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A relação de ajuda : percepção da criança dos 6-10 anos

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Instituto Politécnico de V

Escola Superior de Saúde de V

IPV - ESSV | Relação de Ajuda: Percepção da criança dos 6-10 anos

Alexandra João Rodrigues Marques Gil

Relação de Ajuda: Percepção da criança dos 6 aos 10

anos

Alexandra

Gil

Alexandra João Rodrigues Marques Gil

Relação de Ajuda: Percepção da criança dos 6 aos 10

anos

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Instituto Politécnico de V

iseu

Trabalho efectuado sob a orientação de

Escola Superior de Saúde de V

iseu

Alexandra João Rodrigues Marques Gil

A RELAÇAO DE AJUDA: Percepção da criança dos

6-10 anos

Tese de Mestrado

Mestrado em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica

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PENSAMENTO

“O conhecimento é a ferramenta que precisamos para explorar o que há de mais raro e profundo em tudo que nos cerca.”

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles a quem roubei bocadinhos da minha atenção, do meu amor e afecto principalmente ao Joca á kika e ao Nelson.

À restante família por todos os dias de menos paciência e mais rabugice.

À professora Amarílis, pela orientação, dedicação e força dada para que não desistisse.

Ao professor João pela colaboração dada sem a qual não seria possível a realização desta dissertação.

Aos pais e às crianças que colaboraram comigo neste estudo ao preencherem os inventários.

Aos novos colegas de serviço mas não menos importantes, por toda a disponibilidade e paciência demonstrada neste período tão particular e difícil,

Aos meus amigos de sempre e às colegas de luta Tete e

Nita.

A todos aqueles que não menciono mas não esqueço.

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Fundamentação: A relação de ajuda deve ser considerada como um foco de

atenção em enfermagem pediátrica, de forma a definir estratégias adequadas à capacitação da criança/família, em prol do saudável desenvolvimento das crianças. O papel do enfermeiro e a importância da relação de ajuda é definida neste trabalho através das dimensões de nível de respeito, compreensão empática, incondicionalidade de respeito e

congruência.

Métodos: Tendo como objetivos analisar a perceção das crianças dos 6 aos10 anos

acerca da relação de ajuda estabelecida com os enfermeiros nas diferentes unidades de saúde e analisar a influência das variáveis sócio demográficas nas diversas dimensões da relação de ajuda desenvolvemos um estudo de natureza quantitativa, transversal, descritivo-correlacional, com uma amostra não probabilística por conveniência de 71 crianças (37 meninos e 34 meninas) com uma média de idade de 8,46 anos. Para a colheita de dados utilizámos um instrumento de caracterização sócio demográfica da amostra e o inventário das relações de Barrett-Lennard (1986).

Resultados: No que concerne às dimensões estudadas verificamos que as crianças

pontuam com médias mais elevadas a dimensão de respeito e da dimensão compreensão empática apresentando médias mais baixas na dimensão da congruência. Os resultados evidenciaram ainda que não existiam diferenças estatisticamente significativas entre as dimensões da relação de ajuda e as variáveis sociodemográficas da criança e serviços de saúde. Somente as variáveis residência e motivo de recurso aos serviços é que apresentam diferenças estatisticamente significativas.

Conclusão: Podemos concluir que as crianças da nossa população

independentemente da idade, sexo, residência, número de irmãos e/ou escolaridade, percecionam e valorizam as dimensões da relação de ajuda no contato com os enfermeiros.

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ABSTRACT

Reasons: The aid relationship should be considered as a focal point in pediatric

nursing, in order to define appropriate strategies to capacitate the child/family, to support the healthy development of children. The nurse’s role and the importance of the aid relationship is defined in this work/study through the dimensions of level of respect, empathy comprehension, unconditional respect and consistency.

Methods: Having as the objective to examine the perception of children aged 6-10

years on the aid relationship established with the nurses throughout the different health facilities and analyze the influence of socio-demographic variables on the various dimensions of the aid relationship, we have developed a quantitative, transversal, correlational descriptive study, with a non- probabilistic sample of 71 children (37 girls and 34 boys) with an average age of 8.46 years. For the collection of data, we used a sample of the socio-demographic characterization instrument and the inventory of the Barrett-Lennard (1986) relations.

Results: Regarding the dimensions studied, we found that the children score higher

averages on the respect dimension followed by the empathic understanding dimension, showing lower averages on the consistency dimension. The results showed that there are no statistically significant differences between the aid relationship dimensions and the socio-demographic variables of the child and health services. Only the residence variables and the reason for the use of health services differ.

Conclusion: We can conclude that the children of our population, regardless of age,

sex, residence, number of siblings and/or education, perceive and value the aid relationship dimensions when in contact with the nurses.

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Índice

1-INTRODUÇÃO ... 21

Parte I-Enquadramento teórico

2-O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ... 25

2.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA DOS 6-10 ANOS ... 25

2.2. A CRIANÇA UTENTE DOS CUIDADOS DE SAÚDE E DE ENFERMAGEM ... 27

3-A RELAÇÃO DE AJUDA – CIÊNCIA E ARTE DE CUIDAR NA PEDIATRIA ... 31

3.1. O CUIDAR ESSÊNCIA DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA ... 33

3.2. OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM PEDIÁTRICOS E A RELAÇÃO DE AJUDA ... 35

3.3. O MODELO DA RELAÇÃO DE AJUDA DE LENNARD-BARRET ... 36

Parte II-Metodologia

4-METODOLOGIA GERAL ... 45

4.1. PROBLEMÁTICA E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO ... 45

4.2. OBJECTIVOS ... 46

4.3. TIPO DE ESTUDO E DESENHO DE INVESTIGAÇÃO ... 46

4.4. POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA ... 47

4.5. VARIÁVEIS ... 49

4.6. INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO ... 49

4.7.PROCEDIMENTOS ÉTICOS E METODOLÓGICOS ... 52

4.8. ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS ... 52

5-APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ... 56

6-CONCLUSAO ... 69

BIBLIOGRAFIA ... 75 ANEXOS

Anexo I- Relatório de Estágio Volume I

Anexo II -Autorização do Autor para utilização do instrumento de colheita de dados Anexo III- Instrumento de colheita de dados

Anexo IV- Normas de tradução do instrumento de colheita de dados propostas pelo Autor

Anexos V,VI,VII,VIII – Pedidos e Autorizações de aplicação do instrumento de colheita de dados nos diferentes serviços

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INDICE DE FIGURAS

Fig. 1 – Representação esquemática da relação prevista entre as variáveis estudadas na investigação empírica (desenho de investigação). ... 47

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INDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela 1- Participantes no estudo ... 48

Tabela 2 – Estatística da idade em função do sexo ... 48

Tabela 3 – Distribuição dos elementos da amostra por grupo de idade e sexo ... 56

Tabela 4 - Distribuição do número de irmãos segundo o sexo dos elementos da amostra ... 57

Tabela 5 - Distribuição dos elementos segundo o nível de escolaridade e o sexo... 57

Tabela 6 – Estatísticas da idade dos pais ... 58

Tabela 7 – Distribuição por grupos etários de idade da mãe segundo o sexo da criança ... 58

Tabela 8- Distribuição por grupos etários da idade do pai segundo sexo da criança .. 59

Tabela 9 - Distribuição segundo a residência familiar e o sexo da criança ... 59

Tabela 10- Distribuição dos níveis de escolaridade materna segundo sexo da criança ... 59

Tabela 11 – Distribuição do nível de escolaridade paterna segundo o sexo da criança ... 60

Tabela 12 – Distribuição pelo grupo profissional a que pertencem os pais ... 61

Tabela 13 – Distribuição segundo o motivo de recurso aos serviços de saúde segundo o sexo ... 61

