CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO
EM
ADMINISTRAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO:
POLÍTICA
E
GESTÃO
INSTITUCIONAL
UM
ESTUDO DAS
FORMAS
DE
CONTABILIZACÃO
DOS
RECURSOS
ECONÔMICO-FINANCEIROS
EM
ENTIDADES
SEM
FINS
LUCRATIVOS
NÃO
GOVERNAMENTAIS
CRISTIANE
JEREMIAS
EM
ENTIDADES
SEM
FINS
LUCRATIVOS
NÃO
GOVERNAMENTAIS
CRISTIANE
JEREMIAS
«zDissertação apresentada ao curso
de Mestrado
em
Administração
da
Universidade Federalde
Santa Catarinacomo
requisito parcial à obtençãodo
títulode mestre
em
administraçãoOrientadora: Prof* DI” Ilse
Maria Beuren
EM
ENTIDADES
SEM
FINS
LUCRATIVOS
NÃo
GQVERNAMENTALS
CRISTIANE
J
EREMIAS
Esta
dissertação foijulgada
adequada
para obtenção
do
títulode
mestre
em
administração (área
de
concentração:
políticase gestão
institucional)e
aprovada
pelo
Curso de Pós-Graduação
em
Administração
da
Universidade
Federal
de
Santa
Catarina
.
E
A
Prof.
Dr.
ešn
Colos
ifigr.
Coordenador
do
CPGA/U
FSC
Apresentada à
Comissão
Examinadora,
integrada
pelos professores
¿Ó(É‹
um
(M
Profa.
llseMaria
Beuren, Drai
Presidente
,._/ÍÊ7
1Prof.
Paulo Cesar da
Cunha
a
D
Membro
\Prof.
Roë
äermann
Erdmann,
Dr.
(Dezfico este tra öaflío à mestra e amiga Ifse fllaria Giearen, que
me
ensina o camialío da íetenninafrãoe :fo trafiaffio.
Elâçpressar
em
paíavras a a¢{mira;:ão, o respeito e o ea rinlio que :intopor
ela é poi: sereiAo
atingirmais
um
objetivode
vida, gostariade extemar
meus
agradecimentos a todosque
contribuíram para esta realização.A
Deus,
porme
iluminarem
todos osmomentos
da minha vida
O
meu
muito
obrigado, a Prof' Dr” IlseMaria Beuren
que,com
paciência,compreensão,
disponibilidade incondicional e sábia orientaçãotomou
possível aelaboração deste trabalho.
Aos meus
paisMarlene
e Nelson, irmãs, irmãos, cunhadas, cunhados, sobrinhas,sobrinhos, os quais muitas vezes privei de atenção,
mas
que
em
todos osmomentos
me
apoiaram
e incentivaram,meu
sincero agradecimento a vocêsque
tantoamo.
A
Eurico,que
apesarde
distante durante a realização deste trabalho, esteve presenteem
pensamento,dando-me
amor, apoio, carinho e atenção,obrigada
Ao
Prof. Dr.Nelson
Colossi, pela eficiênciana
coordenaçãodo
curso, pelos ensinamentos e motivação.Aos
professoresdo
CPGA,
pelos valiosos ensinamentos transmitidosno
decorrerdo
curso.Aos
professores Paulo Césarda
Cunha
Maya
eRolf
Hermann
Erdmann,
pelas valiosas contribuições para finalização deste trabalho.Aos
amigos
Cida, Fátima, Gabi, Scheila, Marcos,Rapha
eRodrigo
pelatolerância,
compreensão
e companheirismo.A
amiga Luzia
Zorzal por seu carinho e acolhidaAos
amigos do
NUPEC
Ana, Juliana, Fabian, Artur,Mere,
Verônica, muitoobrigado pela
motivação
e apoio.E
por
último,um
agradecimento a todos aquelesque
muitome
incentivaram,RESUMO
... ..IXABSTRACT
... ..X
1
INTRODUÇÃO
... .. 111 .I
TEMA
E
PROBLEMA
DE
PESQUISA
... .. 11 1.2OBJETIVOS
DA
PESQUISA
... .. 151 .3 JUSTIFICATIVA
TEÓRICA E PRÁTICA
... .. 161.4
OROANIZAÇÃODOESTUDO
... .. 172
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
... ... ..192.1
O
TERCEIRO
SETOR
E
AS ENTIDADES
SEM
FINSLUCRATIVOS
NÃO
GOVERNAMENTAIS
... 192.1.1 Considerações gerais ... ..
19
2.1.2 Terceiro setor ... ... ... ..23
2.1.3 Entidades
sem fins
lucrativosnão
governamentais ... ._27
2.1.3.1 Principais fontes de recursos das entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais
... . .30
2.1.3.2 Classificação das entidades
sem
fins
lucrativosnão
govemamentais
.... ..332.2
ALTERNATIVAS
DE
CONTABILIZAÇÃO
PARA
AS ENTIDADES
SEM
FINSLUCRATIVOS
NÃO
GOVERNAMENTAIS
... . . 412.2. J
À
guisade
apresentação ... .. ... ..42
2.2.2 Contabilização convencional ... ... ._
45
2.2.2.1 Princípios fundamentaisde
contabilidade ... ..452.2.2.2 Tipos
de
operaçõesem
entidadessem
fins
lucrativosnão govemamentais
... . .472.2.2.3
Demonstrações
contábeis ... _. Sl 2.2.3 Contabilizaçãopor
fimdos
... ..58
2.2.3.1 Conceituação
de
contabilidade por fundos ... _.58
2.2.3.2 Classificação dos fundos ... ... ... 2.2.3.3Demonstrações
Contábeis ... _.62
2.2.4 Principaissemelhanças
e divergências entrea
contabilização convencionalea
contabilizaçãopor fizndos
... .. 722. 2.5
Aplicação das
alternativasde
contabilizaçãono
processode
gestãodas
entidadessem
fins
lucrativosnão
governamentais ... .. 743.1
ESPECIFICAÇÃO
DO
PROBLEMA
... ..79
3.1.1 Questões
de
pesquisa ... ._80
3.1.2Definição
constitutivade
termos e variáveis ... ..80
3.1.3
Definição
operacionalde
termos e variáveis ... ..82
3.2 DEL1I~1I5.AMENTO
DA
PESQUISA
... ._ 83 3.3POPULAÇÃO
E
AMOSTRA
... .. . ... .. 853. 4. 1 Tipos
de dados
... ..86
3.4.2 Instrumentos
de
pesquisa ... _.87
3. 4.3 Tratamento dos dados
... ..88
3.5
L1M1TAÇÕEs
DA
PEsQU1SA
... ..88
4
DESCRIÇÃO
E
ANÁLISE
DOS CASOS
... ..904.1
APRESENTAÇÃO DAS
ENTIDADES PESQUISADAS
... ..90
4.1.1.
