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Relatório de Estágio na Farmácia Boa Hora

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Academic year: 2021

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Farmácia da Boa Hora

(2)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia da Boa Hora

Janeiro a julho de 2015

Ana Teresa Pinheiro Miranda

Orientador: Dr.ª Catarina Andrea Carvalho de Sousa Rodrigues

___________________________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Susana Isabel Pereira Casal Vicente

___________________________________________________

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Eu, Ana Teresa Pinheiro Miranda, abaixo assinado, nº 200903619, aluna do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ___ de _____________ de ______

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço:

Em primeiro lugar, aos meus pais e irmão pelo apoio, educação, carinho e amizade;

À Dr.ª Isabel Cerejeira, proprietária e diretora-técnica da Farmácia da Boa Hora, pela oportunidade que me deu de estagiar na sua farmácia;

À Dr.ª Catarina Rodrigues, minha “mentora”, pelos conhecimentos transmitidos e pela confiança depositada;

Ao Fernando e à Cristiana, por todos os conselhos, pelo companheirismo, amizade e simpatia;

À D.ª Carolina, “sempre a considerar-me”, por me receber de braços abertos, por todo o carinho e apoio.

Foi um privilégio aprender com profissionais que se tornaram um exemplo a seguir.

Agradeço ainda à Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por me terem proporcionado a oportunidade de realizar este estágio, e, em especial, à Prof. Doutora Susana Casal pela orientação durante este período.

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ÍNDICE

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ... II AGRADECIMENTOS ...III ÍNDICE ... IV ÍNDICE DE FIGURAS ... VII ÍNDICE DE TABELAS ... VIII ÍNDICE DE ANEXOS ... IX LISTA DE ABREVIATURAS ... X

INTRODUÇÃO ... 1

PARTE I: Atividades desenvolvidas no estágio ... 2

1. A Farmácia da Boa Hora ... 2

1.1. Localização geográfica ... 2

1.2. Perfil dos utentes ... 2

1.3. Horário de funcionamento... 2 1.4. Recursos humanos ... 2 1.5. Espaço exterior ... 3 1.6. Espaço interior ... 3 1.7. Sistema informático ... 5 1.8. Documentação científica ... 5

2. Classificação dos medicamentos existentes na farmácia ... 5

2.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 5

2.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica... 6

2.2.1. MNSRM de dispensa exclusiva em farmácia ... 6

2.3. Medicamentos manipulados ... 6

2.3.1. Matérias-primas e equipamento ... 7

2.3.2. Manipulação propriamente dita ... 8

2.3.3. Cálculo do preço de venda ao público ... 8

2.4. Medicamentos homeopáticos ... 8

2.5. Produtos para alimentação especial e suplementos alimentares ... 9

2.6. Produtos fitoterapêuticos ... 9

2.7. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos...10

2.8. Produtos e medicamentos de uso veterinário ...10

2.9. Produtos de puericultura ...10

2.10. Dispositivos médicos ...11

3. Dispensa de medicamentos ...11

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3.1.1. Validação da prescrição médica ...12

3.1.2. Avaliação farmacêutica e prestação de informações ao utente ...13

3.1.3. Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência ...13

3.1.4. Regimes de comparticipação de medicamentos ...14

3.1.5. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ...15

3.1.6. Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes ...15

3.2. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica ...15

3.2.1. Indicação farmacêutica ...15

3.2.2. Automedicação ...16

4. Prestação de cuidados de saúde ...16

4.1. Determinação do peso e altura ...17

4.2. Determinação da pressão arterial ...17

4.3. Determinação do colesterol total...17

4.4. Determinação da glicemia ...18

4.5. Teste de gravidez ...18

4.6. Administração de injetáveis e vacinas não incluídas no PNV ...18

4.7. VALORMED e recolha de radiografias...18

4.8. Programas de promoção e educação para a saúde...19

5. Gestão da farmácia ...19

5.1. Encomendas e aprovisionamento ...19

5.1.1. Fornecedores e elaboração de encomendas ...19

5.1.2. Receção de encomendas e armazenamento ...20

5.1.3. Devoluções e reclamações ...21

5.1.4. Prazos de validade ...22

5.2. Receituário ...22

5.2.1. Conferência e processamento do receituário ...22

5.2.2. Entrega de receituário ...23

5.2.3. Devolução do receituário ...23

5.3. Gestão e inovação ...23

6. Formação complementar ...24

7. Cronograma das atividades desenvolvidas no estágio ...25

PARTE II: Temas desenvolvidos no estágio ...26

1. Cuidados com a pele...26

1.1. Proteção solar ...26

1.1.1. Enquadramento ...26

(7)

1.1.4. O farmacêutico e a prevenção do melanoma ...28

1.2. Dermatite seborreica e dermatite atópica ...30

1.2.1. Enquadramento ...30

1.2.2. Dermatite seborreica ...30

1.2.3. O farmacêutico e a dermatite seborreica ...31

1.2.4. Dermatite atópica ...33

1.2.5. O farmacêutico e a dermatite atópica ...34

2. Cuidados e conselhos para o recém-nascido ...35

2.1. Enquadramento ...35

2.2. Dermatite da fralda ...35

2.3. O farmacêutico e a dermatite da fralda ...36

2.4. Crosta láctea ...36

2.5. O farmacêutico e a crosta láctea ...37

2.6. Síndrome de morte súbita do lactente ...37

2.7. O farmacêutico e a síndrome de morte súbita do lactente ...37

2.8. O farmacêutico e outros conselhos úteis para o recém-nascido ...38

3. Estudo estatístico sobre a utilização de produtos fitoterapêuticos ...38

3.1. Enquadramento ...38

3.2. Metodologia ...40

3.3. Resultados ...41

3.4. Discussão dos resultados ...44

CONCLUSÃO ...50

BIBLIOGRAFIA ...51

(8)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Método ABCDE para deteção precoce de melanoma.. ...28

Figura 2 Placa eritematosa, coberta por escama amarela.. ...31

Figura 3 Dermatite atópica nos braços.. ...34

Figura 4 Número de problemas de saúde mencionados pelos inquiridos. ...41

Figura 5 Problemas de saúde mencionados pelos inquiridos. ...42

Figura 6 Número de produtos fitoterapêuticos utilizados pelos inquiridos. ...42

Figura 7 Tempo decorrido desde a primeira utilização. ...42

Figura 8 Patologia/problema para o qual utilizavam o produto fitoterapêutico. ...43

Figura 9 Modo de conhecimento/escolha dos produtos fitoterapêuticos. ...44

Figura 10 Comparação entre problemas de saúde e toma de medicação. ...45

Figura 11 Comparação entre o problema de saúde e o número de fitoterápicos utilizados para esse problema. ...46

Figura 12 Número de pessoas diferentes que comprou cada produto fitoterapêutico. 46 Figura 13 Produtos fitoterapêuticos por frequência de utilização. ...47

Figura 14 Produtos fitoterápicos por duração de utilização. ...47

(9)

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Formação complementar ...24 Tabela 2 Cronograma das atividades desenvolvidas ...25 Tabela 3 Nível de proteção adequada contra raios UVA para cada fototipo cutâneo. .29

(10)

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I Exterior da Farmácia da Boa Hora ...56