Tabela 14 – Estatística das dimensões da relação de ajuda... 63

Tabela 15 – Test T entre as dimensões da relação de ajuda e o sexo ... 63

Tabela 16 – Test T entre as dimensões da relação de ajuda e a idade ... 64

Tabela 17 – Teste de Kruskal-Wallis entre as dimensões da relação de ajuda e o número de irmãos ... 65

Tabela 18 – Teste de Kruskal-Wallis entre as dimensões da relação de ajuda e a escolaridade da criança ... 66

Tabela 19 – Teste de Mann-Whitney entre as dimensões da relação de ajuda e a residência ... 66

Tabela 20 - Teste de Kruskal-Wallis para a relação de ajuda nos diferentes serviços de saúde ... 67

Tabela 21 – Teste de Kruskal-Wallis entre as dimensões da relação de ajuda e o motivo de ida aos serviços de saúde ... 68

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INDICE DE QUADROS

Quadro 1- Forma OS- 40 (afirmações na negativa ou na positiva que corresponde a cada dimensão) ... 51 Quadro 2 – Correlação de pearson entre as dimensões da relação de ajuda ... 51

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ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP- Abordagem Centrada na Pessoa BLRI- Inventário das Relações Interpessoais cf. – confira

CHTV – Centro Hospitalar Tondela Viseu CV – coeficiente de variação

Dp – Desvio padrão EP – erro padrão

IAC – Instituto de Apoio á Criança INE – Instituto Nacional de Estatistica K – Kurtosis

K/S – Kolmogorov- Smirnov

MO – myself to the other (cliente / terapeuta) OS – other to self (terapeuta / cliente)

Sec.- Século SK – SKewness

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences UICD- Unidade de Internamento de Curta Duração USF- Unidade de Saúde Familiar

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1.INTRODUÇÃO

“Na nossa vida quotidiana mil e uma razões nos impedem de

viver e tomar consciência plena das nossas emoções… Mas na segurança da Relação terapêutica, elas podem ser evocadas e vividas por aquilo que elas são.

CARLS ROGERS, 1961

Inserido no primeiro curso de mestrado e especialização em saúde infantil e pediátrica está projetado, para o encerramento do ciclo de estudos a consecução de um relatório final que abrangerá a descrição do desenvolvimento das nossas competências de acordo com o regulamento das competências do enfermeiro especialista, e uma pesquisa acerca de um tema por nós selecionado do decurso de um dos estágios frequentados. O tema em estudo que aqui se desenvolve, a relação de ajuda em contexto pediátrico, foi uma opção que pretende analisar qual a perceção de crianças acerca desta relação. A nossa reflexão sobre o desenvolvimento de competências encontra-se em Anexo I.

O conceito de relação de ajuda não é novo mas só recentemente começa a ser estudado junto à população pediátrica. Esta população só há mais ou menos 40 anos, começa a ter um lugar distinto da população adulta com cuidados diferenciados e específicos á sua faixa etária e ao seu desenvolvimento.

Foi nesta perspetiva e no decurso dos estágios que nos surgiu a ideia de estudar a relação de ajuda tentando saber qual a perceção e valoração que as crianças têm acerca dessa relação, se é que ela existe ou lhes é percetível.

Relação, na sua definição mais simples, significa ”encontro de duas pessoas”; de uma forma mais abrangente, Manoukian (1995) citado por Phaneuf (2005) refere como verdadeira a relação entre dois interlocutores, onde existe uma ideia de comunicação profunda com partilha, de comunicação direccionada por um objectivo, de vontade de evolução, com a presença de duas pessoas que se reconhecessem e respeitam como seres humanos iguais.

Benner (2001) defende nos seus trabalhos que a função de ajuda é um dos domínios dos cuidados de enfermagem e é intrínseca aos mesmos.

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Lazure (1994), alegava que “Cuidar é Ajudar”. Para a autora também é verdade que a relação de ajuda é o eixo no qual gravita o conjunto dos cuidados de enfermagem. Uma enfermeira não se pode contentar em aplicar técnicas, de forma automática, junto dos seus clientes, sem que tenha um sentimento de alienação. A prática da relação de ajuda prepara a enfermeira para acompanhar a criança /família durante o seu ciclo de vida e permite a estes o descobrir de recursos pessoais que facilitam a manutenção da sua qualidade de vida, oferecendo-lhes as armas para a sua capacitação (empowerment). Sem dúvida que a relação de ajuda é indissociável de intervenções de enfermagem de qualidade.

A qualidade da relação entre o enfermeiro e a pessoa cuidada é determinante na qualidade do trabalho dos enfermeiros e é condição necessária para que o processo terapêutico tenha êxito (Rocha, 2008).

O enfermeiro com competências relacionais, tem que compreender e aceitar o utente tal como ele é, envolver-se num enlace intenso, sem perder a sua energia e personalidade, facilitando aos utentes que evoluam afirmativamente face às necessidades individuais e universais e conservem o poder decisivo nos cuidados. É através dessa relação significativa que o enfermeiro se deve apresentar, adoptando atitudes de respeito incondicional,

compreensão empática e congruência (Rogers, 1985).

Ao abordarmos esta temática em contexto pediátrico torna-se imprescindível a obtenção de alguns conhecimentos no que concerne ao desenvolvimento infantil. Tal como é referido por Jorge (2004), os conhecimentos gerais de desenvolvimento infantil, devem estar presentes nos profissionais que prestam cuidados à criança e são fundamentais para que durante a hospitalização se minimizem e evitem os danos.

Para a preparação e concretização da fundamentação teórica recorremos à pesquisa bibliográfica e eletrónica. A organização do trabalho considera no primeiro capítulo uma breve nota introdutória ao tema, seguido de uma exposição do conhecimento acerca do desenvolvimento infantil e posicionamento das crianças dentro do sistema de saúde. O terceiro capítulo retrata vários conceitos de relação de ajuda, seu enquadramento na pediatria e exposição do modelo da relação de ajuda de Barrett-Lennard por nós trabalhado. O capítulo quarto refere-se à apresentação metodológica, inicia-se com a problemática da questão de investigação, caracterização dos participantes, instrumento de colheita de dados aplicado e procedimentos, análise de dados e respetiva discussão. No quinto capítulo e a partir dos dados produzidos construímos uma síntese crítica e lançámos algumas sugestões.

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2- O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

“ O conhecimento não provém, Nem dos objetos, Nem da criança, Mas sim das interações entre as crianças e os objetos”

Jean Piaget

A criança é um ser em desenvolvimento cujo crescimento se exprime através de simultâneos comportamentos ou reacções anatómicos, psicológicos e sociais, que evoluem de acordo com as leis da maturação neurológica, sendo a sua ordem de sucessão a mesma para todos os indivíduos, diferindo simplesmente em relação ao ritmo a que sucedem uns dos outros (Bellman, 2003). Apesar do significado normal do desenvolvimento ser amplo e não ser idêntico para todas as crianças, Bellman e Brazelton (2002) referenciam que o desenvolvimento, ao contrário do crescimento, pode ser difícil de medir, mas o importante é que este aconteça de uma forma multidimensional, integral e contínua, com padrões únicos de interacção

.

2.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA

CRIANÇA DOS 6 - 10 ANOS

Nesta fase as crianças encontram-se em contexto escolar, o que lhes vai proporcionar o contacto com a diversidade, através da interacção com as outras crianças e a aprendizagem de novos conhecimentos, que irão prepará-las para o relacionamento com o mundo real. É um período de socialização e desenvolvimento de habilidades físicas, cognitivas e da linguagem.

Bee (2003) referenciando Piaget profere que aos 6 anos, a criança possui as competências sensório-motoras básicas de que precisa para interagir com o meio. Neste período, existem melhorias na manutenção do equilíbrio, no controlo da postura, na coordenação, na precisão dos movimentos e existe um aumento da força, o que lhes permite serem mais autónomas nas tarefas do dia-a-dia e envolverem-se numa maior

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variedade de atividades motoras. As crianças trabalham e brincam tendo como foco principal a competência, a realização e o desempenho.

