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Aplicação do pensamento centrado em valor como ferramenta para o combate ao Aedes Aegypti: estudo de caso na cidade de Campina Grande

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

APLICAÇÃO DO PENSAMENTO CENTRADO EM VALOR COMO

FERRAMENTA PARA O COMBATE AO AEDES AEGYPTI:

ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE

MARIA LUIZA DE ULISSES GUERRA PAIVA

Orientador: Prof.ª Suzana de França Dantas Daher, DSc.

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MARIA LUIZA DE ULISSES GUERRA PAIVA

APLICAÇÃO DO PENSAMENTO CENTRADO EM VALOR COMO

FERRAMENTA PARA O COMBATE AO AEDES AEGYPTI:

ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco, como registro parcial para a obtenção do título de mestre em Engenharia de Produção (Área de Concentração: Otimização e Gestão da Produção).

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Suzana de França Dantas Daher.

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária – Paula Silva CRB/4 – 1223

P149a Paiva, Maria Luiza de Ulisses Guerra.

Aplicação do pensamento centrado em valor como ferramenta para o combate ao Aedes Aegypti: estudo de caso na cidade de Campina Grande. / Maria Luiza de Ulisses Guerra Paiva. - 2017.

66f.: il.; 30 cm.

Orientadora: Suzana de França Dantas Daher.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 2017.

Inclui Referências.

1. Processo decisório. 2. Otimização decisória. 3. Aedes aegypti - Campina Grande (PB). 5. Políticas de saúde - Brasil. 6. Gestão de produção. I. Daher, Suzana de França Dantas (Orientadora). II. Título.

658.5 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2017-067)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA

DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE

MESTRADO ACADÊMICO DE

MARIA LUIZA DE ULISSES GUERRA PAIVA

“Aplicação do Pensamento Centrado em Valor como Ferramenta para o Combate ao Aedes Aegypti: Estudo de Caso na Cidade de Campina Grande”

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: OTIMIZAÇÃO E GESTÃO DA PRODUÇÃO

A comissão examinadora composta pelos professores abaixo, sob a presidência do primeiro, considera o candidato MARIA LUIZA DE ULISSES GUERRA PAIVA,

APROVADA.

Caruaru, 17 de março de 2017.

________________________________________________

Prof.ª SUZANA DE FRANÇA DANTAS DAHER, Doutora (UFPE)

________________________________________________

Prof.ª CAROLINE MARIA DE MIRANDA MOTA, Doutora (UFPE)

________________________________________________

Prof.ª ANNIELLI ARÚJO RANGEL CUNHA, Doutora (IFPE)

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A meus pais Eduardo Guerra e Silvia, com todo o meu amor.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela oportunidade de conquistar mais um sonho e por ter me dado força para que eu superasse todos os desafios nessa jornada e me manteve firme nos meus propósitos.

Aos meus pais por todo amor, carinho e principalmente pela paciência e apoio em todas as minhas decisões incentivando sempre meu crescimento profissional. Meu refúgio!

Toda minha gratidão à minha orientadora, a professora Suzana Daher, a quem admiro bastante e que se tornou um exemplo a ser seguido. Agradeço pela atenção, por sua paciência, sabedoria e ensinamentos transmitidos indispensáveis para a condução deste trabalho e para a minha vida acadêmica e profissional.

As professoras da banca examinadora, Caroline Mota e Annielli Cunha, por aceitarem o convite e pelas contribuições que ajudaram a engrandecer o desenvolvimento desse estudo.

Ao programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do Centro Acadêmico do Agreste - PPGEP/UFPE-CAA, em especial aos professores, por transmitirem um pouco dos seus conhecimentos.

A CAPES pelo apoio financeiro durante a realização do curso de mestrado.

Agradecimento especial a Secretaria de Saúde do Município de Campina Grande, especificamente a Telles Albuquerque, Rossandra Oliveira, Danilo Alves e ao Prefeito Romero Rodrigues que de alguma maneira me ajudaram para a realização desse estudo.

Por fim, mas não menos importante, agradeço também, em nome de Amanda Silveira, Rodrigo Lucena, Edinalva Nogueira, Fernanda Raquel, tia Alzira e Célia Maria , aos meus amigos e familiares que sempre me estenderam a mão e me apoiaram todas as vezes em que precisei.

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“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.”

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RESUMO

A discussão em torno das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti vem ganhando maior importância no âmbito da saúde pública nos últimos anos. De acordo com o Ministério da Saúde em documento publicado em 2016, foram registrados no Brasil 138.108 casos de zika, 1.227.920 casos de dengue e 83.678 casos de chikungunya (dados coletados até a Semana Epidemiológica nº19), ratificando que o país se encontra sob uma epidemia causada pela transmissão via o mosquito Aedes aegypti. Sendo um problema de saúde pública, o Estado brasileiro e os governos estaduais e municipais têm promovido ações de combate e de esclarecimentos. Na cidade de Campina Grande-PB as políticas adotadas não estão sendo suficientes para erradicar o mosquito, bem como apoiar adequadamente o tratamento da população com sequelas pós-infecção. Nesse contexto, esse trabalho busca extrapolar o processo decisório tradicional baseado na escolha de alternativas já predefinidas e tradicionalmente utilizadas, para um modelo onde as alternativas propostas emergem dos valores e de um objetivo estratégico através de uma visão encadeada quanto as consequências da escolha dessas alternativas. Por ser um problema complexo, aplicou-se a metodologia Value-Focused Thinking (em português, Pensamento Centrado em Valor) com um especialista de saúde que conhece a realidade da cidade. Os resultados obtidos mostram que as alternativas propostas poderiam ser adotadas em outras cidades brasileiras e mundiais, bem como servem de insight para a estruturação de novas políticas públicas de combate ao mosquito.

(9)

ABSTRACT

In recent years, the discussion about the diseases transmitted by the mosquito Aedes aegypti is gaining greater importance in public health. According to the Brazilian Ministry of Health in a document published in 2016, 138,108 cases of zika, 1,227,920 cases of dengue and 83 678 cases of chikungunya (data collected by the Epidemiological Week nº 19) were registered in Brazil, confirming that the country is under a epidemic caused by transmission by the mosquito Aedes aegypti. Brazilian governments in all decision levels (federal, state and municipal) have conducting actions in order to combat the epidemy. However, in the city of Campina Grande-PB, the adopted policies are not being sufficient to eradicate the mosquito as well as adequately support the treatment of the population with post-infection sequelae. In this context, this paper seeks to go beyond the traditional decision-making process based on the choice of already predefined alternatives and traditionally used, to a model in which the alternative proposals emerging from the values of a decision maker and a strategic objective. Once we are dealing with a complex problem, we applied the Value-Focused Thinking methodology by gathering the values of a health specialist who knows the reality of the city. The results show that the alternatives proposed could be adopted in other Brazilian and global cities, as well as serve as insight into the structure of new public policies to combat the mosquito.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Tipos de pesquisa científica ... 16

Figura 2.1 – Estrutura hierárquica dos objetivos ... 24

Figura 3.1 - Modelo Proposto ... 39

Figura 4.1 - Etapa 1 do modelo proposto ... 47

Figura 4.2 - Etapa 2 do modelo proposto ... 49

Figura 4.3 - Rede de Objetivos Meio-Fim ... 52

Figura 4.4 - Etapa 3 do modelo proposto ... 53

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Comparação AFT x VFT ... 20

Tabela 2.4 - Técnicas para controle do Aedes Aegypti ... 33

Tabela 3.1 - Técnicas para identificar objetivos ... 41

Tabela 3.2 - Atributo construído para serviços de saúde ... 42

Tabela 4.1 - Questões para estruturar valores... 47

Tabela 4.2 - Objetivos Fundamentais ... 49

Tabela 4.3 - Atributos ... 51

(12)

