• Nenhum resultado encontrado

Desafios da busca...

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Desafios da busca..."

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Desafios da busca...

Meu nome é Bernadete de Oliveira, 48 anos e andradinense. Sou fisioterapeuta, acupunturista e fisiologista do exercício, adepta da medicina Antroposófica, mestre em Gerontologia e doutoranda em Ciências Sociais, com experiência nas áreas de pesquisa, saúde e educação.

A ênfase da minha atuação profissional foi assistência à saúde (1986 a 2005) em hospitais, clínicas e domicílios; e docente (2006 a 2009), na área de Gerontologia Social nos Cursos de Fisioterapia, Enfermagem e Biomedicina, da Universidade Ibirapuera, SP.

Atualmente sou professora convidada dos Cursos de Gerontologia, lato sensu, da Universidade Paulista (UNIP) e da Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da PUC-SP (COGEAE). Sou membro dos grupos de pesquisa da PUC-SP- CNPq: ‘Epidemiologia do Cuidador’, ‘Longevidade, Envelhecimento e Comunicação (LEC)’, ‘Saúde, Cultura e Envelhecimento’, ‘Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE)’.

Sou associada fundadora do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE), atuante como pesquisadora mentora do Portal do Envelhecimento, na coordenação de pesquisa dos projetos: ‘Condomínio Amigo’, vencedor da 10ª. Edição do Concurso Banco Real/Santander (Talentos da Maturidade), ‘OLHE O Bem Estar’ e ‘Programa Cuidar é Viver’.

(2)

Ser fisioterapeuta significou, durante muitos anos, avaliar e reabilitar as pessoas para que tivessem de volta alguma independência e autonomia para que conseguissem se expressar no contexto no qual estavam inseridas. Atuar na área da Gerontologia Social tem muitos significados e, no momento, me parece que seja aprender que as possibilidades podem se tornar reais e acontecer de fato, desde que sejamos criativos e disciplinados para identificar e desenvolver caminhos, novos ou antigos.

Nos hospitais que trabalhei a maior demanda de serviços de saúde era mesmo para o idoso. Mesmo depois de tantos anos, não é difícil visualizar o ‘paciente idoso’ com uma diversidade e multiplicidade de morbidades e de reações diante de cada sinal ou sintoma, impondo desafios, fazendo com que eu (idealista) procurasse me aperfeiçoar cada vez mais.

Nos domicílios (como particular ou voluntaria) pude conhecer o dia-a-dia do ‘paciente idoso’, percebia transformações no seu cotidiano e dos familiares: as diferentes repercussões da doença e de seu tratamento. Compreendi que o vínculo afetivo era o componente principal em qualquer tratamento.

Ao estudar Antroposofia comecei a entender que ‘só o aprofundamento na minha área’ (fisioterapia respiratória/saúde) não era suficiente para responder minhas dúvidas e apontar caminhos, senti que ainda faltava muito, mas sinceramente, não sabia exatamente o que.

Na Especialização em Fisiologia do Exercício encontrei na base científica as explicações para os aspectos fisiopatológicos da resposta dada ao tratamento por um menino que tinha Distrofia Muscular de Duchenne, mas ainda faltava o aprofundamento que me levasse a compreender as questões implícitas deste especifico estudo de caso.

Cansei e fui andar na Índia e no Nepal, depois de 15 anos trabalhando em Unidade de Terapia Intensiva lidando com a vida e a morte, com dúvidas e incertezas a respeito dos limites e dos excessos nas intervenções junto ao ‘paciente idoso’, ou até mesmo aqueles que eram classificados como adultos ou pediátricos - que por vezes eu tinha que atender e ser conivente com as adversidades das situações, impostas pelo contexto da instituição hospitalar, por que não dizer: instituição saúde.

Parei de trabalhar em maio de 2001 e de lá para cá estou buscando...

Ingressei no mestrado do Programa de Estudos Pós-graduados em Gerontologia da PUC/SP. Foi preciso mais de um ano para que eu (fisioterapeuta) começasse a entender o que era pesquisa qualitativa, a voz do idoso, e ingressar no campo da Gerontologia Social, dar um passo além do mundo concreto e técnico da Fisioterapia.

O que contribuiu muito foi, durante o mestrado, participar de diferentes projetos de pesquisa, primeiro no grupo ‘Epidemiologia do Cuidador’, coordenado pela Prof. Dra. Úrsula Karsch, fomentado pelo CNPq desde 1998 e desativado em 2009. O grupo era multidisciplinar e tinha o objetivo estudar o idoso dependente, vítima de Acidente Vascular Encefálico, o cuidador familiar e os

(3)

arranjos familiares, contribuindo na implementação de Políticas Públicas para promover o bem-estar do idoso e do cuidador familiar nos campos da saúde e social.