Piaget (1971) considera que o período dos 6 aos 10 anos pertence ao Estádio das

Operações Concretas; Neste estádio, as crianças são mais lógicas, a realidade é diferente

da fantasia, compreendem melhor as relações e tentam testar essa mesma lógica, ao passo que no estádio anterior o pré-operatório (2-7anos), as crianças são mais sonhadoras, e mais fantasistas.

No estádio das operações concretas no que diz respeito à resolução de problemas, as crianças conseguem ter em conta múltiplos aspectos de uma situação, o que também se traduz num aumento da capacidade de compreender o ponto de vista dos outros, ajudando assim numa comunicação mais eficaz. Ao nível do desenvolvimento das capacidades cognitivas existe distinção entre a fantasia e a realidade, desenvolvendo-se a inclusão em classe, ou seja, a capacidade para compreender a relação entre o todo e as partes (ex: rosas e cravos, ambas são flores), o raciocínio indutivo e dedutivo, a noção de lógico, que por sua vez procedem as premissas e afirmações sobre um acontecimento verdadeiro extraindo desta forma as suas próprias conclusões.

O desenvolvimento cognitivo é marcado pelos seguintes aspetos:

 Dedução - quando se inicia uma premissa sobre uma classe de objectos e entretanto essa premissa aplica-se aos membros dessa classe.

 Indução - começa com observações particulares para chegar a conclusões gerais.  Causa e Efeito - é a capacidade para fazer julgamentos sobre a causa e o efeito em determinada situação.

 Capacidade de Seriação e de Inferência Transitiva - consiste na capacidade para ordenar ou arrumar objectos numa série, colocando-os segundo um critério, ou vários.

 Inferência transitiva - é a capacidade para reconhecer uma relação entre dois objetos através do conhecimento da relação de cada um deles com um terceiro objeto.

 Pensamento Espacial - diz-nos que as crianças são capazes de compreender, visualizar e usar as relações espaciais, possuem uma concepção da distância (podem por exemplo percorrer o caminho de escola até casa sozinhos).

 Conservação - é a capacidade para reconhecer que a quantidade de uma coisa permanece igual, mesmo quando o material é modificado, desde que não seja acrescentado ou retirado nada, esta capacidade lida com atributos como: o número, substância, comprimento, área, peso e volume. Na resolução destes problemas as crianças conseguem elaborar internamente as respostas.

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 Identidade: um determinado objeto continua a ser o mesmo, mesmo que a sua forma seja diferente.

 Reversibilidade: ao reverter o processo, a transformação vai restaurar a forma original.

Estas capacidades vão sendo progressivamente desenvolvidas ao longo deste estádio e estes avanços cognitivos permitem o desenvolvimento das capacidades matemáticas e manipulação de símbolos.

Para Erickson citado por Veríssimo (2002) o desenvolvimento pessoal e emocional virar-se-á para o exterior, durante esta faixa etária. Ao entrarem para um mundo novo que é a sala de aulas, os vizinhos e os grupos. Ao passarem um grande número de horas longe dos progenitores, tem agora o palco de desenvolvimento afetivo junto do grupo de professores e colegas. Daí os grupos e a escola tornarem-se os principais agentes socializadores. Este estádio é de uma grande estabilidade emocional, as crianças nesta fase estão interessadas em aprender quase tudo o que lhes pudermos ensinar, tendendo a desenvolver um sentido de mestria pessoal, através dos inúmeros jogos e atividades que desenvolvem, o que testemunha a enorme energia de que dispõem e a motivação para a competência que possuem neste estádio. Esta motivação para a competência pessoal deve ser estimulada.

Para Erickson a criança entre os 6 e os 12 anos, está pronta para a aprendizagem ativa. A tarefa dos educadores será facilitar e não prejudicar o seu desenvolvimento pessoal saudável.

Com base nos dados fornecidos pelas teorias de Piaget e Erickson consideramos que as crianças nesta faixa etária terão o poder de compreensão e a veracidade devida para responder ao inventário a aplicar pelos investigadores neste estudo.

2.2. A CRIANÇA UTENTE DOS CUIDADOS DE SAÚDE E DE ENFERMAGEM

A criança está desde sempre presente na história da humanidade, no entanto, ela nem sempre teve o estatuto que lhe é conferido na actualidade. Durante séculos as crianças foram consideradas adultos em miniatura, estando exclusivamente ao cuidado dos adultos no seio familiar. Durante o século XIX, a mortalidade infantil era elevadíssima e assistiu-se a situações de abandono e formas cruéis de infanticídio e negligência (Festas, 1994).

Somente no início do século XIX se compreendeu que as doenças da criança eram diferentes das do adulto e como tal mereciam um estatuto e um tratamento diferenciados.

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Este processo de diferenciação iniciou-se na Europa e só posteriormente se estendeu aos Estados Unidos da América.

É durante o último século que se verifica também uma crescente preocupação com o estatuto moral e psicológico da criança, bem como com o seu processo de socialização (Fernandes, 1988). A transformação do conceito de criança, visto como um ser em crescimento e desenvolvimento, não só com necessidades biológicas, mas também com necessidades psicológicas, sociais e emocionais foi o mais efetivo catalisador para a mudança.

Ao delinearmos o tema da criança como utente dos cuidados de saúde, não nos cabe apenas visualizá-las em contexto de doença mas também em contexto de vigilância e prevenção.

No programa-tipo de saúde infantil (2002) publicado pelo Ministério da Saúde encontramos expressões, que nos alertam para que a saúde não depende exclusivamente da prestação de cuidados, mas sem dúvida da influência do ambiente social, biofísico e ecológico. No entanto, é indiscutível o impacto das ações de vigilância da saúde infantil e juvenil pertinente e de qualidade, a manutenção e a promoção da saúde de todas as crianças é um imperativo para os profissionais e para os serviços. O aumento do nível de conhecimentos e de motivação das famílias, a par da redução do analfabetismo e da melhoria das condições de vida, favoreceu o desenvolvimento da função parental e tornou possível aos pais assumirem, como direito e dever, a família, cabendo aos profissionais facilitar e promover essa função.

Quando nos reportamos à criança como utente dos nossos serviços, temos em mente não apenas aquelas que estão doentes e/ou hospitalizadas, mas todas as outras, nas diferentes vertentes em que estabelecem relações com o enfermeiro.

As consultas periódicas permitem a supervisão da saúde durante toda a infância e adolescência, independente da presença de uma doença ou queixa específica. Estas consultas visam acompanhar o desenvolvimento físico, psíquico, social e familiar e promover a saúde através da realização de diagnósticos precoces e aconselhamento aos pais, para a prevenção de acidentes e de problemas de saúde futuros. O nascimento de uma criança é, comummente, uma ocasião de júbilo na família que se reveste de alterações quer na sua estrutura quer no seu funcionamento, embora existam situações em que o saudável crescimento e desenvolvimento das crianças deixam de condizer ao desejado por aqueles de quem elas descendem, e por diferentes motivos, passam a ser “não saudáveis”. Seja por via congénita ou adquirida, a criança poderá, inevitavelmente, ser acometida por uma situação qualquer de doença crítica e repentina ao qual poderá deixar de consistir um sonho de um futuro esperado e idealizado pelos seus progenitores, levando-os a recorrer

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aos serviços de saúde disponibilizados pela sociedade em que se inserem. As crianças que física ou intelectualmente são “diferentes” sofrem risco de isolamento social e depressão. É na idade escolar que elas estabelecem padrões de comportamento que podem durar para toda a vida, daí a importância do enfermeiro de família e da sua interação com a criança e família.

Nesta idade a criança separa-se gradativamente dos pais e busca aceitação de professores, de outros adultos, bem como de colegas. É neste período, que a sua autoestima se torna uma questão central a ser avaliada e trabalhada pelos familiares e profissionais, pois a criança sofre pressões para se enquadrar em estilos e ideais do grupo ao qual pertence.