Associação
Catarinensepara
Integraçãodo Cego
~
ACIC
... ..90
4.1.2.
Associação de
Pais eAmigos
dos Excepcionais ... .. 914.1.3.
Associação dos
HemoĒlicosdo
Estado de
Santa Catarina ... ..92
4.1.4. Associação
Irmão
Joaquim
... ..93
4.1.5.
Fundação
Açoriana
para o
Controleda
Aids-
FAÇA
... ..94
4.1.6.
Fundação
VidalRamos
... ..95
4.1. 7.
GAPA
-
Lar
Recanto
do
Carinho
... ..96
4.1.8.
Grupo
de
TrabalhoComunitário
Catarinense ... ..97
4.1.9. Instituição Adventista
de
Educação
e Assistência Social ... ..98
4.1. 10. Instituto
de
Audição
e Terapiada
Linguagem
- L4TEL
... ..99
4.1.1 1.
Irmandade
do
Senhor
Jesusdos Passos
... ... .. 100
4.2PERFILDOSENTREVISTADOS
... .. 1014. 2. I
Perfil
dos gestores ... ..101
4.2.2
Perfil dos
responsáveispela
escrituração contábil ... ..103
4.3
FONTES DE RECURSOS
... ._ 105 4.4TRATAMENTO
CONTÁB1L
APLICADO
Aos RECURSOS
... ._ 1 11 4.4RELATÓRIOS
CONTÁBEIS
... ..116
4.5
APLICAÇÃO DAS ALTERNATIVAS
DE
CONTABILIZAÇÃO
NO
PROCESSO
DE GESTÃO
119
s
CONCLUSÕES
E
RECOMENDAÇÕES
5.1CONCLUSÕES
... ..122
5.2
RECOMENDAÇÕES
... ..127
BIBLIOGRAFIA
... ... ..129
As
entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais
sãoformadas
pela sociedade civil esurgem
para suprir as deficiênciasdo
Estadoou
paradesempenhar
atividades abrangidas
por
ele. Estas entidades representamo
terceiro setor, sendo o primeiroo
público eo
segundo,o
privado.No
Brasil, ainda são embrionárias aspesquisas e publicações sobre o proceder
da
contabilidade para as entidadessem
fins
lucrativos
não govemamentais,
principalmentecomo
ferramentade
gestão dasmesmas.
1Por
talmotivo
este trabalho objetiva verificar quais as formasde
contabilização dosrecursos econômico-financeiros são adotadas
com
vistas ao processode
gestãoem
entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais. Assim,foram
apresentadas asaltemativas
de
contabilização dos recursos econômico-financeiros para estas entidades,que
são a contabilização convencional,que
segue osmesmos
moldes
das entidadescom
fins de
lucro e a contabilização por fundos,onde
os recursos são segregadosem
trêstipos
de
fundos:o
irrestrito, o restrito temporariamente eo
restrito permanentemente.Cada
um
desses fundos é consideradouma
entidade contábil,com
contas próprias edemonstrações contábeis próprias.
A
partirdo
embasamento
teórico, são averiguados os procedimentos contábeisnas entidades pesquisadas,com
vistas ao processode
gestão.Constatou-se
que
os gestores das entidades pesquisadasnão
utilizam os relatóriosque
emergem
da
contabilidadeno
processode
gestão das entidades. Estes relatórios sãoimportantes, pois
fomecem
aos gestores informações, evidenciandoa
situação patrimonial,econômica
e financeirada
entidade.São
informações necessárias paraque
The
nonprofit
organizations that don't belong to thegovemment
arecomposed
by
civil societyand
come
to supply State's deficiencies or to play activities comprisedby
it.These
organizations represent the third sector, the firstone
is the public sector and the secondone
is the private sector. In Brazil, the researchesand
publications aboutnonprofit and
non
govemmental
organizations' accounting are incipient, mainly as amanagement
toolof
themselves.Because
of it, thiswork
intend to verifywhich
fomisof
economic and
financia] resources' accoimting are adopted to attend themanagement
process in
nonprofit and
non
govemmental
organizations. Thereby, theeconomic
and financial resources' accounting altematives for these organizationswhere
presented, thatare the conventional accounting,
which
follows thesame
model of
organizations for profitand fund
accounting,where
resources are segregated into three typesof
fund: theunrestricted, the temporarily restricted and the
pennanent
restricted.Each
fund
is an accounting entity, with itsown
accounts and accounting statements.Based on
theoretical review, the researched organizations accounting's proceedings are verified to
attend the
management
process. Itwas
confirmed
that the researched organizations'managers
don't use accounting reports in themanagement
process.These
reports areimportant because they provide pieces
of
infomiation to the managers,showing
the organization's equity,economic and
financial position.They
are piecesof
informationEste capítulo está subdividido
em
quatro seções.Na
primeira, identifica-se otema
eproblema de
pesquisa.A
seguir,na segunda
seção, estãocontemplados
osobjetivos
da
pesquisa.Após, na
terceira seção, apresenta-se à justificaçãodo
estudo.Por
fim,
apresenta-se a organizaçãodo mesmo.
1.1
Tema
e
problema
de
pesquisa
A
partirdo
momento
em
que
os indivíduoscomeçaram
a viverem
sociedade,estes
passaram
a buscar incessantemente seubem
estar próprio eo
dos
seus semelhantes. Neste sentido, Olakl dizque
todo indivíduo sente-sebem
quando
as suas necessidades básicas - saúde, alimentação, segurança, educação, transporte, lazer,religião etc, são satisfeitas e
quando vê
opróximo
em
condição semelhante.O
Estado é o responsávelem
atender estas necessidades.No
entanto,o
mesmo
vem
enfrentando sérios obstáculosno
cumprimento da
agenda,no
que
diz respeito a questão social, tendo, dessa forma, dificuldadesem
suprir tais necessidades. Assim,surgem
organizaçõesque procuram
suprir esta deficiência, são aschamadas
organizações
do
terceiro setor.As
organizaçõesdo
terceiro setor não são públicas,nem
privadas, e as pessoasque
lá trabalham estãoem
busca de
ideais humanitários eprocuram
atenderuma
'
OLAK,
Paulo A. Contabilidade de entidades sem fins lucrativos não governamentais. Dissertação de Mestrado. FEA/USP. São Paulo, 1996, p.0l.coletividade
de
pessoas.Scherer-Wanenz
afimia
que
"pensadores sociais clássicostêm
destacado a relevância das ações coletivas da sociedade civil para a realização da utopia
de
um
mundo
socialmentemais
justo, mais solidário e mais democrático."Além
de
cresceremem
tamanho, complexidade e abrangência, Fischer eF
ischef'explicitam
que
as organizaçõesdo
terceiro setor "têm se diferenciado pela eficáciade
sua atuação, substituindo
o
Estado e a iniciativa privada,na
solução criativa eeconômica de problemas
sociaisque
pareciam insolúveis,ou
simplesmente, seacumulariam
até se constituíremem
catástrofes, senão
fosse sua presença."Estas organizações existem
em
todoo
mundo
e estãoem
contínua expansão.De
acordocom
Hudsonf
tal ocorre"em
virtude deuma
tendênciahumana
a
reunir pessoas para propiciar serviços para si próprias e para outros (...).As
pessoasquerem
um
ambiente saudável, humanitário,
de
bem-estar, educação e cultura para melhoraro
mundo
em
que
vivem."No
entantoi as organizaçõesdo
terceiro setor precisam sobreviver.E
como
o
Estado
nem
sempre consegue
suprir as necessidades básicas dos indivíduos, oque
se verifica atualmente éque
tem
evoluído muito a idéia de captaçãode
recursos, tantoentre as organizações
sem
fins
lucrativos, quanto por parte dos financiadores, quer sejam eles agências intemacionais, organismosdo
Estado e atémesmo
empresas. Existeuma
grandepreocupação
com
a profissionalizaçãopor
parte das organizações2
SCHERER~WARREN,
Ilse. Organizações volzmlárias de Florianópolis: cadastro e perfil do
associativismo civil. Florianópolis: Insular, 1996, p.l4.