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO

...13 1.1 Justificativa e relevância ...14 1.2 Objetivos ...15 1.3 Metodologia ...16 1.4 Estrutura do trabalho ...17

2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA

...19

2.1 Estruturação de problema...19

2.2 Value-Focused Thinking ... 22

2.3 Revisão da Literatura sobre Aedes aegypti ...26

2.3.1 Ciclo de Vida do Mosquito ...26

2.3.1.1 Fase do Ovo ...26

2.3.1.2 Fase da Larva ...26

2.3.1.3 Fase de Pupa ...27

2.3.1.4 Fase Adulta...27

2.3.2 Doenças Transmitidas pelo Aedes Aegypti ...28

2.3.2.1 Febre Amarela ...28

2.3.2.2 Dengue ... 29

2.3.2.3 Chikungunya ...29

2.3.2.4 Zika...30

2.3.3 Combate ao Mosquito Aedes Aegypti...31

2.4 Aplicações da metodologia VFT encontradas na literatura ...36

2.5 Comentários Finais do Capítulo...37

3

METODOLOGIA PARA A APLICAÇÃO DO VFT

...39

3.1 Etapas do modelo ...39

3.2 Comentários Finais do Capítulo ...44

4

APLICAÇÃO DO MODELO: ESTUDO DE CASO

...45

4.1 Contextualização do Problema ...45

4.2 Identificação do Decisor ...46

(13)

4.4 Comentários Finais do Capítulo ...55

5

CONCLUSÃO

...57

(14)

Capítulo 1 Introdução

1 INTRODUÇÃO

A discussão em torno das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti vem ganhando maior importância no âmbito da saúde pública nos últimos anos. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados 1.227.920 casos de dengue, 83.678 casos de chikungunya e 138.108 casos de zika (dados coletados até a Semana Epidemiológica nº19), ratificando que o país se encontra sob uma epidemia causada pela transmissão de doenças via o mosquito Aedes aegypti. Dentre as consequências causadas pelas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, observa-se a correlação entre a infecção pelo zika vírus (ZIKV) com a microcefalia em recém-nascidos de mães infectadas pelo vírus (BRITO, 2015) - doença em que a cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade. Desde outubro de 2015, mais de 10.000 casos prováveis de microcefalia foram relatados em recém-nascidos no Brasil, sendo confirmados 4.390 casos (BRASIL, 2016a).

O aumento de casos das doenças transmitidas pelo mosquito e as consequências ocasionadas por elas, bem como o fato de inexistir vacinas para todas essas doenças, tão pouco um tratamento especifico para cada doença, o combate aos focos de reprodução e desenvolvimento do mosquito torna-se a forma de controle mais eficaz para interromper o contato humano-vetor, tem sido propagado na sociedade como a melhor maneira de combater a epidemia (MONATH, 2001; WHO, 2016; CHANG et al., 2014; BRASIL, 2016b). Entretanto, as perguntas que se seguem são: será que de fato estas são as formas mais eficientes de erradicar esse problema de saúde pública? O que de fato a sociedade deseja para um bem-estar social, donde o acesso a boa saúde é fundamental? Será que as autoridades conseguem visualizar a interdependência das ações que deveriam ser tomadas, de maneira objetiva, medindo as consequências do portfólio de ações realizadas?

Ao mesmo tempo em que o combate ao Aedes aegypti é necessário, é difícil de ser realizado com a eficiência desejada. O mosquito tem mostrado uma alta capacidade de adaptação biológica, além de aspectos relacionados a problemas de infraestrutura das cidades, tais como insuficiência na coleta de lixo e intermitência no abastecimento de água, são fatores que comprometem a efetividade dos métodos tradicionais de controle do Aedes aegypti (COELHO, 2008). Assim, o mosquito se tornou abundante nas cidades, o que aumentou sua competência vetorial, ou seja, a sua habilidade em tornar-se infectado por um vírus, replicá-lo e transmiti-lo (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994).

(15)

Capítulo 1 Introdução

Entretanto, ao invés de ancorar um estudo para apenas coordenar um plano de ação para alterativas já conhecidas, este estudo busca extrapolar o processo decisório tradicional baseado na escolha de alternativas já predefinidas e tradicionalmente utilizadas, para um modelo onde as alternativas apresentadas emergem dos valores e de um objetivo estratégico através de uma visão encadeada quanto as consequências da escolha dessas alternativas. Por ser um problema complexo, aplicou-se a metodologia, proposta por Keeney (1992), Value-Focused Thinking num estudo de caso da cidade de Campina Grande (PB) com o intuito de obter uma melhor compreensão do problema, possibilitando ao decisor um maior aprendizado sobre o contexto do problema, propondo melhores alternativas que sejam satisfatórias para a resolução do problema.

1.1 Justificativa e relevância

O Brasil enfrenta hoje sérios problemas decorrentes das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Até 2014, só a febre amarela e a dengue eram doenças conhecidas por serem transmitidas pelo mosquito. Entretanto, a partir de julho e agosto de 2014 foram constatados casos de chikungunya em indivíduos oriundos de países da América Central, principalmente do Haiti e República Dominicana e em maio 2015 apareceram os primeiros casos do zika vírus no País (BRASIL, 2014, 2015).

Diante do cenário em que o combate dos focos de reprodução e de desenvolvimento do mosquito são as formas de controle mais eficazes para combater a epidemia das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, tomar decisões de onde e como agir não é fácil, pois as consequências das escolhas feitas afetam toda a sociedade e futuras gerações. Por isso é importante que as informações do(s) decisor(es), em um processo de decisão, sejam obtidas por meio de métodos que auxiliem a tomada de decisão por ser mais confiável em vez das decisões serem tomadas de forma apenas intuitiva.

Belton e Stewart (2002), ressalta que para a resolução de qualquer problema é necessário que haja um procedimento de estruturação, independente do seu nível de complexidade, assim a estruturação de problema deveria ser a primeira etapa do processo de decisão. Estruturação de problemas é um processo de aprendizagem interativo que procura construir uma representação formal de um problema, que une seus componentes objetivos e os aspectos subjetivos do(s) decisor(es) (EDEN, 1988). Os métodos de Estruturação de Problema podem ajudar na identificação dos fatores relevantes enquanto se modela o problema de decisão, antes da tomada de decisão em si.

(16)

Capítulo 1 Introdução

A importância da estruturação de problema é enfatizada por diversos autores, entre eles Bana e Costa (1992), Von Winterfeld (1980), Rosenhead (1989) e Checkland (1985). DE Almeida e outros. (2012) afirmam que Keeney oferece uma forma de pensar que pode servir de base para uma abordagem formalizada no desenvolvimento de uma ferramenta de apoio à tomada de decisão. Ainda segundo os autores, o princípio geral é se concentrar no que realmente importa quando problemas de decisão são avaliados.

Este trabalho apresenta uma aplicação da metodologia VFT num estudo de caso na cidade de Campina Grande (PB). A principal motivação para esse trabalho deu-se pelo fato de que notadamente as ações que estão sendo apresentadas pelas atividades competentes no município não estão sendo suficientes para erradicar o mosquito Aedes aegypti, nem apoiando adequadamente o tratamento da população com sequelas pós-infecção. Por consequência, observa-se uma sequência de ações descoordenadas, mal avaliadas, que causam desperdício de recursos públicos e não atingem a eficiência desejada.

Como relevância deste trabalho, os resultados obtidos mostram que ao estruturar o problema de forma mais abrangente, buscando identificar os objetivos fundamentais e objetivos meios, entendendo a interdependência entre as ações e como elas contribuem para o alcance do objetivo estratégico deste estudo, conseguiu-se trazer à luz uma ferramenta capaz de ajudar o gestor a avaliar (e decidir) por um plano de ação que apresente a melhor consequência (ou maior valor) para esse gestor. Ademais, as alternativas apresentadas poderiam ser adotadas em outras cidades brasileiras e mundiais, bem como servem de insight para a estruturação de novas políticas públicas de combate ao mosquito.