A separação da família é particularmente sentida pela criança na faixa etária correspondente ao primeiro ciclo escolar. Apesar de possuir maior independência, ela ainda precisa de proteção e segurança e no caso da hospitalização, ela ressente-se da separação da família e de tudo o que lhe é familiar (Jorge, 2004). Existindo necessidade de promover relações interpessoais com qualidade. Apesar de estas serem muitas vezes desgastantes para os profissionais de saúde de entre os quais os enfermeiros, tornando-se assim em factores condicionantes da relação de ajuda (Catita e Vaz, 2000).

A hospitalização da criança tem vindo a sofrer alterações com o passar do tempo, preconizando-se atualmente internamentos de curta duração, em que as crianças tenham a possibilidade de interagir com o ambiente que as rodeia e em que a presença dos pais ou outras pessoas significativas seja uma realidade, principalmente devido ao facto de, como salienta Festas (1994, p.324), as crianças serem “…particularmente vulneráveis às

modificações que se operam no seu ambiente e na sua rotina habitual…”. Em relação às

crianças em idade escolar, Whaley e Wong (1999) referem que, embora nesta fase as crianças tenham mais capacidade para lidar com a separação, o stress causado pela doença e hospitalização podem aumentar as suas necessidades de orientação e segurança proporcionados pelos pais.

Para Callery e Smith (1991), o papel dos pais de crianças hospitalizadas mudou significativamente nas últimas décadas, passando-se de uma fase em que era esperado que estes delegassem a responsabilidade do cuidar dos seus filhos nas enfermeiras, para a atualidade, em que se espera que estes desempenhem um papel mais activo no cuidar dos seus filhos hospitalizados, podendo até incluir procedimentos vistos pelos enfermeiros como uma extensão do seu próprio papel.

É comum, hoje em dia, as famílias participarem em muitos aspectos dos cuidados, o que desafia atitudes tradicionais e levanta questões sobre a responsabilidade da prática de

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cuidados de Enfermagem. O Modelo de Parceria de Cuidados defendidos por Casey e publicado em 1988 pela primeira vez descreve a enfermagem pediátrica como uma parceria negociada com a criança e a família, baseada no respeito pela experiência da família e nas suas necessidades e desejos. A filosofia baseia-se no princípio de que a família é quem mais se preocupa com a criança e estará disposta a partilhar os seus conhecimentos e experiências com o enfermeiro, para que juntos alcancem a satisfação das necessidades da criança.

É atualmente reconhecido que a participação parental é benéfica tanto para a criança como para a família e que o stress e ansiedade podem ser reduzidos significativamente se os pais acompanharem a criança durante o internamento, uma vez que esta se sente segura e confiante. Ao mesmo tempo desencadeia na família sentimentos positivos de utilidade, diminuindo assim a sensação de impotência perante a doença (Fernandes, 1998).

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3 - A RELAÇÃO DE AJUDA – CIÊNCIA E ARTE DE CUIDAR NA PEDIATRIA

“A mão que se estende para tocar a do outro diz mais do

que as palavras…”

PHANEUF, 2005)

Desde os nossos primórdios que encontramos referências ao cuidar, ao ajudar o outro, tendo por objetivo desenvolver as capacidades que facilitem a vida das pessoas, contudo durante milhares de anos o cuidar não pertenceu a um ofício ou a uma profissão, na enfermagem este cuidar teve o seu início com Florence Nightingale.

O Departamento dos Recursos Humanos da Saúde (1989) no oficio-circular nº 91.254 do plano de estudos para o curso de enfermagem na pag.4, referenciava os cuidados de enfermagem como sendo “um serviço destinado a ajudar o Homem na realização das atividades que contribuem para a manutenção a recuperação, a promoção de saúde, a aliviá-lo do sofrimento e a assisti-lo nas situações criticas relacionadas com a saúde e no período do fim da vida.”

Colliére (1989) notificava que desde que surgisse a vida existiriam cuidados, pois era preciso “tomar conta” da vida para que ela pudesse permanecer, e esse tomar conta não mais era que cuidar do outro. Cuidar é intrínseco à própria natureza humana, sendo uma expressão dessa humanidade, tornando-se essencial para o desenvolvimento e realização da pessoa. Mais tarde Peplau (1992) defendeu que a essência da enfermagem está na relação que o enfermeiro estabelece com o seu cliente e dentro dessa relação é que acontecem os cuidados de enfermagem.

Ainda para a mesma autora, citado por Queirós (1999), a ação de enfermagem situa-se, por um lado, em relação a tudo o que melhora as condições de que favorecem o desenvolvimento da saúde, com vista a prevenir, a limitar a doença e, por outro em relaçao a tudo o que revitaliza alguém que esteja doente. Por isso é a enfermagem reconhecida como uma profissão cujo centro está na inter-relação, entre o que presta assistência e o que recebe ajuda.

A relação de ajuda no contexto do cuidar é um elemento decisivo para que a enfermagem se apresente com as suas intervenções interdependentes e autónomas bem

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fundamentadas tanto do ponto de vista científico e técnico como também nas dimensões relacionais e éticas (Queirós,1999).

Hesbeen (2000) menciona que “cuidar é uma arte”, é arte daquele que combina conhecimentos, destreza, saber ser, intuição, que permitem ajudar alguém na sua situação particular. O cuidar envolve as dimensões físicas, psicológicas, culturais, sociais e ambientais com conhecimentos científicos, humanístico e cognitivo.

No processo de cuidar, a relação de ajuda está descrita como um processo dinâmico que visa a promoção a manutenção ou a melhoria da saúde de uma pessoa, de um família ou de um grupo, as atividades são efetuadas numa relação de parceria com o cliente e no respeito das suas capacidades. No contexto profissional e segundo Chalifour (2008) a relação de ajuda consiste numa interacção particular entre duas pessoa, o interveniente e o cliente, cada um contribuindo pessoalmente para a procura e a satisfação de uma necessidade de ajuda. Para tal o interveniente adota um modo de estar e fazer, e comunica-o de fcomunica-orma verbal e nãcomunica-o-verbal em funçãcomunica-o dcomunica-os comunica-objectivcomunica-os a alcançar. Os comunica-objectivcomunica-os estãcomunica-o ligados ao pedido do cliente e à compreensão que o profissional tem dessa dificuldade.

A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), historicamente nasceu em meados dos anos 30 em Nova Iorque, a parir dos estudos e práticas de Carl Rogers. Algumas denominações foram sendo dadas, em seu período de desenvolvimento, até a denominação ACP que foi proposta pelo próprio Rogers na década de 1970, que se caracteriza, pela facilitação do desabafo através de uma escuta empática, não dando a resposta que o outro quer ouvir, mas dando condições para que ele encontre suas próprias respostas, pois cada indivíduo tem dentro de si recursos para a auto-compreensão, o que Rogers denominou de tendência atualizante (Rogers, 1997). O autor defendia que: ”…os indivíduos têm dentro de si mesmos amplos recursos para alterarem o seu autoconceito, a sua atitude básica e seu comportamento auto-dirigido; esses recursos podem ser mobilizados se lhes for proporcionado um clima definido de atitudes psicológicas facilitadoras.”

Na pediatria estas teorias mantêm o seu carácter de veracidade, apenas a abordagem é centrada na criança e na sua família, nunca descurando o processo de desenvolvimento em que se encontra a criança que temos perante nós. É desejável que os cuidados de enfermagem visem uma abordagem holística à criança e família (Diogo, 2001).

Facto que pressupõe inevitável e obrigatoriamente a aquisição de competências por parte dos enfermeiros, que se destacam como sendo um elo essencial na atenção aos aspetos passíveis de promover a satisfação da criança e dos pais, no contexto da equipa multidisciplinar.

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3.1. O CUIDAR ESSÊNCIA DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

A história conta-nos que desde muito cedo os enfermeiros se interessaram e dedicaram ao cuidado das crianças (Quelhas 2009).