3 FISCHER, Rosa Maria e FISCHER, André
Luíz.
O
dilema das ONG's. In: Encontro AnualANPAD,
18. Curitiba, 1994. Anais... Curitiba:ANPAD,
1994, v. 10, p. 17-25.4
HUDSON,
Mike. Administrando organizações do terceiro setor. São Paulo:
MAKRON
Books, 1999,p.XÍI.
que
necessitam obter recursos para dar sustentaçãoa
seus projetos.5 Isto principalmenteporque
se está administrando recursosdoados
por outrosem
favorda
questão social,que não
raras vezes implica salvar vidas. iPor
isso, hoje estácada
vez mais evidente a importânciado
processo de gestãopara as organizações
sem
fins
lucrativos.Hudsonó
corrobora tal afirmativaquando
dizque
"a administração é igualmente importante parao
sucesso dessas organizações. Atéa
metade da década de
70,a
administraçãonão
era urna palavramuito usada
pelas pessoasao referirem-se
a
organizaçõesdo
terceiro setor.A
administração era vistacomo
parteda
culturado
mundo
dos
negócios enão
parecia ser apropriada para organizações orientadaspor
valores."i Atualmente,
no
entanto,como
explicita Drucker,7 as próprias instituiçõessem
fins
lucrativossabem
a
importânciade
serem
gerenciadas, vistoque
asmesmas
não
possuem
um
lucro convencional.Sabem
que
necessitam aprender a utilizar a gerênciacomo
ferramenta, paraque não sejam dominadas
pelamesma
O
que
ocorre éque
estáhavendo
um
crescimento gerencial entre as organizaçõesdo
terceiro setor, quer estassejam
grandesou
pequenasliSendo
a contabilidade responsávelem
fomecer
informações aos gestores paraque
elestomem
suas decisões, elatem
um
papel preponderantena
tomada
de decisões destas entidades.Porém,
as pesquisas enormas
que contemplam
as entidadessem
fins
lucrativos,
no
Brasil, ainda são bastante incipientes. Isto se deve,em
virtude das5
AMARAL,
Cláudia.Como
estruturar melhor a atividade de captação de recursos? Revista do TerceiroSetor. Disponivel na lntemet (http://www.rits.org.br/gestao)
°
HUDSON,
Mike. Administrando organizações do terceiro setor. São Paulo:
MAKRON
Books, 1999,p.X]]I.
'
DRUCKEIL
Peter F. Azüninisrração de organizações sem /ins lucrativos: principios e praticas. São
entidades
sem
fins
lucrativosnão
govemamentais,conforme
Olak,8 "não estarem presentes nas entidades empresariais,acabam
tendo inúmeras dúvidas sobreo
procederda
Contabilidade.Além
disso, as entidades normatizadoras e as associaçõesde
classe,no
Brasil,como
por exemplo,
oIBRACON
eo Conselho
Federalde
Contabilidade,pouco
investemem
pesquisas voltadas para estas e outras entidades tão carentes."Então, o
que
muitas vezes se faz é utilizar osmesmos
moldes da
contabilidadede
entidadescom
fins
lucrativos, para asque não tem
finalidadede
lucro, estaforma
édenominada de
contabilização convencional. Todavia, é necessárioque
se façaadaptações,
uma
vezque
são entidadesque
possuem
particularidades próprias.Além
disso, os recursos recebidos pelas entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais, não
raro,têm
regras impostas, estabelecidas pelo doador,no que
dizrespeito
a
destinação desses.Em
havendo
restrições,há
uma
forma de
registro contábil muito utilizada nos Estados Unidos, intitulada Contabilidade por Fundos.Nesta
modalidade
faz-sea
contabilizaçãode
acordocom
a naturezado
frmdo, se irrestrito,restrito temporariamente
ou
restrito permanentemente.Procurando
averiguar a contabilização das entidadessem
fins
lucrativosnão
governamentais
de
modo
empírico,o
presente estudo está referenciadona
seguinte problemáticaQue
alternativasde
contabilizaçãodos
recursos econômico-financeirossão
adotadas,
com
vistasao
processode
gestão,em
entidadessem
fins
lucrativosnão govemamentais?
8
OLAK,
Paulo A. Contabilidade de entidades sem finslucrativos não govemamentais. Dissertação de Mestrado.
F
EA/USP. São Paulo, 1996, p.5.1.2
Objetivos
da
pesquisa
O
objetivo geraldo
presente trabalho consisteem
verificar as fonnasde
contabilização
dos
recursos econômico-financeiros adotadas,com
vistas ao processo de gestão,em
entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais.Em
se tratando dos objetivos específicosdo
presente trabalho, busca-seo
seguinte:
0 definir entidades
sem
fins
lucrativosnão
governamentais; o classificar as entidadessem
fins
lucrativosnão govemamentais;
ø apresentar as altemativas de contabilização
dos
recursoseconômico-
financeiros das entidadessem
fins lucrativosnão govemamentais;
n identificar as semelhanças e divergências entre as altemativas de contabilização dos recursos econômico-financeiros
de
entidadessem
fins
lucrativosnão govemamentais;
eo verificar
a
aplicação das diferentes altemativasde
contabilizaçãono
processo1.3
Justificação
do
estudo
O
presente estudo busca evidenciar a utilização das formasde
contabilização dos recursos econômico-financeirosque
são adotadascom
vistas ao processode
gestão das entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais.A
literatura existente sobre estas entidades é muita escassa, principalmenteno
que
diz respeito àsformas de
contabilização de seus recursos. Estapouca
literatura fazcom
que
as entidadesdesconheçam
as formas possíveisde
contabilizaçãodos
recursos.Não
havendo conhecimento
dasmesmas,
dificilmente serão utilizadasno
processo degestão das entidades.
