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Níveis de autoestima em praticantes de desporto escolar de atividades rítmicas expressivas

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Academic year: 2021

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Sandra Marisa Vilas Boas da Silva

Níveis de autoestima em praticantes de Desporto Escolar de Atividades Rítmicas Expressivas

Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real - 2015

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Sandra Marisa Vilas Boas da Silva

Níveis de autoestima em praticantes de Desporto Escolar de Atividades Rítmicas Expressivas

Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

Orientador: Prof. Dr. Nuno Domingos Garrido

UTAD Vila Real – 2015

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AGRADECIMENTOS

A formação académica é um longo caminho de aprendizagem e crescimento pessoal e profissional. É um caminho que se faz passo a passo, acompanhada de muitos colegas, amigos, mestres e mentores... a todos eles o meu obrigada.

À minha família, em especial à minha irmã Andreia por toda a tolerância, compreensão e ajuda prestada para a concretização desta etapa de formação académica.

Ao meu namorado que sempre me apoiou na decisão de dar mais este passo na minha formação profissional e concretização pessoal.

A todos os alunos de um Agrupamento de Escolas do Distrito da Guarda, pelos quais desenvolvi um grande carinho.

Aos Encarregados de Educação de todos os alunos que preencheram o questionário, em especial dos alunos das Atividades Rítmicas Expressivas pela completa colaboração nas diversas etapas de concretização dos objetivos do Grupo Equipa de Desporto.

Ao Dr. Firmino Machado, pelo apoio técnico e revisão de conceitos estatísticos fundamentais à conclusão deste projeto.

Ao Professor Dr. Nuno Domingos Garrido, meu orientador, pelo apoio, paciência e dedicação, mesmo nos momentos mais difíceis.

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ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO ... 2

1. REVISÃO DE LITERATURA ... 5

1.1. Atividade Física e seus benefícios ... 5

1.2. Autoestima ... 7

1.3. Dança ... 9

1.4. Desporto Escolar ... 12

1.4.1. Estruturas Orgânicas do Desporto Escolar ... 13

1.4.2. A Atividade Interna e Externa ... 13

1.5. Grupo Equipa de Atividades Rítmicas Expressivas ... 14

2. METODOLOGIA ... 19

2.1. Caracterização da Amostra ... 19

2.2. Instrumentos de Avaliação ... 20

2.2.1. Ficha de Caracterização Individual ... 20

2.2.2. Escala de Autoestima de Rosenberg ... 20

2.3. Procedimentos ... 21

2.4. Análise e Tratamento de Dados ... 22

3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 24

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 29

5. CONCLUSÕES ... 37

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 40

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Itens da Escala de Autoestima de Rosenberg (1965) ... 21

Tabela 2: Alfa de Cronbach ... 24

Tabela 3: Teste Kolmogorov-Smirnov e Teste Shpairo-Wilk ... 25

Tabela 4: Teste Levene ... 25

Tabela 5: ANOVA ... 26

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RESUMO

As Atividades Rítmicas Expressivas têm sido descritas como um contributo para uma melhor autoestima dos seus praticantes, quer pelo seu impacto na valorização pessoal, quer pela melhoria das interações interpessoais. O presente estudo pretende verificar se os alunos praticantes de Atividades Rítmicas Expressivas no âmbito do Desporto Escolar, de um agrupamento de escolas do distrito da Guarda, apresentam níveis mais elevados de autoestima do que os alunos praticantes de outras modalidades do Desporto Escolar e que os alunos que não praticam atividades desportivas, do mesmo agrupamento de escolas. Para isto foi aplicado a Escala de Autoestima de Rosenberg (1965), adaptado e traduzido por Ferreira e Meek (2001). O questionário foi respondido por cada um dos participantes, através de uma plataforma online. A amostra foi constituída por 68 alunos, sendo 64 do género feminino e 4 do género masculino, com idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos, com uma distribuição semelhante pelos grupos experimentais. A amostra foi distribuída por três grupos: grupo de alunos que pratica Atividades Rítmicas Expressivas, constituída por 32 alunos; grupo de alunos que não pratica Atividades Rítmicas mas pratica outras modalidades do desporto Escolar, constituído por 16 alunos; e o grupo de alunos que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas nem outras modalidades desportivas, constituído por 18 alunos. Os resultados obtidos revelaram que o grupo de alunos que pratica Atividades Rítmicas Expressivas, apresentam níveis de autoestima significativamente superiores aos restantes grupos. Verificou-se também que o grupo de alunos que não praticam Atividades Rítmicas Expressivas mas que praticam outras modalidades desportivas de Desporto Escolar, apresentaram níveis de autoestima inferiores ao grupo de alunos que pratica Atividades Rítmicas Expressivas e níveis superiores ao grupo de alunos que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, nem outras modalidades desportivas. Estes resultados vão de encontro aos estudos desenvolvidos até à data no âmbito dos níveis de autoestima e a prática de atividade física/dança, fortalecendo a convicção da comunidade científica em como a dança contribui para uma vida saudável.

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ABSTRACT

The Expressive Rhythmic Activities have been described as a contribution to better self-esteem of their practitioners, both for the contribution to self-improvement and the improvement of interpersonal interactions. The purpose of this essay is to test whether the students attending the Expressive Rhythmic Activities group in the Guarda district School, display higher levels of self-esteem as compared to students who practice other group activities and to students that don't practice any sports. To do this I applied the Rosenberg Self-esteem questionnaire (1995), adapted and translated by Ferreira and Meek (2001). The questionnaire was self-administered by the respondents, using an online platform. The study included 68 students, 64 females and 4 males, with ages ranging from 11 to 18 years old and a similar distribution within the three experimental groups. The students were distributed by three groups: Expressive Rhythmic Activities, constituted by 32 students; students involved in other School Sports team groups, constituted by 16 students and the students group do not play any sports, constituted by 18 students. The analysis showed that the group of students attending the Expressive Rhythmic Activities team group displays self-esteem levels significantly higher than all the other students. I also noted that the students attending other School Sports team groups display higher levels of self-esteem than the students who do not play any sports. The results obtained are consistent with the studies developed to date with regard to self-esteem levels and the practice of physical activity/dance, which has strengthen the scientific community’s belief on how dancing helps to building a healthy life.

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Níveis de Autoestima em Praticantes de Desporto Escolar de Atividades Rítmicas Expressivas

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INTRODUÇÃO

A prática de atividade física é o maior contributo para o bem-estar físico e psicológico da população em geral (Bear, 1996). Nos países desenvolvidos verifica-se que o comportamento sedentário associa-se à utilização dos computadores, das consolas, da televisão, dos telemóveis entre outros equipamentos informáticos, que se constitui como um elevado fator de risco para a saúde (Ojiambo, 2013).

Desta forma, a escola assume um papel preponderante na educação do físico e na criação de estilos de vida saudável que se reverterão numa população adulta mais saudável e ativa. Assim sendo, todas as ofertas de atividades desportivas na escola, nomeadamente no âmbito do Desporto Escolar, deverão ir ao encontro das necessidades e interesses dos alunos. O grupo equipa de Atividades Rítmicas Expressivas é um desses exemplos no qual se encontram inscritos centenas de alunos a nível nacional.

Sendo a dança uma atividade expressivo-motora, que é construída em conjugação com a música, com as suas imagens e a sua emotividade (Reis, 2004), os benefícios psicológicos são visíveis nos seus praticantes. A escuta musical associada a uma interpretação criativa e coordenada de todos os movimentos executados em grupo favorece a socialização, o saber estar perante os vários elementos da sociedade e elevados níveis de autoestima e autoconfiança.