Atualmente, o foco de cuidados de saúde em pediatria não se reduz a uma perspectiva individual, abrangendo a criança saudável/doente, os pais ou outras pessoas significativas, e o respectivo contexto social e cultural, logo o cuidar da criança é também cuidar dos seus pais. Como está presente no documento emitido pela Ordem dos enfermeiros em 2003 “… os cuidados de enfermagem tomam por foco de atenção a promoção dos projetos de saúde que cada pessoa vive e persegue…procura-se também, a satisfação das necessidades humanas fundamentais e a máxima independência na realização das atividades da vida diária…frequentemente através de processos de aprendizagem do cliente…as intervenções de enfermagem são frequentemente otimizadas a toda a unidade familiar…”

Leininger (1991) defende que as pessoas/utentes, são capazes de orientar os enfermeiros para os cuidados de que necessitam, mas que é o enfermeiro enquanto profissional, que deve prestar estes cuidados personalizados, adequando-os à pessoa em causa, através da compreensão do seu mundo. Desta forma, as ações desenvolvidas pelo profissional de enfermagem são culturalmente congruentes e consequentemente têm maior probabilidade de aceitação, contribuindo para a melhoria dos cuidados prestados.

A conceção do cuidar, mesmo fazendo parte duma profissão instituída, tem evoluído e adquirido uma dimensão mais lata e os seus valores tem sido gradualmente interiorizados pelos enfermeiros. A riqueza e a essência do cuidar preconizado por Nightingale, perdeu-se ao longo dos tempos em favor da técnica e das muitas solicitações da sociedade moderna, para voltar com o aparecimento das Teorias e Modelos de Enfermagem, à sua vocação primitiva, desta vez mais enriquecida com os aportes relativos à época em que surge (Alves,2007).

Colliére (1889, pg.155) afirma que “cuidar é um acto individual que prestamos a nós próprios, desde que adquirimos autonomia, mas é igualmente um acto de reciprocidade que somos levados a prestar a toda a pessoa que, temporariamente ou definitivamente tem necessidade de ajuda, para assumir as suas necessidades vitais.” Cuidar é ter em conta o cuidado e quem cuida. Neste contexto, nós enfermeiros somos incentivados à utilização de estratégias de inter-relação e de comunicação com a criança e família, revestidas de elevada exigência e qualidade, determinantes no sucesso do atendimento (Festas, 2009).

(36)

O exercício de enfermagem, em geral, encontra-se ancorado em teorias que lhe dão significado, sustentam as práticas clínicas e refletem as mudanças políticas e sociais do seu tempo. Os cuidados de saúde têm como objetivo abrangente dar resposta às necessidades de saúde das pessoas, contribuindo para a construção de um projeto de vida e de saúde.

Para Monteiro (1998) “…prestar cuidados em pediatria é um trabalho complexo que pressupõe a aquisição de várias capacidades, o saber, o saber fazer e o saber ser. Só juntando estes saberes, podemos definir a enfermagem como uma ciência e uma arte que conjuga esforços no sentido de cuidar das crianças e famílias, sãs e doentes, ao longo da sua vida, de forma a manter, melhorar e recuperar a saúde, assim como à sua reintegração tão completa quanto possível ao seu meio social”.

Queirós (1999) revela que a enfermeira deve integrar na sua prática de cuidar em enfermagem, a relação de ajuda de uma forma efetiva, tornando-se necessário que esta desenvolva as suas capacidades intelectuais, afetivas, físicas, sociais e espirituais. No âmbito da hospitalização pediátrica, a relação condiciona o modo como a criança doente e a família interpretam o cuidar e as intenções do cuidar por parte dos enfermeiros. É através dessa relação que o enfermeiro conhece e compreende a pessoa, tornando-se ele mesmo um valor terapêutico para a criança/família (Jorge, 2000).

A necessidade de cuidar no domicílio é hoje uma realidade, devido às políticas que visam diminuir o tempo de internamento. Com efeito, na tentativa de evitar o internamento da criança, bem como o aumento da esperança de vida da criança com doença crónica, exige da comunidade uma resposta mais eficaz na assistência a estas crianças, essencialmente na preparação e acompanhamento dos pais, para que possam com conhecimento e em segurança, cuidar a sua criança em casa. Desta forma, os enfermeiros terão que se mostrar cientes e preparados para este cuidado da criança no seu ambiente familiar, tendo os pais como cuidadores de eleição a quem nos cabe apoiar (Festas, 2009).

Ao prestarmos cuidados personalizados, a pessoa que cuida entende os sentimentos do outro e reconhece a sua singularidade (Neil, 2004). Deste modo, o processo de parceria de cuidados entre enfermeiro e cliente vê-se reforçado, a união de sentimentos resultante da arte de cuidar, passa a ser transpessoal.

No entanto relembrando, o atributo de competência, e evocando Simone Roach (sd) os enfermeiros deverão continuar a cuidar a criança e família com consciência,

(37)

3.2. OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM PEDIÁTRICOS E A RELAÇÃO DE AJUDA

A relação interpessoal enfermeiro - utente assenta no pressuposto de que cada pessoa é um ser social e agente intencional de comportamentos, com valores, crenças e desejos que lhe estão subjacentes, o que lhe confere a especificidade como ser único, com dignidade própria e com direito a auto-determinar-se (Ordem dos Enfermeiros, 2003).

A interacção enfermeiro/criança/família é uma relação dinâmica e, como afirma Lazure (1994), o estar em relação com o outro engloba não só a presença física do enfermeiro perante o doente, mas também todo o seu ser. Isto é, o enfermeiro não se limita a representar um papel ou a executar uma tarefa, mas precisou provar ao doente a consciência penetrante do contacto com este último, que o enfermeiro convida, pelo seu alto nível de envolvimento, a prosseguir na procura de solução, respeitando o carácter único da sua personalidade.

Para Brammer (sd), citado por Lazure (1994) a relação de ajuda é aquela em que quem ajuda fornece ao cliente as condições de que ele necessita, para as suas necessidades fundamentais.

Phaneuf (1995) afirmava que quando se aplica a relação de ajuda aos cuidados de enfermagem estamos a conservar o seu carater de respeito e confiança no Homem, assentando numa filosofia holística, que tem em conta todas as dimensões da pessoa.

Chalifour (2008), assente numa corrente humanista refere que relação de ajuda, consiste numa interação particular entre duas pessoas, o interveniente e o cliente, cada um contribuindo pessoalmente para a procura e a satisfação de uma necessidade de ajuda.

É através da relação interpessoal que o ser humano consegue satisfazer algumas das suas necessidades fundamentais (confiança, proteção, autoestima, afirmação). Cada um sente necessidade de ser olhado e escutado, acolhido, compreendido e reconhecido na sua identidade e singularidade (Jorge, 2000).

A hospitalização da criança é uma situação particularmente crítica para o seu equilíbrio psicológico dada a sua fragilidade emocional e a sua dependência dos pais. Para muitos significa, separação da criança e da família, quebra nas atividades habituais, tratamentos dolorosos e sofrimento. As manifestações psicológicas que traduzem esta condição para os pais significam também uma quebra na organização do seu quotidiano (deslocações, despesas, faltas ao trabalho, ausência do lar…), tornando-os muitas vezes impotentes, experimentando sentimentos de medo, ansiedade e culpa (Fernandes, 1988).

Whaley e Wong, 1999 salientam que as reacções que as crianças têm perante as crises são influenciadas por vários fatores tais como: a idade, o desenvolvimento, a experiência prévia com a doença, a separação e hospitalização, as habilidades de enfrentamento inatas e adquiridas, a gravidade do diagnóstico e ainda o suporte disponível.

