THESE
DETHESE
APRESENTADA
Á
FACULDADE
DE MEDICINA
DA BAHIA
E
QUE
DEVE SUSTENTAR
EM
NOVEMBRO
DE
1868
I'
VBA
OBTER
O
CtBÁODE
DOUTOR
EM
MEDICINA
ARISTIDES
AMÉRICO
DE
MAGALHÃES
NATURAL
D'ESTA PROVÍNCIA
EX INTERNO
DA
CLINICA CIRÚRGICA D'ESTA FACULDADE,*
^wúma
cMqAw» AtS^aÚamh.
La
symptomatologieestlmterprè-tationdelanature, l'artde connaitre
lavaleur des sig-nes par les quels
elle s'expnme.
La
première qualitédu
médicm, celle quil luiimporteleplus de posséder estd'entendrele
lang-ag-e de lanature, quiluipermet
dereconnaitre
comment
ellesouffreetquels secours elle reclame.
HUFFLAND.
BAHIA:
TYP
.—
CONSERVADORA—
LADEIRA DO XISMENDES
N. 28.F4CULDADEDMEMApA
BAHIA.
DIRECTOR
O
EXM.
SR.CONSELHEIRO
DR.JOÃO
BAPTISTA
DOS
ANJOS.TICE-DIBECTOR
0 EXM. SNR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES.
OS SRS. DOUTORES 1'°
ANNO.
MATÉRIAS QUELECCíONÃO -r.\
„
, TV* „,i,Soí ) Physicaemgeral,eparticularmenteemsuasCons. Vicente Ferreirade Magalhães. >\ ajJplicaçSef á Medicina.
FranciscoRodrigues daSilva ChimicaeMineralogia.
Adriano AlvesdeLimaGordilho . . . Anatomia descriptiva.
2.°
ANNO.
Antonio deCerqueira Pinto Chimicaorgânica.
Jerónimo SodréPereira Physiologia.
Antonio Mariano doBomfim Botânica eZoologia.
Adriano AlvesdeLimaGordilho . . . RepetiçãodeAnatomiadescriptiva.
3.°
ANNO.
Cons. EliasJosé Pedroza Anatomia geralepathologica.
José de Góes Siqueira Pathologiageral.
Jerónimo Sodré Pereira Physiologia. 4.°
ANNO.
Cons.ManoelLadisláoAranhaDantas. . Pathologia externa.
Pathologiainterna.
' ,
'. ",_ „ i Partos, moléstias de mulheres pejadasede
Matinas Moreira Sampaio
j meninosrecemnascidos.
5.»
ANNO.
ContinuaçãodePathologiainterna.
JoaquimAntoniod'01iveiraBotelho . . Matéria medica etherapeutica.
, , A , . , x, i Anatomiatopographica,Medicina
operato-JoseAntoniode Freitas
j ria, e apparelhos
6."
ANNO.
Pharmacia.
Salustiano Ferreira Souto Medicinalegal.
DomingosRodiigues Seixas Hygiene, eHistoria daMedicina.
Clinicaexternado3.°e4.° anno.
AntonioJanuáriode Faria Clinicainternado 5.°e6.°anno.
RozendoAprigio Pereira Guimarães . . ]
Ignacio JosédaCunha /
PedroRibeirodeAraujo /SecçãoAccessoria.
José Ignacio deBarrosPimentel. . . .\
Virgilio Clímaco Damazio '
José Afíonso Paraizo deMoura. . . .
]
Augusto Gonçalves Martins /
Domingos CarlosdaSilva / SecçãoCirúrgica.
Demétrio Cyriaco Tourinho j
LuizAlvares dos Santos j> SecçãoMedica.
Jo?o Pedro da CunhaValle
y
/
SECRETARIO
O SR. DR. CINCINNATO PINTO DA SILVA.
OEEICIAX
WtA.SECRETARIA
O SR. DR. THOMAZ D'AQUINO GASPAR
.
A
Facuclade nãoapprovanemreprovaasopiniões emittidas nastheses, que lheSECCAO
CIRÚRGICA.
DISSERTAÇÃO.
o
É
POSSÍVEL
A
CURA
RADICAL
DASHERNIAS?
Leshernies simples et peu
volnmi-neusespeuvent, exister pendant fprt
long temps; sans occasioner aucun
accident grave.
Birgin
SCOLHENDO
este ponto para fazer objecto de nossadissertação, dividiremos
em
tres partes: trataremosna
primeira parte
da
difiniçãodas hérnias, suaclassifi-cação, e
da
anatomia
pathologica d'ellas; na segundanos
occuparemos
dossymptornas,do
diagnosticodas differentesespé-ciesdehérnias, e
do
prognostico d'ellas; para tratarmosna
terceiraparte,
do
que
diz respeito aos accidentesque
complicam
as hérnias,ede
seu tratamento.PRIMEIRA
PARTE.
SMfiiiiç&o.
A
palavra hérnia, serve paradesignar otumor
que forma
um
órgão
quando
tem
sahido,em
parte,ou
em
totalidade,da
catidadeque
odeve conterno
estadonormal.À
sahida deum
órgãofóradeuma
cavidade,pôde
terlugar poruma
abertura natural,ou
accidental.Classifi
cação.
Na
classificação das hérnias, diversos são os pontos de visto,sobos
quaes temos
de consideraruma
hérnia: assim porexemplo,
pro-curaremos
ver qual asua séde, qual oórgão,ou
órgãosque
concor-reram
parasua
formação; qual a épocado apparecimento
d'ella,se é única,
ou
existem muitas; qual a causa que, obrando,deu
em
resultado o seu apparecimento; se é reductivel, e finalmente se a
hérniaé simples,
ou
se é complicada.Entre os diversos pontos
do
corpoem
que
sepôde
dar oappare-cimento
deuma
hérnia, é oabdómen
omais
commum.
D'ahi amaior
frequência das hérniasabdominaes.
Classificaremos ashérnias
abdominaes
em:
1. inguinal,quando
o
tumor
seder pelo canal inguinal; 2. crural,quando
forpelocanalcrural; 3. umbilical,
ouexomphala,
A. obturadoratambém
chama-da sub-pubiana
(esta espécie de hérnia, dizem Sedillot, Bégin, e outrosserem mais frequentes no
homem,
do quena
mulher); 5. ischiatica; 6.abdominal
propriamente dita, tendo lugarna
linhaalva, eporpon-tos
não
correspondentes á aquelles,que
correspondem
as aberturas naturaes poronde
ellascustumam-se
apresentar.Nas
hérniasabdominaes,
existeuma
variedade d'esta espécie,a
qual. se apresentano
espaçoacima da
crista iliaca, espaçoque
éformado
pelosmúsculos grande
obliquo, e dorsal,a qual
édesigna-da
lombar;em
7. lugartemos
a hérnia diaphragmatica;em
8
a
perineal,
que
tem
lugarna
mulher,
entrea vaginae o recto;no
ho-mem,
entre orecto eabexiga;em
9. lugara
hérniavaginal,que
na
maioria dos casos, limita-se
em
formar
uma
proeminência,porém
que
dkem
muitos
cirurgiões, d'entre ellesSedillot eMalgaigne,não
serem muito
raros oscysosem
que,estashérniasfranqueiam
a vulva.—
3—
Os
órgãosque concorrem
para a formação deuma
hérnia, sâo:os intestinos, o epiploon, o estômago, a bexiga, o útero, os ovários,
o baço, e,
segundo
Sabatier ainda temos as hérniasque
sãoforma-das pela procidencia
da
iris, as hérniasdo
cérebro, asdo pulmão,
ea
quêda
do
recto;bem
como
as hérniasque
sãoformadas
acustado
tecido muscular, as quaes são citadas pela
maior
parte doscirur-giões
que
setem occupado
d'esteimportanteramo
da
cirurgia.De
todas estas espécies de hérnias, asmais
commnus,
são ashérnias intestinaes, as quaes
podem
se apresentarjuntamente
com
as
do
epiploon, constituindo oque
sechama
úmahernia^^-^mte^o-epi-plmeà»;—8S hérnias
que
menos
frequentemente se observam, são asdo
baço.M.