1.2 Objetivos

Esta dissertação tem como objetivo geral estruturar o problema do combate ao mosquito Aedes aegypti na cidade de Campina Grande, com o intuito de obter uma melhor compreensão do problema, bem como proporcionar possíveis alternativas como ações para o problema em questão.

Os objetivos específicos são:

• Identificar aspectos relevantes sobre o assunto abordado através de uma revisão da literatura;

• Aplicar os conceitos da abordagem VFT para estruturar o problema de decisão quanto ao combate ao mosquito Aedes aegypti;

(17)

Capítulo 1 Introdução

• Identificar alternativas que contribuirão para atingir esses objetivos;

1.3 Metodologia

Metodologia, segundo Jonker e Pennink (2010), é considerada como uma espécie de “repertório de ação”, com base em um conjunto de premissas, considerando as condições práticas, segundo a qual o pesquisador estrutura a lógica da pesquisa, dados os objetivos que se deseja alcançar. Assim, a abordagem utilizada nesta pesquisa é apresentada na Figura 1.1.

Figura 1.1 - Tipos de pesquisa científica Fonte: Esta Pesquisa (2016).

Dessa forma, o presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa aplicada do ponto de vista da natureza, pois visa gerar conhecimento para aplicação prática e dirigido à solução de um problema especifico: combate ao mosquito Aedes aegypti; qualitativa, quanto a forma de abordagem do problema, pois considera a subjetividade dos valores do decisor envolvido no processo de decisão; e exploratória, quanto aos objetivos, que de acordo com Gil (2010), a pesquisa exploratória objetiva proporcionar maior familiaridade com um problema.

Segundo o mesmo autor, habitualmente estas pesquisas envolvem levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos. Dessa forma, inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, fundamento que ampara o plano de investigação em material teórico sobre o assunto de interesse (MARCONI; LAKATOS, 2002). A pesquisa bibliográfica “é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos e páginas de web sites” (FONSECA, 2002, p. 32).

(18)

Capítulo 1 Introdução

Para o propósito deste estudo, utilizaram-se consultas a periódicos, livros, e outras fontes que possuam relevância sobre o tema.

O levantamento de dados foi feito através de entrevistas e aplicações de questões a fim de analisar o contexto estudado e obter uma maior percepção dos valores do gestor quanto ao problema estudado. As questões desenvolvidas foram constituídas basicamente de questões abertas relativas ao estudo de caso realizado no município de Campina Grande - PB e fundamentadas na abordagem VFT. O estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo, dentro de um contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos (YIN, 2005).

Por fim, a partir dos resultados obtidos, esta pesquisa teve por objetivo a elaboração de um modelo de estruturação de problema baseado na metodologia VFT. Esses modelos fazem parte da área de Pesquisa Operacional (PO), cujo objetivo é auxiliar no desenvolvimento de um processo de decisão, que pode envolver: escolha, classificação ou ordenação. Entretanto, na fase de estruturação do problema, são identificados os objetivos, os cursos alternativos de ação e são estabelecidas as limitações do problema em questão, em que os resultados são utilizados como dados de entrada para avaliação das possíveis alternativas de solução.

1.4 Estrutura do trabalho

Além deste capítulo, de caráter introdutório, com justificativa para o estudo, os objetivos pretendidos e a metodologia aplicada, este trabalho conta com mais quatro capítulos.

No Capítulo 2 é apresentada a fundamentação teórica, na qual, são abordados inicialmente os conceitos referentes a estruturação de problemas. Aborda-se suas características fundamentais e os principais métodos utilizados na literatura para estruturação de problemas considerados complexos, em especial o VFT, método utilizado neste trabalho. Além disso, é apresentada também uma breve revisão da literatura sobre o Aedes aegypti e as doenças transmitidas por ele a fim de dar suporte ao desenvolvimento do trabalho.

O Capítulo 3 apresenta o modelo proposto neste estudo, bem como as fases para a realização do mesmo. No Capítulo 4, a aplicação do modelo em relação ao problema de combate ao mosquito Aedes aegypti a partir do uso do VFT é apresentada, onde são identificados os objetivos do decisor, a partir dos seus valores e percepções sobre o assunto, representando que considera relevante para o problema, de forma a analisar as consequências de possíveis alternativas de decisão. Neste capítulo, discute-se novamente a contribuição do estudo.

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Capítulo 1 Introdução

Finalmente, no Capítulo 5 são apresentadas as conclusões sobre o trabalho, bem como são discutidas as limitações que o mesmo teve assim como sugestões para trabalhos futuros.

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo é apresentada a fundamentação teórica e a revisão da literatura que dá suporte ao desenvolvimento deste estudo. Os temas aqui tratados referem-se à Estruturação de problema, destacando a metodologia Value-Focused Thinking (VFT), o mosquito Aedes aegypti, bem como o problema do combate ao mosquito.

2.1 Estruturação de problema

Um problema de decisão pode não estar bem definido e estruturado como supõe os procedimentos tradicionais da pesquisa operacional, também chamada de PO hard, restando apenas solucioná-lo. Sendo assim, estruturar o problema deveria ser a primeira etapa do processo de decisão independente do nível de complexidade do mesmo (BELTON; STEWART, 2002). Os métodos de estruturação de problemas consistem em uma família de métodos de apoio a decisão que podem ser aplicados em problemas envolvendo um ou mais decisores.

Várias pesquisas têm sido realizadas nos últimos anos com o objetivo de entender melhor os aspectos cognitivos do ser humano, para que ele possa ser apoiado no seu processo decisório tanto individual, como em grupo (DE ALMEIDA et al., 2012). As pesquisas para apoio a estruturação de problemas são tratadas pela abordagem soft da área de pesquisa operacional. Ainda segundo os autores, ao contrário da PO hard que se baseia no desenvolvimento de métodos e técnicas matemáticas orientadas à busca da solução ótima do problema, dando maior atenção as questões técnicas para sua resolução, a PO soft presta atenção especial aos aspectos qualitativos e marcadamente subjetivos dos processos de decisão. Na realidade, a PO soft existe para complementar os estudos tradicionais de pesquisa operacional (ou hard) através do uso de técnicas predominantemente qualitativas e interpretativas, de forma a possibilitar a estruturação dos problemas e consequentemente, a possibilidade de explorá-los, defini-los de forma mais racional e interpretá-lo sob várias perspectivas.

Uma das vantagens dos métodos da PO soft é a necessidade de fazer o decisor buscar estruturar os problemas antes de tentar resolvê-los, mas sem exigir dos usuários um conhecimento matemático de alto nível (GOMES et al., 2009). Para Eden (1988), a estruturação de problema constitui um processo de aprendizado interativo que procura construir uma representação formal de forma que o sistema de valores seja explicitado para apoiar a decisão

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

final. Essa representação formal integra os componentes objetivos do problema e os aspectos subjetivos dos atores.

Keeney (1992) discute a existência de duas maneiras de conduzir o processo decisório. A primeira é baseada na avaliação de alternativas pré-existentes (donde ele chama de Alternative-Focused Thinking – AFT) e a segunda maneira é pelo pensamento focado no valor. As diferenças entre essas duas abordagens, são ilustradas na Tabela 2.1

Tabela 2.1 – Comparação AFT x VFT

AFT VFT

ATIVIDADES

• Descobrir quais alternativas estão disponíveis.

• Escolher a melhor entre estas:

• Envolve começar do que está disponível e obter a melhor entre as várias alternativas.

• É a forma natural que o ser humano aprende para lidar com decisões,

• Decidir o que se quer.