Anexo II Interior da Farmácia da Boa Hora. ...56

Anexo III Ficha de preparação do manipulado Solução de Minoxidil a 5%. ...57

Anexo IV Valores de referência de glicemia. . ...58

Anexo V Publicidade à Semana do Coração. ...58

Anexo VI Cartão da Farmácia da Boa Hora. ...59

Anexo VII Montra da FBH durante a semana de determinação do fototipo. ...59

Anexo VIII Classificação de Fitzpatrick. ...60

Anexo IX Panfleto “Sol, aprenda a proteger-se". ...61

Anexo X Panfleto “Pele: dermatite seborreica e dermatite atópica”. ...62

Anexo XI Sugestão de plano para tratamento da pele atópica. ...63

Anexo XII Panfleto “Cuidados e conselhos para o bebé”. ...64

Anexo XIII Inquérito para o estudo estatístico sobre o consumo de produtos fitoterapêuticos. ...65

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS

ANF Associação Nacional de Farmácias

ARS Administração Regional de Saúde

BPF Boas Práticas Farmacêuticas

CCF Centro de Conferência de Faturas

CNP Código Nacional de Produto

CNPEM Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

DCI Denominação Comum Internacional

DGS Direção Geral de Saúde

DL Decreto-Lei

DM Dispositivo médico

DT Diretor Técnico

FBH Farmácia da Boa Hora

FEFO First Expire, First Out

FF Forma farmacêutica

FGP Formulário Galénico Português

FIFO First In, First Out

FP Farmacopeia Portuguesa

GH Grupo Homogéneo

IMC Índice de Massa Corporal

IVA Imposto de Valor Acrescentado

MG Medicamento genérico

MNSRM Medicamento não sujeito a receita médica

MNSRM-DEF Medicamentos não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva

em farmácia

MP Matéria-prima

MSRM Medicamento sujeito a receita médica

MUV Medicamento de uso veterinário

PA Pressão arteiral

PIC Preço impresso na cartonagem

PMA Preço máximo autorizado

PNV Plano Nacional de Vacinação

PV Prazo de validade

(12)

PVP Preço de venda ao público

SI Sistema informático

SMSL Síndrome de Morte Súbita do Lactente

SNS Sistema Nacional de Saúde

SP Suplementos alimentares

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INTRODUÇÃO

O estágio curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas é a etapa final onde se põem à prova todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos 5 anos de formação académica. É o momento de aplicação do conhecimento teórico na realidade prática de uma farmácia comunitária. É essencial para consolidação de conhecimentos já adquiridos e para a aquisição de novas competências.

Em farmácia comunitária, o farmacêutico é o profissional de saúde em quem o público confia e tem uma importância fulcral na dispensa de medicamentos. São da sua responsabilidade os esclarecimentos sobre as interações medicamentosas, contraindicações, efeitos adversos e precauções mais importantes. Deve também promover o uso racional do medicamento, contribuir para a adesão à terapêutica e incentivar a população a um estilo de vida saudável.

Serve este estágio para compreender a verdadeira importância do farmacêutico na comunidade, enfrentando os desafios que advêm do exercício da sua atividade.

Este relatório encontra-se dividido em duas partes. Na primeira parte, são descritas as atividades desenvolvidas e competências adquiridas na Farmácia da Boa Hora, de janeiro a julho de 2015. A segunda parte descreve os trabalhos desenvolvidos no âmbito da atividade farmacêutica.

(14)

PARTE I: Atividades desenvolvidas no estágio

1. A Farmácia da Boa Hora

1.1. Localização geográfica

A Farmácia da Boa Hora (FBH) situa-se na Rua da Boa Hora, nº 80, na União de Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória, na cidade do Porto. Esta união de freguesias foi criada em 2013 no âmbito da reorganização administrativa do território das freguesias [1].

Situa-se perto do Centro Hospitalar do Porto, do Centro Materno Infantil do Norte, da Unidade de Saúde Familiar Bom Porto e do Hospital dos Lusíadas.

1.2. Perfil dos utentes

Por se tratar de uma farmácia existente desde 1957, inserida numa zona habitacional, tornou-se uma farmácia de caráter familiar, em que a maior parte dos utentes são idosos polimedicados, residentes na área, e que frequentam a farmácia há vários anos. Outra parte dos utentes é proveniente dos serviços de saúde próximos à farmácia. Casualmente, aparecem utentes estrangeiros devido à farmácia se situar próximo de uma zona frequentada por numerosos turistas.

Portanto, apesar de a maior parte dos utentes serem habituais, existe também alguma diversidade no que diz respeito à faixa etária, atividade profissional, nível socioeconómico e nacionalidade.

1.3. Horário de funcionamento

De forma a proporcionar um serviço de saúde alargado, a FBH está aberta das 9h às 21h, sem interrupções, de segunda à sexta, permitindo que os utentes se desloquem à farmácia na hora de almoço e em período pós-laboral. Está também aberta aos sábados das 9h às 18h e aos feriados. Respeita assim o exigido pela portaria nº 277/2012, alterada pela portaria nº 14/2013 [2, 3].

Nos dias de serviço permanente, o funcionamento é ininterrupto desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte, sendo o atendimento noturno efetuado pelo postigo. A atribuição da escala de turnos é definida pela Administração Regional de Saúde (ARS) e pela Associação Nacional de Farmácias (ANF), dependendo do número de farmácias disponíveis na região [2].

1.4. Recursos humanos

O Decreto-Lei (DL) nº 171/2012, de 1 de agosto, que veio alterar o DL nº 307/2007, de 31 de agosto, regula o regime jurídico das farmácias de oficina e decreta que a farmácia

(15)

deve dispor de um diretor técnico (DT) e de outro farmacêutico, que podem ser coadjuvados por técnicos de farmácia ou por outro pessoal devidamente qualificado [4, 5].

Assim, a FBH dispõe atualmente de duas farmacêuticas, a Drª Isabel Cerejeira, proprietária, gestora e diretora técnica e a Drª Catarina Rodrigues; e de três técnicos de farmácia, Carolina Neves, Fernando Moreira e Cristiana Silva. Conta ainda com a Dª Isaura como empregada de limpeza.

A equipa é complementada pela equipa de optometria Farma+, presente uma vez por mês na farmácia e por uma nutricionista, presente de quinze em quinze dias.

1.5. Espaço exterior

De acordo com o manual de Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária (BPF), a FBH é facilmente visível e identificável apresentado um letreiro com a inscrição “Farmácia” e uma cruz verde luminosa (Anexo I). Na fachada, encontra-se uma montra de vidro, usada habitualmente para publicitar produtos, marcas ou serviços. Encontram-se ainda disponíveis de forma visível informações sobre o horário de atendimento, direção técnica e farmácias de serviço no município. O acesso ao interior faz-se por uma porta de dispositivo automático, com alarme para prevenir furtos. Lateralmente à entrada existe uma máquina de venda de preservativos [6].

1.6. Espaço interior

Cumprindo com o DL nº 307/207, de 31 de agosto, e com as BPF, as instalações da FBH garantem uma boa acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e pessoal. Estão munidas de um circuito de vigilância, extintores de incêndio e ar condicionado, obedecendo aos requisitos de temperatura (< 25ºC) e de humidade (< 60%) [5, 6].