Rosenberg (1965, cit in Romano, Negreiros & Martins, 2007) refere-se à autoestima como a avaliação que a pessoa efetua e que geralmente mantém sobre si mesmo. Ao implicar um sentimento de valor, encontra-se associada aos indivíduos mais felizes (Myers & Diener, 1995, cit in Freire & Tavares, 2011) podendo exprimir a capacidade de acreditar que é capaz de tudo, de ser feliz, de interagir e integrar-se na sociedade e que é digno e confiante (Langone & Vieira, 2009).

Assim, é com esta linha de pensamento que se pretende responder ao problema central deste estudo: “Será que o grupo de alunos que praticam Atividades Rítmicas Expressivas apresentam níveis de autoestima mais

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elevados que o grupo de alunos que não praticam Atividades Rítmicas Expressivas, mas que praticam outras modalidades desportivas do Desporto Escolar ou o grupo de alunos que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, nem outras modalidades desportivas?”

Sendo a pré-adolescência e a adolescência períodos de grandes transformações corporais, psíquicas e sociais a prática de exercício físico, nomeadamente dança, transmitirá elevados benefícios. Vários estudos já desenvolvidos neste âmbito confirmam que a prática regular de atividade física pode melhorar a depressão, ansiedade, problemas comportamentais e a autoestima (Ekeland, Heian & Hagen, 2005). Uma baixa autoestima pode vir a gerar no adolescente, sofrimento associado a sentimentos de inferioridade e de insegurança, que incentiva ao isolamento e por sua vez à possibilidade de aparecimento de graves problemas para a saúde (Santos, Santos, Justino, Kocian & Kocian, 2011). Uma média autoestima é caracterizada pela oscilação do indivíduo entre o sentimento de aprovação e rejeição de si e uma alta autoestima consiste no autojulgamento de valor, confiança e competência (Rosenberg, 1965, cit in Sbicigo, Bandeira & Aglio, 2010).

Desta forma, a prática de dança pode contribuir para mudanças no comportamento nesta faixa etária, tais como: a diminuição da violência; a demonstração de alegria, prazer e entusiasmo; melhorias na postura corporal, bem como em todo o reportório motor do adolescente. (Nanni, 2003; Ferreira, 2005, cit in Santos et al, 2011).

O presente estudo pretende avaliar os níveis de autoestima dos praticantes do grupo de desporto escolar de Atividades Rítmicas Expressivas, comparando com praticantes de outros grupos de desporto escolar e com alunos que não praticam nenhuma modalidade. Os alunos incluídos na amostra encontram-se a frequentar um Agrupamento de Escolas do distrito da Guarda.

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Níveis de Autoestima em Praticantes de Desporto Escolar de Atividades Rítmicas Expressivas

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1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1. Atividade Física e seus benefícios

A atividade física está a emergir como um importante modificador do risco de doença nos países em desenvolvimento e desenvolvidos (Ojiambo, 2013). Apesar de se considerar que os estudos sobre os benefícios da prática de atividade física ainda não se encontram totalmente concluídos, é evidente que esta se encontra associada a uma perda ponderal significativa e à diminuição da massa gorda.

Ser fisicamente ativo assegura uma melhor saúde, transmitindo um conjunto de benefícios nos vários sistemas orgânicos, tais como o sistema cardiorrespiratório, músculo-esquelético, sangue, sistema imunitário e o sistema nervoso. O exercício físico é o maior contributo para um bem-estar de saúde global (Bear, 1996). Além disso, considera-se uma atividade recreativa e social, sendo um excelente contributo para o conforto psicológico, estimulando o aumento da autoestima. Vários estudos desenvolvidos no âmbito dos benefícios da prática de atividade física sugerem que o exercício promove longevidade uma vez que contribui para a diminuição dos fatores de risco cardiovascular, diminuindo a pressão arterial, obesidade e diabetes mellitus e proteção contra doenças neoplásicas, osteoporose e osteopenia. Por outro lado, atua no sistema nervoso central induzindo a libertação de endorfinas que provocam bem-estar, reduzindo a ansiedade, depressão e o stress, aumentando a autoestima e o autoconceito (Colberg, Sigal, Fernhall, Regensteiner, Blissmer, Rubin, Chasan-Taber, Albright & Braun, 2010; Biddle, Gorely & Stensel, 2004; Giannuzi, Mezzani, Saner, Björnstad, Fioretti, Mendes, Cohen-Solal, Dugmore, Hambrecht, Hellemans, McGee, Perk, Vanhees & Veress, 2003; Hallal, Victoria, Azevedo & Wells, 2006; Metsios, Stavropoulos-Kalinoglou, Zanten, Treharne, Panoulas, Douglas, Koutedakis & Kitas, 2008; Olchawa, Kingwell, Hoang, Schneider, Miyazaki, Nestel & Sviridov, 2004; Warburton, Nicol & Bredin, 2006). King e seus colegas (1992, cit in Ogden, 1999) concluíram que as consequências psicológicas do exercício associam-se

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às mudanças nos níveis de autoestima e autoconfiança, que por sua vez se transmitem na maior satisfação em relação ao corpo.

A capacidade para manter a rotina de um programa de atividade física pode conduzir a uma redução de vários problemas de saúde, limitando o aparecimento de vários distúrbios psicológicos (Ayaz, Jamil, Atta, Baloch, Shah, & Zubair, 2010). Contudo os benefícios da prática dependem da intensidade e volume da atividade física. Muitos indivíduos ou não praticam qualquer exercício físico ou praticam exercício físico numa intensidade insuficiente não obtendo os benefícios psicológicos e físicos que a atividade física pode oferecer (Berger, Pargman & Weinber, 2002). Por outro lado, o excesso de exercício, como nas atletas de alto rendimento de ginástica, poderá interromper o desenvolvimento do ciclo hormonal, retardando o processo da puberdade e por sua vez evitar a obtenção de um elevado pico de densidade mineral óssea (Frizh et al, 1981, cit in Bass, Pearce, Bradney, Hendrich, Delmas, Harding, & Seeman, 1998), bem como, a redução ou mesmo eliminação de outras vantagens físicas, psicológicas e sociais de uma prática saudável. Para Ojiambo (2013) já existem evidências científicas suficientes sobre os benefícios da prática de atividade física, sobretudo na redução do tecido adiposo; sobre a pressão arterial em jovens; nos níveis de lípidos e lipoproteínas plasmáticas; nos níveis de glicose no sangue, atuando na redução do risco cardiovascular, assim como nas várias componentes da saúde psicológica (autoconceito, ansiedade e depressão). Num estudo desenvolvido por Garcia e Minguet (1996) foi igualmente comprovado que a atividade física influencia o autoconceito, o humor, a ansiedade, a depressão, bem como, a performance académica, a assertividade, a estabilidade emocional, a independência, o locus de controlo interno, a confiança, a memória, a imagem corporal e a eficácia no trabalho. Segundo Tremblay e seus colegas (2000), praticar atividade física regular promove saúde, tanto nos adultos como nas crianças. Além dos benefícios já referidos, salienta a sua influência positiva nas escolhas alimentares e na decisão de não fumar. Embora a atividade física possa melhorar indiretamente o bem-estar subjetivo e a qualidade de vida, recentemente tem havido um interesse crescente no seu papel direto na prevenção e tratamento de problemas de saúde mental (Fox,

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1999). Os distúrbios mentais e perturbações do humor são comuns e têm vindo a aumentar nos países desenvolvidos. Muitas destas condições patológicas têm a sua causa no baixo bem-estar mental caracterizado por uma angústia emocional, baixa autoestima, falta de imagem corporal, sensação de desesperança, stress crónico e ansiedade (Fox, 1999). Ainda para este autor a atividade física contribui positivamente para a solução de problemas de saúde mental: prevenção e tratamento de doenças e distúrbios mentais; melhoria da saúde mental e bem-estar físico daqueles que apresentam uma doença mental e da população em geral.