• Descobrir como obter o que se quer: • Envolve começar do melhor e

trabalhar para torna-lo realidade.

Fonte: Keeney, 1992

A abordagem AFT tem a escolha limitada às alternativas disponíveis. Ou seja, o processo de tomada de decisão baseia-se nas alternativas conhecidas e/ou construídas para escolher dentre estas, a melhor recomendação de decisão. Não necessariamente, a solução ótima para o sistema. Keeney (1992) descreve a metodologia AFT como uma abordagem reativa, pois o melhor resultado que o decisor pode esperar é uma decisão com base nas alternativas definidas à priori.

Por sua vez, a metodologia VFT é vista como uma abordagem proativa (KEENEY, 1992). Tal afirmação pode ser considerada devido o processo de tomada de decisão ser conduzido pelos valores e não nas alternativas previamente conhecidas. Deve-se primeiro pensar quais são os valores essenciais para a tomada de decisão, em seguida são identificados os objetivos relacionados a esses valores e, então, identificar as alternativas como forma de atingir esses objetivos.

Na Sessão 2.2, a abordagem VFT será mais detalhada. Quanto às abordagens AFT disponíveis na literatura, destacam-se:

- Strategic Options Developmentand Analysis (SODA) essa abordagem de análise e desenvolvimento de opções estratégicas tem seu foco principal no indivíduo, baseada na psicologia cognitiva (BRYANT, 1984; GEORGIOU, 2009). Desenvolvida para auxiliar os atores na tomada de decisão por meio de mapas cognitivos, elemento essencial da abordagem

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

SODA. Os mapas cognitivos têm como objetivo retratar de forma gráfica as ideias/pensamentos dos indivíduos, como também os sentimentos, valores e atitudes dentro de um processo decisório, sendo utilizados como dispositivo de modelagem para elicitar e guardar os pontos de vistas dos indivíduos sobre a situação do problema, gerando maior nível de aprendizado e interação com o problema a ser resolvido (EDEN, 1988).

De acordo com Eden e Ackermann (2004) essa abordagem apresenta quatro perspectivas que guiam o processo para estruturação de problemas, sendo elas: (1) indivíduo; (2) a natureza das organizações; (3) a prática da consultoria; e (4) a tecnologia e a técnica.

- Soft Systems Methodology – SSM (em português, Metodologia de Sistemas Suaves) consiste em uma abordagem que de acordo com Checkland (2004) trabalha com o ambiente e o aprendizado para analisar problemas complexos, enfatizando a avaliação do mundo real, no qual as pessoas vivem e com o qual se relaciona. Baseia-se na abordagem sistêmica e a reflete, apropriadamente, tratando isoladamente cada aspecto de um problema, para se alcançar o sucesso do todo. O objetivo é o de construir um modelo conceitual idealizado do problema e, através de debates, estabelecem-se quais mudanças são possíveis de serem realizadas, de modo a obter um equilíbrio de compromisso entre o ideal e o factível (CHECKLND; TSOUVALIS, 1997; CHECKLAND, 1981).

O processo para realizar essa abordagem é composto por sete estágios, a saber: Estudar a situação considerada problemática, expressar a situação problema, formular as definições chave do sistema relevante, construir modelos conceituais do sistema definido anteriormente, comparar com a realidade, definir possíveis mudanças desejáveis e implementáveis e implementar a ação para melhorar a situação problema (CHECKLAND, 2004).

- Strategic Choice Approach – SCA (em português, Abordagem de Escolha Estratégica) é uma abordagem centrada na administração das incertezas em situações estratégicas (FRIEND e HICKLIG, 2005). Essa metodologia fornece uma estrutura que se utiliza de um conjunto simples de conceitos e técnicas para o auxílio à decisão (DE ALMEIDA et al., 2012). Essa estrutura do SCA é dividida em quatro modos: (1) Modelar – neste modo os decisores discutem sobre o problema e analisam como devem tratá-lo; (2) Projetar – neste modo são traçadas as possíveis alternativas e cursos de ação viáveis para o problema; (3) Comparar – neste modo é feita a avaliação das alternativas encontradas no modo de projeto; e (4) Escolher – neste modo os decisores pensam em como lidar com as ações ao longo do tempo (FRIEND, 2004).

Oposto aos métodos tradicionais de decisão que utilizam apenas modelos matemáticos, inputs quantitativos e que fornecem respostas objetivas, os métodos de estruturação de

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

problemas são mais focados na interação e na intensa participação dos decisores durante a construção do modelo de apoio a decisão (KEISLER et al., 2014).Assim, os métodos de estruturação de problemas operam de forma cíclica, numa interação constante envolvendo decisores e facilitadores, o que permite aos decisores rever seus pontos de vista, alterar suas percepções e reconduzir a construção do modelo a qualquer momento, proporcionando maior robustez na tomada de decisão (ROSENHEAD, 1994).

2.2 Value-Focused Thinking

O VFT consiste em uma abordagem proposta por Ralph Kenney (1992) que procura tratar os valores do (s) decisor (es) como norteador (es) no processo de tomada de decisão, os quais representam os princípios para a avaliação de qualquer alternativa desejada ou consequência. Normalmente, a maioria dos métodos de tomada de decisão apresentam o pensamento limitado nas alternativas já conhecidas, em seguida são analisados os objetivos e selecionados os critérios para, assim, avaliar essas alternativas. Como visto na sessão 2.1, essa é uma forma reativa de encarar a decisão e não proativa, donde é conhecida como Alternative-Focused Thinking.

A abordagem VFT centra a sua atenção nos valores e objetivos que o (s) decisor (es) pretende (m) alcançar e fornece alternativas como meio para atingir esses valores, o que caracteriza uma abordagem mais proativa (Keeney, 1992). Ainda segundo o autor, essa abordagem consiste em um caminho para identificar situações desejáveis de decisão e, então, coletar os benefícios destas situações para resolvê-las, ou seja, consiste, essencialmente, de duas atividades: decidir o que se deseja e então descobrir como alcançá-la. Fornece uma forma estruturada de pensar sobre as decisões, desenvolver e apoiar julgamentos subjetivos que são fundamentais para decisões eficientes.

Keeney (1992) assegura que qualquer situação do VFT deve resultar no mínimo em igual nível ou provavelmente será melhor do que os resultados obtidos por um método AFT. A justificativa é que, segundo o autor, ao definir o que se deseja é possível partir do que se entende como o melhor e trabalhar para que isso se torne realidade. Diante do exposto, a capacidade de gerar melhores alternativas para qualquer problema de decisão e ser capaz de identificar oportunidades de decisão são os maiores benefícios da abordagem VFT (KEENEY, 1992).

Para a implantação da abordagem VFT em problemas de decisão, são propostos cinco passos (KEENEY, 1992). O primeiro passo é reconhecer o problema de decisão que tem como intuito identificar a situação de decisão específica, bem como obter uma melhor compreensão

(24)

Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

dos objetivos do problema, ou seja, significa esclarecer os conceitos envolvidos do problema a ser tratado; o segundo passo é a elicitação dos valores do decisor em relação ao problema de decisão específico que representa o processo de extrair do decisor o que ele deseja, quais são seus valores e objetivos. Esses valores são utilizados diretamente no terceiro passo que corresponde à criação das alternativas para solucionar o problema de decisão. Os quarto e quinto passos correspondem respectivamente a avaliação das alternativas encontradas no passo anterior e em selecionar/ordenar/classificar uma ou mais alternativas, a depender da problemática de decisão.