A FBH divide-se nas seguintes zonas:

a) Zona de atendimento ao público (anexo II) - dispõe de três postos de atendimento equipados com computador, leitor ótico de código de barras, leitor de cartão de cidadão, impressora, caixa registadora e terminal multibanco. Existe também uma máquina de medição da pressão arterial (PA) e pulsações, assim como uma balança eletrónica que faz a relação de IMC. Nesta zona existem também expositores e lineares de diferentes marcas de produtos de puericultura, dermocosmética, para higiene oral e de uso veterinário. Atrás dos postos de atendimento, encontram-se dispostos os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) de elevada rotação, organizados de acordo com a sua utilização e sazonalidade, e a um nível mais baixo, gavetas com alguns

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dispositivos médicos (pulsos, meias elásticas; ligaduras; seringas; material de penso).

b) Zona de atendimento personalizado – esta zona é utilizada para determinação dos parâmetros bioquímicos (determinação da glicemia ou colesterol) e administração de injetáveis ou vacinas ou quando é necessário um atendimento mais discreto. Também se realizam aqui as consultas de nutrição e de optometria. c) Zona de processamento de encomendas – onde se faz a receção e verificação das encomendas estando equipada com um computador, um leitor ótico de código de barras, uma máquina de etiquetas para marcação manual de preços e uma impressora. Aqui, também podemos encontrar todas as informações de encomendas e faturas da farmácia arquivadas.

d) Armazém – existem vários armários com gavetas devidamente identificadas e organizadas por forma farmacêutica (FF) e por ordem alfabética. Nos armários mais próximos da área de atendimento, encontram-se os medicamentos genéricos de FF orais sólidas (comprimidos e cápsulas) por ordem alfabética de Denominação Comum Internacional (DCI), os medicamentos com maior rotatividade, os xaropes, suspensões e soluções orais, os pós para suspensão oral e algumas FF de uso externo (soluções de pulverização cutânea). Nos armários mais distantes, os medicamentos dividem-se por FF, estando neles armazenados FF orais sólidas, granulados, injetáveis, produtos de Protocolo da Diabetes, gotas auriculares, nasais e orais, ampolas bebíveis, FF de uso oftalmológico (colírios e pomadas oftálmicas), FF de uso vaginal (óvulos e comprimidos vaginais), FF de uso externo (sistemas transdérmicos e vernizes medicamentosos), FF de uso retal (supositórios e enemas), pomadas, cremes e géis. Existe ainda uma gaveta destinada ao armazenamento de psicotrópicos e estupefacientes. Nas estantes, encontram-se medicamentos excedentes e dispositivos médicos. Também se verifica a existência de um frigorífico, com porta transparente, permitindo a visualização do exterior, para o armazenamento dos produtos termolábeis.

e) Zona de preparação de manipulados – possui as condições necessárias de iluminação, higiene e segurança e o equipamento mínimo exigido por lei para a preparação, acondicionamento e controlo de medicamentos manipulados, de acordo com a Deliberação n.º 1500/2004, de 7 de dezembro. É também onde se encontra toda a documentação para preparação de manipulados, como fichas de preparação, boletins de análise, folhas de cálculo de preço, legislação e fontes bibliográficas como o Formulário Galénico Português (FGP) [7].

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A FBH dispõe ainda de outras instalações como o gabinete da DT e instalações sanitárias.

1.7. Sistema informático

O sistema informático (SI) da FBH é o Sifarma 2000® da Global Intelligent Technologies (Glintt). Constitui uma ferramenta de trabalho essencial, permitindo aumentar a qualidade do atendimento, pois permite aceder a todas as informações de um medicamento (grupo homogéneo, informações científicas) e permite um acompanhamento do utente habitual da farmácia.

Possui ainda outras funcionalidades como preparação e envio de encomendas, gestão de

stocks, controlo de prazos de validade e outras ferramentas de gestão. Permite, portanto,

minimizar o erro humano.

1.8. Documentação científica

A Farmácia da Boa Hora apresenta um conjunto de fontes bibliográficas, continuamente atualizadas, uma vez que a evolução farmacêutica é constante. Dispõe de fontes obrigatórias por lei, como o Prontuário Terapêutico e a Farmacopeia Portuguesa, mas também de fontes não obrigatórias, como o FGP, o Índice Nacional Terapêutico, as Boas Práticas de Farmácia, entre outros.

É possível ainda aceder a outras estruturas de apoio, como o website do INFARMED, o Centro de Informação de Medicamentos da Ordem dos Farmacêuticos e o Centro de Documentação e Informação de Medicamentos da Associação Nacional de Farmácias. Durante o meu estágio, quando qualquer dúvida me surgia durante o exercício farmacêutico, não hesitava em utilizar estas ferramentas pois dão uma resposta fiável e credível.

2. Classificação dos medicamentos existentes na farmácia

A dispensa de medicamentos é a principal atividade das farmácias comunitárias. Contudo, atualmente, existe uma grande variedade de produtos nas farmácias. A FBH dispõe de vários produtos de saúde como produtos de dermocosmética, suplementos nutricionais, produtos e medicamentos de uso veterinário, dispositivos médicos. Relativamente aos medicamentos, estes são classificados, quanto à dispensa ao público, em Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e em Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica [8].

2.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

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 Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância;

 Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

 Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

 Se destinem a ser administrados por via parentérica.

Dentro dos MSRM existem distinções, sendo elas os medicamentos de receita médica renovável, os medicamentos de receita médica especial e os medicamentos de receita médica restrita. Os medicamentos de receita médica especial são os que contenham uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico, nos termos do DL n.º 15/93, de 22 de janeiro, ou que possam dar origem a riscos de abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais. Os medicamentos de receita médica restrita podem ser medicamentos de uso hospitalar exclusivo, destinarem-se a patologias cujo diagnóstico seja efetuado apenas em meio hospitalar ou estabelecimentos diferenciados com meios de diagnóstico adequados ou destinarem-se a pacientes em tratamento ambulatório [9-11].

2.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

São considerados MNSRM todos os que não se enquadrem em qualquer uma das situações referidas para os MSRM. Podem ser comercializados em farmácias ou em locais de venda devidamente autorizados para o efeito, sendo por isso também chamados de medicamentos de venda livre [9, 11].

2.2.1. MNSRM de dispensa exclusiva em farmácia

Os medicamentos não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia (MNSRM-DEF) são MNSRM que, atendendo às suas indicações ou perfil de segurança, exigem a intervenção do farmacêutico no momento da sua dispensa. A deliberação n.º 25/CD/2015, que veio atualizar a deliberação 24/CD/2014, determina os MNSRM-DEF [11-13].

2.3. Medicamentos manipulados

Define-se como medicamento manipulado qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico [14].

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Atualmente, os medicamentos manipulados são cada vez menos requisitados. Surgem apenas quando existe necessidade de personalização do tratamento, sobretudo em situações em que não existe no mercado um medicamento que cumpra os requisitos desejados para o tratamento. São particularmente úteis em casos em que os utentes são alérgicos ou intolerantes a alguma substância ou quando são necessárias doses ou formas farmacêuticas com determinada substância ativa que não são comercializadas. São essencialmente prescritos por dermatologistas ou pediatras. Estes medicamentos podem ser comparticipados pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS), caso não exista no mercado uma especialidade farmacêutica com igual SA na FF pretendida, caso exista necessidade de adaptações de dosagens ou caso exista uma lacuna terapêutica a nível dos medicamentos preparados industrialmente. Os medicamentos listados no Anexo do Despacho n.º 18694/2010, de 18 de novembro, são comparticipados em 30% do respetivo Preço de Venda ao Público (PVP) [15].

Na Farmácia da Boa Hora, foi-me possível preparar três manipulados diferentes:

 Solução de minoxidil a 5% de uso capilar para problemas de queda de cabelo relacionados a calvície, bastante requisitado na FBH (Anexo III);

 Pomada de Diprosone creme + vaselina sólida, indicada no alívio das manifestações de inflamação e comichão associadas a inflamações na pele;  Pomada de vaselina enxofrada, indicada no tratamento da escabiose.