Face
ao exposto e porserem
estas questõespouco
exploradas,merecem
sermelhor
estudadas.O
valor teóricodo
estudo estáem
verificarcomo
a contabilidadepode
contribuir paraa
eficáciado
processo de gestão nas entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais,
difundindo as diferentes formasde
contabilização viáveis para estasorganizações.
A
relevância prática desta pesquisa consisteem
oferecer subsídios,não
só aos gestores das organizações estudadas,mas também
aosde
outras,no que
diz respeito asformas
de
contabilização dos recursos econômico-financeiros,a
fim
de
que
os relatóriosque
emergem
da
contabilidadepossam
dar subsídios aos gestoresna
tomada
dedecisões. Adicionalmente, para
que possam compreender
as particularidadesde cada
método
e averiguara
altemativaque
mais lhes auxiliarána
gestão das entidades sob suaAcredita-se
que
um
estudoque
aborda tais questõestem
relevância,não
só soba ótica acadêmica, mas,também,
para servirde
orientação para profissionais da área contábilque
sedispõem
a fazer a escrituração desse tipode
entidade.1.4
Organização
do
estudo
O
estudo foi organizadode
maneira a oferecer ao leitoruma
seqüência lógica dos diversos capitulos.No
primeiro capítulo, após a identificaçãodo tema
eproblema
da
pesquisa, os objetivos e a sua respectiva justificação, apresenta-sea
organizaçãodo
trabalho.
Por
sua vez,o
capítulo 2 consubstancia-seda
revisão bibliográfica,onde
sebuscou
apresentaruma
visãoampla
sobreo
terceiro setor e as entidadessem
fins
lucrativos
não
governamentais. Assim, evidenciou-se as principais fontesde
recursos para as entidadessem
fins
lucrativosnão govemamentais
e a classificação dessasinstituições,
bem
como
as altemativas de contabilizaçãode
seus recursoseconômicos
financeiros.
Com
relação ao capítulo 3,que
tratada
metodologiada
pesquisa, primeiramentefoi especificado o
problema
de pesquisa,onde
definiu-se as questõesde
pesquisa e os termos e variáveis,de fonna
constitutiva e operacionalmente. Após, delineou-se a operacionalizaçãode
todo o trabalho.Em
seguida definiu-se a população e amostrado
mesmo.
Na
seqüência, foi evidenciado os tiposde
dados,o
instnmientode
pesquisa, acoleta
de dados
e o tratamento aplicado.Por
fim,
apresentou-se algumas das limitações constantes neste estudo.No
que
diz respeito ao capítulo 4, inicialmente fez-sea
apresentação das entidades pesquisadas.Além
disso, evidenciou-se o perfil dos gestores e dos responsáveis pela escrituração contábil.Em
seguida discorreu-se sobre as principaisfontes
de
recursos das entidades pesquisadas, os tipos de relatórios contábeis aplicáveise a utilização das informações contábeis
no
processode
gestao das entidades.Por
fim, no
capítulo 5 encontram-se as conclusões erecomendações
da
pesquisa,no
sentidode
levantar os pontos conclusivos decorrentesda
utilização das formas de contabilização dos recursoseconômicos
financeirosno
processode
gestão das entidades.Além
disso, apresentou-se asrecomendações
para__ futuros trabalhos sobreEste capítulo consubstancia-se
da
revisão bibliográfica e está subdivididoem
duas seções.Na
primeira seção está evidenciadao
terceiro setor e as entidadessem
fins
lucrativosnão govemamentais
ena
segunda, apresenta-se as altemativas de contabilização para as entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais.2.1
O
terceiro setor e
as entidades
sem
fins
lucrativos
não
governamentais
Para
um
melhor
entendimentoda
inserção dessas entidades, inicialmenteapresenta-se
algumas
considerações geraisque envolvem
o terceiro setor e as entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais.Em
seguida, aborda-se o terceiro setor e suas características.Por fim,
contempla-se às entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais, onde
são evidenciadas as principais fontesde
recursos e a classificaçãodas entidades
sem
fins
lucrativosnão
govemamentais.2.1.1
Consideraçoes
gerais
Os
animaissempre buscaram a
sobrevivência. Para tanto,imem-se a
outrosda
mesma
espécie, a fimde que
as ações coletivas tragam-lhes beneficios,além de
pemiitirAssim, os
homens
unem-se
a outroshomens, no
sentidode
haverum
somatóriode
esforços para enfrentar os desafios e dificuldadescomuns
que
seapresentam
O
homem
passa a viver socialmente,em
buscado
seubem
estar etambém
dos seus semelhantes.É
uma
maneirade
trabalhar coletivamente as necessidadesdo
grupo,que
muitas vezes sao similares.
Como
não
é possível trabalharum
universomuito
grande, o serhumano
passaa
delimitar espaços, para
que
possamelhor
se organizarem
suas ações. Isto sedeve
ao seguinte fato,conforme
explicita Schnu|9:"desde
que
ospovos
setomaram
sedentários, o espaço teve papel essencialna
vida socialdo
homem
Isto se relaciona basicamentecom
omodo
de
produção, se pela agricultura, indústriaou
pelochamado
setor terciário.Também
se relaciona aos hábitos e condiçõesde
vida das vilas e cidades. (...)Independente
da
estrutura das funçõesda
vida social,a
organização era
também
condicionada pela área,que por
sua vezcondiciona particularmente a vida política.
O
poder
político ésempre
equivalente aopoder
sobre o espaço".Observa-se
que a
delimitaçãodo
espaçotoma
mais fácil a coordenação das açõesdo
grupo.Também
é importante para alcançaruma
melhor
organizaçãoda
áreae a satisfação das necessidadeshumanas.