Bégin tratando d'esteassumpto
diz: Le foie et lerate nesonlpua msceplibles deformer des herrúesproprement dites.
On
a vuseule--ment, desportions exubréantes de ces organessoulever
Vun
etlautrè hy*pochondrc, et fairesaittie
au
dchors; mais Us luiraicat pas abandonnóeur situations normales.
Ainda
mais, diz elle,que
em
diversos casos por elleobserva-dos, foi bastante o
emprego
dosmedicamentos que
costumam
serempregados
com
o fimdecombater
as hepatites espleniteschronicas,para
que
tivesse lugar o desapparecimentodomai. Temos
aindaou-trasespécies de hérnias,conhecidas por hérniasfalsas
ou
gordurosas,que,
segundo
amaior
partedosauthores, são formadas porum
ap-pendice gordurosodo
cólon,ou
poruma
porçãodo
tecido cellular sub-peritoneal.Alguns
cirurgiões,querendo
tratardaidade,em que
ashérniascos-tumam
seapresentar, estabeleceram trez divisões:primeira, hérniasque
seapresentam
na
infância; segunda, hérniasque
seapresen-tam na
idade adulta; terceira, hérniasque
seapresentam
navelhice;chamaram
as primeiras, hérnias infantis; as segundas, hérnias deforça; as terceiras, hérnias defraqueza. Esta divisão
porém, pouco
merecimento
teve ehojeem
cirurgia tem-se admittido outradivisão.As
hérnias sãochamadas
congénitas,quando
existemem
um
individuo desde o seu nascimento;no
casoem
que
ellas sãoprodu-zidas por
uma
causaqualquer que
ella seja, sãochamadas
hérniasadquiridas.
Às
hérniasvariam quanto
ao seunumero:
assimumas
vezesexiste
uma
hérnia única, outras vezesexistem duas, e sãocha-madas
hérnias duplas;um
individuopôde
se apresentarcom
uma
hérnia dupla, e estas
serem
do
mesmo
lado,ou
existiruma
deum
lado, e outra
do
outro.As
hérnias duplas,podem
se apresentarem
ambos
os lados, eserem
da
mesma
espécie,ou
deespécie diffe-rente.M.
Démeaux,
citaocasodeduas
hérniasdo
lado esquerdo;sen-do
uma
crural, e outra inguinal.Na
clinica cirúrgicada Faculdade no
anno
de 1866,apresen-tou-se
um
doente,que
soffriadeuma
hérnia inguinal simplesdirei-ta, e
uma
cruraldo
mesmo
lado, tendouma
hérnia umbilicalou
exomphala
congénita.Às
causasque
pódemdar
em
resultadouma
hérnia são: predisponentes, ouefficientes. Entreas causas
predispo-nentes existem: a constituição fraca
do
individuo, orelaxamento
accidental das paredes
abdominaes
etc. etc; entre ascausasdenomi-nadas
efficientes, existem: as quêdas, os exforçosempregados
nospartos,
ou
para suspenderum
objectopesado, etc, etc.Na
formação
das hérnias existem, pois,
duas
espécies de causas:uma
que
pre-dispõe o individuo a adquirir a moléstia; outra
que
a determina.Nem
sempre, porém, [dizem amaior
parle dos cirurgiões) estas(
amas
produzem em
um
mesmo
gráoodesenvolvimentodamoléstia,éassimporexemplo que vemos todos os dias hérniasappareceremsubitamente
em
indivíduos, pelo facto de suspenderemobjectospesados;
sem
quese observenelles signaes de enfraquecimento nas aberturas abdominaes,e pelo
con-trario observar-se o
mesmo
efeitoem
indivduosem
condicções oppostas.Às
causasimmediatas
das hérniassão:ou
uma
solução deconti-nuidade
espontânea,ou
accidentalque dá passagem
as visceras,ou
uma
contusãodando
em
resultado oenfraquecimento, emesmo
a
distruieão dos obstáculos postos pela natureza a sua sãhida.
Ha
ca-sos,
porem,
em
que
pareceantes haveruma
disproporçãolenta,ou
rápida entre a pressãodos órgãos contidos
em
uma
cavidade, ea
re-sistência de suas paredes;ou
adiminuição do
volume
do
órgão, e o—
5
—
O
Senhor
Sabatier,um
dos cirurgiõesque mais
especialmentese
tem
occupado
d'este ponto diz: Cestainsi que les atitudesoulesef-forts particuliers à quelques profissions, ledèveloppement cxlraordinairc
de quelque organe, lacessation subite de quelque étatphysiologique
oupa-tholoqique, qui pendant sa durée a fortement distcndu lesparois d'une
cavité, et dilatè ses ouvertures, et qui, parsabrusque disparitiou, laissc
les unes trop faibles poursoutenirconvenablement les viscères,
etlesau-tres trop ouvertes
pour
sopposer àleurévasion, concourrentpuissammentà la production de certaines hernies.
Uma
hérnia antiga, distingue-se deuma
hérnia recente: pelaforma, por seu
volume,
relações, direcção, epor
sua curabilidade.Trataremos mais
especialmente d'este ponto,quando
nosoccupar-mos
da
cura radicaldas hérnias.Em
geral diz-seque
uma
hérnia 6 reductivel,quando
ella ésuseeptivel de ser levada para dentro
da
cavidade d'onde sahio;no
caso contrario diz-se
que
a hérnia é irreductivel; estairreductibili-dade, resulta de
muitas
e differentes causascomo
sejam: ovolume
das partes herniadas o epiploon endurecido, o estreitamento das
aberturas de
communicação, ou do
colletodo
sacco, as adherenciasdos órgãos entresi, e as paredes
do
sacco, etc, etc.Quando
uma
hérnia existesem
que
hajaaccidentealgum
que
aaccompanhe,
esta échamada
hérnia simples;quando, porem,
existiralgum
accidente,ou mais
deum
accompanhando-a,
esta serácha-mada
hérnia complicada.Quando
nosoccuparmos do
tratamentodas hérnias, fallaremos dosaccidentes,
que complicam
os tumoresherniarios.
A
natomia
imtlaologica.
O
estudoda anatomia
pathologica das hérnias,segundo
aor-dem
da maior
partedosauthores,comprehende:
o estudo dosenvoltó-riosdashérnias, edosórgãos
que
oscompõem,
etambém
as—
6—
ções
porque passam
as aberturas decommunicaçao.
O
envolucro deuma
hérnia éformado: pelo sacco herniario,eas camadas
que
sepa-ram-no
da
pelle.Nem
todas as hérniastem
sacco; assim por exemplo:quando
houver
uma
solução de continuidade, eque
em
consequência d'ellahaja
uma
hérnia, a ausênciado
sacco seha
de dar; assimtambém
hérnias existem
que
não
tem
osacco completo; estes casos sehão
dedar,
sempre que
otumor
herniario for feito a custo deum
órgãoque
operitoneonão
o revistacompletamente.