Este último manipulado não tinha sido ainda preparado na farmácia. Neste caso, recorremos à pesquisa de formulações que apresentassem a mesma FF e composição semelhante, bem como sobre as caraterísticas das matérias-primas (MP) a utilizar, como interações, incompatibilidades, solubilidade e caraterísticas físico-químicas. Para esclarecer dúvidas pontuais, recorríamos também ao FGP ou à Farmacopeia Portuguesa (FP).

2.3.1. Matérias-primas e equipamento

A Farmácia da Boa Hora dispõe do equipamento mínimo obrigatório estabelecido por lei e as matérias-primas necessárias para a preparação de medicamentos manipulados. No que concerne às matérias-primas e material de embalagem utilizadas, devem estar inscritos na Farmacopeia Portuguesa ou em Farmacopeias de outros Estado-Membros da União Europeia [7, 16].

Quando uma matéria-prima é recebida na FBH, confere-se o boletim de análise que acompanha a matéria-prima e a integridade da embalagem, sendo depois rececionada como outro produto qualquer. Existe ainda uma capa, organizada por ordem alfabética, com fichas de registo de movimento de matérias-primas, às quais se anexa o boletim de

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análise respetivo. Estas fichas permitem um controlo de utilização/saída das matérias-primas e prever a quantidade que ainda se encontra na embalagem.

2.3.2. Manipulação propriamente dita

A prescrição médica de um manipulado deve ser apresentada num modelo normal de receita, na qual deve constar apenas a fórmula requerida, acompanhada da indicação FSA, “faça segundo a arte”, ou “manipulado”. Deve ser confirmado se as matérias-primas constam da farmacopeia oficial e se a formulação se encontra no FGP, ou outro reconhecido por lei, antes da preparação do medicamento, para uma preparação segura e correta. É fundamental respeitar as boas práticas de manipulação [6].

É preenchida uma ficha de preparação, onde constam todas as matérias-primas utilizadas, os lotes respetivos e quantidades, a forma de preparação do medicamento e o material utilizado. As fichas de preparação ficam posteriormente armazenadas na farmácia. O rótulo da Farmácia da Boa Hora apresenta o nome do medicamento, o prazo de validade, a identificação da farmácia, o número de lote e o PVP.

2.3.3. Cálculo do preço de venda ao público

O calcula do PVP obedece ao disposto na Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho, e é calculado com base no custo das matérias-primas, do material de embalagem e valor dos honorários. Assim sendo, o PVP é calculado segundo a seguinte fórmula:

PVP = (valor das matérias-primas + valor do material de embalagem + valor dos honorários) x 1,3.

A este valor acresce o IVA à taxa em vigor. Para o cálculo do valor das matérias-primas, este é determinado multiplicando o valor da sua aquisição por um fator que varia consoante a maior das unidades em que estas foram utilizadas/dispensadas. O valor do material de embalagem é determinado por multiplicação do preço de aquisição por 1,2. Por fim, para o cálculo do valor dos honorários utiliza-se o Fator F, que se trata de um valor fixo que é atualizado anualmente e que é multiplicado por outro fator em função da FF e quantidade preparada [17].

2.4. Medicamentos homeopáticos

Um medicamento homeopático é um medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode ter vários princípios. Regra geral, são considerados MNSRM [8].

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Na Farmácia da Boa Hora, a disponibilidade deste tipo de produtos é reduzida, podendo ser obtidos através de um pedido ao armazenista, se o utente o desejar.

2.5. Produtos para alimentação especial e suplementos alimentares

Os produtos para alimentação especial distinguem-se claramente dos alimentos de consumo corrente, devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico. Correspondem às necessidades nutricionais especiais das pessoas cujo processo de assimilação ou cujo metabolismo se encontrem perturbados ou pessoas que se encontram em condições fisiológicas especiais e que podem retirar benefícios especiais de uma ingestão controlada de determinadas substâncias nos alimentos [18]. Os suplementos alimentares (SP) são “géneros alimentícios que se destinam a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes (…)”. A autoridade competente que regula os suplementos alimentares é o Gabinete de Planeamento de Políticas do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território [18, 19].

O farmacêutico tem um papel chave no aconselhamento destes produtos, devendo incentivar sempre a manutenção de uma alimentação saudável, e dispensar o SP adequado ao objetivo, sexo, idade e estado de saúde do utente. Na FBH, podem encontrar-se vários produtos para alimentação especial, principalmente para doentes anoréxicos ou com debilidade física, como é o caso do Fortimel®. Quanto aos SP, os mais requisitados são os de emagrecimento e os que se destinam à melhoria do desempenho físico e mental.

2.6. Produtos fitoterapêuticos

Os produtos fitoterapêuticos ou “medicamentos à base de plantas” são regulados pelo DL n.º 176/2006, de 30 de agosto, e correspondem a qualquer medicamento que tenha exclusivamente como SA uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais preparações à base de plantas [9].

A procura de produtos fitoterapêuticos tem vindo a aumentar, verificando-se na FBH uma grande solicitação com diversas finalidades, principalmente o emagrecimento. Foi efetuado um estudo sobre o consumo destes produtos, estudo esse que será analisado mais à frente.

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2.7. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos

Os produtos cosméticos são preparações destinadas a serem colocadas em contato com as partes superficiais do corpo humano ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de as limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais. O seu fabrico, controlo, segurança e cumprimento da legislação aplicável aos produtos cosméticos é da exclusiva responsabilidade da pessoa responsável pelo produto [20-22].

Estes produtos não são comparticipados mas são muitas vezes prescritos pelos médicos nas mais variadas condições dermatológicas, como a psoríase e o acne. No entanto, a procura autónoma nesta área é cada vez maior, e, por isso, o farmacêutico deve manter-se atualizado sobre as diferentes marcas e suas especificidades, de forma a dar o aconselhamento mais indicado ao utente. Na FBH, os utentes procuravam maioritariamente produtos relacionados com os cuidados de hidratação da pele, proteção solar, pele madura e pele acneica. De forma a manter-me atualizada e mais preparada para o aconselhamento ao utente, foi-me dada a possibilidade pela FBH de realizar algumas formações nesta área.

2.8. Produtos e medicamentos de uso veterinário

Um medicamento de uso veterinário (MUV) é “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [23, 24].

Na Farmácia da Boa Hora, existem muitos utentes com animais de estimação, por isso os MUV são bastante requisitados, sendo de salientar os antiparasitários externos e internos e anticoncecionais para cães e gatos. Ocasionalmente, aparecem outros pedidos, como antieméticos orais para cães e suplementos.

2.9. Produtos de puericultura

Os produtos de puericultura são “qualquer produto destinado a facilitar o sono, o relaxamento, a higiene, a alimentação e a sucção das crianças” [25].

A Farmácia da Boa Hora situa-se perto da Maternidade Júlio Diniz, logo existe um elevado número de utentes que procuram produtos de puericultura. Destes é de destacar os produtos para prevenção e tratamento das dores dos mamilos e fissuras mamilares, como os cremes de lanolina; os biberões e chupetas e os produtos de higiene corporal.

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2.10. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos (DM) são “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação (…), cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos”. São destinados a ser utilizado em seres humanos para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença. Classificam-se em DM de classe I (baixo risco), classe IIa (médio risco), classe IIb (médio risco) e classe III (alto risco) [26].