Desta forma, a prática e o gosto pela prática deverá ser incutido desde criança, reforçada na fase da adolescência e incentivada na fase adulta. A oferta formativa nas escolas torna-se fundamental em todo este processo.

1.2. Autoestima

A autoestima reflete sentimentos que o indivíduo tem sobre si próprio, sobretudo aspetos afetivos em relação a si e aos seus desempenhos. É um elemento que impregna maior ou menor estabilidade emocional ao individuo (Pestana & Páscoa, 1998). Ersoc (cit in Doron & Parot, 2001) define este constructo como uma implicação do valor que a pessoa atribui aos diversos elementos do conceito que ela tem de si mesmo. É algo que fortalece, dá energia, motiva e inspira o indivíduo a obter resultados e a sentir satisfação diante das suas realizações (Miranda, 2001, cit in Ribeiro & Brandão, 2010). Para Blascovich e Tomako (1991), autoestima refere-se à perceção que o individuo tem do seu valor ou o grau em que valoriza, aprecia, aprova ou gosta de si. Pode ser considerado um constructo da personalidade que representa o sentimento com relação ao “Eu”, auxiliando na construção da identidade do sujeito (Ferreira, Villela & Carvalho,2010). Segundo Field (1997), a autoestima é o “ingrediente vital para o êxito e felicidade”. Considera que quando existe esse ingrediente na vida do individuo, ele sente-se bem com ele próprio, calmo, confiante, controlado e sente que tudo é possível concretizar. Por outro lado, quando o perde a autoconfiança desaparece e tudo começa a correr mal. A autoestima “é formada pela imagem que cada pessoa tem de si mesma (autoimagem) somada ao conceito desenvolvido a partir de estímulos e

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informações que ela recebe do seu ciclo social” (Fraquelli, 2008, cit in Motta, Motta & Liberali, 2012).

As mudanças corporais resultantes de uma atividade física podem alterar a autoimagem corporal e por isso podem promover e aumentar o autoconceito (Weinberg & Gould, 1995, cit in Berger et al, 2002). Uma autoestima mais positiva e elevados níveis de autoconceito estão fortemente associados com níveis mais elevados de aptidão física, principalmente no que se refere à gordura corporal e à forma física.

Num estudo desenvolvido com adolescentes sobre a influência da autoestima, da regulação emocional e do género no bem-estar subjetivo e psicológico, concluiu-se que existe uma correlação positiva entre a autoestima e a satisfação do adolescente com a vida, sendo a variável que mais afeta todo o bem-estar psicológico nessa faixa etária (Freire & Tavares, 2011). São referidos ainda outros estudos já desenvolvidos neste âmbito nos quais a autoestima é identificada como uma das características individuais mais associadas aos indivíduos que se consideram mais felizes, estando os seus baixos níveis associados a resultados negativos, tais como, ansiedade, depressão e agressão. Field (1997) sugere um conjunto de estratégias para aumentar a autoestima, dentro das quais se destaca a prática de exercício físico. Realça que não se deve projetar objetivos irrealistas, mas sim realizar uma prática regular adequada às capacidades de cada um, pois só assim se irá obter a satisfação após a sua realização.

Conforme Strauss e seus colegas (2001), características da personalidade, tais como a realização, a motivação, autoconfiança, independência e a autoeficácia estão fortemente associadas a níveis elevados de prática de atividade física. Também sugerem que a prática de atividade física, nomeadamente desportos coletivos promove o desenvolvimento da autoestima em adolescentes. No estudo desenvolvido por estes mesmos autores, verificou-se que o comportamento, a felicidade, a intelectualidade, a popularidade e a autoestima era inferior em crianças/adolescentes (com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos) com baixo nível de atividade física intensa. Contudo não se verificaram diferenças significativas entre os níveis de autoestima e a

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idade/género. Bernardo & Matos (2003) salientam que existem vários tipos de exercício que induzem a mudança nas auto perceções, destacando-se o exercício aeróbio e o treino com pesos. As qualidades do líder ou o ambiente em que se desenrola o exercício podem ser consideradas condições que tornam os programas de exercício mais atraentes e por ser vez mudanças nos níveis de autoestima. Muitos investigadores têm relatado a forte relação que a participação na atividade física tem no desenvolvimento da autoestima, considerando-a um fator subjacente na determinação da motivação, persistência e sucesso académico dos alunos (Tremblay, Inman & Wilms, 2000). O facto de muitas crianças desejarem ser competentes na atividade física, nomeadamente no seu grupo de pares, leva-nos a concluir que existe um forte elo de ligação entre a atividade física e a autoestima. No estudo desenvolvido por estes autores, tentando relacionar atividade física com autoestima e os conhecimentos académicos verificou-se que existe uma forte relação entre a prática de atividade física e o aumento dos níveis de autoestima e uma fraca relação entre o conhecimento académico e a atividade física. A análise dos resultados permite concluir que crianças tanto do género masculino como feminino mais ativos fisicamente apresentam níveis consideravelmente mais elevados de autoestima. O aumento da autoestima e do autoconceito são fundamentais na saúde mental, uma vez que promovem um sentimento de valor. Além disso, todos os que praticam atividade física regular, independentemente da faixa etária, começam a sentir-se mais confiantes, no que respeita à sua aparência, permitindo um desenvolvimento da autoestima.

1.3. Dança

A dança é uma das mais simples e universais formas de transmitir arte e cultura, caracterizada por movimentos cadenciados e coordenados de um ou mais corpos. Ao longo da história, o Homem foi representando os seus sentimentos mais íntimos através da dança, por meio de expressões corporais, ritmadas que foram marcando as dimensões sagrada (rituais, místicos e religiosos) e profana (social e divertimento), bem como outras dimensões (Nanni, 1999). Atualmente vê-se a dança, tanto como uma modalidade desportiva como um fenómeno social, incorporada nas sociedades do

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quotidiano, afetando a qualidade de vida num sentido de bem-estar físico e psicológico do indivíduo. Quando praticada regularmente contribui para a melhoria da autoestima, do humor, da depressão e da ansiedade (Sanmartín, 2004, cit in Motta et al, 2012). Encontra-se igualmente associada ao aumento da alegria, da autoeficácia e do autoconceito, induzindo o adolescente a reforçar a autoimagem e a autoestima positiva (Mazo, Cardoso & Aguiar, 2006). Segundo Vilella e colegas (2010), a dança é uma atividade física e expressiva que permite aprofundar a perceção de cada um sobre si mesmo e sobre os outros. Pode ser utilizada como um instrumento pedagógico, contribuindo para o desenvolvimento emocional e para a estruturação da identidade, promovendo assim a formação do sujeito singular, com formas próprias de ser, sentir e agir. A dança engloba movimentos rítmicos e coordenados da musculatura corporal, que possibilita o desenvolvimento de um raciocínio mais rápido e lógico para a execução destes movimentos (Costa, Monteiro, Vieira & Cardoso, 2004). Para Baptista e seus colegas (2012), a dança assume um papel preponderante na terapia de pacientes com fibromialgia. Durante as atividades rítmicas da dança os praticantes são capazes de moldar os músculos através de contrações e relaxamentos, variando a intensidade, velocidade e duração dos movimentos, reduzindo desta forma a dor e implementando o bem-estar nesses indivíduos. Segundo Brikman (1989, cit in Costa et al, 2004), toda a energia proveniente dos movimentos realizados na dança, contribui para o equilíbrio geral da saúde e para uma atividade psicoprofilaxia corporal, favorecendo o reencontro do indivíduo com a realidade. De acordo com Lacerda e Gonçalves (2009), a dança constitui um processo de comunicação com uma intenção específica. Manfrin e Volp (2003,

cit in Lacerda & Gonçalves, 2009) afirmam que é através da dança que o

Homem se expressa e comunica algo do seu interior, tendo a capacidade de tomar consciência dos padrões que os seus impulsos geram e de aprender a desenvolvê-los, remodela-los e usá-los, enriquecendo a imaginação e aperfeiçoando a expressão.