Quando
se tratardeum
tumor
herniariofeitoa
custado
coecum,bexiga,
ou
do
começo do
recto, teremosuma
hérnia desaccoincom-pleto
em
virtudeda
disposiçãodo
peritoneo paracom
estes órgãos.D'aquivê-se
que
quando
uma
hérniafor feitaacustadeum
órgão,que
operitoneo revista completamente, osacco será completo; e a
for-mação
d'elle terá lugarda maneira
seguinte: o intestinoou
oepi-ploon dislocando-se
levam
para adianteuma
porçãodo
peritoneoque
lhe serve de envolucroimmediato;
estaporçãodo
peritoneo,as-sim
levada, constitueo sacco.M.
Bégin tratandoda formação do
sacco herniario diz:que
operitoneo
gozando
deuma
mobilidadeque
émuito
variável nosdif-ferentes individuos,
segundo
a maior,ou
menor
densidadedo
tecidocellular,
que
une
o peritoneo as paredesdo
abdómen,
enão sendo
menos
variável a suaespessura, sua força, e densidade, o saccoher-niario se
ha
de desenvolvermais
pela dislocação,do
que
pelaexten-são
do
peritoneo, e outras vezes o inverso se observa.O
saccoher-niario é constituído por
duas
partes:ocorpo, eocolleto.À
porçãodo
sacco
que
corresponde a aberturaabdominal,
constitue o colletodo
sacco. Este saccco é
formado
porum
tecido mollee frouxo, apre-sentando dobraslongitudinaes; nas hérnias recenteseste colletonen-huma
acçãotem
com
os tecidos circumvisinhos, ámedida, porém,
que
a
hérnia vae se tornando antiga, vê-seelleir setornando mais
espesso,
mais
solido, e resistente.Em
geral osaccoherniariotoma
a
forma
das partes,em
que
elleseacha
situado.M.
Démeaux
dividemaneira: antes
da
hérnia se tornar externa, operitoneoempurrado
pela viscera.
que
tem
—
mais
tarde, de darem
resultadouma
hérniaforma
um
prolongamento
em
guisa dededo
de luva, o qual éco-nhecido por este
nome, ou
deimpressão digital, aque M.
Démeaux
chamou
hérnia incompleta, constituindopara Sédillot oprimeirodo
desenvolvimento
do
sacco. N'esteperiodo o apertodo
colleto éimpos-sível, por ser a entrada
do
cul-de-sac peritonealmais
largado
que
o fundo.
No
segundo
periodo deM.
Démeaux,
áque
ellechamou
periodode organisação,
dous
phenomenos
se dão: as dobrasdo
orifíciodo
colleto acusta de
uma
exsudaçâo delympha
plásticaadherem
entresi; e a
camada
cellulosaquefórra o peritoneo torna-sevasculareaf-fecta a
forma
dartróide,na
qualtem M.
Démeaux
achado
fibrasmus-culares.
O
terceiro periodochamado
de contracção, é caracterisadopelo estreitamento
do
orifício superiordo
colletocom
tendência aobliteração.
Alguns
cirurgiõesdizem
tervisto este orifíciocomple-tamente
obliterado.Quando
a causa productorado tumor
herniariocontinua a obrar, e o colleto
do
sacco herniario é levado para fora, antes,ou no
estado de imperfeita organisação,pôde
este concorrerpara o
augmento
do
sacco;quando, porem,
a organisação completado
sacco herniariose tiver dado,um
novo
sacco e colleto serãofor-mados,
tendon'este casoum
sacco e colleto duplos.O
saccohernia-rio,
em
consequência dasrepetidasinflammações, eirritaçõesporque
passa, experimenta
mudança
de estructura, e os bordosdo
colletotornam-se
endurecidos.Algumas
vezes distingue-se atravez dostegu-mentos, os
movimentos
e afórma do tumor
herniario, devido aoes-tado de
adelgaçamento que
tomam
muitas
vezes ascamadas
hernia-das. Outrasvezes
ha
uma
hypertrophia adipoza, a faseia própriaacha-se cheia de gordura a ponto de simular oepiploon;este soffre
al-terações,
a
proporçãoque
a hérnia vaesetornando antiga,engorgita-se, torna-se duro,e
toma
o aspecto squirroso; contendoalgumas
ve-zes kistos hydaticos,
ou
serosos.O
intestino acha-seou
engasgadoem
todaa totalidadedo tumor,
ou
presosomente
em
uma
partede
ou menor
extensãoda dóbra
intestinal. Se prestarmos attençào aosdifferentes
phenomenos,
que
seobservam nas
aberturasde
commu-nicação, veremos:
que
ellasmudam
de
direcção,segundo
sãorecen-tes,
ou
antigas. E'assimque
na
hérnia antiga evolumoza,
o canaltem
uma
direcçãorectilinea,ena
hérnia recente este canaltem
uma
direcçãoobliqua; disposiçãoesta de
muita importância para
ocirur-gião,todas as vezes
que
tiver de praticara
operaçãoda
taxis.Além
d'esta differença
na
direcçãodo
canal, asaberturasde
communicação
acham-se mais
ou
menos
dilatadas.Muito
diversas são asadherem-cias,
que
frequentemente seobservam
nostumores
herniarios,ha
casos
em
que
estas adherencias são filamentosasou
immediatas,
ou-tras vezes ellas limitam-se a invadir
uma
única
parte dos órgãosdislocados
que
seacham
unidosem
maior
ou menor
extensão entreelles
ou
com
o sacco herniario;em
outros casos ellas existemnos
differentes pontos
do
tumor
herniario, e as viscerasagglomeradas
formam
uma
única
massa
que
revesteo sacco herniarioporsua
par-te interna.
No
casoem
que
as adherencias são filamentosas, estaspodem
por suavez ser:recentes, molles,ou
antigas, cellul osas, eso-lidas.No
primeiro caso,bastaamais
leve tracçãopara conseguir-seo
appartamento
das partes, o,que
explica-semuito
facilmente pelapouca
resistênciaque apresentam
as partes unidas.No
segundo
ca-so ocontrario seobserva,
porque
as partesaoham-se
de talmaneira
unidas,
que
separecem
comfundir.Os
signaes exterioresque
nósobservamos
em
um
tumor
herniario,não
sãodados
sufficientespara
que possamos
com
bastante segurança reconhecer estas modificações,se
porem
recorrermos a antiguidadedo
tumor
herniario,ao uso
de
meios
contentivosdetalsorteapplicadosque
em
lugar de conter otu-mor
comprima;
airreductibilidadedo
tumor
herniarioem
parteou
em
totalidade,
sem
que
sepossa explicar esta irreductibilidadenem
pelovolume
das partes,nem
pela compressãoda
aberturaque
lhe servede passagem, teremos signaes geraes de adherencias.
Quando
estasadherencias existem por
muito
tempo, eotumor
acha-seno
exterior,são consideradas solidas, e extensas.
Em
geral são estas as—
9
—
tratando
da anatomia
dos tumores herniarios, apresentaalgumas
outrasalterações, das quaes
não
trataremos aqui; limitamos-nos,so-mente, a apresentar as alterações
que
tornam-semais
necessáriaspara o fim
que
queremos.SEGUNDA
PARTE.