Os dispositivos médicos mais vendidos na FBH são: ligaduras, meias de compressão, luvas de exame, adesivos, algodão hidrófilo, ligaduras elásticas, seringas com agulha, dispositivos intrauterinos, preservativos, soluções para lentes de contato, lágrimas artificias, entre outros.

3. Dispensa de medicamentos

A dispensa de medicamentos é a fase mais importante do circuito do medicamento, sendo que esta se baseia na venda e disponibilização de um medicamento ou produto farmacêutico. Esta dispensa deve ser acompanhada de um correto aconselhamento, tanto a nível farmacológico como não farmacológico, não se tratando apenas de uma venda de produtos.

3.1. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica

Tal como o nome indica, os MSRM necessitam de uma prescrição médica, materializada numa receita, para serem dispensados numa farmácia. Esta prescrição de medicamentos, incluindo manipulados e estupefacientes e psicotrópicos, tem de ser feita no modelo de receita médica aprovado pelo Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro [27, 28].

A prescrição de medicamentos deve ser efetuada de forma eletrónica com o objetivo de aumentar a segurança no processo de prescrição e dispensa e agilizar processos. No entanto, a prescrição em papel mantém-se até se atingir a desmaterialização do processo. As receitas eletrónicas podem ser renováveis com validade de seis meses, contendo até três vias, devendo ser impressa a indicação da respetiva via. Apenas podem ser prescritos em receita renovável, os medicamentos que se destinem a tratamentos de longa duração (medicamentos que constam da tabela 2 da Portaria n.º 1471/2004, de 21 de dezembro, na sua atual redação - Deliberação n.º 173/CD/2011, de 27 de outubro) e os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus. No caso de se tratar de uma receita não renovável, esta tem uma validade de trinta dias desde a data da prescrição [28-30].

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Existe ainda a receita manual, na qual o médico prescritor tem que assinalar a exceção legal que o obrigou a utilizar este tipo de receitas. Existem quatro tipos de exceção: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio e até 40 receitas/mês. Tem uma validade de 30 dias seguidos [28].

A prescrição tem de ser efetuada pela Denominação Comum Internacional (DCI), salvo algumas exceções.

Após a dispensa do medicamento, no verso da receita é impresso o documento de faturação, onde consta toda a informação da venda, incluindo o PVP dos medicamentos, o valor da comparticipação e o valor ao encargo do utente. Existe ainda uma declaração em como o utente recebeu os medicamentos e as informações necessárias e também se exerceu o direito de opção (se aplicável), a qual o utente deve assinar. O responsável pela dispensa deve depois carimbar, datar e assinar também no verso da receita.

3.1.1. Validação da prescrição médica

Para que o farmacêutico possa aceitar a receita eletrónica e dispensar os medicamentos nela contidos, a prescrição tem que ser efetuada pela DCI da substância ativa e ainda tem que constar a forma farmacêutica, dosagem e dimensão da embalagem, devendo ser indicada a posologia. A prescrição só pode ser feita pelo nome comercial se não existir nenhum medicamento comparticipado similar ao de marca, ou se estiver presente alguma das seguintes justificações: medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito; reação adversa prévia a um medicamento com a mesma substância ativa; quando o medicamento assegura a continuidade de um tratamento superior a 28 dias. Em cada receita podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos, num total de quatro embalagens por receita. No máximo podem ser prescritas duas embalagens por medicamento, exceto no caso do medicamento prescrito se apresentar sob a forma de embalagem unitária podendo, neste caso, ser prescritas quatro embalagens. Na receita deve constar ainda: número da receita, identificação do médico prescritor, dados do utente, comparticipações especiais, data da prescrição e assinatura do médico prescritor [31, 32].

Na receita manual deve constar os mesmos itens que a receita eletrónica e ainda a vinheta do médico prescritor e a exceção legal assinalada; não pode conter rasuras nem caligrafias diferentes, a prescrição não pode ser feita a lápis nem com canetas diferentes e não é permitida mais do que uma via da receita manual [31, 32].

Na FBH, as situações mais frequentes para recusa da receita eram a falta de assinatura do prescritor ou o prazo de validade já ter terminado.

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3.1.2. Avaliação farmacêutica e prestação de informações ao utente

Após verificar se a receita é válida, o farmacêutico deve interpretar a terapia prescrita, ou seja, verificar se a dose, posologia e duração do tratamento são os mais indicados ao utente e à sua patologia. É também importante avaliar interações medicamentosas, contraindicações e precauções relevantes. Caso se tratem de medicamentos que o utente já toma habitualmente, o farmacêutico deve verificar se existe adesão à terapêutica e a existência de reações adversas. Deve ser também mencionado os cuidados a ter na conservação domiciliária do medicamento, pois, muitas da vezes, não é o mais correto. Se surgir alguma questão no momento de dispensa dos medicamentos, o médico deve ser contactado para esclarecimento, uma vez que a saúde do utente é prioritária.

No ato da dispensa, o farmacêutico tem que informar o utente da existência de medicamentos genéricos similares ao prescrito, comparticipados pelo SNS, e qual o mais barato; caso não existam genéricos, o utente deve ser informado sobre qual o medicamento comercializado mais barato, similar ao prescrito; e, ainda, o utente deve ser informado sobre o seu direito de opção. Com a implementação da prescrição eletrónica por DCI surgiu o Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM). Este código, atribuído pelo INFARMED, permite a identificação dos medicamentos que cumprem a prescrição médica [28].

Pude verificar durante o meu estágio na FBH, que alguns dos utentes ainda têm dúvidas sobre a escolha entre medicamentos genéricos e de marca. É nestes momentos que o farmacêutico deve esclarecer o utente, informando do seu direito de opção. Caso o utente seja habitual e já tenha tomado anteriormente a medicação prescrita, é possível aceder ao histórico de vendas no SI, de forma a dispensar sempre o mesmo laboratório. Deve ser explicado ao utente de forma clara como tomar os medicamentos prescritos, recorrendo a apoios alternativos, como escrever nas caixas. Finalmente, deve-se questionar o utente sobre se ainda restam dúvidas e caso existam esclarece-las.

3.1.3. Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência

Medicamento genérico (MG) é um medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência tenha sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados. Regra geral, o seu preço é significativamente inferior ao do medicamento de marca [33].

O Sistema de Preços de Referência (SPR), em vigor desde março de 2003 e estabelecido pelo DL n.º 270/2002, de 2 de dezembro, aplica-se aos medicamentos comparticipados incluídos em grupos homogéneos (GH). Cada GH é constituído pelo

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conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em SA, FF, dosagem e via de administração, no qual se inclua pelo menos um MG existente no mercado. O preço de referência de cada GH corresponde à média dos cinco preços mais baixos dos medicamentos que integram cada GH. Este cálculo é feito com base em cinco preços distintos, o que pode corresponder a mais de cinco medicamentos, independentemente de serem MG. Posteriormente, o valor pago pelo utente é resultado da aplicação da taxa de comparticipação ao preço de referência do GH, ou seja, trimestralmente, o que poderá alterar a comparticipação do SNS, informação que deve ser disponibilizada ao utente [34, 35].

3.1.4. Regimes de comparticipação de medicamentos

A comparticipação de medicamentos tem como objetivo garantir o acesso ao medicamento a toda a população, uma vez que permite a redução de encargos por parte do utente. O que faz variar a percentagem de comparticipação dos medicamentos são os acordos pré-estabelecidos entre as várias entidades de saúde.