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A criança sujeita a hospitalização sofre alterações a nível do desenvolvimento cognitivo, podendo bloquear temporariamente este processo, manifestando-se por dificuldades de adaptação e perceção distorcida da realidade. Lima (1994) afirma que isto acontece mais frequentemente quando a criança não pode utilizar o corpo, por se encontrar privada de exercitar, explorar e ou locomover-se.

Embora a tendência atual seja a de evitar a hospitalização recorrendo a estruturas intermédias, tal como hospital de dia e unidades de internamento de curta duração, reduzindo ao mínimo o tempo de hospitalização como preconizado através do artigo 1º da carta da criança hospitalizada (1988), são ainda encontradas algumas situações que tal não é possível. Tornando-se essencial o papel do enfermeiro, que perante a hospitalização de uma criança funciona como o membro da equipa que para além de prestar cuidados, é o elo de ligação entre a criança, pais e os outros elementos da equipa assistencial. Como tal a relação de ajuda é indissociável das intervenções de enfermagem de qualidade, e ela só é eficaz quando nós enfermeiros, interiorizamos que o outro possui recursos para resolver o seu problema, limitando-nos a orientar e a assistir no processo de resolução, permitindo desta forma que haja no outro um crescimento, desenvolvimento, maturidade, funcionamento e maior capacidade em enfrentar a vida (Lazure,1994).

3.3. O MODELO DA RELAÇÃO DE AJUDA DE LENNARD-BARRET

A noção de relação de ajuda apareceu no seio da psicologia, tendo sido entretanto utilizada rapidamente noutras áreas como na educação, nas ciências humanas e como não poderia deixar de ser no seio dos cuidados de enfermagem (Jorge, 2000).

Como já foi referenciado é a Rogers, psicólogo humanista que centrou as suas intervenções no desenvolvimento do ser humano, durante o séc. XX, a quem devemos o impulsionar da relação de ajuda e da relação terapêutica, tendo-as definido como relações nas quais pelo menos uma das partes, procura promover na outra o crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma maior capacidade de enfrentar a vida. Este mesmo autor referencia como fatores mobilizadores de uma relação de ajuda, a confiança, a compreensão, os sentimentos de independência e a expressão aberta da relação interpessoal e de todo o seu conteúdo. Como negativos aponta a falta de interesse, atitudes de distância ou simpatia excessiva.

Barrett-Lennard, discípulo de Rogers, e membro honorário da Universidade de Murdoch na Austrália, considera que as condições da teoria em terapia, propostas por Rogers em 1957, são um ponto de partida e também um ponto culminante para a mudança terapêutica.

(39)

Este autor, criou um Inventário de Relações Interpessoais (BLRI) de forma a testar a teoria e medir as condições da relação do terapeuta com o cliente na prática. Desse instrumento fazem parte três dimensões, que são as condições essenciais na atitude do terapeuta de ajuda, propostas por Rogers (1985), Compreensão empática, Congruência e Respeito Positivo Incondicional, sendo que o autor considerando o conceito de Respeito Positivo Incondicional muito complexo como dimensão unitária, tratou-o cuidadosamente e separou-o em duas dimensões distintas que nomeou de Nível de Respeito e

Incondicionalidade.

Este inventário (BLRI) da relação, com diferentes formatos de aplicabilidade (MO/OS versão de 40 ou 60 itens), desde a sua concepção em 1962 até aos dias de hoje tem sido estudado e aplicado em diferentes áreas do conhecimento, dando garantida da sua fiabilidade e validade através dos vários testes e revisões efetuados. É usado em diferentes áreas, estudando a relação enfermeiro/utente, relação professor/aluno, relação terapeuta/grupo e outras, avaliando a perceção da relação estabelecida, denominando-se versão MO quando a direção é cliente /terapeuta versão OS. A escala por nós selecionada para este estudo foi a OS-40 CH, pois esta escala foi estruturada de forma a poder ser aplicada a crianças (CH-children), da qual fazem parte a dimensão da Empatia, Nível de

Respeito, Congruência, e a Incondicionalidade de Respeito.

 Compreensão Empática - é concebida como o grau em que uma pessoa está consciente do que acontece nesse momento ao outro internamente (Celis,1998). A empatia é a chave de qualquer relação de ajuda é vista como uma forma básica de conhecimento, a qual requer uma auto abertura disciplinada aos sentimentos vividos e significados do outro (Barrett-Lennard, 2003, p.96). Qualitativamente a compreensão empática é um processo ativo que implica um desejo de conhecer o estado de consciência atual de uma outra pessoa e suas possíveis mudanças, em querer transcender - se a fim de perceber o sentido daquilo que outra pessoa comunica, traduz palavras e sinais em significados vivenciados que correspondem, a aspetos da consciência, que são em determinado momento (Barrett-Lennard, 1962). Para Ferreira (1995), ser empático significa penetrar no mundo percetual do outro e sentir-se totalmente à vontade dentro dele. Requer sensibilidade constante para com as mudanças que se verificam nesta pessoa em relação aos significados que ela percebe, ao medo, à raiva, à ternura, à confusão ou ao que quer que ela esteja a vivenciar. Significa viver temporariamente a sua vida, rever-se delicadamente dentro dela, sem julgar, perceber os significados que ela quase não percebe. Implica transmitir a maneira como sentimos o mundo dela, sem viés e sem medo dos aspectos que a pessoa teme. Significa frequentemente avaliar com ela a precisão do que sentimos.

Para Phaneuf (2005), a empatia é um profundo sentimento de compreensão da pessoa que ajuda, que percebe a dificuldade da pessoa ajudada como se ela penetrasse no

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seu universo, como se ela se colocasse no seu lugar para se dar conta do que ela vive e da forma como o vive, e que lhe leva o conforto de que tem necessidade, mas sem se identificar com o seu vivido e sem ela própria viver as emoções.

Rogers (1974), referenciado pela mesma autora, considera que a empatia se manifesta por uma compreensão profunda que permite à enfermeira colocar-se no lugar da pessoa e de ver o mundo em função do seu quadro de referência, compreender a sua dificuldade, mas sem viver as suas emoções. Assim, a empatia refere-se a um sentimento profundo de compreensão do outro, quase sinónimo da própria relação de ajuda. A empatia é uma atitude que o enfermeiro deve desenvolver e manifestar, através da escuta, pois é a única via de acesso à compreensão dos clientes (Lazure, 1994).

A demonstração de empatia implica a compreensão da criança/família, com os seus pensamentos, emoções e necessidades, assim como a transmissão dessa compreensão. A mensagem verbal e não-verbal do enfermeiro, ao expressar a sua compreensão, é determinante para que a criança/família lhe reconheça preocupação em os compreender na sua situação problemática (…).

Em súmula, a empatia é algo que o enfermeiro oferece na relação e que constitui a chave para que os doentes compreendam as suas situações problemáticas e se sintam compreendidos nas mesmas. Barret-Lennard classifica-a como o eixo central da relação de ajuda, com uma contribuição fundamental, porque altos níveis de empatia refletem altos níveis de respeito e congruência e a baixos níveis de incondicionalidade na relação de ajuda, mas, por si só, não é suficiente para estabelecer uma relação de ajuda (Rocha, 2008).

 Nível de Respeito – (Celis,1998) refere como a tendência geral, em determinado período de tempo de demonstrar as reações afetivas de uma pessoa em relação a outra, meio pelo qual é possível tornar a relação calorosa e sublinhar a dignidade da pessoa.

Barrett-Lennard (1962) diz-nos que é a carga composta por todas as reações emocionais positivas ou negativas, de uma pessoa com relação a outra, numa dimensão abstrata. O extremo inferior dessa dimensão representa a predominância de intensidade máxima do sentimento de tipo negativo e não apenas a ausência do sentimento negativo ("O

nível global ou tendência da resposta afetiva de uma pessoa para outra" ou "o aspeto afetivo da resposta total de uma pessoa para outra, projetado num continuum positivo-para-negativo” (Barrett-Lennard, 1986, p.440). Nível de respeito não se refere a uma

característica interpessoal generalizada, mas a uma esfera e eixo de resposta experiente numa relação particular. Os elementos pertinentes de experiência são sentimentos

(41)

“positivos” e atitudes afetivas, sentimentos e atitudes “negativos”, por parte da pessoa cujo respeito está a ser considerado, para a outra pessoa Barrett-Lennard (1986, p.440).