Sendo a adolescência um período de maiores transformações corporais, psíquicas e sociais, a dança proporciona, nesta fase da vida, um conjunto de benefícios significativos (Costa et al, 2004). Num estudo desenvolvido por

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Costa e seus colegas (2004), com o objetivo da aplicação de um “Programa Prático de Dança Educativa”, como recurso de educação e saúde para adolescentes, concluiu-se que este tipo de atividades promove a integração em grupos e a expressão verbal sobre a perceção do corpo na vida e na dança, contribuindo por um lado para a promoção da saúde dos adolescentes, e por outro para a diminuição da probabilidade de adotarem comportamentos desviantes relacionados com o consumo de drogas ilícitas, com a criminalidade, a gravidez precoce, entre outros. Mallmann e Barreto (2004) completam esse raciocínio, referindo a importância de motivar os educadores a construírem, através da dança e de movimentos rítmicos, situações de aprendizagem, reeducação e terapia. Defendem ainda a ideia central de que a dança e todo o tipo de movimentos expressivos contribuem para o aumento da autoestima, a valorização pessoal, a satisfação de aprender e por conseguinte, uma melhor qualidade de vida das crianças e adolescentes. Conforme Quin e seus colegas (2007), as turmas de dança dão ênfase à criatividade, educando e inspirando os jovens, promovendo benefícios no desenvolvimento de habilidades expressivas e artísticas. Consideram a dança criativa um potencial para suscitar efeitos positivos na autoestima, motivação e atitudes, bem como um rumo para adoção de um estilo de vida mais saudável.

Sendo a necessidade de expressão corporal universal e característica de uma cultura e de uma integração na sociedade, a dança assume especial importância como promotor de saúde, opção de lazer e de manutenção da autonomia física para uma qualidade de vida melhor, facilitando as relações interpessoais e a socialização (Nanni, 1999). Nos últimos anos temos assistido a um aumento significativo da prática de dança no nosso país. Nas escolas foi introduzida de forma gradual, através da incorporação no Programa Nacional de Educação Física e no conjunto de atividades do Projeto de Desporto Escolar, ficando assim acessível a todos os alunos. Paralelamente verificou-se a proliferação de aulas de dança em ginásios, health clubs, associações e clubes, e mesmo escolas destinadas à dança para todas as idades, géneros e gostos. A vasta gama de oportunidades e a sua incorporação no contexto da sala de aula facilita a eliminação do estereótipo de que a dança se destina apenas para indivíduos do género feminino. A dança como uma atividade que

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dá prioridade à educação motora consciente e global, não se limita a uma ação unicamente pedagógica, mas também psicológica, procurando normalizar ou melhorar o comportamento da criança (Santos, Lucarevski & Silva, 2005). As atividades lúdicas na dança proporcionam diversos benefícios em termos físicos, emocionais, sociais e intelectuais, através do despertar de valores culturais e artísticos, de cuidado com a saúde e o corpo, bem como, na formação de um senso crítico e consciente.

As Atividades Rítmicas Expressivas no contexto de dança inserida no projeto de Desporto Escolar, visam por si só, desenvolver o gosto pela prática da modalidade e de atividade física em geral, bem como, a melhoria da capacidade de expressão sem medo, receio e timidez. Esta atividade ajuda o aluno a expressar-se livremente, a acreditar nas suas capacidades e acima de tudo a aprender a controlar as emoções e nervosismo associado à exposição em contexto de competição. Automaticamente todos estes benefícios da prática, como já afirmados por vários autores, transmitem ao aluno uma maior segurança nas suas atitudes, comportamentos e conhecimentos aplicados no dia-a-dia e por sua vez uma maior autoestima em relação à sua imagem corporal e relacionamento social.

1.4. Desporto Escolar

A prática de desporto, considerada como fundamental para a manutenção do bem-estar físico, psíquico e social é disponibilizada pelas escolas no âmbito das aulas de Educação Física e pelo projeto de Desporto Escolar. De acordo com o Programa de Desporto Escolar elaborado para o período de 2013 a 2017 a principal missão deste projeto é “proporcionar o acesso à prática desportiva regular de qualidade, contribuindo para a promoção do sucesso escolar dos alunos, dos estilos de vida saudáveis, de valores e princípios associados a uma cidadania ativa”. Assim e como alternativa ao desporto federado, ao qual nem todos os alunos têm acesso, o Desporto Escolar engloba um conjunto de modalidades diversificadas pelas quais as várias escolas/agrupamentos de escola do nosso país poderão escolher de acordo com as necessidades e interesses dos alunos praticantes.

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Segundo Pina (2002) a escola enquanto organização desempenha um papel importante no desenvolvimento integral das crianças e jovens, de tal forma que é fundamental transformá-la e torná-la mais aberta e flexível à realidade das comunidades envolventes, de modo a permitir parceria com as várias entidades, autarquias, associações, encarregados de educação e a comunidade em geral. Desta forma será proporcionado um programa desportivo de elevada qualidade a todos os alunos, sem qualquer tipo de custo.

1.4.1. Estruturas Orgânicas do Desporto Escolar

Para uma melhor organização e cumprimento de todos os objetivos do desporto escolar, evidencia-se uma estrutura orgânica, constituída por vários setores/entidades que facilitarão o normal funcionamento de todos os projetos das diversas escolas/agrupamento de escolas do país. Salienta-se então a Coordenação Nacional do Desporto Escolar, que é um serviço da Direção Geral da Educação; Coordenação Regional do Desporto Escolar regido pela Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares e por fim o Clube de Desporto Escolar que é da responsabilidade das escolas. Todos os setores apresentam direitos e deveres específicos e hierárquicos. As escolas por sua vez terão um papel preponderante na criação, organização, divulgação e dinamização do Clube de Desporto Escolar e por sua vez dos respetivos grupos equipa que daí fazem parte. Além disso deverá incluir este projeto no Projeto Educativo de Escola e no Plano Anual de Atividades. Sendo um instrumento do sistema educativo, os Órgão de Direção e Gestão dos Agrupamentos de Escolas e Escolas não Agrupadas deverão assumi-lo, coordenar, acompanhar, apoiar e avaliar o desenvolvimento do projeto e delegar funções aos respetivos professores de educação física.

1.4.2. A Atividade Interna e Externa

O projeto desporto escolar engloba dois tipos de atividade: interna e externa. Entende-se por atividade interna “o conjunto de atividades físico-desportivas enquadradas no Plano Anual da Escola, desenvolvidas pelo grupo/departamento de Educação Física, sob a responsabilidade do Coordenador de Desporto Escolar”. Deste plano destacam-se várias atividades

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tais como: campeonatos/torneios inter-turmas, corta-mato, dias/semana de uma modalidade, formação de juízes, etc. A atividade externa deverá ser entendida como toda a atividade desportiva desenvolvida no âmbito das diferentes vertentes dos grupos-equipa, através da participação em encontros interescolar de carácter competitivo (campeonatos distritais, regionais e nacionais) ou de carácter não competitivo (encontros/convívios). Compete aos Órgãos de Direção das escolas garantir as condições necessárias para que os alunos participem nos treinos ao longo do ano letivo e nas diversas competições/encontros desportivos. Relativamente ao grupo-equipa em estudo, este encontra-se enquadrado no plano da atividade externa de um Agrupamento de Escolas do distrito da Guarda.

