capilares causados pela radiação solar A degradação de proteínas do cabelo causadas pela radiação solar ocorre principalmene na região de comprimento de onda de 254-400 nm (ROBBINS, 2012). Vários.

(27) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 11. aminoácidos do cabelo absorvem luz na faixa do ultravioleta (UV), principalmente entre 250 e 350 nm (LEHNINGER, 1980; ROBBINS, 2002) e diversos danos ao cabelo, como alteração da cor e redução da resistência à tensão, tem sido atribuídos à decomposição de alguns aminoácidos (KHUMALO et al., 2010). Na maioria dos casos, os aminoácidos da cutícula são alterados em uma maior extensão que os presente no córtex, uma vez que estão na camada mais externa da fibra e, portanto,. suceptíveis a uma intensidade maior de radiação. (ROBBINS, 2012; SANTOS NOGUEIRA; JOEKES, 2004). Uma vez que o córtex é protegido pela cutícula, danos nessa região ocorrem após extensivos danos na camada cuticular. Isso resulta na degradação da cistina e, embora o mecanismo exato desse processo não seja bem conhecido, é sugerido na literatura que essa fotodegradação ocorre via quebra da ligação C–S e é diferente da oxidação química da cistina que ocorre principalmente via quebra da ligação S–S (NOGUEIRA; DICELIO; JOEKES, 2006; ROBBINS, 2012). Ainda em relação aos danos causados na cutícula, cabe salientar que essa camada é rica em ácidos graxos, sendo que o 18-MEA representa cerca de 30-40% do total desses ácidos graxos (LEE, 2011), que se encontram ligados às proteínas via ligação éster ou tioéster (LEE, 2011; TANAMACHI et al., 2010). Tratamentos químicos em meio alcalino, como alisamentos, permanentes e descoloração, levam a perdas significativas do 18-MEA, o que torna o cabelo mais hidrofílico, vulnerável às agressões diárias e com alterações em sua textura e brilho, além de diminuir o alinhamento das fibras na presença de umidade (HABE et al., 2011; LEE, 2011; OKAMOTO et al., 2012; TANAMACHI et al., 2010). Habe e colaboradores demonstraram que cerca de 90% do conteúdo total do 18-MEA foi removido após exposição à radiação solar por 480h em um simulador solar, o que corresponde à exposição solar por três meses no verão (HABE et al., 2011). Além disso, esse estudo demonstrou que os tratamentos químicos levam a remoção de proporção semelhante do 18MEA e outros ácidos graxos presentes na superfície capilar, sendo que os lípides ligados via ligação éster são mais dificilmente removidos, tanto por tratamentos químicos quanto por exposição à radiação solar, quando comparados aos ligados via ligação tioéster (HABE et al., 2011). Dessa maneira, é possível observar que a radiação UV enfraquece a fibra capilar e esse efeito é acumulativo. Dentre as principais alterações observadas, destacam-se o efeito negativo nas propriedades mecânicas do cabelo (RICHARD BEYAK; KASS; MEYER, 1971) e aumento do intumescimento da fibra quando em contato com solventes (RELE; MOHILE, 2003; ROBBINS, 2012). Em relação às propriedades mecânicas, correlacionadas com resistência e integridade da fibra, a radiação UV diminui a força necessária para romper.

(28) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 12. o fio de cabelo e o ângulo de contato dinâmico, o qual indica a hidrofobicidade da fibra. Além disso, observa-se um aumento da força necessária para realização do teste de penteabilidade a úmido e no número de sítios negativos na fibra capilar (NOGUEIRA; DICELIO; JOEKES, 2006). De maneira geral, em relação à aparência física dos cabelos, a radiação solar causa ressecamento, perda de brilho, aumento da fragilidade e alterações na textura da fibra capilar (HABE et al., 2011; LONGO et al., 2013). A radiação solar, notadamente as frações UVB, UVA e visível, são resposáveis por fotodegradações na fibra capilar. Assim, há o ataque tanto aos pigmentos de melanina presentes na fibra, quanto à fração proteica (queratina) (NOGUEIRA; DICELIO; JOEKES, 2006), sendo que o ataque às proteínas capilares é principalmente atribuido às frações UVB e UVA, com contribuição pouco importante da radiação visível (SIGNORI, 2004). Ainda em relação à radiação ultravioleta, a oxidação do enxofre do cabelo é atribuida tanto à radiação UVA quanto à UVB. O dano maior ocorre na periferia da fibra, onde existe maior concentração do aminoácido cistina, seguindo para regiões menos oxidadas no interior da fibra (ROBBINS, 2012; RUETSCH; KAMATH; WEIGMANN, 2001). A quebra fotoquímica das ligações dissulfeto dentro das unidades estruturais da camada A, da exocutícula e da matriz do córtex, juntamente com o estabelecimento de novas ligações cruzadas, intra e intermoleculares, via reação dos grupos carbonil (resultantes da degradação ultravioleta) com grupamentos amino das proteínas, diminuem a diferenciação estrutural da fibra capilar. Com isso, há uma perda gradual da resistência do fio, que se torna mais frágil (ROBBINS, 2012).. 2.3 Danos capilares causados por alisantes químicos Os alisantes químicos se destacam entre os agentes que mais causam danos/alterações nos cabelos. No Brasil, a utilização desses produtos é crescente, uma vez que há prevalência de cabelos crespos ou ondulados. Apesar do conhecimento do uso de formulações alisantes ser amplamente difundido e associado a danos capilares, faltam dados que demonstrem a extensão desses danos com o uso específico desses produtos (BOLDUC; SHAPIRO, 2001; KHUMALO et al., 2010). Sendo assim, a população faz uso desses produtos repetidamente e são submetidas a alterações capilares significativas, que impactam diretamente na saúde e bem-estar. No contexto atual, entretanto, nota-se que os usuários desses produtos possuem maior acesso à informação sobre.