Inicialmente fui para campo entrevistar os sujeitos, depois desenvolvi habilidades com instrumento de pesquisa qualitativa (diário de campo) e quantitativa (questionário semiestruturado) e descobri (com um olhar lapidado pelas assistentes sociais do grupo) outra realidade, o impacto da doença, extremamente incapacitante, no cotidiano de esposas, filhas, netas e noras cuidadoras. Chamava a atenção que a maioria das cuidadoras eram esposas, também idosas, cujos maridos, antes provedores, mudaram de papel e agora eram dependentes de seus cuidados.

Em 2005, como bolsista auxílio técnico CNPq 1A, desenvolvi, junto com os outros pesquisadores do grupo, projetos e instrumentos de pesquisa, além de fazer o tratamento estatístico dos dados coletados, por meio do programa SPSS, para publicação de artigos, inscrição de trabalhos em congressos nacionais e internacionais, produção de dissertações e teses.

O segundo grupo de pesquisa em que ingressei foi o ‘Longevidade, Envelhecimento e Comunicação (LEC)’, cuja líder é a Profa. Dra. Beltrina Corte, um grupo multidisciplinar que investiga quais informações e questões do envelhecimento são destacadas e produzidas nos jornais paulistas e por quem. Para isso fizemos um monitoramento da cobertura da mídia impressa, no período de 2004 a 2005, e participei da construção do instrumento de pesquisa (questionário semiestruturado) e do banco de dados e da análise das 1980 notícias extraídas de quatro jornais paulistas: O Estado de São Paulo (OESP), Jornal da Tarde (JT), Folha de São Paulo (FSP) e O Valor Econômico (OVE). De 2002 a 2003 também desenvolvi trabalho voluntário na Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM), para implementar o trabalho de campo do meu projeto de pesquisa do mestrado, fomentado pelo CNPq. Segue no próximo parágrafo o resumo da dissertação intitulada ‘Meninos & Mães da

ABDIM: A epopeia da longevidade de pessoas que convivem com a Distrofia Muscular de Duchenne e envelhecem lado a lado’, orientada por Beltrina Corte

e defendida em 26/01/2005.

‘O cenário da longevidade das pessoas portadoras de Distrofia Muscular de Duchenne (DMD), doença genética de etiologia desconhecida, associada à debilidade muscular progressiva com destruição e degeneração das fibras musculares esqueléticas, é apresentado neste estudo. A pesquisa teve como principal objetivo estudar mães e filhos, a fim de mostrar a luta, as dificuldades e a contribuição, dessas pessoas que superam desafios, conquistam a longevidade e envelhecem lado a lado. A pesquisa foi realizada na Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM), na cidade de São Paulo, com 50 mães e 51 filhos, no período de março de 2002 a novembro de 2003. Focalizou-se a mãe que envelhece e oferece cuidados cada vez mais intensos, ao filho dependente, quando não perenes. Para apreender essa realidade foram utilizados instrumentos de pesquisa quantitativa e qualitativa:

(4)

questionário semiestruturado, observação participante e diário de campo. Também se colheu depoimento domiciliar de uma mãe, protagonista deste estudo, de 62 anos de idade cujo filho de 31 anos é a pessoa portadora de DMD mais longeva que já frequentou a ABDIM. Utilizou-se o método analítico informatizado SPAD.T para analisar a narrativa dos sujeitos, a fim de complementar os dados quantitativos, abrangendo categorias de totalidade social, cultural, econômica, saúde, apoio e de cotidianidade. A média de idade das mães é de 42,55 anos; são na maioria casadas; de baixa escolaridade; sem renda pessoal; e residentes na periferia da cidade de São Paulo. Os filhos têm em média 14,61 anos de idade, a maioria frequenta a escola, utiliza cadeira de rodas para locomoção e é assistida pelo SUS. A análise detém-se, mais enfaticamente, na subdivisão por sete anos das faixas etárias, caracterizando a biografia dos sujeitos que, desde o nascimento, convivem cotidianamente com a doença. Nas narrativas das mães observou-se que o viver mais exige contínuo esforço: físico, psicológico e financeiro. Coube a elas a responsabilidade de lutar pela vida do filho, de valorizar a vida dele quando essa “caminha para a própria destruição”; e conviver cotidianamente com a morte eminente do filho. A partir deste contexto constatou-se que a epopeia da longevidade humana suscita discussões éticas, políticas e científicas’.