1.5. Grupo Equipa de Atividades Rítmicas Expressivas

O grupo equipa de Atividades Rítmicas Expressivas apesar de ser constituído por vários alunos que atuam em simultâneo é considerado uma modalidade de carácter individual no âmbito do regulamento específico do Desporto Escolar. Para a sua constituição e aprovação pela Coordenação Local de Desporto Escolar, Direção Regional da Educação e pelo Ministério da Educação deverá obrigatoriamente ser constituído por um mínimo de 15 alunos, independentemente do género/escalão, não existindo limite máximo (Regulamento Específico de Atividades Rítmicas Expressivas 2009/2013). Trata-se de uma modalidade que possui características de exibição/competição, organizado num quadro de atividades/encontros a decorrer a nível distrital, regional e por fim nacional. O espaço/zona de atuação em competição é de 14m*14m o que implica que haja algum controlo no limite máximo de alunos inscritos de forma a otimizar a participação na competição. Além disso, nesta zona deverão encontrar-se todos os adereços ou material a utilizar durante as coreografias. Dentro desta modalidade podem destacar-se dois níveis com características diferentes em termos de competição (regulamento Específico de Atividades Rítmicas Expressivas 2009/2013):

- Nível 1: destina-se a grupos de iniciação, que apresentem apenas uma coreografia, não existindo competição propriamente dita, mas sim encontros

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onde os alunos e o professor responsável poderão apresentar os trabalhos realizados.

- Nível 2: destina-se a grupos de continuidade, que obrigatoriamente têm de apresentar duas coreografias em competição, com a presença de um número mínimo de 10 alunos.

Tendo em conta que o grupo em estudo se encontra no nível 2, saliento os critérios de avaliação das coreografias (citado em Regulamento Específico de Atividades Rítmicas Expressivas 2009 – 2013) que são tidos em conta em todos os treinos e que facilmente influenciam o estado de autoestima e de autonomia do aluno:

a) Técnica

a1) Ajustamento Música/Movimento (os movimentos e a expressão corporal e facial devem ser compatíveis com o estilo ou caráter da música);

a2) Sincronismo (os diferentes participantes deverão estar coordenados e sincronizados entre si; os elementos do grupo, ou subgrupos, deverão executar o mesmo movimento simultaneamente);

a3) Coreografia (variações de formação, exploração dos 3 níveis (saltos, de pé e no chão), alternância de ritmo da música/movimento, estrutura simples ou complexa e lateralidade).

b) Artística

b1) Harmonia de movimentos e suas ligações (movimentos executados de forma fluída, sem quebras nem interrupções; ligação ordenada e coerente dos movimentos);

b2) Originalidade/criatividade (nos movimentos, nos adereços e materiais utilizados, etc.);

b3) Estética (expressão facial e corporal; entusiasmo; atitude e postura corporal; amplitude dos movimentos; graciosidade/plasticidade/souplesse).

(23)

O número de horas semanais de treinos para esta modalidade pode variar, sendo no máximo três. No Agrupamento de Escolas de Trancoso, foram entregues três tempos de quarenta e cinco minutos, distribuídos no horário do professor responsável, de acordo com a disponibilidade dos alunos interessados. Sendo esta uma modalidade, sem indicação específica do tipo de dança, cabe ao professor desenvolver o estilo que mais se adequa à população-alvo. Para isso são escolhidas as músicas e construídas as coreografias/sequências de movimentos ajustados a todos os alunos, de modo a transmitir a segurança e o bem-estar na execução dos mesmos. Desta forma ao longo do ano letivo, foram desenvolvidas nos vários treinos um conjunto de capacidades físicas, motoras e aspetos psicológicos, destacando-se os seguintes: desenvolvimento da precisão, da coordenação motora, da flexibilidade, da força e da agilidade; maior controlo da respiração; fortalecimento do sistema ósseo e muscular, bem como, melhoria da aptidão física geral; melhoria e aperfeiçoamento do ritmo e equilíbrio; promoção da consciencialização corporal, das relações intra e interpessoal e da autoestima e autoconfiança na presença de público. Os treinos de Atividades Rítmicas Expressivas eram compostos por quatro fases: a “fase inicial”, correspondente ao momento que precede a sessão e a apresentação da coreografia/atividade; a “fase do corpo da sessão” constituída por uma “parte preparatória” (aquecimento/alongamentos/exercícios de desenvolvimento da expressão facial e corporal), pelo “corpo da sessão” (desenvolvimento, montagem e realização das diferentes coreografias); pelo “retorno à calma” e pela “fase final” constituída por um período de conclusões/balanços e de preparação do próximo treino. Os treinos foram preparados tendo em consideração os objetivos educacionais e pedagógicos desta modalidade de Desporto Escolar e ao mesmo tempo, os objetivos específicos e operacionais relativos aos conteúdos a serem avaliados em contexto de competição. O objetivo final foi a criação de duas coreografias com uma duração de cinco minutos e tinta segundos e cinco minutos e cinquenta segundos, para participarem nas competições de Desporto Escolar que se realizaram no mês de janeiro e no mês de março, numa escola do distrito da Guarda e no Teatro Municipal da Guarda respetivamente. O estilo de dança foi variado englobando diversos estilos e temas musicais (média de 6 a 8 ritmos por coreografias), sendo

(24)

acompanhados por equipamentos específicos e criados com a ajuda dos encarregados de educação, bem como outros adereços e materiais que tornaram as coreografias mais ricas. Todo este tipo de exigências contribuiu para que os alunos fossem assíduos e se empenhassem nas diversas tarefas solicitadas ao longo dos treinos.

(25)

M

ET

OD

OL

OG

IA

Níveis de Autoestima em Praticantes de Desporto Escolar de Atividades Rítmicas Expressivas

(26)

2. METODOLOGIA

2.1. Caracterização da Amostra

A população em estudo é constituída por um grupo de alunos, dos 5º, 6º, 7º, 8º 9º, 10º e 11º anos, que frequentam um Agrupamento de Escolas, do distrito da Guarda. A amostra total englobou sessenta e oito alunos, os quais foram divididos em três grupos: o grupo que pratica Atividades Rítmicas Expressivas constituído por trinta e quatro alunos, o grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas mas que pratica outras modalidades desportivas do Desporto Escolar (alunos inscritos em atividades como Ginástica Acrobática, Badminton, Atletismo, Ténis de Mesa, Futsal ou outros não especificados) composto por dezasseis alunos e o grupo de alunos que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas nem outras modalidades desportivas, constituído por dezoito alunos. Do total da amostra (n=68), destacam-se 64 (94,1%) alunos do género feminino e 4 (5,8%) alunos do género masculino.

Os alunos apresentavam idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos. O grupo que pratica Atividades Rítmicas Expressivas foi constituído por alunos com idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos, sendo que a maioria dos alunos apresentaram 14 e 17 anos. O grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas mas que pratica outras modalidades desportivas do Desporto Escolar englobou alunos com idades compreendidas entre os 11 e os 17 anos, em que a maioria dos alunos centrou-se nos 12 e 14 anos. O grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas nem outras modalidades desportivas foi constituído por alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, em que a maioria dos alunos apresentava entre 13 e 16 anos. A média de idades do grupo que pratica Atividades Rítmicas Expressivas é de 14,5; do grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas mas pratica outras modalidades desportivas é de 13,5 e do grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, nem outras atividades desportivas é de 15,4.

(27)

2.2. Instrumentos de Avaliação

Para que fosse possível a concretização deste estudo foi aplicada um questionário que engloba uma Ficha de caracterização individual e a Escala de Autoestima de Rosenberg – Rosenberg Self-Esteem Scale, 1965, versão traduzida por Ferreira e Meek em 2001. Este questionário foi selecionado tendo em conta as características específicas da população-alvo e as diferentes variáveis a analisar.

2.2.1. Ficha de Caracterização Individual

A ficha de caracterização individual foi elaborado tendo como propósito a recolha de dados biográficos dos alunos inquiridos, possibilitando a caracterização mais específica da amostra. Constituído por cinco itens, visou recolher informações sobre o ano e turma, idade, género, bem como informações relativas à participação do aluno, em grupos equipa de desporto escolar e sua especificação.