Dos Symptômas.
Entre os differentes
symptômas
apresentados pelos tumoresherniariosexistem
uns que
sãocommuns
a todas as hérnias, eou-tros
que servem
parafazer suppôr,ou
mesmo
reconhecer-se quaesas partes
que
concorreram para a formação d'ellas, e assimdeter-minar-sese a hérnia é feita á custa do intestino, do epiploon,
ou
dequalquer
outro órgão; vejamos pois estes signaes.Ha
symptômas
que
são geraes a todas as hérnias, e outrosque
são especiaes a cadaespécie de hérnia.
Todas
asvezesque
tivermosde proceder aoexame
de
um
individuoque
se diz ter hérnia, observaremos o seguinte:existência de
um
tumor
tendo lugarem
alguma
dasaberturas, pelasquaes
são ordinariamente formados os tumores d'esta espécie; estetumor
sem
dor, apellecom
a coloraçãonormal,porem
mais
molle;menos
volumoso chegando
até a desapparecerquando
odoentetoma
a posição deitada, e reapparecendo de novo
mais
volumoso, emais
tenso,
quando
o doentemuda
deposição,ouse
acha de pé; omesmo
resultado observa-se
em
cosequencia deum
exforço da parte dodoente, tal
como
um
espirro etc, etc. Estes tumorescom
uma
pres-são branda, e
bem
dirigida, reduzem-secom
facilidade, parareap-parecerem
denovo
quando
a pressão deixa de existir. À' vista dossymptômas, que
acabo de expor,symptômas,
que
são encontradosem
todas as hérnias constituindo oque
sechama
symptômas
geraesdas hérnias,
não
sepôde somente
por elles determinar qual seja aespécie de hérnia,
comtudo podemos
dizerque
existeuma
hérnia—
10
—
cuja espécie será
determinada
pelossymptomas
que
são especiaes àcada
espécie de hérnia. E' assimque
quando
a todosestessympto-mas
seseguirem cólicas, vómitos, presença deborborygmos
no
tu-mor,
eque
este apresentarum
volume
variável, tornando-semais
considerável
no
momento
da
digestão,ou quando
a volta intestinalse
acha
distendidaem
comsequencia
deaccumulo
de
gazes nosin-testinos, e
que
dê-seapresençado
gargarejo,quando
sepratica are-dacção,
somos
levados a crerna
existênciadeuma
hérniaintestinal.
Dos
symptomas
especiaes as outras espécies de hérniasoccupar-nos-hemos
no
diagnostico de cada hérniaem
particular.Diagnostico.
Para
diagnosticar-seuma
hérnia, basta recorrer-se aossympto-mas
geraes,que acabamos
de expor para as hérniasem
geral;um
individuo,
no
qual se apresentaum
tumor
nas proximidadesde
uma
das aberturasnormaes do
baixoventre,ou
deuma,
aindaque
remota, divisão das paredes abdominaes, e
que
áissoaccompanhem
os
symptomas,
que,em
geral,costumam
a se apresentar nashér-nias,
podemos
com
muita
probabilidadecrerna
existência deum
tu-mor
herniario.Procuremos
agora ver quaes ossymptomas,
que
sedevem
apresentar conjunctamentecom
ossymptomas
geraes,que
accompanham
ostumores
d'estaespécie á fim de podermos,com
se-gurança, diagnosticar as differentes espécies de
tumores
herniarios.Da
enterocele.—
Naenterocele (hérniaintestinal),além
dossym-ptomas
geraes, observam-se: presençadeum
tumor
arredondado,glo-buloso cuja reducção é feita ordinariamente
com
facilidade, a ponto dealgumas
vezes bastar amais
levepressãofeitacomosdêdos
sobreotumor
paraque
a reducçãosede; osmovimentos empregados
na
redu-cçãodo
tumor, dão lugarápresençadeum
gargarejo,que
se tornamui-to sensivel; e
que
édevido aoembate
de liquidos, e gazesintestinaes.—
11—
vacuidade dos intestinos.
Os
indivíduos,que
soffrem d'esta espéciede
tumores
sãomuito
sujeitos á cólicas, e vómitos.D.\ epiplocele.
—
[Herma
A& epiploon) As hérniasd'esta espécie,apresentam-se molles, pastosas, desiguaes, e de consistência
invariá-vel; a reducçâod'estes
tumores
não
sedá, senãocom
muita
difficulda-dee
demora;
o operadordeve ter o cuidado deaccompanhar
com
os<ledos os órgãos, á proporção
que
a reducçâo vae tendo lugar;nen-hum
ruidoé observado n'estestumores, átudoistoaccompanham
ossymptomas
geraesdashérnias.Da
entero-epiplocele.—
(Hérnia, comprchcndcndo ao
mesmo
tem-po o intestinoc oepiploon.)
Nas
hérniasd'estaespécieobservam-seduas
ordens de
symptomas;
ellas sãopastosas, e susceptiveisdeserem
dis-tendidas pelos liquidos e gazesintestinaes;
quando
setentaa reducçâod'estestumores,
uma
primeira porção entrasem
exforço, epercebe-seogargarejo
como na
enterocele, ea outraporção ficaestacionadaporalgum
tempo, equando
seobtém a
reducçâo d'ella, écom
maior
difficuldade,
do que
a primeira porção.Da
cystocele.—
(Hérnia dabexiga.)Os
tumoresherniarios, feitosa custa
da
bexiga, sãomuito
raros,observam-semais
frequentementeno
perineo,ou
atravezda
vaginana
mulher:eno
rectono
homem;
alguns temos observado fazendosallienciaparaadiantedas aberturas
inguinaes, e cruraes; qualquer, porem,
que
sejao pontoem
que
acystocele se apresente nota-se:
um
tumor que
setornaexageradoeflu-ctuante,
quando
a bexiga seacha
distendida porliquidos; aevacua-ção
do
liquido, torna otumor diminuido
em
seuvolume;algumas
vezes nota-se a presença decálculos
na
cystocele, oque
se observaperfeitamente.
Da
hysterocele.—
hérniado
úteroA
hysterocele aindaqne
muito
rara,pode
ser: inguinalou
crural.Quando
ella existe,obser-va-se
um
tumor
muito mais
solido,do
que
os tumores formadospe-lasoutras vísceras, de
volume
edensidademuito
variáveis; a vaginatorna-se allongada, e dirigida para
cima
ecomo
que
inclinada parao lado
do
tumor;quando
ha
dislocação completa, eque
se praticadislo-caçãoé incompleta, elle é observado,
porém
mais
para cima,do que
no
estado normal.Alguns
cirurgiõesdizem
ter observado factosdes-tes,
em
que
oútero, recebia o productoda
concepção; casos estesque
tornam.algumas
vezeso diagnosticomuito
difficil; todavia os ha,em
que
sepôde
com
facilidade diagnosticar.Da
hepatocele e splenocele,—
(hérniado
fígado edo
baço)Os
authores,
que teem
tratadoda
hepatocele, eda
splenoclepouco
seoccu-pam
d'ellas,uns porque dizem
sermuito
raro encontrar-seestasmo-léstias; outros
porque dizem que
o fígado, eo baçonão
formam
pro-priamente hérnia;
que
estes órgãosapresentam
porçõessallientesem
um
dos hypochondrios, direitoou
esquerdo,segundo
é o fígado,ou
o baçoque
seacha
affectado;porem
que
a sua situação seconserva amesma,
e basta o tratamentoempregado
nas hepatites e spleniteschronicaspara
que
omal
desappareça.Da
gastrocele.—
A
presença dostumores
herniariosacima da
cicatriz umbilical,
ou
nas proximidadesdo
appendice xhiphoide, écaraterisada pelo apparecimento de
um
tumor
globuloso,algumas
vezes sensivelao toque, seguido de perturbações
na
digestão, etre-mores
noepigastrio.Dos
cirurgiões,que
tem
observado estestumo-res,
uns
querem
que
elles sejam feitos pelo estômago, outrosdizem
que
oestômago,não
sendomuito
susceptivel de sedislocar, estestu-mores
devem
antes ser attribuidos ao cólon transverso,ou
aoepi-ploon gastro-colico;porem.hoje, a
maior
partedos authoresentreou-tros Sédillot, attribue ao estômago, e
chama
gastrocele a hérniado
estômago.