Em um problema de decisão, Keeney (1992) enfatiza que os valores e objetivos são conceitos importantes que direcionam o processo de decisão e fornecem uma base na avaliação, a saber:

- Valores: são os princípios éticos, morais e visão de mundo usados pelos decisores para avaliar as consequências dos cursos de ação escolhidos ou que deixaram de ser escolhidos. Os valores quando explicitados apoiam a identificação dos objetivos. Assim, a condução para a resolução do problema baseia-se na construção de um pensamento que deve, pois, se concentrar primeiro nos valores. Deve-se entender primeiro sobre os objetivos dos envolvidos no processo decisório para depois identificar as alternativas para que esses possam ser alcançados. As alternativas devem ser vistas como meio para se atingir os objetivos.

- Objetivos: são desenvolvidos para explicitar os valores do decisor. De acordo com Keeney (1992), um objetivo é "uma declaração de algo que alguém deseja alcançar”, caracterizado por três aspectos: um contexto de decisão, um objeto e uma direção de preferência para aplicação desse critério. Por exemplo, um contexto de decisão pode ser melhorar a saúde pública da população vitimada pela epidemia causada pelo mosquito Aedes aegypti. Assim sendo, esse contexto de decisão o objetivo do decisor pode ser minimizar o período de recuperação dos pacientes com sequelas causadas pelas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O objeto será tempo de recuperação de pacientes e a direção de preferência será quanto menor o tempo de recuperação, melhor.

De acordo Keeney (1922) é importante distinguir os tipos de objetivos. Estes podem ser classificados como objetivos estratégicos, objetivos fundamentais e objetivos meios. Os objetivos estratégicos correspondem aos objetivos maiores do decisor, são aqueles que orientam a tomada de decisão de todas as organizações e são utilizados para se tomar decisões a nível estratégico. Os objetivos fundamentais representam os fins que o decisor almeja em um contexto de decisão, ou seja, são esses objetivos que norteiam a escolha do decisor em um

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

determinado contexto de decisão, já os objetivos meios correspondem a maneira/forma para atingir um objetivo fundamental. Os dois últimos objetivos citados são dependentes do contexto de decisão, ou seja, esses objetivos têm seus significados de acordo com o contexto de decisão que estão inseridos.

A Figura 2.1 ilustra as relações entre os objetivos e contexto de decisão.

Figura 2.1 – Estrutura hierárquica dos objetivos Fonte: Keeney apud De Almeida et. al., 2012

O contexto de decisão estratégica é considerado o mais amplo contexto de decisão enfrentado pelo decisor. Ele corresponde a um conjunto de todas as alternativas possíveis. Representa os objetivos maiores do decisor. Já o contexto de decisão específica corresponde ao problema de decisão propriamente dito, o qual está relacionado aos objetivos fundamentais e meios do decisor para um determinado problema. Os objetivos fundamentais são definidos de acordo com o contexto de decisão especifico e os objetivos meios correspondem a forma de como alcançar esses objetivos fundamentais. No qual, os objetivos fundamentais contribuem para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. Keeney (1992) enfatiza que todos os objetivos de qualquer contexto de decisão, devem ser meios para alcançar o objetivo estratégico.

Segundo Keeney e Raifa (1976); Keeney (1992), um objetivo fundamental, para ser útil, deve possuir algumas propriedades importantes como: ser essencial, ser controlável, ser completo, ser mensurável, ser operacional, ser decomposto, ser não-redundante, ser conciso e ser compreensível, a saber:

• Ser essencial: Um objetivo fundamental deve ser essencial para indicar as consequências em termos das razões fundamentais para o interesse na situação de decisão, ou seja, se cada uma das alternativas no contexto de decisão puder influenciar o grau em que os objetivos são alcançados.

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

• Controlável: Um objetivo fundamental deve ser controlável para abordar todos os aspectos fundamentais das consequências das alternativas de decisão, ou seja, todas as alternativas que podem influenciar as consequências devem estar incluídas no contexto de decisão.

• Completo: Um objetivo fundamental deve ser completo para incluir todos os aspectos fundamentais das consequências das alternativas de decisão. Essa propriedade é satisfeita quando os objetivos de nível inferior da hierarquia incluem todas as áreas de preocupação e que satisfazem a critérios de abrangência. Se a árvore de decisão está completa, todos os critérios que interessam ao decisor estarão incluídos nela.

• Mensurável: Um objetivo fundamental deve ser mensurável para que os objetivos sejam definidos de forma precisa. Esses podem ser medidos em termos de atributos, que servem para definir os diferentes níveis de consequências de possíveis alternativas.

• Operacional: Um objetivo fundamental deve ser operacional para tornar a coleta de informações necessária para uma análise razoável, considerando o tempo e esforço disponíveis. O objetivo é operacional se for possível obter as informações factuais necessárias para relacionar as alternativas com as suas possíveis consequências.

• Decomposto: Um objetivo fundamental deve ser decomposto para permitir o tratamento separado de diferentes objetivos na análise. O desempenho de uma alternativa em relação à um critério deve ser avaliado independentemente de seu desempenho em relação a outros critérios. Para que uma hierarquia de valores seja considerada decomponível, o valor ligado às variações na pontuação de objetivos em cada camada deve ser independente da pontuação dos objetivos em outra camada.

• Não redundante: Um objetivo fundamental não deve ser redundante para evitar contar duplamente as possíveis consequências.

• Conciso: Um objetivo fundamental deve ser conciso para reduzir o número de objetivos necessários para a análise de uma decisão.

• Compreensível: Um objetivo fundamental tem que ser de fácil entendimento, ou seja, ter seu significado claro para os decisores a fim de facilitar a geração e comunicação de ideias.

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2.3 Revisão da Literatura sobre Aedes aegypti

O mosquito Aedes aegypti é um inseto originário do Egito, na África, e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta desde o século XVI através de navios negreiros, tendo os primeiros relatos da espécie no Brasil no período colonial, durante o tráfico de escravos, entre os séculos XVI e XIX (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994). Trata-se de um mosquito urbano, pertencente ao filo Arthropoda, à ordem Diptera, família Culicidae, subfamília Culicinae, tribo Culicini (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994; STONE et al.,1959; FUNASA, 2001). Apresenta desenvolvimento por metamorfose completa e o seu ciclo de vida compreende quatro fases: ovo, larva (quatro fases) e pupa que ocorrem na água e a fase adulto que é terrestre (FUNASA, 2001).

2.3.1 Ciclo de Vida do Mosquito

2.3.1.1 Fase do Ovo:

Morfologicamente, os ovos de A. aegypti medem cerca de 1 mm de comprimento, possui contorno alongado e fusiforme, apresentam coloração branca quando postados e adquirem colocação mais escura algumas horas após a oviposição (FUNASA, 2001). A oviposição do mosquito é realizada nos mais diferentes substratos, desde as paredes ásperas, umedecidas e escurecidas dos recipientes em condições naturais, como também pode ser realizada diretamente na água.

Uma fêmea do mosquito Aedes aegypti oviposita cerca de 120 ovos, o que depende da quantidade de sangue ingerido. Aproximadamente 3,5 mg de sangue é quantidade de sangue suficiente para considerar o repasto como completo e ideal para o desenvolvimento ovariano. Os ovos podem resistir as situações como ressecamento, baixa de temperatura, insolação, proporcionando a diapausa dentro do ovo (período que o ovo fica inativo, porém vivo), resistindo meses ou anos no ambiente, só eclodindo ao entrar em contato com a água (CONSOLI; OLIVEIRA 1994). Essa característica de resistir ao ressecamento, sobreviver por longos períodos, torna o mosquito Aedes aegypti importante epidemiologicamente falando, pois possivelmente estes foram determinantes que fizeram com que se disseminasse às amplas áreas geográficas e se tornasse um obstáculo no que diz respeito a seu controle.