(29) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 13. os riscos e consequências a que estão submetidos ao realizarem tratamentos químicos capilares, se comparado ao que ocorria há alguns anos. Isso é relflexo de discussões recentes, divulgadas inclusive pela grande mídia, de riscos envolvendo o emprego de substâncias alisantes, principalmente os compostos por novos ativos (alisamentos em meio ácido), ou seja, diferentes dos tradicionais e permitidos pela legislação vigente do país. Apesar disso, o que se observa é que as pessoas, mesmo que advertidas sobre riscos potenciais, estão dispostas a realizar esses tratamentos químicos. O grande número de ligações dissulfeto na fibra capilar resulta tanto em resistência, quanto em reatividade seletiva do cabelo. Dessa maneira, essas ligações são o principal alvo da maioria das modificações químicas na fibra capilar, sendo susceptíveis tanto à oxidação quanto à redução. Sabe-se, ainda, que para realização dos alisamentos químicos capilares, é requerido o envolvimento de quase todos os aspectos estruturais do cabelo (WOLFRAM, 1981, 2003). Existem dois tipos principais de alisamento da fibra capilar: temporário e permanente. A principal diferença desses processos envolve o tipo de ligações desfeitas. No primeiro caso, somente ligações susceptíveis à presença de água são desfeitas, de forma que a manutenção dos fios em um formato diferente do original, pelo uso do secador ou piastra, somente é mantido enquanto o cabelo não for lavado ou exposto à umidade, visto que as ligações originais são refeitas na presença de água. Por outro lado, o alisamento químico envolve a quebra de ligações covalentes, além das ligações secundárias. Dessa maneira, o novo formato das fibras capilares é mantido mesmo após sucessivas lavagens, visto que as ligações dissulfeto que foram desfeitas para a manipulação dos cabelos no formato desejado, não são refeitas em contato com a água (DIAS et al., 2007; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014; WOLFRAM, 2003). Um agente de alisamento comumente empregado é o tioglicolato de amônio, que consiste de um agente redutor capaz de converter as ligações dissulfeto em grupos sulfidrila.. Quando incorporados em emulsões, possuem valores de pH de 8,5 a 9,5. Esses valores elevados de pH causam um intumescimento do cabelo, levando à abertura da cutícula e permitindo que o agente alcalino, presente nessas formulações, penetre no fio. Com isso, a fibra torna-se mais maleável e é possível moldá-la no formato desejado. Para fixação do novo formato é necessária uma etapa de neutralização, feita com um agente oxidante, de forma a reconectar as ligações dissulfeto desfeitas na etapa de redução (DIAS et al., 2007, 2008; KUZUHARA, 2003; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014; WOLFRAM, 2003). Cerca de 60% das ligações entre os átomos de enxofre da cistina são desconectadas durante o.