Hérnias
gordurosas.—
As hérniaschamadas
pelosauthorestu-mores
herniarios gordurosos,nenhuma
inportanciateem
porsimes-mas mes-mas merecem
todo o cuidadoe importânciaquando
sãoconsi-derados
como
hérnia, pelos grandes enganosque
pódem
sobrevir.Estestumores
nem
sempre
são consecutivos á hérnia, alguns, pelocontrario, a precedem,
algumas
vezes, e asproduzem; teem sua
ori-gem
na
face externado
peritoneo, de baixoda fórma
deprolonga-mentos
adiposos cylindricos, e allongados; apresentam-seainda
pouco
desenvolvidos nas aberturas, perto dasquaes
elles estãocol-—
13
—
locados,
ou
nos intervallosque deixam
entre si as fibrasda
apone-vrose
abdominal, da
linha alva, as dilatapouco
a pouco, dirigem-separa fóra,
ou
se alargam,elevam
após si amembrana
seroza,con-tribuindo para
formar
um
sacco,no
qual se precipitamas viscerasabdominaes;
em
quanto
este ultimo effeitonão
se produz, estestu-mores
lypomatozos constituem as hérnias gordurozas dos authores.Quando
estestumores
existem sós,pódem
sercom
facilidadecomfundidos
com
uma
epiplocele, vistonão
haverum
symptoma
bastante seguro para
um
diagnostico certo. Nos casosem
que
otu-mor,
existe juntamentecom
uma
hérnia verdadeira, quer ellatenhatrazido após siosacco,
quer
tenha havido ruptura,ou
sua formaçãonão tenha tido lugar, senão
muito tempo
depois da producção doperitoneo; sua presença pôde occasionar erros os mais graves
quan-do
torna-se necessária aoperarão.E' pois
muito
difílcilestabclecer-se odiairuosticodifferencial deuma
hérnia gorduroza, ed'uma
epiplocele; e d'esta difíieuldadetem
resultado
que
algunscirurgiõespratiquem
a operação deuma
hérniaquando
ellanão
existe.E' este
um
dos pontosmais
importantes,quando
se trata dodiagnostico differencial das hérnias, e sobre o
que muito recomenda
em
sua
cadeira de operaçõesolllm. Sr. Dr. José Antonio de Freitas,mostrando
os incomvenientes,que
pódem
resultar para o doente, epara o operador,
em
comsequencia
deum
diagnosticopouco
seguro.Prognostico.
O
prognosticodashérnias émuito
variável;em
geralquando
ahérniaé simples, o prognostico
não
apresentagravidade alguma; na idade adulta o prognosticoémais
favorável,do
que
na
velhice; nas hérniasque
sãoaccompanhadas
de accidentes, eque
seapresentam
complicadas: o prognosticoégrave.
O
prognosticoainda varia segun-do a hérniaé antigaou
recente,em
consequênciada
disposição dos—
14
—
orifíciosexterno, e interno
do
canal, poronde
se faza hérnia; variaainda
segundo
aespéciedo
tumor
herniario; nas hérnias seguidas de engasgamento,quando
a operaçãonão
éfeitaátempo, o prognosticoé
sempre
fatal,quando
os signaes geraesdenunciadoresda
gangrenaintestinal seapresentam, etcetcetc.
TERCEIRA
PARTE.
Dos
accidentes
que complicam
as hérnias.
Os
accidentesque
custumam
seappresentar.complicando
ostu-mores
herniarios variam,segundo
sãorecentes,ou
antigos; nos casosem
queelles são simplices epouco
volumosos, os accidentes sãotam-bém
differentes d'aquelles,que
senotam,
quando
ellessão antigos, ede
volume
considerável:quando
-se trata deuma
hérnia simples, ede
volume pouco
considerável, observam-sephenomenos, que
sema-nifestam por desordens
na
digestão, taescomo
embaraço
intestinaltremores
na
região epigastrica, collicas etc etc. A' porpoçãoque
ellasvão se tornando antigas e
mais
consideráveis,phenomenos
decaracter
mais
series se apresentam: os individuosnão
sepódem
conservar 'de pé por
muito
tempo, asmarchas
forçadasproduzem
dores vivas
no
ponto,em
que
existe a hérnia, oestômago
torna-sea
sédede dores fortes
na
occaziãoda
digestão,donde
resultamgran-desperturbações
da
parte das funcções digestivas, e d'estas oenfra-quecimento,
que
se vaedando gradualmente
até o completo estado demarasma.
Algumas
vezes poruma
cauza conhecidaou
não, appareceuma
irritação nos pontos
em
que
existe o tumor, e então, vê-se osacci-dentesseseguirem
com
amaior
rapidez; otumor
augmenta
devo-lume, e consistência, as matériasestercoraesficam n'elles detidase,
á proporção,
que
oaccumulo
d'ellas vae tendolugar, ossymptômas
prin-—
15
—
cipio, são constituídos por
um
liquidochymoso,
mas
que, ápropor-ção,
que
a moléstia vae seguindo suamarcha,
tornam-se biliosos emucosos, e finalmente são constituidos por matérias
puramente
es-tercoraes; n'esteestadopôde
perdurar a moléstia por muitos dias, e atémuitas
semanas,sem
que
dores vivas se apresentemno
tumor,e
sem
alteraçãodo
pulso.Continuando, porém, o
accumulo
das matérias estercoraes nosintestinos, estesressentem-se, e, então,
a
dorque
não
existia, seapresenta; os vómitos tornam-se
mais
frequentes, oventretympani-co, o pulso
pequeno
efrequente; grandeagitação dapartedo
doente;constipaçãorebeldeetc. etc.