Neste
contexto éque
emerge o
serviço público.De
acordocom
Peres,1° "ele éuma
das muitas instituições secundárias criadas pelohomem
paraa
satisfaçãode
suas necessidades. Acontece, porém,que
a principal funçãodo
serviço público é, justamente,a de
prover o bem-estardo
cidadão".9
SCHNUR,
Roman
Área e administração. In: Aánínistração e inovação pública. Rio de Janeiro:Fundação Getúlio Vargas, I974, p.lO0.
l° PERES,
José A. de S. Instituição e bem comum. In'
CASTOR,
Belmiro V. J. et al. Estado eadministração pública: reflexões. Brasilia: Fundação Centro de Formação do Servidor Público -
Vive-se
numa
sociedade onde, muitas vezes, cada indivíduo querque
prevaleça a sua vontade. Então, para buscar-se o bem-estardo
cidadão, faz-se necessárioque
se organize interesses e vontadesque não
raras vezes são opostas e conflitantes.É
imprescindível, portanto,que
sejam traçadas normas, afim
de que
os sereshumanos
tenham
diretrizes para viverem
comunidade. Pois, se cada individuo resolve fazero
que
considera correto, a sociedade viverá
num
caos absoluto.Tal implica
a
necessidadede serem
explicitados os direitos e deveresdo
govemo. Neste
sentido,PERES”
dizque
"em
algum
lugardeve
constaro
que
corresponde aos govemantes, e
também
aosgovemados,
em
tomo
ou
com
referência aobem
comum.
Para ser este lu ar foi escolhida a Constitui Ç ão Clue
recolhe os direitos edeveres
de
uns, os govemantes, e de outros, osgovemados".
A
constituição brasileira” prevêno
artigo 1°,como
um
de
seus fundamentos, "a dignidadeda
pessoahumana”,
eno
artigo 3°como
um
de
seus objetivos fundamentais,"erradicar a
pobreza
e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.Apesar
disso estar previsto, devido auma
estrutura inchada e pesada, a crise financeiraque o
Estadotem
passado, dentre outros fatores,a
máquina
estatalnão mais consegue
prover
o
bem-estar social.Dnickern
ressaltaque há
"evidência deque o
govemo
é antesgrande
do
que
forte;
de
que
égordo
e fiácido, enão
poderoso;de
que
custa muito caro enão consegue
muito.
Há uma
evidênciacada
vez maior,também, de que o
cidadão acreditacada
vez" PERES, José A. de s. inszimiçâo e
bem
wmum.
izz cAsro1L, Bzimim v. J. ei ai. Eszzzâo z
administração pública: reflexões. Brasília: Fundação Centro de Formação do Servidor Público -
FUNCEP,
1987, p.l0l.'2 BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada
em
5 de outubro de 1988.13
DRUCKER,
Peter F.Uma
era de descontinuidadeorientações para urna sociedade
em
mudança. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1974, p.242.menos no
govemo
ede que
está cada vez mais desapontadocom
ele.O
govemo
estádoente - e justamente
quando
precisamosde
um
govemo
forte, saudável e vigoroso”.No
entanto,com
a globalizaçãoda economia
e asmudanças
rápidasque
vem
ocorrendo a nivel mundial,
o
Brasil precisa preocupar-seem
manter seu espaço comercial-financeiro e sua credibilidade política.Dessa
fonna, o país preocupa-se maiscom
seu desenvolvimentoeconômico
e passa a perseguiruma
política,conforme
Castor e França,“ "globalmente coerentede
desenvolvimento acelerado baseadana
industrialização e
na
criaçãode
um
setoreconômico
modemo”.
Com
essapreocupação
primordialem
seu desenvolvimento econômico,o
Estado deixaem
segundo
plano a questãodo
bem-estar social.E
é nesse contextoque surgem
organizações
que
buscam
promover
este bem-estar, vistoque
"em
sua condiçãode
paísem
desenvolvimento, caracterizado por fortes contradiçõeseconômicas
e sociais,o
Brasiltem
encaminhado
sua redemocratização priorizando a estabilidadeda
moeda
ea
modemização
econômica, visando assegurar as condiçõesmínimas de
inserçãono
cenário
de
competitividade globalizada“.'5 Istopode
ser observadoem
Adulis e Fischermquando dizem
que:"a crise atual
do
Estado reflete o esgotamentodo
modelo
de
Estadode Bem-Estar
Socialque
prevaleceudo
pós-guerraà
década
de 70,o
qual se caracterizava pelapromoção
de políticasde
desenvolvimento nacionais e pelofomecimento de
beneficios e serviços.Nos
anos 80, a capacidadede
ação dos Estados,que
mesmo
após décadasde
intervençãona economia não
conseguiram resolver osproblemas de pobreza da
maioriada
população, deteriorou-se devido ao
aprofundamento
da
crise14
CASTOR,
Belmiro V.J.,
FRANÇA,
Célio F. Administração pública no Brasil: exaustão erevigoramento do modelo. In:
CASTOR,
Belmiro V. J. et al. Estado e administração pública: reflexões.Brasilia, Fundação Centro de Formação do Servidor Público -
FUNCEP,
1987, p. l 9. 'SFISCHER, Rosa Maria;
FALCONER,
Andres Pablo. Desafios da parceria govemo e terceiro setor.Revista de Administração. São Paulo, USP, v.33, n.l , p.l5, jan./mar. 1998.
'°
Anuus,
Dzibzm; FISCHER, Rosa
Mana
Exclusão social nz Amzzõniz iegziz z espzúêncâz das organizações da sociedade civil. Revista de Administração. São Paulo, USP, v.33, nl, p.20, jan./mar. 1998.fiscal e aos sérios problemas
da
burocraciagovemamental,
como
o
excessivo isolamento, distanciamentoem
relação à sociedade civil, as poucas agilidade e flexibilidade, caracteristicasde
algumas instituições estatais; e as dificuldadesde
adaptação ao processode
globalização econômica".Desse
modo,
atenta-se parao
fatode que
o Estado patemalista está sendoadequado
auma
nova
dimensão,onde
se possa trabalharem
parceriaNa
ânsiade
sanaras dificuldades financeiras e manter-se competitivo, o
govemo
oferecepouco
aos desequilíbrios sociaisque
são vistosno
pais.Assim
sendo, "inúmeras organizaçõesda
sociedade civil
atuam
na
região desenvolvendo projetos e experiênciasque
buscam
a reduçãoda
exclusão social.Trabalhando
deforma
isoladaou
em
parceriacom
o
Estado,esses
novos
atores sociaistêm
alcançado resultados bastante” positivos, suprindoem
parte a ausênciade programas
sociais dosgovemos
locais e federal".'7 Tais organizaçõesfazem
pane do
Terceiro Setor.2.1.2
Terceiro
setor
Ao
falar-sede
um
Terceiro Setor pressupõe-se a idéiada
existênciade
um
primeiro e
segundo
setor.Femandesls
apresenta estes setoresda
seguinte forma:o
primeiro setor é
composto
peloEstado
(público), osegundo
pelomercado
(privado) eo
terceiro setor
não
é público enem
privado.Scherer-Warren”
também
evidencia que: “a sociedade civil está referenciada aum
terceiro setor,que
se distingue e se relacionacom
dois outros:o
Estado (sistema burocrático-administrativo egovemamental)
eo mercado
(sistema produtivo-lucrativo). Portanto,
o
terceiro setor énão
17
ADULIS, Dalberto; FISCHER, Rosa Maria Exclusão social na Amazônia legal: a experiência das organizações da sociedade civil. Revista de administração.. São Paulo, USP, v.33, n.l, p.22, jan./mar. 1998.