Em janeiro de 2006, ingresso na carreira de docente na Universidade Ibirapuera, nos Cursos de Graduação de Biomedicina, Fisioterapia e Enfermagem. Fiquei responsável, entre outras, pela disciplina de ‘Fisioterapia Aplicada á Gerontologia’, que contava com uma carga horária dividida em teoria e prática. A prática objetivou o atendimento fisioterapêutico aos idosos da Vila Joaniza, com vinculação a Unidade Básica de Saúde (UBS) e ao Sistema Único de Saúde (SUS), na Clínica de Fisioterapia da Universidade; além da produção, pelos alunos, de material didático para orientação dos idosos, como por exemplo: cartilhas educativas, sobre temas como sexualidade, entre outros. Essa experiência intergeracional foi especialmente marcante, pela criatividade dos envolvidos, benefícios, desafios e provocações, gerando trabalhos que foram divulgados em congressos da área de Gerontologia.

A aproximação alunos e professora com os idosos levou a constatação da presença de uma grave problemática: a maioria dos idosos apresentava dor osteoarticular, repetidas quedas e diagnóstico (entre outros) de osteoartrose nos joelhos. Em face dessa problemática foi desenvolvida uma atividade complementar de hidroterapia, o Ai Chi, na Clínica de Fisioterapia da própria universidade. Nessa trajetória, busquei, também, aprimoramento numa área específica da fisioterapia, que avalia e trata o desequilíbrio corporal - Curso

Balance.

Começamos assim um programa aquático de reabilitação vestibular e prevenção de quedas que beneficiou não só os idosos, reduzindo o número de quedas, como significou avanço no conhecimento dos alunos - outra possibilidade de intervenção. Houve também avanço no conhecimento empírico da professora com repercussões acadêmicas positivas, sendo

(5)

convidada a apresentar o programa para multiplicação de conhecimento na área de fisioterapia em Teresina, Piauí.

Orientei Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) nos Curso de Fisioterapia e Biomedicina, na mesma universidade, que beneficiaram os idosos residentes na comunidade local e os institucionalizados, bem como profissionais da área de saúde que lidam com esses últimos. Por outro lado, os projetos por mim orientados tiveram um impacto acadêmico positivo, divulgados em congressos da área de Gerontologia.

Outra disciplina sob minha responsabilidade foi a de ‘Fisioterapia Preventiva’, que tinha na grade a questão da Saúde Coletiva e do SUS. Desenvolvi junto com os alunos, um programa que implementava a visão de Saúde Coletiva nas ações preventivas do fisioterapeuta, a partir da Educação e da Promoção de Saúde para os moradores da Vila Joaniza, especialmente os idosos, maior demanda de atendimento na clínica da universidade.

Consideramos indispensável chamar a atenção do aluno para os fatores sociais, culturais e políticos do envelhecimento é tão importante quanto o estudo das síndromes geriátricas. É essencial à iniciação de um olhar gerontológico na graduação, especialmente na área de saúde tão demandada e tão carente deste saber.

Minha experiência de três anos como docente na graduação significou aprendizado e mantive acesa a chama da pesquisa científica e da busca pelo conhecimento das humanidades; por meio do contínuo convívio intergeracional (alunos e idosos) moradores da comunidade local e da presença em eventos científicos, apresentando e publicando trabalhos em eventos nacionais e internacionais, em meios impressos e eletrônicos.

De 2005 a 2008 fiz estágio no Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Publica (FMUSP), a convite das Profas. Dra. Maria Lúcia Lebrão e Dra. Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, oferecendo apoio técnico para estruturar a apresentação on line dos resultados preliminares do estudo multicêntrico ‘Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento’ (SABE), tendo participado também do planejamento e do desenvolvimento da segunda fase do projeto. Em 2008 assumo como professora convidada a disciplina ‘Alterações fisiológicas e patológicas do envelhecimento’, no Curso de Gerontologia da Universidade Paulista, SP. O conteúdo ministrado trouxe a discussão sobre o contexto epidemiológico brasileiro, dado que às doenças infecciosas se acrescem as crônicas e degenerativas.

Em 2009 fui aprovada para o doutorado no Programa de Estudos Pós-graduados em Ciências Sociais, com o projeto intitulado: ‘Atendimento e Tecnologia: Atenção á Saúde e á Velhice na Imprensa’, e orientação da Profa. Dra. Maria Helena Villas Bôas Concone. O objetivo principal era mostrar a transformação das representações da doença e do atendimento, tal como são empiricamente vivenciadas pelos interessados (os que atendem e os que são

(6)

atendidos). Para tanto seriam realizados procedimentos metodológicos qualitativos (análise de discurso e de conteúdo) e quantitativos, das notícias sobre o tema dos jornais paulistas: OESP, JT e FSP; nos períodos de junho, julho e agosto dos anos de 1999 e 2000, 2004 e 2005, 2009 e 2010.