2.3.1.2 Fase da Larva

São exclusivamente aquáticas e é nessa fase que ocorrem a alimentação e o crescimento, que provém do material orgânico encontrado nos criadouros. Os criadouros preferenciais desses

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

insetos são os recipientes artificiais, tanto os deixados abandonados pelo homem a céu aberto e preenchidos pelas águas das chuvas (como pneus, garrafas, vasos e pratos de plantas, latas e vasos de cemitérios), como os utilizados para armazenar água no uso doméstico (como caixas d’água, tonéis e cisternas destampados), observando, assim, a proliferação do mosquito em condições de água limpa, onde as larvas do Aedes aegypti desenvolvem-se melhor (CONSOLI; OLIVEIRA 1994).

Ainda segundo os autores, o ciclo de vida na fase larval compreende quatro estágios ou instares (L1, L2, L3 e L4). A mudança entre os estádios larvais dura aproximadamente 24 horas, numa temperatura média de 28,5ºC. O seu completo desenvolvimento leva em torno de 6 a 10 dias e é influenciado pela temperatura, luminosidade, salinidade, poluentes orgânicos e inorgânicos, entre outros.

2.3.1.3 Fase de Pupa

Corresponde à fase que ocorre a transição do estágio larval para o adulto, tem duração de dois a três dias e não é necessário que a pupa se alimente nesse período (FUNASA, 2001). Morfologicamente tem aspecto de “vírgula” em virtude de a cabeça unir-se ao tórax, formando o cefalotórax. Seu corpo tem coloração esbranquiçada semelhantemente à larva, porém, à medida que se aproxima da transformação em adulto, adquire coloração mais escura. Ao emergir da pupa, na fase adulta, o mosquito fica ainda por algumas horas nas paredes do criadouro até que o seu exoesqueleto e asas estejam totalmente endurecidos (CONSOLI; OLIVEIRA 1994).

2.3.1.4 Fase Adulta

Segundo a Fundação Nacional da Saúde (2001), é na fase adulta do mosquito que ocorre a reprodução, momento importante para dispersão. Quando adultos, o mosquito pode chegar de 3 a 6 mm de comprimento, apresentar coloração escura com faixas brancas nas bases dos segmentos no torso e um desenho em forma de lira no mesonoto (CONSOLI; OLIVEIRA 1994).

Na fase adulta, o mosquito pode ser macho ou fêmea, uma vez que o que o diferencia macroscopicamente é a presença de antenas plumosas e palpos mais longos. A alimentação do macho é composta somente de carboidratos extraídos de vegetais, enquanto a fêmea, além dos carboidratos, também se alimenta de sangue de animais vertebrados, preferindo o sangue do homem (antropofilia). A fêmea inicia um processo de picada para se alimentar do sangue das

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pessoas e então se faz o repaste sanguíneo. Cerca de 3 dias após o repaste, a fêmea está apta a realizar a postura de novos ovos, dando início a um novo ciclo de vida do mosquito (FUNASA, 2001).

O ciclo de vida do mosquito compreende cerca de 10 dias, porém, os ovos do Aedes aegypti apresentam grande capacidade de resistência ao ressecamento, podendo ficar até 450 dias na seca, eclodindo após contato com a água. Sendo assim, a quiescência dos ovos permite a manutenção do ciclo na natureza durante as variações climáticas sazonais, proporcionando uma grande vantagem para a proliferação do mosquito (FUNASA, 2001). Devido as características do ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti as ações de combate ao mosquito devem ser direcionadas em todas as fases do seu ciclo de vida.

2.3.2 Doenças Transmitidas pelo Aedes Aegypti

Febre amarela, dengue, chikungunya e zika, doenças que apresentam importância mundial, são transmitidas pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti contaminada por vírus. Os vírus que causam a febre amarela, a dengue e a febre zika pertencem ao gênero Flavivírus da família Flaviviridae (PELCZAR et al, 2011), já o vírus CHIKV causador da febre Chikungunya, é um vírus RNA pertencente ao gênero Alphavírusda família Togaviridae (BRASIL, 2014b).

2.3.2.1 Febre Amarela

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda e de evolução rápida que apresenta dois ciclos epidemiológicos, apesar de não existirem diferenças do ponto de vista clínico, etiológico e laboratorial, de acordo com o local de ocorrência e a espécie de vetor: urbano (FUNASA, 2001) ou silvestre (PEDROSO; ROCHA, 2009). Reveste-se de grande importância epidemiológica pelo elevado potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas por Aedes aegypti e por sua gravidade clínica. A sua forma grave caracteriza-se clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, que podem levar o paciente à morte em no máximo 12 dias (FUNASA, 2001).

Embora haja vacina como medida preventiva contra a febre amarela, a cada ano essa doença atinge cerca de 6.000 pessoas, com 5% dos casos ocorrendo na América do Sul (TAUIL, 2010). O Brasil corresponde ao país com maior área endêmica do mundo de febre amarela, todavia, desde 1942 não há registros de casos urbanos no país (PEDROSA; ROCHA, 2009), segundo dados disponibilizados pelo Ministério da saúde, que apontam que entre 2008 e 2009 detectam 51 casos confirmados da forma silvestre. (BRASIL, 2009a).

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

2.3.2.2 Dengue

A dengue teve os primeiros registros no mundo no final do século XVIII, na ilha de Java, no Sudoeste Asiático, e na Filadélfia, Estados Unidos, mas somente no século XX, a dengue foi reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde (BRASIL, 2009b, p. 7). No Brasil, os primeiros relatos de dengue datam do final do século XIX, em Curitiba (PR), e do início do século XX, em Niterói (RJ), entretanto, no início do século XX o mosquito já era considerado um problema, uma vez que a principal preocupação, na época, era a transmissão da febre amarela urbana (FIOCRUZ, “s.d.”).

Considerada como um problema de saúde pública distribuído por todo o mundo, a dengue é encontrada na forma de 4 sorotipos virais (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) classificados de acordo com suas propriedades imunológicas (GUBLER, 2002). Apresenta-se na maioria dos casos de forma assintomática e oligossintomática como uma febre indiferenciada denominada de dengue clássica - DC, podendo evoluir para formas mais graves designadas de febre hemorrágica da dengue – FHD (CORDEIRO, 2008). Tratando-se dos sintomas da dengue na forma clássica, febre corresponde ao primeiro sintoma, seguida de cefaleias, exantemas, náuseas e vômitos. Quanto a dengue hemorrágica, inicialmente, os sintomas ocorrem semelhantes à forma clássica, mas, rapidamente, manifestações hemorrágicas agravam o estado de saúde das pessoas infectadas (BRASIL, 2011, p. 10).

De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde até a semana epidemiológica (SE) 19, em 2016 foram registrados 1.227.920 casos prováveis de dengue no País. A região Sudeste registrou o maior número de casos prováveis de dengue com 731.746 casos, seguida das regiões Nordeste com 246,354 casos e Centro-Oeste com 131,908 casos. Já a região Sul apresentou 85,878 casos de dengue e a região Norte 32,034 casos. Foram confirmados 266 óbitos por dengue até a SE 19, já em comparação com o mesmo período em 2015, foram confirmados 684 óbitos por dengue no País (BRASIL, 2016a). Embora tenha registrado uma queda de 61% no número de casos de óbitos por dengue no país, a dengue continua sendo considerada uma doença viral alarmante em termos de mortalidade e morbidade transmitidas por vetores artrópodes.

2.3.2.3 Chikungunya

Doença caracterizada por febre alta e dores intensas nas articulações das mãos e pés, a chikungunya deriva de uma palavra em makonde que significa “aquele que é contorcido ou que se dobra”, devido à aparência encurvada de pacientes que sofrem de artralgia intensa (BRASIL,

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

2014b). Relatada pela primeira vez na região da Tanzânia em 1950, tendo sido dispersada para outros países possivelmente por viajantes que visitaram países endêmicos (RIANTHAVORN et al., 2010; THIBOUTOT et al., 2010), em 2010, casos importados foram identificados no Brasil, trazidos por viajantes advindos de áreas contendo o vírus CHIKV (BRASIL, 2014b).