'“
FERNANDES,
Rubem
cesar. Privado porém pzzbzizzoz 0 terceiro setor na Aznéúzz Lanna. Rio de
Janeiro: Relume-Dumará, 1994, p.l9.
'9
SCHERER-WARREN,
Ilse. Organizações voluntárias de Florianópolis: cadastro e perfil do
govemamental
esem
fins
lucrativos.Por
outro lado,tem
fins
públicos,
mas
é organizado a partirde
agentes privados, dachamada
sociedade civil."Femandes2° define o
terceiro setorcomo
"um
conjuntode
organizações einiciativas privadas
que visam
àprodução
de bens e serviços públicos".No
entanto,não
são geradorasde
lucros ebuscam
atender necessidades de grupos, enão de
individuosparticulares. Continuando, diz
que
"sua emergência éde
tal relevânciaque
sepode
falarde
uma
virtual revolução a implicarmudanças
gerais nosmodos
de
agir e pensar.As
relações entre
o
Estado eo mercado, que
têm
dominado
a cena pública,hão de
sertransformadas pela presença desta terceira figura".2l
Denota-se
que o
terceiro setor seocupa
com
as lacunas deixadas pelopoder
público e procura amenizar os graves problemas sociais
no
país.Não
que
ele seja a cura para todos os males sociais,mas
ajuda a diminuiro
sofrimentohumano
de
tantaspessoas.
Abreu”
salientaque há
um
aumento
acelerado de instituiçõesdo
terceiro setorno
Brasil, e diz que:"há
uma
versão maisou
menos
dominantede que
aexpansão
do
terceiro setor está associada à crise generalizada
do
Estadodo
bem-estar social. Até então,
imperava
a visão dicotômicado
privado versus o público. Foi assim durante o Estado liberal
que
não
deveria intervirno
mercado
eem
nenhuma
de
suas forças efatores, sob
pena
de influir negativamente sobreo
equilibrionatural
que
ele propiciava"2°
FERNANDES,
Rubem
c. Privado porém pzâblfwz 0 terceiro setor nz América Latina. Rio de Janeiro;Relume-Dumará, 1994, p.2l.
2'
FERNANDES,
Rubem
C. Privado porém público: 0 terceiro setor na América Latina. Rio de Janeiro: Rclume-Dumará, 1994, p.20.
22
ABREU,
Ana
Cláudia D.
As
ONGs
como complemento de gestão à administração pública DissertaçãoBusca-se, neste setor, a realização de anseios
humanos,
eo
seu crescimento aconteceem
funçãode
pressões e necessidades advindas das pessoas, dos cidadãos, dasinstituições e até dos próprios
govemos.
O
que
se destacano
Terceiro Setor éque
existem "inúmeras açõesde
indivíduos, grupos e instituiçõesque têm
como
fim
suprir necessidades coletivas."23 Vai-seem
buscada
solução paraproblemas
que
atinjamuma
coletividade de pessoas.Por
isso este setorvem
sendo,de
acordocom
Peres,24 "avaliadocom
otirnismo por analistasda
crisedo
Estadoque tendem a
identificar nas organizaçõessem
fins
lucrativos a viaeficaz
para eliminar a ineficiência
da
burocracia estatal e assegurar a eficáciados
serviços públicos".Há
algumas
características básicasque
definem o terceiro setor,conforme
Salamon
e Anheierapud
Adulis e Fischer,25 a saber:a) formais -
alguma forma de
institucionalização, legalou
não,com
certo nívelde
formalizaçãode
regras e procedimentos, para assegurar apermanência
por periodo
de
tempo;b) privadas - independentemente
de
sua fontede
recursos sero
govemo,
as organizaçõesnão
são ligadasde
forrna institucionalalguma
agovemos;
23
FERNANDES,
Rubem
C. Privado porémpúblico: o terceiro setor na América Latina. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994, p.27.
2* PERES,
José A. de s. mzzimiçâo e bem comum. nz
cAsroR,
Belmiro v. J. et ai. Eszzzdo z administração pública: reflexões. Brasilia: Fundação Centro de Fomiação do Servidor Público -FUNCEP,
1987, p.l00.25 ADULIS,
Dalberto; FISCHER, Rosa Maria. Exclusão social na Amazônia legal: a experiência das organizações da sociedade civil. Revista de Administração. São Paulo, USP, v.33, nl, p.22, jan./mar. 1998.
c)
não
distribuidoras de lucros - essas entidadesnão
podem
distribuirquaisquer excedentes, gerados
de
qualquer forma, aos seus dirigentes e colaboradores;d)
autônomas
(self governing) - essas entidadesnão
são controladasextemamente,
possuindo todos os meios para realizar sua própria gestão; ee) voluntárias - grau significativo
do
trabalho realizado eda
gestão dessasorganizações
provém
da mão~de-obra
voluntárianão
remunerada
Depreende-se do
exposto,que o
terceiro setor é caracterizadopor
sernão
lucrativo,
não
no
sentido deque não
haja excedentes,mas
sim,que o
mesmo
é reinvestidona
própria atividade,não
havendo, portanto,uma
distribuição deste excesso.É
não govemamental,
e organizado juridicamente paraque
possa pleitear isenções.Também
é independente eproduz
bensou
serviços públicos.Além
disso, mobiliza adimensão
vohmtáriado comportamento,
pois as pessoasque
seengajam
procuram,muitas vezes, dar sentido
a
sua existênciaReforçando a
idéia sobreo
terceiro setor,Femandeszô
dizque
este se constituide
“iniciativas privadasque não
visam lucro; iniciativasna
esfera públicaque não
sãofeitas pelo Estado.
Nem
empresa
nem
govemo,
mas
sim cidadãos participando,de
modo
espontâneo e voluntário,
em
um
sem-número
de açõesque visam
ao interessecomum.”