2.2.2. Escala de Autoestima de Rosenberg

A Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES) – Escala de Autoestima de Rosenberg (1965), adaptada e traduzida à população portuguesa por Ferreira e Meek em 2001 (Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade Coimbra), foi o instrumento selecionado para avaliar a Autoestima global da amostra. Esta escala foi desenvolvida por Rosenberg em 1965, com base na escala original de Gutman (1953), que foi modificada com o intuito de alcançar uma medida unidimensional da autoestima global (Silva, 2007). A Escala de Autoestima de Rosenberg é constituída por dez itens, sendo cinco positivos e cinco negativos e são apresentados de uma forma alternada, reduzindo o risco de resposta direcionada. As respostas às questões da escala utilizada consistem numa escala de Likert com as seguintes opções de resposta: “Concordo plenamente”, “Concordo”, “Discordo” e “Discordo plenamente”. Os itens relativos a autoconfiança (questões - 1, 2, 4, 6 e 7), têm a seguinte pontuação: Concordo completamente = 4, Concordo = 3, Discordo = 2 e Discordo completamente = 1. Os itens relacionados com a auto depreciação

(28)

(questões 3, 5, 8, 9, e 10), a pontuação é a seguinte: Concordo completamente = 1, Concordo = 2, Discordo = 3 e Discordo completamente = 4 (Silva, 2007). O questionário foi criado para ser de autoaplicação. Na tabela 1 encontram-se os dez itens que constituem a Escala de Autoestima de Rosenberg (1965).

Tabela 1: Itens da Escala de Autoestima de Rosenberg (1965)

Questão 1 Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos num plano de igualdade

com os outros.

Questão 2 Sinto que tenho um bom número de qualidades.

Questão 3 Em termos gerais, estou inclinado(a) a sentir que sou um(a) falhado(a).

Questão 4 Estou apto(a) para fazer coisas tão bem como a maioria das pessoas.

Questão 5 Sinto que não tenho muito de que me orgulhar.

Questão 6 Eu tomo uma atitude positiva perante mim mesmo(a).

Questão 7 No geral, estou satisfeito(a) comigo mesmo(a).

Questão 8 Gostava de ter mais respeito por mim mesmo(a).

Questão 9 Sinto-me por vezes inútil.

Questão 10 Por vezes penso que não sou nada bom(a).

Após o preenchimento dos questionários é realizada a soma e a média de cada um dos valores obtidos, por cada um dos itens. O somatório final por questionário situa-se entre os 10 e 40 pontos, sugerindo a média do valor de autoestima global para o individuo. Segundo Vargas e seus colegas (2005), a alta pontuação na Escala de Autoestima expressa o sentimento positivo que o individuo possui sobre de si mesmo, levando ao respeito por si próprio e à consciência que é capaz, sem o sentimento de superioridade. Ainda segundo os mesmos autores, a baixa pontuação é referente a uma baixa autoestima, que implica autorrejeição, insatisfação e desprezo por si mesmo.

2.3. Procedimentos

Todos os alunos inscritos e praticantes de Atividades Rítmicas Expressivas foram incluídos no estudo. Nos restantes grupos a seleção dos alunos para o

(29)

preenchimento do questionário foi processada ao acaso, sendo considerada uma amostra de conveniência. Em ambos os casos foi previamente obtida, junto dos Encarregados de Educação uma autorização (documento interno de escola) para o preenchimento de questionários.

De forma a facilitar a recolha dos dados e torná-la o mais fiável possível, o questionário foi aplicado individualmente e preenchido no computador (online) através da aplicação “Google Drive”. Posteriormente o questionário foi enviado através da mesma aplicação, garantindo o anonimato e o sigilo de todas as informações apresentadas.

2.4. Análise e Tratamento de Dados

Após a recolha dos questionários, foi utilizado o SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences), tendo sido utilizado a v.20, IBM SPSS Statistics. No

tratamento estatístico foi necessário o recurso a vários testes. Inicialmente foi utilizada a estatística descritiva para o cálculo da média de idades nos diferentes grupos e posteriormente o cálculo de alfa de Cronbach, o teste de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk, a análise de variância através do ANOVA para verificar se existiam diferenças significativas entre os grupos e por último o Post Hock Games Howel.

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A

P

R

ESE

N

T

A

Ç

Ã

O

D

OS

R

ES

U

L

T

A

D

O

S

Níveis de Autoestima em Praticantes de Desporto Escolar de Atividades Rítmicas Expressivas

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3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

O presente capítulo refere-se à apresentação dos resultados obtidos através do tratamento estatístico dos dados adquiridos com a aplicação do questionário.

A análise dos resultados começou pelo cálculo do alfa de Cronbach para avaliar a fiabilidade e consistência interna do questionário. Para cada um dos componentes do questionário o valor do alfa de Cronbach foi sempre de 0,9 e portanto podemos considerar como “ótima” a consistência interna (Tabela 2 – Alfa de Cronbach).

Tabela 2: Alfa de Cronbach

Total

Alfa de Cronbach (se componente

eliminado) Sinto que sou uma pessoa de valor pelo menos num

plano de igualdade com os outros ,731 ,941

Sinto que tenho um bom número de qualidades ,813 ,937

Em termos gerais estou inclinado(a) a sentir que sou

um(a) falhado(a). ,746 ,940

Estou apto(a) para fazer coisas tão bem como a

maioria das pessoas. ,729 ,941

Sinto que não tenho muito de que me orgulhar. ,771 ,939

Eu tomo uma atitude positiva perante mim mesmo(a) ,799 ,938

No geral estou satisfeito(a) comigo mesmo(a) ,822 ,937

Gostava de ter mais respeito por mim mesmo(a) ,791 ,938

Sinto-me por vezes inútil ,810 ,937

Por vezes penso que não sou nada bom(a) ,792 ,939

Antes da análise de grupos foram realizados testes de normalidade da amostra. Para o grupo equipa de Atividades Rítmicas Expressivas, a normalidade pode ser inferida a partir do teorema do limite central. Para o grupo de alunos pertencentes ao grupo equipa, foi verificada a normalidade através dos testes de assimetria e achatamento. No grupo de alunos que não

(32)

integraram nenhum grupo equipa, a normalidade foi verificada pelos testes Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk. Para ambos os testes, o valor de p confirmou que o grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, mas que pratica outras modalidades desportivas do Desporto Escolar e o grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, nem pratica outras modalidades desportivas não diferem significativamente de uma distribuição normal (Tabela 3: Teste Kolmogorov-Smirnov e Teste Shapiro-Wilk).

Tabela 3: Teste Kolmogorov-Smirnov e Teste Shpairo-Wilk

Kolmogorov-Smirnov Shapiro-Wilk

Statistic Df Sig. Statistic Df Sig.

Não pratica ARE mas pratica outras modalidades do Desporto Escolar

,123 16 ,200 ,944 16 ,395

Não pratica ARE nem outras

modalidades desportivas ,159 18 ,200 ,947 18 ,385

De seguida, através do teste de Levene foi verificada a não homogeneidade de variância das amostras (tabela 4 – Teste Levene).