No lado positivo, preocupamo-nos de vários modos com o cuidado caloroso, “sendo dirigido para”, não engloba sentimentos mais íntimos ou apaixonados, nem está unido a características de gostar ou não gostar particularmente do aparecimento ou comportamento da pessoa recetora.

No lado negativo, sentimentos como aversão extrema, com exceção do desprezo, ou raiva para o aspeto de ira, não é abordado. Nenhum item aponta para possíveis sentimentos que aludam a ter medo do outro.

Um valor mínimo atribuído a esta dimensão reflete a predominância e intensidade máximas dos sentimentos negativos e não só a ausência de sentimentos positivos. O nível de respeito é considerado uma dimensão abstrata já que é o conjunto de reações distintas de sentimentos de uma pessoa por outra, sejam eles negativos ou positivos. (Rocha, 2008).

Chalifour (1989), considera o respeito como uma atitude pela qual o enfermeiro reconhece que a pessoa é única, isto é, ela é produto de caracteres genéticos únicos na sua espécie e que esses caracteres interagem de forma singular com o meio envolvente; por causa desta unicidade, só ela pode reconhecer o que é bom para ela. Nesse sentido, a pessoa tem competência para determinar uma linha de conduta adaptada às suas necessidades, aos seus desejos e às suas capacidades.

Respeitar o Ser Humano é, para Lazure (1994), acreditar profundamente que ele é único, e que devido a essa unicidade só ele possui todo o potencial específico para aprender a viver da forma que lhe é mais satisfatória. Phaneuf (2005), define que respeitar a pessoa é acreditar profundamente que ela é única e que por causa da sua unicidade, só ela possui o potencial específico para aprender a viver de forma mais satisfatória para ela. Assim, o respeito é portanto mais do que manifestar-lhe estima, mais do que tratá-la com deferência e delicadeza, é acolhê-la tendo em conta a sua diferença, mostrando uma consideração pelas suas capacidades, pela sua experiência de vida ou por aquilo em que se tornou.

Em síntese, o respeito caloroso é manifestado pelo enfermeiro quando reconhece no doente um ser único, com capacidade para tomar as suas próprias decisões, confiando-lhe um valor inestimável associado a uma dignidade e respeito mútuo (Phaneuf, 1995).

 Congruência - Grau em que a primeira pessoa funciona integralmente no contexto da relação com a segunda não existindo por isso conflito ou inconsistência na experiência total, sendo a comunicação explícita (Celis,1998). A congruência está intimamente ligada à

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autenticidade, ou seja, uma pessoa autêntica manifesta um certo grau de congruência entre o que ela pensa, sente e exprime. A condição da definição usada e desenvolvida na construção do RI é: “o grau para qual a pessoa está funcionalmente integrada no contexto da sua relação com outro, tal que há ausência de conflito ou inconsistência entre a sua experiência total, a sua consciência, e a sua comunicação externa” (Barrett-Lennard, 1986, p.443).

A congruência tem sido considerada uma dimensão fundamental, já que todas as outras dependem parcialmente dela. Refere-se à totalidade, integração e consistência interna e implica consistência entre três níveis: pré-verbal da pessoa ou boa experiência, conhecimento interno ou consciência simbólica e o comportamento e comunicação (Rocha, 2008).

Segundo Chalifour (1993), é um estado de acordo interno entre o que o ajudante é realmente e o que ele comunica. Esta atitude exige um conhecimento de si muito elevado. Berger (1995), descreve a congruência como a capacidade que a enfermeira tem em ser ela própria durante a relação e em exprimir abertamente aquilo que está a viver e aquilo que sente. Phaneuf (2005), considera que esta competência é uma maneira de ser da enfermeira que manifesta uma certa consistência entre o que ela sente, o que ela pensa, o que ela diz e o que ela faz, e entre o seu comportamento verbal e o seu comportamento não-verbal. O enfermeiro determina uma concordância entre as suas emoções, os seus pensamentos e as suas acções, permitindo-lhe expor o que pensa de forma terapêutica com o objectivo de facultar uma tomada de consciência por parte do doente ou um progresso da relação que mantêm.

Lazure (1994), considera a congruência uma característica fulcral da pessoa emocionalmente sã, ou seja, refere-se à correspondência entre o que sentimos e o que exprimimos durante a relação de ajuda. A autora acrescenta ainda que o enfermeiro deve demonstrar autenticidade no que sente e comunica ao doente, deve ser espontâneo, exprimir-se com clareza, ajudando-o a evoluir e a reencontrar o seu verdadeiro eu. A viabilidade de se estabelecer uma relação de ajuda eficaz na interacção enfermeiro/criança/família está intimamente relacionada com a capacidade do enfermeiro ser congruente.

 Incondicionalidade de Respeito – grau de variabilidade que existe na resposta afetiva de um indivíduo em relação a outro. O Respeito que é fortemente incondicional é estável, no sentido que não é experienciado como variando com, ou dependendo de atributos particulares da pessoa que é respeitada Barrett-Lennard (2003).

(43)

Originalmente explicado no aspeto de “como pequeno ou quanta variabilidade há na resposta afetiva de uma pessoa para outra” Barrett-Lennard (1986, p.442). “O grau de constância de sentimento de respeito de uma pessoa para outra, comunica autoexperiências à primeira" (Barrett-Lennard, 1986, p. 442). Logo, numa relação casual ou superficial, o conceito não tem nenhum significado. O respeito deve ser constante e tão discreto que não seja revelado à outra pessoa, de forma a não ser percebido como um sentimento (Barrett-Lennard, 1986, p.442).

Se um cliente encontra um terapeuta empático e não crítico, mesmo nas maiores áreas conflituais da sua experiência interior, as atitudes “autocondicionadas” podem gradualmente acalmar e abrir-se, para permitir um eu total para a tomada de consciência Rocha, 2004). Quando o respeito é incondicional é estável, não depende de capacidades particulares da pessoa que é respeitada (Rocha, 2008)

(44)
(45)
(46)
(47)

4-METODOLOGIA GERAL

Para Fortin (2009) a fase metodológica é aquela em que o investigador, define os meios que vai utilizar para realizar a investigação através de um desenho, que irá variar consoante o objetivo do estudo. O nosso desenho explorará a relação entre as variáveis sociodemográficas e a variável central.

Ao longo deste capítulo iremos procurar descrever de forma clara o percurso realizado durante este estudo de forma a possibilitar uma visão global e objetiva do mesmo.

4.1. PROBLEMÁTICA E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

Ao entendermos a Relação de Ajuda como condição para cuidar, reconhecemos a importância das competências relacionais e de ajuda que os enfermeiros em pediatria devem promover.

No quadro teórico de referência colocámos em evidência essa relação através das quatro dimensões da RA que nós utilizámos, assim como as variáveis socio demográficas da criança e dos pais, que pudessem de alguma forma influenciar as relações. Não podemos esquecer a questão do desenvolvimento infantil já que a amostra do nosso estudo corresponde a uma faixa etária muito específica.

Na profissão de enfermagem é necessário conciliar o cuidado holístico das crianças/jovens com as técnicas utilizadas e desenvolver comportamentos flexíveis de adaptação às crianças/famílias e às situações. Tal como refere Lopes (2006), a par dos “saberes” científico, técnico e ético, os enfermeiros têm de integrar na prática de cuidados um saber pessoal e estético, ou arte na enfermagem.