O SNS é a entidade que abrange maior número de utentes e está dividido em quatro escalões: escalão A (90%), escalão B (69%), escalão C (37%) e escalão D (15%). Os beneficiários do regime especial são pensionistas, cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante. Para estes utentes, a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos integrados no escalão A é acrescida de 5% (95%) e é acrescida de 15% nos escalões B (84%), C (52%) e D (30%). A comparticipação do Estado no preço dos medicamentos para estes pensionistas é ainda de 95% para o conjunto dos escalões, para os medicamentos cujos preços de venda ao público sejam iguais ou inferiores ao 5.º preço mais baixo do grupo homogéneo em que se inserem [28, 36].

A comparticipação do Estado no preço de medicamentos utilizados no tratamento de determinadas patologias ou por grupos especiais de utentes é definida por despacho do membro do Governo responsável pela área da Saúde e, assim, diferentemente graduada em função das entidades que o prescrevem ou dispensam. No entanto, a comparticipação do medicamento pode ser restrita a determinadas indicações terapêuticas fixadas no diploma que estabelece a comparticipação sendo que para assegurar o seu cumprimento, o prescritor deve mencionar na receita expressamente o diploma correspondente. No caso da psoríase, os medicamentos listados no Anexo A da Lei n.º 6/2010, de 7 de maio, têm direito a 90% de comparticipação; e no caso dos doentes com lúpus, hemofilia ou hemoglobinopatias, de acordo com o Despacho n.º

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Durante o meu estágio verifiquei também a existência de complementaridades, ou seja, a comparticipação dos medicamentos é dividida entre diferentes organismos. Destes, os mais comuns na FBH, são: o Sindicato dos Bancários (SAMS) e EDP-Sãvida.

3.1.5. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos contendo uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópica (compreendidas nas tabelas I a II anexas ao Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, cuja última atualização consta na Lei n.º 22/2014, de 28 de abril) têm que ser prescritos isoladamente, ou seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos. Estes medicamentos têm que ser prescritos nas receitas eletrónicas identificadas com RE – receita especial [10, 28, 39].

O SI, ao reconhecer que se trata de um medicamento psicotrópico ou estupefaciente, obriga ao preenchimento de determinadas informações como: nome do médico prescritor; nome e morada do doente e nome, morada, nº de identificação e data de nascimento do adquirente. A farmácia tem que guardar a cópia destas receitas durante três anos [28].

3.1.6. Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes

O Programa Nacional de Controlo da Diabetes existe, em Portugal, desde a década de 70, tendo sido revisto em 1998 pela Direção Geral de Saúde (DGS). Atualmente estão estabelecidos preços máximos de venda ao público para tiras-teste de glicemia, cetonemia e cetonúria, seringas, lancetas e agulhas. O SNS comparticipa em 85% as tiras-teste e em 100% as seringas, lancetas e agulhas [40].

3.2. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica

3.2.1. Indicação farmacêutica

A indicação farmacêutica é o “ato profissional pelo qual o farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um MNSRM e/ou indicação de medidas não farmacológicas, com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde considerado como um transtorno menor ou sintoma menor, entendido como problema de saúde de carácter não grave, autolimitante, de curta duração, que não apresente relação com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente” [6].

Os utentes recorrem cada vez mais aos farmacêuticos para alívio e tratamento de problemas de saúde ligeiros e sem grande gravidade. O farmacêutico deve, para além do motivo principal de queixa do utente, questioná-lo sobre outros sintomas e duração dos mesmos. Também é importante questionar sobre problemas de saúde, outros medicamentos que já toma ou alergias medicamentosas prévias. Depois de analisar esta informação, o farmacêutico pode prosseguir para a seleção do MNSRM ou encaminhar o

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utente para o médico. Se a escolha for a dispensa do medicamento, deve-se ter sempre em conta a seleção da SA, a FF, a dose, a posologia e a duração do tratamento, adequando a terapêutica ao utente em questão. Ao utente deve ser dada toda a informação relevante de forma clara e, sempre que possível, aconselhar medidas não farmacológicas que podem ajudar a complementar o tratamento e a evitar o aparecimento do mesmo problema.

Na FBH, as situações em que me foi mais vezes solicitada a indicação terapêutica foram a constipação/gripe, dores musculares e onicomicose.

3.2.2. Automedicação

A automedicação é a instauração de um tratamento medicamentoso por iniciativa própria do doente. Nesta situação o farmacêutico deve orientar a utilização ou não do medicamento solicitado pelo doente, contribuindo para que a automedicação se realize sob uma indicação adequada e segundo o uso racional do medicamento [6].

Esta prática tem aumentado nos últimos anos devido à acessibilidade do utente a informação sobre medicamentos e também devido às campanhas publicitárias dos MNSRM. Pode ter vantagens, pois evita a ida a uma consulta médica, diminuindo os encargos por parte do utente e não sobrecarregando o SNS por causa de um problema de saúde menor. Contudo, pode acarretar consequências que resultam da utilização inadequada dos medicamentos por falta de cultura farmacoterapêutica por parte do utente, algo que o farmacêutico pode solucionar indicando a posologia mais adequada. Se os sintomas persistirem ou se agravarem, o médico deve ser consultado. Não se devem automedicar bebés, grávidas e lactentes.

4. Prestação de cuidados de saúde

Uma farmácia comunitária não deve ter como objetivo único a distribuição de medicamentos à população, sendo importante a prestação de outros serviços. A prestação de cuidados farmacêuticos visa a melhoria dos resultados terapêuticos, com base na prevenção, gestão da doença e melhoria da qualidade de vida de utentes com certas patologias. Estes serviços farmacêuticos são definidos pela Portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro [41].

Na FBH estão disponíveis serviços como: medição do peso, altura e índice de massa corporal (IMC), pressão arterial, colesterol total, glicemia. Fazem-se ainda testes de gravidez e administram-se alguns injetáveis.

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4.1. Determinação do peso e altura

Como referido anteriormente, a FBH dispõe, na sua área de atendimento, de uma balança onde os utentes podem medir o seu peso e altura. A acompanhar estas duas medidas, a balança fornece também o IMC atual e os valores ideais. Caso se justifique, o farmacêutico pode aconselhar uma consulta de nutrição, existente na farmácia de 15 em 15 dias.

4.2. Determinação da pressão arterial

Na FBH, os utentes podem efetuar a determinação da PA num medidor automático. Só necessita de se sentar, colocar o braço no local apropriado e esperar que a medição se realize. No final, é impresso um registo dos valores da pressão sistólica, diastólica e pulsações por minuto. Antes da medição, o utente deve descansar cerca de 5 a 10 minutos, especialmente se evidenciar sinais de cansaço. Durante a medição, deve permanecer sentado, em silêncio e sem contrair a musculatura do braço.

Devido a sua proximidade com o utente, o farmacêutico deve alertar os utentes hipertensos para a importância do cumprimento da terapêutica instituída, bem como a adoção de um estilo de vida saudável, como a cessação tabágica, a prática de exercício físico, a redução da ingestão de bebidas alcoólicas e a diminuição do consumo de sal. O controlo da pressão arterial deve ser feito regularmente.

4.3. Determinação do colesterol total

A determinação do colesterol total, na FBH, é realizada através da punção capilar, com recurso ao equipamento Accutrend CGT. Pode ser efetuado a qualquer hora do dia. Os valores de referência estão estabelecidos pela European Guidelines on Cardiovascular

Disease (2012) e o valor de colesterol total deve ser menor que 190mg/dL [42].