Os mosquitos adquirem o vírus de um hospedeiro virêmico, após um período de incubação médio de dez dias, tornam-se capazes de transmitir o vírus a um hospedeiro suscetível, tal como um humano. Em humanos picados por um mosquito infectado, os sintomas da doença, tipicamente, aparecem após um período de incubação intrínseco médio de 3-7 dias, podendo causar doença aguda, subaguda e crônica (BRASIL, 2014b, p. 8).

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2015, foram notificados no Brasil 38.332 casos prováveis de febre chikungunya, dos quais 13.236 foram confirmados, sendo confirmados seis óbitos no País, três na Bahia, um em Sergipe, São Paulo e Pernambuco. Comparando o mesmo período em 2016, foram notificados 83.678 casos prováveis de febre de chikungunya no país, destes 15.053 foram confirmados, sendo a região Nordeste a apresentar a maior taxa de incidência dos casos (número de casos/100 mil habitantes) de chikungunya, sendo confirmados 16 óbitos: nove em Pernambuco; dois na Paraíba e no Rio de Janeiro; um no Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí (BRASIL, 2016a).

2.3.2.4 Zika

Em abril de 2015, é identificada a febre Zika no Brasil, doença que consiste em uma infecção viral considerada leve e geralmente assintomática, porém, em casos mais severos, o vírus Zika pode atacar o sistema nervoso central. De acordo com o Ministério da Saúde, foram notificados 138.108 casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país, dos quais 49.821 foram confirmados (dados coletados até a Semana Epidemiológica nº 19), sendo confirmado um óbito no Rio de Janeiro (BRASIL, 2016a).

Doença febril aguda, autolimitada, que, via de regra, não se associa a complicações graves, sem registro de mortes, e que leva a uma baixa taxa de hospitalização. Quando sintomática, a doença causa febre baixa, exantema maculo papular, artralgia, mialgia, cefaleia, hiperemia conjuntival e, menos frequentemente, edema, odinofagia, tosse seca e alterações gastrointestinais, principalmente vômitos. Os sinais e sintomas da febre pelo vírus Zika, em comparação aos de outras doenças exantemáticas (dengue, chikungunya e sarampo), apresentam mais exantema e hiperemia conjuntival e menor alteração nos leucócitos e

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

trombócitos (BRASIL, 2015). Em geral, o desaparecimento dos sintomas ocorre entre 3 e 7 dias após seu início. No entanto, em alguns pacientes a artralgia pode persistir por cerca de um mês. Segundo (CALVET et al., 2016), o Brasil vem enfrentando, desde 2015, um estado de emergência na saúde pública em relação ao aumento no número de recém-nascidos com microcefalia (doença em que a cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade) associados a infecção pelo vírus Zika nas mães dos recém-nascidos (BRITO, 2015). Desde outubro de 2015, mais de 10.000 casos prováveis de microcefalia foram relatados em recém-nascidos no Brasil, sendo confirmados 4.390 casos (BRASIL, 2016a).

Ministério da Saúde afirma que, dentre os casos notificados de microcefalia estão distribuídos em 1.285 municípios, de todas as regiões do país, sendo a maioria registrada na região Nordeste (5.315 casos, o que corresponde a 78%), com o Estado de Pernambuco sendo a Unidade da federação com o maior número de casos (1.207), em seguida, estão Bahia (676), Paraíba (412), Rio de Janeiro (322), Rio Grande do Norte (289) e Ceará (240).

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, também foi observada uma possível correlação entre a infecção pelo ZIKAV e a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) em locais com circulação simultânea do vírus da dengue. Na Micronésia, a incidência histórica média de SGB era de 5 casos por ano e, durante um surto de ZIKAV naquela região, foram diagnosticados 40 casos de SGB, ou seja, um número 20 vezes maior do que o normalmente observado. Situação semelhante foi observada na Polinésia.

2.3.3 Combate ao Mosquito Aedes Aegypti

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, em 1955, o Brasil erradicou o Aedes aegypti como resultado de medidas para controle da febre amarela. Entretanto no final da década de 60, o relaxamento das medidas adotadas levou à reintrodução do vetor em território nacional. Sendo, hoje, encontrado o mosquito Aedes aegypti em todos os Estados brasileiros (FIOCRUZ, “s.d.”). Em 1996, o Ministério da Saúde, introduziu o Plano de Erradicação do Aedes aegypti – PEAa, que estava voltado a atuação multisetorial, com um modelo que contava com a participação das três esferas do governo e tinha como principal objetivo a redução dos casos de dengue (BRAGA; VALLE, 2007). Ainda segundo os autores, o avanço da infestação vetorial e como consequência o aumento do número de casos de dengue indicava o insucesso do PEAa, passando a abandonar o pensamento de erradicar o mosquito Aedes aegypti para pensar em controlar o vetor.

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

Com isso, em 2001, foi elaborado o Plano de Intensificação das Ações de Controle da Dengue (PIACD), donde priorizava as ações de controle ao mosquito nos municípios que apresentavam maior número de caso de transmissão da doença (BRAGA; VALLE, 2007). Em 2002, decorrente o aumento do risco de epidemias, foi elaborado o Plano Nacional de Controle a Dengue (PNCD) que deu continuidade a algumas propostas do PIACD e serve de base para que os estados e municípios elaborem seus planos de controle de acordo com a realidade de cada um. Dentre os mecanismos de controle do mosquito Aedes aegypti, pode-se mencionar quatro tipos de mecanismos de controle (BRASIL, 2009b):

- Controle biológico: O controle biológico existe na natureza, reduzindo naturalmente a população de mosquitos através da predação, do parasitismo, da competição e de agentes patógenos que produzem enfermidades e toxinas. Entre as alternativas disponíveis de predadores estão os peixes e os invertebrados aquáticos, que comem as larvas e pupas, e os patógenos que liberam toxinas como bactérias, fungos e parasitas.

- Controle mecânico: Este tipo de controle compreende medidas simples e eficazes, envolvendo ações de saneamento básico e educação ambiental. Consiste na adoção de práticas capazes de eliminar o vetor e os criadouros ou reduzir o contato do mosquito com o homem. Como principais ações desse tipo de controle têm-se: a proteção, a destruição ou a destinação adequada de criadouros, drenagem de reservatórios e instalações de telas em portas e janelas.

- Controle químico: consiste em um controle que faz uso de elementos químicos em sua composição (inseticidas) que tem o intuito de combater o vetor tanto na fase adulta, quanto na fase larval.

- Controle legal: consiste em realizar ações pautadas em normas de conduta regularizadas através de instrumentos legais de apoio. Essas razões devem ser realizadas especificamente pelos órgãos responsáveis pelos códigos de postura, onde deverão: penalizar os donos de terrenos baldios que não fazem a limpeza e a manutenção dos mesmos; acompanhar a visita domiciliar dos Agentes de Controle de Endemias (ACE) em domicílios fechados que estejam abandonados ou caso algum morador queira recusar a inspeção dos agentes; regulamentar atividades comercias consideradas, pela vigilância sanitária, como sendo críticas.

Na literatura, podem ser encontradas algumas técnicas em desenvolvimento como alternativas no controle do mosquito Aedes aegypti com o intuito de reduzir a infestação dos mosquitos e a incidência das arboviroses transmitidas por eles. A Tabela 2.5 apresenta algumas técnicas encontradas na literatura em relação ao combate ao mosquito Aedes aegypti.

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura Tabela 2.4 - Técnicas para controle do Aedes Aegypti

TÉCNICAS CARACTERISTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS REFERENCIAS

Abordagem Eco-bio-social

Aplica conceitos e práticas relacionados à educação social e ao cuidado com o meio ambiente.