No entanto, em fevereiro de 2011, enveredei no Projeto de Pesquisa intitulado “Quem cuidará de nós em 2030? Método Delphi Eletrônico para Prospecção da

Atenção à Saúde do Idoso na Região Metropolitana de São Paulo” (fomentado

pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP), cujo planejamento e desenvolvimento advieram do contexto metodológico com o qual estava envolvida como doutoranda no Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Sociais da PUCSP e pesquisadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), do Programa de Estudos Pós Graduados em Gerontologia (PUCSP).

O NEPE desenvolve, primordialmente, trabalhos acadêmicos com enfoques multidisciplinares, reflexão interdisciplinar e ações interinstitucionais. Esta pesquisa foi realizada em parceria entre os Programas de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais e em Gerontologia da PUCSP com a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Católica de Brasília (UCB) e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP). O apoio financeiro veio da Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e do Ministério da Saúde de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012. A seguir o resumo dos resultados preliminares.

‘Estudo interdisciplinar definido como prospectivo, descritivo, quantitativo, qualitativo com enfoque social e cultural, sustentado por meio de Trabalho de Campo desenvolvido no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2012, no Departamento Regional de Saúde 1 (DRS 1): Grande São Paulo e seus respectivos 39 municípios, ou seja, em 100% da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). A ida a campo foi planejada e desenvolvida em etapas, assim denominadas: Primeira Etapa Entrevista Presencial Gravada, junto a 109 Conselheiros Municipais, a saber: 39 (36%) Representantes da Secretaria de Saúde no CMS, 37 (34%) Representantes dos Usuários no CMS, e 33 (30%) Representantes dos Idosos no CMI.

Segunda Etapa Método Delphi Eletrônico, subdivida em Ciclo I, no qual 68 sujeitos (62,4% dos 109) participaram, a saber: 20 (51,3%) dos 39 Representantes da Secretaria de Saúde no CMS, 30 (81,1%) dos 37 Representantes dos Usuários no CMS, 18 (54,5%) dos 33 Representantes dos Idosos no CMI; e em Ciclo II, quando os 51 representantes (75% dos 68 sujeitos do ciclo anterior) atingiram o consenso de opinião sobre cada tema (dentro da categoria de sujeito que representou no respectivo conselho), a saber: 14 (70,0%) dos 20 Representantes da Secretaria de Saúde no CMS, 22 (73,3%) dos 30 Representantes dos Usuários no CMS, 13 (72,2%) dos 18 Representantes dos Idosos no CMI.

Nos procedimentos metodológicos se utilizou Instrumentos de Pesquisa com métodos de coleta de informações distintas, ou seja, o Questionário misto e o

(7)

TCLE foram aplicados pessoalmente; e os Formulários Delphi foram respondidos via internet ou por contato telefônico (não presencial). Toda a coleta foi precedida de pré-testes, bem como de reflexão conceitual, com base nos documentos oficiais do Ministério da Saúde’.

Em 2009 recebi a Titulação de Especialista em Gerontologia pela SBGG e iniciei, de fato, o meu percurso no OLHE quando assumi a coordenação da pesquisa do projeto “Condomínio Amigo de Idoso”, nas regiões da Sé e da Mooca, SP. As atividades de pesquisa desenvolvidas no projeto foram: mapear os condomínios, a rede de comércio e serviços existentes nas duas regiões; construir e aplicar instrumentos que identificassem o perfil sócio demográfico dos moradores, síndicos, funcionários e comerciantes participantes do projeto; desenvolver indicadores que demonstrassem ou não a eficácia e sustentabilidade do projeto; analisar o banco de dados e divulgar os resultados. No desenvolvimento do projeto destacaram-se dois achados da pesquisa de campo: o primeiro relacionado a adesão dos idosos moradores ao Projeto Condomínio Amigo do Idoso. Por ser um projeto inovador e relacionado a questões que envolvem a velhice, quando se fazia o informe encontrávamos barreiras que iam desde o não reconhecimento da própria pessoa idosa como pertencente a tal segmento, bem como dos estigmas culturais que envolvem a velhice na sociedade.

A pesquisa identificou uma questão social, política e cultural, na qual os idosos demonstraram que querem participar de atividades para todas as idades, com atenção especial para a velhice, mas sem segregar, o que sugeriu a mudança da denominação para Condomínio Amigo.