Tabela 4: Teste Levene

Levene Statistic

df1 df2 Sig.

mean Based on Mean 7,106 2 65 ,002

Based on Median 7,265 2 65 ,001

Based on Median and with adjusted df 7,265 2 48,886 ,002

Based on trimmed mean 7,141 2 65 ,002

Analisando as respostas atribuídas pelos alunos nas diferentes questões da Escala de Autoestima de Rosenberg, relembra-se que o valor máximo atribuído por questão é de quatro pontos e mínimo de um ponto. A maioria das repostas do grupo que pratica Atividades Rítmicas Expressivas centra-se nos quatro pontos, seguindo os três pontos, não existindo qualquer referência aos pontos um e dois. No grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas mas que pratica outras modalidades desportivas, a maioria das respostas centrou-se nos três pontos, seguindo-se os quatro pontos, dois pontos e por último um ponto. No grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas nem outras modalidades desportivas, as respostas são variadas e centram-se nos três

(33)

pontos, seguindo-se os dois pontos, quatro pontos e por último um ponto. O somatório final por questionário situa-se entre os dez e quarenta pontos. O grupo que pratica Atividades Rítmicas Expressivas apresentou um valor superior (38,4), seguindo-se o grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas mas pratica outras modalidades (30,8) e por último o grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, nem qualquer outra modalidade desportiva (26,3). A análise dos questionários consistiu numa comparação das médias dos valores obtidos nas respostas aos questionários. No grupo equipa de atividades rítmicas expressivas, a média de respostas foi de 3,8, no grupo equipa de atividades não rítmicas foi de 3,1 e de 2,8 no grupo sem atividade física. As médias foram comparadas através do teste ANOVA (tabela 5: ANOVA) tendo-se confirmado a existência de diferença estatística entre os grupos (p<0.01), significância que se mantém no teste Post-Hoc Games-Howell (Tabela 6 – Teste Post-Hoc).

Tabela 5: ANOVA

Sum of Squares Df Mean Square F Sig.

Entre grupo 18,600 2 9.300 78.640 ,001

Dentro do grupo 7,687 65 ,118

Total 26,286 67

Tabela 6: Teste Post-Hoc

Diferença

média (I-J) Erro padrão Sig.

95% Intervalo confiança Limite inferior Limite superior Grupo I: Não pratica Atividades Rítmicas Expressivas mas pratica outras modalidades do Desporto Escolar Grupo II -,75993 ,12354 ,000 -1,0760 -,4439 Grupo III ,44792 ,15461 ,019 ,0669 ,8289 Grupo II: Pratica Atividades Rítmicas Expressivas Grupo I ,75993 ,12354 ,000 ,4439 1,0760 Grupo III 1,20784 ,10471 ,000 ,9440 1,4717 Grupo III: Não pratica Atividades Rítmicas Expressivas nem outras modalidades Grupo I -,44792 ,15461 ,019 -,8289 -,0669 Grupo II -1,20784 ,10471 ,000 -1,4717 -,9440

(34)

Estes dados sugerem portanto que os alunos inscritos no grupo equipa de Atividades Rítmicas Expressivas apresentam níveis de autoestima significativamente superiores, como será discutido de seguida.

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D

ISC

U

SS

Ã

O

D

OS

R

ES

U

L

T

A

D

OS

Níveis de Autoestima em Praticantes de Desporto Escolar de Atividades Rítmicas Expressivas

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4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O objetivo deste estudo centrou-se na análise dos níveis de autoestima dos praticantes de Atividades Rítmicas Expressivas comparativamente com praticantes de outras modalidades desportivas de Desporto Escolar e com não praticantes de modalidades desportivas, de um Agrupamento de Escolas do distrito da Guarda.

Em relação à fiabilidade, a Escala de Autoestima de Rosenberg apresentou uma consistência interna muito satisfatória. Estes resultados foram semelhantes aos observados em outros trabalhos desenvolvidos por Santos e Maia (2003), Avanci e colegas (2007), Romano, Negreiros & Martins (2007), Rojas-Barahona, Zegers & Förster (2009) e Sbicigo e colegas (2010). Romano e seus colegas (2007) referem que as qualidades psicométricas de utilização da Escala de Autoestima de Rosenberg com adolescentes são boas. A mensuração da autoestima tem sido mundialmente realizada por meio da Escala de Rosenberg (1965) ao longo dos tempos, sendo considerada pelo autor como um instrumento unidimensional capaz de classificar o nível de autoestima em baixo, médio e alto (Sbicigo et col, 2010). De um dos estudos efetuados por Santos e Maia (2003) pode-se verificar que a Escala de Autoestima de Rosenberg (1965) constitui uma escala que evidencia níveis aceitáveis de validade no contexto cultural português, uma vez que o padrão de correlações obtido foi o que era teoricamente esperado. Os indivíduos com níveis mais elevados de autoestima revelaram uma imagem mais positiva de si próprios, manifestaram interações socialmente adequadas, percecionaram mais capacidades pessoais ao enfrentarem os problemas e exprimiram maior satisfação com a vida. Desta forma foi ponderado como pertinente aplicação deste questionário no presente estudo que se centrou na avaliação de três grupos com características diferentes (Pratica Atividades Rítmicas Expressivas; Não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, nem outras modalidades desportivas e Não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, mas pratica outras modalidades desportivas do Desporto Escolar).

(37)

Da análise estatística dos resultados através da aplicação do ANOVA, como se confirmam nos resultados anteriormente expostos, o grupo de alunos que pratica Atividades Rítmicas Expressivas revelou um nível de autoestima elevado, o grupo de alunos que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, mas pratica outras modalidades desportivas do Desporto Escolar apresentou-se com um nível de autoestima médio e o grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas nem outras modalidades mostrou um nível de autoestima baixo. O grupo que pratica Atividades Rítmicas Expressivas respondeu maioritariamente às diferentes questões a pontuação máxima, salientando-se a questão 1 (Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos num plano de igualdade com os outros) e questão 2 (Sinto que tenho um bom número de qualidades) que todos os inquiridos atribuíram o mesmo valor (quatro pontos). Na questão 10 (Por vezes penso que não sou nada bom(a)) metade dos inquiridos que frequentam o grupo de Atividades Rítmicas Expressivas atribuíram quatro pontos e outra metade atribuiu três pontos. Tal situação pode-se dever ao contexto (de maior ou menor nervosismo) a que associaram a sua resposta. Contudo não existe nenhuma questão em que a maioria dos inquiridos tenha atribuído três ou menos pontos. O grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, mas que pratica outras modalidades desportivas no contexto do Desporto Escolar, revelou maioritariamente atribuição dos três pontos, seguindo-se os quatro pontos. Existem várias questões com atribuição de dois pontos (total de vinte e quatro respostas) e poucos casos de um ponto (sete respostas). Apenas na questão 1 (Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos num plano de igualdade com os outros), questão 4 (Estou apto(a) para fazer coisas tão bem como a maioria das pessoas) e questão 5 (Sinto que não tenho muito de que me orgulhar) os inquiridos que praticam outras modalidades desportivas atribuíram maioritariamente quatro pontos. Tais resultados revelam que estes indivíduos apresentam alguns valores de autoestima, confiança e respeito por si mesmo, contudo inferiores aos indivíduos que praticam Atividades Rítmicas Expressivas. Por outro lado, o grupo que não pratica Atividades Rítmicas Expressivas, nem outras modalidades desportivas revelou maior incidência das suas respostas nos três pontos à exceção da questão 5 (Sinto que não tenho muito de que me orgulhar) e questão 8 (Gostava de ter mais respeito por mim

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mesmo(a)) que se centraram nos dois pontos. A atribuição de um ponto por este grupo surge em várias questões, confirmando mais uma vez que, de um modo geral, os inquiridos concordam que revelam uma baixa autoestima sobre as suas capacidades e habilidades cognitivas e motoras, atitudes, imagem, relações interpessoais entre outros aspetos. Apesar de o número de estudos desenvolvidos no âmbito da autoestima e o desporto, nomeadamente na Dança/Atividades Rítmicas Expressivas, ser reduzido, pode-se observar que os resultados são semelhantes. Assim, Santos e seus colegas (2011), após aplicarem um questionário adaptado sobre autoestima, concluíram que a dança de rua (inserida na cultura do Hip Hop), proporciona ao indivíduo praticante um maior desenvolvimento de sua autoestima, valorização e perceção de si, beneficiando o indivíduo no seu dia-a-dia, nos trabalhos escolares e numa melhor relação com a família e a sociedade. Para Motta e seus colegas (2012), alta pontuação no questionário Escala de Autoestima de Rosenberg indica elevada autoestima e expressa o sentimento que o indivíduo tem em respeitar-se a si próprio, em considerar-respeitar-se capaz, respeitar-sem ter de respeitar-sentir-respeitar-se superior às outras pessoas. A baixa autoestima implica autorrejeição, insatisfação consigo mesmo e desprezo por sua própria pessoa. A autoestima desenvolve-se pela interação humana, pelo reconhecimento de seus êxitos, mediante o qual se considera importante para outras pessoas (Pereira, 2007).