A
presençad'estes diversosphenomenos,
que
se observam,tem
quasisempre
por causaum
embaraço no
tu-mor
herniario; os quaes vãoaugmentando
de intensidade, atéque
o intestino, reagindo sobreo colleto, produz o estrangulamento,
phe-nomeno
que
complica as hérnias.O
engasgamento,que
também
complica por sua vez ostumoresd'esta espécie, é consideradopela
maior
partedosauthorescomo
sen-do
mais
commum
nashérnias antigasevolumosas sobretudon'aquel-las
que
seteem
tornado irreductives. A. constipaçãoéum
phenome-no muito
commum
n'este estado,em
consequênciada pouca
acçãonas
paredes abdominaes; si n'esteestadoum
corpoduro, edifficildesoffrer a acção
do
apparelho digestivo, penetrano
tumor, ou, se o trabalhoque
as viscerasexperimentam,
augmenta
de talmaneira,que
torna-se difficil a voltapara oabdómen
dassubstancias ahire-cebidas, estas se
accumulam
na
volta intestinal dislocada, eadis-tende cada vez mais; então vê-se o
tumor augmentar
de volume,tornar-se duro, pezado;
ha
constipação de ventre, meteorismo,náu-seas, vómitos e soluços; os vómitos constituem
um
dossymptomas
mais
constantes; as matérias rejeitadasque
são constituidas aprin-cipio por
um
liquidochymoso, mais
tardetomam
oaspecto dasdi-jecçõesbiliosas, efinalmente das matériasestercoraes; estes
acciden-tes, depois
de
uma
duração deum
ou
muitos dias,terminam
umas
vezes pordijecções abundantíssimas, ou, o,
que
émais
commum,
orepre-—
10
—
senta
um
symptoma
secundáriodo
engasgamento, aqual 6precedi-da
de constipação de ventre; amelhor
indicação aseguir-se n'estescasos, é
a
evacuaçãodo
tubo digestivo.O
engasgamento,eo
estran-gulamento
das hérnias,com
quanto
apresentem indicações differen-tes,e
aetiologia d'ellesnão
seja amesma,
foram
pormuito
tempo
confundidos. E'
a
Goursaudque
se devea
distincção d'elles,com
quanto
já antesd'elleMonro
tivessemostrado
a difTerença.O
engasgamento não
é outra cousa mais,do que
oaccumulo
de matérias
em
uma
voltaintestinalherniada; o estrangulamentoéo productoda
constricçãoque
exerce sobre as partes a circumferenciada
abertura pela qual ellassahem;
oengasgamento
é, pois,particu-lar as hérnias intestinaes, e o estrangulamento
pôde
aífectar ashér-nias
formadas
portodos os órgãos.Ainda
mais: o engasgamento,tor-nando
as partes volumosas,pôde
tornal-as relativamentemais
es-pessas, e oestrangulamento apparecercomo
resultado; este, pelocon-trario,
quando
é primitivo antecipa oengasgamento
da
hérnia,de-morando
a chegada das matériasno
tumor.O
estrangulamento, cujamarcha
se fazcom
muito maior
rapidez,do que
o engasgamento,constitúe, poristo,
um
accidentemuito mais
grave.O
estrangulamento éuma
das causasdeirreductibilidadedehér-nia; e é
um
dos accidentesmais
graves, torna-semaior
numero
devezes
mais
fatalnashérniasdo
intestino,do que
nasdo
epiploon;em
uma
hérniadepequeno
volume, dando-se o estrangulamentono
mo-mento
de sua formação,torna-semais
gravedo
que
em
uma
hérniaantiga e de
volume
considerável.O
estrangulamento, émais
favorá-vel
na
idade adulta,do que
na
velhice; ossymptomas
apresentadospelo estrangulamento, se apresentam
também
nos individuos,que
soífrem de hérnia, tendo
algumas
vezesa suasédeno tumor,
eoutrasvezes se
propagando
â elle; oque
6 fácilreconhecer-se pelaconstân-cia dos
symptomas
nos casos de estrangulamento,o,que
senão
ob-serva nos casos
em
que
ellenão
existe,Além
do engasgamento,
edo
estrangulamento dos
tumores
herniarios, existem outros accidentesque
pôdem
também
por sua vez complicar as hérniascomo;
a—
17—
ílammações; cada
um
destes accidentestem
asuarazãodeser, assimcomo
o estrangulamento, eoengasgamento.
19o
tratamento.
O
tratamento dostumores
herniariospôde
ser: palliativo,ou
curativo.
Tratamento
palliativo.—
O
tratamento palliativodos tumoresherniarios consiste: primeiro
na
reducçãod'elles, segundo nos meiosempregados
para os conter.A
reducção dostumores
d'estaespécieobtém-se por
meio
da taxi».A
taxiséuma
Operaçãoque tem
por fimpraticar areducção de
uma
hérnia, pormeio
dasmãos
applicadnsdi-rectamente sobre o tumor.
Todas
as vezesque
aoperaçãoda
taxisti-ver de serexecutada, quatrocondiccões são necessárias: primeira: os
músculos abdominaes
devem
seacharem
completo relaxamento, e <>ponto
em
que
existe a hérnia deve sermais
elevadoem
relaçãoaca-vidade
do abdómen;
em
segundo
lugar: asvisceras, «emuito
especial-mente
o estômago, o intestino grosso, a bexiga, (dizSédillot)detém
se acharem
verdadeiro estado de vacuidade: »em
terceirolugar:quando
a hérniaéuma
«enterocele,»e existem complicaçõesprodu-zidas pelo
accumulo
de matériasalimentaresou
gazes, apressão,que
tiverde ser
empregada,
deveserbranda
emoderada,
á fim de expel-lir estes corposque
difficultam a reducçãodo
tumor;em
quartolu-gar: deve-se tero cuidado para
que
osexforeosempregados
com
ofimde reduzir o tumor, sejam feitos
no
sentido dasaberturas,por onde<'Uesefaz.
>
Tos casosem
que
existe o estrangulamento,não
sedevetentarpor
muito tempo
a operaçãoda
taxis; Désault, e Pott, são de opiniãoque
esta operaçãonão
deve durarmais
deduas
horasn'estescasos;outros,
como
Richter,põem
em
dúvida a utilidaded'estaoperação.Diversos são os meios
empregados
para areducção deuma
—
18—
palma
de u'amão, ou
deambas
seotumor
formuito
volumoso, esubmettendo-o á
uma
compressãomoderada
egraduada; desfartea
contractilidade intestinal é excitada, o trajecto
da
hérniase dilatapouco
á pouco, pelo recalcamento das partes e a reducçãosedá;ou-tros praticam, recebendo o
tumor
em
uma
dasmãos,
e, applicandoos dedos sobre o canal,
procurando
adelgaçar, erecalcandocom
for-ça o resto
do
tumor,procurando
reduzil-o;outrosempurram
no
annelcom
os dedosda
mão
direita a porção da hérnia,que
seacha mais
próxima; e, depois de sustental-a
com
os dêdosda
mão
esquerda,executam
omesmo
em uma
nova
porção; eassim pordiante, atéque
se dê a reducção completa, outros
seguem
ainda outros processos, nós,porém,
nos limitaremos á estes, visto sero nosso ponto a curaradical;
mas,
como
muitas
vezes antes de tentarmosqualquer
ope-ração, teremos de praticar a operaçãodafa-ris,
julgamos
necessárioapresentar os processos
mais
empregados; nos casosem
que a
ope-ração
da
taxisnão
for obtidaem
consequência deaccidentes,que
cus-tumam
áseapresentar; será necessário recorrer-ee a outra operação. Esta operação é a Kelotomia, a qualtem
por fim pôr adescu-berto os tecidos, e permittir
que
a reducção se de, tiradososobstá-culos,
que
por ventura seppponham
á isto. Esta operaçãocompre
-hende
cinco tempos: primeiro, incizão dos invólucros herniarios;se-gundo,
aberturado
sacco; terceiro, os meios de evitaroestrangula-mento;
quarto, a reducção das partes sans; e os cuidados,que
reclamam
aquellasque tem
contrahido adherencias,ou
seacham
alteradas; quinto, o curativo
que
deve preencherdous
fins:primeiro,a
cicatrizaçãoda
ferida; segundo, onão
reapparecimentoda
hérnia;nada
mais
diremosdo
que
diz respeitoa
kelotomiapornão
serobjectode nossoponto.