O segundo achado corresponde à identificação das redes e dos tipos de apoio (suporte) relatados pelos moradores idosos como necessários para sua permanência no condomínio, a saber: emergencial (atende primeiro, depende da constituição condominial); de vínculo afetivo (de parentesco ou não); sistemática (fundamental para a recuperação e inserção social); intermediária (tramita questões legais, econômicas, de saúde e/ou sociais) e entorno (atendimento e serviços).

Outro projeto de pesquisa que coordenei foi o ‘OLHE o Bem Estar’, produto de uma parceria entre o OLHE e uma empresa de monitoramento e gerenciamento de pessoas (maioria idosas) com doenças crônicas e usuárias de planos de saúde privado. O projeto teve como objetivo de incrementar a base de dados da empresa e produzir estudos que evidenciassem sua eficácia. Atualmente atuo no Programa Cuidar é Viver, coordenando a pesquisa que objetiva identificar o perfil social, profissional e econômico de candidatas à formação do Curso de Cuidadores de Idosos, além de desenvolver indicadores que identificam o impacto social após a formação, como, por exemplo, empregabilidade, incremento de renda e melhora na qualidade de vida. Também sou professora do Curso nos temas ‘Conceitos chaves no cuidar’ e ‘Como identificar sinais e sintomas’.

(8)

Ao associar o conjunto de conceitos teóricos às competências elencadas à prática do cuidador de idosos, as aulas geram um espaço no qual os futuros cuidadores refletem sobre sua própria realidade e muitas vezes atribuem maior significado para a rotina de seu trabalho – o dia a dia do cuidar.

‘Conceitos Chaves no Cuidar’ é uma aula que propõe levar à reflexão sobre o cuidar emocional e o cuidar social. O cuidar emocional é identificado como o que dá chaves para o cuidador acolher as necessidades ditas ou não pelo idoso, por meio dos cinco sentidos, reflexões que levam os alunos a identificar e desenvolver habilidades para, por exemplo, fortalecer o respeito, oferecer segurança e criar um vínculo de confiança com o idoso. O cuidar social, envolve a atenção à saúde como um direito social; o aluno é estimulado a buscar estratégias para abordar os problemas identificados junto ao idoso, recorrendo à rede para atender as necessidades relacionadas ao lazer, educação, moradia, acessibilidade, entre outras (e não apenas as de saúde). Na minha trajetória profissional e pessoal ao longo desses anos constatei a consolidação de um conhecimento continuo e profícuo na área da Gerontologia, enquanto fisioterapeuta. Assim, espero contribuir para o crescimento da Gerontologia, dar continuidade aos projetos aqui descritos, à docência, carreira acadêmica, bem como aprofundar e desenvolver novos projetos, porque apesar da política pública de saúde implantada no país – reconhecidamente inovadora – para o segmento idoso, a oferta de atendimento ainda não consegue suprir a demanda. Contradição desafiadora que merece reflexão, ação e pesquisa. Especialmente quando tentamos responder as perguntas: Quem cuidará de nós? Como cuidaremos dos nossos idosos?

_________________________

Bernadete de Oliveira - Fisioterapeuta, Mestre em Gerontologia e Doutoranda

em Sociais Ciências (PUCSP/FAPESP). Associada Fundadora do OLHE. Pesquisadora CNPq (PUCSP) e dos projetos desenvolvidos no OLHE. Docente (COGEAE/PUCSP; UNIP; OLHE). E-mail: bbell_o@yahoo.com.br

Referências

Documentos relacionados

Projeto Básico e seus anexos a Comissão de Recebimento da EBC impugnará as respectivas etapas e emitirá o Termo de Rejeição, no prazo a que alude o subitem 12.3,

A ANOVA de uma via seguida do teste post hoc Newman-Keuls indicou que o grupo tratado com veh-BIC aumentou significativamente o tempo de fuga orientada para a toca

Segundo Ribeiro (2010, p.293) "[...] a pedagogia da alternância tem o trabalho como princípio educativo de uma formação humana integral, que articula dialeticamente o

Perceber a razão que leva os estudantes a utilizar as estratégias protetoras pode levar a mais planos de intervenção eficazes que reduzam o consumo de álcool e

Este mecanismo está de acordo com o modelo proposto na literatura de degradação de refratários: oxidação do carbono, aumento da molhagem do refratário pela escória,

Também em um bracteado dinamarquês (figura 6), a suástica possui tanto um sentido de vitória militar (está ao lado de um guerreiro derrotado – possui uma espada apontada

Em relação à saúde do trabalhador, é disposição da Lei 8.080/1990, que trata das condições para a promoção, pro- teção e recuperação da saúde e da organização e

A Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Ponta Grossa” – FAUEPG em conjunto com a Coordenação do