Primeiramente, é necessário limpar o dedo em que se irá fazer a punção, removendo ao máximo a gordura existente para diminuição das interferências no teste. Após a punção, deve-se obter uma quantidade de sangue suficiente para cobrir todo o campo de análise da tira reativa, para evitar que a medição dê erro ou um valor inferior ao real. Após a introdução da tira no equipamento, deve-se aguardar 3 minutos para obtenção do resultado. Se o valor da determinação for muito superior ao normal e se nas determinações anterior o mesmo já se verificar, o utente deve ser encaminhado para o médico.

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4.4. Determinação da glicemia

A determinação da glicemia é essencial para o controlo da diabetes e para o seu diagnóstico precoce, evitando complicações mais graves. Os valores de referência estão estabelecidos pela OMS (Anexo IV).

Para esta determinação utiliza-se o método da punção capilar e o utente deve apresentar um jejum de, pelo menos, 8 horas. O equipamento utilizado é Accu chek Aviva ou Freestyle freedom lite. Nos utentes que apresentem fatores de risco, o farmacêutico deve prestar conselhos para a prevenção da diabetes, tais como adoção de estilo de vida saudável, controlo do peso e atividade física regular. Caso se suspeite de diabetes, o utente deve ser reencaminhado para o médico. Os utentes já diagnosticados devem ser alertados para os perigos da hiper e hipoglicemia e para as complicações da doença. Deve-se promover a autovigilância da glicemia, ensinando a utilizar corretamente os equipamentos, e a adesão à terapêutica.

4.5. Teste de gravidez

Os testes de gravidez permitem a determinação qualitativa e rápida da gonadotrofina coriónica humana (hCG) na urina. Apesar de a maioria das utentes preferir realizar este teste em casa, também é possível realizá-lo na farmácia. O teste deve ser feito a partir do primeiro dia de atraso da menstruação para se evitar falsos negativos, devido a níveis indetetáveis de hCG na urina. A tira deve ser imersa na amostra durantes alguns segundos, sendo de seguida colocada numa superfície plana. O tempo de espera do resultado varia consoante os diferentes testes de gravidez. Caso não se desenvolva nenhuma linha, o teste deve ser rejeitado. Se apenas aparecer uma linha, a linha de controlo, o teste é negativo. Caso apareçam duas linhas, a linha de controlo e a linha de teste, o teste é positivo.

4.6. Administração de injetáveis e vacinas não incluídas no PNV

As farmácias podem prestar serviços como a administração de injetáveis (como o Voltaren®) e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação (PNV) (como a vacina da gripe), de acordo com o disposto na Portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro. Isto acontece desde que exista na farmácia um espaço destinado ao efeito e profissionais de saúde devidamente habilitados, requisitos que a Farmácia da Boa Hora reúne [41].

4.7. VALORMED e recolha de radiografias

A VALORMED é a sociedade responsável pela recolha e gestão dos resíduos de medicamentos fora de uso e cujo prazo de validade já foi ultrapassado e de embalagens

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armazenistas. Quando estão cheios, são selados, pesados e efetuado o seu registo pelo colaborador responsável. Posteriormente, são levados novamente pelos armazenistas para posterior incineração ou reciclagem. A criação deste sistema de gestão de resíduos veio dar resposta a problemas de saúde pública, pois evita que os resíduos fiquem acessíveis como os resíduos urbanos normais, tornando seguro o processo de recolha e tratamento. Assim, o farmacêutico deve difundir esta mensagem pela população em geral e incentivar os utentes a deixarem na farmácia as embalagens e medicamentos fora de uso [43].

Durante o meu estágio, a FBH encontrava-se também a recolher radiografias usadas. Esta campanha decorre de uma parceria com a Assistência Médica Internacional (AMI) para angariação de fundos para fins humanitários [44].

4.8. Programas de promoção e educação para a saúde

A promoção da saúde trata-se de um processo ativo que pretende alertar a população para comportamentos de risco e complicações resultantes de estilos de vida não saudáveis. O farmacêutico tem um papel essencial na transmissão desta informação, devido à proximidade com o utente, sendo capaz de sensibilizar para a aquisição de estilos de vida mais saudáveis [45].

De 11 a 16 de maio, a FBH organizou a Semana do Coração (Anexo V). Foi possível medir gratuitamente o peso, altura, IMC, PA e ritmo cardíaco. Houve ainda preços e ofertas especiais na compra de tensiómetros.

5. Gestão da farmácia

5.1. Encomendas e aprovisionamento

Esta fase é fundamental para o bom funcionamento da farmácia. É necessário ter em conta as suas necessidades, visto que elas diferem de farmácia para farmácia, dependendo dos utentes que as frequentam. A existência de um SI é de uma importância extrema, de maneira a evitar situações indesejáveis, como rutura de stocks, acumulação de excedentes ou produtos com prazo de validade a terminar.

5.1.1. Fornecedores e elaboração de encomendas

A escolha do fornecedor deve ter em conta diversos aspetos: localização do mesmo, condições comerciais, qualidade e frequência do transporte, condições de pagamento e processamento do processo de devoluções. A FBH utiliza essencialmente a Plural para efetuar as suas encomendas diárias. Ocasionalmente, e caso existam produtos esgotados, solicita algumas encomendas de volume menor à Alliance, Cooprofar, OCP Portugal ou Medicanorte, para que não exista rutura de stocks. São também efetuadas

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encomendas diretamente aos laboratórios, normalmente em quantidades maiores, pois essa situação pode ser mais vantajosa para a farmácia em termos de preços e bonificações.

A realização das encomendas é efetuada três vezes por dia (antes das 13h, antes das 18h e antes das 21h) através do computador. Quando, por insuficiência ou inexistência de stock, não se consegue satisfazer as necessidades do utente, é possível efetuar uma encomenda diretamente por telefone. Nas encomendas diárias, o SI sugere automaticamente requisitar os produtos que são vendidos até à hora de validar a encomenda. No entanto, cabe sempre ao colaborador responsável avaliar as quantidades pedidas e adicionar os produtos que entender necessários, tendo sempre em conta bonificações, produtos que se encontram esgotados, variações sazonais e dias de serviço permanente.

Durante o meu estágio, fiz várias vezes a encomenda diária e também várias encomendas via telefone ao fornecedor (encomendas manuais).

5.1.2. Receção de encomendas e armazenamento

Na receção de encomendas existem vários fatores a ter em conta. Primeiramente, é necessário comparar o número de volumes entregues com os que estão descritos na guia e se, a acompanhar as encomendas, estão as respetivas faturas. Nestas consta a identificação do fornecedor e da farmácia, o número da fatura, a data, o código e designação do produto, quantidade pedida e enviada, o imposto de valor acrescentado (IVA) de cada produto, preço de venda faturado (PVF), o PVP, eventuais descontos ou bonificações, o custo total líquido e bruto. Também devemos verificar imediatamente se existem produtos que necessitam de condições especiais de conservação (como os produtos que necessitam de refrigeração) e guardá-los de imediato, conferindo as suas quantidades e PVP com os da fatura e anotando o prazo de validade (PV). O SI permite a receção de encomendas, sendo selecionado o número da encomenda a rececionar e indicado o número da fatura e o valor total faturado. Seguidamente, é necessário introduzir os produtos através do leitor ótico ou por introdução do Código Nacional de Produto (CNP). Caso o produto seja novo na farmácia, existe a necessidade de criar a ficha do produto, introduzindo dados como PVP e stock mínimo e máximo. Durante a receção da encomenda, deve-se ter em atenção o estado de conservação dos produtos, a quantidade recebida, os prazos de validade (que devem ser registados no SI) e o preço impresso na cartonagem (PIC). A indicação do PVP na rotulagem dos medicamentos é obrigatória, conforme o disposto na Lei n.º 25/2011, de 16 de junho. Para os produtos que não apresentam PIC, o SI calcula o preço segundo as margens da farmácia e o IVA

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e só é necessário colar a etiqueta na embalagem manualmente. No final da receção, a fatura é assinada e arquivada em local próprio [46].