Quando
se tiverde praticar a operaçãoda
taxis, o doente devese achar deitado sobre o dorso, a cabeça e o peito
em
meia
flexão,as pernas dobradas sobre as côxas, e estassobre o ventre e
um
pouco
parafóra,
com
o fim de facilitar adilataçãodo
annel; outrosconser-vam
odoenteem
péquando
querem
praticar estaoperação. Feitoisto,—
19—
se
obtém
com
as diflerentes espécies de ataduras usadasem
taesca-sos,
ou
uma
funda
cuja pelotta, será collocada sobre o pontocor-respondente ao tumor.
Todos
as vezesque
ataxis forpraticada,de-ve-se ter
muito
em
consideração se otumor
é antigoou
recente; por que, sendo n'estesdous
casos, differente a direcçãodos orifíciosex-terno e interno
do
canalherniario,muito
graveseprejudieiaesseriamos resultados para o cirurgião e para o doente
quando
a taxis fosseempregada
sem
conhecimento
d'estas modificações, afim de sepodersaber
com
segurança ocaminho que
otumor tem do
percorrer, esuadirecção.
Os
tumores
herniarios,que mais
ordinariamente sea-presentam, e
que reclamam
ocurativo cirúrgico são: Os tumores her-niarios inguinaes, os crames, c osumbilicaes; vejamos antes de entrarna
cura radical, quaes são as partesque concúrrem
para aformação
dos canaes por
onde
elles passam.A
hérniainguinal,tem
lugarpe-lo canal inguinal; sua anatomia apresenta-nosdados para oseutra
tamento
cirúrgico, os quaes differemno
adulto, eno menino;
na
idade adulta este canal é
um
trajecto de trinta e nove centimetrospouco mais
ou
menos
poronde
passao cordão espermaticono
ho-mem,
e o ligamento redondodo
úterona
mulher; apresenta-seum
pouco mais
estreito emais
longo, o que- explica amenor
frequênciado apparecimento
das hérnias inguinaesna
mulher,do que no
ho-mem;
este canal apresenta dous orifícios:um
internoou abdominal
correspondendo ao espaço
que
separa a espinha iliacado
púbis: éformado
porum
prolongamento da
faseiatransversalis voltado sobre simesma em
forma
dedêdo
de luva,formando
uma
bainha
parao
cordão espermatico; o outro externo,
chamado
annel inguinalexter-no,
formado
pelo desvio deduas
fortesfaxasda
aponevrosedo
mus-culo grande obliquo,
que
sãochamadas
pilaresdo
annel; dos quaesum
vai se inserirna
espinhado
púbis, e ooutrotem
suainserçãona
symphise
pubiana; o grande diâmetrodo
annelé paralelloá arcadacrural, e conseguintemente sua direcção é para
cima
eparafóra;o
trajecto
do
canalque tem
amesma
direcçãoque
a arcadacrural, édividido
em
quatro partes: a anterior,formada
pela aponevrosedo
—
20—
muito
resistente n'este ponto; a inferior, pelo ligamentodePoupart;
a superior, è representada pelo
bordo
inferiordo pequeno
obliquo,disposição,
que não
émuito
constante, emuitos
authoressãodeopi-nião
que
esta paredenão
existe.O
annel inguinal externo, e apare-de anterior são cobertos pela faseia superíicialis, epela pelle;o
in-terno e a parede posterior, são cubertos pelo peritoneo; adiante
do
annel interno o peritoneoapresenta
uma
pequena
escavaçãochama-da
fosseta inguinal externa; é por este pontoque
seapresentam
ashérnias inguinaes ordinárias e obliquas;
um
pouco
mais
paraadian-te, existe
uma
outra depressãodo
peritoneo correspondendo apare-de posterior
do
canal; é afosseta interna, poronde
sedão
as hérniaschamadas
directas. Esta fossettatem
por limite, paradentro,asal-liencia
da
artéria umbilical transformadaem
cordão fibroso;um
pouco mais
para dentro nota-seuma
terceira depressãoque
seex-tende da artéria umbilical ao bordo externo
do
tendãodo musculo
recto, « a
que Yelpeau
chama
vesico-inguinal,ou
vesico-pubiano,correspondendo ao orifícioinguinal externo; » por ahi se
dão
as hér-niaschamadas
directasou
obliquas internas;no
annel inguinalex-terno
não
existem vasosem
suas proximidades, o,que
senão dá no
interno perto
do
qualpassam
vasos importantes, taescomo
a artériategumentosa, vindo
do
espaçocomprehendido
entre opúbis eaespi-nha
iliaca; e aepigastrica vindoda
ilíaca externa quasiimmediata-mente
abaixodo
annel interno, sóbeentre a faseiatransversaliseoperitoneo e
vem
se collocarentre a fossettainguinal externa, eain-terna.
A
vistado que
ficaexposto, conhecidas ficam as relaçõesdashérnias internas e externas
com
a artéria epigastrica, e porconse-quência o sentido
em
que
devem
serempregados
os exforçospara
areducção d'ellas.
Convém,
todavia, notarque
nas hérnias antigas evolumosas, o canal
muda
de direcção, se alarga, o annel externoacha-se
muito próximo do
interno,chegando algumas
vezes asecon-fundirem,
formando
um
só orifício, tendo lugar odesapparecimen-to
do
canal.Na
infância estecanal limita-se áuma
simplesabertu-ra; os orifícios se
correspondem
com
exactidão, existe,porém,
de
—
21—
com
o desenvolvimento da idade estaconimunicação
seoblitéra, e,a
baciaaugmentando
de diâmetro, o annel interno se desviapara
fora, conservando o externo o
mesmo
lugar-, eocanal toma, então,aforma
que
discrevemos.A
hérnia cruraltem
lugar pelo annel crural, conhecidotam-bém
pelosnomes
de «infundibulum
ou
funilcrural, canalcrural,an-nel crural, »
tem
o aspectodeum
conetriangular cujabaseédirigidapara cima, e o vértice parabaixo, suas paredessãoformadas, «a
ex-lerna.pelaveiafemoralepelotabique cellulosoqueaseparados vasos
lyiuphaticos;a posterior,pela porçãopectinea
ou profunda da
faseialata; a anterior,
que
é constituída pelalamina
crivada. (Richet).Da
convergência sobre a saphena,que
resultada
reunião dastrez paredes
que
constituem o funil, resulta o vértice cuja séde éno
ponto
em
que
a veiasaphena desemboca na
cruralformando
um
ver-dadeiro «cul-de-sac:» abase acha-se voltada paraacavidade
abdomi-nal;a circumferencia éformada: «para adiante, pelaarcadacrural;
para atraz, peloligamento
pubiano
deCooper; parafóra, pela veiafe-moral; para dentro pelo bordo concavo
do
ligamentodeGimbernat.
Na
hérnia umbilical, o anel atravessado pelos vasos domesmo
nome,
e pelouraco apresentapouca
resistência e émuito
dilatava Inos primeiros
tempos do
nascimento.Em
virtude dos progressosda
idade; elletende ase estreitar,
ea
se obliterar deuma
maneira
soli-da;
não
existe grandetemor
de vasos nas hérniasd'esta espécie, porque
as artériasumbilicaesobliteram-se deprompto
depoisdo
nasci-mento,
e as veiasum
pouco mais
tarde; o annel d'estas hérnias ésimples, pelo
que
obtem-secom
facilidadea operação da taxis,De-pois de termosfeitoestas considerações,passemos aos processos
em-pregados
com
oíim deobter-sea curaradicaldos tumoresherniarios:objecto principal
do
ponto de nossa dissertação.lura
railical.