(30) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 14. processo, sendo que dessa porcentagem, 90% são refeitas no etapa oxidativa do procedimento. Ainda é descrito que a utilização de aquecimento favorece a reconstituição da ligação entre os enxofres durante a oxidação (KUZUHARA, 2005). O uso do tioglicolato de amônio leva a uma quebra específica da ligação dissulfeto, de uma maneira que ela possa ser recombinada ao final do processo. Os alisamentos à base de hidróxidos, por outro lado, são muito menos seletivos, de forma que no processo há uma quebra permanente da ligação dissulfeto. Assim, causam mais danos à fibra, embora posssuam uma eficácia maior quando comparado ao tioglicolato de amônio (WOLFRAM, 2003). Existem diferentes tipos de hidróxidos disponíveis, sendo que o hidróxido de sódio é o que possui maior eficácia no processo de alisamento, mas também a maior intensidade de danos associados (DIAS et al., 2008; WOLFRAM, 2003). Existem diversos ativos para o alisamento capilar que são permitidos no país, dentre eles o tioglicolato de amônio, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de cálcio, hidróxido de lítio e hidróxido de guanidina. Em relação aos hidróxidos, o mais comumente empregado é o Hidróxido de Guanidina, resultante da reação entre o Hidróxido de Cálcio e Carbonato de Guanadina (DIAS et al., 2008; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014). Todos esses ativos mencionados causam um processo de lantionização no cabelo. Nesse processo, cerca de 35% do conteúdo de cistina é convertido em lantionina, que é o principal produto de reação entre a cistina e um álcali. Esse produto é análogo da cistina, diferenciando-se pela perda de um átomo de enxofre, e possui importância na manutenção da configuração do cabelo no formato liso. Entretanto, essa conversão de cistina para lantionina leva a um enfraquecimento da fibra capilar, tornando-a mais vulnerável à quebra (MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014; WOLFRAM, 2003). Sabe-se que nas fibras não tratadas quimicamente, as camadas das células da cutícula encontram-se intimamente ligadas umas às outras, o que facilita a execução do ato de pentear, além de possuirem maior resistência à quebra devido, principalmente, à estruturação das cadeias de queratina, por meio das ligações dissulfeto (WORTMANN; SCHWANJONCZYK, 2006). Entretanto, procedimentos químicos, tais como tinturas e alisamentos, podem modificar essa conformação dos cabelos, tornando-os quebradiços e ásperos ao toque. Essa é uma alteração comum a todos os tipos de agentes químicos empregados para realização dos alisamentos capilares, embora os danos ocorram em diferentes extensões, dependendo da força do ativo (DIAS et al., 2007; MIRANDA-VILELA; BOTELHO; MUEHLMANN, 2014)..

(31) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 15. 2.4 Óleos vegetais e sua aplicação em cosméticos capilares O uso de plantas é tão antigo quanto a humanidade. Na Ásia e na África, os óleos vegetais são comumente usados sob a forma de pomadas capilares, que são conhecidas por proporcionar uma aparência saudável aos cabelos (KEIS et al., 2005). Os vegetais já foram a principal fonte e origem de cosméticos, antes que métodos empregados para síntese de substâncias com propriedades similares fossem descobertos. Apesar disso, nem sempre é possível substituir os compostos naturais pelos sintéticos, haja vista a grande complexidade química desses ativos de origem vegetal (ABURJAI; NATSHEH, 2003). Embora o emprego de ativos naturais tenha inúmeras vantagens, existem, também, alguns fatores limitantes, como, por exemplo, variações na cor, odores, transparência e teor do ingrediente ativo. Em 1997, relatava-se sobre a ausência de. referências científicas e. dificuldade de fundamentação, com textos oficiais de farmacognosia ou etnofarmacêuticos, dos dados divulgados pelos fornecedores de matérias-primas (DWECK, 1997). Com um maior controle das etapas de obtenção desses ativos naturais e com processos mais tecnológicos, os ingredientes de origem vegetal voltaram a se destacar no contexto da indústria cosmética. Em 2003, estudos já apontavam a tendência em um aumento significativo de novos produtos no mercado contendo óleos e outros derivados vegetais (ABURJAI; NATSHEH, 2003). Em 2005, ainda se falava do uso progressivo de óleos naturais em produtos para os cuidados da pele e cabelos (KEIS et al., 2005). Mais recentemente, observase que os ingredientes naturais estão continuamente ganhando popularidade, com o aumento do uso de extratos e outros derivados vegetais em formulações cosméticas. Além disso, existe um maior volume de publicações com comprovação científica dos efeitos benéficos desses componentes naturais e de seu uso etnobotâncio. Consequentemente, já existem no mercado matérias-primas com melhor qualidade, uma vez que estão disponíveis técnicas mais robustas e eficientes de extração, isolamento e produção desses componentes em grande escala (ABURJAI; NATSHEH, 2003; ANWAR et al., 2007; FARIA et al., 2013; FERNÁNDEZ et al., 2012b; KEIS; HUEMMER; KAMATH, 2007; O’LENICK; O’LENICK, 2005). Associado a isso, existe uma demanda dos consumidores e, portanto, do mercado, por produtos naturais, os quais possuem boa aceitação quando incorporados em produtos cosméticos (MORAIS; OLIVEIRA; ROCHA-FILHO, 2014) Em relação aos cuidados dos cabelos, são atribuídas diversas aplicações dos ativos vegetais, sendo utilizados como estimulantes do crescimento capilar, tinturas e para tratamento dos fios e couro cabeludo, além da prevenção da alopecia (ABURJAI; NATSHEH,.