As
pessoasque
trabalhamno
terceiro setor estão a buscar soluções para a coletividadeda
qualfazem
parte.2°
FERNANDES,
Rubem
C. Privado porém público: o terceiro setor na América Latina. Rio de Janeiro:
Assim, ele “atingiu proeminência, fundamentalmente,
como
um
veiculo flexível e dignode conñança
para a realizaçãode
anseioshumanos
elementares,como
auto- expressão, auto-ajuda, participação e ajuda mútua,"conforme Salamon.” Dessa
fomia,o
terceiro setor écomposto
por entidadessem
fins
lucrativosnão govemamentais
e pretende prover as lacunasque
ogovemo
deixa, voltando sua atenção parao
bem
estar social.2.1.3
Entidades
sem
f'mslucrativos
não govemamentais
Olakzs explicita
que
parauma
entidade ser caracterizadacomo
tal “são necessários pessoas, recursos e organizações os quais, reunidos são capazesde
exercer atividadeeconômica”
Portanto, definir entidades
sem
fins
lucrativosnão govemamentais não
é tão simples quanto parece, pois elasem
alguns pontos se diferenciam deum
negócio empresarial.Nesse
sentido,Andrade” afirma
que:"o patrimônio
de
qualquer entidade,com
ou sem
fins
lucrativos,tem
condiçãoeconômica
(no sentidode
riqueza patrimonial) e conotação financeira(compromissos
assumidos e recursos para atendê-los)da
mesma
naturezaO
que
difere essencialmentenos
dois tipos
de
entidade e'a
execução orçamentária, pois aquelassem
fins
lucrativos objetivam apenas obter recursos para alcançar seusfins
sociais, limitando-se sua atividade econômico-financeira ao recebimento desses recursos e aopagamento de
despesas e compromissos, ao passoque
asempresas
exercem fundamentalmente
uma
atividadeeconômica
de
produzir (bens e serviços)sempre
visando ao lucro."27
SALAMON,
Lester.
A
emergência do terceiro setor - uma revolução associativa global. Revista deAdministração. São Paulo, USP, v.33, nl, p.05, jan/mar. 1998.
28
OLAK,
Paulo A. Contabilidade de entidades sem fins lucrativos não governamentais. Dissertação de Mestrado. FEA/USP. São Paulo, 1996, p.20.2°
ANDRADE,
Guy Almeida. Contabilidade de entidades sem fins lucrativos. In: Cursos sobre temas
contábeis. Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo. São Paulo: Atlas, 1991, v. 4, p.310.
Para tanto,
algumas
característicasdevem
ser observadas,segundo o American
Instituie
of
Cernficied
Public Accountanrs,3° taiscomo: não há
esperade retomo
pecuniário integral
ou
proporcional pelos doadoresde
recursos; os objetivos operacionais diferemde
prover bensou
serviçoscom
lucros; e ausênciade
interessede
propriedade
como
tem
os proprietáriosde empreendimentos
empresariais.Freeman
e Shouldersapud
Olaksltambém
apresentamalgumas
característicasdas entidades
sem
ñns
lucrativosnão govemamentais,
a saber:a) quanto a propriedade (ownership) - pertencem a
comunidade
enão
sãodivididas
em
partes proporcionais,que
possam
ser vendidas;b) quanto as fontes
de
recursos (resources) -recebem
contribuiçõesde
recursos financeiros,
mas
oque não
permiteque o doador
tenha participaçãonos
bensou
serviçosda
entidade;c) quanto as decisões políticas e operacionais (policy e operating decisions) - as decisões mais importantes são
tomadas
por consenso de voto, via assembléia geral, pelosmembros
de
váriossegmentos
que foram
diretamente
ou
não
eleitos.Estas entidades
têm
algoque
as diferencia das demais organizações,o que
astoma
reconhecidasno
papelque
desempenham
para a sociedadecomo
um
todo.Drucker”
procura explicar essas diferençasquando
evidencia que:“não
éo
fato dessas instituições seremsem
fins
lucrativos, isto e'American Institute
Of
Certified Public Aceountants. Statement Financial Accounting Standards N.II7. Financial Statement
Of
Nor-for Profit Organizations. Financial Accounting Standards Board. June, 1993, parágrafo 168.3'
OLAK,
Paulo A. Contabilidade de entidades sem fins lucrativos não governamentais. Dissertação de Mestrado. FEA/USP. São Paulo, 1996, p.23.
32DRUCKER,
Peter F. Administração de orgmizações sem fins lucrativos: princípios e práticas. SãoPaulo: Pioneira, 1994, p.XIV.
não
são empresas.Também
não
se tratado
fato delasserem não
govemamentais.É
que
elasfazem
algomuito
diferente das empresasou do govemo.
As
empresasfomecem
bensou
serviços.
O
govemo
controlaA
tarefa deuma
empresa
terminaquando
o clientecompra
o produto,paga
por ele efica
satisfeito.O
govemo
cumpre
sua funçãoquando
suas políticas são eficazes.A
instituiçãosem
fins
lucrativosnão fomece
bensou
serviços,nem
controlaSeu
produtonão
éum
parde
sapatos,nem
um
regulamento eficaz.Seu
produto éum
serhumano
mudado.
As
instituiçõessem
fins
lucrativos são agentesde
mudança
humana
Seu
produto éum
paciente curado,uma
criança
que
aprende,um
jovem
que
se transfom1aem
um
adultocom
respeito próprio; isto é, toda urna vida transformada.”Andrade”
caracteriza as entidadessem
fins
lucrativoscomo
“aquelasinstituições
formadas
com
propósitos sociais, educacionais, religiosos,de
saúdeou
filantrópicos e aquelas
em
que, normalmente,não
existe interessena
transferênciada
propriedade e seusmembros
ou
contribuintes nãorecebem
qualquerganho econômico
ou
financeiro (direto).”Infere-se pelo exposto,
que
as entidadessem
fins
lucrativosnão
governamentaisbuscam
auxiliaro
Estadona
área social,com
o
intuitode
amenizar as deficiênciasencontradas,
em
busca não
de lucro,mas
deum
ganho
no
que
diz respeito ao aspecto social.O
que
sebusca
nas entidadessem
fins
lucrativosnão govemamentais
éuma
mudança na
percepção dos indivíduos ena
sociedade e estamudança
que
se espera écomportamental.
A
preocupação é atender as carênciasque
os seres htunanos tem, sendoque
estaspodem
ser alimentares, afetivas, comportamentais, psicológicas,moradia
etc.Muitas
vezes,o que
se recebeem
troca éum
sorriso, sorriso esteque
mexe
”
ANDRADE,
Guy Almeida. contabilidade de entidades sem fine iiierazives. riiz Camas sobre zemaacontábeis. Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo. São Paulo: Atlas, 1991, v. 4,
com
amotivação
do
indivíduo, oque
fazcom
que
as entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais
movimentem
adimensão
voluntária.Todavia, tais entidades
não
semantêm
por simesmas,
elascaptam
recursos para a constituição emanutenção do
seu patrimônio. Olak34 dizque
nas entidadessem
fins
lucrativos
não govemamentais
"o patrimônio é constituído, via de regra, por contribuições, doações e subvenções, cujo contribuinte,doador ou
subventornão tem
por
objetivo auferir lucros econômicos,mas
sim lucros sociais,nonnalmente
para outros enão
para si próprio."2.1.3.1 Principais fontes
de
recursosdas
entidadessem
fins lucrativosnão
govemamentais
As
principais fontesde
captação de recursos econômico-financeiros destas entidades são contribuições, doações e subvenções, as quais serão abordadas individualmente neste estudo.a) Contribuições
O
American
Instituteof
Certificied Public Accountantsss define contribuiçãocomo
uma
transferênciade
dinheiroou
ativos,que não
está sujeito a condiçõesou
ainda, o cancelamento
de
suas obrigaçõesnuma
transferência voluntárianão
recíprocapor
outra entidadeque não
seja o proprietário.34
OLAIÇ
Paulo A.Contabilidade de entidades sem fins lucrativos não govemamentais. Dissertação de Mestrado. FEA/USP. São Paulo, 1996, p.8l.