O
estudoda
cura radical dos tumores herniarios,tem
do
desdemuito tempo
a attenção de todos os cirurgiões, porserem
muito
frequentes e trazerem comsigo muitosencommodos
egravi-dades; d'ahi os diversos processos
com
o fim de obter a cura radicald'estestumores: o primeiro processo
empregado
foi oda
ligadura.Ligadura.
—
Alguns
cirurgiõesempregam
a ligadura,com
o fim de abraçar o pediculodo
sacco herniario, edarem
resultado amor-tificação d'elle:
uns applicam
a ligadura sobre o próprio sacco, oqualé discuberto por
meio
deuma
incizão; outrostem
applicado aligadura
acima
dos tegumentos,e paraistoservem
-sede
um
simplesfiocircular,
ou
deum
fioduplo
eatravessam de parte apartea pelle, e a origemdo
sacco,abraçando separadamente
asduas
ametades
do
tumor.
Todas
as vezes,que
se tiverdeempregar
este processo, deve-setercuidado, para
que
as visceras e o cordão testicular,não
sejam abrangidos pela ligadura.Sutura
real.—
Este processoconsisteem
coserosacco herniarioo
mais
pertopossiveldo
annel, depois de ter incisado e reduzido asviscerasdislocadas, eexcisar toda a porção
do
sacco situadaalém
da
sutura.
Cauterisação.
—
O
processo de cauterisação pratica-sepormeio
doferrocandente,
ou
de cáusticosque
são applicados sobre ostegu-mentos
eo sacco;ou
descobrindo osacco, ecollocando sobreelle;al-guns
sãodeopinião,que
se interesseosaccoetambém
a aberturado
annel
.
Castracção.
—
Este processonunca
foi praticado porcirurgiãoalgum,
porem, cahiono dominio
de charlatães,que
seinculcaram
capazes deobtera curaradical d'estes tumores, poreste meio; estes
bárbaros faziam
ablaçam
do sacco herniariojuntamente
com
o testí-culoeo cordão dosinfelicesque
atormentados pelosincommodos
da
moléstiasesujeitavam átalprocesso;
mas
M.
Sédillot,diz«que a
curaradical d'estes
tumores
nunca
foi obtida por semelhante meio;eque
elle vio
um
individuoque
se tinha prestado áesteprocesso, serobri-gado a trazer
uma
funda dupla
em
consequência de soífrerde
hér-nias volumosas.»inci-—
23
—
saro tumor,e obter acicatrisação por
segunda
intenção.O
segundo
consistenaexcisão
do
tumor;porem
ambos
tem
sido disprezadosem
consequência dosgraves resultados,
que
podem
provir d' elles,prin-cipalmente
no segundo
em
que
da-se adissecçãodosaccoem
parteou
em
totalidade.Compressão.
—
À
compressãotem
sido applicadadedous modos:
uns
empregam
immediatamente
sobre o sacco depois de discubertosrin o abrirem,
reduzem
a hérniacom
o fim dedeterminar aoblite-ração por adherencia; esta é acompressão
chamada
immediata;
ou-tros praticam a compressão mediata, applicando
uma
compressãosobre osacco
comservando
o doenteem
repouso, e applicandopelot-tas
molhadas
em
substancias fortemente adstringentes; tem-seobti-do
alguns casos de cura por esteprocesso.Dissecção, e
bedvcção
do sacco.—
Pratica-secom
facilidade esteprocesso noscasos,
em
que
uma
hérnia é recente, e o sacconão
tem
ainda contrahido adherencias; nas hérnias antigas é tal a
adheren-cia,
que
existe entre as partesem
contacto,que
se tornamuito
dif-ficil, e
algumas
vezes atéimpossivel a separaçãod'ellas.Escarificação.
—
Alguns
cirurgiões,querendo
obter a curara-dical dos
tumores
herniarios, faziam escarificações sobre o sacco eem
rodada
aberturado
annel inguinal, afim deobter a obliteração;vendo-se porem,
que
os doentes ficavam expostos aosmesmos
acci-(lentes dos outros processos, foieste despresado.
Passemos
agora a ver os processosempregados
por diversos au~thores.e procurard'entre elles
algum
que
dê lugaracom
facilidade,obter-se
acura
radical dostumores
herniarios.Jameson.
—
Este cirurgiãopunha
em
praticao
seu processoda
maneira
seguinte: introduziana
aberturado anneL
em
que
existiao tumor,onde
se fixapormeio
desutura,uma
lingueta depáo
incom-pletamente separada dos tegumentos circumvisinhos, a qual
preen-che o papel de
uma
rolhamecânica; talé o processoqueM.
Jameson
empregava no
curativo dostumoresherniarios.M, belmas.
—
Este processo consisteem
depois de reduzir o—
u —
pequeno
saccode pelicula e cheiode ar;afim dedistender omais
pos-sível;depoisdevinte equatro horasdeixa-seescapar por intervallos,
oar existente
na
pelicula, e, depois de dez dias, estabelece-seuma
compressãolenta egraduada, durante o espaço de quinze dias, sobre
o
pontoem
que
foi praticada a operação; este cirurgião prova, pormeio
de experiências,que
a pelicula deixa transudar atravez suasparedes,
lympha
plásticacujapresençaé conhecida, eenche
osaccoformado
pelapelicula, á proporçãoque
se vaedando
a sahidado
arque
adistendia. Este processo,com
quanto
tirasse resultadofavorá-vel
em
alguns casos praticados por«M.
Belmas,» todavia falhou enamuitos outros
que foram
feitospelomesmo;
oque
fezcom
que
esteprocesso
eahisseem
desuso.M. valettede
lyon.—
Valette deLyon
praticava a operação dacura radical das hérnias inguinaes
da
maneira
seguinte:uzava de
uma
cavilha deébano
ouca,tendo ovolume
deum
dêdo,pouco
mais,ou
menos
que
serveparalevara pelledo
escrotopara o canalinguinal,aqualé
mantida
ahipormeio
deuma
agulha curva aqual
éintroduzi-da
pela cavidadecentralda
cavilha, e atravessa ocul-de-sactegumentar
da
paredeabdominal
no
niveldo
orifíciosuperiordo
canalherniario.A.extremidaded'estaagulhasaliente para fóra, concorrepara
susten-tar efixar
uma
lamina
metallicaaqualtem
uma
fendalongitudinal,e disposta a
maneira
deserparafusadaporum
parafusoque
ahiexis-tesobrea porção
da
cavilhasituada fórado
pontoonde
existe ainva-ginação
da
pelle; o parafuso apertadocom
o fim decomprimir
ostecidos
que
seacham
comprehendidos
entrea
cavilha ea
placame-tallica, enche-se de
massa
deYiennaa
fenda,que
existena lamina
metallica, e assim mortifica-seo
duplo
tegumenlo
que
representa otrajecto
da
hérnia. Espera-se aquéda da
escara para levantar-se o apparelho, ea cicatrisaçãomantém
melhor
a porçãoda
pelleinva-ginada:
M.
Valette ainda apresentauma
modificaçãono
seupro-cessoe éa seguinte:
um
invaginadorde
ébano,com
dôze a quatorzccentímetrosde