Do nosso envolvimento e cuidar em pediatria surgiu a vontade de saber se esta nossa preocupação e cuidado é visto pelos nossos utentes, crianças recetoras dos nossos cuidados, da mesma forma como a praticamos e sentimos. Emergindo a problemática:

Como percecionam as crianças dos 6-10 anos, a “Relação de Ajuda” nas relações que estabelecem, com os enfermeiros que lhe prestam cuidados?

Em que medida as variáveis sociodemográficas da criança influenciam a Relação de Ajuda?

(48)

4.2. OBJECTIVOS

Após formulação do problema, devemos precisar a direção que pretendemos dar à investigação. Ao definirmos o objetivo somos conduzidos a precisar os conceitos que serão estudados, a população alvo e a informação que desejamos obter (Fortin,2009). De acordo com o projecto de investigação definimos os seguintes objetivos:

 Analisar a perceção de crianças dos 6 aos 10 anos, acerca da Relação de Ajuda estabelecida com o enfermeiro prestador de cuidados quer a nível hospitalar quer nas unidades de saúde familiar;

 Analisar a influência das variáveis sócio demográficas na relação de Ajuda com as crianças submetidas aos cuidados de enfermagem.

 Validar o inventário das relações de Barrett-Lennard para a população infantil portuguesa em estudo;

4.3. TIPO DE ESTUDO E DESENHO DE INVESTIGAÇÃO

Este estudo é de natureza quantitativa. O uso deste método, realça a regularidade, a

repetibilidade dos factos e a objetividade na colheita de dados (Polit & Hungler, 1995), serão

usados dados numéricos para a obtenção de informação. É também um estudo prospetivo dado que a colheita de dados tem início com o começo do estudo, transversal devido a só se realizar uma medição e descritivo-correlacional já que as variáveis vão ser estudadas e determinada a existência de relações entre elas, descrevendo essas mesmas relações.

(49)

Fig. 1 – Representação esquemática da relação prevista entre as variáveis estudadas na investigação empírica (desenho de investigação).

4.4. POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA

A população estudada é designada como população alvo, por ser o conjunto de elementos que satisfazem os critérios de seleção definidos previamente, esta população é constituída por um grupo de pessoas com características comuns (Fortin, 2009). A nossa população são os utentes da USF Grão Vasco e Dom Duarte, assim como os utentes do Centro Hospitalar Tondela Viseu e do Hospital Infante Dom Pedro de Aveiro.

A amostra que representa a fração da população sobre a qual se faz o estudo (Fortin, 2009),é não probabilística por conveniência onde se consideraram todas as crianças entre os 6 e os 10 anos de idade, inscritas na USF Grão Vasco, USF Dom Duarte, que

Variáveis sociodemográficas das crianças:  Idade  Sexo  Escolaridade  Número de irmãos

 Motivo de recurso aos

serviços de saúde  Serviço de saúde Variáveis sociodemográficas dos pais:  Idade  Escolaridade  Profissão  Residência

Perceção da Relação de Ajuda pelas crianças dos 6-10 anos.

Dimensões da relação de Ajuda BLRI:

 Nível de Respeito  CompreensãoEmpática  Congruência

(50)

recorreram aquelas unidades no período pré-estabelecido para a recolha de dados e todas as que se dirigiram à urgência pediátrica e serviço de pediatria do Hospital Infante Dom Pedro de Aveiro e/ou Centro Hospitalar Tondela Viseu, com necessidade de internamento superior a 24 horas. Cujo critério de inclusão foi saber ler e escrever, ter tutor a acompanhar e estarem em condições de preencher o inventário. No que se refere às Unidades de Saúde Familiar o critério de inclusão foi que o atendimento fosse efetuado pelo enfermeiro de família.

Como podemos constatar na Tabela 1, o número de participantes é reduzido relativamente ao preconizado por nós e ao número de questionários entregues, apenas 71 dos 220 foram preenchidos na sua totalidade e entregues. Sendo que a maior taxa de respostas foi das USF (46,7%) e a menor do Hospital de Viseu com 23%.

Tabela 1- Participantes no estudo

Questionários USF H. AVEIRO

E.P.E C.H.T.V. E.P.E Total

Entregues 60 60 100 220

Recebidos 28 20 23 71

Taxa de Resposta 46,7 33,3 23 0,32

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 2, podemos verificar que os participantes no estudo tinham um mínimo de 6 anos de idade e um máximo de 10,sendo a média de idades de 8,35 para o sexo masculino e 8,58 para o feminino, apresentando um coeficiente de variação de dispersão média. Os valores de assimetria e curtose revelam curvas gaussianas e o teste de aderência à normalidade de kolmogorov Smirnov uma distribuição não normal. Para a amostra global os valores mínimos e máximos são de 6 e 10 anos respectivamente com uma média de idades de 8.46 e desvio padrão de 1.27 anos. Também para a amostra global o coeficiente de variação apresenta uma variabilidade moderada e distribuições gaussianas mas a amostra não tem distribuição normal.

Tabela 2 – Estatística da idade em função do sexo Idade

Criança

Min. Max. Media

X

Dp CV K/erro SK/erro KS

Masculino 6 10 8,351 1,378 16,50 -1,416 -1,061 0,00

Feminino 6 10 8,588 1,157 14,47 -1,491 -0,371 0.00

(51)

4.5. VARIÁVEIS

As variáveis são qualidades ou características às quais atribuímos valores (Fortin,2009). Assim definimos nesta investigação de acordo com os estudos efetuados uma variável dependente e algumas variáveis independentes.

 Variável dependente é aquela que sofre efeito da variável independente (Fortin 2009), definimos como tal a Relação de Ajuda e para a sua medição considerámos a metodologia preconizada por Barrett- Lennard (1986) que a classifica em 4 dimensões insertas no Inventários de Relações Interpessoais (BLRI) – Nível de Respeito, Compreensão

Empática, Incondicionalidade do Respeito e Congruência – consideradas como subescalas.

Tendo sido avaliadas quantitativamente através das instruções para o efeito, fornecidas pelo autor.

 As variáveis independentes são: os elementos introduzido com vista a exercer efeito sobre a outra variável (Fortin, 2009). Neste caso permite-nos conhecer a nossa amostra populacional, relativamente à respetiva situação escolar, faixa etária e sexo da criança, assim como escolaridade, morada e situação socioprofissional dos pais, e ainda qual o motivo de recurso aos serviços de saúde.

4.6. INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO

A escolha dos instrumentos de recolha de dados a usar no processo de investigação é determinada pelas questões de investigação e pelas definições conceptuais e operacionais dos conceitos em estudo (Fortin, 2009). Tratando-se de um estudo descritivo correlacional como é o nosso a mesma autora também aconselha a utilização de um questionário ou escalas de medida ou ainda testes normalizados.

Neste contexto, tendo em conta os objetivos a que nos propusemos, optámos pela utilização do Inventário de Relações Interpessoais de Barrett-Lennard ( Relationship

Inventory Forma OS – 40CH aplicado a esta faixa etária), onde no inicio do mesmo, aparece

uma ficha de caracterização dos colaboradores( Anexo 2).

Esta ficha de caraterização é constituída por um conjunto de questões com a finalidade de obtermos informação acerca do sexo, idade, nº irmãos, escolaridade, motivo de recurso aos serviços de saúde e serviço a que recorreu a criança, no que concerne aos pais esta ficha dá-nos informação acerca da idade, profissão, residência e escolaridade dos mesmos.

Imagem

Fig.  1  –  Representação  esquemática  da  relação  prevista  entre  as  variáveis  estudadas na investigação empírica (desenho de investigação)
Tabela 2 – Estatística da idade em função do sexo  Idade
Tabela 3 – Distribuição dos elementos da amostra por grupo de idade e sexo
Tabela 5 - Distribuição dos elementos segundo o nível de escolaridade e o sexo  Masculino  N               Feminino N                Total  N               X 2  p  1ºano   6             16,2  2               5,9  8              11,3   6,706  0,152 2ºano
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