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos são rececionados de igual forma, mas, anexada à fatura, é enviada uma Requisição de Estupefacientes e Psicotrópicos. Esta é também arquivada.

Regra geral, os produtos estão armazenados por ordem alfabética e segundo o princípio

First In First Out (FIFO), ou seja, o produto que chega primeiro à Farmácia da Boa Hora é

o primeiro que é dispensado ao utente. No entanto, em produtos com baixa rotatividade, é importante considerar o princípio First Expire First Out (FEFO), onde o primeiro produto a ser dispensado é o que tem prazo de validade mais próximo do seu término. Como já referido, os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes estão guardados numa gaveta à parte, para garantir a sua segurança. Quanto aos produtos de dermofarmácia e cosmética, expostos na zona de atendimento da farmácia, são dispostos da forma mais apelativa e agradável possível, sendo necessário retirar os produtos das caixas ou colocar um alarme, para evitar situações de furto.

A receção de encomendas e o armazenamento foram a minha primeira tarefa durante o estágio na FBH. Permitiram que familiarizar-me com os medicamentos, podendo consultar os folhetos informativos ou o SI, sempre que surgisse alguma dúvida. Também me ajudou a compreender a organização e arrumação dos medicamentos, para que depois, na fase do atendimento, fosse mais rápido encontra-los.

5.1.3. Devoluções e reclamações

A devolução de produtos é uma constante na FBH, ocorrendo diariamente. Os motivos desta devolução podem ser: produtos pedidos por engano, produtos não encomendados, produtos com PIC diferente do preço máximo autorizado (PMA), embalagens danificadas, produtos retirados do mercado, produtos com prazo de validade a terminar, entre outros. É emitida pelo SI uma nota de devolução em triplicado, assinada e carimbada, e enviadas duas cópias ao fornecedor. A terceira via fica arquivada na farmácia. De seguida, o fornecedor em questão pode enviar um produto em substituição do devolvido ou pode ser emitida uma nota de crédito pelo armazenista. O fornecedor pode também não aceitar a devolução e enviar o produto novamente para a farmácia, sendo necessária efetuar a quebra do produto no SI.

Nos casos em que existam produtos faturados mas não enviados na encomenda, é necessário efetuar uma reclamação para o fornecedor, habitualmente por telefone.

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5.1.4. Prazos de validade

Os prazos de validade são verificados regularmente, sendo impressa uma lista com prazos de validade a terminar em 180 dias. O prazo de validade é depois confirmado produto a produto se corresponde ao que se encontra no SI. Os produtos do protocolo da diabetes são retirados 120 dias antes do término do prazo de validade, os de veterinária 90 dias antes e os restantes medicamentos 30 dias antes.

5.2. Receituário

Os MSRM constituem a maior parte das vendas efetuadas na farmácia. O elevado número de receitas requer uma conferência minuciosa das mesmas, sendo depois separadas por organismos de comparticipação. Cada lote é composto por 30 receitas, à exceção do último lote do mês, que poderá ter um número inferior.

5.2.1. Conferência e processamento do receituário

Na FBH, a conferência ocorre ao longo do mês. Idealmente deve ocorrer pouco tempo após a dispensa, permitindo que eventuais erros no aviamento sejam detetados precocemente facilitando a sua resolução. Por exemplo, um engano na dosagem de um medicamento pode ser resolvida sem que o utente tome a medicação errada, através de contato rápido. Alguma inconformidade na receita deve ser corrigida pelo farmacêutico e devidamente justificada no verso da receita. Se necessário, o utente deve ser contatado. Atualmente, com a introdução das receitas eletrónicas, é menos provável ocorrer um erro humano na dispensa da medicação. A conferência do receituário consiste na verificação dos parâmetros legais referidos anteriormente, no ponto 3.1.1., da parte I do relatório. Depois de verificada a conformidade das receitas, é impresso o Verbete de Identificação do Lote, onde constam informações como: identificação da farmácia, identificação do lote (número, série, mês e ano), o organismo de comparticipação, a quantidade de receitas, valor total do lote em PVP, valor total em preço pago pelo utente e valor comparticipado. O verbete é carimbado e anexado ao lote respetivo.

No último dia do mês, é efetuado o fecho dos lotes, iniciando uma nova série que irá corresponder ao mês seguinte. Nesta altura, é emitida uma Listagem Valorizada de Entidades, onde constam todos os planos com movimentos no mês em vigor. No primeiro dia do mês seguinte, para todos os planos mencionados na Listagem Valorizada, é emitida a Relação Resumo de Lotes, que contem as mesmas informações que o Verbete de Identificação do Lote mas relativas ao conjunto dos lotes do organismo em questão, e as faturas em quadruplicado.

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5.2.2. Entrega de receituário

Na Farmácia da Boa Hora, o receituário referente ao SNS é enviado à ARS do Norte, mais especificamente ao Centro de Conferência de Faturas (CCF) na Maia, até ao dia 10 do mês seguinte. Apenas a primeira e segunda vias da fatura vão para o CCF, juntamente com a relação resumo dos lotes, os verbetes e as respetivas receitas anexadas. A terceira via é enviada para a Associação Nacional de Farmácias (ANF) e a quarta fica em arquivo na farmácia. O restante receituário referente a outras entidades é também enviado para a ANF, com três cópias da relação resumo de lotes e três faturas. Os quadruplicados são guardados na farmácia. Nesta situação, a ANF serve de intermediário, enviando o receituário para o respetivo organismo e efetuando o pagamento da comparticipação à farmácia [47].

Tanto o receituário que é enviado para o CCF como para a ANF é embalado em caixas de cartão com a respetiva guia de transporte e recolhido pelos CTT.

5.2.3. Devolução do receituário

Quando um erro é detetado pela entidade responsável em alguma receita, esta é devolvida à farmácia, não sendo reembolsada a comparticipação. As receitas que possam ser corrigidas ou justificadas ainda podem ser enviadas ao CCF, junto com a faturação do mês seguinte, após correção e refaturação. Nas situações que não podem ser corrigidas, a farmácia assume o prejuízo, emitindo uma nota de crédito para o CCF.

5.3. Gestão e inovação

A atual crise no setor das farmácias exige que haja inovação para ultrapassar algumas adversidades que surgem no decorrer da gestão de uma farmácia. A farmácia comunitária não deixa de ser uma atividade comercial, embora seja um local de prestação de cuidados de saúde, sendo indispensável uma gestão sustentável para garantia da sua continuidade. No entanto, a gestão de uma farmácia não pode passar só pela otimização de vendas, mas também pela relação com os utentes.

Durante o meu estágio, a Farmácia da Boa Hora alterou a sua imagem (logotipo), de forma a torna-la mais moderna e atrativa, juntamente com outras iniciativas. Criou uma página de Facebook e está, presentemente, a remodelar o seu website. Instituiu também um novo cartão (Anexo VI), exclusivo para a FBH, onde os utentes aderentes podem beneficiar de descontos e acumular dinheiro em cartão, privilegiando os utentes mais antigos e habituais.

Referências

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