(32) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 16. 2003; KAMEYAMA, 1995). Como exemplo, as protocianidinas extraídas das sementes de uva são associadas à proliferação in vitro das células do folículo piloso, além de estudos sugerindo que o extrato das folhas de Ginkgo biloba promove o crescimento celular e o estímulo do crescimento capilar utlizando géis contendo Aloe vera. Tratando-se especificamente dos óleos vegetais, a sua deposição nos cabelos tem sido associada a um efeito benéfico protetor e melhora das propriedades sensoriais do fio, como brilho e textura (KEIS; HUEMMER; KAMATH, 2007; KEIS et al., 2005). Os óleos vegetais consistem de triglicerídeos com uma variedade de ácidos graxos que diferem no tamanho da cadeia (número de átomos de carbono na molécula), grau de saturação, posicionamento das ligações duplas nas cadeias carbônicas e geometria de cada ligação dupla (isômeros cis ou trans) (ABDULKARIM et al., 2007). Assim, a habilidade dos óleos vegetais em promover condicionamento está relacionada a essas diferentes propriedades, além de suas características moleculares, como energia de superfície e forças coesivas (JACHOWICZ, 1999). A composição de cada óleo depende da sua origem e há uma grande variedade de óleos naturais com propriedades distintas, devido aos seus diferentes perfis de composição lipídica, sendo que o ácido oleico é o ácido graxo monoinsaturado mais abundante na maioria dos óleos comuns (ANWAR et al., 2007; GUNSTONE, 2002).. (VERMAAK et al., 2011). A composição rica em vitaminas e ácidos graxos do óleo de abacate, torna-o um excelente agente condicionante para todos os tipos de cabelo e seu efeito hidratante é muito útil para aplicação em cabelos ressecados. Evidências consistentes indicam que a Vitamina E, presente neste óleo, pode ser um importante agente para proteger cabelos e couro cabeludo contra ressecamento e quebra do fio por escovação ou tratamentos químicos. Tem sido demonstrado que a Vitamina E é diretamente absorvida pelo córtex capilar, sendo que a absorção mostrou ser acumulativa e melhor em cabelos danificados do que em cabelos saudáveis (IDSON, 1993). O óleo de abacate possui altas concentrações de ácido oleico (Tabela 2) e quantidades substanciais de compostos benéficos a saúde, como fitoesteróis e vitaminas (REQUEJO et al., 2003). Comparado com outros frutos, o abacate contém uma alta concentração de esteróis. Os fitoesteróis são compostos triterpênicos, similares estruturalmente ao colesterol, que são encontrados nas plantas. Esses compostos estão associados à atividade anticâncer, antiinflamatória, antiaterogência e antioxidante (BERGER; JONES; ABUMWEIS, 2004). Além disso, são ricos em ácidos graxos insaturados, os quais são menos estáveis a oxidação quando comparados a ácidos graxos saturados (BERASATEGI et al., 2012; CHOE; MIN, 2007)..