35 American
Institute of Certified Public Accountants. Statement of Financial Accounting Standards n° 116, Financial Accounting, Standards Board. June 1993. Parágrafo5.
Para Beuren,36 "contribuições são recursos pecuniários recebidos de associados e
não
associados, destinados àmanutenção da
entidadeou
à execuçãode
uma
obra,um
projetoou
atividades especificas. Elas representamum
compromisso
entreo
contribuinte e a entidade, visto
serem
realizadas periodicamente (mensal, bimestral, trimestral, anual etc.)."Deve-se
ressaltarque
a contribuição aque
se refere são os recursos pecuniáriosque
a entidade recebe,de
associadosou
não, eque
esta denota a idéiade
um
compromisso
ininterruptodo
contribuinte.oiak”
divida as zdmiibiiiçõasam
duas siassas distintas; contribuiçõesda
associados e contribuições
de não
associados. Àquelas representam recursos pecuniários de pessoasou
empresas filiadas à entidade, cujo valor é, nomialmente,prefixado
pela assembléia geralou
conselho diretivo.Enquanto
estas são recursos pecuniários de pessoasou
empresasque não fazem
partedo
quadro socialda
entidade enomialmente o
valor
não
éprefixado
pela entidade.b)
Doaçoes
O
Código
Civil Brasileirofsem
seu artigo 1.164, consideradoação
como
"ocontrato
em
que
uma
pessoa, por liberdade, transferedo
seu patrimônio bensou
vantagens para o de outra
que
os aceita."Grande
parte das entidadessem
fins
lucrativos recebealém
de doaçõesde
36
BEUREN,
Ilse M. As informações contábeis
em
entidades sem fins lucrativos não govemamentais. In:V
Congresso Brasileiro de Gestão Estratégica de Custos, Fortaleza, l998. Anais... Fortaleza:SEBRAE,
1998, vol.2, 1169 p. p. 663-671.37
OLAK,
Paulo A. Contabilidade de entidades sem fins lucrativos não govemamentais. Dissertação de Mestrado. FEA/USP. São Paulo, 1996, p.83.38
dinheiro, doações substanciais
de
equipamentos, materiaisde consumo,
dinheiro eserviços. Este é
um
ponto
que
a diferencia das contribuições, visto esta sersomente
em
TGCUTSOS pôCUI`llfll'lOS.
0lal<39
define doações
como
os "recursos gratuitamente recebidosde
individuos,empresas,
ou de
outras entidadessem
fins
lucrativosnão
govemamentais
querna forma
de dinheiro, outros bens, direitos
ou
aindana forma
de serviços (profissionaisou
não)."~
c)
Subvençoes
Beurenw
conceitua subvençõescomo
"os recursos pecuniários oriundosde
órgãos
govemamentais
(União, Estados e Municipios), destinados, nomialmente, amanter
as atividades essenciaisda
entidadeou
para financiar projetos sociais."O
InternationalAcoounfing
StandardsCommittee"
se prontmcia dizendoque
as subvençõesgovemamentais
consistemda
ajuda, pelo governo, soba forma de
transferência
de
recursosa
urna entidadeem
retribuição aocumprimento
passadoou
futuro
de
certas condições referentes àsatividades operacionaisda
entidade.Nesse
sentido, as subvenções são recursos pecuniáriosfomecidos
pelos órgãosgovemamentais
e que, geralmente, são destinadosao cumprimento de programas
especiais
ou
para cobrir parte dealgumas
despesasque
a entidade seja obrigadaa
incorrer, constituindo-se, muitas vezes,
na maior
fontede
captaçãode
recursos para asentidades
sem
fins
lucrativosnão
govemamentais.39
OLAK,
Paulo A. Contabilidade de entidades sem fins lucrativos não governamentais. Dissertação deMestrado. FEA/USP. São Paulo, 1996, p.91.
4°
BEUREN,
llse M. As informações contábeis
em
entidades sem fins lucrativos não governamentais. In:V
Congresso Brasileiro de Gestão Estratégica de Custos, Fortaleza, 1998. Anais... Fortalem:SEBRAE,
1998, vol.2, 1169 p. p. 663-671.^"
International Accounting Standards Committee. .Norma Internacional de Contabilidade - NIC 20.
A
ccounting for Government Grants and Disclosure of Govermnent Assistance. 1984.Olak”
explicitaque
os "recursos sãonormalmente empregados na manutenção
do
patrimônio, folhade
pagamento, materiais de uso econsumo,
alimentação e, outras vezes, utilizadosem
investimentos denovos
projetos."Diz
também
que
as subvençõespodem
serde
dois tipos: ordinárias e extraordinárias.As
subvenções
ordinárias "são os recursos recebidos ordinariamente, destinadosnormalmente,
para fazer face às despesas demanutenção
e conservaçãodo
patrimônio,folha
de pagamento,
compra
de
materiais de uso econsumo
e outras despesas regularesda
entidade."E
as subvenções extraordinárias "são os recursos recebidos esporádicaou
extraordinariamente utilizados, via
de
regra, para atender projetos específicos de reforma, ampliação, construção de novas unidades, aquisiçõesde
bensmóveis ou
imóveis, realização
de
eventosou
atividades."Além
destas formasde
captação, as entidadessem
fins
lucrativospodem
ter seus recursosaumentados
por receitas financeiras, receitasde
capital ealgumas
vezes por lucros obtidosna venda de
produtos, mercadorias e serviços prestados,que
serão revertidosna
manutenção da
entidade enunca
paraserem
distribuidos aos executivos.2.1.3.2 Classificação
das
entidadessem
fins lucrativosnão govemamentais
O
Código
Civil Brasileiroj”no
artigo 13, divide as pessoas jurídicasem
duasclasses: as
de
direito público e as de direito privado.As
pessoas jurídicasde
direito público,conforme
Diniz,“podem
serde
direitopúblico
extemo, que
são aquelas regulamentadas pelo direito intemacional eabrangem
42
OLAK,
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