• Compatível com outras tecnologias;

• Faz uso de ferramentas mecânicas (eliminação dos reservatórios de água, colocação de tampas nos recipientes, instalação de telas sobre janelas e portas)

• Dispensa uso de inseticidas.

• Depende do envolvimento de vários setores da sociedade; • Demanda recursos humanos; • Trata-se de processo

educativo com resultados em médio e longo prazos; • Necessita de ações recorrentes

para garantir a sustentabillidade do método. W.H.O (2013) LIMA et al. (2015) Compostos naturais

Apresenta-se como uma alternativa de controle químico como óleos essenciais de plantas. Tem sido investigado para constatação de atividade larvicida.

• Constitui-se em alternativa para o controle químico; • Utiliza inseticidas mais

seguros. • Há necessidade de estudos de eficácia e custo-efetividade em comparação ao controle químico. SANTOS et al. (2010) SANTOS et al. (2011) PEREIRA et al. (2014) Dispositivos com inseticidas

Ação adulticida por meio de dispositivos intradomiciliares de liberação lenta

• Mostra ação efetiva em 80% a 90% dos mosquitos adultos no ambiente.

• Pode promover seleção de populações resistentes ao inseticida; ocorre limitação do efeito em ambientes amplos; • Exige substituição do dispo-sitivo após perda do efeito do inseticida.

RAPLEY et al. (2009) RITCHIE e DEVINE (2013)

Irradiação Corresponde a esterilização de

insetos por irradiação

• Reduz a infestação de mosquitos;

• Pode utilizar os equipa-mentos radiológicos já disponíveis no sistema de saúde.

• Pode ocorrer substituição por população de mosquitos selvagens ao longo do tempo.

ALPHEY et al. (2010) ZHANG et al. (2015) ATYAME et al. (2016) THOME et al. (2016)

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura Tabela 2.4 - Técnicas para controle do Aedes Aegypti (Continuação)

Mapeamento de risco

Identifica áreas de risco aumentado para transmissão das arboviroses em determinados territórios utilizando estatísticas espaciais locais.

• Compatível com outras

tecnologias;

• Permite análises mais

precisas de situações de risco;

• Auxilia na otimização

de recursos.

• Indicador de situação crítica, porém necessita de outras tecnologias para alcançar resultados satisfatórios;

• Depende de várias fontes de

dados e da qualidade dos dados secundários. LACON et al. (2014) VAZQUEZ-PROKOPEC (2010) Mosquitos dispersores de inseticidas Soltura de mosquitos impregnados com larvicida, que dispersam o produto em possíveis criadouros onde vão depositar seus ovos.

A estratégia consiste em atrair as fêmeas do Aedes até pequenos recipientes, chamados de “estações de disseminação”.

• Favorece a otimização do uso recursos humanos; • Compatível com outras

tecnologias;

• Faz uso do larvicida já disponibilizado pelo Ministério da Saúde; • Agentes familiarizados

com o tipo de armadilha utilizada;

• Os mosquitos levam larvicidas para criadouros não visíveis ou inacessíveis, que somente eles encontram.

• Pode promover seleção de populações de mosquitos resistentes ao inseticida, requer uma formulação de inseticidas com concentração ideal em pequenas partículas.

ABAD-FRANCH et al. (2015) DEVINE et al. (2009)

Mosquitos transgênicos

Produção de genes letais, esterilização de mosquitos ou introdução de gene que reduza ou bloqueie a transmissão de doenças

• Leva à redução do tempo de vida dos mosquitos; • Diminui a infestação de

mosquitos;

• Dispensa uso de radiação.

• Há necessidade de uso de tecnologias de sexagem dos mosquitos;

• Depende do protocolo de soltura; requer produção e liberação constante de mosquitos no meio ambiente.

ARAUJO et al. (2015) CARVALHO et al. (2014) WINSKILL et al (2015a) CARVALHO et al (2015)

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura Tabela 2.4 - Técnicas para controle do Aedes Aegypti (Continuação)

Nebulização espacial intradomiciliar

residual

Consiste na aplicação de inseticida residual em pontos específicos dentro dos domicílios • Possui abrangência espacial; • Reduz a transmissão de doenças no momento do surto.

• Pode promover seleção de

populações resistentes ao inseticida; pode ser influenciada pela regulagem da máquina;

• Demanda agentes aplicadores treinados;

• Existem apenas dois adulticidas disponíveis (piretroides e organosfosforados). PAREDES-ESQUIVEL et al. (2016) CHADEE (2013) Wolbachia

Funciona como controle biológico, bactéria que, ao colonizar os mosquitos, provoca esterilidade e reduz a transmissão do vírus.

• Faz uso de

microrganismo natural; • Autossustentável; • Não utiliza inseticidas e

radiação.

• Fatores que limita o potencial invasivo dos insetos nos locais de soltura: As diferenças climáticas, protocolos de liberação de mosquitos, nível de urbanização e densidade humana YEAP et al. (2011) HOFFMANN et al. (2001) DUTRA et al. (2015) YE et al. (2015) NGUYEN et al. (2015)

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Capítulo 2 Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura

2.4 Aplicações da metodologia VFT encontradas na literatura

Podem ser encontrados na literatura diversos trabalhos que utilizam o VFT (Keeney, 1992) como método de estruturação de problema com o propósito de obter uma melhor compreensão do mesmo, como também auxiliar a identificar os objetivos dos tomadores de decisão.

O trabalho De Alencar e outros (2011), por exemplo, utilizou o VFT na área ambiental, mas especificamente relacionada a gestão de resíduos, donde teve como o objetivo estruturar e obter um melhor entendimento do problema, compreender os valores envolvidos em relação ao problema da eliminação de resíduos de gesso gerado pela indústria da construção civil no Brasil, em especial no polo gesseiro do Araripe, em Pernambuco, bem como explorar esses valores a fim de criar possíveis ações para tentar resolver o problema em questão. Dessa forma, pode esclarecer e especificar mais precisamente as consequências e restrições, permitindo que as partes envolvidas pudessem tomar decisões mais consistentes.

Também em relação ao contexto ambiental, Paiva e Daher (2016) fizeram uso do VFT para auxiliar a tomada de decisão a fim de melhorar a produtividade sob a ótica da sustentabilidade numa empresa de confecções do Agreste Pernambucano. O VFT foi utilizado com o objetivo de auxiliar o tomador de decisão a identificar objetivos e alternativas que pudessem ser adotadas na melhoria da produtividade baseada na ferramenta da produção mais limpa e, consequentemente, obter uma melhor compreensão do problema.

O estudo de Jurk (2002) demonstrou, baseado no VFT, que essa metodologia é adequada e viável para propor alternativas e analisar os resultados do laboratório de proteção da Base Aérea Wright-Patterson, FPB - Air Force Protection Battlelab em Ohio, nos Estados Unidos, ajudando aos tomadores de decisão em questões de múltiplos objetivos e com vários critérios. Já a pesquisa de Hill e outros (2008) utilizou a metodologia Value-Focused Thinking para auxiliar o tomador de decisão na elaboração de estratégias de defesa e de tecnologias que prevenissem manipuladores e/ou minimizassem os efeitos de um ataque contra o inimigo do Exército dos Estados Unidos.

No que se refere ao setor de serviços Kajanus e outros (2004) utilizaram-se da metodologia Value-Focused Thinking para investigar situações de gerenciamento turístico. A pesquisa de Sheng e outros (2005) aborda a tecnologia móvel, donde o estudo utiliza a abordagem Value-Focused Thinking para examinar as implicações estratégicas da tecnologia móvel e analisa o impacto estratégico nas organizações. Teve como contribuições o desenvolvimento de uma rede de objetivos meios e dos objetivos fundamentais, que

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