As Atividades Rítmicas Expressivas, promovem níveis de interação humana elevados que na sua maioria são reconhecidos como êxito e espetáculo por todos os que assistem e automaticamente pelos seus praticantes que consideram concluída com sucesso a sua prestação. Por sua vez quem pratica outras modalidades desportivas, no âmbito escolar, também o realiza em grupo e em contexto de competição individual, contudo a exposição ao espetáculo é muito menor. Este fator possivelmente justifica a diferença entre as médias das respostas destes dois grupos. Para a sua confirmação fica a proposta para futuramente aprofundar quais as variáveis que poderão influenciar os resultados. Bernardo e Matos (2003) no estudo da autoestima em adolescentes que foram sujeitos a um programa de desportos de aventura detetaram que os alunos que frequentaram as atividades desportivas em causa apresentaram valores médios mais elevados na autoestima, nas autoperceções físicas e na

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importância a estas atribuídas. Motta e seus colegas (2012) relataram que a aplicação de aulas de dança num projeto social tem como objetivo contribuir para a implementação de novas oportunidades de lazer e de ampliação da cidadania, colaborando na construção de uma base menos distante de relacionamento entre grupos sociais que constituem a sociedade brasileira. As aulas de dança envolvem os participantes no sentido da busca de novas possibilidades de movimentos e experiências, permitindo o conhecimento do corpo, de seus limites, bem como a troca de informações entre colegas na solução de problemas. O gosto pela dança, pelo querer ser bailarino(a) e o manter o corpo em forma são variantes fundamentais na aquisição de níveis de autoestima elevados. A dança criativa desenvolve o bem-estar físico e psicológico dos adolescentes (Quin, Frazer & Reading, 2007). Psicologicamente as respostas positivas relativamente ao bem-estar sugerem que a dança criativa é um potencial para indução de efeitos positivos na autoestima, motivação e atitudes em relação à dança. Aplicação da dança na escola na contribuição para a promoção da saúde de crianças adolescentes promove benefícios específicos no domínio pessoal, tais como a perceção de si mais positiva, maior autovalorização e segurança diante das situações do dia-a-dia (Ferreira et col, 2010). O facto de as atividades de dança e dos ensaios decorrerem no contexto escolar, contribuem de alguma forma para aumentar a popularidade de alguns dos alunos com a comunidade escolar. O prestígio da comunidade escolar sobre os trabalhos realizados pelos alunos de dança, despertam sentimentos de autovalorização, promovendo o aumento da autoestima e auxiliando o processo de aprendizagem (Ugaya, 2007; Simão, 2005). A inserção das atividades artísticas como a dança, no contexto escolar, beneficiam a valorização e apreciação das criações das próprias crianças, como também dos demais colegas participantes (Markdberry, 1998, cit in Santos et. col, 2005). Santos e seus colegas (2005) afirmam que a dança para além da estética e do simples entretenimento, oferece benefícios corporais e psicológicos, que desenvolvidos em conjunto com outras disciplinas influenciam uma nova forma de viver. Automaticamente são estes novos conceitos de vida que transmitem à criança uma maior autoestima e por sua vez, uma melhor qualidade de vida. Para os pais das crianças que foram envolvidas no estudo, a dança apresenta benefícios positivos em termos físicos

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e sociais, nomeadamente na coordenação motora, na postura, na manutenção da saúde como um todo, na interação, na cooperação, no progressivo desenvolvimento de responsabilidade, na organização, na diminuição da timidez e consequentemente na melhoria da autoestima. Tremblay e seus colegas (2000), tendo por base a investigação desenvolvida no âmbito da relação existente entre a atividade física, autoestima e conhecimento académico em crianças com doze anos, salientaram quatro resultados fundamentais, dos quais dois são semelhantes aos obtidos neste estudo: a atividade física relaciona-se significativamente com a autoestima, de forma independente do estatuto socioeconómico da criança; o aumento vigoroso dos níveis de atividade física associa-se à progressiva melhoria da autoestima tanto nas crianças do género feminino como no masculino. Assim sendo, e ainda de acordo com a análise elaborada por Tremblay e seus colegas (2000), as crianças tanto do género masculino como feminino que praticam mais atividade física apresentam níveis significativamente mais elevados de autoestima. Estes dados confirmam as médias e os somatórios de resposta do questionário aplicado, de forma mais sobressaída nos alunos que praticavam Atividades Rítmicas Expressivas e posteriormente em alunos que praticavam outro tipo de atividades físicas.

Nesta linha de pensamento, Strauss e seus colegas (2001) avaliaram a autoeficácia, influências sociais e crenças na saúde em crianças que praticavam atividades físicas, confirmando mais uma vez que as crianças com baixos níveis de atividade física apresentaram um decréscimo significativo na felicidade, intelectualidade, popularidade e autoestima. Contudo, elevados níveis de autoestima são um fator de suma importância no desempenho académico dos estudantes (Aryana, 2010). Ferreira e seus colegas (2010) elaboraram um estudo que teve como objetivo realizar atividades de dança na escola, visando contribuir para o reforço da autoestima e autoconceito do participante. Para isto, alguns alunos foram submetidos durante cinco meses a situações específicas de atividade física no contexto da dança, semelhante ao presente estudo. Mais uma vez constatou-se que a prática da dança beneficiou os alunos que permaneceram no programa até ao fim, nomeadamente no desenvolvimento de habilidades motoras, de aspetos sociais e o aumento do

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autoconceito e autoestima, o que contribuiu para a melhoria da saúde física, psicossocial e para o desenvolvimento da autonomia. Nanni (1999) utilizando a análise de discurso baseado em alguns autores detetou que a dança, enquanto prática sociocultural e atividade corporal favorece a construção da autoimagem, do autoconceito e da autoestima. Toda e qualquer atividade física, inclusive a dança, proporcionam habilidades favoráveis na promoção da saúde, autoestima e do relacionamento psicossocial. Ekland e seus colegas (2004) numa revisão de literatura verificam que a atividade física produz efeitos na depressão, ansiedade e em problemas comportamentais em crianças e adolescentes, acrescentando que jogos e/ou programas de educação física contribuem para o desenvolvimento da autoestima.

A Educação Física oferece a todos os alunos que frequentam a escola uma vasta gama de habilidades motoras nos diversos desportos coletivos e individuais. Por outro lado, as atividades extracurriculares no âmbito escolar, nomeadamente os programas de desporto escolar, permitem que os alunos selecionem a modalidade preferida, de acordo com a oferta da escola, e aperfeiçoem as suas habilidades motoras na mesma.

As Atividades Rítmicas Expressivas com o seu fator de constante exposição à comunidade escolar e extraescolar criam nos participantes sentimentos de autonomia, autoconfiança, autoestima e por sua vez sentimentos de popularidade.

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Imagem

Tabela 1: Itens da Escala de Autoestima de Rosenberg (1965)  Questão 1  Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos num plano de igualdade
Tabela 2: Alfa de Cronbach
Tabela 3: Teste Kolmogorov-Smirnov e Teste Shpairo-Wilk
Tabela 6: Teste Post-Hoc

Referências

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