(33) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 17. Outro óleo de grande interesse cosmético é o óleo de moringa. É indicado como um dos óleos vegetais mais estáveis disponível, o que possibilita proteção contra a rancificação das formulações ao longo do tempo ou quando expostas a elevadas temperaturas. A presença do ácido berrênico resulta em formulações com características muito desejáveis: grande emoliência mas sem o aspecto pegajoso após a aplicação (KLEIMAN; ASHLEY; BROWN, 2008). Nativa de regiões do Sub-Himalaia do noroeste da India, a espécie Moringa oleifira é também encontrada em muitos países na África, Arábia, Sudeste da Ásia, Ilhas Caribenhas e América do Sul (ANWAR et al., 2007). As árvores tem altura de 5 a 10 metros e algumas vezes até 15 metros (SOMALI; BAJNEDI; AL-FHAIMANI, 1984). Cresce bem nos trópicos com alta umidade e também em lugares muito secos e quentes, sendo pouco afetadas por períodos de seca. Variações no conteúdo dos óleos provenientes de diferentes regiões são atribuídas a mudanças nas condições ambientais e geológicas (ANWAR; BHANGER, 2003; IBRAHIM et al., 1974). As folhas, flores, frutos e raízes dessa árvore são localmente muito apreciadas por suas propriedades nutricionais (ANWAR; BHANGER, 2003). Também é associada a benefícios medicinais, sendo utilizada no tratamento da ascite, reumatismo e como estimulante cardíaco e circulatório (ANWAR; ASHRAF; BHANGER, 2005). Vários estudos tem sido conduzidos para caracterização do óleo da Moringa oleifira (ABDULKARIM et al., 2005; ANWAR; ASHRAF; BHANGER, 2005; TSAKNIS, 2010; TSAKNIS et al., 1998). É reportado como tendo alto teor de ácido oleico e diferentes isômeros de tocoferol (ANWAR; ASHRAF; BHANGER, 2005) (Tabela 2). Tabela 2- Composição de ácido graxos (%) em diferentes óleos vegetais Ácido graxo. 14:0. 16:0. 18:0. 20:0. 22:0. 24:0. 16:1. 18:1. 20:1. 22:1. 18:2. 18:3. -. 12,6. 0,5. -. -. -. 4,3. 72,2. -. -. 9,7. 0,6. -. 11,9. 5,8. 0,4. -. -. -. 45,0. 0,4. -. 35,6. 0,1. 0,1. 5,7. 6,0. 3,9. 6,6. 1,0. 1,5. 71,8. 2,2. 0,1. 0,6. 0,1. Amostra Óleo de Abacatea. Óleo de Argana. Óleo de Moringab. Legenda: - Quantidades não significativas; a MADAWALA, 2012; b KLEIMAN; ASHLEY; BROWN, 2008.

(34) R e v i s ã o B i b l i o g r á f i c a | 18. O óleo de argan é outro óleo comumente utilizado, sendo produzido com duas funções principais: comestível e produtos cosméticos. O óleo de argan para uso em cosméticos é preparado industrialmente, principalmente na Europa, por extração com solvente dos frutos importados (GUILLAUME; CHARROUF, 2011b). A árvore de argan é uma árvore de cresimento lento exclusivamente endêmica nas terras áridas do sudoeste do Marrocos. Seu frutos, dos quais provém o óleo, requerem um processamento de várias etapas, que se inicia com a sua secagem (HARHAR; GHARBY; KARTAH, 2010), com um rendimento de até 35% de produção de óleo. Entretanto, melhoramentos no processo de extração resultaram em rendimento de até 60%. Tradicionalmente, o óleo de argan era usado extensivamente no Marrocos para tratamento de diversos problemas como pele seca, acne, psoríase, eczema, rugas, dores nas articulações e inflamações cutâneas (CHARROUF; GUILLAUME, 1999). Para os cabelos, os principais usos eram na prevenção da queda e ressecamento capilar (CHARROUF; GUILLAUME, 1999). É Composto por 99% de acilglicerídeos, primariamente triglicerídeos. O material insaponificável, que representa o 1% remanescente, é composto por carotenos, tocoferóis, alcoóis triterpênicos, esteróis e xantofilas (CHARROUF; GUILLAUME, 1999). Ácidos graxos que compõem os acilgliceróis são principalmente o ácido oleico (monoinsaturado, pertencente à família ômega 9) e linoleico (poli-insaturado, pertencente à família ômega 6) (Tabela 2) (RAHMANI, 2005). Algumas das propriedades farmacológicas do óleo de argan são resultantes de seu conteúdo de ácidos graxos insaturados. Entretanto, diversos outros óleos são ricos em ácido oleico ou linoleico, mas não possuem os mesmos efeitos terapêuticos. Muitos dos efeitos específicos do óleo de argan são atribuídos a sua composição de material insaponificável. O conteúdo de tocoferol é 620 mg/Kg, uma valor elevado quando comparado, por exemplo, ao óleo de oliva, que possui 320 mg/Kg (GUILLAUME; CHARROUF, 2011a). Os tocoferóis são moléculas com forte poder antioxidante e sequestrante de radicais livres. Gammatocoferol é o mais eficiente dentre todos os tocoferóis (JIANG et al., 2001), compondo 69% do conteúdo total de tocoferol do óleo de argan (GUILLAUME; CHARROUF, 2011b) O óleo de argan possui aplicações cosméticas como hidratação e reparação capilar. Muito dos efeitos atribuídos a utilização desse óleo, resultam do uso popular e, embora haja pouco respaldo científico acerca dos efeitos cosméticos, os benefícios relativos ao seu uso são bem disseminados (GUILLAUME; CHARROUF, 2011a)..

Referências

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